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FÍSICO-QUÍMICA Prof. Kassandra Mendes Aula 2 – Princípios da Termodinâmica (1ª e 2ª Leis da Termodinâmica) A direção normal das coisas (um prelúdio para a 2ª Lei da Termodinâmica) Algumas coisas no cotidiano e na vida acontecem naturalmente, outras não. Uma bola pode descer ladeira abaixo de forma natural, mas nunca subir sozinha. Um gás pode se expandir até ocupar todo o volume de uma sala, mas nunca voltar espontaneamente para o local onde estava confinado. O processo inverso só ocorre de forma forçada, isto é, não espontânea Sendo assim, alguma coisa determina o sentido da ordem natural dos processos. E isto está relacionado com o que chamamos de dispersão de energia. A bola quando desce a ladeira e permanece lá perde energia potencial e se encontra num estado mais “estável” do que acima da ladeira, onde sua energia potencial é maior. Aula 2 - Princípios da Termodinâmica (1a e 2a Leis) Uma bola quicando pára espontaneamente assim que transfere toda a sua energia em forma de calor para a superfície onde quica. Ela jamais absorve calor da superfície e volta a pular novamente. Dessa forma, processos onde haja a dispersão de energia em outras formas é um requisito para que uma transformação ocorra espontaneamente. Outro requisito para a espontaneidade dos processos está baseada também na dispersão de matéria. Isso explica porque moléculas de gases tendem a ocupar espontaneamente o máximo de espaço possível ou porque um pitada de sal de cozinha na água se dissolve . Processos desse tipo estão relacionados com o aumento da desordem do sistema. Entropia A função termodinâmica que representa a desordem de um determinado sistema é a entropia (simbolizado por S). Então quanto maior a desordem de um certo sistema, maior a sua entropia. A entropia, assim como a energia interna, é uma função de estado e, consequentemente, só podemos avaliar a sua variação ∆S durante um processo. Uma variação de entropia pode ser conseguida quando adicionamos energia na forma de calor ao sistema (que é a forma de energia que provoca dispersão de energia. A adição de trabalho ao sistema não provoca variação de entropia). Aula 2 - Princípios da Termodinâmica (1a e 2a Leis) Cristais de CO alinhados perfeitamente a 0K Cristais de CO acima de 0K. Nota-se uma certa desordem no sistema. Então uma variação de entropia infinitesimal dS é diretamente proporcional à quantidade de calor adicionada ao sistema. A entropia, no entanto, é inversamente proporcional à temperatura na qual o calor é adicionado. Isto se deve ao fato de que, ao adicionarmos calor ao sistema a uma baixa temperatura, a desordem do sistema se altera muito. No entanto, se a mesma quantidade de calor for adicionada ao sistema a uma temperatura alta, a desordem é apenas ligeiramente maior, pois o estado do sistema já se encontrava caótico antes da adição de calor. Dessa forma, a variação de entropia é definida matematicamente como: O que para uma variação finita entre dois estados inicial e final, fica: Aula 2 - Princípios da Termodinâmica (1a e 2a Leis) T dQ dS rev (1) T dQ S f i rev Assim, para calcular a variação de entropia de um sistema entre dois estados quaisquer, devemos procurar um caminho reversível que leve o sistema de um estado para o outro e integramos, ao longo desse processo, a quantidade de calor trocada em cada etapa infinitesimal e dividimos pela temperatura na qual ocorre a troca térmica. Aula 2 - Princípios da Termodinâmica (1a e 2a Leis) Aplicação 1 Qual a variação de entropia quando 30 kJ de energia em forma de calor são transferidos reversível e isotermicamente para um bloco de ferro a 0°C? e se fossem transferidos a uma temperatura de 50°C? Aplicação 2 Uma amostra de 36g de água é evaporada a 100°C, sendo necessários 81,4 kJ de calor. Calcule a variação de entropia molar de vaporização da água (Dado massa molar da água: 18g/mol). Solução: 109 J/mol.K Solução: 110 J/K; 93 J/K Aula 2 - Princípios da Termodinâmica (1a e 2a Leis) A 2ª Lei da Termodinâmica Dos enunciados da 2ª Lei da Termodinâmica, dois podem ser considerados os principais: 1) É impossível um processo que tenha como único resultado a absorção de calor e sua completa conversão em trabalho. 2) Em qualquer processo espontâneo, existe sempre um aumento da entropia do universo (ou seja, a soma das variações de entropia do sistema e das vizinhanças é maior que zero). Então, teremos: )(0 )(0 )(0 equilíbrioS espontâneonãoprocessoS espontâneoprocessoS total total total Aula 2 - Princípios da Termodinâmica (1a e 2a Leis) Exercício 1 Uma peça de aço fundido (c = 0,5 kJ/kg.°C) de massa 40kg e a 450°C é molhada com 150kg de óleo (c = 2,5 kJ/kg.°C) a 25°C. Se não há perdas de calor, calcule: a) A variação de entropia no aço; b) A variação de entropia no óleo; c) A variação de entropia total. Solução: Antes de tudo, é necessário calcular a temperatura de equilíbrio, ou seja, a temperatura em que ambas as substâncias terão após se misturarem. Para isso podemos fazer: 5,46 T C)450-(T x C0,5kJ/kg x 40C)25-(T x C2,5kJ/kg x 150 .. eq eqeq C kgkg TcmTcm QQ açoaçoóleoóleo açoóleo Aula 2 - Princípios da Termodinâmica (1a e 2a Leis) Finalmente, podemos calcular a variação de entropia de cada componente, através da equação (1). Assim: K/kJ79,9K/kJ33,16K/kJ12,26SSS)c K/kJ12,26 27325 27346,5 C)ln/)(2,5kJ/kgkg150( T T lnmc T dTc m T dQ S)b K/kJ33,16 273450 27346,5 C)ln/)(0,5kJ/kgkg40( T T lnmc T dTc m T dQ S)a açoóleototal 1 2 óleo T T óleo óleo 1 2 aço T T aço aço 2 1 2 1 Aula 2 - Princípios da Termodinâmica (1a e 2a Leis) Energia Livre de Gibbs A espontaneidade dos processos também está ligada a uma grandeza G, denominada, energia livre de Gibbs. Essa grandeza é definida como: Ou para uma variação entre dois estados: Obs: A energia livre de Gibbs mede, na verdade, o trabalho máximo de não expansão (trabalho elétrico, por exemplo) que um sistema pode realizar à mesma temperatura e pressão. No entanto, nesse curso, o conceito de energia livre será utilizado exclusivamente para predição da espontaneidade de processos. TSHG (2) STHG Aula 2 - Princípios da Termodinâmica (1a e 2a Leis) Por definição: Como variam os sinais de entalpia e entropia para que um processo seja espontâneo? Equilíbrio - 0 G espontâneo-não Processo - 0G espontâneo Processo - 0G Aula 2 - Princípios da Termodinâmica (1a e 2a Leis) Aplicação 3 Para um processo endotérmico e espontâneo, quais os sinais de ∆H, ∆S e ∆G? Solução: ∆H > 0; ∆S >0 e ∆G < 0; Aplicação 4 Calcule a temperatura esperada para que uma reação se torne espontânea se ΔH = 67,0 kJ e ΔS = -131 J/K Solução: Não existe tal temperatura, visto que este é um caso de não espontaneidade geral (aumento de energia e de ordem são processos sempre não-espontâneos). Aplicação 5 Para a aplicação anterior, calcule a temperatura de espontaneidade, considerando ∆H = - 67kJ. Solução: T <511,45K Aula 2 - Princípios da Termodinâmica (1a e 2a Leis) Espontaneidade das reações químicas (Entropia padrão e energia livre padrão) Da mesma forma como nos cálculos de entalpia de reações químicas foram necessários os conhecimentos das entalpia padrão das substâncias (a 25°C e 1 atm), a entropia padrão (S0) e a energia livre padrão (∆G0) das substâncias para o cálculo de variações de entropia e energia livre das reações químicas. Dessa forma, podemos prever se uma dada reação química é espontânea. A variação de entropia é dada por Onde SP é a soma das entropias padrão dos produtos e SR a dos reagentes. Para o cálculo da energia livre, a equação (2) pode ser usada. A tabelas seguinte mostra os valores de S0 para algumas substâncias. A entropia é considerada zero para qualquer substância no zero absoluto (3ª Lei da Termodinâmica). Esse fato nos ajuda a obter os valores dados na tabela de entropias padrão. (3) S-SS RP Aula 2 - Princípios da Termodinâmica (1a e 2a Leis) Entropias absolutas a 25°C e 1 atm Aula 2 - Princípios da Termodinâmica (1a e 2a Leis) Exercício 2 Calcule a variação de entropia padrão (em J/molK) para a reação: Solução: Obs: essa reação é endotérmica (pois é preciso calor para decompor o NaHCO3), de modo que essa reação possui ∆H e ∆S positivos. Ou seja, essa reação é só espontânea a altas temperaturas e por isso o bicarbonato de sódio é utilizado em extintores de incêndio. )g(OH)g(CO)s(CONa)s(NaHCO2 22323 J/mol.K 228 )]./155(2[)]./7,188()./6,213()./136[( ]2[][ 32232 KmolJKmolJKmolJKmolJ SSSSS NaHCOOHCOCONa Aula 2 - Princípios da Termodinâmica (1a e 2a Leis) Aplicação 6 Qual das duas reações abaixo possui maior variação de entropia? Solução: A reação 1 )g(CO)g(O 2 1 )g(CO)2 )g(SO)g(O 2 1 )g(SO)1 22 322 Aula 2 - Princípios da Termodinâmica (1a e 2a Leis) Exercício 3 Calcule a variação de energia livre para a reação a 25°C: Sabendo que o ∆H dessa reação é -394 kJ/mol. Solução: a variação de entropia para esta reação é dada por Então, a variação da energia livre para a reação é: )g(CO)g(O)s)(grafita(C 22 J/mol.K 2,91 )]K.mol/J( 205) 69,5(K.mol/J 6,213[ ]SS[]S[S 2OCCO2 kJ/mol 394,87 )K.mol/J91,2(K298mol/kJ394STHG Aula 2 - Princípios da Termodinâmica (1a e 2a Leis) Alternativamente, a energia livre de Gibbs da reação pode ser calculada a partir dos valores de energia de Gibbs de formação tabelados (a seguir), através de equação: (4) )G dos Soma(-)G dos Soma(G ReagentesProdutos Aula 2 - Princípios da Termodinâmica (1a e 2a Leis) Exercício 4 Calcule a variação de energia livre para a reação de combustão do silano (SiH4): Solução: utilizando os valores da tabela de energia livre aplicamos diretamente a equação (4) )g(OH2)s(SiO)g(O2)s(SiH 2224 -1222kJ ]0)mol/Jk 39(mol1[)]mol/Jk 205 (mol2)mol/Jk 805(mol1[ ]G2G[]G2G[G 2422 OSiHOHSiO
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