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Pró-reitoria de EaD e CCDD 1 Sistemas de Avaliação da Qualidade Aula 5 Prof. Ricardo Lucena de Souza Pró-reitoria de EaD e CCDD 2 Contextualizando Nas avaliações da qualidade, temos de buscar o conhecimento das ferramentas para sermos efetivos e preventivos quando tomarmos ações. A estatística é um dos grandes ferramentais preventivos com a aplicação de cartas de controle e estudos sobre sistemas de medição que nos levam a um patamar de diminuição de variáveis e variabilidade no sistema. Estudaremos não apenas as possibilidades de diagnósticos de problemas, como também as necessidades prévias de informações em coletas de dados, que resultam em informações importantes na tomada de decisão na operação. Os gráficos de controle nos auxiliam a observar e agir sobre a variabilidade dos processos e uma linha diferenciada e preventiva que é a da análise de Limites de Controle, em vez de somente avaliar Limites de Especificação. Precisamos compreender também as necessidades metrológicas, pois, para podermos avaliar um relatório dimensional de maneira correta, precisamos ter conhecimento sobre as terminologias, a unidade e os padrões utilizados. Conhecer os Equipamentos de Inspeção, Medição e Ensaio (EIMEs) e algumas de suas características nos auxilia em uma melhor escolha para um sistema de medição, que deve também seguir calibrado e aprovado com frequências que estudaremos. Por fim, precisamos observar o conjunto de processos que regem o sistema de medição, um conjunto de ferramentas utilizadas nas indústrias e chamada de MSA (traduzindo do inglês – Análise do Sistema de Medição). Tema 1: Introdução Estatística Aplicada à Qualidade Em todos os processos, existe certa variabilidade, que pode ser Pró-reitoria de EaD e CCDD 3 associada a causas normais ou a causas especiais (atribuíveis) e aleatórias. As causas normais são as que fazem parte do cotidiano da empresa e geralmente ocorrem em grande quantidade; porém, por mais que exista um planejamento para que tais causas sejam eliminadas, elas sempre acontecem. Certamente, com investimento em inovação, tecnologia e qualidade, visa-se a essa redução de variabilidade; no entanto, exigem alto investimento, o qual deverá ser recompensado e avaliado no quesito competitividade. Por exemplo: o envasamento de um produto químico, cujo frasco deverá ter 500 ml de produto. Em algumas vezes, o frasco será envasado com 499,999 ml, e, em outras, com 500,01 ml. No entanto, quando a variação é pouca e não gera prejuízos ao processo, à empresa e aos consumidores, pode-se dizer que as causas dessa variabilidade são normais, ou seja, por mais que o processo de produção seja bem planejado, elas sempre existirão. O acúmulo dessas causas em certo período de tempo dá existência à variável aleatória. O uso de controle estatístico de processo nem sempre é o mais apropriado para eliminar esse tipo de causa. Já as causas especiais (atribuíveis) podem ser evitadas, pois se referem a problemas gerados em máquinas ajustadas ou controladas de maneira inadequada, a erros do operador ou à matéria-prima defeituosa. Além disso, podem se referir a problemas que produzem grande impacto no processo. Por mais que tais causas possam ser evitadas, muitas vezes são imprevisíveis, pois uma causa especial pode ocorrer, por exemplo, por um apagão que ocasione grande perturbação ao processo. Como são causas que podem ser evitadas, é necessário buscar todos os meios para que as causas aleatórias sejam eliminadas. Caso essa ação seja de natureza muito complexa, o mínimo que se espera é providenciar ações que visem à redução de tais causas. É importante destacar que o controle estatístico de processo somente deve ser aplicado quando o processo estiver sob controle, ou seja, apenas quando as causas comuns estão atuando sobre ele. Isso significa que a quantidade de variabilidade se mantém em uma faixa estável. Por sua vez, Pró-reitoria de EaD e CCDD 4 quando o processo está sob atuação de causas especiais, significa que o processo está fora de controle estatístico. Podemos considerar dois momentos em uma avaliação de qualidade. O primeiro deles é aquele que consideramos como avaliação subjetiva, a qual depende dos critérios específicos e individuais do avaliador; o segundo é a avaliação objetiva, que demanda o estabelecimento geral de padrões de aceitação que deverão ser obedecidos. Dessa forma, o processo produtivo deve ser controlado não somente na resolução de problemas e no estabelecimento de causas e efeitos, mas também na manutenção dos padrões a serem seguidos. Para isso, devemos diagnosticar os problemas que se apresentam e até mesmo nos antecipar a eles. Podemos realizar diagnósticos de quatro modos diferentes: Pela intuição, que é subjetiva e, portanto, depende de cada um. Sua principal característica reside no fato de não ser necessária sua comprovação ou confirmação. É o mesmo que pedirmos a uma cartomante que “leia” nossa mão e nos diga o que acontecerá no futuro. Pela experiência, que é algo mais aceitável, uma vez que se traduz pela soma das ocorrências vivenciadas por aquele que se diz experiente, podendo ser explicada e, na maioria das vezes, passível de ser reproduzida. Pela pesquisa experimental, que é realizada em ambiente totalmente controlado e permite que as ocorrências sejam avaliadas na prática. Baseia-se na realidade e em fatos apresentados. Pela análise estatística, que é baseada em dados, como a realização da análise pela identificação e pela obtenção de dados por meio de uma base amostral. Com a obtenção de dados anteriores, é possível projetar o futuro com a utilização de técnicas estatísticas. Podemos, portanto, realizar a previsão de uma ocorrência, como a quebra de uma ferramenta ou a execução de um processo não conforme, antes mesmo que isso aconteça. Inicialmente, devemos diagnosticar as situações existentes e os Pró-reitoria de EaD e CCDD 5 problemas e, então, resolvê-los. Para realizar o diagnóstico, é necessário obter dados, o que deve ser feito dentro dos propósitos e dos parâmetros de qualidade estabelecidos. O modelo representado na Figura 1 destina-se ao acompanhamento do processo produtivo, com vistas a avaliar se as peças fabricadas estão dentro do padrão e qual a frequência com que ocorrem as não conformidades. Essas informações servem de base para outras ferramentas, tais como o histograma e a confecção da curva representativa do processo. Sua utilização é bastante simples, uma vez que, a partir do modelo apresentado, já parametrizado (ou seja, com o padrão especificado), o apontador somente registra as ocorrências conforme elas se apresentam. Figura 1 – FM2S – Folha de verificação Fonte: <http://www.fm2s.com.br/material-de-apoio/folha-de-verificacao/> Pró-reitoria de EaD e CCDD 6 Dessa maneira simples, podemos chegar à confecção do histograma desse processo, como no exemplo apresentado na Figura 2. Figura 2 – MKF, Histograma de processo Fonte: <http://marketingfuturo.com/histograma-o-que-e-quando-usar-como-fazer/> Tema 2: CEP – Controle Estatístico do Processo Por meio das técnicas e ferramentas de avaliação de qualidade, é possível providenciar análises de fatos e dados, o que contribui para que o tomador de decisões sinta maior confiança de estar tomando as decisões mais adequadas, pois as melhorias nos processos geram estabilidade e previsibilidade. Com isso, suas capacidades são medidas, possibilitando melhor acompanhamentoneles. Gráficos de controle A fim de melhor controlar as práticas exercidas em uma organização e de atender à normalização e às especificações de produtos, o controle estatístico de processo é de fundamental importância, pois visa reduzir a quantidade de peças defeituosas ou que não atendam às especificações dos clientes, bem como diminuir o número de peças a serem inspecionadas, com a Pró-reitoria de EaD e CCDD 7 definição das técnicas de amostragem. Tais mecanismos trazem vantagens tanto para o produtor como para o consumidor, pois garantem aos fabricantes maior uniformidade de qualidade, permitindo redução de refugos, melhor desenvolvimento dos produtos e redução de custos. A criação do controle estatístico de processos possibilita embutir o contexto das especificações, que é a tradução dos requisitos dos clientes em características de qualidade mensuráveis, por exemplo: a medida de uma peça, com as tolerâncias aceitáveis. Dentro desse contexto, inserem-se as especificações de fabricação – as quais possibilitam o controle de fabricação – e as especificações de aceitação – possibilitam inspecionar os produtos, por meio de amostragem, para verificar a conformidade do projeto com as especificações. As práticas de controle em uma empresa nem sempre são ações fáceis. Pelo contrário, na maioria das vezes, são complexas, pois abrangem todos os setores de uma empresa, tendo por objetivo atingir maiores níveis de qualidade, satisfazendo a todos os stakeholders. Os gráficos de controle visam avaliar se o processo está ou não sob controle. Para fazer essa avaliação, o uso de técnicas de amostragem é fundamental, pois é preciso coletar dados da forma que melhor garanta o que realmente ocorre em um processo. Para conduzir adequadamente a coleta de dados, faz-se necessário definir o tamanho e a frequência da amostragem. Tal processo também é conhecido por criação de subgrupos racionais. Com os subgrupos, calcula-se a estatística necessária para identificar o controle do processo, ou seja, média, amplitude ou desvio-padrão. A forma de identificar os subgrupos nada mais é do que a seleção de mais que um grupo de dados, na qual se identifique entre os subgrupos a existência ou não de uma variação entre subgrupos. Isso significa que não adianta coletar os dados aleatoriamente, é necessário coletar um grupo de dados ao longo de um dia para que a identificação da variabilidade no processo seja mais precisa. Pró-reitoria de EaD e CCDD 8 Na avaliação da qualidade, temos distintos gráficos de controle; relembrando alguns dos conceitos, é importante revisar como temos sua representação gráfica, conforme a Figura 3. Figura 3 – Modelo de representação de gráficos de controle Fonte: Chiroli, 2016. Como podemos verificar no gráfico, o eixo vertical indica as amostras e o eixo horizontal é reservado à representação dos valores médios (LC), dos limites superiores de controle (LSC) e dos limites inferiores de controle (LIC), os limites inferiores e superiores de controle são determinados pela variabilidade do processo estudado. De forma geral, somente realizamos a aceitação dos valores se estes estiverem entre os limites superiores e inferiores representados no gráfico. Se os pontos estiverem fora dessa faixa, podemos afirmar que o processo está fora de controle e, portanto, devemos revisá-lo. Uma das cartas mais utilizados no Controle Estatístico de Processo (CEP) é a carta “ X R ”, em que “ X R ” representa as médias e “R”, as amplitudes de amostragens em um processo produtivo, tendo assim uma medida de posição – média – e uma medida de dispersão – amplitude –, podendo realizar uma leitura mais acurada do processo conforme sua Pró-reitoria de EaD e CCDD 9 variabilidade. Tema 3: Terminologia, Unidades e Padrões Alguns termos são frequentemente utilizados na avaliação e na análise de sistemas de medição e devem ser compreendidos para que se tenha uma visão homogênea entre os profissionais envolvidos no sistema. De modo geral, as definições desses termos estão baseadas no Vocabulário Internacional de Metrologia (VIM). Grandeza – Propriedade de um fenômeno, corpo ou substância, que pode ser expressa quantitativamente sob a forma de um número e de uma referência. Mensurando – Grandeza específica submetida à medição. Medição – “Processo de obtenção experimental dum ou mais valores que podem ser, razoavelmente, atribuídos a uma grandeza” (VIM) no qual não são observadas as propriedades qualitativas. A medição pode ser por comparação direta, quando se compara o objeto que está sendo medido com uma escala conveniente, obtendo-se, então, um resultado em valor absoluto e uma unidade coerente (por exemplo, a medição da largura de uma peça utilizando-se um paquímetro). Porém, algumas vezes pode se dar por comparação indireta. Nesse caso, compara-se o objeto que está sendo medido com um padrão de mesma natureza ou propriedade. Com base nesses dados, é possível inferir se as características medidas estão ou não de acordo com o padrão (por exemplo, o controle de peças mecânicas por meio de calibradores PNP – passa/não passa). Resultado de medição – Conjunto de valores atribuídos a um mensurando juntamente com toda informação importante disponível. Esse resultado geralmente é expresso por um único valor medido e uma incerteza de medição associada. Incerteza de medição – De acordo com o VIM 2012, “incerteza é Pró-reitoria de EaD e CCDD 10 o parâmetro associado ao resultado de uma medição que caracteriza a dispersão dos valores que podem ser fundamentalmente atribuídos a um mensurando”. A incerteza de uma medição é uma evidência da diferença que pode existir entre o verdadeiro valor da grandeza medida e o resultado obtido com a medição. Assim, o resultado de uma medição deve ser acompanhado de sua incerteza. Sem a informação sobre a incerteza, pode-se considerar que o resultado de uma medição não está completo. Erro – Resultado de uma medição menos o valor verdadeiro do mensurando. Uma vez que o valor verdadeiro não pode ser determinado, utiliza-se, na prática, um valor verdadeiro convencional. Dimensão nominal (D) – Dimensão básica da peça, indicada no projeto. Na prática, basta que a dimensão real da peça esteja dentro dos limites dados pelo valor nominal mais ou menos os afastamentos permitidos por projeto. O afastamento é a diferença entre as dimensões limite e nominal. Dispositivo de medição – Aparatos (instrumentos físicos envolvendo hardware e software) utilizados para realizar medições, tais como paquímetros e micrómetros, incluindo-se, também, os dispositivos usados nas medições por atributos, por exemplo, o uso de calibrador passa/não passa para classificação de um produto conforme ou não conforme. Sistema de medição – Conjunto de elementos e recursos que permite a execução das medições e a obtenção dos resultados. Esse conjunto inclui: instrumentos, dispositivos, padrões, métodos, software, pessoal e ambiente. Procedimento de medição – Descrição detalhada de como realizar uma medição de acordo com um ou mais princípios e um dado método, fundamentado em um modelo, e que inclui todos os cálculos para obter um resultado de medição. É geralmente documentado com detalhes suficientes para que um operador possa executar a atividade. Padrão – Valor de referência utilizado como base para comparar os resultados obtidos com o sistema de medição. Pró-reitoria de EaD e CCDD 11 Resolução – Menor unidade de leitura do dispositivo de mediçãoque limita o processo de detecção de variação entre os objetos medidos. Uma regra básica é usar uma relação de 10 para 1. Divide-se a tolerância da especificação de projeto do item/produto em 10 partes para estabelecer a resolução de medição do equipamento a ser utilizado. Por exemplo: quando o Limite Superior de Especificação (LSE) do diâmetro de um eixo mecânico é 10,05 mm e o Limite Inferior de Especificação (LIE) é 9,95 mm, nesse caso, a tolerância de especificação é 10,05 mm - 9,95 mm = 0,10 mm. Então, a resolução do dispositivo de medição do diâmetro da peça deveria ser de pelo menos 0,01 mm. Rastreabilidade – Propriedade de o resultado de uma medição ou de o valor de um padrão estarem relacionados a referências estabelecidas, geralmente padrões nacionais ou internacionais, por meio de uma cadeia contínua de comparações. Todas essas referências devem ter suas incertezas estabelecidas e serem confiáveis. Conformidade – Ocorre quando uma característica do produto ou objeto atende às especificações de projeto. Esse seria o conceito de conformidade, por exemplo, para um produto já manufaturado. Unidades e padrões de medida No Quadro 1, encontram-se alguns exemplos de unidades de medidas, básicas e clássicas, adotadas pelo Sistema Internacional de Unidades (SI) e definidas pelo Bureau Internacional de Pesos e Medidas (BIPM), para as grandezas (também chamadas de abstrações) de uso mais comum. O BIPM, localizado em Paris, tem a responsabilidade de: a) estabelecer os padrões das grandezas fundamentais e as escalas das principais grandezas físicas e conservar os padrões internacionais; b) efetuar a comparação de padrões nacionais e internacionais; c) assegurar a coordenação das técnicas de medição correspondentes; e Pró-reitoria de EaD e CCDD 12 d) efetuar e coordenar as determinações relativas às constantes físicas que intervêm nas atividades supracitadas (condições de temperatura, umidade etc.). Quadro 1 – Exemplo de medições sistema internacional (SI) Fonte: Toledo, 2013. Padrões Os padrões estão organizados em uma hierarquia de precisão e de exatidão na seguinte sequência (da hierarquia superior para a de uso mais prático): padrões internacionais; padrões primários ou nacionais; padrões secundários ou padrões de referência dos laboratórios de calibração e ensaios; padrões de trabalho. A armazenagem adequada e o uso desses padrões de diferentes classes estão associados a uma hierarquia de laboratórios de metrologia, Pró-reitoria de EaD e CCDD 13 representados na Figura 4. Figura 4 – Toledo, hierarquização metrológica padrões Tema 4: EIME e Calibração Os instrumentos de medição são equipamentos de precisão adequada que auxiliam, por exemplo, na fabricação de peças usinadas. Existem diversos tipos de instrumentos de medição, cada qual com sua adequação funcional e precisão, aplicados no ambiente da manufatura industrial. Para medir as peças processadas em tornos mecânicos, são empregados diversos tipos de instrumentos de medição, como paquímetros, micrômetros internos e externos, relógios comparadores, traçadores de altura, calibradores de boca, tipo tampão passa/não passa etc. Considerando que a maioria desses instrumentos de trabalho é de elevado custo, deve-se prestar especial atenção no seu manejo e na sua conservação. A seguir, alguns exemplos de Equipamentos de Inspeção, Medição e Ensaio (EIMEs) mais comuns nas operações atuais: Calibradores Os calibradores são instrumentos utilizados em empresas industriais para se inspecionar características de qualidade de produtos a fim de classificá-los em conforme ou não conforme as especificações. Deve-se frisar Pró-reitoria de EaD e CCDD 14 que, com a inspeção de uma peça por meio de um calibrador, não se mede a característica de qualidade da peça (por exemplo, o seu diâmetro), apenas se constata se a característica está conforme ou não com os limites de especificação da peça. Paquímetro O paquímetro é fabricado nos mais variados modelos e graus de precisão e é utilizado para medir dimensões lineares internas e externas e de profundidade de uma peça, bem como ressaltos. Ele consiste basicamente em uma régua graduada com encosto fixo, sobre a qual desliza um cursor. Alguns modelos mais sofisticados possuem relógio, por meio do qual é feita a leitura das frações de medidas. Outros possuem um nônio que tem a mesma função do relógio, isto é, determinar as frações das medidas, além de paquímetros de leitura digital comumente com resolução na de 0,01 mm. Micrômetro O micrômetro funciona por meio de um parafuso micrométrico para deslizamento de uma haste e permite a leitura, por exemplo, de uma espessura por meio de um nônio ou de um mecanismo semelhante ao de um relógio analógico. Relógios apalpadores e comparadores São utilizados para diversos fins, como a medição da excentricidade de peças, o alinhamento e a centragem de peças nas máquinas, o paralelismo entre faces e medições internas e de detalhes de uma peça de difícil acesso. O funcionamento desses relógios consiste basicamente em um mecanismo que transforma o deslocamento radial de uma ponta de contato em movimento axial transmitido a um relógio comparador, no qual é possível obter a leitura da dimensão. Pró-reitoria de EaD e CCDD 15 Máquina de medir tridimensional A possibilidade de aplicação do sistema de medição tridimensional trouxe um grande avanço na medição linear, além de benefícios como o aumento da exatidão, a economia de tempo e a facilidade de operação, contemplando sistemas de processamento de dados. As máquinas de medir tridimensional, também são chamadas de Máquinas de Medir por Coordenadas (MMC). O tempo de medição pode ser significativamente reduzido em relação ao sistema de medição linear tradicional com a utilização de uma máquina de medir por coordenadas tridimensionais (de modo manual, sem a utilização de computador), podendo ser reduzido ainda mais com a incorporação do computador. Com esse equipamento de medir, por meio de um dispositivo chamado de localizador ou apalpador, é possível identificar o posicionamento (em termos dos eixos X, Y e Z) de um ponto acessível qualquer de uma peça. Esse apalpador relaciona o ponto em que ele está tendo contato com a peça com outro ponto de referência, do sistema de eixos coordenado, permitindo a medição de distâncias na peça considerando o espaço (eixos X, Y e Z). Calibração A calibração é definida como o conjunto de operações que estabelece, sob condições especificadas, a relação entre os valores indicados por um instrumento de medir ou sistema de medição, os valores representados por uma medida materializada ou um material de referência e os correspondentes valores de grandezas estabelecidas por padrões. Essa informação pode ser utilizada para estabelecer uma relação a fim de obter um resultado de medição com base em uma indicação. Já o ajuste representa a intervenção ou correção executada no instrumento de medição para restabelecer a sua capacidade de medir, de acordo com o padrão de referência. Pró-reitoria de EaD e CCDD 16 Frequência de calibração A determinação da frequência com a qual os instrumentos devem ser calibrados é dependente de uma série de fatores e da experiência do responsável pelas calibrações. Podem ser destacados os seguintes fatores: Tipo de instrumento e recomendações do fabricante. Dados históricos de tendências obtidos com base nos registros decalibrações anteriores e registros de manutenção e utilização. Aplicação do instrumento (severidade e extensão de uso) e condições ambientais durante a utilização e o impacto de um valor medido incorretamente, sendo aceito como correto em função de o equipamento de medição apresentar uma falha. Exatidão e precisão requeridas para o equipamento. Tema 5: MSA – Análise de Sistemas de Medição A qualidade de um sistema de medição é determinada por propriedades estatísticas associadas a esse sistema. Outras características desejáveis em um sistema de medição são a facilidade de uso do sistema e o seu custo operacional, ou seja, um adequado sistema de medição também deve ser de operação fácil e ágil e ter baixo custo operacional. Como em um processo genérico de produção (fabricação, montagem etc.) os SMs são afetados por causas aleatórias, também chamadas de causas comuns, inerentes ao processo de medição, e por causas identificáveis ou especiais, que surgem e atuam esporadicamente no sistema de medição. O estado de controle ideal de um processo (de manufatura, de medição etc.) é aquele em que as causas especiais estão sob controle, atuando no processo somente as causas aleatórias, as quais, dada uma determinada situação, não são possíveis de se controlar. Os principais termos e conceitos que se aplicam à análise de um sistema de medição, seja na quantificação da variação do SM, seja na sua interpretação, seja no planejamento de melhorias desses sistemas, esses Pró-reitoria de EaD e CCDD 17 estudos montam o conhecido dentro das empresas como estudos de Measurement Systems Analysis (MSA – traduzindo Análise do Sistema de Medição). Tendência (ou erro sistemático) – É a diferença entre a média observada das medições realizadas e o valor de referência. Este pode ser um padrão ou um valor determinado com base nas medidas obtidas por instrumento de maior precisão que aquele que está sendo avaliado. Um termo usado com frequência para designar a tendência é exatidão. Figura 5 – Exemplo de estudo de tendência Fonte: Toledo, 2013. R&R – Reprodutibilidade e Repetitividade Reprodutibilidade – Representa a diferença entre a média das medições realizadas por diferentes operadores/inspetores/avaliadores, utilizando o mesmo dispositivo de medição para medir a mesma característica de qualidade. A reprodutibilidade representa a diferença entre as médias das medições dos operadores. Quanto menor for a diferença entre os dois valores médios, significa que o sistema de medição utilizado é capaz de reproduzir os mesmos valores quando utilizado por diferentes pessoas com o mesmo grau de qualificação. Repetitividade – É a variação das medições realizadas por um mesmo operador utilizando o mesmo dispositivo de medição e medindo a mesma característica de qualidade de uma mesma peça. Em princípio, quanto menor o Pró-reitoria de EaD e CCDD 18 valor da amplitude das medições, melhor é a repetitividade do sistema de medição. Estabilidade – É a variação das medições obtidas com um dispositivo de medição medindo a mesma característica de uma mesma peça ou padrão ao longo do tempo. Uma menor variação entre as medições significa maior estabilidade do dispositivo de medição – uma característica desejada dos instrumentos e dos sistemas de medição. Linearidade – É a diferença nos valores de tendência ao longo do campo de medição do dispositivo utilizado. É possível medir o comportamento da tendência de um paquímetro quando este estiver sendo utilizado para medir dimensões ao longo do campo de medição. O ideal é que o paquímetro apresente a mesma tendência, independente da faixa de valores que ele está medindo, dentro de sua capacidade de medição. Dentro dos estudos de MSA, temos como mais praticado entre clientes e fornecedores a utilização do R&R, que vai resultar no percentual de variação dos sistemas de medição em relação às variações do sistema ou tolerâncias descritas em projeto. Para tal, o MSA recomenda para aplicação a seguinte tabela de avaliação apresentada no Quadro 2 a seguir. Pró-reitoria de EaD e CCDD 19 Quadro 2 – Critérios para aceitação de sistema de medição Fonte: Toledo, 2013. Saiba Mais Conheça um pouco mais sobre a folha de verificação na qual as hipóteses sobre a influência de alguns parâmetros podem ser observadas. Com a folha de verificação, é possível avaliar os itens de controle do processo, os itens de verificação, classificar os dados, localizar defeitos e identificar uma possível relação causa-efeito. http://www.fm2s.com.br/material-de-apoio/folha-de-verificacao/ Na Prática Nas empresas, durante muito tempo a estatística veio sendo tratada como algo extremamente complexo e que somente servia para gerar mais papel; hoje, entretanto, a estatística está em todos os lugares, mas e dentro das empresas, será que algo mudou? Empresas de vanguarda trabalham com Pró-reitoria de EaD e CCDD 20 a estatística voltada à diminuição de falhas em campo e como forma de serem mais produtivas pela diminuição de variabilidade no processo por meio da análise de gráficos de controle. Agora você é o responsável por apresentar propostas de melhoria passando por controles para sistema da qualidade. a) Quais propostas de implantação de ferramentas estatísticas voltadas ao controle de processo você sugeriria? b) E em relação à confiabilidade de dados, quais propostas poderiam ser apresentadas para demonstrar que os dados são confiáveis pelos seus sistemas de medição? Monte sua proposta, perguntas como essas podem estar mais próximas de você do que pensa. Síntese Nesta aula, apreendemos vários conceitos voltados à avaliação de sistemas com a utilização de técnicas estatísticas voltadas à qualidade, principalmente sobre a necessidade de termos sistemas cada vez mais preventivos e corretivos. Além disso, vimos técnicas de coletas de dados e sua estratificação em histograma, como também a utilização de cartas de controle como meios de avaliação do processo. Aprendemos ainda que os meios de controle devem ter papel fundamental para o processo como um todo, afinal os dados devem ter sua idoneidade comprovada por meio de estudos e ações diretamente nos sistemas de medição. Referências CHIROLI, D. Avaliação de sistemas de qualidade. Curitiba: Intersaberes, 2016. Pró-reitoria de EaD e CCDD 21 SELEME, R. Controle da qualidade: as ferramentas essenciais. Curitiba: Intersaberes, 2012. TOLEDO, J. C. Sistemas de medição e metrologia. Curitiba: Intersaberes, 2013.
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