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DISCIPLINA: INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 
PROFESSOR: DANILO POSTINGUEL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
RAÍZES HISTÓRICAS DO CONCEITO DE OPINIÃO PÚBLICA EM 
COMUNICAÇÃO ................................................................................................ 2 
FORMAÇÃO DA OPINIÃO (PÚBLICA) .............................................................. 8 
ESFERA PÚBLICA (E ESFERA PRIVADA) ..................................................... 21 
FORMADORES DE OPINIÃO, GRUPOS DE PRESSÃO E A MEDIAÇÃO 
SOCIAL ............................................................................................................ 28 
IMPRENSA E PODER: AGENDA SETTING E ESPIRAL DO SILÊNCIO; 
PRÁTICAS MIDIÁTICAS E ESPAÇO PÚBLICO; O CAMPO DOS MEDIA E AS 
MUTAÇÕES DA OPINIÃO PÚBLICA ............................................................... 34 
CAMPANHAS COMUNICACIONAIS (MASSIVAS) E A OPINIÃO PÚBLICA ... 39 
RELAÇÕES PÚBLICAS E A OPINIÃO PÚBLICA ............................................ 45 
MOVIMENTOS SOCIAIS, MÍDIA E DEMOCRACIA ......................................... 50 
A ESFERA PÚBLICA E A CONSTRUÇÃO COLETIVA DA INFORMAÇÃO .... 55 
OPINIÃO PÚBLICA DIGITAL ........................................................................... 60 
OS EFEITOS DA PESQUISA DE OPINIÃO NA FORMAÇÃO DA OPINIÃO 
PÚBLICA .......................................................................................................... 67 
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 72 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 INFORMAÇÃO E 
FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
2 
 
TÓPICO 01. 
RAÍZES HISTÓRICAS DO CONCEITO DE OPINIÃO 
PÚBLICA EM COMUNICAÇÃO 
 
REFERÊNCIAS: 
FERREIRA, Fernanda Vasques. Raízes históricas do conceito de opinião pública em 
comunicação. Em Debate, Belo Horizonte, v. 7, n. 1, p. 50-68, jan. 2015. Disponível 
em:<http://opiniaopublica.ufmg.br/site/files/artigo/7-Janeiro-15-OPINIAO-Fernanda-
Vasques-Ferreira-H-A.pdf>. 
 
Mas afinal, o que é Opinião Pública? O que é? O que representa? Qual 
o “poder” desse conceito exaustivamente circulante em nossa sociedade? 
 
Na empreitada que se inicia hoje e que pode não terminar (e não 
queremos que termine com as aulas posteriores), mobilizaremos alguns 
teóricos-chave, assim como, áreas do conhecimento na busca da 
compreensão, surgimento e reverberação do conceito “Opinião Pública”. 
 
É comum caracterizar o tempo como: 
 Opinião da maioria; 
 Opinião majoritária; 
 Pesquisas por amostragem oriundas de Institutos de Pesquisa 
Observação: mas de fato, são sinônimos? 
 
Vamos contextualizar... 
 
Algumas indagações: 
 Para alguns autores, o primeiro grande entrave do conceito é que, 
diferentemente de outras áreas do conhecimento que informam e 
balizam os estudos acerca do conceito e que vão progressivamente se 
especializando, o mesmo não aconteceu com o conceito/termo “Opinião 
Pública”. Houve, para esses autores, uma hiper-especialização do 
conceito, antes da elaboração de uma teoria geral. 
 INFORMAÇÃO E 
FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
3 
 
 Nesse sentido, para os autores, sabemos muito mais das variáveis que 
mensuram as opiniões, do que propriamente os mecanismos teóricos 
que atravessam a metodologia da pesquisa. 
 Quando nos deparamos com tal assertiva logo nos é ofertado a ideia de 
que compreender a Opinião Pública restringe-se somente as pesquisas 
de opinião no plano prático, o que não é bem assim. 
 
Precisamos, antes, compreender os mecanismos e as articulações 
teóricas que envolvem esse conceito. Quanto às pesquisas, deixaremos para 
compreendê-las no último módulo da disciplina, assim como, na disciplina 
“Pesquisa de Opinião e Mercado”. 
 
Nessa empreitada podemos compreender o que os autores querem 
dizer com o: SABEMOS CADA VEZ MAIS SOBRE CADA VEZ MENOS. 
 
Em segundo lugar: por ser um conceito clássico em algumas ciências 
como, por exemplo, ciências sociais, políticas entre outras, pode ser discutido a 
partir de diferentes matrizes conceituais. 
 
Continuando, Lazarsfeld discorre sobre o que significa Opinião Pública: 
 “[...] havendo necessidade de expressá-lo com palavras, ela só pode 
aparecer cercada de muitas cláusulas restritas: 
o Complexo de pronunciamentos semelhantes de segmentos 
maiores ou menores da sociedade em relação a assuntos 
públicos; 
o Às vezes espontâneos, às vezes artificiosos manipulados; 
o Contagiosos como epidemia; 
o Considerados com desdém pelos desabusados; 
o Algo que será avaliado de maneira diferente em diferente países; 
o Às vezes unidos erguendo-se como maré contra o governo e os 
peritos, às vezes, divididos, ocultando tendências conflitantes”. 
 
Contextualizando a partir de outras áreas e autores... 
 INFORMAÇÃO E 
FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
4 
 
 
NA CIÊNCIA POLÍTICA. A opinião pública – OP – (também conhecida 
como “Lei da Opinião” ou “Reputação”) aparece nos escritos de John Locke, 
como uma espécie de substrato moral da sociedade. 
 
No contrato social, a opinião pública surge em estreita correlação com a 
soberania popular, as leis, os costumes e a moral. Ainda sobre a OP, para 
Locke, existem três tipos de leis: 
 1ª: Divina; 
 2ª: Civil; 
 3ª Da virtude e do vício/da opinião ou da reputação – a lei da moda. 
 
Esse tipo de lei, além do que permite a lei de seu país, conservam, sem 
dúvida, o poder de pensar bem ou mal, de aprovar ou censurar as ações dos 
que vivem e mantenham alguma relação com eles – outros indivíduos. 
 
OUTRAS CONTRIBUIÇÕES. O fenômeno também foi estudado por 
pensadores como, Immanuel Kant, Edmund Burke, Jeremy Benthan, Walter 
Benjamin entre outros do campo da filosofia. 
 
Não descaracterizando, muito menos menosprezando, todas as 
correntes, correntes e vertentes e autores, mas mostra-se oportuno reconhecer 
que a mídia popularizou a expressão OP e passou a consolidar uma ideia de 
que a OP é um fenômeno, algo fora da normalidade. 
 Nos exemplos encontrados no artigo, a autora, aborda como 
acontecimentos: mobilizaram, consternou e afrontaram a OP. 
Observação: ao trazermos a proposição da autora, nos é entregue a 
ideia de que a OP é paralela à sociedade, e só acionada quando 
existe algum evento e/ou acontecimento que a provoque/mobilize. 
 
Existe a ideia de que a OP ficou muito contaminada com o surgimento 
das pesquisas de opinião, na década de 1930, nos Estados Unidos. Nesse 
sentido, precisamos deixar claro que a partir dessa época ficou comum 
 INFORMAÇÃO E 
FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
5 
 
associar o termo à pesquisa, contudo ela existe independentemente das 
pesquisas. 
 
Sendo assim, compreender todo o percurso da OP, desde o seu 
potencial surgimento até os dias atuais, com a importância e a articulação da 
mídia e das pesquisas, requer um retorno às origens políticas do conceito. 
 Dito de outro modo: para compreender as origens da OP em 
comunicação – e as relações estabelecidas com a comunicação – 
precisamos voltar para a Grécia Antiga, período esse em que se 
forma. 
 
Conceitos e origens... 
 
De imediato, o termoOpinião está relacionado com a noção de 
julgamento, que abarca: a) valor de alguma coisa e b) dimensão moral de 
julgamento; sentido de aprovação ou de censura. 
 
Nas teorias políticas o sentido enfatizado de opinião é com relação ao 
conhecimento e sensibilidade moral. Já o termo público, oriundo do latim 
publicus, significa o povo. 
 Nesse sentido, a primeira concepção do termo OP que temos é 
“conhecimento do povo” ou ainda, “julgamento representado do 
povo”. LEMBRANDO QUE A JUNÇÃO FOI FEITA A PARTIR 
DOS CONCEITOS ISOLADOS. 
 
Já o conceito composto, entra em uso generalizado apenas no século 
XVIII, localizando-se as definições históricas no final do século XVIII e começo 
do século XIX. 
 Naquele momento e contexto, OP era encarada como base de 
legitimação da democracia. 
 Um dos expoentes dessa vertente teórica foi Jürgen Habermas, 
que para o autor, a OP é parte de uma deterioração da rede 
 INFORMAÇÃO E 
FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
6 
 
comunicativa embasada em um debate racional entre os 
cidadãos. 
 O que permitiu lançar a asserção: as pesquisas medem opiniões 
comuns, mas não opinião pública. 
 
A Escola Crítica acreditava na racionalidade, no processo crítico por 
parte do indivíduo, por isso, a abordagem de Habermas traz uma visão 
racionalista da OP. Que estariam deslegitimando qualquer manifestação 
pública em fatores de caráter mais emocional e despolitizados, decorrente dos 
meios de comunicação. 
 
A isso podemos articular como sugerem alguns autores que a OP é um 
subproduto de processos educacionais, bem como, do crescimento dos meios 
de comunicação de massa. 
 
Para Gabriel Tarde, por exemplo, “a opinião está para o público (...) 
tal como a alma está para o corpo”. 
 
Mesmo havendo adversidades quanto a uma definição universal sobre o 
conceito de OP, há uma questão central que deve nortear o conceito e ele se 
refere ao campo da comunicação. Estando no domínio da comunicação 
distinguir entre OP e opinião particular. 
 
Um apanhado histórico feito por Monique Augras sobre OP articulado à 
comunicação: 
 Século V a.C.: Grécia. Surgem os líderes de opinião, homens que 
conduziam o povo. Os gregos são os primeiros efetivamente a pensar a 
comunicação no Ocidente. O processo de democracia e a consequente 
deliberação dos cidadãos na ágora, espaço da polis grega, vai propiciar 
no debate de ideais e consequentemente na formação da opinião. 
 Os romanos também vão entender os processos comunicacionais como 
essenciais para o controle social, garantindo um fluxo informacional 
relevante até mesmo para antecipar as crises. O que contribuía para 
 INFORMAÇÃO E 
FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
7 
 
fortalecer as ações tomadas pelos poderes políticos e militares. Debate 
que ocorria nos fóruns. 
 Dando um salto, Hohlfeldt, mostra algumas conquistas para o 
desenvolvimento da comunicação em diferentes civilizações. 
 O desenvolvimento da prensa por Gutenberg, elemento 
fundamental para a difusão das comunicações, fortalecimento da 
liberdade de expressão, consolidação da democracia e a 
consolidação da OP. 
 No período das cruzadas – Europa/Idade Média –, surgem as 
propagandas que serviam para recrutar homens e angariar 
fundos, onde as opiniões diversas eram consideradas heresias e, 
portanto, reprimidas. 
 No renascimento, surge o indivíduo e o direito de diversidade de 
opinião, mas também, no plano político, surge o demagogo. Que 
procura conquistar a opinião do povo e dele ser o representante, 
por vezes, sendo manipulador. 
 Durante a Revolução Francesa, verifica-se que a opinião 
proclamada como sendo a do povo. Na realidade, pertencia a um 
grupo pequeno que estava no poder. 
 No século XIX, com a primeira Revolução Industrial surge a 
imprensa e o foco passa para os problemas sociais e 
econômicos. 
 Com o século XX, tem-se a democracia moderna e as novas 
técnicas de manipulação de opiniões. 
 
A OP serve para avaliar os atos governamentais. 
 
A OP, outrora, era sinônimo de opiniões expressas pelos representantes 
políticos do eleitorado, pelos jornais e pelos membros ou organizações 
proeminentes da classe média. Residindo na conceituação um viés e 
significado político. 
 
 INFORMAÇÃO E 
FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
8 
 
Se o governo negar a importância da opinião dos cidadãos sobre as 
questões públicas na elaboração da política ou se impedir a livre opinião, a OP 
não existe. Acrescemos: a OP só existe em nações democráticas, sendo 
necessário acesso às informações, por parte da sociedade, sobre as questões 
que as interesse. Para isso, os atos do governo não podem ser mantidos em 
segredo, daí o papel dos meios de comunicação. 
 
Conforme essa sociedade vai crescendo, cada vez mais requer dos 
meios de comunicação de massa esse papel de mediador entre a sociedade e 
o indivíduo. 
 
Caminhando para o fim, temos a contribuição de Walter Lippmann. Para 
o autor, a OP seria a média das opiniões circulantes em uma determinada 
sociedade, num determinado momento. Entendendo que a sociedade não se 
funda na comunhão, mas na coincidência. Dessa forma, a opinião reconhecida 
como pública, então, seriam as opiniões feitas públicas e não as opiniões 
surgidas do público. 
 
TÓPICO 02 
FORMAÇÃO DA OPINIÃO (PÚBLICA) 
REFERÊNCIAS: 
AUGRAS, Monique. Opinião pública: teoria e pesquisa. 3. ed. Editora Vozes: 
Petrópolis-RJ, 1978. 
LIPPMANN, Walter. Opinião pública. 2. ed. Petropólis, RJ: Vozes, 2010. 
 
Algumas conceituações para ajudar-nos a compreender a disciplina: 
 
AGREGADOS SOCIAIS: aglomerações de pessoas marcadas por 
CONTATOS SOCIAIS secundários e efêmeros. 
 CONTATO SOCIAL PRIMÁRIO: marcado por afetividade e emoções. 
Relações definidas pelo status de cada membro. Já as decisões são 
tomadas de acordo com a opinião preponderante no grupo, geralmente 
 INFORMAÇÃO E 
FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
9 
 
de um “líder”. Aqui os problemas são CONCRETOS. Exemplos: família, 
amigos e a vizinhança. 
 CONTATO SOCIAL SECUNDÁRIO: compõem a sociedade complexa. 
Marcada pelas atividades diversificadas e sua multiplicidade de tarefas. 
São impessoais e objetivo. Estão ligados a uma “razão de acontecer”. 
Há objetivos específicos para acontecerem – possuem começo e fim. 
Quanto maior e complexa for à sociedade maior será a necessidade de 
contatos secundários, impessoais. Aqui os problemas são abstratos. 
Aqui o debate entre os cidadãos faz-se em termos IDEOLÓGICOS e não 
concretos. Pertencendo às decisões à opinião majoritária. Exemplo: 
interação com o cobrador do ônibus. 
 
Os contatos sociais propiciarão o processo de SOCIALIZAÇÃO, 
entendido como: processo de integração do indivíduo aos costumes, crenças, 
regras estabelecidas para o convívio considerado melhor para a sociedade. 
Acontece para fazer parte do grupo. 
 
Já, a SOCIABILIDADE é a capacidade de interagir. Quando falamos de 
vida em sociedade ela acontece porque somos capazes de viver com outras 
pessoas. É decorrente da capacidade de viver com outras pessoas que 
permitirá o processo de socialização. 
 
Os conceitos anteriormente elencados propiciarão compreender o que é 
MULTIDÃO,PÚBLICO e MASSA. 
 MULTIDÃO: aglomeração marcada pela OCASIONALIDADE, sem 
objetivo previamente definido; reúne-se por causa de um 
acontecimento que chamou atenção. Exemplos: uma banda tocando 
na calçada movimentada. Um prédio pegando fogo. Um acidente de 
carro na rodovia. 
 PÚBLICO: aglomeração marcada pela INTENCIONALIDADE na 
aproximação. Existe um contato ali que os indivíduos elegeram naquela 
situação para estarem juntos. Exemplo: palestra. 
 INFORMAÇÃO E 
FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
10 
 
 MASSA: aglomeração marcada pela HOMOGENEIDADE DE 
COMPORTAMENTO e pela PASSIVIDADE; marcada também pela 
HETEROGENEIDADE DE CLASSES SOCIAIS. Exemplo é a 
comunicação midiática. 
 
Por COMUNICAÇÃO, entendemos como a: capacidade ou processo de 
troca de pensamentos, sentimentos, ideias ou informações através da fala, 
gestos, imagens, seja de forma direta ou através de meios técnicos. 
COMUNICAÇÃO = COMUM + AÇÃO, ou seja, uma ação comum. 
 
Definição de OPINIÃO PÚBLICA: opinião sobre assuntos que dizem 
respeito à nação, expressa livre e publicamente por homens fora do governo, 
que reclamam o direito de que suas opiniões possam influenciar ou determinar 
as ações, o pessoal, a estrutura do governo. 
 
O estudo da Opinião Pública, como fenômeno, implica o levantamento 
dos fatores psicológicos (opinião latente ao nível individual), sociológicos 
(opinião estática em nível social) e histórico (conscientização levada à opinião 
dinâmica). 
 
É necessário investigar quais são os fatores que basicamente 
influenciam na Formação da Opinião. Sendo eles: 
 FATORES PSICOLÓGICOS: nível interpessoal → Formação de atitudes 
e opiniões; motivações e mecanismos de defesa. 
 FATORES SOCIOLÓGICOS: nível social → Terreno em que se 
constroem as atitudes do grupo. 
 FATORES CIRCUNSTANCIAIS: nível histórico → Acontecimentos que 
desencadeiam a conscientização da OPINIÃO PÚBLICA. 
 
Augras aborda a necessidade de se estudar as modalidades – técnicas 
– de aparecimento da opinião dinâmica. Pois só assim, conseguiremos 
compreender a Opinião Pública. Essas técnicas podem ser agrupadas em dois 
tipos principais: 
 INFORMAÇÃO E 
FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
11 
 
 EXPERIMENTAÇÃO: localizado no nível interpessoal, em pequenos 
grupos, por conta da relativa facilidade de manipulação. 
 OBSERVAÇÃO: inclui desde a análise histórica e sociológica até a 
pesquisa, utilizando-se de questionários, entrevistas entre outras 
técnicas → Localizando uma OPINIÃO LATENTE. 
Nesse sentido, Augras ressalta existir diferença entre EXPERIMENTAÇÃO 
e EXPERIÊNCIA. Sendo: 
 EXPERIÊNCIA: tudo aquilo que se relaciona com a manipulação da 
opinião, no terreno, numa conjuntura política e social definida. 
 EXPERIMENTAÇÃO: são as investigações realizadas com intuito 
exclusivamente científico, de conhecimento dos mecanismos de 
aparecimento e desenvolvimento de correntes de opinião, utilizando 
técnicas precisas e apresentando resultados facilmente reproduzíveis 
numa situação análoga. 
 
Quanto às Opiniões, elas podem ser: 
 OPINIÃO LATENTE: um sentimento geral; uma disposição latente em 
relação a determinado assunto. 
 OPINIÃO DINÂMICA: corresponde ao aparecimento, progressivo ou 
repentino, de uma tomada de posição perante o problema. Nesse nível 
que encontramos a CONSCIENTIZAÇÃO. 
Assim um acontecimento pode cristalizar uma Opinião Latente, provocando 
o aparecimento de uma corrente de opinião, tornando-se uma Opinião 
Dinâmica. Mais tarde essa corrente pode perder força/importância, mas as 
vivências provocadas pela experiência cristalizadora vão permanecer, 
agregando-se às opiniões latentes e assim voltar para o ciclo. Compreender 
essas continuidades e movimentações possibilita prever comportamentos 
futuros. 
 
1 FATORES PSICOLÓGICOS 
 
Torna-se oportuna, antes de prosseguir, diferenciar OPINIÃO e 
ATITUDE. 
 INFORMAÇÃO E 
FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
12 
 
 
 
OPINIÃO ATITUDE 
Sistema de crenças e ideologias do 
indivíduo. 
Haveria um aspecto mais concreto. 
 Na formação das atitudes encontramos 
aspectos perceptivos, afetivos e sociais. 
 Seria uma disposição mental e nervosa, 
organizada pela experiência, que exerce 
influência direta ou dinâmica, sobre as 
respostas individuais a todos os objetos e 
situações com as quais se relaciona. 
 Tem como característica a tendência 
para agir. 
 Ligada diretamente à opinião estática, 
fornecendo-lhe o sistema de referência. 
Seria um dos modos de expressão desta 
disposição, surgindo a propósito de um 
acontecimento determinado. 
Uma disposição constante para agir em 
certo sentido. 
 
A opinião, sendo essencialmente EXPRESSÃO. É de NATUREZA 
COMUNICATIVA e INTERPESSOAL. Servindo de mediadores entre o mundo 
exterior e a pessoa. Sob três aspectos, sendo eles: ADAPTAÇÃO À 
REALIDADE, AO GRUPO e EXTERIORIZAÇÃO. 
 EXTERORIZAÇÃO: permite ao indivíduo descarregar as tensões, 
expressando suas necessidades. 
 ADAPTAÇÃO À REALIDADE: faz-se através da avaliação crítica dos 
acontecimentos, propiciando o constante reajuste das relações entre o 
indivíduo e o meio. 
 
A FUNÇÃO PRINCIPAL DA OPINIÃO É DE ADAPTAR O INDIVÍDUO 
AO GRUPO. É a opinião que faz aceitar a pessoa pelo grupo. Opiniões 
consideradas como inaceitáveis pelo grupo são apresentadas com cautela. 
Inversamente, se o indivíduo tiver a necessidade de agressão, expressará sem 
restrições. 
 
Prosseguindo, torna-se necessário examinar os fundamentos dos 
sistemas de crença e dessas atitudes sociais que se chamam 
ESTEREÓTIPOS. Atrelado a isso, autores como Gabriel de Tarde, Gustave Le 
 INFORMAÇÃO E 
FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
13 
 
Bon e até o próprio Sigmund Freud, destacaram a importância dos fatores 
AFETIVOS e das RAÍZES INCONSCIENTES no COMPORTAMENTE 
COLETIVO. Destacamos: 
 Atrás das causas explícitas de nossos atos, existem causas secretas 
desconhecidas. Afinal, na multidão, apagam-se as diferenças 
individuais, aparecendo a base inconsciente comum a todos. 
 O próprio comportamento da massa fornece ao indivíduo justificativas 
para realizar os desejos inconscientes, eximindo-se de culpabilidade. 
ENTENDER ESSAS ESTRUTURAÇÕES NAS RELAÇÕES SOCIAIS 
PERPASSA COMPREENDER O MECANISMO FUNDAMENTAL DA 
IDENTIFICAÇÃO. 
 
Nesse sentido, ao tentarmos compreender a constituição dos FATORES 
PSICOLÓGICOS, ligados diretamente ao interpessoal, valemo-nos das 
contribuições de Freud, lembrando principalmente da relação DIALÉTICA entre 
o EGO e o OUTRO, por meio da: 
 INTROJEÇÃO: assimilação das características do outro. 
 PROJEÇÃO: atribuição ao outro suas próprias características. 
RESULTANDO AO INDIVÍDUO RECONHECER OUTRO SER HUMANO 
AO MESMO TEMPO SEMELHANTE E DIFERENTE. 
 
Abordando ainda alguns níveis de IDENTIFICAÇÃO, quanto ao plano da 
conduta, pode ser elencados vários níveis de identificação, como: 
 SIMPLES SIMPATIA – IDENTIFICAÇÃO MOTORA: consiste na imitação 
dos movimentos, posturas e atitudes físicas. 
 IDENTIFICAÇÃO DRAMÁTICA: aquela que supõe a interrelação 
recíproca, o jogo de várias personagens. 
 E o caso extremo, a REJEIÇÃO: quando a identificação não é positiva e 
é acompanhadade sentimentos de hostilidade. 
 
Ressaltando: IDENTIFICAÇÃO, PROJEÇÃO e REJEIÇÃO são 
mecanismos básicos para interpretação do RELACIONAMENTO SOCIAL. 
Permitindo a elaboração de hipóteses explicativas para fenômenos, como: 
 INFORMAÇÃO E 
FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
14 
 
 LIDERANÇA: identificação dos membros do grupo com uma pessoa. 
 CRENÇA: projeção dos desejos num mito 
 COMPORTAMENTO AGRESSIVO: rejeição de um grupo ou de 
membros deste grupo. 
 
Sobre as representações coletivas... 
 
Tudo isso, como forma para compreender o papel das 
REPRESENTAÇÕES COLETIVAS no processo de constituição da opinião. Por 
REPRESENTAÇÕES COLETIVAS, entendemos – de forma sucinta –: 
elementos subjetivos que compõem a visão do mundo de um grupo (incluindo a 
imagem que o grupo tem de si) (DURKHEIM). DITO DE OUTRA FORMA, 
consistem em conjunto estruturado de ideias, atitudes ou crenças que 
exprime os valores do grupo. Dessa forma, tudo aquilo que diz respeito a 
sistemas simbólicos, sejam intelectuais (científicos) ou mágicos (crenças), pode 
ser enquadrado como representações coletivas. 
 
As representações coletivas fornecem um sistema de referências 
através do qual vão ser avaliadas – e julgadas – as ações dos indivíduos. 
 
Sobre os estereótipos... 
 
Ao estudarmos, por exemplo, uma nação – um povo, podemos localizar 
algumas representações coletivas e apreendermos a passagem da imagem 
subjetiva do grupo para o nível da atitude. Essa “apreensão” possibilita, como 
sugere Augras, assimilar as bases psicológicas da opinião pública. Podendo 
destacar uma variedade específica de atitude coletiva denominada de 
ESTEREÓTIPOS. 
 
Adendo: o termo foi inicialmente cunhado em 1922, por Walter Lippmann 
– jornalista estadunidense –, em seu livro Public Opinion. 
 
 INFORMAÇÃO E 
FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
15 
 
Stricto sensu ESTEREÓTIPO é um molde de metal a partir do qual se 
pode reproduzir inúmeros exemplares. 
 No campo da Psicologia Social é entendido como conceito 
classificatório, ao qual está sempre ligada uma intensa tonalidade afetiva 
de agrado ou desagrado. Via de regra, costumam ser reduzidos a uma 
palavra: NEGRO, JUDEU, CAPITALISTA, COMUNISTA entre outros. 
 Os MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA, por exemplo, costumam 
ser ótimos veículos e reforçadores de estereótipos. 
 
Algumas características do Estereótipo: 
 ESQUEMATIZAÇÃO: as qualidades do objeto são reduzidas a uma só. 
A SIMPLIFICAÇÃO permite a retenção pela MEMÓRIA. Englobando 
assim, muitos indivíduos diferentes num conceito só. “A qualidade” que 
se mantém obedece a uma semântica afetiva, para isso, é preciso 
retomar os mecanismos de projeção, identificação e rejeição. 
 PERSISTENTE: do ponto de vista histórico, não é raro que permaneça 
durante várias gerações. Às vezes tão latente e cristalizado em 
determinadas sociedades que simples enfrentamentos sociais não são 
suficientes para reativá-los. 
 APRESENTAÇÃO AO GRUPO DE UMA IMAGEM IDEALIZADA DELE 
PRÓPRIO. Decorrente da característica anterior, essas idealizações 
seguem mecanismos afetivos. Ocorrendo da seguinte maneira: quanto 
maior for o estado de penetração do grupo, mais forte será a 
cristalização de uma imagem positiva e vice-versa. 
 
O ESTEREÓTIPO SITUA-SE, PORTANTO, NO PLANO DA FANTASIA. 
Mas ao tratá-la como ATITUDE SOCIAL, é uma FANTASIA que pode levar 
à AÇÃO. 
 
IMPORTANTE: Os preconceitos raciais e nacionais, que se nutrem de 
estereótipo, chegam às vezes a expressar-se através de ações violentas. 
 
 INFORMAÇÃO E 
FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
16 
 
Por fim, reforçamos que os FUNDAMENTOS PSICOLÓGICOS DAS 
OPINIÕES (de onde nascerá a Opinião) estão fortemente alicerçados em 
fatores afetivos e não racionais. Segundo LASSWELL (apud Augras) “os 
preconceitos políticos, as preferências eleitorais, as necessidades que 
lhes estão ligadas, são frequentemente formuladas de forma sumamente 
racional, mas cresceram de maneira sumamente irracional”. 
 
2 FATORES SOCIOLÓGICOS 
 
Por ser a opinião de natureza social, não podemos estudá-la fora desse 
contexto. Por mais que interessa a gênese das opiniões e atitudes individuais, 
não podemos desvencilhar o lado fundamental que é a interação entre as 
pessoas. É necessário examinar os fatores objetivos, ligados ao terreno, 
no seu sentido mais amplo, a conjuntura social e econômica, a 
estruturação dos grupos e as redes de comunicação. 
 
Sobre os Fatores Econômicos... 
 
Em que medida as opiniões estão determinadas pelo nível econômico do 
grupo? Retomando muito brevemente Marx, depois que o autor discorreu sobre 
a questão da LUTA DE CLASSES como motor do dinamismo social, há uma 
tendência a considerar que qualquer fenômeno implicando uma 
consciência social deva ter determinações econômicas. 
 
Nesse sentido, as classes com mais baixo status econômico seriam as 
classes mais desejosas de mudanças. CONTUDO, pesquisas feitas nos 
Estados Unidos mostraram que não foi bem isso que concluíram. Existe 
realmente uma preocupação, nas classes baixas, com assuntos ligados a 
reivindicação do bem-estar social. NO ENTANTO, ao que diz respeito a 
problemas não imediatos, ou teóricos, notaram um considerável 
conservadorismo/tradicionalismo. 
 
 INFORMAÇÃO E 
FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
17 
 
Kornhauser (apud Augras) enfatiza que as classes trabalhadoras são 
mais nacionalistas; mais nacionalistas à manutenção do status quo. Arriscando 
uma interpretação em termos psicológicos: colocadas numa situação de 
relativa frustração, de insegurança, as classes mais baixas tendem a defender 
pelo reforço das atitudes, encontrando na estereotipia “um alicerce de 
segurança”. Isso podendo ser decorrente da restrita escolaridade, faz com que 
tenham dificuldades em obter informações variadas de maior alcance. DAÍ O 
SEU IMEDIATISMO E O DESINTERESSE POR ASSUNTOS GERAIS. 
 
Ainda segundo o autor, pode-se verificar que, ao falar de nível 
econômico, aludimos antes ao status social que lhe é ligado e ao nível de 
informação que de ambos depende. É difícil isolar o fator econômico dos 
demais. Para complexificar um pouco mais o debate, muitos indivíduos não 
fazem parte de uma classe apenas. Abordando propriamente no plano das 
pesquisas opinião, Kornhauser, ressalta que, o determinismo econômico das 
opiniões sociais, simples, automático, é uma pura ficção. 
 
QUAL A DISCREPÂNCIA QUE EXISTE DESSAS ASSERÇÕES 
QUANTO À REALIDADE SOCIOCULTURAL BRASILEIRA? 
 
Sobre os Fatores Ecológicos... 
 
Os FATORES ECOLÓGICOS, dentre as variáveis do contexto social, 
desempenham um papel nada desprezível para a formação das atitudes e 
sociais → As características GEOGRÁFICAS e CLIMÁTICAS de uma região, 
determinam as diferentes formas de HABITAT e os DIFERENTES MODOS DE 
VIDA. 
 
Segundo Augras, devido ao avanço da tecnologia, precisamos avaliar 
com cautela as regras da antropologia geográfica. Para elucidar, podemos 
trazer o exemplo do Dubai e Abu Dhabi, que impedem de falar plenamente em 
determinismos ecológicos. Contudo, muitas áreas no mundo ainda podem se 
valer desse tipo de explicação.INFORMAÇÃO E 
FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
18 
 
 
Vale pontuar também que, determinando as formas de HABITAT e 
ESTRUTURAÇÃO consequente das relações sociais, as CARACTERÍSTICAS 
GEOGRÁFICAS influenciam ainda em grande parte a ECONOMIA DE UMA 
REGIÃO. 
 
Sobre os Grupos... 
 
Por GRUPO – compreendendo na sua maior extensão –, Augras 
concebe como, conjuntos estruturados de indivíduos dentro de uma 
população geral. Permitindo distinguir os grupos naturais dos estritamente 
sociais. 
 GRUPOS NATURAIS: são subpopulações definidas por uma 
característica comum. Tomando como exemplo, temos: SEXO, IDADE, 
ETNIA. 
 SEXO: sob o ângulo do estudo da opinião pública, a diferenciação 
sexual não intervém diretamente. Sua influência é patente, porém 
quanto à característica “natural” do sexo acrescentamos a 
consequência sociológica de status. Exemplo: a INFERIORIDADE 
SOCIAL do sexo feminino nas SOCIEDADES MODERNAS 
OCIDENTAIS. 
 IDADE: a influência dos grupos de idade deve ser encarada sob o 
ângulo do status e também dos interesses e motivações. 
Exemplo: as propagandas que enfatizam o poder do 
jovem/juventude. “Não foi apenas os R$0,20”. 
Vale ressaltar: Toda a literatura que se tem feito em torno do poder 
do jovem mostram que os interesses, as motivações de um grupo de 
idade podem ter uma influência determinante sobre as opiniões e 
atitudes. 
 ETNIA: quanto aos grupos étnicos, eles podem ser origem 
GEOGRÁFICA ou COR. A compreensão da etnia é a mesma da 
Idade, ou seja, e reforçando, o que mais importa é o status. No 
caso do Brasil, por exemplo, existe uma demarcação muito 
 INFORMAÇÃO E 
FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
19 
 
latente quanto à etnia. As pessoas de cor situam-se geralmente 
nas classes mais baixas da escala social. Os indivíduos vão 
clareando à medida que sobem. STATUS E COR SE 
COMPLETAM. 
 GRUPOS SOCIAIS: sua estruturação é patente e corresponde a 
interesses comuns. 
 
Independentemente do grupo, qualquer um pode influenciar um 
indivíduo de maneira determinante, e isto quanto mais reproduza as 
características de envolvimento afetivo e emocional que se processam num 
grupo primário. Para isso, um aspecto importante é o da COMUNICAÇÃO 
dentro de cada grupo. Abordaremos mais para frente o Líder, mas precisamos 
pontuar a sua importância nesse quesito, até mesmo, na influência tendenciosa 
da informação que pode transmitir. 
 
Até agora enfatizamos a relação indivíduo e grupo, no que tange sua 
inserção e articulação em apenas um grupo, contudo é sabido que os 
indivíduos transitam entre vários grupos. Dessa forma, a COMUNICAÇÃO 
entre dois grupos de que faz parte pode muito bem processar-se através dele. 
Tornando-se assim, um potente CANAL DE TRANSMISSÃO de 
INFORMAÇÃO. 
 
REFLEXÃO: MUITAS NEUROSES DE NOSSO TEMPO PROVÊM 
PRECISAMENTE DA DIFICULDADE QUE TEM O INDIVÍDUO EM ASSUMIR 
PAPÉIS EXTREMAMENTE VARIADOS, ÀS VEZES ANTAGÔNICOS. Por 
conta da presente assertiva, no plano da opinião, PRESSÕES 
CONTRADITÓRIAS (de grupos) podem levar a reações de fuga da situação 
conflitiva, ou até mesmo a neutralidade. 
 
3 FATORES HISTÓRICOS 
 
As duas variáveis anteriormente elencadas podem ser consideradas 
básicas para a formação das atitudes e opiniões. Mesmo que sejam 
 INFORMAÇÃO E 
FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
20 
 
FORTALECIDAS, no decorrer do TEMPO, por um SÉRIE DE 
ACONTECIMENTOS, na sua ESSÊNCIA NÃO DEPENDEM DELES. 
 
Quanto aos FATORES HISTÓRICOS, Augras enfatiza que eles servem 
para EXAMINAR os fatores DESENCADEANTES de uma CORRENTE DE 
OPINIÃO. Diferentemente dos fatores precedentes que são extremamente 
MÓVEIS e podem definir-se em torno de um só tema: o ASSUNTO. 
 
Young (apud Augras) descreve as diversas funções do acontecimento 
em relação à opinião: 
 INFLUÊNCIA OBJETIVA SOBRE AS INSTITUIÇÕES: influenciando 
também o status dos indivíduos e, em consequência, suas opiniões e 
atitudes. Exemplo são as guerras. Esse tipo de acontecimento pode 
provocar uma mudança nos padrões éticos e sistema de valores de uma 
nação, logo afetando os indivíduos. 
 PODE LEVAR O INDIVÍDUO A ACEITAR NOVA MANEIRA DE 
RESOLVER OS PROBLEMAS: nesse caso, segundo Augras, a opinião 
latente evolui até a tomada de consciência de que, por exemplo, 
somente a guerra permitiria resolver o problema. O acontecimento 
proporciona aos indivíduos uma base para racionalizar e justificar suas 
opiniões e atitudes latentes. O acontecimento influencia a opinião 
porque funciona como informação. Essa definição permite integrar 
qualquer tipo de influência de qualquer acontecimento. 
 No caso da opinião pública, as motivações que determinam o interesse 
pelo assunto, o cuidado para a racionalização de mecanismos 
inconscientes, ENVOLVEM DE IMEDIATO O ACONTECIMENTO NUM 
ENVOLTO DE SUBJETIVIDADE. 
 
Ao falar da INFORMAÇÃO, vamos descrever uma série de 
deformações, que acompanham a percepção de um fato pela opinião. 
Algumas regras de distorção: 
 Se há interesses materiais em jogo, a distorção faz-se no sentido que 
os favorece. 
 INFORMAÇÃO E 
FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
21 
 
 Se há paixões em jogo, o desvio vai no sentido de justificar ou reforça-
las. 
 Se fatos interessam à causa coletiva, reforçam a coesão do grupo. 
Resumindo: AS DISTORÇÕES SINCERAS SÃO AS MESMAS QUE AS 
DESEJADAS. 
 
Outro aspecto – e paradoxal – que precisa ser abordado é a NÃO-
PERCEPÇÃO da informação. É UM CASO LIMITE DE DISTORÇÃO. Surge, 
quando a opinião simplesmente se recusa a tomar conhecimento de 
determinado acontecimento. Essa recusa ao conhecimento da não-
percepção além de muitas vezes ser covardia/desinteresse/apatia, mas 
também uma mecanismo de defesa, afinal a tomada de consciência leva a uma 
tomada de posição. 
 
TÓPICO 03 
ESFERA PÚBLICA (E ESFERA PRIVADA) 
 
REFERÊNCIAS BASILARES: 
ARENDT, Hannah. A condição humana. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense 
Universitária, 2007. 
HABERMAS, Jürgen. Mudança estrutural da esfera pública: investigações sobre 
uma categoria da sociedade burguesa. São Paulo: Editora Unesp, 2014. 
 
REFERÊNCIAS DE APOIO: 
CORREIA, Adriano. A vitória da vida sobre a política. CULT. 129. ed. 2010. Disponível 
em:<http://revistacult.uol.com.br/home/2010/03/a-vitoria-da-vida-sobre-a-politica/>. 
VALLADARES, Christiane. A esfera pública e a política segundo Hannah Arendt. 
Monografia (Curso de Especialização em Instituições e Processos Políticos do 
Legislativo). Brasília: Centro de Formação e Aperfeiçoamento Câmara dos Deputados, 
2009. Disponível em:<http://www2.camara.leg.br/responsabilidade-
social/edulegislativa/educacao-legislativa-
1/posgraduacao/arquivos/publicacoes/banco-de-monografias/ip-3a-
edicao/ChristianeAparecidaSilvaValladaresIP3ed.pdf>. 
 
Para Arendt, é a partir de três categorias de atividades que se dá vida 
ativa, sendo elas: o trabalho, a obra e a ação. A autora aponta para a 
destruição das condições de existência do ser humano no mundo moderno, 
operada pela sociedade de massa. 
 
 INFORMAÇÃO E 
FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
22 
 
1. O trabalho: O trabalho é o modo como resolvemos permanentemente o 
fato de sermos viventes, como os outros animais eas plantas, que têm 
de saciar as necessidades permanentemente repostas do processo vital. 
É uma atividade derivada da necessidade e concomitante futilidade do 
processo biológico, qualifica-a como a do animal laborans. 
2. A obra: A obra diz respeito ao legado não-natural do passado, ao 
mundo, que clama por conservação e renovação e ao mesmo tempo 
confirma nossa singularidade ante os outros viventes. Também está 
contido no processo vital. É através dele que o homem, neste caso o 
homo faber, cria coisas, extraídas da natureza, convertendo o mundo 
num espaço de objetos partilhados pelo homem. É a atividade que 
garante a permanência de um mundo comum, a durabilidade do mundo. 
3. A ação: A ação responde à condição humana da pluralidade. Para a 
autora, essa terceira atividade é a única que se exerce diretamente entre 
os homens sem a mediação das coisas ou da matéria, e tem como 
atributo criar a possibilidade para o exercício da liberdade e, 
consequentemente, a instauração do novo. 
 
Na era moderna, uma das manifestações de tal ameaça é o 
persistente tratamento dos objetos de uso como se fossem bens de 
consumo. A repetição e a interminabilidade impressas ao processo 
de fabricação de objetos após a revolução industrial o contaminaram 
com a circularidade peculiar ao trabalho, à produção de bens para o 
consumo, que não deixa nada de durável atrás de si. Dada a 
necessidade de substituir o mais rapidamente possível as coisas 
mundanas que nos rodeiam, devido à permanente ampliação da 
capacidade produtiva dos homens, não mais zelamos pela 
durabilidade delas. Pelo contrário, acabamos por consumir, por 
devorar, os objetos do mundo – nossas casas, nossa mobília, 
nossos carros – como se fossem bens de consumo, tragando-os 
para o ciclo interminável do metabolismo do homem com a natureza. 
Em decorrência disso, na modernidade os ideais do fabricante de 
objetos do mundo, o homo faber, que são a permanência, a 
estabilidade e a durabilidade, são sacrificados em nome da 
abundância, da saciedade e do conforto, que são os ideais 
do animal laborans. O que está em questão é a capacidade humana 
de erigir um modo de vida para além de sua inextirpável animalidade 
que, uma vez não atualizada, pavimenta a via da ocupação 
exclusiva com o prolongamento de uma vida confortável. 
 
 INFORMAÇÃO E 
FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
23 
 
ESFERA PÚBLICA E ESFERA PRIVADA 
 
Ao contextualizarmos o papel dos meios de comunicação, 
principalmente o do Jornal, no processo de disseminação da informação, 
mediante a complexidade de sociedade que surgia – cidades 
modernas/sociedades complexas – e as multidões que precisavam ser 
comunicadas e informadas automaticamente, se valendo do jornal para isso. 
Apresentando assim a “Ideia de que o sujeito se fechava para o 
mundo/realidade quando abria o jornal”. 
 
Ao trazermos a presente asserção para a aula de hoje, como forma de 
compreender o surgimento e tentativa de consolidação de uma esfera pública 
(e privada), com a emergência da mídia moderna, torna-se necessário um 
esforço imaginativo para trabalhar a noção de esfera pública em termos 
de um espaço social gerado pela comunicação. Ou seja, o papel da 
comunicação para compreender mais e melhor o surgimento da Opinião 
Pública, atrelado a isso a Esfera Pública. 
 
Nesse sentido, os jornais contribuíram genericamente para o surgimento 
da opinião pública, apenas retomando, termo cunhado por volta de 1750 (em 
inglês por volta de 1781 e em alemão, por volta de 1793). Esse termo é 
redefinido a partir do trabalho de Jürgen Habermas que resultará no livro 
“Mudança estrutural da esfera pública” (resultado de sua tese de pós-
doutorado, apresentado em 1961). 
 
Segundo Habermas, a expressão Esfera Pública originou-se com base 
na tradução de uma palavra alemã OFFENTLICHKEIT (publicidade, no sentido 
de tornar-se público). Prosseguindo, precisamos compreender que a esfera 
pública é a palavra, essa que se destina a convencer os interlocutores, 
servindo-se de argumentos e razões. Vale destacar que as trocas públicas dos 
argumentos são conduzidas aqui com razoabilidade e racionalidade (OU SEJA, 
IMPORTÂNCIA DA LINGUAGEM DA COMPREENDER O POTENCIAL DA 
ESFERA E DA OPINIÃO PÚBLICA). Sendo assim, uma discussão dotada 
 INFORMAÇÃO E 
FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
24 
 
de sentido social supõe que se discutam e empreguem-se argumentos 
que são dispostos em posições e contraposições voltadas para a 
obtenção de uma opinião prevalente ou de um consenso possível. ASSIM, 
PARTICIPAR DA ESFERA PÚBLICA SIGNIFICA COMPROMETER-SE A 
OBEDECER ÀS LEIS DA RACIONALIDADE E DA DISCURSIVIDADE, 
prosseguindo... A ARGUMENTAÇÃO PÚBLICA QUE SE REALIZA NA 
ESFERA PÚBLICA “CONSTRINGE” OS PARCEIROS DO DEBATE A 
ACEITAR COMO ÚNICA AUTORIDADE AQUELA QUE EMERGE DO 
MELHOR ARGUMENTO. 
 
Até agora falamos da importância da discursividade no processo de uma 
opinião (pública) em uma Esfera Pública, mas afinal o que é e como surge a 
Esfera Pública? 
 
 A esfera pública moderna (nos interessa compreender a esfera pública 
moderna, pois bebemos de sua fonte e somos constituídos até hoje por 
esses ideais) nasce com a Burguesia (essa classe que se firma no 
século XIX). 
 
Para Habermas, valendo-se de Kant: 
O público dos “seres humanos” que discute mediante razões 
constitui-se no público dos “cidadãos”, no qual ele se entende 
sobre assuntos da “coletividade”. Essa esfera pública 
politicamente ativa torna-se, sob uma “constituição 
republicana”, o princípio organizador do Estado de direito 
liberal. Em seu âmbito, a sociedade civil é estabelecida como 
esfera da autonomia privada (cada um deve poder procurar sua 
“felicidade” pelo caminho que lhe parecer mais auspicioso). 
 
 MINIMAMENTE COM O EXCERTO DE HABERMAS, PODEMOS 
LOCALIZAR INDÍCIOS DO QUE COMPETE A ESFERA PÚBLICA E O 
QUE ESTÁ PARA A ESFERA PRIVADA. 
 
Se a esfera pública é o lugar da confluência da palavra e do agir 
humano em direção ao consenso social é, por conta disso, o lugar onde os 
 INFORMAÇÃO E 
FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
25 
 
homens revelam a sua singularidade. A condição de sujeito ativo 
(pensamento contemporâneo deste conceito – “sujeito ativo”) permite ao 
homem revelar o que o torna singular, e isso o leva a inserir-se no mundo (A 
SOCIALIZAÇÃO BUSCA PELAS SINGULARIDADES). 
 
Continuando, ao falarmos sobre as contribuições de Habermas – 
aluno de Arendt –, sobre Opinião Pública... Torna-se necessário demarcar que: 
compreender as suas contribuições sobre a continuidade nos estudos da 
Esfera Pública (de sua professora), propicia uma melhor definição para 
campo midiático sobre o conceito da esfera pública burguesa. 
 
Para o autor, a ESFERA PÚBLICA pode ser melhor descrita como UMA 
REDE PARA COMUNICAR (no sentido de transmitir) INFORMAÇÕES E 
PONTOS DE VISTA; os fluxos de comunicação são, no processo, filtrados e 
sintetizados de tal forma que se aglomeram em feixes de opiniões pública 
tematicamente especificadas. 
 ADENDO: do mesmo modo que o mundo da vida como um todo, 
a esfera pública também é reproduzida por meio da ação 
comunicativa, para qual o domínio da língua natural é suficiente; 
essa é configurada para a compreensão geral na prática 
comunicativa cotidiana. (AÇÃO COMUNICATIVA1, pedir para 
articular com TEORIAS DA COMUNICAÇÃO).A partir da definição do autor sobre Esfera Pública, percebemos como 
essa esfera pública pode ser percebida na vida cotidiana, na experiência diária 
 
1 Vinculado ao modelo da ação comunicativa, Habermas apresenta a situação lingüística ideal: 
o discurso. Para Habermas, discurso (Diskurs) refere-se a uma das formas da comunicação ou 
da “fala” (Rede), que tem por objetivo fundamentar as pretensões de validade das opiniões e 
normas em que se baseia implicitamente a outra forma de comunicação ou “fala”, que chama 
de “agir comunicativo” ou “interação”. O discurso – teórico ou prático, conforme se refira a 
pretensões de validade de opiniões ou de normas sociais – no sentido de Habermas possui um 
aspecto intersubjetivo, que serve para classificá-lo como uma espécie do gênero 
“comunicação”, e um lógicoargumentativo, que serve para determiná-lo como caso específico 
da fundamentação de pretensões de validade problematizadas (Almeida 1989). 
Fonte: GONÇALVES, Maria Augusta Salin. Teoria da ação comunicativa de Habermas: 
possibilidades de uma ação educativa de cunho interdisciplinar na escola. Educação & 
Sociedade, ano XX, n. 66, Abril. 1999. Disponível 
em:<http://www.scielo.br/pdf/es/v20n66/v20n66a6.pdf>. 
 INFORMAÇÃO E 
FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
26 
 
dos indivíduos, a partir de uma linguagem comum e acessível a todos. Ao 
lançar a presente asserção, percebemos a contribuição da comunicação 
PRODUZIDA PELA MÍDIA para a DIVULGAÇÃO e FORMAÇÃO do próprio 
ESPAÇO PÚBLICO no qual ocorre a reflexão da vida social de forma 
aprofundada. 
 
A contribuição dos VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO, consiste em 
enxergá-los como parte integrante e central do desenvolvimento das estruturas 
dos processos sociais. OU SEJA, O DESENVOLVIMENTO DOS MEIOS DE 
COMUNICAÇÃO PARA HABERMAS NÃO DESTRUÍU O ESPAÇO PÚBLICO, 
MAS SIM CRIOU UM NOVO ESPAÇO PÚBLICO, ONDE OCORRE A 
REFLEXÃO DA VIDA SOCIAL MAIS PROFUNDAMENTE. Essa nova esfera 
pública (midiática - se assim, pudermos dizer) prioriza a racionalidade 
comunicativa para o uso do convencimento para a produção do 
consenso. 
 
Continuando, a esfera pública (RELEMBRAR A IDEIA DE PÚBLICO) é 
diferenciada em níveis de acordo com a densidade de comunicação, a 
complexidade organizacional e o objetivo, desde: 
1. O público esporádico encontrado nas tavernas, casas de café, ou nas 
ruas; 
2. Públicos ocasionais ou arranjados de apresentações particulares e 
eventos, tais como peças teatrais, concertos de rock, assembleias 
partidárias ou congressos de igreja; 
3. Até o público abstrato de leitores isolados, ouvintes e expectadores 
dispersos em amplas áreas geográficas, ou mesmo pelo globo, e 
apenas conectados pela mídia de massa (AQUI VEMOS UMA ESFERA 
PÚBLICA ORIGINÁRIA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO). 
 
... ESFERA PÚBLICA E ESFERA PRIVADA 
 
Habermas, seguindo Arendt, estabeleceu a diferenciação entre a esfera 
privada e pública. Frente ao poder público do estado apresentaria a esfera 
 INFORMAÇÃO E 
FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
27 
 
privada, subdivida entre o âmbito íntimo da família e as relações 
econômicas e de trabalho social. E no contexto das relações econômicas e 
de trabalho social que se incluiriam as práticas habitualmente atribuídas aos 
meios de comunicação de massas. 
 
Entender a distinção entre uma esfera de vida privada e uma esfera de 
vida política, é demarcar a divisão entre as esferas pública e privada, entre 
a esfera da polis (pública) e a esfera da família (privada). 
 
1. ESFERA PÚBLICA como a condição e possibilidade de apropriação por 
parte do homem na realidade das coisas. A esfera pública assegura o 
fato de que ela existe para a geração presente, mas, sobretudo a sua 
existência visa à construção e a permanência para as futuras gerações. 
2. ESFERA PRIVADA realiza-se, para Arendt, uma explicação dos 
conceitos de propriedade e riqueza. Segundo a autora, viver na esfera 
privada significa estar privado de ser ouvido e visto por todos numa 
comunidade política em que os indivíduos partilham objetivamente de 
uma ação política num espaço comum (EM SUA CONCEPÇÃO 
INICIAL). A esfera privada limita-se a um interesse pessoal circunscrito 
aos condicionalismos da sobrevivência biológica na família e na casa. 
 
Antigamente a ideia de privado era da possibilidade de realizar algo mais 
permanente que a própria vida. Privado de uma relação objetiva. Privado da 
realidade que advém do fato de ser visto e ouvido por outros. Nesse 
sentido, a autora assevera que perdeu quase que por completo o seu sentido 
antigo e: hoje, o que chamamos de privado não passa de um círculo de 
intimidades. 
 
Contemporaneamente... 
 
Esfera pública: é uma construção, ao mesmo tempo, intelectual e 
coletiva. A construção da esfera pública é, na verdade, resultado de uma 
convenção social específica. Assim sendo, irá integrar a esfera pública 
 INFORMAÇÃO E 
FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
28 
 
aquilo que toda coletividade, e não apenas uma parte dela, pactuar, 
explícita ou implicitamente, ser de interesse comum. A construção da 
esfera pública será também sempre historicamente delimitada. AFINAL 
aquilo que em um determinado momento histórico é considerado como 
indubitavelmente público pode não o ser em outro. 
 
A clara separação entre esfera pública e esfera privada é a marca 
distintiva das sociedades capitalistas e democráticas contemporâneas em 
relação às demais. Assim sendo, a esfera pública, é por excelência, a 
esfera de ação do Estado, enquanto a esfera privada é a de ação dos 
indivíduos na sociedade civil. 
 
TÓPICO 04 
FORMADORES DE OPINIÃO, GRUPOS DE 
PRESSÃO E A MEDIAÇÃO SOCIAL 
 
REFERÊNCIAS: 
ARAGÃO, Murillo de. A ação dos grupos de pressão nos processos constitucionais 
recentes no Brasil. Revista de Sociologia e Política, Curitiba, n. 6-7, p. 149-165. 
1996. Disponível 
em:<http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs/index.php/rsp/article/view/39346/24162>. 
AZAMBUJA, Darcy. Introdução à ciência política. 2. ed. São Paulo: Globo, 2008. 
CRUZ, Marcio. A mídia e os formadores de opinião no processo democrático. Ponto e 
Vìrgula, São Paulo, n. 9, p. 35-51. 2011. Disponível 
em:<http://revistas.pucsp.br/index.php/pontoevirgula/article/view/13918/10242>. 
GOZETTO. Andréa Cristina Oliveira. Movimentos sociais e grupos de pressão: duas 
formas de ação coletiva. Cenários da Comunicação, São Paulo, v. 7, n. 1, p. 57-65. 
2008. Disponível em:<http://www.revistabrasileiramarketing.org/ojs-
2.2.4/index.php/remark/article/view/1253/1123>. 
 
GRUPOS DE PRESSÃO 
 
Os que nos diferencia das demais épocas é o fato evidente que os 
nossos (atuais) POVOS, tidos CIVILIZADOS, estão organizados, em 
associações de toda a espécie. Neste percurso, os INTERESSES, as 
ASPIRAÇÕES, os IDEAIS COMUNS impelem os homens a formar 
SOCIEDADES, SINDICATOS, FUNDAÇÕES, para realizar seus OBJETIVOS. 
 
 INFORMAÇÃO E 
FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
29 
 
Prosseguindo, se essas entidades não englobam toda sociedade, 
representam, no entanto, a maior parcela, e são, em todo caso, as forças mais 
visíveis, permanentes e ativas para EXPRIMIR INTERESSES, 
SENTIMENTOS, e a SITUAÇÃO COLETIVA. 
 
Um grupo de interesse só se torna grupo depressão ao empreender 
ação para influenciar as decisões dos poderes públicos. Dessa forma, estudar 
os grupos de pressão é analisar os grupos de interesse em sua dinâmica 
externa e, especialmente, em sua atividade política. 
 
A pressão é a atividade de um conjunto de indivíduos que, unidos por 
motivações comuns, buscam, por meio de sanções ou da ameaça de usá-las, 
influenciar sobre decisões que são tomadas pelo poder político, tanto para 
mudar a distribuição prevalecente de bens, serviços e oportunidades quanto 
conservá-las ante as ameaças de intervenção de outros grupos ou do próprio 
poder político. 
 
Os grupos de pressão se esforçam para enfrentar um problema imediato 
e pontual e, depois, se transformam para prestar serviços necessários aos 
seus membros. Diferentemente dos partidos, não se colocam, já no momento 
da sua constituição, como representantes de muitos interesses nem passam a 
defender causas diferentes daquelas pelas quais foram criados para 
resguardar. 
 
De maneira geral, os grupos de pressão atuam numa faixa própria de 
interesses dos seus membros em um ambiente supra-ideológico e 
suprapartidário. No entanto, no Brasil, ocorrem claras vinculações entre grupos 
de pressão e partidos políticos como o vínculo inegável entre a CUT e o PT. 
 
GRUPOS DE PRESSÃO é qualquer grupo social, permanente ou 
transitório, que, para satisfazer seus interesses próprios, procura obter 
determinadas medidas dos poderes do Estado e influenciar a OPINIÃO 
PÚBLICA (AZAMBUJA, 1969, p. 315). 
 INFORMAÇÃO E 
FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
30 
 
 
1. Grupo PERMANENTE = associações como as das Indústrias, Comércio, 
Agricultura, Trabalho, Profissionais, Cívicas, Sociais, Religiosas, 
Recreativas, Educativas, Culturais entre outras. 
2. Algumas vezes, vários indivíduos se agrupam transitoriamente para 
pleitear benefícios do Estado (ideia de Grupo TRANSITÓRIO). 
 
Já para Aragão (1996, p. 150), basicamente existem cinco tipos básicos 
de grupos de pressão, a saber: 
1. GRUPOS EMPRESARIAIS = composto por entidades e empresas; 
2. GRUPOS DE TRABALHADORES = composto pelos vários níveis de 
sindicatos de trabalhadores e eventualmente, grupo de trabalhadores de 
uma mesma empresa; 
3. GRUPOS DE PROFISSIONAIS = tais como engenheiros advogados, 
médicos, dentistas, geólogos, contabilistas, jornalistas, entre outros; 
4. GRUPOS DE NATUREZA DIVERSA = tais como grupos ambientalistas 
e religiosos, entre outros, e; 
5. PODERES PÚBLICOS. 
 
Um grupo de pressão é um grupo de interesse que exerce pressão, e é 
dessa maneira que o definimos. Sendo assim, QUALQUER grupo social pode 
ser um grupo de pressão, quando e enquanto procure obter dos poderes 
públicos leis, decretos, decisões que atendam seus próprios interesses. 
 
Os interesses dos grupos de pressão... 
 
Um ponto delicado e que suscita controvérsias e perplexidades. 
Vejamos: 
 
 Muitos autores entendem que, para ser considerado GRUPO DE 
PRESSÃO, é preciso que ele DIFUNDA seus INTERESSES 
PARTICULARES; se o que advoga é de INTERESSE PÚBLICO, não é 
grupo de pressão. 
 INFORMAÇÃO E 
FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
31 
 
 
Concatenando, emerge uma questão, a da NATUREZA MORAL e 
JURÍDICA dos interesses. Nesse sentido, Azambuja apresenta que, se são 
ilícitos, a pressão é criminosa, podendo configurar-se em vários delitos. 
Contudo... 
 
É justo, e até necessário que o indivíduo defenda seus próprios 
interesses, e é natural que os têm interesses comuns se associem para obter 
dos poderes públicos a satisfação deles. Com uma condição: QUE SEJAM 
LÍCITOS OS INTERESSES E LÍCITOS TAMBÉM OS MEIOS EMPREGADOS. 
Ainda mais: É PRECISO QUE OS INTERESSES PLEITEADOS SE 
CONCILIEM COM O BEM PÚBLICO. 
 
Ao enfatizarmos para o debate em torno do BEM PÚBLICO, Azambuja 
nos ilumina apresentando que: ESTE NÃO É FORMADO PELA SOMA DOS 
INTERESSES PARTICULARES, E ALGUNS DESTES MUITA VEZ TÊM DE 
SER DESATENDIDOS PARA ASSEGURAR O BEM COMUM DA 
SOCIEDADE. Tensionar a presente asserção com os discentes! 
 
Processos e táticas... 
 
Já vimos que os grupos de pressão procuram obter determinadas 
medidas dos poderes do Estado. Para isso, os processos e táticas usadas 
poderiam ser compreendidas em duas categorias: a PERSUASÃO e a 
AMEAÇA. 
 
1. PERSUASÃO: é a tática mais usual e se reveste das mais variadas 
formas. Memoriais, ofícios, artigos de jornal, entrevistas, radiodifusão, 
televisão, conferências, comícios e até livros bombardeiam os poderes 
públicos para deles conseguir uma decisão favorável. 
2. AMEAÇA: o tipo mais ostensivo de ameaça é a GREVE, e o mais sério a 
GREVE GERAL. Outras formas de ameaça podem ser usadas pela 
 INFORMAÇÃO E 
FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
32 
 
ambição, pela cólera e o desespero, desde o “não votaremos no 
senhor”, até o lançamento de bombas e a sabotagem. 
 
MUITO IMPORTANTE: Quanto à AÇÃO junto à OPINIÃO PÚBLICA, em 
resumo o que se pode dizer é que ela é feita pela PROPAGANDA em todas as 
suas modalidades. Mediante a isso, cabe pontuar que, em geral, os grupos de 
pressão NÃO procuram CONQUISTAR a opinião pública, pois seria improvável 
que ela se comovesse com os interesses dos metalúrgicos ou dos arrozeiros, 
por exemplo, mas a PROPAGANDA visa apenas que ela – opinião pública – 
não seja “CONTRA”. 
 
FORMADORES DE OPINIÃO... 
 
A opinião pública não surge como um com fenômeno intrínseco nas 
relações sociais, ao contrário, é um fenômeno particularmente reconhecido na 
MODERNIDADE e tem relação com o surgimento das GRANDES CIDADES e 
dos ESTADOS NACIONAIS, rompendo com a ideia de comunidade. 
(RELEMBRAR DA AULA PRECEDENTE COM AS DEMARCAÇÕES 
HISTÓRICAS DE HABERMAS ACERCA DO CONCEITO/TERMO OPINIÃO 
PÚBLICA). O processo modernizador rompe com a IDEIA DE COMUNIDADE, 
quando a TRADIÇÃO constituía os laços sociais e junto a outros fatores 
contribuía na CONSTRUÇÃO DE CONSENSOS COLETIVOS. Afinal: 
 A comunicação no espaço da comunidade não é mediada, se faz 
diretamente nas relações pessoais ou em pequenos grupos diretamente 
pelo sujeito ao seu “público” que não passa de um pequeno grupo de 
pessoas (CRUZ, 2011, p. 36). 
 
Com a complexidade da sociedade (modernas) para a formação de uma 
OPINIÃO PÚBLICA, faz-se necessário: 
 
1. Considerar também o papel do SUJEITO pessoal ou coletivo que 
DESEJA SE COMUNICAR na intenção de DISSEMINAR no “espaço 
 INFORMAÇÃO E 
FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
33 
 
público” (ESFERA PÚBLICO) aquilo pelo qual quer que socialmente seja 
conhecido e compreendido pelo “público”; 
2. Que haja MEIOS pelos quais essa COMUNICAÇÃO se estenda o mais 
rápido e na maior abrangência possível a uma MASSA de pessoas que 
conjuntamente formam o PÚBLICO-ALVO desta comunicação. 
 
Para isso, devemos ressaltar o potencial que a MÍDIA tem de 
CONSTRUIR SOCIALMETNE uma AGENDA PÚBLICA (agenda-setting) de 
ASSUNTOS, TEMAS, PERSONALIDADES e FATOS SOCIAIS além da 
abordagem (enquadramentos) sobre cada um destes assuntos. Vale ressaltar 
que a ideia de mídia abordada por Cruz (2011) que se realizam por meio do 
trabalho humano apresentam mais do que decisões políticas, sociais e 
econômicas de quem possui os meiospara comunicar. Ela – a mídia – 
promove a construção de consensos, amplos ou segmentados. 
 
É nesse contexto que torna-se necessário observador o papel dos 
FORMADORES DE OPINIÃO. Compreendidos, como: 
 
 Pessoas que, por meio da mídia, comunicam juízos sobre temas, fatos, 
personalidades ou valores a ampla parcela da população ou a um grupo 
específico (CRUZ, 2011, p. 37). 
 
Mediante a asserção precedente, apresenta-se a distinção de duas 
categorias de formadores de opinião, sendo eles: 
 
 FORMADORES DE OPINIÃO “VERTICAIS”: como sendo pessoas que 
têm grande poder de verbalização e oportunidade de dizer o que 
pensam para um grupo expressivo de pessoas. São eles: intelectuais, 
jornalistas, professores, líderes de classes, empresários, lideranças 
comunitárias entre outros. Portanto, pessoas que têm acesso aos meios 
de comunicação para usar a PALAVRA no sentido de comunicar a quem 
lhes der crédito e credibilidade. 
 
 INFORMAÇÃO E 
FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
34 
 
Esses formadores teriam a capacidade de “incutir na massa” IDEIAS, 
VALORES e INFORMAÇÕES que o conjunto da POPULAÇÃO absorveria sem 
MAIORES CRÍTICAS ou DECODIFICAÇÕES. A partir da asserção, e valendo-
nos dos estudos de Lazarsfeld sobre a “teoria dos efeitos limitados”, esses 
receptores são “passivos” diante das informações e das ideias que esses 
formadores lhes oferecem todos os dias sobre várias formas e 
enquadramentos. 
 
 FORMADORES DE OPINIÃO “HORIZONTAIS”: eles apresentam 
características menos formais do que o tipo anterior, podendo ou não 
ser professores, médicos, sacerdotes, empresários ou líderes 
comunitários. No entanto, tem como características principal um TRAÇO 
DE PERSONALIDADE, algo que lhes confere essa distinção como 
FORMULADORES DE OPINIÃO ASSIMILADA e PRODUZIDA por 
outras pessoas. 
 
Sobre esse tipo de formador é oportuno salientar que eles ganham 
importância que por terem traços de PERSONALIDADE DE LIDERANÇA e um 
NÍVEL DE INFORMAÇÃO ACIMA DA MÉDIA PARA O MEIO EM QUE VIVEM, 
têm oportunidade de dizer o que pensam e, mais do que isso, são procurados 
para orientar pessoas de suas relações. Pensando a partir das contribuições de 
Max Weber, esse tipo de formador estaria mais próximo da “AUTORIDADE 
CARISMÁTICA2”. 
 
TÓPICO 06 
IMPRENSA E PODER: AGENDA SETTING E 
ESPIRAL DO SILÊNCIO; PRÁTICAS MIDIÁTICAS 
E ESPAÇO PÚBLICO; O CAMPO DOS MEDIA E 
AS MUTAÇÕES DA OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
2 O carisma é mais uma característica interna que externa da pessoa, que realiza a relação 
com seu segmento social sendo chamada a interferir ou interferindo nos processos dos quais 
está envolvido (WEBER, 1982 apud CRUZ, 2011). 
 INFORMAÇÃO E 
FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
35 
 
REFERÊNCIAS: 
ESTEVES, João Pissarra. O campo dos media e as mutações da opinião pública. In: 
______. A ética da comunicação e os media modernos: legitimidade e poder nas 
sociedade complexas. 2. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian/Serviço de 
Educação e Bolsas, 2003. 
FERREIRA, Giovandro Marcus. As origens recentes: os meios de comunicação pelo 
viés do paradigma da sociedade de massa. In: HOHLFELDT, Antonio; MARTINO, Luiz 
C.; FRANÇA, Vera Veiga (orgs.). Teorias da comunicação: conceitos, escolas e 
tendências. 14. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014. 
McCOMBS, Maxwell. A teoria da agenda: a mídia e a opinião pública: leitura e crítica. 
São Paulo: Martins Fontes, 2008. 
 
O campo dos media e as mutações da opinião pública... 
 
O desenvolvimento da modernidade deu lugar a um tipo particular de 
sociabilidade, antes desconhecida. Essas aglomerações formaram o que 
habitualmente apelidamos de MASSA. Por massa compreendemos: 
 Um estado mental e psicológico, assim como um tipo particular de 
comportamento e de disposição para a ação. Vale retomar aqui que, 
a formação dessas massas coloca os indivíduos num estado de 
DESENRAIZAMENTO. Ou seja, o resultado desses processos sociais é 
o declínio das redes de sociabilidade intermediária3 (FAMÍLIA, ESCOLA 
E IGREJA, por exemplo). 
 Revisando: A constituição da massa é espontânea, inata e elementar, 
formada por indivíduos anônimos e que se encontram separados entre 
si, cuja homogeneidade apenas é conseguida na base do tal 
comportamento reativo – o comportamento de massa (ESTEVES, 2003, 
p. 214). Gera um estado de espírito e formas mentais correspondentes 
(lembrar Gustave Le Bon e sua obra “A Psicologia das Multidões”). 
 
Mediante a isso, a opinião pública não só se torna um alvo privilegiado 
dos diferentes interesses sociais que, no quadro do reforço da sua organização 
e intervenção social, passam a recorrer de forma sistemática a estratégias 
destinadas a mobilizar o apoio público. 
 
 
3 Redes de sociabilidade intermediária são aquelas que se situam, por assim dizer, entre o 
indivíduo e os grandes centros de decisão (política, economia, militar etc.) (ESTEVES, 2003, p. 
212). 
 INFORMAÇÃO E 
FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
36 
 
A articulação dos media e da opinião pública ocorre quando O 
PROCESSO DE DISCUSSÃO PÚBLICA SE TORNA MAIS DEPENDENTE 
DOS MODERNOS DISPOSITIVOS DE COMUNICAÇÃO. Potencializando, a 
opinião pública se torna prisioneira dos conflitos de interesses do campo dos 
media. 
 
Dessa forma, compreender a opinião pública (nas sociedades de 
massa) não pode ser dissociada da evolução da imprensa – inicialmente o 
único meio de comunicação moderno com expressão social significativa. 
 
Por outro lado, a evolução dessa mesma imprensa não é estranha ao 
movimento de mercantilização que atingiu também a cultura (Indústria Cultural, 
por exemplo). 
 A partir do momento em que a publicidade comercial se tornou 
objeto de exploração sistemática por parte da imprensa, OS 
JORNAIS E A ATIVIDADE JORNALÍSTICA EM GERAL 
SOFRERAM UMA MUTAÇÃO RADICAL, CONDUCENTE À 
IMPOSIÇÃO DAS LÓGICAS MERCANTIL E EMPRESARIAL. 
 
Ao se organizar (Jornal) segundo o MODELO EMPRESARIAL priorizam 
os fins lucrativos. Atingindo o próprio conteúdo das publicações (exemplo: a 
cobertura jornalística da Globo News acerca das manifestações pró e contra o 
governo com desproporcional cobertura e veiculação). 
 
Atenção: o fato de o campo dos media congregar no seu próprio interior 
uma grande diversidade de interesses, bem como todos os conflitos inerentes a 
esses mesmos interesses, pode ajudar-nos a compreender a situação 
paradoxal da opinião pública nos nossos dias. Ou seja, a opinião que circula 
é contraria a do público; é a opinião que os media querem ofertar. 
Permitindo a manipulação da opinião e do(s) público(s). (lembrar as manchetes 
das reportagens). 
 
 INFORMAÇÃO E 
FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
37 
 
Um breve paralelo reflexivo, antes de abordarmos a teorias que 
propiciam compreender o fenômeno dos media na sociedade (opinião pública): 
 O debate ético dessa comunicação proveniente dos mass media. 
 
Prosseguindo/começando, compreender o papel dos meios de 
comunicação de massa nessa sociedade de massa, perpassa ressaltar 
algumas abordagens investigativas que estiveram presentes ao longo do 
século XX, sendo elas: TEORIA HIPODÉRMICA, TEORIACRÍTICA, ESPIRAL 
DO SILÊNCIO e AGENDA SETTING. 
 
1. TEORIA HIPODÉRMICA: também conhecida como Teoria da Seringa 
ou da Bala Mágica. 
 Sua definição já se encarrega de mostrar uma eventual relação 
de poder, que evidencia por um lado a ONIPOTÊNCIA (dos mass 
media e da sociedade) de um lado. E a VULNERABILIDADE (do 
indivíduo, do público) de outro. 
 O próprio “hipodérmico” mostra como o público é comparado com 
aos tecidos do corpo humano, que atingido por uma substância 
(no caso a informação), todo o corpo social (público massificado) 
é atingido indistintamente. Relembrando o outro termo “bala 
mágica”, também reforça a genialidade de um lado em atingir o 
alvo, no caso o público. 
 Nesse sentido, os meios de comunicação (de massa) fornecem 
assuntos, informações e se comunica de forma a massificar o 
público. 
 Após ser isolado do coletivo (de grupos coletivos para sociedade 
modernizada), o indivíduo/sujeito agora isolado na 
multidão/massa voltará a ser reinserido na sociedade por meio 
dos meios de comunicação, claro que aos seus modos. 
 Os meios de comunicação vêm para preencher o vazio deixado 
pelas instituições inoperantes que forjavam outrora os laços 
tradicionais (igreja, família, escola...) e, por conseguinte, PASSA 
A DITAR O COMPORTAMENTO DOS INDIVÍDUOS, já que esses 
 INFORMAÇÃO E 
FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
38 
 
vão reagir aos estímulos (informações), que SÃO FONTES DE 
SEU AGIR, PENSAR e SENTIR. 
 
2. TEORIA CRÍTICA 
 O pensamento crítico desenvolvido pelos alemães da Escola de 
Frankfurt, corroboram ao afirmar a hegemonia dos mass media na 
sociedade. 
 Entre as muitas contribuições desses críticos, podemos destacar: 
a assimetria entre os meios de comunicação e o indivíduo. Um 
ponto relevante aqui é a ideia da PSEUDOINDIVIDUALIDADE, 
onde vive-se uma identidade proposta pela sociedade num 
contexto regido pela cultura industrializada, promovida pelo rádio, 
cinema, publicidade e televisão, por exemplo. 
 Nesse processo de massificação, a teoria crítica elimina toda a 
possibilidade de uma postura do indivíduo de consumir a cultura 
de maneira contestatória, irônica, muito menos. 
 
3. O AGENDA SETTING E A ESPIRAL DO SILÊNCIO: A 
MASSIFICAÇÃO PELA FALA E PLO SILÊNCIO 
 O Agenda Setting e a Espiral do Silêncio são duas faces de uma 
mesma moeda. AMBAS TRABALHAM COM A PERSPECTIVA 
MASSIFICANTE sob a égide da IMPOSIÇÃO dos MASS MEDIA 
sobre os INDIVÍDUOS. 
 O AGENDA SETTING: detecta a massificação dos temas 
mediáticos para os temas ou agenda do público. Ou seja, os 
temas mediáticos se tornam conversa no dia a dia. 
a) Constrói sua hipótese afirmando que a influência NÃO RESIDE 
na MANEIRA COMO OS mass media FAZEM o PÚBLICO 
PENSAR, mas NO QUE ELES FAZEM O PÚBLICO PENSAR. Há 
um deslocamento, por parte dos mass media, de COMO 
PENSAR para O QUE PENSAR. 
 INFORMAÇÃO E 
FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
39 
 
b) Enquanto a Teoria Crítica ressaltava a massificação pelo que os 
mass media não levam a pensar. O agendamento constrói a 
massificação como resultado daquilo que eles vão pensar. 
c) A imposição do agendamento se forja por dois vieses: 1)- existe a 
tematização proposta pelos mass media conhecida como 
ORDEM DO DIA, que se tornarão os temas da AGENDA DO 
PÚBLICO. O que será dito nos mass media será objeto de 
conversa entre as pessoas. 2)- imposição no nível da hierarquia 
efetuado pelos mass media. Ou seja, temas de relevo na agenda 
mediática estarão também em relevo na agenda pública, e os 
temas sem grande relevância nos mass media terão a mesma 
correspondência junto ao público. 
d) Importante: O agenda setting não elimina as relações 
interpessoais, porém tais relações não são geradoras de temas. 
Elas vivem e se nutrem daquilo que é difundido pelos mass 
media, elas não causam o agendamento, mas são causadas 
pelos ditames da agenda mediática. 
 
 ESPIRAL DO SILÊNCIO: propicia o enclausuramento dos 
indivíduos no silêncio, quando esses têm opiniões diferentes 
dessas veiculadas pelos mass media. 
a) A espiral do silêncio ressalta, por sua vez, a imposição dos mass 
media, não pela força de agendar temas a serem conversados, 
mas pela força de provocar o silêncio. 
Os indivíduos se encontram numa posição vulnerável acerca da ação 
dos mass media e da formação da OPINIÃO PÚBLICA. Entre o indivíduo e os 
mass media se encontram os grupos sociais que podem punir segundo a 
discordância no que diz respeito às opiniões dominantes. 
 
TÓPICO 07 
CAMPANHAS COMUNICACIONAIS (MASSIVAS) E 
A OPINIÃO PÚBLICA 
 
 INFORMAÇÃO E 
FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
40 
 
REFERÊNCIAS: 
BUCCI, Eugênio. Brasil em tempo de tv. 3. ed. São Paulo: Boitempo, 1997. 
BRITTOS, Valério C.; GASTALDO, Édison. Mídia, poder e controle social. Alceu, v.7, 
n. 13, p. 121-133. jul/dez. 2006. Disponível em:<http://revistaalceu.com.puc-
rio.br/media/alceu_n13_Brittos%20e%20Gastaldo.pdf>. 
CHOMSKY, Noam. Controle da mídia: os espetaculares feitos da propaganda. Rio de 
Janeiro: Graphia Editorial, 20034. 
 
Sabemos que o ser humano se constrói a partir das relações que ele vai 
estabelecendo no espaço de sua existência. Nos dias de hoje, contudo, 
principalmente a partir dos últimos 30 anos, pode-se dizer que existe um novo 
personagem dentro de casa, que está presente em nossas vidas e com quem 
nós mais estamos em contato. 
 
A mídia não é apenas portadora e disseminadora de informações, seu 
papel central na sociedade como formadora de opinião pública a tornou 
também central na construção da imagem e das compreensões que as 
pessoas fazem da realidade cotidiana. Isso porque, os enquadramentos dados 
pela mídia, a forma como a informação é selecionada e editada, ou até 
suprimida, tende a ser a única ponte entre milhares de pessoas. 
 
Não deveríamos, feliz ou infelizmente compreender a televisão apenas 
como mera transportadora de conteúdos. Uma simples passagem entre 
emissor e receptor. Mas, pensar como esses meios de comunicação propiciam 
constituir e conformar o espaço público. Nesse sentido, por muito tempo (e 
ainda talvez, mas com menor intensidade) a televisão foi (é) o espaço público 
brasileiro que, reiterando, começa a termina nos limites postos pela televisão. 
 
A TELEVISÃO TORNOU-SE O PRINCIPAL RESPONSÁVEL POR 
UNIFICAR, NO PLANO IMAGINÁRIO, UM PAÍS (relembrar as aulas de História 
da Comunicação). 
 A televisão consolidou, com suas novelas, seus noticiários e seus 
programas de auditório, os TREJEITOS e GESTOS apaixonados nas 
 
4 Sinopse facilitadora. Disponível 
em:<http://www.forumseculo21.com.br/paginas/0313_sec_21_(pag.10).pdf>. 
 INFORMAÇÃO E 
FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 
 
 
41 
 
cidades do interior, o modo de vestir, de olhar ou não olhar para o 
vizinho (Eugênio Bucci). 
 
É claro, não podemos esquecer que o sujeito não é um mero ser 
passivo. Ele se apropria do conteúdo, mediante seu contexto sociocultural, mas 
também, OS INDIVÍDUOS PODEM APROPRIAR-SE DAS FORMAS 
SIMBÓLICAS PRODUZIDAS DE MANEIRAS DIVERSAS ÀQUELAS PARA AS 
QUAIS FORAM PENSADAS. 
 
As telenovelas, por exemplo, que propiciam colocar em discussão 
pública assuntos