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DISCIPLINA: INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA PROFESSOR: DANILO POSTINGUEL SUMÁRIO RAÍZES HISTÓRICAS DO CONCEITO DE OPINIÃO PÚBLICA EM COMUNICAÇÃO ................................................................................................ 2 FORMAÇÃO DA OPINIÃO (PÚBLICA) .............................................................. 8 ESFERA PÚBLICA (E ESFERA PRIVADA) ..................................................... 21 FORMADORES DE OPINIÃO, GRUPOS DE PRESSÃO E A MEDIAÇÃO SOCIAL ............................................................................................................ 28 IMPRENSA E PODER: AGENDA SETTING E ESPIRAL DO SILÊNCIO; PRÁTICAS MIDIÁTICAS E ESPAÇO PÚBLICO; O CAMPO DOS MEDIA E AS MUTAÇÕES DA OPINIÃO PÚBLICA ............................................................... 34 CAMPANHAS COMUNICACIONAIS (MASSIVAS) E A OPINIÃO PÚBLICA ... 39 RELAÇÕES PÚBLICAS E A OPINIÃO PÚBLICA ............................................ 45 MOVIMENTOS SOCIAIS, MÍDIA E DEMOCRACIA ......................................... 50 A ESFERA PÚBLICA E A CONSTRUÇÃO COLETIVA DA INFORMAÇÃO .... 55 OPINIÃO PÚBLICA DIGITAL ........................................................................... 60 OS EFEITOS DA PESQUISA DE OPINIÃO NA FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA .......................................................................................................... 67 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 72 INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 2 TÓPICO 01. RAÍZES HISTÓRICAS DO CONCEITO DE OPINIÃO PÚBLICA EM COMUNICAÇÃO REFERÊNCIAS: FERREIRA, Fernanda Vasques. Raízes históricas do conceito de opinião pública em comunicação. Em Debate, Belo Horizonte, v. 7, n. 1, p. 50-68, jan. 2015. Disponível em:<http://opiniaopublica.ufmg.br/site/files/artigo/7-Janeiro-15-OPINIAO-Fernanda- Vasques-Ferreira-H-A.pdf>. Mas afinal, o que é Opinião Pública? O que é? O que representa? Qual o “poder” desse conceito exaustivamente circulante em nossa sociedade? Na empreitada que se inicia hoje e que pode não terminar (e não queremos que termine com as aulas posteriores), mobilizaremos alguns teóricos-chave, assim como, áreas do conhecimento na busca da compreensão, surgimento e reverberação do conceito “Opinião Pública”. É comum caracterizar o tempo como: Opinião da maioria; Opinião majoritária; Pesquisas por amostragem oriundas de Institutos de Pesquisa Observação: mas de fato, são sinônimos? Vamos contextualizar... Algumas indagações: Para alguns autores, o primeiro grande entrave do conceito é que, diferentemente de outras áreas do conhecimento que informam e balizam os estudos acerca do conceito e que vão progressivamente se especializando, o mesmo não aconteceu com o conceito/termo “Opinião Pública”. Houve, para esses autores, uma hiper-especialização do conceito, antes da elaboração de uma teoria geral. INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 3 Nesse sentido, para os autores, sabemos muito mais das variáveis que mensuram as opiniões, do que propriamente os mecanismos teóricos que atravessam a metodologia da pesquisa. Quando nos deparamos com tal assertiva logo nos é ofertado a ideia de que compreender a Opinião Pública restringe-se somente as pesquisas de opinião no plano prático, o que não é bem assim. Precisamos, antes, compreender os mecanismos e as articulações teóricas que envolvem esse conceito. Quanto às pesquisas, deixaremos para compreendê-las no último módulo da disciplina, assim como, na disciplina “Pesquisa de Opinião e Mercado”. Nessa empreitada podemos compreender o que os autores querem dizer com o: SABEMOS CADA VEZ MAIS SOBRE CADA VEZ MENOS. Em segundo lugar: por ser um conceito clássico em algumas ciências como, por exemplo, ciências sociais, políticas entre outras, pode ser discutido a partir de diferentes matrizes conceituais. Continuando, Lazarsfeld discorre sobre o que significa Opinião Pública: “[...] havendo necessidade de expressá-lo com palavras, ela só pode aparecer cercada de muitas cláusulas restritas: o Complexo de pronunciamentos semelhantes de segmentos maiores ou menores da sociedade em relação a assuntos públicos; o Às vezes espontâneos, às vezes artificiosos manipulados; o Contagiosos como epidemia; o Considerados com desdém pelos desabusados; o Algo que será avaliado de maneira diferente em diferente países; o Às vezes unidos erguendo-se como maré contra o governo e os peritos, às vezes, divididos, ocultando tendências conflitantes”. Contextualizando a partir de outras áreas e autores... INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 4 NA CIÊNCIA POLÍTICA. A opinião pública – OP – (também conhecida como “Lei da Opinião” ou “Reputação”) aparece nos escritos de John Locke, como uma espécie de substrato moral da sociedade. No contrato social, a opinião pública surge em estreita correlação com a soberania popular, as leis, os costumes e a moral. Ainda sobre a OP, para Locke, existem três tipos de leis: 1ª: Divina; 2ª: Civil; 3ª Da virtude e do vício/da opinião ou da reputação – a lei da moda. Esse tipo de lei, além do que permite a lei de seu país, conservam, sem dúvida, o poder de pensar bem ou mal, de aprovar ou censurar as ações dos que vivem e mantenham alguma relação com eles – outros indivíduos. OUTRAS CONTRIBUIÇÕES. O fenômeno também foi estudado por pensadores como, Immanuel Kant, Edmund Burke, Jeremy Benthan, Walter Benjamin entre outros do campo da filosofia. Não descaracterizando, muito menos menosprezando, todas as correntes, correntes e vertentes e autores, mas mostra-se oportuno reconhecer que a mídia popularizou a expressão OP e passou a consolidar uma ideia de que a OP é um fenômeno, algo fora da normalidade. Nos exemplos encontrados no artigo, a autora, aborda como acontecimentos: mobilizaram, consternou e afrontaram a OP. Observação: ao trazermos a proposição da autora, nos é entregue a ideia de que a OP é paralela à sociedade, e só acionada quando existe algum evento e/ou acontecimento que a provoque/mobilize. Existe a ideia de que a OP ficou muito contaminada com o surgimento das pesquisas de opinião, na década de 1930, nos Estados Unidos. Nesse sentido, precisamos deixar claro que a partir dessa época ficou comum INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 5 associar o termo à pesquisa, contudo ela existe independentemente das pesquisas. Sendo assim, compreender todo o percurso da OP, desde o seu potencial surgimento até os dias atuais, com a importância e a articulação da mídia e das pesquisas, requer um retorno às origens políticas do conceito. Dito de outro modo: para compreender as origens da OP em comunicação – e as relações estabelecidas com a comunicação – precisamos voltar para a Grécia Antiga, período esse em que se forma. Conceitos e origens... De imediato, o termoOpinião está relacionado com a noção de julgamento, que abarca: a) valor de alguma coisa e b) dimensão moral de julgamento; sentido de aprovação ou de censura. Nas teorias políticas o sentido enfatizado de opinião é com relação ao conhecimento e sensibilidade moral. Já o termo público, oriundo do latim publicus, significa o povo. Nesse sentido, a primeira concepção do termo OP que temos é “conhecimento do povo” ou ainda, “julgamento representado do povo”. LEMBRANDO QUE A JUNÇÃO FOI FEITA A PARTIR DOS CONCEITOS ISOLADOS. Já o conceito composto, entra em uso generalizado apenas no século XVIII, localizando-se as definições históricas no final do século XVIII e começo do século XIX. Naquele momento e contexto, OP era encarada como base de legitimação da democracia. Um dos expoentes dessa vertente teórica foi Jürgen Habermas, que para o autor, a OP é parte de uma deterioração da rede INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 6 comunicativa embasada em um debate racional entre os cidadãos. O que permitiu lançar a asserção: as pesquisas medem opiniões comuns, mas não opinião pública. A Escola Crítica acreditava na racionalidade, no processo crítico por parte do indivíduo, por isso, a abordagem de Habermas traz uma visão racionalista da OP. Que estariam deslegitimando qualquer manifestação pública em fatores de caráter mais emocional e despolitizados, decorrente dos meios de comunicação. A isso podemos articular como sugerem alguns autores que a OP é um subproduto de processos educacionais, bem como, do crescimento dos meios de comunicação de massa. Para Gabriel Tarde, por exemplo, “a opinião está para o público (...) tal como a alma está para o corpo”. Mesmo havendo adversidades quanto a uma definição universal sobre o conceito de OP, há uma questão central que deve nortear o conceito e ele se refere ao campo da comunicação. Estando no domínio da comunicação distinguir entre OP e opinião particular. Um apanhado histórico feito por Monique Augras sobre OP articulado à comunicação: Século V a.C.: Grécia. Surgem os líderes de opinião, homens que conduziam o povo. Os gregos são os primeiros efetivamente a pensar a comunicação no Ocidente. O processo de democracia e a consequente deliberação dos cidadãos na ágora, espaço da polis grega, vai propiciar no debate de ideais e consequentemente na formação da opinião. Os romanos também vão entender os processos comunicacionais como essenciais para o controle social, garantindo um fluxo informacional relevante até mesmo para antecipar as crises. O que contribuía para INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 7 fortalecer as ações tomadas pelos poderes políticos e militares. Debate que ocorria nos fóruns. Dando um salto, Hohlfeldt, mostra algumas conquistas para o desenvolvimento da comunicação em diferentes civilizações. O desenvolvimento da prensa por Gutenberg, elemento fundamental para a difusão das comunicações, fortalecimento da liberdade de expressão, consolidação da democracia e a consolidação da OP. No período das cruzadas – Europa/Idade Média –, surgem as propagandas que serviam para recrutar homens e angariar fundos, onde as opiniões diversas eram consideradas heresias e, portanto, reprimidas. No renascimento, surge o indivíduo e o direito de diversidade de opinião, mas também, no plano político, surge o demagogo. Que procura conquistar a opinião do povo e dele ser o representante, por vezes, sendo manipulador. Durante a Revolução Francesa, verifica-se que a opinião proclamada como sendo a do povo. Na realidade, pertencia a um grupo pequeno que estava no poder. No século XIX, com a primeira Revolução Industrial surge a imprensa e o foco passa para os problemas sociais e econômicos. Com o século XX, tem-se a democracia moderna e as novas técnicas de manipulação de opiniões. A OP serve para avaliar os atos governamentais. A OP, outrora, era sinônimo de opiniões expressas pelos representantes políticos do eleitorado, pelos jornais e pelos membros ou organizações proeminentes da classe média. Residindo na conceituação um viés e significado político. INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 8 Se o governo negar a importância da opinião dos cidadãos sobre as questões públicas na elaboração da política ou se impedir a livre opinião, a OP não existe. Acrescemos: a OP só existe em nações democráticas, sendo necessário acesso às informações, por parte da sociedade, sobre as questões que as interesse. Para isso, os atos do governo não podem ser mantidos em segredo, daí o papel dos meios de comunicação. Conforme essa sociedade vai crescendo, cada vez mais requer dos meios de comunicação de massa esse papel de mediador entre a sociedade e o indivíduo. Caminhando para o fim, temos a contribuição de Walter Lippmann. Para o autor, a OP seria a média das opiniões circulantes em uma determinada sociedade, num determinado momento. Entendendo que a sociedade não se funda na comunhão, mas na coincidência. Dessa forma, a opinião reconhecida como pública, então, seriam as opiniões feitas públicas e não as opiniões surgidas do público. TÓPICO 02 FORMAÇÃO DA OPINIÃO (PÚBLICA) REFERÊNCIAS: AUGRAS, Monique. Opinião pública: teoria e pesquisa. 3. ed. Editora Vozes: Petrópolis-RJ, 1978. LIPPMANN, Walter. Opinião pública. 2. ed. Petropólis, RJ: Vozes, 2010. Algumas conceituações para ajudar-nos a compreender a disciplina: AGREGADOS SOCIAIS: aglomerações de pessoas marcadas por CONTATOS SOCIAIS secundários e efêmeros. CONTATO SOCIAL PRIMÁRIO: marcado por afetividade e emoções. Relações definidas pelo status de cada membro. Já as decisões são tomadas de acordo com a opinião preponderante no grupo, geralmente INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 9 de um “líder”. Aqui os problemas são CONCRETOS. Exemplos: família, amigos e a vizinhança. CONTATO SOCIAL SECUNDÁRIO: compõem a sociedade complexa. Marcada pelas atividades diversificadas e sua multiplicidade de tarefas. São impessoais e objetivo. Estão ligados a uma “razão de acontecer”. Há objetivos específicos para acontecerem – possuem começo e fim. Quanto maior e complexa for à sociedade maior será a necessidade de contatos secundários, impessoais. Aqui os problemas são abstratos. Aqui o debate entre os cidadãos faz-se em termos IDEOLÓGICOS e não concretos. Pertencendo às decisões à opinião majoritária. Exemplo: interação com o cobrador do ônibus. Os contatos sociais propiciarão o processo de SOCIALIZAÇÃO, entendido como: processo de integração do indivíduo aos costumes, crenças, regras estabelecidas para o convívio considerado melhor para a sociedade. Acontece para fazer parte do grupo. Já, a SOCIABILIDADE é a capacidade de interagir. Quando falamos de vida em sociedade ela acontece porque somos capazes de viver com outras pessoas. É decorrente da capacidade de viver com outras pessoas que permitirá o processo de socialização. Os conceitos anteriormente elencados propiciarão compreender o que é MULTIDÃO,PÚBLICO e MASSA. MULTIDÃO: aglomeração marcada pela OCASIONALIDADE, sem objetivo previamente definido; reúne-se por causa de um acontecimento que chamou atenção. Exemplos: uma banda tocando na calçada movimentada. Um prédio pegando fogo. Um acidente de carro na rodovia. PÚBLICO: aglomeração marcada pela INTENCIONALIDADE na aproximação. Existe um contato ali que os indivíduos elegeram naquela situação para estarem juntos. Exemplo: palestra. INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 10 MASSA: aglomeração marcada pela HOMOGENEIDADE DE COMPORTAMENTO e pela PASSIVIDADE; marcada também pela HETEROGENEIDADE DE CLASSES SOCIAIS. Exemplo é a comunicação midiática. Por COMUNICAÇÃO, entendemos como a: capacidade ou processo de troca de pensamentos, sentimentos, ideias ou informações através da fala, gestos, imagens, seja de forma direta ou através de meios técnicos. COMUNICAÇÃO = COMUM + AÇÃO, ou seja, uma ação comum. Definição de OPINIÃO PÚBLICA: opinião sobre assuntos que dizem respeito à nação, expressa livre e publicamente por homens fora do governo, que reclamam o direito de que suas opiniões possam influenciar ou determinar as ações, o pessoal, a estrutura do governo. O estudo da Opinião Pública, como fenômeno, implica o levantamento dos fatores psicológicos (opinião latente ao nível individual), sociológicos (opinião estática em nível social) e histórico (conscientização levada à opinião dinâmica). É necessário investigar quais são os fatores que basicamente influenciam na Formação da Opinião. Sendo eles: FATORES PSICOLÓGICOS: nível interpessoal → Formação de atitudes e opiniões; motivações e mecanismos de defesa. FATORES SOCIOLÓGICOS: nível social → Terreno em que se constroem as atitudes do grupo. FATORES CIRCUNSTANCIAIS: nível histórico → Acontecimentos que desencadeiam a conscientização da OPINIÃO PÚBLICA. Augras aborda a necessidade de se estudar as modalidades – técnicas – de aparecimento da opinião dinâmica. Pois só assim, conseguiremos compreender a Opinião Pública. Essas técnicas podem ser agrupadas em dois tipos principais: INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 11 EXPERIMENTAÇÃO: localizado no nível interpessoal, em pequenos grupos, por conta da relativa facilidade de manipulação. OBSERVAÇÃO: inclui desde a análise histórica e sociológica até a pesquisa, utilizando-se de questionários, entrevistas entre outras técnicas → Localizando uma OPINIÃO LATENTE. Nesse sentido, Augras ressalta existir diferença entre EXPERIMENTAÇÃO e EXPERIÊNCIA. Sendo: EXPERIÊNCIA: tudo aquilo que se relaciona com a manipulação da opinião, no terreno, numa conjuntura política e social definida. EXPERIMENTAÇÃO: são as investigações realizadas com intuito exclusivamente científico, de conhecimento dos mecanismos de aparecimento e desenvolvimento de correntes de opinião, utilizando técnicas precisas e apresentando resultados facilmente reproduzíveis numa situação análoga. Quanto às Opiniões, elas podem ser: OPINIÃO LATENTE: um sentimento geral; uma disposição latente em relação a determinado assunto. OPINIÃO DINÂMICA: corresponde ao aparecimento, progressivo ou repentino, de uma tomada de posição perante o problema. Nesse nível que encontramos a CONSCIENTIZAÇÃO. Assim um acontecimento pode cristalizar uma Opinião Latente, provocando o aparecimento de uma corrente de opinião, tornando-se uma Opinião Dinâmica. Mais tarde essa corrente pode perder força/importância, mas as vivências provocadas pela experiência cristalizadora vão permanecer, agregando-se às opiniões latentes e assim voltar para o ciclo. Compreender essas continuidades e movimentações possibilita prever comportamentos futuros. 1 FATORES PSICOLÓGICOS Torna-se oportuna, antes de prosseguir, diferenciar OPINIÃO e ATITUDE. INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 12 OPINIÃO ATITUDE Sistema de crenças e ideologias do indivíduo. Haveria um aspecto mais concreto. Na formação das atitudes encontramos aspectos perceptivos, afetivos e sociais. Seria uma disposição mental e nervosa, organizada pela experiência, que exerce influência direta ou dinâmica, sobre as respostas individuais a todos os objetos e situações com as quais se relaciona. Tem como característica a tendência para agir. Ligada diretamente à opinião estática, fornecendo-lhe o sistema de referência. Seria um dos modos de expressão desta disposição, surgindo a propósito de um acontecimento determinado. Uma disposição constante para agir em certo sentido. A opinião, sendo essencialmente EXPRESSÃO. É de NATUREZA COMUNICATIVA e INTERPESSOAL. Servindo de mediadores entre o mundo exterior e a pessoa. Sob três aspectos, sendo eles: ADAPTAÇÃO À REALIDADE, AO GRUPO e EXTERIORIZAÇÃO. EXTERORIZAÇÃO: permite ao indivíduo descarregar as tensões, expressando suas necessidades. ADAPTAÇÃO À REALIDADE: faz-se através da avaliação crítica dos acontecimentos, propiciando o constante reajuste das relações entre o indivíduo e o meio. A FUNÇÃO PRINCIPAL DA OPINIÃO É DE ADAPTAR O INDIVÍDUO AO GRUPO. É a opinião que faz aceitar a pessoa pelo grupo. Opiniões consideradas como inaceitáveis pelo grupo são apresentadas com cautela. Inversamente, se o indivíduo tiver a necessidade de agressão, expressará sem restrições. Prosseguindo, torna-se necessário examinar os fundamentos dos sistemas de crença e dessas atitudes sociais que se chamam ESTEREÓTIPOS. Atrelado a isso, autores como Gabriel de Tarde, Gustave Le INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 13 Bon e até o próprio Sigmund Freud, destacaram a importância dos fatores AFETIVOS e das RAÍZES INCONSCIENTES no COMPORTAMENTE COLETIVO. Destacamos: Atrás das causas explícitas de nossos atos, existem causas secretas desconhecidas. Afinal, na multidão, apagam-se as diferenças individuais, aparecendo a base inconsciente comum a todos. O próprio comportamento da massa fornece ao indivíduo justificativas para realizar os desejos inconscientes, eximindo-se de culpabilidade. ENTENDER ESSAS ESTRUTURAÇÕES NAS RELAÇÕES SOCIAIS PERPASSA COMPREENDER O MECANISMO FUNDAMENTAL DA IDENTIFICAÇÃO. Nesse sentido, ao tentarmos compreender a constituição dos FATORES PSICOLÓGICOS, ligados diretamente ao interpessoal, valemo-nos das contribuições de Freud, lembrando principalmente da relação DIALÉTICA entre o EGO e o OUTRO, por meio da: INTROJEÇÃO: assimilação das características do outro. PROJEÇÃO: atribuição ao outro suas próprias características. RESULTANDO AO INDIVÍDUO RECONHECER OUTRO SER HUMANO AO MESMO TEMPO SEMELHANTE E DIFERENTE. Abordando ainda alguns níveis de IDENTIFICAÇÃO, quanto ao plano da conduta, pode ser elencados vários níveis de identificação, como: SIMPLES SIMPATIA – IDENTIFICAÇÃO MOTORA: consiste na imitação dos movimentos, posturas e atitudes físicas. IDENTIFICAÇÃO DRAMÁTICA: aquela que supõe a interrelação recíproca, o jogo de várias personagens. E o caso extremo, a REJEIÇÃO: quando a identificação não é positiva e é acompanhadade sentimentos de hostilidade. Ressaltando: IDENTIFICAÇÃO, PROJEÇÃO e REJEIÇÃO são mecanismos básicos para interpretação do RELACIONAMENTO SOCIAL. Permitindo a elaboração de hipóteses explicativas para fenômenos, como: INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 14 LIDERANÇA: identificação dos membros do grupo com uma pessoa. CRENÇA: projeção dos desejos num mito COMPORTAMENTO AGRESSIVO: rejeição de um grupo ou de membros deste grupo. Sobre as representações coletivas... Tudo isso, como forma para compreender o papel das REPRESENTAÇÕES COLETIVAS no processo de constituição da opinião. Por REPRESENTAÇÕES COLETIVAS, entendemos – de forma sucinta –: elementos subjetivos que compõem a visão do mundo de um grupo (incluindo a imagem que o grupo tem de si) (DURKHEIM). DITO DE OUTRA FORMA, consistem em conjunto estruturado de ideias, atitudes ou crenças que exprime os valores do grupo. Dessa forma, tudo aquilo que diz respeito a sistemas simbólicos, sejam intelectuais (científicos) ou mágicos (crenças), pode ser enquadrado como representações coletivas. As representações coletivas fornecem um sistema de referências através do qual vão ser avaliadas – e julgadas – as ações dos indivíduos. Sobre os estereótipos... Ao estudarmos, por exemplo, uma nação – um povo, podemos localizar algumas representações coletivas e apreendermos a passagem da imagem subjetiva do grupo para o nível da atitude. Essa “apreensão” possibilita, como sugere Augras, assimilar as bases psicológicas da opinião pública. Podendo destacar uma variedade específica de atitude coletiva denominada de ESTEREÓTIPOS. Adendo: o termo foi inicialmente cunhado em 1922, por Walter Lippmann – jornalista estadunidense –, em seu livro Public Opinion. INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 15 Stricto sensu ESTEREÓTIPO é um molde de metal a partir do qual se pode reproduzir inúmeros exemplares. No campo da Psicologia Social é entendido como conceito classificatório, ao qual está sempre ligada uma intensa tonalidade afetiva de agrado ou desagrado. Via de regra, costumam ser reduzidos a uma palavra: NEGRO, JUDEU, CAPITALISTA, COMUNISTA entre outros. Os MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA, por exemplo, costumam ser ótimos veículos e reforçadores de estereótipos. Algumas características do Estereótipo: ESQUEMATIZAÇÃO: as qualidades do objeto são reduzidas a uma só. A SIMPLIFICAÇÃO permite a retenção pela MEMÓRIA. Englobando assim, muitos indivíduos diferentes num conceito só. “A qualidade” que se mantém obedece a uma semântica afetiva, para isso, é preciso retomar os mecanismos de projeção, identificação e rejeição. PERSISTENTE: do ponto de vista histórico, não é raro que permaneça durante várias gerações. Às vezes tão latente e cristalizado em determinadas sociedades que simples enfrentamentos sociais não são suficientes para reativá-los. APRESENTAÇÃO AO GRUPO DE UMA IMAGEM IDEALIZADA DELE PRÓPRIO. Decorrente da característica anterior, essas idealizações seguem mecanismos afetivos. Ocorrendo da seguinte maneira: quanto maior for o estado de penetração do grupo, mais forte será a cristalização de uma imagem positiva e vice-versa. O ESTEREÓTIPO SITUA-SE, PORTANTO, NO PLANO DA FANTASIA. Mas ao tratá-la como ATITUDE SOCIAL, é uma FANTASIA que pode levar à AÇÃO. IMPORTANTE: Os preconceitos raciais e nacionais, que se nutrem de estereótipo, chegam às vezes a expressar-se através de ações violentas. INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 16 Por fim, reforçamos que os FUNDAMENTOS PSICOLÓGICOS DAS OPINIÕES (de onde nascerá a Opinião) estão fortemente alicerçados em fatores afetivos e não racionais. Segundo LASSWELL (apud Augras) “os preconceitos políticos, as preferências eleitorais, as necessidades que lhes estão ligadas, são frequentemente formuladas de forma sumamente racional, mas cresceram de maneira sumamente irracional”. 2 FATORES SOCIOLÓGICOS Por ser a opinião de natureza social, não podemos estudá-la fora desse contexto. Por mais que interessa a gênese das opiniões e atitudes individuais, não podemos desvencilhar o lado fundamental que é a interação entre as pessoas. É necessário examinar os fatores objetivos, ligados ao terreno, no seu sentido mais amplo, a conjuntura social e econômica, a estruturação dos grupos e as redes de comunicação. Sobre os Fatores Econômicos... Em que medida as opiniões estão determinadas pelo nível econômico do grupo? Retomando muito brevemente Marx, depois que o autor discorreu sobre a questão da LUTA DE CLASSES como motor do dinamismo social, há uma tendência a considerar que qualquer fenômeno implicando uma consciência social deva ter determinações econômicas. Nesse sentido, as classes com mais baixo status econômico seriam as classes mais desejosas de mudanças. CONTUDO, pesquisas feitas nos Estados Unidos mostraram que não foi bem isso que concluíram. Existe realmente uma preocupação, nas classes baixas, com assuntos ligados a reivindicação do bem-estar social. NO ENTANTO, ao que diz respeito a problemas não imediatos, ou teóricos, notaram um considerável conservadorismo/tradicionalismo. INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 17 Kornhauser (apud Augras) enfatiza que as classes trabalhadoras são mais nacionalistas; mais nacionalistas à manutenção do status quo. Arriscando uma interpretação em termos psicológicos: colocadas numa situação de relativa frustração, de insegurança, as classes mais baixas tendem a defender pelo reforço das atitudes, encontrando na estereotipia “um alicerce de segurança”. Isso podendo ser decorrente da restrita escolaridade, faz com que tenham dificuldades em obter informações variadas de maior alcance. DAÍ O SEU IMEDIATISMO E O DESINTERESSE POR ASSUNTOS GERAIS. Ainda segundo o autor, pode-se verificar que, ao falar de nível econômico, aludimos antes ao status social que lhe é ligado e ao nível de informação que de ambos depende. É difícil isolar o fator econômico dos demais. Para complexificar um pouco mais o debate, muitos indivíduos não fazem parte de uma classe apenas. Abordando propriamente no plano das pesquisas opinião, Kornhauser, ressalta que, o determinismo econômico das opiniões sociais, simples, automático, é uma pura ficção. QUAL A DISCREPÂNCIA QUE EXISTE DESSAS ASSERÇÕES QUANTO À REALIDADE SOCIOCULTURAL BRASILEIRA? Sobre os Fatores Ecológicos... Os FATORES ECOLÓGICOS, dentre as variáveis do contexto social, desempenham um papel nada desprezível para a formação das atitudes e sociais → As características GEOGRÁFICAS e CLIMÁTICAS de uma região, determinam as diferentes formas de HABITAT e os DIFERENTES MODOS DE VIDA. Segundo Augras, devido ao avanço da tecnologia, precisamos avaliar com cautela as regras da antropologia geográfica. Para elucidar, podemos trazer o exemplo do Dubai e Abu Dhabi, que impedem de falar plenamente em determinismos ecológicos. Contudo, muitas áreas no mundo ainda podem se valer desse tipo de explicação.INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 18 Vale pontuar também que, determinando as formas de HABITAT e ESTRUTURAÇÃO consequente das relações sociais, as CARACTERÍSTICAS GEOGRÁFICAS influenciam ainda em grande parte a ECONOMIA DE UMA REGIÃO. Sobre os Grupos... Por GRUPO – compreendendo na sua maior extensão –, Augras concebe como, conjuntos estruturados de indivíduos dentro de uma população geral. Permitindo distinguir os grupos naturais dos estritamente sociais. GRUPOS NATURAIS: são subpopulações definidas por uma característica comum. Tomando como exemplo, temos: SEXO, IDADE, ETNIA. SEXO: sob o ângulo do estudo da opinião pública, a diferenciação sexual não intervém diretamente. Sua influência é patente, porém quanto à característica “natural” do sexo acrescentamos a consequência sociológica de status. Exemplo: a INFERIORIDADE SOCIAL do sexo feminino nas SOCIEDADES MODERNAS OCIDENTAIS. IDADE: a influência dos grupos de idade deve ser encarada sob o ângulo do status e também dos interesses e motivações. Exemplo: as propagandas que enfatizam o poder do jovem/juventude. “Não foi apenas os R$0,20”. Vale ressaltar: Toda a literatura que se tem feito em torno do poder do jovem mostram que os interesses, as motivações de um grupo de idade podem ter uma influência determinante sobre as opiniões e atitudes. ETNIA: quanto aos grupos étnicos, eles podem ser origem GEOGRÁFICA ou COR. A compreensão da etnia é a mesma da Idade, ou seja, e reforçando, o que mais importa é o status. No caso do Brasil, por exemplo, existe uma demarcação muito INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 19 latente quanto à etnia. As pessoas de cor situam-se geralmente nas classes mais baixas da escala social. Os indivíduos vão clareando à medida que sobem. STATUS E COR SE COMPLETAM. GRUPOS SOCIAIS: sua estruturação é patente e corresponde a interesses comuns. Independentemente do grupo, qualquer um pode influenciar um indivíduo de maneira determinante, e isto quanto mais reproduza as características de envolvimento afetivo e emocional que se processam num grupo primário. Para isso, um aspecto importante é o da COMUNICAÇÃO dentro de cada grupo. Abordaremos mais para frente o Líder, mas precisamos pontuar a sua importância nesse quesito, até mesmo, na influência tendenciosa da informação que pode transmitir. Até agora enfatizamos a relação indivíduo e grupo, no que tange sua inserção e articulação em apenas um grupo, contudo é sabido que os indivíduos transitam entre vários grupos. Dessa forma, a COMUNICAÇÃO entre dois grupos de que faz parte pode muito bem processar-se através dele. Tornando-se assim, um potente CANAL DE TRANSMISSÃO de INFORMAÇÃO. REFLEXÃO: MUITAS NEUROSES DE NOSSO TEMPO PROVÊM PRECISAMENTE DA DIFICULDADE QUE TEM O INDIVÍDUO EM ASSUMIR PAPÉIS EXTREMAMENTE VARIADOS, ÀS VEZES ANTAGÔNICOS. Por conta da presente assertiva, no plano da opinião, PRESSÕES CONTRADITÓRIAS (de grupos) podem levar a reações de fuga da situação conflitiva, ou até mesmo a neutralidade. 3 FATORES HISTÓRICOS As duas variáveis anteriormente elencadas podem ser consideradas básicas para a formação das atitudes e opiniões. Mesmo que sejam INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 20 FORTALECIDAS, no decorrer do TEMPO, por um SÉRIE DE ACONTECIMENTOS, na sua ESSÊNCIA NÃO DEPENDEM DELES. Quanto aos FATORES HISTÓRICOS, Augras enfatiza que eles servem para EXAMINAR os fatores DESENCADEANTES de uma CORRENTE DE OPINIÃO. Diferentemente dos fatores precedentes que são extremamente MÓVEIS e podem definir-se em torno de um só tema: o ASSUNTO. Young (apud Augras) descreve as diversas funções do acontecimento em relação à opinião: INFLUÊNCIA OBJETIVA SOBRE AS INSTITUIÇÕES: influenciando também o status dos indivíduos e, em consequência, suas opiniões e atitudes. Exemplo são as guerras. Esse tipo de acontecimento pode provocar uma mudança nos padrões éticos e sistema de valores de uma nação, logo afetando os indivíduos. PODE LEVAR O INDIVÍDUO A ACEITAR NOVA MANEIRA DE RESOLVER OS PROBLEMAS: nesse caso, segundo Augras, a opinião latente evolui até a tomada de consciência de que, por exemplo, somente a guerra permitiria resolver o problema. O acontecimento proporciona aos indivíduos uma base para racionalizar e justificar suas opiniões e atitudes latentes. O acontecimento influencia a opinião porque funciona como informação. Essa definição permite integrar qualquer tipo de influência de qualquer acontecimento. No caso da opinião pública, as motivações que determinam o interesse pelo assunto, o cuidado para a racionalização de mecanismos inconscientes, ENVOLVEM DE IMEDIATO O ACONTECIMENTO NUM ENVOLTO DE SUBJETIVIDADE. Ao falar da INFORMAÇÃO, vamos descrever uma série de deformações, que acompanham a percepção de um fato pela opinião. Algumas regras de distorção: Se há interesses materiais em jogo, a distorção faz-se no sentido que os favorece. INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 21 Se há paixões em jogo, o desvio vai no sentido de justificar ou reforça- las. Se fatos interessam à causa coletiva, reforçam a coesão do grupo. Resumindo: AS DISTORÇÕES SINCERAS SÃO AS MESMAS QUE AS DESEJADAS. Outro aspecto – e paradoxal – que precisa ser abordado é a NÃO- PERCEPÇÃO da informação. É UM CASO LIMITE DE DISTORÇÃO. Surge, quando a opinião simplesmente se recusa a tomar conhecimento de determinado acontecimento. Essa recusa ao conhecimento da não- percepção além de muitas vezes ser covardia/desinteresse/apatia, mas também uma mecanismo de defesa, afinal a tomada de consciência leva a uma tomada de posição. TÓPICO 03 ESFERA PÚBLICA (E ESFERA PRIVADA) REFERÊNCIAS BASILARES: ARENDT, Hannah. A condição humana. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007. HABERMAS, Jürgen. Mudança estrutural da esfera pública: investigações sobre uma categoria da sociedade burguesa. São Paulo: Editora Unesp, 2014. REFERÊNCIAS DE APOIO: CORREIA, Adriano. A vitória da vida sobre a política. CULT. 129. ed. 2010. Disponível em:<http://revistacult.uol.com.br/home/2010/03/a-vitoria-da-vida-sobre-a-politica/>. VALLADARES, Christiane. A esfera pública e a política segundo Hannah Arendt. Monografia (Curso de Especialização em Instituições e Processos Políticos do Legislativo). Brasília: Centro de Formação e Aperfeiçoamento Câmara dos Deputados, 2009. Disponível em:<http://www2.camara.leg.br/responsabilidade- social/edulegislativa/educacao-legislativa- 1/posgraduacao/arquivos/publicacoes/banco-de-monografias/ip-3a- edicao/ChristianeAparecidaSilvaValladaresIP3ed.pdf>. Para Arendt, é a partir de três categorias de atividades que se dá vida ativa, sendo elas: o trabalho, a obra e a ação. A autora aponta para a destruição das condições de existência do ser humano no mundo moderno, operada pela sociedade de massa. INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 22 1. O trabalho: O trabalho é o modo como resolvemos permanentemente o fato de sermos viventes, como os outros animais eas plantas, que têm de saciar as necessidades permanentemente repostas do processo vital. É uma atividade derivada da necessidade e concomitante futilidade do processo biológico, qualifica-a como a do animal laborans. 2. A obra: A obra diz respeito ao legado não-natural do passado, ao mundo, que clama por conservação e renovação e ao mesmo tempo confirma nossa singularidade ante os outros viventes. Também está contido no processo vital. É através dele que o homem, neste caso o homo faber, cria coisas, extraídas da natureza, convertendo o mundo num espaço de objetos partilhados pelo homem. É a atividade que garante a permanência de um mundo comum, a durabilidade do mundo. 3. A ação: A ação responde à condição humana da pluralidade. Para a autora, essa terceira atividade é a única que se exerce diretamente entre os homens sem a mediação das coisas ou da matéria, e tem como atributo criar a possibilidade para o exercício da liberdade e, consequentemente, a instauração do novo. Na era moderna, uma das manifestações de tal ameaça é o persistente tratamento dos objetos de uso como se fossem bens de consumo. A repetição e a interminabilidade impressas ao processo de fabricação de objetos após a revolução industrial o contaminaram com a circularidade peculiar ao trabalho, à produção de bens para o consumo, que não deixa nada de durável atrás de si. Dada a necessidade de substituir o mais rapidamente possível as coisas mundanas que nos rodeiam, devido à permanente ampliação da capacidade produtiva dos homens, não mais zelamos pela durabilidade delas. Pelo contrário, acabamos por consumir, por devorar, os objetos do mundo – nossas casas, nossa mobília, nossos carros – como se fossem bens de consumo, tragando-os para o ciclo interminável do metabolismo do homem com a natureza. Em decorrência disso, na modernidade os ideais do fabricante de objetos do mundo, o homo faber, que são a permanência, a estabilidade e a durabilidade, são sacrificados em nome da abundância, da saciedade e do conforto, que são os ideais do animal laborans. O que está em questão é a capacidade humana de erigir um modo de vida para além de sua inextirpável animalidade que, uma vez não atualizada, pavimenta a via da ocupação exclusiva com o prolongamento de uma vida confortável. INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 23 ESFERA PÚBLICA E ESFERA PRIVADA Ao contextualizarmos o papel dos meios de comunicação, principalmente o do Jornal, no processo de disseminação da informação, mediante a complexidade de sociedade que surgia – cidades modernas/sociedades complexas – e as multidões que precisavam ser comunicadas e informadas automaticamente, se valendo do jornal para isso. Apresentando assim a “Ideia de que o sujeito se fechava para o mundo/realidade quando abria o jornal”. Ao trazermos a presente asserção para a aula de hoje, como forma de compreender o surgimento e tentativa de consolidação de uma esfera pública (e privada), com a emergência da mídia moderna, torna-se necessário um esforço imaginativo para trabalhar a noção de esfera pública em termos de um espaço social gerado pela comunicação. Ou seja, o papel da comunicação para compreender mais e melhor o surgimento da Opinião Pública, atrelado a isso a Esfera Pública. Nesse sentido, os jornais contribuíram genericamente para o surgimento da opinião pública, apenas retomando, termo cunhado por volta de 1750 (em inglês por volta de 1781 e em alemão, por volta de 1793). Esse termo é redefinido a partir do trabalho de Jürgen Habermas que resultará no livro “Mudança estrutural da esfera pública” (resultado de sua tese de pós- doutorado, apresentado em 1961). Segundo Habermas, a expressão Esfera Pública originou-se com base na tradução de uma palavra alemã OFFENTLICHKEIT (publicidade, no sentido de tornar-se público). Prosseguindo, precisamos compreender que a esfera pública é a palavra, essa que se destina a convencer os interlocutores, servindo-se de argumentos e razões. Vale destacar que as trocas públicas dos argumentos são conduzidas aqui com razoabilidade e racionalidade (OU SEJA, IMPORTÂNCIA DA LINGUAGEM DA COMPREENDER O POTENCIAL DA ESFERA E DA OPINIÃO PÚBLICA). Sendo assim, uma discussão dotada INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 24 de sentido social supõe que se discutam e empreguem-se argumentos que são dispostos em posições e contraposições voltadas para a obtenção de uma opinião prevalente ou de um consenso possível. ASSIM, PARTICIPAR DA ESFERA PÚBLICA SIGNIFICA COMPROMETER-SE A OBEDECER ÀS LEIS DA RACIONALIDADE E DA DISCURSIVIDADE, prosseguindo... A ARGUMENTAÇÃO PÚBLICA QUE SE REALIZA NA ESFERA PÚBLICA “CONSTRINGE” OS PARCEIROS DO DEBATE A ACEITAR COMO ÚNICA AUTORIDADE AQUELA QUE EMERGE DO MELHOR ARGUMENTO. Até agora falamos da importância da discursividade no processo de uma opinião (pública) em uma Esfera Pública, mas afinal o que é e como surge a Esfera Pública? A esfera pública moderna (nos interessa compreender a esfera pública moderna, pois bebemos de sua fonte e somos constituídos até hoje por esses ideais) nasce com a Burguesia (essa classe que se firma no século XIX). Para Habermas, valendo-se de Kant: O público dos “seres humanos” que discute mediante razões constitui-se no público dos “cidadãos”, no qual ele se entende sobre assuntos da “coletividade”. Essa esfera pública politicamente ativa torna-se, sob uma “constituição republicana”, o princípio organizador do Estado de direito liberal. Em seu âmbito, a sociedade civil é estabelecida como esfera da autonomia privada (cada um deve poder procurar sua “felicidade” pelo caminho que lhe parecer mais auspicioso). MINIMAMENTE COM O EXCERTO DE HABERMAS, PODEMOS LOCALIZAR INDÍCIOS DO QUE COMPETE A ESFERA PÚBLICA E O QUE ESTÁ PARA A ESFERA PRIVADA. Se a esfera pública é o lugar da confluência da palavra e do agir humano em direção ao consenso social é, por conta disso, o lugar onde os INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 25 homens revelam a sua singularidade. A condição de sujeito ativo (pensamento contemporâneo deste conceito – “sujeito ativo”) permite ao homem revelar o que o torna singular, e isso o leva a inserir-se no mundo (A SOCIALIZAÇÃO BUSCA PELAS SINGULARIDADES). Continuando, ao falarmos sobre as contribuições de Habermas – aluno de Arendt –, sobre Opinião Pública... Torna-se necessário demarcar que: compreender as suas contribuições sobre a continuidade nos estudos da Esfera Pública (de sua professora), propicia uma melhor definição para campo midiático sobre o conceito da esfera pública burguesa. Para o autor, a ESFERA PÚBLICA pode ser melhor descrita como UMA REDE PARA COMUNICAR (no sentido de transmitir) INFORMAÇÕES E PONTOS DE VISTA; os fluxos de comunicação são, no processo, filtrados e sintetizados de tal forma que se aglomeram em feixes de opiniões pública tematicamente especificadas. ADENDO: do mesmo modo que o mundo da vida como um todo, a esfera pública também é reproduzida por meio da ação comunicativa, para qual o domínio da língua natural é suficiente; essa é configurada para a compreensão geral na prática comunicativa cotidiana. (AÇÃO COMUNICATIVA1, pedir para articular com TEORIAS DA COMUNICAÇÃO).A partir da definição do autor sobre Esfera Pública, percebemos como essa esfera pública pode ser percebida na vida cotidiana, na experiência diária 1 Vinculado ao modelo da ação comunicativa, Habermas apresenta a situação lingüística ideal: o discurso. Para Habermas, discurso (Diskurs) refere-se a uma das formas da comunicação ou da “fala” (Rede), que tem por objetivo fundamentar as pretensões de validade das opiniões e normas em que se baseia implicitamente a outra forma de comunicação ou “fala”, que chama de “agir comunicativo” ou “interação”. O discurso – teórico ou prático, conforme se refira a pretensões de validade de opiniões ou de normas sociais – no sentido de Habermas possui um aspecto intersubjetivo, que serve para classificá-lo como uma espécie do gênero “comunicação”, e um lógicoargumentativo, que serve para determiná-lo como caso específico da fundamentação de pretensões de validade problematizadas (Almeida 1989). Fonte: GONÇALVES, Maria Augusta Salin. Teoria da ação comunicativa de Habermas: possibilidades de uma ação educativa de cunho interdisciplinar na escola. Educação & Sociedade, ano XX, n. 66, Abril. 1999. Disponível em:<http://www.scielo.br/pdf/es/v20n66/v20n66a6.pdf>. INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 26 dos indivíduos, a partir de uma linguagem comum e acessível a todos. Ao lançar a presente asserção, percebemos a contribuição da comunicação PRODUZIDA PELA MÍDIA para a DIVULGAÇÃO e FORMAÇÃO do próprio ESPAÇO PÚBLICO no qual ocorre a reflexão da vida social de forma aprofundada. A contribuição dos VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO, consiste em enxergá-los como parte integrante e central do desenvolvimento das estruturas dos processos sociais. OU SEJA, O DESENVOLVIMENTO DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO PARA HABERMAS NÃO DESTRUÍU O ESPAÇO PÚBLICO, MAS SIM CRIOU UM NOVO ESPAÇO PÚBLICO, ONDE OCORRE A REFLEXÃO DA VIDA SOCIAL MAIS PROFUNDAMENTE. Essa nova esfera pública (midiática - se assim, pudermos dizer) prioriza a racionalidade comunicativa para o uso do convencimento para a produção do consenso. Continuando, a esfera pública (RELEMBRAR A IDEIA DE PÚBLICO) é diferenciada em níveis de acordo com a densidade de comunicação, a complexidade organizacional e o objetivo, desde: 1. O público esporádico encontrado nas tavernas, casas de café, ou nas ruas; 2. Públicos ocasionais ou arranjados de apresentações particulares e eventos, tais como peças teatrais, concertos de rock, assembleias partidárias ou congressos de igreja; 3. Até o público abstrato de leitores isolados, ouvintes e expectadores dispersos em amplas áreas geográficas, ou mesmo pelo globo, e apenas conectados pela mídia de massa (AQUI VEMOS UMA ESFERA PÚBLICA ORIGINÁRIA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO). ... ESFERA PÚBLICA E ESFERA PRIVADA Habermas, seguindo Arendt, estabeleceu a diferenciação entre a esfera privada e pública. Frente ao poder público do estado apresentaria a esfera INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 27 privada, subdivida entre o âmbito íntimo da família e as relações econômicas e de trabalho social. E no contexto das relações econômicas e de trabalho social que se incluiriam as práticas habitualmente atribuídas aos meios de comunicação de massas. Entender a distinção entre uma esfera de vida privada e uma esfera de vida política, é demarcar a divisão entre as esferas pública e privada, entre a esfera da polis (pública) e a esfera da família (privada). 1. ESFERA PÚBLICA como a condição e possibilidade de apropriação por parte do homem na realidade das coisas. A esfera pública assegura o fato de que ela existe para a geração presente, mas, sobretudo a sua existência visa à construção e a permanência para as futuras gerações. 2. ESFERA PRIVADA realiza-se, para Arendt, uma explicação dos conceitos de propriedade e riqueza. Segundo a autora, viver na esfera privada significa estar privado de ser ouvido e visto por todos numa comunidade política em que os indivíduos partilham objetivamente de uma ação política num espaço comum (EM SUA CONCEPÇÃO INICIAL). A esfera privada limita-se a um interesse pessoal circunscrito aos condicionalismos da sobrevivência biológica na família e na casa. Antigamente a ideia de privado era da possibilidade de realizar algo mais permanente que a própria vida. Privado de uma relação objetiva. Privado da realidade que advém do fato de ser visto e ouvido por outros. Nesse sentido, a autora assevera que perdeu quase que por completo o seu sentido antigo e: hoje, o que chamamos de privado não passa de um círculo de intimidades. Contemporaneamente... Esfera pública: é uma construção, ao mesmo tempo, intelectual e coletiva. A construção da esfera pública é, na verdade, resultado de uma convenção social específica. Assim sendo, irá integrar a esfera pública INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 28 aquilo que toda coletividade, e não apenas uma parte dela, pactuar, explícita ou implicitamente, ser de interesse comum. A construção da esfera pública será também sempre historicamente delimitada. AFINAL aquilo que em um determinado momento histórico é considerado como indubitavelmente público pode não o ser em outro. A clara separação entre esfera pública e esfera privada é a marca distintiva das sociedades capitalistas e democráticas contemporâneas em relação às demais. Assim sendo, a esfera pública, é por excelência, a esfera de ação do Estado, enquanto a esfera privada é a de ação dos indivíduos na sociedade civil. TÓPICO 04 FORMADORES DE OPINIÃO, GRUPOS DE PRESSÃO E A MEDIAÇÃO SOCIAL REFERÊNCIAS: ARAGÃO, Murillo de. A ação dos grupos de pressão nos processos constitucionais recentes no Brasil. Revista de Sociologia e Política, Curitiba, n. 6-7, p. 149-165. 1996. Disponível em:<http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs/index.php/rsp/article/view/39346/24162>. AZAMBUJA, Darcy. Introdução à ciência política. 2. ed. São Paulo: Globo, 2008. CRUZ, Marcio. A mídia e os formadores de opinião no processo democrático. Ponto e Vìrgula, São Paulo, n. 9, p. 35-51. 2011. Disponível em:<http://revistas.pucsp.br/index.php/pontoevirgula/article/view/13918/10242>. GOZETTO. Andréa Cristina Oliveira. Movimentos sociais e grupos de pressão: duas formas de ação coletiva. Cenários da Comunicação, São Paulo, v. 7, n. 1, p. 57-65. 2008. Disponível em:<http://www.revistabrasileiramarketing.org/ojs- 2.2.4/index.php/remark/article/view/1253/1123>. GRUPOS DE PRESSÃO Os que nos diferencia das demais épocas é o fato evidente que os nossos (atuais) POVOS, tidos CIVILIZADOS, estão organizados, em associações de toda a espécie. Neste percurso, os INTERESSES, as ASPIRAÇÕES, os IDEAIS COMUNS impelem os homens a formar SOCIEDADES, SINDICATOS, FUNDAÇÕES, para realizar seus OBJETIVOS. INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 29 Prosseguindo, se essas entidades não englobam toda sociedade, representam, no entanto, a maior parcela, e são, em todo caso, as forças mais visíveis, permanentes e ativas para EXPRIMIR INTERESSES, SENTIMENTOS, e a SITUAÇÃO COLETIVA. Um grupo de interesse só se torna grupo depressão ao empreender ação para influenciar as decisões dos poderes públicos. Dessa forma, estudar os grupos de pressão é analisar os grupos de interesse em sua dinâmica externa e, especialmente, em sua atividade política. A pressão é a atividade de um conjunto de indivíduos que, unidos por motivações comuns, buscam, por meio de sanções ou da ameaça de usá-las, influenciar sobre decisões que são tomadas pelo poder político, tanto para mudar a distribuição prevalecente de bens, serviços e oportunidades quanto conservá-las ante as ameaças de intervenção de outros grupos ou do próprio poder político. Os grupos de pressão se esforçam para enfrentar um problema imediato e pontual e, depois, se transformam para prestar serviços necessários aos seus membros. Diferentemente dos partidos, não se colocam, já no momento da sua constituição, como representantes de muitos interesses nem passam a defender causas diferentes daquelas pelas quais foram criados para resguardar. De maneira geral, os grupos de pressão atuam numa faixa própria de interesses dos seus membros em um ambiente supra-ideológico e suprapartidário. No entanto, no Brasil, ocorrem claras vinculações entre grupos de pressão e partidos políticos como o vínculo inegável entre a CUT e o PT. GRUPOS DE PRESSÃO é qualquer grupo social, permanente ou transitório, que, para satisfazer seus interesses próprios, procura obter determinadas medidas dos poderes do Estado e influenciar a OPINIÃO PÚBLICA (AZAMBUJA, 1969, p. 315). INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 30 1. Grupo PERMANENTE = associações como as das Indústrias, Comércio, Agricultura, Trabalho, Profissionais, Cívicas, Sociais, Religiosas, Recreativas, Educativas, Culturais entre outras. 2. Algumas vezes, vários indivíduos se agrupam transitoriamente para pleitear benefícios do Estado (ideia de Grupo TRANSITÓRIO). Já para Aragão (1996, p. 150), basicamente existem cinco tipos básicos de grupos de pressão, a saber: 1. GRUPOS EMPRESARIAIS = composto por entidades e empresas; 2. GRUPOS DE TRABALHADORES = composto pelos vários níveis de sindicatos de trabalhadores e eventualmente, grupo de trabalhadores de uma mesma empresa; 3. GRUPOS DE PROFISSIONAIS = tais como engenheiros advogados, médicos, dentistas, geólogos, contabilistas, jornalistas, entre outros; 4. GRUPOS DE NATUREZA DIVERSA = tais como grupos ambientalistas e religiosos, entre outros, e; 5. PODERES PÚBLICOS. Um grupo de pressão é um grupo de interesse que exerce pressão, e é dessa maneira que o definimos. Sendo assim, QUALQUER grupo social pode ser um grupo de pressão, quando e enquanto procure obter dos poderes públicos leis, decretos, decisões que atendam seus próprios interesses. Os interesses dos grupos de pressão... Um ponto delicado e que suscita controvérsias e perplexidades. Vejamos: Muitos autores entendem que, para ser considerado GRUPO DE PRESSÃO, é preciso que ele DIFUNDA seus INTERESSES PARTICULARES; se o que advoga é de INTERESSE PÚBLICO, não é grupo de pressão. INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 31 Concatenando, emerge uma questão, a da NATUREZA MORAL e JURÍDICA dos interesses. Nesse sentido, Azambuja apresenta que, se são ilícitos, a pressão é criminosa, podendo configurar-se em vários delitos. Contudo... É justo, e até necessário que o indivíduo defenda seus próprios interesses, e é natural que os têm interesses comuns se associem para obter dos poderes públicos a satisfação deles. Com uma condição: QUE SEJAM LÍCITOS OS INTERESSES E LÍCITOS TAMBÉM OS MEIOS EMPREGADOS. Ainda mais: É PRECISO QUE OS INTERESSES PLEITEADOS SE CONCILIEM COM O BEM PÚBLICO. Ao enfatizarmos para o debate em torno do BEM PÚBLICO, Azambuja nos ilumina apresentando que: ESTE NÃO É FORMADO PELA SOMA DOS INTERESSES PARTICULARES, E ALGUNS DESTES MUITA VEZ TÊM DE SER DESATENDIDOS PARA ASSEGURAR O BEM COMUM DA SOCIEDADE. Tensionar a presente asserção com os discentes! Processos e táticas... Já vimos que os grupos de pressão procuram obter determinadas medidas dos poderes do Estado. Para isso, os processos e táticas usadas poderiam ser compreendidas em duas categorias: a PERSUASÃO e a AMEAÇA. 1. PERSUASÃO: é a tática mais usual e se reveste das mais variadas formas. Memoriais, ofícios, artigos de jornal, entrevistas, radiodifusão, televisão, conferências, comícios e até livros bombardeiam os poderes públicos para deles conseguir uma decisão favorável. 2. AMEAÇA: o tipo mais ostensivo de ameaça é a GREVE, e o mais sério a GREVE GERAL. Outras formas de ameaça podem ser usadas pela INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 32 ambição, pela cólera e o desespero, desde o “não votaremos no senhor”, até o lançamento de bombas e a sabotagem. MUITO IMPORTANTE: Quanto à AÇÃO junto à OPINIÃO PÚBLICA, em resumo o que se pode dizer é que ela é feita pela PROPAGANDA em todas as suas modalidades. Mediante a isso, cabe pontuar que, em geral, os grupos de pressão NÃO procuram CONQUISTAR a opinião pública, pois seria improvável que ela se comovesse com os interesses dos metalúrgicos ou dos arrozeiros, por exemplo, mas a PROPAGANDA visa apenas que ela – opinião pública – não seja “CONTRA”. FORMADORES DE OPINIÃO... A opinião pública não surge como um com fenômeno intrínseco nas relações sociais, ao contrário, é um fenômeno particularmente reconhecido na MODERNIDADE e tem relação com o surgimento das GRANDES CIDADES e dos ESTADOS NACIONAIS, rompendo com a ideia de comunidade. (RELEMBRAR DA AULA PRECEDENTE COM AS DEMARCAÇÕES HISTÓRICAS DE HABERMAS ACERCA DO CONCEITO/TERMO OPINIÃO PÚBLICA). O processo modernizador rompe com a IDEIA DE COMUNIDADE, quando a TRADIÇÃO constituía os laços sociais e junto a outros fatores contribuía na CONSTRUÇÃO DE CONSENSOS COLETIVOS. Afinal: A comunicação no espaço da comunidade não é mediada, se faz diretamente nas relações pessoais ou em pequenos grupos diretamente pelo sujeito ao seu “público” que não passa de um pequeno grupo de pessoas (CRUZ, 2011, p. 36). Com a complexidade da sociedade (modernas) para a formação de uma OPINIÃO PÚBLICA, faz-se necessário: 1. Considerar também o papel do SUJEITO pessoal ou coletivo que DESEJA SE COMUNICAR na intenção de DISSEMINAR no “espaço INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 33 público” (ESFERA PÚBLICO) aquilo pelo qual quer que socialmente seja conhecido e compreendido pelo “público”; 2. Que haja MEIOS pelos quais essa COMUNICAÇÃO se estenda o mais rápido e na maior abrangência possível a uma MASSA de pessoas que conjuntamente formam o PÚBLICO-ALVO desta comunicação. Para isso, devemos ressaltar o potencial que a MÍDIA tem de CONSTRUIR SOCIALMETNE uma AGENDA PÚBLICA (agenda-setting) de ASSUNTOS, TEMAS, PERSONALIDADES e FATOS SOCIAIS além da abordagem (enquadramentos) sobre cada um destes assuntos. Vale ressaltar que a ideia de mídia abordada por Cruz (2011) que se realizam por meio do trabalho humano apresentam mais do que decisões políticas, sociais e econômicas de quem possui os meiospara comunicar. Ela – a mídia – promove a construção de consensos, amplos ou segmentados. É nesse contexto que torna-se necessário observador o papel dos FORMADORES DE OPINIÃO. Compreendidos, como: Pessoas que, por meio da mídia, comunicam juízos sobre temas, fatos, personalidades ou valores a ampla parcela da população ou a um grupo específico (CRUZ, 2011, p. 37). Mediante a asserção precedente, apresenta-se a distinção de duas categorias de formadores de opinião, sendo eles: FORMADORES DE OPINIÃO “VERTICAIS”: como sendo pessoas que têm grande poder de verbalização e oportunidade de dizer o que pensam para um grupo expressivo de pessoas. São eles: intelectuais, jornalistas, professores, líderes de classes, empresários, lideranças comunitárias entre outros. Portanto, pessoas que têm acesso aos meios de comunicação para usar a PALAVRA no sentido de comunicar a quem lhes der crédito e credibilidade. INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 34 Esses formadores teriam a capacidade de “incutir na massa” IDEIAS, VALORES e INFORMAÇÕES que o conjunto da POPULAÇÃO absorveria sem MAIORES CRÍTICAS ou DECODIFICAÇÕES. A partir da asserção, e valendo- nos dos estudos de Lazarsfeld sobre a “teoria dos efeitos limitados”, esses receptores são “passivos” diante das informações e das ideias que esses formadores lhes oferecem todos os dias sobre várias formas e enquadramentos. FORMADORES DE OPINIÃO “HORIZONTAIS”: eles apresentam características menos formais do que o tipo anterior, podendo ou não ser professores, médicos, sacerdotes, empresários ou líderes comunitários. No entanto, tem como características principal um TRAÇO DE PERSONALIDADE, algo que lhes confere essa distinção como FORMULADORES DE OPINIÃO ASSIMILADA e PRODUZIDA por outras pessoas. Sobre esse tipo de formador é oportuno salientar que eles ganham importância que por terem traços de PERSONALIDADE DE LIDERANÇA e um NÍVEL DE INFORMAÇÃO ACIMA DA MÉDIA PARA O MEIO EM QUE VIVEM, têm oportunidade de dizer o que pensam e, mais do que isso, são procurados para orientar pessoas de suas relações. Pensando a partir das contribuições de Max Weber, esse tipo de formador estaria mais próximo da “AUTORIDADE CARISMÁTICA2”. TÓPICO 06 IMPRENSA E PODER: AGENDA SETTING E ESPIRAL DO SILÊNCIO; PRÁTICAS MIDIÁTICAS E ESPAÇO PÚBLICO; O CAMPO DOS MEDIA E AS MUTAÇÕES DA OPINIÃO PÚBLICA 2 O carisma é mais uma característica interna que externa da pessoa, que realiza a relação com seu segmento social sendo chamada a interferir ou interferindo nos processos dos quais está envolvido (WEBER, 1982 apud CRUZ, 2011). INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 35 REFERÊNCIAS: ESTEVES, João Pissarra. O campo dos media e as mutações da opinião pública. In: ______. A ética da comunicação e os media modernos: legitimidade e poder nas sociedade complexas. 2. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian/Serviço de Educação e Bolsas, 2003. FERREIRA, Giovandro Marcus. As origens recentes: os meios de comunicação pelo viés do paradigma da sociedade de massa. In: HOHLFELDT, Antonio; MARTINO, Luiz C.; FRANÇA, Vera Veiga (orgs.). Teorias da comunicação: conceitos, escolas e tendências. 14. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014. McCOMBS, Maxwell. A teoria da agenda: a mídia e a opinião pública: leitura e crítica. São Paulo: Martins Fontes, 2008. O campo dos media e as mutações da opinião pública... O desenvolvimento da modernidade deu lugar a um tipo particular de sociabilidade, antes desconhecida. Essas aglomerações formaram o que habitualmente apelidamos de MASSA. Por massa compreendemos: Um estado mental e psicológico, assim como um tipo particular de comportamento e de disposição para a ação. Vale retomar aqui que, a formação dessas massas coloca os indivíduos num estado de DESENRAIZAMENTO. Ou seja, o resultado desses processos sociais é o declínio das redes de sociabilidade intermediária3 (FAMÍLIA, ESCOLA E IGREJA, por exemplo). Revisando: A constituição da massa é espontânea, inata e elementar, formada por indivíduos anônimos e que se encontram separados entre si, cuja homogeneidade apenas é conseguida na base do tal comportamento reativo – o comportamento de massa (ESTEVES, 2003, p. 214). Gera um estado de espírito e formas mentais correspondentes (lembrar Gustave Le Bon e sua obra “A Psicologia das Multidões”). Mediante a isso, a opinião pública não só se torna um alvo privilegiado dos diferentes interesses sociais que, no quadro do reforço da sua organização e intervenção social, passam a recorrer de forma sistemática a estratégias destinadas a mobilizar o apoio público. 3 Redes de sociabilidade intermediária são aquelas que se situam, por assim dizer, entre o indivíduo e os grandes centros de decisão (política, economia, militar etc.) (ESTEVES, 2003, p. 212). INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 36 A articulação dos media e da opinião pública ocorre quando O PROCESSO DE DISCUSSÃO PÚBLICA SE TORNA MAIS DEPENDENTE DOS MODERNOS DISPOSITIVOS DE COMUNICAÇÃO. Potencializando, a opinião pública se torna prisioneira dos conflitos de interesses do campo dos media. Dessa forma, compreender a opinião pública (nas sociedades de massa) não pode ser dissociada da evolução da imprensa – inicialmente o único meio de comunicação moderno com expressão social significativa. Por outro lado, a evolução dessa mesma imprensa não é estranha ao movimento de mercantilização que atingiu também a cultura (Indústria Cultural, por exemplo). A partir do momento em que a publicidade comercial se tornou objeto de exploração sistemática por parte da imprensa, OS JORNAIS E A ATIVIDADE JORNALÍSTICA EM GERAL SOFRERAM UMA MUTAÇÃO RADICAL, CONDUCENTE À IMPOSIÇÃO DAS LÓGICAS MERCANTIL E EMPRESARIAL. Ao se organizar (Jornal) segundo o MODELO EMPRESARIAL priorizam os fins lucrativos. Atingindo o próprio conteúdo das publicações (exemplo: a cobertura jornalística da Globo News acerca das manifestações pró e contra o governo com desproporcional cobertura e veiculação). Atenção: o fato de o campo dos media congregar no seu próprio interior uma grande diversidade de interesses, bem como todos os conflitos inerentes a esses mesmos interesses, pode ajudar-nos a compreender a situação paradoxal da opinião pública nos nossos dias. Ou seja, a opinião que circula é contraria a do público; é a opinião que os media querem ofertar. Permitindo a manipulação da opinião e do(s) público(s). (lembrar as manchetes das reportagens). INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 37 Um breve paralelo reflexivo, antes de abordarmos a teorias que propiciam compreender o fenômeno dos media na sociedade (opinião pública): O debate ético dessa comunicação proveniente dos mass media. Prosseguindo/começando, compreender o papel dos meios de comunicação de massa nessa sociedade de massa, perpassa ressaltar algumas abordagens investigativas que estiveram presentes ao longo do século XX, sendo elas: TEORIA HIPODÉRMICA, TEORIACRÍTICA, ESPIRAL DO SILÊNCIO e AGENDA SETTING. 1. TEORIA HIPODÉRMICA: também conhecida como Teoria da Seringa ou da Bala Mágica. Sua definição já se encarrega de mostrar uma eventual relação de poder, que evidencia por um lado a ONIPOTÊNCIA (dos mass media e da sociedade) de um lado. E a VULNERABILIDADE (do indivíduo, do público) de outro. O próprio “hipodérmico” mostra como o público é comparado com aos tecidos do corpo humano, que atingido por uma substância (no caso a informação), todo o corpo social (público massificado) é atingido indistintamente. Relembrando o outro termo “bala mágica”, também reforça a genialidade de um lado em atingir o alvo, no caso o público. Nesse sentido, os meios de comunicação (de massa) fornecem assuntos, informações e se comunica de forma a massificar o público. Após ser isolado do coletivo (de grupos coletivos para sociedade modernizada), o indivíduo/sujeito agora isolado na multidão/massa voltará a ser reinserido na sociedade por meio dos meios de comunicação, claro que aos seus modos. Os meios de comunicação vêm para preencher o vazio deixado pelas instituições inoperantes que forjavam outrora os laços tradicionais (igreja, família, escola...) e, por conseguinte, PASSA A DITAR O COMPORTAMENTO DOS INDIVÍDUOS, já que esses INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 38 vão reagir aos estímulos (informações), que SÃO FONTES DE SEU AGIR, PENSAR e SENTIR. 2. TEORIA CRÍTICA O pensamento crítico desenvolvido pelos alemães da Escola de Frankfurt, corroboram ao afirmar a hegemonia dos mass media na sociedade. Entre as muitas contribuições desses críticos, podemos destacar: a assimetria entre os meios de comunicação e o indivíduo. Um ponto relevante aqui é a ideia da PSEUDOINDIVIDUALIDADE, onde vive-se uma identidade proposta pela sociedade num contexto regido pela cultura industrializada, promovida pelo rádio, cinema, publicidade e televisão, por exemplo. Nesse processo de massificação, a teoria crítica elimina toda a possibilidade de uma postura do indivíduo de consumir a cultura de maneira contestatória, irônica, muito menos. 3. O AGENDA SETTING E A ESPIRAL DO SILÊNCIO: A MASSIFICAÇÃO PELA FALA E PLO SILÊNCIO O Agenda Setting e a Espiral do Silêncio são duas faces de uma mesma moeda. AMBAS TRABALHAM COM A PERSPECTIVA MASSIFICANTE sob a égide da IMPOSIÇÃO dos MASS MEDIA sobre os INDIVÍDUOS. O AGENDA SETTING: detecta a massificação dos temas mediáticos para os temas ou agenda do público. Ou seja, os temas mediáticos se tornam conversa no dia a dia. a) Constrói sua hipótese afirmando que a influência NÃO RESIDE na MANEIRA COMO OS mass media FAZEM o PÚBLICO PENSAR, mas NO QUE ELES FAZEM O PÚBLICO PENSAR. Há um deslocamento, por parte dos mass media, de COMO PENSAR para O QUE PENSAR. INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 39 b) Enquanto a Teoria Crítica ressaltava a massificação pelo que os mass media não levam a pensar. O agendamento constrói a massificação como resultado daquilo que eles vão pensar. c) A imposição do agendamento se forja por dois vieses: 1)- existe a tematização proposta pelos mass media conhecida como ORDEM DO DIA, que se tornarão os temas da AGENDA DO PÚBLICO. O que será dito nos mass media será objeto de conversa entre as pessoas. 2)- imposição no nível da hierarquia efetuado pelos mass media. Ou seja, temas de relevo na agenda mediática estarão também em relevo na agenda pública, e os temas sem grande relevância nos mass media terão a mesma correspondência junto ao público. d) Importante: O agenda setting não elimina as relações interpessoais, porém tais relações não são geradoras de temas. Elas vivem e se nutrem daquilo que é difundido pelos mass media, elas não causam o agendamento, mas são causadas pelos ditames da agenda mediática. ESPIRAL DO SILÊNCIO: propicia o enclausuramento dos indivíduos no silêncio, quando esses têm opiniões diferentes dessas veiculadas pelos mass media. a) A espiral do silêncio ressalta, por sua vez, a imposição dos mass media, não pela força de agendar temas a serem conversados, mas pela força de provocar o silêncio. Os indivíduos se encontram numa posição vulnerável acerca da ação dos mass media e da formação da OPINIÃO PÚBLICA. Entre o indivíduo e os mass media se encontram os grupos sociais que podem punir segundo a discordância no que diz respeito às opiniões dominantes. TÓPICO 07 CAMPANHAS COMUNICACIONAIS (MASSIVAS) E A OPINIÃO PÚBLICA INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 40 REFERÊNCIAS: BUCCI, Eugênio. Brasil em tempo de tv. 3. ed. São Paulo: Boitempo, 1997. BRITTOS, Valério C.; GASTALDO, Édison. Mídia, poder e controle social. Alceu, v.7, n. 13, p. 121-133. jul/dez. 2006. Disponível em:<http://revistaalceu.com.puc- rio.br/media/alceu_n13_Brittos%20e%20Gastaldo.pdf>. CHOMSKY, Noam. Controle da mídia: os espetaculares feitos da propaganda. Rio de Janeiro: Graphia Editorial, 20034. Sabemos que o ser humano se constrói a partir das relações que ele vai estabelecendo no espaço de sua existência. Nos dias de hoje, contudo, principalmente a partir dos últimos 30 anos, pode-se dizer que existe um novo personagem dentro de casa, que está presente em nossas vidas e com quem nós mais estamos em contato. A mídia não é apenas portadora e disseminadora de informações, seu papel central na sociedade como formadora de opinião pública a tornou também central na construção da imagem e das compreensões que as pessoas fazem da realidade cotidiana. Isso porque, os enquadramentos dados pela mídia, a forma como a informação é selecionada e editada, ou até suprimida, tende a ser a única ponte entre milhares de pessoas. Não deveríamos, feliz ou infelizmente compreender a televisão apenas como mera transportadora de conteúdos. Uma simples passagem entre emissor e receptor. Mas, pensar como esses meios de comunicação propiciam constituir e conformar o espaço público. Nesse sentido, por muito tempo (e ainda talvez, mas com menor intensidade) a televisão foi (é) o espaço público brasileiro que, reiterando, começa a termina nos limites postos pela televisão. A TELEVISÃO TORNOU-SE O PRINCIPAL RESPONSÁVEL POR UNIFICAR, NO PLANO IMAGINÁRIO, UM PAÍS (relembrar as aulas de História da Comunicação). A televisão consolidou, com suas novelas, seus noticiários e seus programas de auditório, os TREJEITOS e GESTOS apaixonados nas 4 Sinopse facilitadora. Disponível em:<http://www.forumseculo21.com.br/paginas/0313_sec_21_(pag.10).pdf>. INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 41 cidades do interior, o modo de vestir, de olhar ou não olhar para o vizinho (Eugênio Bucci). É claro, não podemos esquecer que o sujeito não é um mero ser passivo. Ele se apropria do conteúdo, mediante seu contexto sociocultural, mas também, OS INDIVÍDUOS PODEM APROPRIAR-SE DAS FORMAS SIMBÓLICAS PRODUZIDAS DE MANEIRAS DIVERSAS ÀQUELAS PARA AS QUAIS FORAM PENSADAS. As telenovelas, por exemplo, que propiciam colocar em discussão pública assuntos
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