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Embriologia do Sistema Cardiovascular Gabriele Dias - LV Defeitos cardíacos 1% das malformações em crianças nascidas vivas 8% se devem a fatores genéticos Teratógenos vasculares mais comuns são a rubéola e o uso de talidomida 33% das crianças nascidas com anormalidade cromossômicas apresentam anormalidade cardíaca Estabelecimento da área cardiogênica O sistema vascular aparece na terceira semana, quando somente a difusão já não é suficiente para satisfazer as necessidade nutricionais do embrião As células progenitoras cardíacas situam-se no epiblasto e migram pela linha linha primitiva, em uma ordem sequencial, até a camada esplâncnica (visceral) do mesoderma lateral. Essa células são induzidas a formar mioblastos. Ilhotas sanguíneas que surgem no mesoderma lateral visceral se unem e formam um tubo em forma de ferradura com revestimento endotelial, circundado pelos mioblastos - a área cardiogênica. Fica anterior a membrana bucofaríngea e à placa neural Também é formada a cavidade pericárdica Outra ilhotas sanguíneas aparecem bilateralmente e formam as aortas dorsais. Inicialmente, são formados dois tubos cardíacos pareados. Com o dobramento lateral do embrião, eles se unem e formam o tubo cardíaco único Formação e Posição do Tubo Cardíaco Em consequência do desenvolvimento do encéfalo e do dobramento cefálico do embrião, o coração e a cavidade pericárdica se movem para região cervical e para o tórax. O dobramento cefalocaudal e lateral do embrião faz com que a parte crescente da área em forma de ferradura se expanda, o que posteriormente será o trato de saída e os ventrículos do coração. O coração se torna um tubo expandido contínuo, com revestimento endotelial interno e miocárdico externo. Recebe drenagem venosa no pólo caudal e bombeia o sangue do primeiro arco aórtico para aorta dorsal. O mesocárdio dorsal se degenera, dando origem ao seio pericárdico transverso. Dessa forma, o coração fica suspenso na cavidade pericárdica pelos vasos sanguíneos em seus pólos cefálico e caudal. Formam-se três camadas no tubo cardíaco: Epicárdio: proveniente da migração de células mesoteliais da região do seio venoso para a parte externa do tubo Responsável pela formação das artérias coronárias Endocárdio: revestimento endotelial interno Miocárdio: parede muscular Formação da Alça Cardíaca No 23º dia, a parte cefálica do tubo se dobra ventralmente, caudalmente e para direita e a parte caudal se desvia dorsocranialmente e para a esquerda. Essa inclinação cria a alça cardíaca e se completa até o 28° dia. A parte atrial forma um átrio comum e é incorporada a cavidade pericárdica A junção atrioventricular forma o canal atrioventricular O bulbo cardíaco proximal forma a parte trabeculada do ventrículo direito; o cone cardíaco forma os tratos de saída dos ventrículos e o tronco arterioso forma as raízes e a parte proximal da aorta e da artéria pulmonar. A junção entre o bulbo e o ventrículo forma o forame interventricular primário. Ao final da formação da alça cardíaca, surgem trabéculas primitivas na área proximal e distal do forame interventricular primário. Dessa forma, o ventrículos esquerdo e direito primitivos são formados. DEXTROCARDIA: alças cardíacas se voltam para a esquerda em vez de para a direita, dessa forma o coração se situa no lado direito do tórax Desenvolvimento do Seio Venoso O seio venoso recebe sangue venoso dos cornos sinusais direito e esquerdo. Cada corno recebe sangue das veias vitelina, umbilical e cardinal comum A entrada do seio se desloca para a direita por derivações esquerdo-direita do sangue. Na 10ª semana, o corno sinusal esquerdo se torna o seio coronário e a veia oblíqua do átrio esquerdo. Já o corno sinusal e as veias do lado direito aumentam muito. O corno direito é incorporado ao átrio direito, formando suas paredes lisas. A entrada, orifício sinoatrial, é flanqueada por valvas venosas (posteriormente darão origem a valva da veia cava inferior e a valva do seio coronário) A crista terminal separa a parte trabeculada do átrio da parte lisa (seio das veias cava). Formação dos Septos Cardíacos Os coxins endocárdicos são massas de tecido em crescimento ativo que auxiliam na formação dos septos interatrial e interventricular, dos canais e valvas atrioventriculares e dos canais aórtico e pulmonar Formação do septo no átrio comum Crescimento de uma crista em forma de foice a partir do teto do átrio comum em direção aos coxins no canal atrioventricular. (septo primário/septum primum) Fica uma abertura entre os coxins e a orla inferior do septo, o óstio primário Extensões dos coxins crescem ao longo da borda do septo primário e fecham o óstio primário. Antes desse fechamento, por apoptose se formam perfurações na parte superior do óstio primário, dando origem ao óstio secundário. Com a incorporação do seio venoso ao átrio direito, aparece uma nova prega em forma de crescente lunar, o septo secundário (septum secundum), que nunca faz uma divisão completa da cavidade atrial, deixando uma abertura esquerda, o forame oval. A parte superior do septo primário desaparece e forma a valva do forame oval. Depois do nascimento, quando começa a circulação pulmonar e aumenta a pressão no átrio esquerdo, a valva do forame oval é comprimida contra o septo secundário, obliterando o forame oval. Diferenciação do átrios: Direito: incorporação do corno do seio direito Esquerdo: incorporação da veia pulmonar e seus ramos Formação do septo no canal atrioventricular Os coxins endocárdicos superior e inferior se fundem e surgem coxins laterais, causando uma divisão completa do canal atrioventricular. Cada orifício atrioventricular é circundado por proliferações locais de tecido mesenquimal, que são moldadas pelo sangue e foram as valvas. Posteriormente as valvas passam a ser constituídas por tecido conjuntivo revestido por endocárdio As valvas estão ligadas a espessas trabéculas na parede do ventrículos, os músculos papilares, através das cordas tendíneas. Formação do septo no tronco arterioso e no cone cardíaco Surgem cristas no tronco na parede superior direita, que cresce distalmente e para a esquerda, e na inferior esquerda, que cresce distalmente e para direita. Ao crescerem em direção ao saco aórtico, elas se enrolam uma em torno da outra. Após a fusão completa das cristas forma-se o septo aorticopulmonar, dividindo o tronco em um canal aórtico e um canal pulmonar. Formação do septo nos ventrículos Os ventrículos começam a se expandir pelo crescimento contínuo do miocárdio e formação de trabéculas. As parede mediais dos ventrículos se justapõem e fundem-se gradualmente, formando o septo interventricular muscular. O fechamento do forame interventricular forma a parte membranosa do septo interventricular. As valvas semilunares se originam de pequenos tubérculos sobre as dilatações do tronco, que são escavados em sua superfície superior. TETRALOGIA DE FALLOT: anormalidade da região conotruncal que se deve a uma divisão desigual do cone em consequência do deslocamento anterior do septo conotruncal. O deslocamento do septo produz quatro alterações: Estenose infundibular pulmonar - estreita região de saída ventricular direita Grande defeito do septo interventricular Aorta cavalgante, que se origina diretamente acima do defeito no septo Hipertrofia da parede ventricular direita Formação do sistema de condução O marcapasso se origina na parte caudal do tubo cardíaco esquerdo. Posteriormente, o seio venoso assume essa função. Ao ser incorporado ao átrio direito, o nó sinoatrial passa a se situar próximo a abertura da veia cava superior. O nó atrioventricular e o feixe atrioventricular (feixe de His) derivam-se das células na parede esquerda do seio venoso e células do canal atrioventricular. Formação do sistema vascular A formação das células do sangue e dos vasos sanguíneos tem origem no mesoderma extraembrionário do saco vitelino. As células do mesoderma se diferenciam em hemangioblastos, que podem se diferenciar em célulasdo tronco hematopoiéticas (que darão origem às células sanguíneas) ou em células precursoras endoteliais (que darão origem às células que revestem os vasos internamente) A hematopoiese ocorre em diferentes órgãos durante o desenvolvimento: Saco vitelino (~14dias) Fígado (~23 dias) Aorta/gônadas/mesonefros Fígado (~30 dias) Timo Medula óssea (a partir da décima semana) Vasculogênese é diferente de angiogênese, uma vez que essa corresponde a remodelação da vascularização primitiva, iniciada a partir de um vaso pré-existente, enquanto aquela diz respeito a formação de vasos sanguíneos a partir das células precursoras endoteliais Sistema venoso (a partir da quinta semana): Veias vitelinas/onfalomesentéricas: levam sangue do saco vitelino para o seio venoso Dão origem à veia porta, parte hepatocardíaca da veia cava inferior e à veia mesentérica superior Veias umbilicais: originam-se das vilosidades coriônicas e levam sangue oxigenado para o embrião No fígado, forma-se uma conexão entre a veia umbilical esquerda e o canal hepatocardíaco direito, o ducto venoso. São obliterados após o nascimento Veias cardinais: drenam o corpo do embrião do propriamente dito Darão origem a veia braquiocefálica, cava superior e inferior, ilíaca comum, ázigo e hemiázigo. Circulação Fetal Antes do nascimento, o sangue da placenta oxigenado retorna ao feto por meio da veia umbilical. Ao aproximar-se do fígado, a maior parte desse sangue flui pelo ducto venoso diretamente para a veia cava inferior, onde ocorre mistura com o sangue que está retornando dos membros inferiores. O sangue passa para o átrio direito, é guiado para o forame oval pela valva da veia cava inferior e passa para o átrio esquerdo. No átrio esquerdo há mistura com o sangue desoxigenado dos pulmões. Em seguida, o sangue vai para o ventrículo esquerdo e para aorta ascendente. As artérias coronárias e carótidas levam o sangue para a musculatura cardíaca e o cérebro. O sangue dessaturado da veia cava inferior flui para o tronco pulmonar através do ventrículo direito. A maior parte do sangue passa diretamente do ducto arterioso para a aorta descendente, fluindo para a placenta por meio das artérias umbilicais Locais de mistura do sangue: Fígado Veia cava inferiort Átrio direito Átrio esquerdo Alterações da circulação ao nascimento Ducto arterioso se fecha pela contração muscular de sua parede. Dessa forma, a quantidade de sangue que flui pelos vasos pulmonares aumenta, assim como a pressão no átrio esquerdo. A pressão no átrio direito diminui, uma vez que o fluxo placentário cessa. Dessa forma, o septo primário se justapõe ao secundário e fecha o forame oval. Principais alterações do sistema vascular: Fechamento da artérias umbilicais Fechamento da veia umbilical e do ducto venoso Fechamento do ducto arterioso (mediado pela bradicinina) Fechamento do forame oval
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