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ROTINAS E CÁLCULO TRABALHISTA AULA 2 Profª Paolla Hauser 2 CONVERSA INICIAL Bem-vindo à nossa segunda aula de cálculos trabalhistas. Hoje vamos conversar sobre as modalidades de contratos de trabalho e conhecer quais são os registros e documentos emitidos no momento do registro do empregado e o motivo de cada um. Veremos também as diversas formas de jornada de trabalho e os intervalos e descansos previstos na legislação brasileira. Desejo a vocês bons estudos. CONTEXTUALIZANDO A jornada de trabalho é o período em que o empregado fica à disposição da empresa. Ele deve estar previsto em contrato de trabalho e/ou acordo de compensação de horas, caso haja. É importante o empregador ficar atento, pois qualquer horário trabalhado além daquele previsto no contrato/acordo será considerado como hora extra, devendo ser pago ou compensado conforme acordo entre empregador, empregado e o sindicato, quando necessário. Existe projeto de lei que visa a negociação da jornada de trabalho entre empregado e empregador. Segundo o site G1, a proposta do governo estabelece que, em caso de acordo entre a empresa e os trabalhadores, a jornada em um único dia pode chegar a até a 12 horas (8 horas normais mais 4 horas extras), desde que respeitado o limite de 48 horas na semana (44 horas da jornada padrão mais 4 horas extras). Essa medida não está em vigor ainda e faz parte de uma proposta de reforma trabalhista que vem sendo discutida, considerando que as leis trabalhistas são bastante antigas e não acompanharam a evolução do pais. Saiba mais A notícia do G1 sobre a alteração na jornada pode ser encontrada neste link: <http://g1.globo.com/economia/noticia/proposta-de-reforma-trabalhista- autoriza-jornada-de-ate-220-horas-por-mes.ghtml>. Leia uma reportagem sobre terceirização neste link: <http://g1.globo.com/economia/blog/samy-dana/post/terceirizacao-como- fica-partir-de-agora.html>. 3 Neste link você encontrará informações sobre como caracterizar os contratos de trabalho <http://estudojustrabalhista.blogspot.com.br/2013/01/requisitos-para- caracterizacao-do.html>. E aqui você pode consultar uma decisão da Justiça do Trabalho relacionada a vínculo empregatício e contrato de prestação de serviços <https://trt-6.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/20126541/recurso- ordinario-trabalhista-ro-1055752010506-pe-0001055-7520105060023>. TEMA 1 – CONTRATO DE TRABALHO E SUAS MODALIDADES Após a contratação do empregado, o empregador começa a elaborar a documentação necessária para o registro, como o contrato de trabalho e documentos auxiliares de admissão. Contrato de trabalho é o acordo no qual as partes (empregado e empregador) criam a relação de emprego estabelecendo as condições do trabalho mediante documento jurídico e devendo respeitar as disposições de proteção do trabalho. O contrato irá tratar dos direitos e obrigações tanto da empresa quanto do empregado para o bom desempenho do trabalho. São cláusulas importantes do contrato de trabalho: Duração do contrato; Local da prestação do serviço; Jornada do trabalho diário; Função; Remuneração. 1.1 Tipos de contratos Há vários tipos de contratos existentes dentro de duas categorias: contrato por prazo determinado e contrato por prazo indeterminado. O contrato por prazo determinado é aquele que prevê ou determina o fim da contratação do empregado. Desta forma, não se faz necessário aviso prévio para comunicação da saída do empregado. Por prazo determinado, termos os seguintes contratos: Experiência; Temporário; 4 Determinado pela lei n. 9.601/1998; Obra certa; Estágio; Aprendiz. Para este modelo de contratação, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) define em seu art. 443 que: § 2º - O contrato por prazo determinado só será válido em se tratando: a) de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo; b) de atividades empresariais de caráter transitório; c) de contrato de experiência. (BRASIL, 1943) Serviço transitório é aquele que é passageiro, no qual a empresa irá contratar para suprir um aumento de produção em determinada época, por exemplo. No caso de atividade empresarial de caráter transitório, são aquelas empresas que possuem sazonalidade em sua atividade. Por exemplo, as empresas que somente produzem para páscoa, carnaval, natal, festa junina, entre outros. E a última previsão é o contrato de experiência, normal na maior parte das empresas, quando da primeira admissão de um empregado. A seguir serão listados cada um dos contratos por prazo determinado citados anteriormente. 1.1.1 Contrato de experiência É um acordo individual de trabalho em que as partes estabelecem as cláusulas relativas às relações do emprego. É um contrato por prazo determinado que proporciona ao empregador a oportunidade de observar durante o período o desempenho funcional do empregado, as condições de trabalho oferecidas e sua adaptação, integração, etc. Em contrapartida, serve também para que o empregado tenha suas percepções em relação ao empregador, ao ambiente de trabalho e ao próprio serviço realizado, tanto quanto sua adaptação ao novo emprego. Além de simplificar os procedimentos por ocasião do término normal do contrato. O contrato de experiência tem duração máxima de 90 dias, podendo ser prorrogado uma única vez. Por exemplo: 45+45 dias ou 30+60 dias ou 60+30 5 dias, conforme determinação do empregador. Não poderá ocorrer mais que uma prorrogação (30+30+30, por exemplo). Nesse caso, a segunda prorrogação já o transforma em um contrato por prazo indeterminado. 1.1.2 Contrato temporário É aquele prestado por pessoa física a uma empresa para atender à necessidade transitória de substituição de seu pessoal regular e permanente ou devido ao acréscimo extraordinário de serviços. Empresa de trabalho temporário é a pessoa física ou jurídica urbana cuja atividade consiste em colocar à disposição de outras empresas, temporariamente, trabalhadores devidamente qualificados e por elas remunerados e assistidos. Justifica a contratação de trabalhadores temporários unicamente o acréscimo extraordinário de serviços na empresa devidamente comprovado ou a necessidade de substituição temporária de determinado empregado pertencente aos seus quadros permanentes. O contrato celebrado em desconformidade com o estabelecido pela legislação em vigor será considerado nulo de pleno direito, sujeitando as empresas contratantes e contratadas às penalidades legais aplicáveis. O contrato de trabalho temporário mantido entre a empresa de trabalho temporário e a empresa tomadora com relação a um mesmo empregado não pode ultrapassar três meses, salvo com autorização do órgão local do Ministério do Trabalho e desde que o período de trabalho não exceda a 9 meses. A Portaria n. 789/2014 aumentou este prazo de duração do contrato de experiência, que até então era de no máximo 180 dias. Alterou também a forma do pedido de prorrogação: antes era realizada pessoalmente junto ao Ministério do Trabalho; atualmente pode ser feita on-line. A prorrogação do contrato de trabalho temporário estará automaticamente autorizada caso a empresa tomadora comunique ao MTE. A ocorrência de um dos pressupostos: Prestação de serviço destinada a atender necessidade transitória de substituição de pessoal regular e permanente que exceder três meses; Manutenção das circunstâncias que geraram acréscimo extraordinário dos serviços e ensejaram a realização de contrato de trabalhotemporário. 6 Segundo entendimento jurisprudencial, os contratos sucessivos com intervalo de poucos dias causam a responsabilidade solidária da empresa fornecedora de mão-de-obra, assim como a caracterização de fraude à legislação e o reconhecimento do vínculo empregatício entre a tomadora de serviços e o trabalhador temporário nos casos de extrapolação do limite de prazo dos contratos temporários. 1.1.3 Contrato por prazo determinado - Lei n. 9.601/1998 É aquele firmado para admissões que representem acréscimo no número de empregados e cuja celebração deve contar com a participação obrigatória do sindicato representativo da respectiva categoria profissional. É definido pela Lei n. 9.601/1998. Não é possível que a empresa contratante firme este tipo de contrato diretamente como o empregado ficando, nesse caso, sujeito à perda de sua eficácia plena. O contrato por prazo determinado pactuado nos termos da Lei n. 9.601/1998 é admitido para qualquer atividade desenvolvida pela empresa ou estabelecimento, independentemente dos requisitos previstos no parágrafo 2º do art. 443 da CLT. A prática desse tipo de contrato tem por objetivo a redução de encargos sociais visando o incremento de empregos. Ou seja, essa Lei pretende amenizar a situação temporária de desemprego decorrente da globalização, bem como legalizar a situação informal de certos trabalhadores que não tinham registro e anotação na CTPS. Além disso, essa modalidade tem duração máxima de dois anos. É permitido, dentro do período de dois anos, tal contrato sofrer sucessivas prorrogações. Em outras palavras, não há limite para prorrogação do contrato, desde que não ultrapasse o prazo máximo. 1.1.4 Contrato por obra certa É celebrado entre empregado e empregador pelo período de duração de determinada obra, sendo um contrato por prazo determinado. Ele pode ser enquadrado na condição de execução de serviços especificados de que trata o 7 parágrafo 1º do art. 443 da CLT, bem como de realização de certo acontecimento suscetível de previsão aproximada. Os serviços realizados em obra certa são transitórios. Além disso, o contrato por obra certa não poderá exceder a dois anos e somente poderá ser prorrogado uma única vez. 1.1.5 Contrato de estágio O contrato de estágio atual é regido pela Lei n. 11.788/2008 e tem por objetivo desenvolver a teoria vista na escola/faculdade e preparar o estudando para a prática profissional. Os alunos estagiários devem comprovar estar frequentando cursos de Educação Superior, Ensino Médio, Educação Profissional de nível médio ou superior ou escolas de Educação Especial. Para a realização do estágio, deverá ser elaborado o Termo de Compromisso celebrado entre o estudante e a parte concedente da oportunidade do estágio curricular com a interveniência da instituição de ensino. O estagiário somente poderá realizar suas atividades dentro da empresa, por até seis horas diárias. O contrato poderá durar no máximo dois anos com a mesma empresa. 1.1.6 Aprendiz Aprendiz é o jovem que estuda e recebe, ao mesmo tempo, formação na profissão para a qual está se capacitando. Deve cursar a escola regular (se ainda não concluiu o Ensino Médio) e estar matriculado e frequentando instituição de ensino técnico profissional conveniada com a empresa. Conforme previsto na Lei n. 10.097/2000, todas as empresas de médio e grande porte devem contratar um número de aprendizes equivalente a um mínimo de 5% e um máximo de 15% do seu quadro de funcionários cujas funções demandem formação profissional. É importante observar aqui que nem todas as atividades desenvolvidas na empresa (conforme caracterizadas pelo CBO, o Código Brasileiro de Ocupação) são consideradas para cálculo da obrigatoriedade do aprendiz. A identificação deve ser feita pela busca do CBO na página do MTE, onde constará tal condição, conforme demonstrado a seguir. 8 Na página de busca do CBO, após identificar a atividade do profissional existente na empresa, acesse o item Característica de Trabalho: Figura 1 – Características do trabalho Figura 2 – Formação e experiência 9 A jornada diária do aprendiz é de 6 horas e pode ser de 8 horas para aqueles que já completaram o Ensino Médio. A duração do contrato é de, no máximo, 2 anos, e sua remuneração será de, no mínimo, o valor do salário mínimo calculado por hora. 1.2 Contratos por prazo indeterminado Em regra, os contratos são mantidos por prazo indeterminado. Ou seja, aquele contrato que não apresenta prazo para o final da relação de emprego. TEMA 2 – DOCUMENTOS DE REGISTRO – PARTE 1 No registro do empregado, a empresa elabora diversos documentos necessários para celebração do contrato e as normas previstas para a relação de emprego. Veja agora alguns exemplos. 2.1 Contrato de experiência Figura 3 - Modelo de contrato de experiência 10 2.2 Termo de responsabilidade para concessão do salário família Figura 4 – Modelo de termo de responsabilidade O termo de responsabilidade para salário família é onde devem constar os dados dos filhos menores de quatorze anos. O empregado é responsável por apresentar anualmente os documentos necessários, como carteira de vacinação e declaração escolar. Caso o empregado não apresente tais documentos, perde o benefício do salário família. Caso o empregador continue pagando ao empregado essa verba sem a devida documentação atualizada, deverá arcar com o ônus do salário família sem possibilidade de dedução do valor do INSS. 11 2.3 Declaração de dependentes para fins de imposto de renda As informações sobre dependentes para fins de imposto de renda são de inteira responsabilidade do empregado. A empresa deve utilizar tais informações para cálculo do valor do imposto de renda devido sobre o salário do empregado. Figura 5 – Modelo de declaração de informações Podem ser dependentes, para efeito do imposto de renda: Companheiro(a) com quem o contribuinte tenha filho ou viva há mais de 5 anos; Cônjuge; Filho(a) ou enteado(a) de até 21 anos de idade ou, em qualquer idade, quando incapacitado física ou mentalmente para o trabalho; 12 Filho(a) ou enteado(a) de até 24 anos de idade se ainda estiverem cursando estabelecimento de ensino superior ou escola técnica de segundo grau; Irmão(ã), neto(a) ou bisneto(a) sem arrimo dos pais e de quem o contribuinte detenha a guarda judicial com até 21 anos ou, em qualquer idade, quando incapacitado física ou mentalmente para o trabalho; Irmão(ã), neto(a) ou bisneto(a) sem arrimo dos pais com 21 a 24 anos de idade se ainda estiver cursando estabelecimento de ensino superior ou escola técnica de ensino médio, desde que o contribuinte tenha detido sua guarda judicial até os 21 anos; Pais, avós e bisavós que recebam rendimentos, tributáveis ou não, até o limite da faixa de isenção da tabela progressiva; Menor pobre de até 21 anos que o contribuinte crie e eduque e de quem detenha a guarda judicial; Pessoa absolutamente incapaz, da qual o contribuinte seja tutor ou curador. TEMA 3 – DOCUMENTOS DE REGISTRO – PARTE 2 3.1 Acordo de compensação ou prorrogação de horas Além do contrato de trabalho, é importante que haja um documento específico para as informações de compensação de horas, caso haja um acordo válido. Essa compensação pode ser diária, já prevista todo início de ano, sendo devido o acordo uma única vez, normalmente na admissão do empregado. Ela poderá também ocorrer em determinado feriado, quando o acordoserá elaborado. 13 Figura 6 – Modelo de acordo de compensação ou prorrogação de horas A prorrogação da jornada irá ocorrer em caso de necessidade de realização de horas extras pelo empregado com autorização do superior. 3.2 Recibo de entrega da CTPS Na devolução da carteira de trabalho ao empregado, é recomendável que o empregador faça um recibo para comprovar que a CTPS está sendo devolvida ao empregado dentro do prazo estabelecido na legislação, que é de 48 horas. Veja um exemplo a seguir. 14 Figura 7 – Modelo de recibo de recebimento e devolução da CTPS 3.3 Solicitação de vale transporte Para que o empregado tenha direito ao vale transporte, o empregador deverá solicitar que o contratado faça a opção no momento da admissão. 15 Figura 8 – Modelo de solicitação de vale transporte O comprovante de endereço do empregado é solicitado para que seja comprovada a necessidade de utilização do vale transporte. Após isso, o empregado deve assinalar se opta pelo recebimento ou não do benefício. Caso faça a opção pelo recebimento, deverá informar quais linhas de transporte público utiliza para deslocamento da residência ao trabalho e vice-versa. O vale transporte é custeado pelo beneficiário em até 6% do seu salário básico, excluídos quaisquer adicionais e limitado ao valor fornecido pela 16 empresa. O empregador então arca com a parcela que exceder o valor descontado observando os limites acima. TEMA 4 – JORNADA DE TRABALHO A legislação prevê que a jornada de trabalho é o tempo em que o empregado fica à disposição do trabalhador trabalhando ou aguardando ordens. O horário de trabalho de cada empregado deve estar previsto no seu contrato de trabalho. Sobre este assunto, a CLT dispõe conforme segue: Art. 74 - O horário do trabalho constará de quadro, organizado conforme modelo expedido pelo Ministro do Trabalho, Industria e Comercio, e afixado em lugar bem visível. Esse quadro será discriminativo no caso de não ser o horário único para todos os empregados de uma mesma seção ou turma. § 1º - O horário de trabalho será anotado em registro de empregados com a indicação de acordos ou contratos coletivos porventura celebrados. § 2º - Para os estabelecimentos de mais de dez trabalhadores será obrigatória a anotação da hora de entrada e de saída, em registro manual, mecânico ou eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho, devendo haver pré-assinalação do período de repouso. § 3º - Se o trabalho for executado fora do estabelecimento, o horário dos empregados constará, explicitamente, de ficha ou papeleta em seu poder, sem prejuízo do que dispõe o § 1º deste artigo. (Brasil, 1943) A partir de setembro de 2012, por meio da Portaria n. 1510/2009 MTE, as empresas com mais de 10 funcionários que utilizam a marcação eletrônica de ponto devem se adequar à exigência desta Portaria, que determina a instalação do relógio do tipo REP. Já aquelas que utilizam o meio manual (livro-ponto) ou mecânico, independentemente do número de funcionários, não precisam fazer nenhuma mudança. Existem empregados com uma jornada de trabalho pré-estabelecida, como os gerentes e os vendedores externos. Gerentes possuem cargo de confiança e devem receber um acréscimo em sua remuneração de, no mínimo, 40% do valor do salário. Já os vendedores externos têm uma atividade incompatível com a fixação de horário. Portanto, acabam não efetuando registro da jornada. A legislação trabalhista estabelece que a jornada normal de trabalho para empregados em qualquer atividade não deve exceder a oito horas diárias e 44 horas semanais, desde que não seja fixado expressamente outro limite. O cálculo das 44 horas semanais é o seguinte: 17 Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo 7h20 7h20 7h20 7h20 7h20 7h20 Descanso = 44 horas semanais Essa é a jornada de trabalho inicial, na qual o empregado trabalha de segunda a sábado, 7 horas e 20 minutos por dia e descansa aos domingos. Há outras maneiras de se formar a jornada semanal cumprindo as 44 da semana. Neste tipo de jornada, não há necessidade de acordo de compensação de horas, pois o sábado é trabalhado normalmente. Veja como funciona a jornada contemplando o sábado: Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo 8h 8h 8h 8h 8h 4h Descanso = 44 horas semanais Neste tipo de jornada, o sábado não é trabalhado, e as horas na semana aumentam. Em alguns dias, há a necessidade de se ter acordo de compensação de horas entre as partes. Entenda melhor a jornada compensando o sábado: Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo 9h 9h 9h 9h 8h Compensação Descanso = 44 horas semanais Aqui vemos uma jornada comum. Nela, o empregado trabalha 8 horas e 48 minutos de segunda a sexta-feira, e o sábado é compensado. Para este tipo de jornada, também deve existir acordo de compensação de horas. Temos também como forma de compensação de sábado: Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo 8h48 8h48 8h48 8h48 8h48 Compensação Descanso = 44 horas semanais 4.1 Turnos ininterruptos de revezamento As empresas que possuem 24 horas de atividades por dia devem contratar trabalhadores por turnos de trabalho sem interrupção entre cada 18 jornada. A legislação prevê que os trabalhadores nesta modalidade tenham carga máxima de 6 horas diárias. 4.2 Jornada 12 x 36 A Lei n. 13.467/2017 prevê a jornada na qual o empregado irá trabalhar por 12 horas seguidas e terá 36 horas de descanso. Essa jornada pode ser pactuada por meio de acordo individual ou coletivo. 4.3 Tempo parcial De acordo com a Lei n. 13.467/2017, a jornada a tempo parcial pode ser de até 30 horas semanais sem possibilidade de horas extras. Ou de até 26 horas semanais com até 6 horas extras remuneradas com acréscimo de 50%. 4.4 Trabalho intermitente O art. 443 da Lei n. 13.467/2017 cria a modalidade de trabalho intermitente. Segundo esse artigo: Art. 443. O contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou expressamente, verbalmente ou por escrito, por prazo determinado ou indeterminado, ou para prestação de trabalho intermitente. § 3º Considera-se como intermitente o contrato de trabalho no qual a prestação de serviços, com subordinação, não é contínua, ocorrendo com alternância de períodos de prestação de serviços e de inatividade, determinados em horas, dias ou meses, independentemente do tipo de atividade do empregado e do empregador, exceto para os aeronautas, regidos por legislação própria. (Brasil, 2017) 4.5 Teletrabalho A Lei n. 13.467/2017 legitima a prestação de serviços sob o regime de teletrabalho segundo seu artigo 75-B: “Considera-se teletrabalho a prestação de serviços preponderantemente fora das dependências do empregador, com a utilização de tecnologias de informação e de comunicação que, por sua natureza, não se constituam como trabalho externo”. 4.6 Jornada noturna O trabalho realizado entre as 22h00 horas de um dia e as 05h00 horas da manhã seguinte é considerado noturno para as atividades urbanas. Na atividade rural, trabalho noturno é aquele realizado entre as 21h00 de um dia e as 05h00 19 do dia seguinte para a lavoura. Na pecuária, trabalho noturno é aquele realizado entre as 20h00 de um dia e as 04h00 do dia seguinte. A hora noturna tem duração de 52 minutos e 30 segundos. Assim sendo, o trabalho entre 22h00 e as 05h00 possui 7 horas calculadas no relógio que correspondem a 8 horas dejornada de trabalho. Para o cálculo da hora noturna aplica-se a seguinte fórmula: Número de horas de relógio x 60 (minutos hora diurna) / 52,50 (minutos hora noturna) = jornada noturna. Uma outra forma de fazer esse cálculo é multiplicando a hora do relógio por 1,14286 para obter a hora noturna. Veja um exemplo do cálculo a seguir: O empregado João da Silva realizou atividades das 22h00 às 23h00 por 15 dias. Assim, as horas a serem lançadas na folha de pagamento são 17h08min. Memória de Cálculo: 15 x 60 = 900 / 52,50 = 17,14 horas decimais. Ou seja, 17 horas e 8 minutos (0,14 x 60). É possível notar que os minutos de relógio devem ser convertidos em horas decimais para cálculo em calculadora. O profissional deve observar seu sistema de folha, pois alguns sistemas utilizam as horas decimais e outros, os minutos de relógio. 4.7 Hora decimal Para realizar cálculo de horas com a calculadora, é necessário transformar o minuto em hora decimal. A transformação é feita com o seguinte cálculo: Minutos / 60 = hora decimal. Na tabela a seguir, podemos visualizar os minutos (M) já transformados em horas decimais (HD): Tabela 1 – Minutos e horas decimais M HD M HD M HD M HD M HD M HD 1 2 11 18 21 35 31 52 41 68 51 85 2 3 12 20 22 37 32 53 42 70 52 87 3 5 13 22 23 38 33 55 43 72 53 88 4 7 14 23 24 40 34 57 44 73 54 90 5 8 15 25 25 42 35 58 45 75 55 92 6 10 16 27 26 43 36 60 46 77 56 93 7 12 17 28 27 45 37 62 47 78 57 95 8 13 18 30 28 47 38 63 48 80 58 97 20 9 15 19 32 29 48 39 65 49 82 59 98 10 17 20 33 30 50 40 67 50 83 TEMA 5 – INTERVALOS E REPOUSO SEMANAL REMUNERADO Segundo conceitua Martins (2016), intervalos para descanso são períodos de tempo na jornada de trabalho ou entre uma jornada e outra em que o empregado não presta serviços, seja para se alimentar ou para descansar. Os intervalos aplicados são intervalo intrajornada (aquele realizado dentro da jornada de trabalho) e intervalo interjornada (realizado fora da jornada de trabalho). 5.1 Intervalo intrajornada É o período de descanso do empregado no meio da sua jornada de trabalho. O art. 71 da CLT prevê que, para a jornada de trabalho que ultrapasse 6 horas no dia, deve haver um intervalo de no mínimo 1 hora e, salvo acordo coletivo em contrário, não poderá ser superior a 2 horas. Esse intervalo não é computado na duração do trabalho e é deduzido da jornada normal diária. Ou seja, ele não é considerado tempo a disposição do empregador. No caso de contratos de trabalho com duração maior que 4 horas e menor que 6 horas, é obrigatório descanso de 15 minutos de descanso. Para aqueles trabalhadores que exercem sua jornada menor que 4 horas no dia, não há obrigatoriedade de descanso. Contudo, é importante considerar que a Lei n. 13.467/2017 permite o tempo mínimo de 30 minutos de intervalo intrajornada para jornada superior a seis horas. 5.2 Intervalo interjornada O art. 66 da CLT estabelece que “entre 2 (duas) jornadas de trabalho haverá um período mínimo de 11 (onze) horas consecutivas para descanso” (Brasil, 1943). O intervalo interjornada é o espaço de tempo que deve haver entre uma jornada de trabalho e outra, ou seja, o intervalo entre as jornadas. 21 5.3 Dia de descanso Ao empregado, é assegurado um descanso semanal de 24 horas consecutivas o qual, salvo motivo de conveniência pública ou necessidade imperiosa do serviço, deverá coincidir com o domingo, no todo ou em parte. Nos serviços que exijam trabalho aos domingos, com exceção dos elencos teatrais, será estabelecida escala de revezamento organizada mensalmente e constando de quadro sujeito à fiscalização. O descanso semanal remunerado é o período em que o empregado deixa de prestar serviços uma vez por semana ao empregador percebendo remuneração, também chamado de repouso semanal remunerado (DSR ou RSR). De acordo com a Lei n. 605/1949, todo empregado tem direito ao Descanso Semanal Remunerado de pelo menos 24 horas consecutivas, preferencialmente aos domingos. Por esse motivo, o salário, mensal, contempla também o descanso, e o empregado é remunerado por 30 dias. Nos dias de repouso ou feriados é vedado o trabalho. Todavia, o empregado perceberá a remuneração respectiva, embora não preste serviço. Se o empregado trabalha nesses dias, deve receber em dobro, exceto se o empregador conceder outro dia de folga. TROCANDO IDEIAS Considerando o aumento da carga horária do trabalhador para 12 horas, conforme projeto da reforma trabalhista, dê sua opinião sobre este assunto em nosso fórum. NA PRÁTICA Leia esta situação: os empregados de uma determinada indústria são contratados com uma jornada mensal de 220 horas. No entanto, de segunda a sexta, iniciam às 20h00 com intervalo de 0h00 à 1h00. Aos sábados, também às 20h00, porém, sem intervalo. Nessa situação, como ficará a jornada semanal completa? (Ferrari, 2012). 22 FINALIZANDO Nesta aula, você aprendeu os registros e documentos necessários para a contratação do empregado. Eles devem ser guardados em boas condições, caso a empresa precise deles no futuro. Para a documentação trabalhista, é importante observar que o empregado tem 2 anos para questionamentos na justiça após sua saída. Portanto, é necessário que o empregador guarde toda a documentação por, pelo menos, este período. Aprendemos também nesta aula como funciona a jornada de trabalho dos empregados brasileiros. O horário pode ser alterado desde que se tenha documento que comprove tal alteração. Além da jornada, vimos que o empregado tem direito aos intervalos interjornada e intrajornada, que podem ser diferentes em algumas atividades específicas. 23 REFERÊNCIAS ALMEIDA, A. L. P. de. Direito do Trabalho. 6. ed. São Paulo: Rideel, 2009 BRASIL. Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943. Diário Oficial da União, Rio de Janeiro, DF, 9 ago. 1943. _____. Lei n. 605 de 5 de janeiro de 1949. Diário Oficial da União, Rio de Janeiro, DF, 14 jan. 1949. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L0605.htm>. Acesso em: 24 out. 2017. _____. Lei n. 6.019, de 3 de janeiro de 1974. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 4 jan. 1974. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/leis/L6019.htm>. Acesso em: 23 out. 2017. _____. Lei n. 9.601 de 21 de janeiro de 1998. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 22 jan 1998. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9601.htm>. Acesso em: 24 out. 2017. _____. Lei n. 10.097 de 19 de dezembro de 2000. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 20 dez. 2000. Disponível em <http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/42/2000/10097.htm>. Acesso em: 24 out. 2017. _____. Lei n. 11.788, de 25 de setembro de 2008. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 26 set. 2008. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11788.htm>. Acesso em: 23 out. 2017. _____. Lei n. 13.467 de 13 de julho de 2017. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 14 jul. 2017. Disponível em <http://legis.senado.leg.br/legislacao/ListaTextoSigen.action?norma=17728 053&id=17728058&idBinario=17728664&mime=application/rtf>. Acesso em: 23 out. 2017. _____. Portaria n. 789 de 2 de junho de 2014. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 3 jun. 2014. Disponível 24 em <http://www.trtsp.jus.br/geral/tribunal2/ORGAOS/MTE/Portaria/P789_14.ht ml>. Acesso em: 24 out. 2017. _____. Portaria n. 1.510 de 21 de agosto de 2009. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 25 ago 2009. 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MASSAMBANI, V. Resumo de Previdência Social. 2. ed. Curitiba. Juruá, 2013. NASCIMENTO, A. M. Iniciação ao direito do trabalho. 32. ed. São Paulo. LTR, 2006. 25 RESPOSTAS A jornada de 220 horas mensais pode ser traduzida como 8 horas diárias normais de trabalho de segunda a sexta e 4 horas aos sábados. No entanto, devermos converter parte das horas normais em horas noturnas, as quais não tem duração de 60 minutos. Elas têm duração 52 minutos e 30 segundos. Para isso, utilizaremos o seguinte raciocínio: de segunda a sexta das 20h00 às 22h00 eles já teriam trabalhado 2 horas normais (no relógio), restando ainda trabalhar 6 horas normais. Divididas por 1,14286, chegamos a 5,25 horas noturnas (5 horas e 15 minutos no relógio), resultando em uma quantidade total de 7 horas e 15 minutos normais. Assim, de segunda a sexta eles trabalharão de 20h00 à 0h00 e de 1h00 às 4h15. Já aos sábados, das 20h00 às 22h00, eles teriam trabalhado 2 horas normais, restando ainda outras 2 horas normais. Convertidas para noturnas, serão: 2 horas / 1,14286 = 1,75 hora = 1 hora e 45 minutos normais. Dessa forma, a quantidade de horas normais trabalhadas no sábado será de 3 horas e 45 minutos, iniciando as 20h00 e terminando as 23h45 sem intervalo.
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