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Psicologia da Motivação e Emoção

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Universidade Estácio
Psicologia da Motivação e Emoção
Prof.ª : Débora Leite
Conceito de Motivação
Motivação , assim como aprendizagem, é um termo largamente usado em compêndios de psicologia e, é usado em diferentes contextos com diferentes significados.
Um exemplo interessante de como o termo motivação pode assumir diferentes significados em um mesmo texto está em Bergamini (1997):
Conceito de Motivação
“Se, no início do século, o desafio era descobrir aquilo que se deveria fazer para motivar as pessoas, mais recentemente tal preocupação muda de sentido. Passa-se a perceber que cada um já traz, de alguma forma, dentro de si, suas próprias motivações. Aquilo que mais interessa, então, é encontrar e adotar recursos organizacionais capazes de não sufocar as forças motivacionais inerentes às próprias pessoas... (p. 23)... não existe o pequeno gênio da motivação que transforma cada um de nós em trabalhador zeloso ou nos condena a ser o pior dos preguiçosos. Em realidade, a desmotivação não é nenhum defeito de uma geração, nem uma qualidade pessoal, pois ela está ligada a situações específicas (p. 27)”.
Origens da pesquisa sobre Motivação
Birney e Teevan (1962) notam que o interesse contemporâneo pela pesquisa da motivação humana origina-se de três fontes: 
Psicoterapia
Psicometria
Teoria da Aprendizagem
Origens da pesquisa sobre Motivação
Psicoterapia: 
Para os psicoterapeutas, o problema maior sempre foi o alívio dos desconfortos do cliente. Especialmente com Freud, esses desconfortos eram vistos como resultantes de um jogo de equilíbrio dinâmico de forças psíquicas (motivacionais), e o próprio psicoterapeuta era o instrumento de medida dessas forças. 
Origens da pesquisa sobre Motivação
Psicometria:
O desenvolvimento dos testes psicológicos de aptidões e de desempenho representou uma fonte de interesse em motivação muito diferente da psicoterapia. Constatou-se, de início, que a utilização desses testes para a classificação e/ou seleção de indivíduos dependia de um pressuposto fundamental, o de igualdade na dedicação às tarefas. 
Origens da pesquisa sobre Motivação
Teorias de aprendizagem:
 O estudo de problemas de aprendizagem levou à invocação de variáveis motivacionais. Os principais teóricos da aprendizagem estudaram experimentalmente o papel de variáveis motivacionais na memória, na aprendizagem, etc. 
Origens da pesquisa sobre Motivação
Psicoterapia, psicometria e teoria da aprendizagem, com objetivos e métodos diferentes, necessariamente levaram a tratamentos diferentes de conceitos motivacionais. 
Entender a psicologia da motivação humana sem atentar para esses aspectos é tarefa impossível; falar de motivação sem mencionar esses esforços, pode aumentar a confusão já existente.
Problemas epistemológicos na conceituação
Independentemente das áreas de aplicação da psicologia que mais pressionaram pelo desenvolvimento de uma teoria da motivação humana, há fatores históricos que condicionam esse desenvolvimento, e que antecedem de muito a própria constituição da Psicologia como disciplina científica. 
PLATÃO
FREUD
As origens filosóficas dos conceitos motivacionais
Propôs que a motivação surgia de uma alma (ou mente, ou psique) disposta segundo uma hierarquia tripartida.
As origens filosóficas dos conceitos motivacionais
Aristóteles endossou a ideia da alma tripartida e hierarquicamente organizada de Platão embora usasse terminologia diferente: nutritiva, sensível e racional.
O aspecto nutritivo era o mais impulsivo, irracional e animalesco, que contribuía para as necessidades corporais urgentes relacionadas à manutenção da vida.
O aspecto sensível também se relacionava com o corpo, mas regulava o prazer e a dor.
O componente racional da alma era o único aos seres humanos, uma vez que se relacionava com as ideias e o intelecto, caracterizando a vontade.
As origens filosóficas dos conceitos motivacionais
Séculos depois, a psique tripartida dos gregos reduziu-se a um dualismo – as paixões do corpo e a razão da mente.
Por exemplo: Tomás de Aquino sugeriu que o corpo fornecia os impulsos motivacionais irracionais baseados no prazer, ao passo que a mente era a responsável pelas motivações racionais baseadas na vontade;
Corpo
Físico, irracional, impulsivo e biológico
Alma
Imaterial, racional, inteligente e espiritual
As origens filosóficas dos conceitos motivacionais
Contribuições de René Decartes (pós-renascentista):
A mente controlaria o corpo; o espírito governaria os desejos corporais;
Corpo
Alma
Era um agente mecânico, semelhante a uma máquina, e motivacionalmente passivo;
Enquanto a vontade era um agente imaterial, espiritual motivacionalmente ativo;
A vontade: A primeira grande teoria
Para Descartes, a principal força motivacional era a Vontade. Segundo ele, a vontade inicia e direciona a ação; cabe a ela decidir se e quando agir;
Já as necessidades corporais, as paixões, os prazeres e as dores criam impulsos à ação, mas esses impulsos só excitam a vontade;
Ao atribuir os poderes exclusivos da motivação à vontade, Descartes proporcionou à motivação sua primeira grande teoria;
Primeira grande teoria
Vontade: 
Na opinião de Descartes trata-se da principal força motivacional do ser humano, sendo o fator que inicia e mantém a ação, influenciando na decisão de quando agir. Neste contexto a vontade é uma característica da mente que age no sentido da virtude e da salvação controlando os apetites corporais, as paixões e dando ao sujeito o poder de escolha.
A vontade: A primeira grande teoria
No entanto, os filósofos constataram que a vontade era algo tão misterioso e difícil de explicar quanto a motivação que supostamente ela gera;
Esses pensadores nada descobriram da natureza da vontade, nem das leis pelas quais ela operava;
Exemplo: Crianças diante de um doce; Os pesquisadores deixaram de lado os modelos gerais da motivação como “força de vontade”, especificando, os processos psicológicos que eles podem mais rapidamente relacionar ao comportamento das pessoas (planos, metas, estratégias);
Instinto: A segunda grande teoria
Charles Darwin e o seu determinismo biológico, fez com que os cientistas se afastassem dos conceitos motivacionais mentalísticos (vontade), passando a se aproximar dos conceitos mecanicistas e genéticos.
Darwin acabou com o dualismo homem-animal que dominava os estudos motivacionais anteriores, uma vez que, antes a vontade era um poder mental exclusivamente do homem;
Para explicar esse comportamento adaptativo aparentemente predeterminado, Darwin propôs o instinto;
Segunda grande teoria
Instinto:
Desta forma o estudo da motivação deixa o campo da filosofia e entra no campo das ciências naturais.. O instinto surge de uma dotação genética que influencia o animal para agir de uma forma específica.
Os instintos existem nos genes. Os animais tem dentro de si uma substância material que os faz agir segundo uma maneira específica.
Instinto: segunda grande teoria
Dada a presença do estímulo apropriado, os instintos expressam-se por meio de reflexos corporais herdados – o pássaro constroi o ninho, a galinha choca os ovos e o cachorro caça;
O primeiro psicólogo a popularizar a teoria instintiva da motivação foi William James (1980). James baseou-se em Darwin para atribuir aos seres humanos a dotação de um grande número de instintos físico (sugar, andar) e mentais (imitação, sociabilidade, brincar);
Instinto: segunda grande teoria
Por meio do instinto, os animais herdam uma natureza dotada de impulsos para agir e os reflexos necessários para produzir essa ação intencional;
Instinto: segunda grande teoria
Portanto, os instintos (e as emoções a eles associadas) explicavam o atributo do direcionamento de uma meta, algo tão facilmente perceptível no comportamento humano;
No entanto, o conceito de instinto acabou com uma negação categórica, uma vez que, à teoria instintiva era circular: instinto – comportamento; comportamento – instinto; 
O instinto de luta
motiva a agressão; Agressão motiva a luta; Será que o instinto existe independente?
Instinto: segunda grande teoria
Experimento: Criar 2 animais exatamente iguais em ambientes diferentes e verificar se os comportamentos futuros serão os mesmos;
Se os instintos dirigem o comportamento, então dois animais iguais devem se comportar essencialmente da mesma maneira.
(V) ou (F) ???
Impulso: A terceira grande teoria da motivação
Impulso:
O conceito de impulso surge da biologia funcional segundo a qual a função do comportamento está a serviço das necessidades corporais. A fome é um impulso, consequência da necessidade de alimento. É a fonte de energia dos motivos de sobrevivência. Quando se trata de motivos mais complexos, como o de realização, prestígio, se emprega o termo necessidade.
Impulso: A terceira grande teoria da motivação
À medida que ocorrem os desequilíbrios biológicos (falta de alimento ou água), os animais experimentam esses déficits de necessidade biológica psicologicamente como “impulso”;
Portanto, o impulso motiva qualquer comportamento que sirva às necessidades do corpo (comer, beber); 
As duas teorias do impulso mais amplamente aceitas foram propostas por Sigmund Freud (1915) e Clark Hull (1943);
A teoria do impulso de Freud
Freud acreditava que todo comportamento é motivado, e que o propósito do comportamento seria servir à satisfação de necessidades;
O comportamento serviria às necessidades corporais, e a ansiedade (impulso) atuaria como um tipo intermediário para assegurar que o comportamento ocorresse no tempo certo e conforme o necessário;
A teoria do impulso de Freud
Freud resumiu sua teoria do impulso como tendo quatro componentes: fonte, ímpeto, propósito e objeto;
Declínio da teoria do impulso
Portanto é possível que a motivação surja de outras fontes que não os distúrbios corporais;
Alguns motivos existem com ou sem necessidades biológicas correspondentes. Por exemplo: as pessoas anoréxicas não comem (e não querem comer), a despeito da existência de uma forte necessidade biológica de fazê-lo.
O surgimento das miniteorias
Para investigar novos achados, os psicólogos motivacionais dos anos 70 começaram a adotar miniteorias da motivação;
As miniteorias buscam compreender ou investigar um(a) determinado(a):
Fenômeno motivacional;
Circunstâncias que afeta a motivação;
Grupos de pessoas;
Questão teórica ( Qual é a relação entre cognição e emoção?)
Teoria de Maslow
Maslow (1954) propôs um sistema hierárquico de necessidades básicas que tem influenciado especialmente o trabalho na psicologia organizacional e na psicologia do desenvolvimento. 
A hierarquização utiliza dois sistemas de categorias, das necessidades mais puramente biológicas às mais socializadas e das mais simples às mais complexas. 
A questão das hierarquias dos motivos humanos
Pirâmide de Maslow
A questão das hierarquias dos motivos humanos
Sendo assim, percebe-se ao longo do tempo um posicionamento idealista que permeia grande parte da literatura sobre motivação. Os exemplos clássicos são os trabalhos de Maslow (1965) e McClelland (1961);
Essas teorias referem-se principalmente ao comportamento humano, mostrando uma visão elitista da superioridade das classes socioeconomicamente mais favorecidas e dos países industrializados .
Abraham Lincoln, Thomas Jefferson, George Washington, Albert Einstein, Mahatma Gandhi..
A questão das hierarquias dos motivos humanos
Partindo-se da constatação de que certos tipos de interação surgem antes que outros na história do indivíduo, não decorre necessariamente a conclusão de que há necessidades hierarquicamente superiores ou inferiores. 
Esperamos ter esclarecido o que queremos dizer quando afirmamos que o conceito de motivação, ou de motivo, ou de impulso, ou hierarquia de necessidades, não é útil a uma análise do comportamento humano.
Miniteorias
Psicologia Cognitiva:
Enfatiza os efeitos do pensamento sobre a motivação, deixando de enfatizar os constructos biológicos e ambientais; complementando o emergente movimento humanista.
Seu objetivo seria então "descobrir e descrever formalmente o sentido que os seres humanos criam de suas experiências com o mundo", e então propor hipóteses sobre estes processos.
Psicologia Cognitiva
Os pesquisadores da motivação começaram a complementar seus conceitos biológicos com os conceitos que enfatizavam os processos mentais internos: planos, metas, crenças, atribuições, autoconceito);
A revolução cognitiva exerceu dois efeitos sobre o pensamento referente a motivação:
Psicologia Cognitiva
Primeiro, as discussões intelectuais sobre a motivação enfatizaram constructos cognitivos (expectativas, metas), deixando de enfatizar os constructos biológicos e ambientais. 
Segundo, a revolução cognitiva veio complementar o emergente movimento do humanismo. Os psicólogos humanistas criticavam teorias motivacionais dominantes nos anos 1960 como sendo decididamente não-humanas.
Retomando: Problemas epistemológicos na conceituação
Outro fator que corrobora com a dificuldade de se entender as diferentes abordagens de conceitos motivacionais é que:
 
Qualquer compêndio de
introdução à psicologia, ao discorrer sobre motivação, os
autores discutem as várias teorias existentes,
como se houvesse uma ciência estabelecida
com várias abordagens alternativas do mesmo tema, motivação.
Definições da motivação
“Um motivo é uma necessidade ou desejo acoplado com a intenção de atingir um objetivo
apropriado”
(Krench & Crutchfield, 1959, p. 272).
“O energizador do comportamento”
(Lewis, 1963, p. 560).
“Motivação: o termo geral que descreve o comportamento regulado por necessidade e instinto
com respeito a objetivos”.
(Deese, 1964, p. 404).
Definições de motivação
“A psicologia tende a limitar a palavra ...
aos fatores envolvidos em processos de energia, e a
incluir outros fatores na determinação do comportamento”.
(Cofer, 1972, p. 2).
“O estudo da motivação é a investigação das
influências sobre a ativação, força e direção do comportamento”.
(Arkes & Garske, 1977, p. 3).
Motivação???
Diante disso, essa miscelânea conceitual evidência não a quantidade de conhecimento que se tem sobre a motivação, mas a falta dele;
Skinner (1953), ao justificar a necessidade de uma psicologia científica, afirma que a ciência evolui dos erros, não da confusão.
Para que a psicologia possa
lidar melhor com tão importante assunto o que é necessário???
Motivação???
É necessário refinar os conceitos que se referem
ao tema estabelecendo referenciais teóricos que possam ser falseados, que possam ser testados;
Ou seja:
Alguns dos conceitos apresentados anteriormente, muitos deles norteadores do estudo sobre a motivação em determinados períodos históricos, parecem não ir além de simples reelaborações do senso comum, ornamentados com o uso de termos que, numa análise mais cuidadosa, evidenciam nada mais que um raciocínio tautológico. 
Termo que apresenta a mesma ideia mas com formas diferentes
Ciência, Psicologia e Motivação
Para a psicologia, em especial a área da motivação, é bastante confusa pela prática de considerar motivos, ou impulsos, ou instintos, ou necessidades, como a causa do comportamento;
Um primeiro problema a ser resolvido quando se discute o conceito de motivação relaciona-se diretamente ao papel da psicologia como uma ciência. Historicamente, conceitos motivacionais surgem como causas do comportamento, e confundem-se com os próprios objetivos da psicologia.
Ciência, Psicologia e Motivação
“Por que as pessoas se comportam desta ou
daquela maneira?”
“Em quais condições as pessoas se com-
portam desta ou daquela maneira?”
POR QUÊ?
COMO?
Umas das explicações se deve ao seguinte questionamento:
Ciência, Psicologia e Motivação
A história dos conceitos motivacionais esta principalmente ligada a questões “por que?”. Manual de psicologia publicado no Brasil em 1982:
“As teorias da motivação são uma tentativa...
de explicar por que (1) os estímulos
evocam
respostas; (2) um determinado estímulo evoca
uma certa resposta em vez de quaisquer
outras concebíveis; (3) certos estímulos têm
um valor de recompensa e outros não; (4)
certas respostas parecem surgir por si
mesmas, sem nenhum desencadeante exterior
aparente” 
As condições nas quais...
Ciência, Psicologia e Motivação
Se reformulassem a questão, talvez chegassem à conclusão de que a motivação, como tem sido definida, é um conceito inútil.
Na psicologia, as questões “por que” têm frequentemente levado a respostas hipotéticas. Supõe-se uma causa para o comportamento, dá-se um nome a essa causa hipotetizada, e encaixa-se esse conceito numa determinada teoria. 
A ciência não estuda causas , estuda relações!!
Conclusões
Quando examinamos os contextos teóricos nos quais esses conceitos foram desenvolvidos e usados, nos deparamos com uma multiplicidade de usos e, muitas vezes, com pseudoexplicações do comportamento. 
Descobrimos que esses usos quase sempre levam nossa atenção para a busca de essências, deixando-nos num beco sem saída; desviam-nos de um interesse pela investigação de relações e de condições ante cedentes.
Atividade Estruturada
Criação de mapa conceitual incluindo:
Conceito de Motivação;
Construção histórica dos conceitos de motivação;
Principais explicações sobre as possíveis causas da confusão epistemológica da motivação;

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