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direitos políticos e partidos políticos

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
CURSO DE DIREITO
DIREITO CONSTITUCIONAL I
DIREITOS POLÍTICOS E PARTIDOS POLÍTICOS
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DIREITOS POLÍTICOS E PARTIDOS POLÍTICOS
Direitos políticos são instrumentos por meio dos quais a Constituição garante o exercício da soberania popular, atribuindo poderes aos cidadãos para interferirem na condução da coisa pública, seja indireta ou diretamente (Pedro Lenza).
Arts. 14 a 17 da CRFB.
Democracia representativa: o povo elege representantes, outorgando-lhes poderes para que, em nome do povo e para o povo, governem o país (Pedro Lenza).
Democracia semidireta ou participativa: é um regime de democracia em que existe a combinação de representação política com formas de democracia direta, permitindo a participação direta e concreta dos cidadãos na democracia representativa e o controle popular sobre atos estatais (Mônica de Melo)
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DIREITOS POLÍTICOS E PARTIDOS POLÍTICOS
Instrumentos da democracia semidireta: formas de consulta ao povo para que delibere sobre matéria de interesse público e relevância constitucional, social ou política.
Plebiscito: consulta prévia, convocada com anterioridade ao ato legislativo ou administrativo, cabendo ao povo aprovar ou não o que lhe foi submetido a apreciação. A decisão política condiciona os governantes. Art. 2º da ADCT.
Referendo: possibilidade de ratificação posterior de ato legislativo ou administrativo já adotado pela autoridade pública, podendo ou não ser confirmado. Art. 35, parágrafo 1º, Lei Federal 10826/2003.
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DIREITOS POLÍTICOS E PARTIDOS POLÍTICOS
3) Iniciativa popular de lei: art. 61, parágrafo 2º, CRFB. Também se aplica aos Estados federados e aos Municípios.
Art. 3º, Lei 9709/1998 c/c art. 49, XV, CRFB: competência do Congresso para convocar plebiscito e referendo. Decreto legislativo.
Resultado de plebiscito ou referendo não pode ser modificado por lei ou mesmo emenda constitucional – violação aos arts. 1º, parágrafo único, 14, I e II, da CRFB – democracia semidireta prevalece sobre democracia representativa; única forma de modificar o resultado seria submeter a questão a nova consulta popular (Pedro Lenza).
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DIREITOS POLÍTICOS E PARTIDOS POLÍTICOS
Sufrágio: direito de votar e de ser votado.
Escrutínio: forma pela qual se exercita o voto.
Capacidade eleitoral: a) ativa: direito de votar, capacidade de ser eleitor; b) passiva (direito de ser votado, elegibilidade).
O exercício do sufrágio ativo se dá pelo voto, que pressupõe: a) alistamento eleitoral na forma da lei (título eleitoral); b) nacionalidade brasileira (art. 14, parágrafo 2º); c) idade mínima de 16 anos (art. 14, parágrafo 1º, I, a); d) não ser conscrito durante o serviço militar obrigatório.
Lei 12034/2009 introduziu art. 91-A na Lei 9504/1997, exigindo dupla identificação (título de eleitor e documento com foto) no momento da votação, mas o STF considerou liminarmente a exigência inconstitucional – ADI 4467.
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DIREITOS POLÍTICOS E PARTIDOS POLÍTICOS
Voto obrigatório: maiores de 18 anos e menores de 70 anos. Voto facultativo: maiores de 16 anos e menores de 18 anos, analfabetos e maiores de 70 anos de idade. Portadores de deficiência: arts. 1o e 2o da Resolução 21920/2004 do TSE.
Voto direto: cidadão vota diretamente no candidato, sem intermediário – exceção: eleição indireta na forma do art. 81, parágrafo 1º. Voto secreto: não se dá publicidade à opção do eleitor. Voto universal: não está relacionado a nenhuma condição discriminatória (renda, escolaridade, sexo, etnia, cor, religião, condição familiar, etc. Voto periódico: mandatos por prazo determinado e eleições regulares. Voto livre: escolha não pode sofrer constrangimentos. Voto personalíssimo: exercido pessoalmente pelo cidadão. Voto igualitário: voto deve ter valor igual para todos.
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DIREITOS POLÍTICOS E PARTIDOS POLÍTICOS
Voto secreto, direto, universal e periódico é limite material ao poder de reforma (art. 60, parágrafo 4o, II, CRFB).
Capacidade eleitoral passiva: possibilidade de eleger-se para um mandato eletivo. Condições de elegibilidade: art. 14, parágrafo 3o, CRFB: a) nacionalidade brasileira; b) pleno exercício dos direitos políticos; c) alistamento eleitoral; d) domicílio eleitoral na circunscrição; e) filiação partidária; f) idade mínima de acordo com o cargo ao qual se candidata:
18 anos para vereador;
21 anos para deputado estadual ou distrital, deputado federal e prefeito, vice-prefeito e juiz de paz;
30 anos para governador e vice-governador de Estado ou do Distrito Federal;
35 anos para Presidente, Vice-Presidente e Senador da República
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DIREITOS POLÍTICOS E PARTIDOS POLÍTICOS
Direitos políticos negativos: formulações constitucionais restritivas ou impeditivas das atividades político-partidárias, privando o cidadão do exercício de seus direitos políticos, impedindo-o de eleger um candidato ou de ser eleito (Pedro Lenza). Inelegibilidades e privação de direitos políticos. 
Inelegibilidades: circunstâncias (constitucionais ou previstas em lei complementar) que impedem o cidadão do exercício total ou parcial da capacidade eleitoral passiva (Pedro Lenza).
Objetivo das inelegibilidades: art. 14, parágrafo 9o,CRFB.
Inelegibilidades absolutas: impedimento eleitoral para qualquer cargo eletivo – taxativamente previstas na CRFB: art. 14, parágrafo 4o: inalistáveis (estrangeiros e conscritos) e analfabetos.
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DIREITOS POLÍTICOS E PARTIDOS POLÍTICOS
Inelegibilidades relativas: em razão de algumas situações, a pessoa não pode eleger-se para determinados cargos, podendo, porém, candidatar-se e eleger-se para outros, sob os quais não recaia a inelegibilidade (Pedro Lenza). Pode ser em decorrência da função exercida, em razão de parentesco ou se o candidato for militar, bem como em virtude das situações previstas na lei complementar (art. 14, parágrafo 9º, da CRFB).
Inelegibilidade funcional: art. 14, parágrafo 5o; vedação de um terceiro mandato subsequente e sucessivo. Consulta n. 689/2000 e Resolução n. 20889/2001 do TSE: vice, tendo ou não sido reeleito, se sucedeu o titular, poderá candidatar-se à reeleição por um período subsequente. 
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DIREITOS POLÍTICOS E PARTIDOS POLÍTICOS
EMENTA: CONSTITUCIONAL. ELEITORAL. VICE-GOVERNADOR ELEITO DUAS VEZES CONSECUTIVAS: EXERCÍCIO DO CARGO DE GOVERNADOR POR SUCESSÃO DO TITULAR: REELEIÇÃO: POSSIBILIDADE. CF, art. 14, § 5º. I. - Vice-governador eleito duas vezes para o cargo de vice-governador. No segundo mandato de vice, sucedeu o titular. Certo que, no seu primeiro mandato de vice, teria substituído o governador. Possibilidade de reeleger-se ao cargo de governador, porque o exercício da titularidade do cargo dá-se mediante eleição ou por sucessão. Somente quando sucedeu o titular é que passou a exercer o seu primeiro mandato como titular do cargo. II. - Inteligência do disposto no § 5º do art. 14 da Constituição Federal. III. - RE conhecidos e improvidos (RE 366488/STF – Relator: Carlos Velloso – Julgamento: 04/10/2005).
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DIREITOS POLÍTICOS E PARTIDOS POLÍTICOS
O Inelegibilidade funcional para concorrer a outros cargos: art. 14, parágrafo 6o, CRFB – para concorrer a outros cargos, Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até 6 meses antes do pleito (desincompatibilização). Não incide para o mesmo cargo (chefia do Poder Executivo) nem para os vices, salvo se tiverem sucedido ou substituído os titulares.
Inelegibilidade em função de parentesco: art. 14, parágrafo 7o: são inelegíveis os cônjuges e os parentes consaguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção do: a) Presidente da República; b) Governador de Estado, Território ou Distrito Federal; c) Prefeito; d) de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição
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DIREITOS POLÍTICOS E PARTIDOS POLÍTICOS
EMENTA: Elegibilidade: cônjuge e parentes do chefe do Poder Executivo:
elegibilidade para candidatar-se à sucessão dele, quando o titular, causador da inelegibilidade, pudesse, ele mesmo, candidatar-se à reeleição, mas se tenha afastado do cargo até seis meses antes do pleito. 1. A evolução do Direito Eleitoral brasileiro, no campo das inelegibilidades, girou durante décadas em torno do princípio basilar da vedação de reeleição para o período imediato dos titulares do Poder Executivo: regra introduzida, como única previsão constitucional de inelegibilidade, na primeira Carta Política da República (Const. 1891, art. 47, § 4º), a proibição se manteve incólume ao advento dos textos posteriores, incluídos os que regeram as fases de mais acendrado autoritarismo (assim, na Carta de 1937, os arts. 75 a 84, embora equívocos, não chegaram à admissão explícita da reeleição; e a de 1969 (art. 151, § 1º, a) manteve-lhe o veto absoluto). 2. As inspirações da irreelegibilidade dos titulares serviram de explicação legitimadora da inelegibilidade de seus familiares próximos, de modo a obviar que, por meio da eleição deles, se pudesse conduzir ao continuísmo familiar. 3. Com essa tradição uniforme do constitucionalismo republicano, rompeu, entretanto, a EC 16/97, que, com a norma permissiva do § 5º do art. 14 CF, explicitou a viabilidade de uma reeleição imediata para os Chefes do Executivo. 4. Subsistiu, no entanto, a letra do § 7º, atinente a inelegibilidade dos cônjuges e parentes, consangüíneos ou afins, dos titulares tornados reelegíveis, que, interpretado no absolutismo da sua literalidade, conduz a disparidade ilógica de tratamento e gera perplexidades invencíveis. 5. Mas, é lugar comum que o ordenamento jurídico e a Constituição, sobretudo, não são aglomerados caóticos de normas; presumem-se um conjunto harmônico de regras e de princípios: por isso, é impossível negar o impacto da Emenda Constitucional nº 16 sobre o § 7º do art. 14 da Constituição, sob pena de consagrar-se o paradoxo de impor-se ao cônjuge ou parente do causante da inelegibilidade o que a este não se negou: permanecer todo o tempo do mandato, se candidato à reeleição, ou afastar-se seis meses, para concorrer a qualquer outro mandato eletivo. 6. Nesse sentido, a evolução da jurisprudência do TSE, que o STF endossa, abandonando o seu entendimento anterior (STF – RE 344882 – Relator: Min. Sepúlveda Pertence – Julgamento: 07/04/2003)
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DIREITOS POLÍTICOS E PARTIDOS POLÍTICOS
Súmula vinculante número 18: A DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE OU DO VÍNCULO CONJUGAL, NO CURSO DO MANDATO, NÃO AFASTA A INELEGIBILIDADE PREVISTA NO § 7º DO ARTIGO 14 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
Inelegibilidade dos militares: art. 14, parágrafo 8o, CRFB: a) menos de dez anos de serviço: deverá afastar-se da atividade; b) mais de dez anos de serviço: será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.
Outras inelegibilidades: Lei Complementar 64/1990. Exceções: captação ilícita de sufrágio (art. 41-A, Lei 9504/1997), conforme ADI 3592 e a proibição de inauguração de obra três meses antes do pleito (art. 77, Lei 9504/1997), conforme ADI 3305.
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DIREITOS POLÍTICOS E PARTIDOS POLÍTICOS
Privação de direitos políticos: perda (definitiva) ou suspensão (temporária) de direitos políticos.
Perda dos direitos políticos (arts. 15, I e IV, e 12, parágrafo 4o, II, da CRFB):
Cancelamento de naturalização por sentença transitada em julgado: indivíduo volta à condição de estrangeiro;
Recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa. Reaquisição depende da disposição em prestar o serviço alternativo – art. 5o, VIII, CRFB.
Perda da nacionalidade brasileira em virtude da aquisição de outra
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DIREITOS POLÍTICOS E PARTIDOS POLÍTICOS
Suspensão de direitos políticos: (art. 15, II, III e V, e 55, II, e parágrafo 1º, CRFB):
Incapacidade civil absoluta;
Condenação criminal transitada em julgado;
Improbidade administrativa, nos termos do art. 37, parágrafo 4o, CRFB;
Exercício assegurado pela cláusula de reciprocidade (art. 12, parágrafo 1o, CRFB, c/c art. 17.3 do Decreto 3927/2001): brasileiro que estiver, nos termos do Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta com Portugal, exercendo naquele país direitos políticos terá a suspensão destes direitos no Brasil e vice-versa
Violação do decoro parlamentar
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DIREITOS POLÍTICOS E PARTIDOS POLÍTICOS
Servidor público e exercício de mandato eletivo: art. 38, CRFB.
Tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;
Investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar por sua remuneração
Investido no mandato de vereador, havendo compatibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada a norma anteriormente descrita
Tempo de serviço conta para todos os efeitos legais, exceto promoção por merecimento. Para efeito de benefício previdenciário, no caso de afastamento, os valores serão determinados como se no exercício estivesse
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DIREITOS POLÍTICOS E PARTIDOS POLÍTICOS
Partido político: organização de pessoas reunidas em torno de um mesmo programa político com a finalidade de assumir o poder e de mantê-lo ou, ao menos, de influenciar na gestão da coisa pública através de críticas e oposição (Celso Ribeiro Bastos).
Liberdade de organização partidária: art. 17, caput, CRFB. Não é absoluta, deve respeitar a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e observar os seguintes preceitos: a) caráter nacional; b) proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes; c) prestação de contas à Justiça Eleitoral; d) funcionamento parlamentar de acordo com a lei; e) vedação da utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar
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DIREITOS POLÍTICOS E PARTIDOS POLÍTICOS
Assegura-se aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento, devendo constar nos estatutos partidários normas a respeito da fidelidade e disciplina partidárias – art. 17, parágrafo 1º, CRFB.
Partidos políticos são pessoas jurídicas de direito privado e sua constituição consolida-se na forma da lei civil, perante o Registro Civil das Pessoas Jurídicas competente e, uma vez adquirida a personalidade jurídica, formaliza-se o registro de seus estatutos perante o TSE.
Ato do TSE que analisa o pedido de registro partidário não tem caráter jurisdicional, mas, conforme asseverou STF , tem natureza administrativa.
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DIREITOS POLÍTICOS E PARTIDOS POLÍTICOS
Os partidos políticos, uma vez constituídos e com registro perante o TSE tem direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei – art. 17, parágrafo 3º, CRFB – sendo beneficiados pela imunidade tributária prevista no art. 150, VI, c, CRFB.
Direito de antena: utilização gratuita do horário de rádio e televisão pelo partido político.
PARTIDO POLÍTICO - FUNCIONAMENTO PARLAMENTAR - PROPAGANDA PARTIDÁRIA GRATUITA - FUNDO PARTIDÁRIO. Surge conflitante com a Constituição Federal lei que, em face da gradação de votos obtidos por partido político, afasta o funcionamento parlamentar e reduz, substancialmente, o tempo de propaganda partidária gratuita e a participação no rateio do Fundo Partidário (STF – ADI 1351 – Rel. Min. Marco Aurélio – Julgamento: 07/12/2006).
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DIREITOS POLÍTICOS E PARTIDOS POLÍTICOS
STF julgou assim inconstitucional a chamada cláusula de barreira prevista no art. 13 da Lei 9096/1995 – ADI 1351 e ADI 1354, julgadas em 7/12/20076.
Art. 16 da CRFB: A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência. 
O alcance deste dispositivo constitucional foi discutido recentemente em duas ocasiões
pelo STF: na apreciação do alcance da modificação ao art. 17, I, CRFB introduzida pela EC 52/2006 (fim da verticalização) e no julgamento da aplicabilidade ou não da Lei Complementar 135/2010 às eleições 2010 (ficha limpa).
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DIREITOS POLÍTICOS E PARTIDOS POLÍTICOS
"A inovação trazida pela EC 52/2006 conferiu status constitucional à matéria até então integralmente regulamentada por legislação ordinária federal, provocando, assim, a perda da validade de qualquer restrição à plena autonomia das coligações partidárias no plano federal, estadual, distrital e municipal. Todavia, a utilização da nova regra às eleições gerais que se realizarão a menos de sete meses colide com o princípio da anterioridade eleitoral, disposto no art. 16 da CF, que busca evitar a utilização abusiva ou casuística do processo legislativo como instrumento de manipulação e de deformação do <processo> <eleitoral> (ADI 354, Rel. Min. Octavio Gallotti, DJ de 12-2-1993). Enquanto o art. 150, III, b, da CF encerra garantia individual do contribuinte (ADI 939, Rel. Min. Sydney Sanches, DJ de 18-3-1994), o art. 16 representa garantia individual do cidadão-eleitor, detentor originário do poder exercido pelos representantes eleitos e ‘a quem assiste o direito de receber, do Estado, o necessário grau de segurança e de certeza jurídicas contra alterações abruptas das regras inerentes à disputa eleitoral’ (ADI 3.345, Rel. Min. Celso de Mello). Além de o referido princípio conter, em si mesmo, elementos que o caracterizam como uma garantia fundamental oponível até mesmo à atividade do legislador constituinte derivado, nos termos dos arts. 5º, § 2º, e 60, § 4º, IV, a burla ao que contido no art. 16 ainda afronta os direitos individuais da segurança jurídica (CF, art. 5º, caput) e do devido processo legal (CF, art. 5º, LIV). A modificação no texto do art. 16 pela EC 4/1993 em nada alterou seu conteúdo principiológico fundamental. Tratou-se de mero aperfeiçoamento técnico levado a efeito para facilitar a regulamentação do <processo> <eleitoral>. Pedido que se julga procedente para dar interpretação conforme no sentido de que a inovação trazida no art. 1º da EC 52/2006 somente seja aplicada após decorrido um ano da data de sua vigência." (ADI 3.685, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 22-3-2006, Plenário, DJ de 10-8-2006.)
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DIREITOS POLÍTICOS E PARTIDOS POLÍTICOS
“A Lei Complementar 135/2010 – que altera a LC 64/1990, que estabelece, de acordo com o § 9º do art. 14 da CF, casos de inelegibilidade, prazos de cessação e determina outras providências, para incluir hipóteses de inelegibilidade que visam a proteger a probidade administrativa e a moralidade no exercício do mandato – não se aplica às eleições gerais de 2010. (...) Preliminarmente, reconheceu-se a repercussão geral da questão constitucional relativa à incidência da norma vergastada às eleições de 2010, em face do princípio da anterioridade eleitoral (CF, art. 16). (...) No mérito, prevaleceu o voto do Min. Gilmar Mendes, relator. Após fazer breve retrospecto histórico sobre o princípio da anterioridade eleitoral na jurisprudência do STF, reafirmou que tal postulado constituiria uma garantia fundamental do cidadão eleitor, do cidadão candidato e dos partidos políticos e, qualificada como cláusula pétrea, seria oponível, inclusive, em relação ao exercício do poder constituinte derivado. No tocante à LC 135/2010, asseverou a sua interferência em fase específica do <processo> <eleitoral> – fase pré-eleitoral –, a qual se iniciaria com a escolha e a apresentação de candidaturas pelos partidos políticos e encerrar-se-ia até o registro das candidaturas na Justiça Eleitoral. (...) O relator acrescentou que a escolha de candidatos para as eleições seria resultado de um longo e complexo processo em que mescladas diversas forças políticas. Rejeitou, assim, o argumento de que a lei impugnada seria aplicável às eleições de 2010 porque publicada antes das convenções partidárias, data em que se iniciaria o <processo> <eleitoral>. Nesse sentido, ressaltou que o princípio da anterioridade eleitoral funcionaria como garantia constitucional do devido <processo> legal <eleitoral>.” (RE 633.703, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 23-3-2011, Plenário, Informativo 620, com repercussão geral.) Vide: RE 631.102, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 27-10-2010, Plenário, DJE de 20-6-2011.
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DIREITOS POLÍTICOS E PARTIDOS POLÍTICOS
O STF, em 3 e 4 de outubro de 2007, julgando os MS’s 26602, 26603 e 26604, entendeu que a fidelidade partidária é princípio constitucional que deve ser respeitada pelos candidatos eleitos. Teoricamente, aquele que mudar de partido (transferência de legenda) sem motivo justificado perderá o cargo (Pedro Lenza).
Isso porque o STF reconheceu o caráter eminentemente partidário do sistema proporcional e as interrelações entre o eleitor, o partido político e o representante eleito (Pedro Lenza). No caso dos MS’s referidos , o STF os apreciou em relação aos cargos eleitos pelo sistema proporcional.
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DIREITOS POLÍTICOS E PARTIDOS POLÍTICOS
Seguindo o que fora definido pelo TSE na consulta 1398, o STF fixou a data de 27/03/2007 como marco a partir do qual qualquer eleito (pelo sistema proporcional) que mudar de partido, sem justo motivo, está violando as regras da fidelidade partidária.
Posteriormente, no julgamento da Consulta 1407, o TSE entendeu que a fidelidade partidária também se aplica para os cargos majoritários, gerando perda de mandato para o eleito infiel (salvo justa causa). Para estes cargos, o marco temporal delimitado foi a data de 16/10/2007.
O processo de perda de cargo eletivo, bem como a justificação da desfiliação partidária é regulado pela Resolução 226010 do TSE, com redação dada pela Resolução 22733 do TSE.
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DIREITOS POLÍTICOS E PARTIDOS POLÍTICOS
A ação tramitará perante o TSE para pedidos relativos a mandato federal e, nos demais casos, perante o Tribunal Regional Eleitoral de cada Estado.
Segundo a Resolução 22610 de 2007 do TSE, considera-se justa causa para a transferência de legenda por parte do eleito:
Incorporação ou fusão do partido;
Criação de novo partido;
Mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário
Grave discriminação pessoal
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DIREITOS POLÍTICOS E PARTIDOS POLÍTICOS
“Fidelidade partidária. Ação direta de inconstitucionalidade ajuizada contra as Resoluções 22.610/2007 e 22.733/2008, que disciplinam a perda do cargo eletivo e o processo de justificação da desfiliação partidária. Síntese das violações constitucionais arguidas. Alegada contrariedade do art. 2º da Resolução ao art. 121 da Constituição, que ao atribuir a competência para examinar os pedidos de perda de cargo eletivo por infidelidade partidária ao TSE e aos TREs, teria contrariado a reserva de lei complementar para definição das competências de Tribunais, Juízes e Juntas Eleitorais (art. 121 da Constituição). Suposta usurpação de competência do Legislativo e do Executivo para dispor sobre matéria eleitoral (art. 22, I; arts. 48 e 84, IV, da Constituição), em virtude de o art. 1º da Resolução disciplinar de maneira inovadora a perda do cargo eletivo. Por estabelecer normas de caráter processual, como a forma da petição inicial e das provas (art. 3º), o prazo para a resposta e as consequências da revelia (art. 3º, caput e parágrafo único), os requisitos e direitos da defesa (art. 5º), o julgamento antecipado da lide (art. 6º), a disciplina e o ônus da prova (art. 7º, caput e parágrafo único; e art. 8º), a Resolução também teria violado a reserva prevista nos art. 22, I; arts. 48 e 84, IV, da Constituição. Ainda segundo os requerentes, o texto impugnado discrepa da orientação firmada pelo STF nos precedentes que inspiraram a Resolução, no que se refere à atribuição ao Ministério Público eleitoral e ao terceiro interessado para, ante a omissão do Partido Político, postular a perda do cargo eletivo (art. 1º, § 2º). Para eles, a criação de nova atribuição ao MP por resolução dissocia-se
da necessária reserva de lei em sentido estrito (art. 128, § 5º, e art. 129, IX, da Constituição). Por outro lado, o suplente não estaria autorizado a postular, em nome próprio, a aplicação da sanção que assegura a fidelidade partidária, uma vez que o mandato ‘pertenceria’ ao Partido.) Por fim, dizem os requerentes que o ato impugnado invadiu competência legislativa, violando o princípio da separação dos poderes (arts. 2º e 60, §4º, III, da Constituição). O STF, por ocasião do julgamento dos MS 26.602,   MS 26.603 e MS 26.604 reconheceu a existência do dever constitucional de observância do princípio da fidelidade partidária. Ressalva do entendimento então manifestado pelo Ministro Relator. Não faria sentido a Corte reconhecer a existência de um direito constitucional sem prever um instrumento para assegurá-lo. As resoluções impugnadas surgem em contexto excepcional e transitório, tão somente como mecanismos para salvaguardar a observância da fidelidade partidária enquanto o Poder Legislativo, órgão legitimado para resolver as tensões típicas da matéria, não se pronunciar. São constitucionais as Resoluções 22.610/2007 e 22.733/2008 do TSE.” (ADI 3.999 e ADI 4.086, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 12-11-2008, Plenário, DJE de 17-4-2009.)
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DIREITOS POLÍTICOS E PARTIDOS POLÍTICOS
"O reconhecimento da justa causa para transferência de partido político afasta a perda do mandato eletivo por infidelidade partidária. Contudo, ela não transfere ao novo partido o direito de sucessão à vaga." (MS 27.938, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 11-3-2010, Plenário, DJE de 30-4-2010.).
Lei Complementar 135/2010 (ficha limpa): origem em iniciativa popular – altera a LC 64/1990 e regulamenta a expressão “vida pregressa do candidato”, constante do parágrafo 9º do art. 14 da CRFB. STF decidiu que não se aplica às eleições de 2010 por apertada maioria (6x5) e em sede de controle difuso. A inelegibilidade, nos casos de crimes elecandos na lei, decorreria de decisão de órgão judicial colegiado, ainda que não tenha ocorrido o trânsito em julgado.
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DIREITOS POLÍTICOS E PARTIDOS POLÍTICOS
“Moralidade, probidade administrativa e vida pregressa. Inelegibilidade. Registro de candidatura. LC 135/2010. Ficha limpa. Alínea k do § 1º do art. 1º da LC 64/1990. Renúncia ao mandato. Empate. Manutenção do acórdão do TSE. (...) O recurso extraordinário trata da aplicação, às eleições de 2010, da LC 135/2010, que alterou a LC 64/1990 e nela incluiu novas causas de inelegibilidade. Alega-se ofensa ao princípio da anterioridade ou da anualidade eleitoral, disposto no art. 16 da CF. O recurso extraordinário objetiva, ainda, a declaração de inconstitucionalidade da alínea k do § 1º do art. 1º da LC 64/1990, incluída pela LC 135/2010, para que seja deferido o registro de candidatura do recorrente. Alega-se ofensa ao princípio da irretroatividade das leis, da segurança jurídica e da presunção de inocência, bem como contrariedade ao art. 14, § 9º, da Constituição, em razão do alegado desrespeito aos pressupostos que autorizariam a criação de novas hipóteses de inelegibilidade. Verificado o empate no julgamento do recurso, a Corte decidiu aplicar, por analogia, o art. 205, parágrafo único, inciso II, do RISTF, para manter a decisão impugnada, proferida pelo TSE.” (RE 631.102, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 27-10-2010, Plenário, DJE de 20-6-2011.) Vide: RE 633.703, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 23-3-2011, Plenário, Informativo 620, com repercussão geral.
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DIREITOS POLÍTICOS E PARTIDOS POLÍTICOS
“A Lei Complementar 135/2010 – que altera a LC 64/1990, que estabelece, de acordo com o § 9º do art. 14 da CF, casos de inelegibilidade, prazos de cessação e determina outras providências, para incluir hipóteses de inelegibilidade que visam a proteger a probidade administrativa e a moralidade no exercício do mandato – não se aplica às eleições gerais de 2010. (...) Preliminarmente, reconheceu-se a repercussão geral da questão constitucional relativa à incidência da norma vergastada às eleições de 2010, em face do princípio da anterioridade eleitoral (CF, art. 16). (...) No mérito, prevaleceu o voto do Min. Gilmar Mendes, relator. Após fazer breve retrospecto histórico sobre o princípio da anterioridade eleitoral na jurisprudência do STF, reafirmou que tal postulado constituiria uma garantia fundamental do cidadão eleitor, do cidadão candidato e dos partidos políticos e, qualificada como cláusula pétrea, seria oponível, inclusive, em relação ao exercício do poder constituinte derivado. No tocante à LC 135/2010, asseverou a sua interferência em fase específica do <processo> <eleitoral> – fase pré-eleitoral –, a qual se iniciaria com a escolha e a apresentação de candidaturas pelos partidos políticos e encerrar-se-ia até o registro das candidaturas na Justiça Eleitoral. (...) O relator acrescentou que a escolha de candidatos para as eleições seria resultado de um longo e complexo processo em que mescladas diversas forças políticas. Rejeitou, assim, o argumento de que a lei impugnada seria aplicável às eleições de 2010 porque publicada antes das convenções partidárias, data em que se iniciaria o <processo> <eleitoral>. Nesse sentido, ressaltou que o princípio da anterioridade eleitoral funcionaria como garantia constitucional do devido <processo> legal <eleitoral>.” (RE 633.703, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 23-3-2011, Plenário, Informativo 620, com repercussão geral.) Vide: RE 631.102, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 27-10-2010, Plenário, DJE de 20-6-2011.

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