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Regimes de Governo 
Organizado por maria conceição bezerra
Regimes de Governo
Estudo da estrutura e das instituições utilizadas pelo Estado a fim de determinar a forma como o poder político será exercido, enfocando mais precisamente os contornos que se dão na relação entre aqueles que exercem o poder e os demais membros do grupo social.
CAPÍTULO 11
11.1 - O regime democrático
11.1.1 - A democracia dos antigos e a democracia dos modernos
11.1.2 - A democracia: em busca de critérios definidores
11.2 - Os regimes autocráticos 
11.2.1 - Os regimes autoritários
11.2.2 - Os regimes totalitários
11.2.2.1 - O Fascismo
11.2.2.2 - O Nazismo
11.2.2.3 - O Stalinismo
11.3 - O Socialismo e o Comunismo
"Acho que em qualquer época eu teria amado a liberdade; mas na época em que vivemos, sinto-me propenso a idolatrá-la"
 (Tocqueville)
“Democracia é o poder do povo, pelo
povo e para o povo”
(Abraham Lincoln)
O regime democrático
Uma forma de organização política na qual o poder é exercido com a participação popular. 
Regime democrático vem sendo desenvolvido há 2.500 anos.
 “democracia” encontra sua origem nas palavras gregas demos (povo) e kratos (poder) “governo do povo”
Grécia Atenas (Séc. VI e IV a.C)
Roma (res publica ou coisa pública- Séc. VI e I a.C)
O processo histórico de construção da democracia não ocorreu de forma contínua.
Segundo James Madison (1751-1836), uma democracia pura seria quando em sociedades pequenas, os cidadãos se reuniriam e administrariam o governo pessoalmente, enquanto na república se governaria por um sistema de representação.
A efetiva ascensão das ideias e práticas políticas relacionadas à participação popular nas decisões políticas dos Estados se reergueu no século XVIII, conformando aquilo que denominamos “democracia representativa”.
A Democracia dos Antigos
“Democracia dos antigos” modelo inspirado na Grécia Antiga, na democracia ateniense.
Democracia direta praticada pelos cidadãos;
Cidadãos eram só os homens maiores de 21 anos. Escravos, estrangeiros e mulheres não tinham direitos de cidadania;
O órgão que elaborava os projetos públicos era o Conselho dos Quinhentos, composto de 500 cidadãos sorteados todo ano;
Apenas os que dominavam técnicas retóricas conseguiam manifestar-se para expor em praça pública (a ágora).
A Democracia dos Modernos
“Democracia dos modernos”, que se fundamenta em sistema de controle e limitação, com base na transmissão representativa do poder do povo a seus representantes, que passam a exercer mandatos políticos. Ou seja, elegem-se representantes e as manifestações destes representam a vontade da cidadania.
Democracia representativa.
Benjamin Constant, em 1819 - Conferência sobre a liberdade dos Antigos comparada a dos Modernos
Conceito de liberdade individual
Refuta Rousseau que retoma a tradição clássica da liberdade dos antigos; 
Constant “A condição da espécie humana, precisamente a organização social de um povo deseja um sistema político autorizado pelo seu tempo. A liberdade moderna é mais adequada ao momento histórico”.
“A liberdade do indivíduo fazer o que bem quer, sem a intervenção do Estado, supondo a existência de um governo representativo”;
“É o direito de se submeter senão as leis, de não ser preso nem detido, nem maltratado, nem condenado pelo efeito da vontade arbitrária de um ou de vários indivíduos”. 
Defende a igualdade jurídica e a liberdade como escudo protetor outra o poder arbitrário.
Benjamin Constant : Público x Privado
Antigos: a liberdade é política, porque a supremacia do público domina o privado.
Modernos: o indivíduo moderno tem o desejo da independência do “direito” a liberdade individual = valorização do privado e do campo jurídico determinada pelo indivíduo.
A relação entre extensão territorial e dimensão política (os antigos se reuniam em cidades pequenas e os belicosos faziam do combate um ofício)
A escravidão e o tempo livre ( a mão-de-obra para produzir artefatos era dos acorrentados)
Os encargos sociais e a ociosidade ( sem escravos Atenas não teria podido deliberar em praça pública)
O comércio independente e a intervenção do Governo (o comércio inspira os homens um forte amor pela liberdade individual)
Benjamin Constant : os Modernos
Homens organizados em Estados vastos diversificaram a sociabilidade, pela paz;
 Os Modernos não fazem a guerra, fazem o comércio, que também é uma forma de conquistar o que deseja, mas não com violência “a guerra é um impulso, o comércio é o cálculo”;
Os Modernos, com a abolição da escravatura, precisam usar o tempo para o trabalho.
Antigos
Indivíduos-Participação ativa na vida política, porém escravos nas suas relações privadas;
Intervenção governamental no âmbito doméstico, vigilância completa, sujeição.
Território de pouca extensão;
Atmosfera hostil e belicosa, conflito quase constante
Comércio limitado por geografia e outros 
Abundância de escravos e profissões mecânicas
Modernos
Indivíduos- independentes em assuntos privados; gozam de liberdades individuais;
Soberania política limitada por travas e precauções;
Tendência uniforme da paz;
Comércio objeto único e universal visto como alternativa à guerra, mais produtivo;
Busca-se o conforto, o descanso e a abolição da escravatura.
ANTIGOS
A liberdade era o poder de influenciar diretamente os rumos do Estado através da política e deliberar sobre a guerra e paz, aliança com estrangeiro, votar leis, sentenças, examinar contas públicas;
Livre para participar da vida pública, não incluía a liberdade civil. O cidadão era submetido ao interesse da coletividade. Nada restava à independência individual, no campo das opiniões, profissão, religião;
Reduzido numero de homens livres, que deixava à margem os escravos e mulheres.
MODERNOS
O que resta aos modernos é regular a liberdade individual;
Nossa liberdade deve compor-se ao exército pacífico da independência privada;
A segurança dos privilégios privados:
 – desejo de um sistema político que os beneficie;
 – liberdade na instância privada e civil
 – inviolabilidade da propriedade privada, da liberdade religiosa, de imprensa e sobretudo, da liberdade individual.
A democracia não pode ser definida simplesmente como “regra da maioria”. 
A complexidade das sociedades contemporâneas exige que os sistemas políticos democráticos, apresentem regras e princípios que determinem um ambiente próprio para aferição da vontade dos cidadãos, respeitados, obrigatoriamente: a liberdade e a igualdade.
Para externar livremente suas posições, todos os membros deverão ser considerados politicamente iguais e tratados como se igualmente qualificados para participar do processo de decisões sobre as políticas. 
(Robert Dahl)
Critérios que garantam a todos os membros igual tratamento nos processos de deliberação política:
Participação efetiva
Igualdade de voto
Entendimento esclarecido
Controle do programa de planejamento
Inclusão do maior número de participantes
 
Poliarquia conceito que surgiu na ciência política americana, criado por Robert Dahl para designar a forma e o modo como funcionam os regimes democráticos dos países ocidentais desenvolvidos (ou industrializados) 
Vai estabelecer "graus de democratização" e avaliar e comparar os regimes políticos. 
As categorias de análise se referem a "participação política" e "competição política". 
A participação política envolve a inclusão da maioria da população no processo de escolha dos líderes e governantes;
A competição política envolve a disputa pelo poder político que pode levar ao governo.
Quanto maior a inclusão dos cidadãos no processo de escolha dos líderes e governantes (extensão do direito de voto) e quanto mais grupos dentro de uma sociedade competirem pelo poder político, mais democrática é essa sociedade.... 
hegemonias fechadas: regimes em que a disputa pelo poder é baixa e a participação política é
limitada;
hegemonias inclusivas: regimes em que a disputa pelo poder é baixa, mas a participação política é mais extensa;
oligarquias competitivas: regimes em que a disputa pelo poder é alta, mas a participação política é limitada; 
poliarquias: regimes em que a disputa pelo poder é alta e a participação política é ampla.
 
O mínimo institucional se orienta para as garantias institucionais (DAHL, 1971), as quais incluem as leis eleitorais, como também a liberdade de organização e comunicação. 
O processo democrático não culmina com a formulação de decisões, mas com sua aplicação, com “um governo efetivo”. A responsividade em relação às preferências do demos deve ser expressa no resultado do sistema.
As dimensões e princípios da democracia encontram sua expressão plena nas formas institucionais. 
A poliarquia é o mais eficaz regime político, dado que: 
1) garante as liberdades individuais;
2) permite a canalização das preferências políticas de todos os estratos sociais; 
3) facilita a participação e acesso às decisões governamentais; 
4) multiplica as opções da vida política; e
5) demonstra a menor violência entre todos os arranjos do poder. 
Dahl enumera as oito condições das poliarquias: 
1) a liberdade para formar e se filiar a organizações; 
2) liberdade de expressão; 
3) o direito ao voto;
4) a elegibilidade; 
5) a competição política pela preferência dos eleitores; 
6) o acesso à informação;
7) as eleições livres e justas; e 
8) as instituições governamentais que elaboram políticas de acordo com as preferências dos eleitores.
A democracia que hoje praticamos
É uma democracia de cunho liberal (que tem por característica uma atuação fraca do Estado no círculo da esfera privada) 
Este tipo de configuração democrática (por representação) permite grandes debates sobre os temas, e possui a vantagem de possibilitar que as propostas vencedoras, tenha que estabelecer algumas concessões a argumentos capitaneados por grupos perdedores.
É que o direito ao dissenso, ou seja, o direito de se opor ao pensamento majoritário na sociedade é uma prerrogativa das minorias e um pressuposto do regime democrático. Ora, sendo a política por muitos definida como uma arte de negociação a fim de compatibilizar interesses, é a partir deste dissenso (próprio das sociedades plurais) que se busca por sua autoridade.
DEMOCRACIA MAIS PARTICIPATIVA
 Audiências públicas- os poderes Executivo e Legislativo ou o Ministério Público podem expor um tema e debater com a população sobre a formulação de uma política pública, a elaboração de um projeto de Lei ou a realização de empreendimento que pode gerar impactos à sociedade.
Amici Curiae ou "Amigo da Corte". Intervenção assistencial em processos de controle de constitucionalidade por parte de entidades que tenham representatividade a para se manifestar nos autos sobre questão de controvérsia constitucional, auxiliando os juízes a entender as diversas posições presentes nos chamados casos difíceis
. 
Ciberdemocracia; 
Portal da Transparência; 
Projeto de lei de iniciativa popular: reunir assinaturas de pelo menos 1% do eleitorado nacional, localizado em pelo menos cinco estados brasileiros cerca de 1,3 milhão de assinaturas em todo o País;
Plebiscito: a população é convocada a opinar sobre o assunto em debate antes que qualquer medida tenha sido adotada, fazendo com que a opinião popular seja base para elaboração de lei posterior;
Referendo: o Congresso discute e aprova inicialmente uma lei e então os cidadãos são convocados a dizer se são contra ou favoráveis à nova legislação. Ex: Estatuto do Desarmamento 2005 que proibia a venda de armas e munições no País.
Os regimes políticos Autocráticos
Regimes no quais o poder está concentrado nas mãos de um único detentor seja um homem ou um grupo dirigente, que monopoliza o exercício do poder político. 
O exercício do poder não foi delegado ao seu detentor por qualquer via de representação democrática.
A subordinação de todas as funções estatais ao poder central é da essência do regime.
O poder é exercido sem maiores limitações, já que a autoridade do dominador possui poucas barreiras institucionais que o impeçam de agir. 
No caso de existência de conflito, não há uma terceira parte para a qual o apelo gere qualquer eficácia contra o ato arbitrário. 
Nestes regimes, os cidadãos não possuem direito de controlar os atos do poder, e não possuem meios para afastar os dominadores. 
O regime é regido pela ordem e a obediência.
Sugestões de Leitura:
BOBBIO, Norberto de. O futuro da democracia; uma defesa das regras do jogo. tradução de Marco Aurélio Nogueira. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986.
CÂMARA, Alexandre Freitas. A intervenção do amicus curiae no Novo CPC. Disponível em: http://genjuridico.com.br/2015/10/23/a-intervencao-do-amicus-curiae-no-novo-cpc/. Acesso em: 23 jul. 2017.
DAHL, Robert. Sobre a democracia. Brasília-DF: Unb, 2016.

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