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Relatório do Documentário Chico Mendes O Preço da Floresta

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RELATÓRIO DO DOCUMENTÁRIO
“CHICO MENDES: O PREÇO DA FLORESTA”
O Documentário explora o legado de Chico Mendes, seringueiro, sindicalista e ativista ambiental brasileiro, que foi assassinado em resultado de sua luta para salvar a floresta amazônica, mas seus ideais mantém a floresta em pé.
A floresta amazônica é a maior floresta equatorial do planeta com quase cinco milhões de Km2, onde se esconde enormes riquezas, sendo a borracha a primeira a ser explorada. A atenção do mundo voltou-se para Amazônia no final do século XIX, quando foi descoberto os mais diferentes uso para a borracha. No entanto, era preciso povoar a floresta para extrair o látex das árvores. O “ouro branco” atraiu muitas pessoas do nordeste do país.
O Acre se tornou um dos principais produtores de látex. Todavia, em 1876, houve um dos primeiros casos de biopirataria, quando ingleses levaram seringueiras brasileiras para a Ásia, e em 1910, a borracha asiática chegava ao mercado com preços baixos, fazendo com que os preços do látex brasileiro desabassem.
Os seringueiros eram explorados pelos patrões e isolados no meio da mata, viviam quase como escravos.
Chico Mendes nasceu no dia 15 de dezembro de 1944, em Xapuri, no Acre. Chico se tornou seringueiro como seu pai.
Não existiam escolas no meio da mata e os patrões não tinham a menor intenção de implantá-las. Mas com a chegada de um revolucionário comunista chamado Euclides Távora, a vida do menino Chico mudaria o rumo da história. Todas as vezes que Euclides ia à casa de Chico conversar com seu pai, ele sempre ficava por perto prestando atenção nas conversas, até que o revolucionário Euclides se tornou seu alfabetizador, e desde então a floresta nunca mais seria a mesma.
Atualmente, o Acre é o 4° estado menos desmatado. Cerca de 85% de sua floresta continua preservada. Já o estado de Rondônia tem 45% de sua floresta destruída.
Após do golpe militar de 1964, abriram-se estradas, surgindo o latifúndio e conflitos pela posse das terras. 
Nas décadas de 60 e 70, com a pressão para devastar a floresta, fazendeiros vindos do Sul começaram a tomar conta do Acre. Com uma visão totalmente oposta dos seringueiros que dependiam da floresta para sobreviver, a Amazônia deveria ser povoada com milhões de cabeça de gado e para isso era preciso eliminar as árvores.
Os títulos eram vendidos como se fossem apenas florestas, sem se preocupar que dentro delas viviam os seringueiros. Desse modo, muitos seringueiros e suas famílias foram expulsos, e aqueles que resistiam eram mortos.
Chico Mendes estava disposto a enfrentar essa batalha contra os fazendeiros para defender a floresta. Percebendo que sozinhos não conseguiam resistir os fazendeiros, Chico e seus companheiros criaram um movimento no meio da floresta chamado “empate”. Esse movimento era organizado em mutirões, iam a lugares onde estava sendo desmatado, e através de diálogos acabavam vencendo os trabalhadores que desmatavam. O acordo era selado com aperto de mãos, e Chico e seus companheiros começaram a fazer a diferença.
De empate em empate, começaram a se organizar, sendo a igreja católica a primeira instituição a apoiá-los. 
Em 1975, os seringueiros criaram o primeiro sindicato de trabalhadores rurais na cidade de Brasiléia, tendo como presidente o Sr. Wilson Pinheiros, homem íntegro e valente, que por não se vender acabou sendo morto.
Chico Mendes não se intimidou e se tornou presidente do sindicato de Xapuri, cidade vizinha de Brasiléia. Foi nessa época que a antropóloga Mary Allegretti retornou para a região e foi convidada por Chico Mendes a conhecer o outro lado da história que não havia estudado. A história dos “seringueiros libertos”.
Chico começou a organizar a cooperativa para lutar por um preço melhor para o látex. Mas para que pudessem ter mais êxito, era preciso a alfabetização dos seringueiros. Surgindo o “Projeto Seringueiro”, que levava a escola para dentro da floresta, onde a antropóloga Mary Allegretti se tornou professora da 1ª turma, juntamente com outro seringueiro Raimundo Mendes que continua ativo no sindicalismo até os dias atuais. Os alunos eram alfabetizados com uma cartilha de nome “Poronga”, o mesmo nome da lanterna usada na cabeça pelos seringueiros para iluminar o caminho de quem ia estudar. Para Chico Mendes, a educação era um meio de libertar os seringueiros, garantindo um mundo mais justo.
Para muitos filhos de seringueiros, o Projeto Seringueiro foi o primeiro passo para se conseguir entrar numa faculdade.
Na década de 80, Chico era uma voz solitária. Suas ideias iam contra as propostas de desenvolvimento do governo e negócio lucrativo dos fazendeiros, aumentando cada vez mais seus inimigos.
Em 1980, fundava-se o partido que mudaria o cenário politico brasileiro, e na Amazônia a guerra já estava declarada. Chico foi acusado de incitar a violência ao participar de um protesto depois da morte do sindicalista Wilson Pinheiro juntamente com o metalúrgico Lula. 
Em busca de suporte político Chico Mendes ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores no Acre. Em 1986 Chico tenta se eleger a deputado estadual ao lado de Marina Silva, que em 2002, se tornou Ministra do Meio Ambiente quando Luiz Inácio Lula da Silva se tornou Presidente do Brasil.
Chico Mendes ficou cada vez mais conhecido por sua luta ao lado dos seringueiros atingindo proporções nacionais e internacionais e com forte liderança entre os fazendeiros, sua cabeça fica a prêmio, visto desagradar diretamente a fazendeiros e madeireiros.
Seringueiros de todo o país se reúnem em Brasília. É o nascimento de uma proposta inovadora que mostra para o mundo como preservação e desenvolvimento podem caminhar juntos, porém surge mais uma ameaça chega aos seringueiros, uma estrada que prometem desenvolvimento, mas trará destruição para a floresta. 
Em 1985, seringueiros de toda a Amazônia reúnem em Brasília pela primeira vez, onde consolidou o conceito de uma “reserva extrativista”, que iria marcar a vida de Chico Mendes. As reservas seriam florestas protegidas onde os seringueiros tirariam o seu sustento, que pertencessem ao Estado e que os seringueiros tivessem concessão, surgindo a ideia de que para preservar a floresta era preciso deixá-la intocada.
Em 1987, discursou na reunião do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em Miami, nos Estados Unidos, onde denunciou a devastação florestal e pediu o fim do financiamento para a construção da BR – 364, que atravessaria Rio Branco/Acre a Porto Velho/RO, que resultaria em mais desmatamento e, consequentemente, a retirada de mais famílias da mata. A rodovia seria utilizada para escoar a produção da Amazônia e Centro-Oeste para o Oceano Pacífico, em um porto no Peru. Foi também a Washington onde deixou uma carta para o presidente do banco. O BID decidiu suspender o financiamento e exigiu do governo brasileiro um relatório sobre o impacto ambiental na região.
Por conta desta ação, Chico Mendes foi o primeiro brasileiro a receber Prêmio Global 500 da ONU pela proteção ao meio ambiente.
Chico conquista aliados no Brasil e no mundo, porém em Xapuri o perigo se tornava eminente. Em 1988 a tensão no Acre se torna esgotante para todos. As grandes fazendas tomam conta da região. Nesse mesmo ano foi decretado a desapropriação de terras para criar um projeto agroextrativista. A área escolhida foi o seringal cachoeira, lar da família de Chico Mendes até os dias atuais. Os pecuaristas ficaram indignados, em especial Darly Alves que teve parte de suas terras desapropriada. E então as ameaças começaram a se tornar real. A primeira vítima foi Ivair Higino, em junho de 1988 com oito tiros, e o julgamento aconteceu após prescrição do crime, fato que deixou o acusado Oloci Alves, filho de Darly em liberdade. 
Nos últimos meses o cuidado de Chico aumentou, pois sabia que pecuaristas tinham colocado sua cabeça a prêmio. Não dormia duas noites na mesma casa. Porém, na noite de 22 de dezembro de 1988, uma semana após completar 44 anos de idade, Chico Mendes foi alvejado por um tiro de escopeta no peito,na porta de sua casa, em Xapuri, Acre, enquanto saía para tomar banho, pois o banheiro ficava na área externa da casa. Os dois guarda costas responsáveis por cuidar da sua segurança, da polícia militar, estavam desarmados e jogavam dominó dentro da casa e fugiram correndo ao escutar o disparo. A tocaia foi armada pelo fazendeiro Darly Alves e executada por seu filho, Darcy, junto de outro pistoleiro.
Chico Mendes foi morto por representar um empecilho ao pensamento atrasado dos latifundiários pecuaristas e dos madeireiros. Muitas de suas ideias à frente de seu tempo, hoje são realidade, como o desenvolvimento e manejo sustentável de madeira da Amazônia, as cooperativas que agregam valor a produtos da floresta. Hoje graças a Chico, inúmeras reservas extrativistas foram criadas no Brasil.
Três anos depois de sua morte, em 1991, Darly Alves e seu filho, Darci, foram julgados e condenados a 19 anos de prisão pela morte do sindicalista. Darly, condenado por dois outros crimes ainda se encontra preso, Darcy cumpre liberdade condicional e trabalha numa fazenda do pai.
Chico pagou o preço da floresta, mas, infelizmente, a mesma espécie de fazendeiros que o assassinaram ainda perpetuam o sistema coronelista no Acre e em outros estados amazônicos, promovendo o trabalho escravo aos rurícolas, a expulsão de famílias inteiras do campo, o desmatamento desenfreado.
Em 1990, o presidente José Sarney assinou decreto criando as quatro primeiras reservas extrativistas, sendo a maior a Chico Mendes, com área de quase um milhão de hectares. Hoje, existem 55 reservas extrativistas no Brasil, somadas tem uma área superior a de Portugal. Em 2008, o látex brasileiro voltou a ficar em alta e foi instalada uma fábrica de preservativos na região, gerando renda para 500 famílias de seringueiros. Chamados de guerrilheiros, os seringueiros venceram essa “guerra” sem pegar em armas. Atualmente, até mesmo os madeireiros entendem que o manejo florestal e a preservação da floresta servem ao seu negócio e comungam esta iniciativa com os povos da floresta.
"Documentário exibido no canal Discovery Brasil, explora o legado de Chico Mendes, o seringueiro, sindicalista e ativista ambiental brasileiro, assassinado em resultado de sua luta para salvar a floresta amazónica." 
Veiculado no ano de 2010.
FICHA TÉCNICA
Produção: DISCOVERY CHANEL LATIN AMERICA
Direção: RODRIGO ASTIZ
Roteiro: EDUARDO ACQUARONA
	 PAULA KNUDSEN

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