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1 Ética, Sociedade e Observatório Social do Brasil 1º semestre / 2017 2 PRÓ-REITORIA DE ENSINO COLETÂNEA FORMAÇÃO SOCIOCULTURAL E ÉTICA Ensino Presencial (1º semestre) EAD (MÓDULO 51) Organizadoras Cristina Herold Constantino Débora Azevedo Malentachi Colaboradores Fabiana Sesmilo de Camargo Caetano Rogerio Borgo Direção Geral Pró-Reitor Valdecir Antônio Simão 3 Sumário Apresentação...................................................................................................................................................... 04 Considerações Iniciais...................................................................................................................................... 05 Visão e benefícios da leitura............................................................................................................................... 06 Desfazendo crenças limitadoras......................................................................................................................... 07 Textos Selecionados......................................................................................................................................... 09 A ética e a moral na sociedade moderna............................................................................................................ 09 Filosofia, Ética e Sociedade................................................................................................................................ 10 Observatório Social do Brasil.............................................................................................................................. 15 OSB faz um balanço do último ano e prevê novidades para 2017..................................................................... 17 Conceituando educação fiscal............................................................................................................................ 22 Vencedores do Prêmio Nacional de Educação Fiscal 2016............................................................................... 22 Vídeo: Educação Fiscal e Cidadania – Tributos: que história é essa?............................................................... 25 A rede de cidadãos voluntários que fiscaliza prefeitos e vereadores................................................................. 26 ONGs usam tecnologia para combater desvio de recursos públicos.................................................................. 28 Conscientização em nome da cidadania............................................................................................................. 31 Refugiados, clima, poluição e Donald Trump....................................................................................................... 34 A experiência do ócio na sociedade hipermoderna............................................................................................ 36 Saiba mais: Os tempos hipermodernos de Gilles Lipovetsky............................................................................. 42 Cinco reflexões básicas esquecidas pela sociedade hipermoderna................................................................... 43 Os direitos do homem na sociedade atual.......................................................................................................... 45 Relações étnico-raciais, educação e exploração capitalista no Brasil................................................................ 49 A luz de Luiz........................................................................................................................................................ 52 Vídeo: Biografia dramatizada.............................................................................................................................. 53 Vídeo: Os africanos – Raízes do Brasil............................................................................................................... 53 Há uma luta pela vida na aldeia Takuara............................................................................................................ 54 Vídeo: Os indígenas – Raízes do Brasil.............................................................................................................. 58 A democratização da violência no Espírito Santo............................................................................................... 59 O caos ético e moral de uma sociedade sem polícia.......................................................................................... 60 Saiba mais: A falta de ética na sociedade brasileira contemporânea................................................................. 60 Por uma segunda chance.................................................................................................................................... 60 758 milhões de adultos não conseguiam ler ou escrever uma frase simples em 2015....................................... 66 “Educar é apresentar a vida e não dizer como viver”......................................................................................... 67 Músicas................................................................................................................................................................ 71 Filme.................................................................................................................................................................... 74 Charges............................................................................................................................................................... 76 Livro...................................................................................................................................................................... 79 Considerações Finais........................................................................................................................................ 81 4 Apresentação A Formação Sociocultural e Ética (FSCE) compõe um dos Projetos de Ação da UniCesumar, cujo principal objetivo é aperfeiçoar habilidades e estratégias de leitura fundamentais para seu desempenho pessoal, acadêmico e profissional. Nesse sentido, esta disciplina corresponde à missão institucional, a qual consiste em “Promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária”. Conforme slogan da FSCE, “Quem sabe mais faz a diferença!”, o conhecimento adquirido por meio da leitura é a mola propulsora capaz de formar e transformar sujeitos passivos em cidadãos ativos, preparados para fazer a diferença na sociedade como um todo! Na FSCE, você terá contato com vários assuntos e fatos que ocorrem na sociedade atual e que devem fazer parte do repertório de conhecimentos de todos os que buscam compreender criticamente seu entorno social, nacional e internacional. Em síntese, no intuito de atender ao objetivo desta disciplina, a FSCE está dividida em cinco grandes eixos temáticos: Ética e Sociedade, Ética, Política e Economia, Ética, Cultura e Arte – Ética, Ciência e Tecnologia – Ética e Meio Ambiente, sendo que nos dois primeiros eixos estão incluídos temas complementares e pertinentes propostos pelo Observatório Social do Brasil. Este material, também chamado de Coletânea, é o principal instrumento de estudo da FSCE. Recebe o nome de Coletânea porque reúne vários gêneros textuais criteriosamente selecionados para estimular sua reflexão e análise pontuais. Textos retirados de diferentes fontes, com a finalidadede abordar recortes temáticos relacionados aos conteúdos de cada eixo supracitado. Tem como principal objetivo ser um material de apoio à sua formação geral, servindo-lhe de estímulo à leitura, interpretação e produção textual. Uma Coletânea como esta é organizada a cada duas semanas, ou seja, a realização completa desta disciplina ocorre no período de 10 semanas. Cada Coletânea apresenta-se, inicialmente, com uma introdução, seguida por aspectos relacionados à leitura, interpretação e/ou escrita, os quais antecedem a apresentação dos diversos textos referentes aos respectivos eixos. A sequência de textos normalmente é finalizada com os gêneros música, poesia ou frases e charges, sendo finalmente concluída com breves considerações finais. Você tem em suas mãos, portanto, uma compilação por meio da qual terá acesso a um conteúdo seleto de textos basilares para sua reflexão, aprendizagem e construção de conhecimentos valiosos. Textos compostos por fatos, notícias, ideias, argumentos, aspectos veiculados nos principais meios de comunicação do país, links de acesso a entrevistas, depoimentos, vídeos relacionados ao eixo temático, além de respaldos teóricos e práticos acerca da linguagem que poderão servir como suporte à sua vida em todas as instâncias. Também, importa lembrar que a organização deste e demais materiais da FSCE não pressupõe qualquer tendência político-partidária e/ou apologia a qualquer grupo religioso em detrimento de outros, sendo que estamos disponíveis ao recebimento de indicações de textos, sites, tanto quanto às sugestões de conteúdos relacionados aos referidos eixos. Faça, portanto, da FSCE sua porta de entrada para a aquisição de novos conhecimentos. E lembre-se: Ler é pensar! Vista a camisa do conhecimento e seja MAIS! Organizadoras 5 Considerações Iniciais Primeiramente, queremos dizer que você é muito bem-vindo à disciplina de Formação Sociocultural e Ética que inaugura o ano de 2017 com o eixo Ética, Sociedade e Observatório Social do Brasil. E cá entre nós, nada mais oportuno do que pararmos para refletir sobre a sociedade, como ela tem sido vista, ações que a tem caracterizado, quais as possíveis causas e consequências dos principais fatos e acontecimentos que refletem, hoje, a sociedade atual. Na verdade, como de costume, o nosso intuito com este material é promover a reflexão, levá-lo a uma análise crítica, primeiramente, acerca das informações trazidas, mas também acerca de você mesmo, do seu papel como parte integrante e responsável como pessoa, cidadão, acadêmico e futuro profissional nesta sociedade. Talvez, muitas das informações trazidas não sejam novidades, contudo, desafiamos você a fazer deste momento uma oportunidade para uma nova leitura, um novo olhar... Os fatos sociais nos têm mostrado que é necessário um novo e diferente olhar, talvez, primeiramente, para nós mesmos como pessoa e parte de um núcleo maior que somos. Talvez, questionando-nos acerca de quem somos nesta sociedade. Qual nosso papel na sociedade? O que queremos desta sociedade? O que esperamos dela? O que esperamos de nós como parte desta sociedade? E, talvez, qual o nosso compromisso em fazer diferente para fazermos a diferença nesta sociedade? Como vimos, são muitas as perguntas e algumas poucas respostas ou encaminhamentos, sendo que este material e este eixo podem ser uma primeira e pequena oportunidade para o início de uma mudança de pensamento e de atitude. Esperamos contribuir para que este seja efetivamente um momento de reflexão e análise dos fatos e que todas as inquietações lhe façam entender que você é o principal canal para a mudança de pensamento, de intenções, de ações, a fim de que estes venham a ser sonhos possíveis, realizáveis por uma geração que pensa, reflete e age, ainda que na contracultura de uma sociedade hoje posta como inativa e corrupta, mas que tem o poder de transformar a realidade social em que reine a justiça, a esperança, o respeito e a ética. Boa leitura! Organizadoras 6 Visão e benefícios da leitura Nossa visão acerca das coisas influencia o nosso comportamento e, por extensão, nosso sucesso frente a elas. E a partir do momento que temos consciência acerca dos seus benefícios, maiores as chances de desenvolvermos a visão certa. Como está a sua visão sobre leitura? Antes de dar o próximo passo, é preciso que você se autoavalie enquanto leitor e que avalie a sua visão acerca da leitura. Por que a leitura é importante para você? Você tem consciência dos benefícios que a leitura pode proporcionar a você? Queremos ajudá-lo a desenvolver a sua visão acerca da leitura mostrando-lhe apenas três de seus poderosos benefícios: 1. a leitura é a melhor fonte de conteúdo para a escrita: quanto mais leituras realizadas de modo crítico e consciente, mais você terá O QUE dizer nos textos que produz. Lembre-se sempre: antes de se tornar um bom produtor de textos, é preciso se tornar um ótimo leitor. E o mais importante não é a quantidade das suas leituras, mas a qualidade! Leituras com qualidade são aquelas nas quais aplicamos técnicas e estratégias adequadas para compreensão e interpretação de textos. 2. a leitura constitui-se como modelo para a produção escrita: além de lhe proporcionar conteúdo (o que dizer) na produção escrita, a leitura lhe possibilita o conhecimento de COMO colocar no papel o que você deseja dizer nos textos que produz. A partir da leitura você conhece diferentes autores, com estilos de escrita peculiares, e você pode começar as suas produções imitando os autores de que mais gosta, com os quais mais se identifica. Se queremos nos tornar grandes, imitamos os grandes! 3. a leitura abre as portas da superação pessoal e profissional: quanto mais você lê e atribui qualidade às suas leituras, mais conhecimentos gerais terá e mais preparado estará para alcançar lugar de destaque nos concursos e entrevistas de emprego. A prática da leitura consciente lhe dará capacidade para interpretar qualquer texto, falar e escrever sobre quaisquer assuntos que lhe forem propostos nas provas. Além de tudo isso, a leitura nos proporciona conteúdo para a vida. Viu como são infinitas as possibilidades de aprendizagem e de transformação de vida a partir das leituras que realizamos? Consciente dos benefícios da leitura, faz-se necessário, ainda, desfazer algumas das crenças limitadoras que podem podar o nosso crescimento enquanto leitores. 7 Desfazendo crenças limitadoras No próximo material da FSCE, trataremos sobre as principais estratégias de leitura fundamentais para a compreensão e interpretação de textos. Entretanto, antes de estudarmos tais estratégias, é preciso desfazer duas crenças que talvez sejam as pedras no meio do seu caminho, os empecilhos que podem travar os seus estudos, o seu desempenho acadêmico e o seu crescimento enquanto leitor, impedindo que você desenvolva as habilidades necessárias para o seu sucesso pessoal e profissional. Se você tiver em mente alguma destas crenças limitadoras, comece agora mesmo a mudar seus pensamentos para mudar o seu comportamento frente às leituras e experimentar uma transformação digna de alguém disposto a enxergar além das superficialidades... 1. Não gosto de ler! A leitura é um hábito que adquirimos desde a infância. Alguns vivenciam a leitura em casa, outros apenas nas carteiras escolares. Em algum momento na vida, você já gostou de ler, porque não era obrigado a fazer isso. Podia ler o que mais gostava. Ou não podia, porque eraproibido. Mas, por ser proibido, você gostava ainda mais. A leitura de gibis, por exemplo, foi proibida nas escolas durante certo período de tempo, décadas atrás. Se você tem essa crença limitadora, pense da seguinte forma: “Como posso não gostar de algo que simplesmente pode abrir horizontes inimagináveis para mim?” Gostar de ler é um bom hábito. Não gostar é um mau hábito. Decida acabar com o mau hábito e comece a desenvolver o bom. E isto se faz com atitude, prática e persistência. Decida pelo que fará bem a você! Comece lendo o que mais gosta, sobre os assuntos que mais chamam a sua atenção. Leia tudo o que pode. Leia com os olhos, com a razão e o coração. E não se preocupe em entender tudo o que lê. Abaixe a ansiedade para desbloquear seu poder de compreensão. Apenas persista, pois, com a prática, a compreensão virá com mais naturalidade. 2. Não entendo nada do que leio! Como já declaramos acima, é preciso persistência. Ao aprender determinadas técnicas e estratégias de leitura o texto monstruoso se transformará apenas no que ele é de fato: um texto cujos significados podem ser inteligíveis, compreensíveis, construídos. Quem nunca terminou de ler um texto e teve que admitir não fazer ideia do que acabou de ler que atire a primeira pedra! Você é normal! Somos todos leitores em processo! Cada texto tem suas respectivas características. Alguns são mais complexos que outros e, por isso, exigem mais leituras. Uma leitura nunca será o suficiente para compreendermos e 8 interpretarmos determinados textos, sobretudo, cujos autores gostam de complicar a vida da gente. O estilo do autor também contribui, ou não contribui em nada. Então, em vez de ficar se vitimando por “achar” que não entende nada do que lê, corrija seu pensamento: “Eu ainda não entendi este texto, porque estou cansado e com dificuldades para me concentrar, mas farei uma leitura mais atenta em outro momento, quando eu estiver mais concentrado e descansado, para entendê-lo!” Mas, professoras, o que fazer nos contextos de provas acadêmicas, quando não tenho mais que uma hora para ler e responder as questões propostas? De fato, trata-se de um tipo de leitura a qual você não poderá deixar para depois. Mas é exatamente para essas situações que temos por objetivo prepará-lo com o conhecimento e as ferramentas certas que farão com que você se sinta altamente capacitado para se concentrar melhor nas leituras, facilitando em grande escala a compreensão e interpretação dos textos propostos, sejam quais forem seus níveis de complexidade. Portanto, se você pensa que não entende nada do que lê é porque não está usando as técnicas e estratégias de leitura fundamentais para derrubar por terra essa crença, que em nada colabora com as suas chances de crescimento na vida e seu desempenho na academia. Pense nos benefícios da leitura, avalie suas crenças a respeito dela, pratique-a, aplique as estratégias que irá aprender, abrace o conhecimento que ofertamos a você nesta disciplina e prepare-se para o SUCESSO! 9 Textos Selecionados Queremos introduzir esta coletânea com um texto que nos remete à reflexão acerca do homem histórico. Quais os encontros e desencontros com a sua própria essência humana, com a moral e com a ética. Em que medida o cidadão brasileiro despertou-se para a consciência e para o entendimento da ética? Em que medida a ética não tem sido travestida da lei da vantagem, da conveniência e do autocentrismo? A ética e a moral na sociedade moderna Ildecir A. Lessa O macedônico filósofo Aristóteles já afirmava que o homem é um animal político, o que remete à sua natureza social. Heródoto, historiador grego e Sófocles, escritor, também já afirmavam que o homem sem a cidade, teria um destino trágico. No período áureo do pensamento grego, surgiram muitas ideias e definições sobre a ética que até hoje fundamentam os conceitos histórico-sociais no campo da moral. O termo ética é de origem grega (ethos). O ser humano se manifesta não apenas na natureza, mas também na ação humana, no ethos, isto é, hábitos, costumes e instituições produzidos pela sociedade. O ethos se refere à morada e a organização de um povo ou de toda a sociedade. O ethos é o espaço da liberdade, da diferença. E esta liberdade não é meramente subjetiva. Com a evolução da sociedade moderna, deflagrou-se uma grave crise ética. As muitas crises que abalam o mundo tem como campo de ação o próprio homem. Os sinais desta crise são evidentes. O povo brasileiro despertou o tribunal da consciência e abriu os olhos do entendimento para essa realidade ética. Passou a focar que a ética serve para conduzir ações humanas a respeito das boas ações (virtudes) ou das não éticas, às más (vícios). Isso principalmente, com relação à ética pública, traduzida na falta de honradez na vida política, profissional e particular. Importante saber que a ética não se ocupa do irracional, retratado nos níveis de violência, discriminação social, abuso do poder, corrupção, permissividade, cinismo e impunidade. Com a concepção e do entendimento de que ações humanas podem ser abordadas por uma perspectiva psicológica, pode-se contemplar estágios de verdadeira deformação das consciências que aceitam como normal ou inevitável o que não tem nenhuma justificativa ética. O entendimento clássico de ética não permite a simples aceitação de práticas depreciativas da vida humana. A crise ética está profundamente ligada a um longo processo histórico. O grande desafio que deflagra no presente, é, antes de tudo, compreender as raízes desta crise que afeta a sociedade moderna em geral, especificamente no meio urbano. A ética é vinculada com o termo moral. Esse dualismo é de dupla dimensão. A moral se traduz em normas aceitas íntima e livremente pelos indivíduos, por convicção pessoal, sendo reconhecidas como obrigatórias por refletirem os princípios, valores e interesses dominantes na sociedade na qual estão inseridos. As normas morais ditam como devem agir os membros de uma determinada sociedade. Não se recorre à força ou à imposição coercitiva. Mas, o que vem a ser a moral? Um conjunto de valores e de regras de comportamento, um código de conduta que coletividades adotam, quer sejam uma nação, uma categoria social, uma comunidade religiosa ou uma organização. Enquanto a ética diz respeito à disciplina teórica, a moral corresponde às representações imaginárias que dizem aos agentes sociais. A ética se caracteriza como a ciência 10 que investiga a moral. Não encontramos na ética uma norma de ação para cada situação concreta. O problema de como agir de maneira a que a sua conduta seja boa, ou seja, moralmente valiosa pertence à moral. A ética, diferentemente, preocupa-se com problemas gerais de caráter teórico, como definir a essência da moral, sua origem, as condições objetivas e subjetivas do ato moral e as fontes de avaliação moral. Ética e moral, portanto, são diferentes, embora guardem estreita relação. A missão da ética é explicar a moral. A ética e moral caminham juntas, independente da direção, espaço e grupo. A ética é um princípio que devemos fazer uso no cotidiano, não importando a situação. Assim, é imprescindível que seja retomado na conduta pessoal de cada cidadão, comportamentos condizentes com a postura ética em volta de responsabilidade e comprometimento. Com a velocidade em que ocorrem as transformações, há necessidades de valores intangíveis para que haja um alinhamento na tomada de decisões com mais rapidez. Toda conduta social é instituída por valores morais diferentes, mas a conduta correta é imposta a todos sem distinção. Desde o nascimento nos é ensinado o que é certo e errado e a partir daí reproduzimos valoresimpostos pela sociedade. Desta forma, somos “programados” para agir conforme regras impostas, sendo recompensados quando seguimos as regras e punidos quando as infringimos. A Ética como conjunto de normas e valores que regem uma sociedade deve necessariamente refletir a consciência e as ações de um povo, assim como trazer consigo o tipo de organização que alimenta essa sociedade. Ética e moral devem andar lado a lado com a liberdade, mas esta liberdade tem algumas limitações que a própria “Lei Natural” impõe ao ser humano. A ética deve ser incorporada pelos indivíduos, tendo como princípio uma atitude diante da vida social cotidiana, capaz de julgar criticamente os apelos da moral que vigoram em nossa sociedade. A ética, tanto quanto a moral, não é um conjunto de verdades fixas e imutáveis, mesmo porque, a ética sempre se movimentou dentro de um contexto histórico. Refletir sobre a ética é contribuir para aumentar a reflexão sobre a ação humana, tornando-nos mais sensíveis e mais sensatos, porque ela nos aproxima da realidade e nos torna mais conscientes das ações que praticamos em qualquer espaço da nossa vida. Ultimamente a ética e a moral estão sendo relegadas por certas classes sociais e políticas, muitos valores estão sendo quebrados em prol do individualismo. O bem comum deu lugar ao “cada um por si” e com isso ética e moral vêm perdendo o sentido no seio da sociedade moderna . Disponível em: http://www.diariodecaratinga.com.br/?p=26468 Acesso em: 8 fev 2017. Grifos das organizadoras. O texto que segue nos remete à concepção ética atrelada à concepção do homem como ser social e histórico. Parece que, seja na perspectiva de Sócrates, Platão, Aristóteles, Santo Agostinho, Hegel ou Durkheim, a existência humana só ganha sentido se pensada e vivida na e pela sociedade, ainda quando se busca o conhecimento de si mesmo... Filosofia, Ética e Sociedade Existe uma profunda ligação entre ética e filosofia: a ética nunca pode deixar de ter como fundamento uma concepção filosófica do homem que nos dá uma visão total deste como um ser social e histórico. Dentre os vários conceitos com os quais a ética trabalha e que pressupõe um prévio esclarecimento filosófico, como os de liberdade, necessidade, valor, consciência, vamos dar ênfase ao de sociabilidade, ou seja, como a ética deve estar inserida nas relações humanas em sociedade. A ação humana é fruto de uma escolha entre o certo e o errado, e entre o que é bom e o que é mal. O indivíduo procura se basear em parâmetros socialmente aceitos que lhe permite conviver com as outras pessoas, em outras palavras, ele busca sempre se guiar pelos conceitos que norteiam a prática dos valores positivos e das qualidades humanas. A ética não somente serve de base para as relações humanas, mas, trata também das relações sociais dos homens na medida 11 em que os filósofos consideram a ética como base da justiça ou do direito, e até mesmo das leis que regulam a convivência entre todos que vivem na sociedade. Primeiramente para entendermos sobre a ética devemos pelo conceito filosófico entender que é a área que investiga o comportamento humano em suas relações entre si, considerando conceitos utilizados para avaliá-las como: valor, virtude, justiça, moral, bem, normas morais, dever, liberdade e principalmente responsabilidade; promove também reflexões sobre a busca humana pelas melhores formas de agir, viver e conviver. De forma mais específica, segundo Gilberto Cotrim, A ética é uma disciplina teórica sobre uma prática humana, que é o comportamento moral... A ética tem também preocupações práticas. Ela orienta-se pelo desejo de unir o saber ao fazer. Como filosofia prática, isto é, disciplina teórica com preocupações práticas, a ética busca aplicar o conhecimento sobre o ser para construir aquilo que deve ser (COTRIM, 2004, p.264). Como teoria filosófica, a ética se caracteriza como estudo das ações individuais dos homens, cuja finalidade consiste em elaborar uma orientação normativa para as ações humanas que seja estabelecido como bem. Com o filósofo grego Aristóteles a ética passou a ser a “ciência do moral”, ou seja, do caráter e das disposições do espírito. Enfatizamos que a ética é um conjunto de argumentos que são utilizados pelos indivíduos para justificar suas ações, solucionando com diferentes problemas em que há o conflito de interesses com bases em argumentos universais. Ou salientamos que a ética é uma filosofia responsável por estudar a moral, contestando e identificando o que podemos chamar de regras morais vigentes, as quais são alteradas com o tempo. A Ética como teoria filosófica tem por objetivo estudar o comportamento dos indivíduos frente aos apelos morais da sociedade em que este vive. Ela se manifesta de diferentes maneiras conforme a cultura, costumes e hábitos de determinadas populações. As reflexões da ética abrangem aspectos da vida pública e das leis estabelecidas no plano social para a existência humana. Envolvem questões ligadas ao direito, ao poder, a cidadania e a política, e abrange também aspectos da vida privada, analisando algumas questões morais de foro íntimo ligadas às condutas e escolhas de indivíduos em nosso cotidiano, e são elas que determinam o modo como cada um convive consigo próprio e com os outros. As respostas filosóficas para as questões éticas variam no tempo e no espaço, e ainda apresentam uma característica fundamental que envolve a posição dos indivíduos em relação ao valor e as virtudes que são defendidos em seu meio cultural. Com isso, os filósofos investigam o que leva diferentes grupos sociais a se enfatizarem sobre questões e valores semelhantes, sem ignorar que, os significados atribuídos a eles nem sempre são os mesmos. Há filósofos que concebem o homem como um ser dotado de um senso moral inato, ou seja, da capacidade natural para avaliar como as coisas e como elas deveriam ser. Alguns acreditam que as diversas tendências culturais e individuais atuam sempre sobre a capacidade comum entre os seres humanos e são determinantes da formação do caráter e da personalidade. E há filósofos que afirmam a existência da liberdade, ressaltando sempre que, apesar da pressão de costumes e 12 leis, nós sempre podemos refletir sobre as questões éticas e sobre a moral aprendida, e que, segundo eles, há uma possibilidade que nos faz responsáveis por nossas próprias escolhas e que nos permite contribuir para a renovação com as normas com que nos deparamos no dia a dia. Nos tempos áureos da filosofia grega a justiça e todas as demais virtudes éticas eram políticas e sociais, o que denota certa inseparabilidade entre a ética e política, ou seja, está relacionado entre a conduta do indivíduo e os valores da sociedade. No pensamento dos Antigos filósofos a existência humana só pode ser pensada em sociedade onde os seres humanos aspiram ao bem e a felicidade, que só pode ser alcançada pela conduta virtuosa. Além disso, existe uma preocupação constante com a busca dos valores morais inscritos no interior do próprio homem, como acreditava Sócrates. Dessa forma – para ser ético – o homem deveria entrar em contato com a sua própria essência, a fim de alcançar a perfeição. O homem, como qualquer ser, busca a sua perfeição, que acontecerá quando sua essência estiver plenamente realizada. E como afirma Mondin, “A ética ou moral... é o estudo da atividade humana com relação a seu fim último que é a realização plena da humanidade” (1980, p.91) Sócrates, que se tornou símbolo da própria filosofia, dedicou atenção especial as questões éticas, sendo que ele julgava o ser humano que era dotado de uma natureza racional e voltada para o bem. Ele tentava sempre compreender a essência das virtudes e do bem, tal como a justiça, a prudência, a coragem, e entreoutras. Sócrates de alguma forma procurava saber dos cidadãos atenienses sobre a virtude, a essência, saber se uma conduta é boa ou não, e porque o bem é uma virtude e o mal um erro, e com tudo isso as perguntas ética-socráticas não estão destinadas somente ao indivíduo, mas também a sociedade. Pode-se resumir a ética dos antigos em pelo menos dois aspectos: o agir em conformidade com a razão e a união permanente entre ética (a conduta do indivíduo) e política (valores da sociedade). A ética é uma maneira de educar o sujeito moral (seu caráter) no intuito de propiciar a harmonia entre o mesmo e os valores coletivos. Na Idade Média a Filosofia sofrerá uma forte influência da tradição cristã. Uma vez, que todos os Filósofos deste período são teólogos, bispos, abades e padres. Dessa forma a filosofia permanecerá, ao longo de todo período medieval, subordinada a teologia, de tal modo, que é impossível separar o pensamento filosófico da tradição grega, do pensamento teológico cristão. Neste caso a vida ética era definida por sua relação espiritual e interior com Deus e pela caridade com o seu próximo, por meio da revelação divina. A ética cristã se fundamenta no amor, no qual foi colocado como primeiro e maior mandamento: o amor a Deus acima de todas as coisas e o amor ao próximo. É no amor que o cristianismo encontra sua realização espiritual mais profunda e as bases fundamentais para a vida em sociedade. Os primeiros filósofos cristãos procuravam conciliar fé e razão como instrumento de análise e reflexão. A partir desse pressuposto a filosofia insurge no campo da ética cristã, como tentativa de justificar seus princípios e normas de comportamento, se submetendo a lei divina revelada pelas 13 Sagradas Escrituras implicando uma determinação racional do próprio conteúdo sobrenatural da Revelação, mediante uma disciplina específica, a teologia dogmática. Assim como Sócrates e Platão, o bispo, teólogo e filósofo do início da Idade Média, Santo Agostinho, foi um homem profundamente voltado para a sua interioridade, uma vez que é nessa interioridade que podemos realizar nosso encontro com Deus e nossa verdadeira essência. É dentro desta perspectiva de uma filosofia introspectiva que Agostinho agrega uma série de conceitos fundamentais. Os filósofos medievais herdaram elementos da tradição filosófica grega, reconfigurando-se no interior de uma ética cristã e tal como Santo Agostinho, a filosofia de São Tomás de Aquino representa uma aproximação entre fé e razão, mas, neste caso, usando o pensamento aristotélico como base fundamental. Inspirado na filosofia aristotélica e amparado na visão cristã de mundo, Aquino reflete sobre a conduta ética que é aquela na qual o agente sabe o que está e o que não está em seu poder realizar, referindo-se, ao que é possível e desejável para um ser humano. A ética tomista também deve ser trabalhada no âmbito da sociedade. Analisando a natureza humana, resulta que o homem é um animal social (político) e, portanto, forçado a viver em sociedade com os outros homens. A primeira forma da sociedade humana é a família, de que depende a conservação do gênero humano; a segunda forma é o Estado, de que depende o bem comum dos indivíduos. Sendo que apenas o indivíduo tem realidade substancial e transcendente, se compreende como o indivíduo não é um meio para o Estado, mas o Estado um meio para o indivíduo. Segundo Tomás de Aquino, o Estado não tem apenas função negativa (repressiva) e material (econômica), mas também positiva (organizadora) e espiritual (moral). Embora o Estado seja completo em seu gênero, fica, porém, subordinado, em tudo quanto diz respeito à religião e à moral, à Igreja, que tem como escopo o bem eterno das almas, ao passo que o Estado tem apenas como escopo o bem temporal dos indivíduos. Mas não foi apenas na antiguidade e na Idade Média que os filósofos tiveram essa preocupação ética e social. Longe de pretender fazer uma análise sistemática das mais diferentes visões filosóficas sobre o assunto vamos apenas ressaltar as duas correntes que já mencionamos no início do texto. A primeira sobre a qual já falamos, corresponde às ideias de filósofos como Sócrates e Santo Agostinho que acreditam que o ser humano é dotado de um senso moral inato, ou seja, da capacidade natural para avaliar como as coisas e como elas deveriam ser e, desta forma, a questão de como devemos nos comportar e agir em sociedade passa por uma questão de foro íntimo e espiritual, introspectivo, que pode ser resumida na frase: “conhece-te a ti mesmo”. Mas essa visão não é a única e filósofos há que acreditam que as diversas tendências culturais são determinantes da formação do caráter e da personalidade e por isso dão uma ênfase maior em como os aspectos sociais e culturais são determinantes das relações humanas. Um exemplo desta perspectiva nós encontramos no século XIX, com o filósofo alemão Friedrich Hegel, que aprofundou de maneira ímpar a perspectiva Homem – Cultura e História, sendo que a ética deve ser determinada pelas relações sociais. Como sujeitos históricos culturais, nossas ações devem ser determinadas pela harmonia entre vontade subjetiva individual e a vontade objetiva cultural. O homem é visto como sujeito histórico-social, e como tal sua ação não pode mais ser analisada fora da coletividade, por isso a ética ganha um dimensionamento político: uma ação eticamente boa é politicamente boa, e contribui para o aumento da justiça e distribuição igualitária do poder entre os homens. O ideal ético para Hegel estava numa vida livre dentro de um Estado livre, um Estado de direito, que preservasse os direitos dos homens e lhes cobrasse seus deveres, onde a consciência moral e as leis do direito não estivessem nem separadas e nem em contradição. E os grandes problemas éticos se encontram em três momentos da eticidade que são a família, a sociedade civil e o Estado, e uma ética concreta não pode ignorá-los (VALLS, 1994). Em relação à sociedade civil os problemas atuais continuam os mais urgentes: referem-se ao trabalho e à propriedade. Não é um problema ético a falta de trabalho, o desemprego, as formas escravizadoras do trabalho, quando a maioria não recebe as condições mínimas nem de salário 14 nem de infraestrutura para sobreviver? Em relação ao Estado, os problemas, éticos são muito ricos e complexos. A liberdade do indivíduo só se completa como liberdade do cidadão de um Estado livre e de direito. As leis, a Constituição, as declarações de direitos, a definição dos poderes, a divisão destes poderes para evitar abusos, e a própria prática das eleições periódicas aparecem hoje como questões éticas fundamentais. Uma outra perspectiva de uma moral social encontramos no sociólogo Émile Durkheim. A comparação que Durkheim faz da sociedade com um organismo biológico traz ricas analogias. A sociedade é um imenso corpo social, como um “organismo biológico” (o conjunto das instituições sociais formam este corpo), possuindo vários órgãos (entre eles: a família, o Estado, a escola, a Igreja), cada qual com suas funções específicas de modo que a “anatomia social” será saudável se todos os órgãos funcionarem bem. Durkheim leva essa analogia ainda mais além quando afirma que a partir do momento em que um desses órgãos deixa de funcionar convenientemente, todo corpo social se ressente e adoece. E o que torna saudável uma sociedade, fazendo com que ela funcione harmoniosamente, é a existência de uma moral social. Cabe aos indivíduos desenvolver planos de ação que possam influir na transformação dos aspectos deficientes da sociedade a partir de valores que possam orientar, efetivamente, a conduta social dos indivíduos. Vale destacar aqui, a importância que a ideia de solidariedade representa no pensamento do sociólogo francês. A solidariedade, dentro do contexto das regras moraise sociais, pode e deve contribuir para a harmonia da sociedade. Enfim, qual a contribuição que a Filosofia e, por sua vez, a Ética, podem oferecer para nós, homens e mulheres do século XXI? No momento histórico em que vivemos existe um problema ético-político grave. O Brasil sempre quis ser visto o país dos justos, da democracia, da ética acima de tudo, porém não é bem essa a realidade vivida por todos (veja mais em: Ética na democracia brasileira). Verifica-se uma realidade conflitante fundamentada em uma crise de sentido e de valores que se apresenta na vida pessoal e nas relações sociais das pessoas. A partir desse contexto percebe-se uma inquietação acerca do sentido da vida e do papel do “ser no mundo”, vindo assim a reaparecer com mais força o interesse pelo tema da ética, enquanto coluna vertebral da reflexão sobre a conduta do ser humano e seus valores. Não é suficiente para o homem comum e contemporâneo superar a crise da ética atual conhecendo o outro e suas necessidades para se chegar a sua convivência harmônica. Não há como superar esta crise sem um modelo de ética voltada para uma comunidade, como na polis grega. Hoje se aposta no individualismo, na competição, na sociedade do espetáculo e do consumo. Acerca das reflexões sobre o ponto de vista dos filósofos, fica claro o entendimento sobre a ética, sendo um elemento imprescindível na sociedade. Somos formados por princípios e valores que estão relacionados a nossa cultura e esses fatores são essenciais, para a formação do nosso caráter no que diz respeito a nossa conduta ética e moral de modo que, irremediavelmente, o que se entende por Filosofia e Ética está relacionado ao conhecimento e comportamento do indivíduo na sociedade. *Referências no site Disponível em: http://www.portalconscienciapolitica.com.br/products/filosofia-etica-e-sociedade/ Acesso em: 8 fev 2017. 15 Quando se fala em ética e sociedade, atualmente, no Brasil, felizmente, temos um nome de referência positiva, isto é, um projeto que muito tem contribuído para que a sociedade brasileira reflita e tenha ações éticas efetivas. É acerca deste projeto que nos propomos a apresentar informações nos seis próximos textos. No primeiro deles, apresentaremos um texto que explica o que é o Observatório Social do Brasil (OSB), como funciona, sua missão, visão, princípios, objetivos. Na sequência, um texto que avalia as ações do OSB no ano de 2016 e faz um prenúncio para 2017, seguido de textos que se destinam a relatar projetos relacionados à Educação Fiscal pelo Brasil sendo em escolas, sendo entre voluntários, sendo por meio da tecnologia. E, como último texto relacionado ao OSB, uma conscientização a fim de que eu e você – como parte desta sociedade – conheçamos as contas que pagamos para podermos exigir de quem é devido. O que é um Observatório Social (OS)? É um espaço para o exercício da cidadania, que deve ser democrático e apartidário e reunir o maior número possível de entidades representativas da sociedade civil com o objetivo de contribuir para a melhoria da gestão pública. Cada Observatório Social é integrado por cidadãos brasileiros que transformaram o seu direito de indignar-se em atitude: em favor da transparência e da qualidade na aplicação dos recursos públicos. São empresários, profissionais, professores, estudantes, funcionários públicos e outros cidadãos que, voluntariamente, entregam-se à causa da justiça social. Como Funciona? Atuando como pessoa jurídica, em forma de associação, o Observatório Social prima pelo trabalho técnico, fazendo uso de uma metodologia de monitoramento das compras públicas em nível municipal, desde a publicação do edital de licitação até o acompanhamento da entrega do produto ou serviço, de modo a agir preventivamente no controle social dos gastos públicos. Além disso, o Observatório Social atua em outras frentes, como: • a educação fiscal, demonstrando a importância social e econômica dos tributos e a necessidade do cidadão acompanhara aplicação dos recursos públicos gerados pelos impostos. • a inserção da micro e pequena empresa nos processos licitatórios, contribuindo para geração de emprego e redução da informalidade, bem como aumentando a concorrência e melhorando qualidade e preço nas compras públicas. • a construção de Indicadores da Gestão Pública, com base na execução orçamentária e nos indicadores sociais do município, fazendo o comparativo com outras cidades de mesmo porte. E a cada 4 meses realiza a prestação de contas do seu trabalho à sociedade. O que é o Observatório Social do Brasil (OSB)? Os Observatórios Sociais (OS) são organizados em rede, coordenada pelo Observatório Social do Brasil (OSB), que assegura a disseminação da metodologia padronizada para atuação dos 16 observadores, promovendo a capacitação e oferecendo o suporte técnico aos OS, além de estabelecer as parcerias estaduais e nacionais para o melhor desempenho das ações locais. A Rede OSB está presente em mais de 100 cidades, em 19 Estados brasileiros. São cerca de 3 mil voluntários trabalhando pela causa da justiça social nos Observatórios Sociais pelo Brasil afora. Estima-se que nos últimos quatro anos (2013 – 2016), com a contribuição desses voluntários, houve uma economia de mais de R$ 1,5 bilhão para os cofres municipais. E a cada ano mais de R$ 300 milhões do dinheiro público deixam de ser gastos desnecessariamente. O mais importante não são os números! É a nova cultura que está se formando: da participação do cidadão de olho no dinheiro público. (dados de janeiro de 2017) Princípio geral: A justiça social será alcançada quando todos os agentes econômicos recolherem seus tributos corretamente, os agentes públicos os aplicarem com ética e eficácia. Missão: Despertar o espírito de Cidadania Fiscal na sociedade organizada, tornando-a proativa, através do seu próprio Observatório Social, exercendo a vigilância social na sua comunidade, integrando a Rede de Observatório Social do Brasil. Visão: Ser uma rede nacional propulsora do controle social para o aprimoramento da gestão pública e integridade empresarial. Valores: Apartidarismo; cidadania; comprometimento com a justiça social; atitude ética, técnica e proativa; ação preventiva e visão de longo prazo. Objetivo: Fomentar e apoiar a consolidação da Rede OSB de Controle Social, a partir da padronização dos procedimentos de monitoramento e controle da gestão pública, além da disseminação de ferramentas de educação fiscal e de inserção da micro e pequena empresa no rol de fornecedores das prefeituras municipais. Objeto de atuação: As ações de educação para a cidadania fiscal e controle social focadas no presente serão objeto de atuação do OS, atuando preventivamente, em tempo real, contribuindo para a eficiência da gestão pública, por meio da vigilância social da execução orçamentária, em sinergia com os órgãos oficiais controladores. A rede OSB - Observatório Social do Brasil possui quatro eixos de atuação, conforme abaixo: Resultados da atuação dos OS 17 Contudo, neste material, traremos algumas informações basilares acerca do Observatório Social do Brasil (OSB), bem como algumas informações relacionadas à Educação Fiscal. Disponível em: www.cge.pe.gov.br/wp-content/uploads/2016/06/Ney-Ribas-Rede-OSB_abr.16.ppt Acesso em: 8 fev 2017. Grifos das organizadoras. OSB faz um balanço do último ano e prevê novidades pra 2017 Em 2016 quase 1400 pessoas, de 750 cidades, fizeram contato, interessadas em conhecer ou implantar um OS em seus municípios Chegamos a 2017 após um ano de muitas mudanças político-econômicas. Essa mutação também tem sido percebida no engajamento e participação do cidadão em questões que, até então, nãorecebiam a devida atenção no cotidiano da sociedade. Temas como controle social, corrupção, transparência e política jamais foram tão debatidos e estiveram “na boca do povo” como em 2016. As mudanças também foram significativas no Observatório Social do Brasil e na Rede OSB. Não apenas físicas, considerando a mudança e expansão do escritório do OSB, com novas salas comerciais, graças à renovação do convênio com Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná (Faciap) – mantenedora do OSB – mas, sobretudo, num panorama gerencial. Em março, foi realizada a 7ª edição do Encontro Nacional dos Observatórios Sociais (ENOS). Entre os destaques, palestra do juiz Sérgio Moro, compartilhamento de boas práticas entre os observatórios sociais presentes, e a eleição de uma nova diretoria, com vitória da chapa “Altruísmo e Cidadania” presidida por Ney da Nóbrega Ribas, também presidente do Observatório Social Campos Gerais – PR e que assumiu o Observatório Social do Brasil, sucedendo Ater Cristófoli, empresário de Campo Mourão-PR, após duas gestões (quatro anos). “Isso significa Altruísmo e Cidadania; se queremos mudanças e resultados, temos que ter protagonismo, e não há nada que nutra mais essa semente, que o despertar de cidadania inspirado no nosso Amor pelo Brasil, que crescendo tornar-se-á o grande legado para as futuras gerações”, disse Ney Ribas. 18 A nova diretoria, com foco em uma gestão profissionalizada e participativa, realizou o Planejamento Estratégico, com visão de longo prazo, para 2026. Em maio foi realizado um encontro de dois dias para definir as diretrizes de atuação da equipe técnica, diretoria e conselhos na gestão 2016/2018, com um sistema de imersão e metodologia mediados voluntariamente pelo Instituto Sagres. Ribas encarou as mudanças como um novo desafio e apostou no planejamento estratégico para alcançar os objetivos. “Nosso planejamento prevê 8 objetivos estratégicos com metas ousadas; eles pressupõe uma matriz de responsabilidades, para as quais todos os nossos Conselheiros estão sendo convocados para contribuir”. O empresário aposta na gestão compartilhada, atribuindo à descentralização o elemento para um avanço na velocidade esperada. Parcerias estratégicas Com novos escopos traçados, algumas parcerias foram renovadas, como a da Faciap, e novos termos foram consolidados. A Rede OSB teve a concessão de uso do Office 365, ferramenta da Microsoft, e seus vários recursos como e-mails de 50 gigabytes (GB) e armazenamento em nuvem de 1 terabyte (TB) por conta . As instituições Mercado Público e Bolsa Brasileira de Mercadorias são novos parceiros que ajudarão o OSB a levar a todas às prefeituras do país uma plataforma de pregão eletrônico para realizar licitações com mais transparência e confiabilidade. A Mercado Público reforça o time de parceiros estratégicos, oferecendo uma nova e mais completa ferramenta de pesquisa e análise de licitações, com um gigantesco banco de dados nacional, por meio dos quais (ferramenta e banco de dados) os Observatórios Sociais terão muito mais assertividade no monitoramento das licitações, alcançando melhores resultados. Pensando em aprimorar programas de educação fiscal e inserção de acadêmicos em temas ligados ao controle social, também foi formalizado um convenio entre o OSB e o Centro Universitário de Maringá (Unicesumar) para que em 2017 mais de 100 mil alunos possam fazer o intercâmbio de conhecimentos, experiências e informações técnico científicas sobre o controle social que realiza a Rede OSB, além do desenvolvimento de projetos e programas da pesquisa e da extensão universitária. Os Observatórios Sociais também receberão estagiários do curso de Serviço Social, em estágio obrigatório, do ensino à distância. Em 2017 serão cerca de mil alunos. Instituições como o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), e o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (CFOAB) também passaram a ser novos cooperados para o acompanhamento técnico e realização de ações conjuntas nas áreas como transparência, controle e eficiência da gestão. O CFC foi a primeira entidade parceira do OSB, desde 2008. Agora, num acordo assinado com a OAB Federal, foi constituído um comitê interinstitucional que cuidará de pautas nacionais. Um plano de ação em relação as atividades previstas na parceria com o Ministério Público do Paraná (MPPR) começou a ser traçado focado no aprimoramento dos portais da transparência das prefeituras e câmaras municipais no Estado. O MPPR oferece, gratuitamente, os portais web para as prefeituras e câmaras, define as irregularidades que devem ser sanadas no oferecimento das informações públicas e os OS fazem o controle sobre o cumprimento dos termos de ajuste de conduta (TACs) assinados pelos gestores com o MP. Entre os estados que mais tiveram a constituição de novos observatórios sociais, destaque para o Rio Grande do Sul (RS), que dobrou o número de entidades. Foram cinco novas unidades gaúchas nas cidades de Bento Gonçalves, Cachoeirinha, Novo Hamburgo, Santa Rosa, Gravataí e Glorinha (as duas últimas reunidas em um observatório), no ano que passou. E esse aumento 19 tende a ser ainda maior nos próximos anos, pois vários acordos têm sido estabelecidos entre o OSB e entidades gaúchas. O Convênio estabelecido pelo Conselho Regional de Farmácia do RS (CRF-RS) pretende estimular a participação de farmacêuticos nos Observatórios e um acordo entre o OSB e a Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul (Federasul), assinado em outubro, deve estimular a discussão e promoção de ações para expansão da Rede OSB no estado gaúcho, além do maior envolvimento do setor empresarial no apoio ao controle social, eficiência da gestão pública e integridade nas relações empresariais. A entidade quer estimular a criação de novos espaços de exercício da cidadania por meio das Associações Comerciais e Industriais espalhadas pelo interior do RS. Além dos acordos e termos de cooperação assinados entre várias instituições e o OSB, os observatórios realizaram inúmeros convênios em nível local e estadual. Para o vice-presidente para Assuntos Institucionais e de Alianças do OSB, Pedro Gabril, a formalização das alianças tem sido fundamental para consolidar a atuação dos observatórios e garantir sustentabilidade e efetividade da rede. “A eficácia do trabalho de monitoramento da gestão pública realizado pelos cidadãos, por meio dos observatórios Sociais, só se completa em razão das parcerias com as principais entidades representativas da Sociedade civil e com as principais Instituições Nacionais competentes para fiscalizarem a gestão, como Ministério Público e Tribunais de Contas”, explicou. Ney Ribas também reforçou a importância das parcerias. “Construímos uma visão de futuro ousada para a Rede nos próximos 10 anos: queremos alcançar todo o território nacional. Esta é a razão para tantas parcerias estratégicas, porque não temos a pretensão de fazer tudo sozinhos, existem muitas iniciativas e organizações com as quais temos pontos convergentes.” Palestras e eventos Foram quatro encontros estaduais/regionais reunindo e compartilhando as suas experiências e boas práticas de cada região, além de apresentarem as definições do Planejamento Estratégico do Observatório Social do Brasil. Os eventos foram sediados em Lajeado – RS, Lages – SC, Foz do Iguaçu – PR, Uberlândia – MG, Observatórios Estaduais Com novas parcerias e planos, a ideia da constituição de unidades administrativas estaduais dos observatórios sociais voltou a ser discutida e os estados da região sul estão adiantados nesse processo. O propósito é o monitoramento das contas públicas do executivo e legislativo do estado, além de expandir a atuação municipal. Grupos de trabalho foram criados e em Santa Catarinaum Fórum Catarinense de Observatório Sociais (FOCOS) discute a implantação. O fundador e primeiro presidente do OSBrasil, Eduardo Araújo, lidera o grupo de trabalho no Paraná. Araújo reforçou seu posicionamento sobre o objetivo da unidade estadual após o encontro, em Guarapuava – PR, que discutiu as diretrizes para a consolidação. “Com a constituição de uma filial estadual do OSBrasil vamos induzir o surgimento de novos observatórios sociais e potencializar os existentes, dinamizando as ações das unidades municipais.” Exposição A colaboração da agência Fiquem Sabendo, de São Paulo, garantiu a proposta de planejamento de marketing e comunicação que deverá promover a expansão sustentável da Rede OSB nos próximos anos. Já em 2016 a atuação dos observatórios sociais em rede tornou-se mais conhecida graças a uma intensa exposição desse trabalho em importantes veículos de 20 comunicação. Jornal da TV Cultura (SP) e Revista Exame, veicularam no Brasil inteiro uma importante matéria sobre a Rede OSB. Léo Branco, jornalista da Exame ficou entusiasmado com os resultados alcançados pela Rede. Campanhas Formulado pela agência Fiquem Sabendo, o OSB emplacou o vídeo “Vacina Contra a Corrupção”, trazendo uma mensagem de impacto sobre os efeitos que a corrupção causa na sociedade. O vídeo teve mais de 20 mil visualizações entre mídias como o Youtube, Facebook e Instagram. “Nosso objetivo foi criar a consciência sobre os impactos da corrupção no nosso dia a dia. Precisamos entender as causas desse problema e não só quem são os culpados, pois ela tem nome e rosto: a miséria”, comentou Thiago Ermano, Consultor de Comunicação, Marketing e Mobilização da Agência Fiquem Sabendo. O OSB também apoiou outras campanhas e movimentos como as 10 medidas contra a corrupção, iniciativa do ministério Público Federal (MPF) para aprimorar, a prevenção e o combate à corrupção e à impunidade; e a Frente pelo Controle e Contra a Corrupção, uma iniciativa de servidores da CGU em conjunto com organizações da sociedade civil para lutar pelo fortalecimento institucional do controle e pelo aprimoramento dos mecanismos de controle popular sobre a atuação estatal. Números Em 2016 foram 1370 contatos, de pessoas de 750 cidades, interessadas em conhecer ou implantar um OS em seu município. A equipe e diretoria do OSB viajou mais de 83 mil quilômetros entre 57 cidades de norte a sul do país promovendo palestras de sensibilização nas comunidades. 40 cidades iniciaram os procedimentos para constituição de um observatório em seu município e, em 2017, além das 10 cidades que já estão em processo de constituição, outras 160 cidades deverão estar mobilizadas até a metade do ano. O website do OSB teve 393.085 visitas ao longo de 2016 e foram criados 17 novos sub-sites para observatórios, chegando a 42 sites com o domínio osbrasil.org.br. A Fan Page no Facebook ganhou 5.632 novos fãs entre o total de 13.114, e o Twitter teve 1.679 impressões. 21 Se 2016 pareceu intenso, 2017 promete ser muito mais. Ney Ribas espera por um ano de consolidação e profissionalização do OSB e da rede, com muitas novidades. “Em 2016 já celebramos muitos acordos de cooperação; em 2017 o desafio será operacionalizar todas as ferramentas e capacitar nossos valorosos Observadores, para otimizar os resultados, especialmente em relação aos Agentes políticos de cada cidade onde estamos instalados”, explicou. O presidente do OSB também falou o que imagina ser o maior desafio: profissionalismo e sustentabilidade para manter os talentos e atrair mais e mais profissionais. “Vemos que os Observatórios são um novo nicho de mercado em muitas áreas, então as Universidades serão 22 nossas grandes fornecedoras de capital intelectual e pesquisa, e todos os demais segmentos da sociedade nossos parceiros para custeio das atividades”. Ribas frisa que a receita para os resultados passa por contribuições anônimas, mas meritórias de cada pessoa que integra os diversos grupos de trabalho. “Em 2017 teremos na garra e dedicação dos nossos mais de 3.000 voluntários, coordenadores, estagiários e especialmente a equipe técnica do OSB e de cada Observatório, os ingredientes fundamentais. É isso que fará a diferença neste ano que se inicia”, conclui. Disponível em: http://osbrasil.org.br/osb-faz-um-balanco-do-ultimo-ano-e-preve-novidades-pra-2017/ Acesso em: 8 fev 2017. Conceituando Educação Fiscal A Educação Fiscal chega às escolas e com ela novos olhares sobre a educação. Quem é que precisa educar-se nessa modalidade? São os alunos de primeira infância, das séries iniciais do ensino fundamental? Das séries finais do ensino fundamental, ou são os alunos do ensino médio? Ou isso é assunto para o ensino superior? Será que os professores já compreendem a educação fiscal? Será que os pais de alunos conhecem educação fiscal? Ou será que todos precisam educar-se nessa modalidade? Procuraremos primeiro construir o nosso conceito de Educação Fiscal. Educação é a construção de conhecimentos sempre renováveis (através da elaboração de conceitos), aquisição de capacidades necessárias ao nosso desenvolvimento dentro das nossas necessidades, e a o repensar constante de nossas atitudes, nossa postura diante da vida. Fiscal é aquele que fiscaliza, que vigia. Temos o fiscal de tributos, temos o fiscal do meio ambiente, temos o fiscal sanitário, e tantos outros fiscais. Então o que seria Educação Fiscal? Adquirir novos conhecimentos, adquirir novas capacidades, repensar atitudes. Mas o que o fiscal tem a ver com isso? A educação fiscal é para fiscalizar quem? Primeiramente é cada um fiscalizar a si mesmo, cumprindo a sua parte e exigindo que as instituições cumpram com a parte delas. Vai desde o doméstico, até os poderes executivo, legislativo e judiciário. Tudo por uma melhor qualidade de vida. Viver com conforto, com uma boa saúde, uma boa alimentação, uma boa água, um ar limpo para respirar. E de quem depende tudo isso? Depende de cada um de nós, fazendo a nossa parte e exigindo que os outros também o façam. Se todos participarem não fica pesado para ninguém e todos ganham uma melhor qualidade de vida. Cuidando do lixo, cuidando dos rios, economizando água, energia elétrica, não poluindo, participando dos orçamentos públicos, fiscalizando as contas do governo, e exigindo boa aplicação das verbas públicas. Tudo em prol de uma melhor qualidade de vida. Redes de esgoto, iluminação pública, asfalto conservado, calçadas, jardins, praças, parques. Bons hospitais, boas escolas. Mas como garantir tudo isso quando há sonegação de impostos de um lado e desvio de verbas públicas de outro? É exigindo a nota fiscal toda vez que fizermos uma compra ou contratarmos um serviço. É acompanhando a aplicação das verbas públicas, isso não é fácil, mas é preciso se começar. É exigindo nossos direitos de consumidor, exercendo nossa cidadania. Um conceito possível de Educação Fiscal seria: conhecer nossos direitos e deveres de cidadão para poder exercê-los em sua plenitude, visando uma melhor qualidade de vida para toda a população. Disponível em: http://www.educacaoliteratura.com.br/index%20169.htm Acesso em: 8 fev 2017. Vencedores do Prêmio Nacional de Educação Fiscal 2016 23 Os cinco vencedores da quinta edição do Prêmio Nacional de Educação Fiscal foram divulgados na noite desta quarta, dia 09, no Clube de Engenharia de Brasília, em cerimônia marcada pela diversidade de temas dos finalistas do ano que atuam com a temática da educação fiscal no país. Dos 141 projetos inscritos nas categorias Escolas e Instituições, 10 chegaram à final. Para o presidente da Febrafite, Roberto Kupski, a entrega do prêmio é um momento especial para a federação, suas associadas, auditores fiscais e representantes dos projetos finalistas, pois todossão vencedores. Em sua manifestação, ele citou sobre o momento atual do Brasil, onde tanto se fala em ajuste fiscal, como uma oportunidade para se falar mais em educação fiscal, sem deixar de ver as necessidades da sociedade. “O país clama por uma consciência sobre a importância de pagar tributos e sobre monitorar sua correta aplicação”, disse. Kupski também agradeceu a parceria com a Escola de Administração Fazendária – Esaf, colaboradores e entidades apoiadoras que fazem o prêmio acontecer. Ele homenageou com troféu simbólico a auditora fiscal da Receita Estadual do Rio Grande do Sul, Virginia Baldessarini, uma das idealizadoras do Prêmio Gestor Público, pelo trabalho realizado na premiação voltada para prefeitos gaúchos. A auditora colaborou na estruturação do Prêmio Nacional de Educação Fiscal. “Esse prêmio era um sonho para uma entidade de classe como a nossa. Em uma das solenidades do Prêmio Gestor Público, em Porto Alegre, vislumbrei a realização de uma premiação nacional para incentivar os projetos de educação fiscal”, concluiu. Já o diretor-geral da Esaf, instituição parceira para a realização do prêmio, Manuel Augusto Alves Silva, destacou que só realiza quem planeja, quem está insatisfeito. Para ele, iniciativas como essas resumem o significado mais marcante da palavra cidadania. “O prêmio consegue valorizar, em uma única ação, importantes componentes para uma bem-sucedida trajetória de desenvolvimento econômico e social de um país, com ampla participação regional, viés educacional, inovação, planejamento, temática focada em sustentabilidade fiscal e financeira e participação efetiva de segmentos não governamentais. Sem dúvida, aí está a receita aplicável a um contexto, como hoje, que não tem apenas o Estado como protagonista”, analisa. Um resumo sobre o funcionamento de cada um dos dez projetos finalistas foi apresentado em vídeo antes do anúncio dos vencedores. O vídeo emocionou a todos os presentes, entre eles o coordenador-geral do prêmio e primeiro vice-presidente da Febrafite, Lirando de Azevedo Jacundá. Jacundá manifestou a satisfação de poder premiar trabalhos excelentes, realizados em diversos estados e no Distrito Federal. Ele enfatizou sobre a difícil tarefa da Comissão Julgadora para 24 chegar aos dez finalistas e escolher os cinco vencedores. “Parabéns a cada um que se inscreveu na edição desse ano. Vocês fazem o Brasil acontecer”. Ao final, Jacundá fez votos que a edição de 2017 seja robusta, com projetos alavancadores da cidadania brasileira. O secretário-adjunto da Receita Federal do Brasil, Paulo Ricardo de Souza Cardoso; o secretário- executivo do Centro Interamericano de Administração Tributária – CIAT, Marcio Verdi; e a diretora do Banco de Brasília – BRB, Kátia Peixoto, também se manifestaram na solenidade. A cobertura completa do evento será publicada na próxima edição da Revista Febrafite. Também presentes à solenidade, o coordenador dos secretários de Fazenda no Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) e secretário de Estado de Tributação do Rio Grande do Norte, André Horta Melo; a senadora Lúcia Vânia Abrão (PSB/GO); o presidente do Conselho Federal da OAB, Cláudio Lamachia; o coordenador-geral do Encontro Nacional dos Coordenadores e Administradores Tributários Estaduais (Encat), Eudaldo Almeida; o consultor do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), José Tostes Neto; o coordenador de Planejamento e Controle do Grupo Globo, Pedro Augusto França; o presidente do Sindifisco-DF e vice-presidente da Fenat, Rubens Roriz; o diretor do Congresso em Foco, Sylvio Costa; dirigentes das associações filiadas, entre outros convidados das instituições apoiadoras. Um dos momentos marcantes da solenidade ficou por conta da cantora brasiliense Patrícia Rezende, ex-“The Voice”, que interpretou o Hino Nacional Brasileiro. Vencedores da quinta edição O primeiro lugar na categoria Escolas foi o colégio da Polícia Militar de Goiás, Unidade Nestório Ribeiro, com o projeto “Tributos: O que nós temos a ver com isso”, realizado município goiano de Jataí. A escola foi representada pela major Selma Rodrigues Silva, que recebeu troféu e a premiação em dinheiro de dez mil reais para ser investido no projeto. Presente à solenidade, a secretária de Fazenda de Goiás, Ana Carla Abrão, entregou o principal troféu da noite. Emocionada, Ana Carla cumprimentou todas as equipes de educação fiscal de Goiás pelo nível de trabalho realizado e destacou o apoio do Profisco, pois o governo acredita na importância do tema para formação da cidadania. “Eu gostaria de ter feito concurso para auditora fiscal porque entendo a importância dessa função, de buscarmos justiça fiscal para um país mais competitivo e justo, onde o Estado provê uma rede de proteção social. É isso que o prêmio valoriza, os que estão à frente educando nossas crianças, formando gerações mais conscientes e por esse motivo melhores.” A escola EMEB Coronel Manoel Thiago de Castro, representada pelo professor Cristian Roberto Antunes de oliveira, da cidade de Lages, em Santa Catarina, levou para casa a premiação em dinheiro no valor de cinco mil reais, troféu do segundo lugar, além do reconhecimento e motivação para continuar fazendo a diferença e sua região. O terceiro lugar da categoria Escola ficou com o projeto “Vivendo a Cidadania com Atitudes Valiosas”, do colégio EMEI/EMEF Professor Alaor Xavier Junqueira da cidade de Caraguatatuba, interior de São Paulo. A instituição foi representada pela professora Irlândia Ramos dos Santos. Na categoria Instituições, o grande vencedor foi o projeto “Cuidando do Meu Bairro”, uma iniciativa da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (USP), na capital paulista. A professora Gisele Silva Craveiro levou para a universidade a premiação em dinheiro no valor de dez mil reais e troféu. O professor universitário Francisco Leite levou para a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) a premiação em dinheiro no valor de cinco mil reais e troféu do segundo lugar da categoria Instituições, como Programa Receita para Cidadania e para o Desenvolvimento, realizado no campus de Campina Grande. 25 A educação fiscal está presente nos três eixos temáticos da UEPB: ensino, pesquisa e extensão. O reitor da instituição de ensino superior, Antonio Guedes Rangel Junior, também prestigiou a solenidade. Na oportunidade, ele lembrou que aprendeu desde cedo sobre a importância dos impostos para a construção de uma sociedade mais justa. Para ele, é necessário trabalhar desde o ensino fundamental a noção de que pagar os impostos é mais que um dever, pois os benefícios retornam para todos os cidadãos. Prêmio Nacional de Educação Fiscal 2017 Maiores informações: http://premioeducacaofiscal.com.br/premio/ Disponível em: http://premioeducacaofiscal.com.br/premio/projetos-de-escola-de-goias-e-da-usp-sao-os-vencedores-do- premio-nacional-de-educacao-fiscal-2016/ Acesso em: 8 fev 2017. Adaptado. Educação Fiscal e Cidadania Tributos: Que História é Essa? Nosso cotidiano tem diversas atividades que, por estarem na rotina, acabam escondendo outros diversos processos. Como o caminho que a carne percorre desde a criação do gado até a mesa do almoço. O programa narra a criação dos tributos sob perspectiva histórica e, de forma bem-humorada, faz um resumo da trajetória dos nossos impostos: Lideres de Tribos, Faraós, Reis, Imperadores, Presidentes. Mostra também como o dinheiro surgiu, como eram as tributações, para o que serviam os impostos e como chegamos ao conceito de educação fiscal ligada à cidadania e democracia. Utilizando exemplos e contextos do nosso cotidiano, dois programas trazem conceitos básicos que mexem com nosso bolso. Um deles mostra a história de três crianças que recebem a missão de fazer algo para a sociedade duranteas férias e acabam aprendendo noções de economia. O outro relata, de forma bem-humorada, o processo de criação dos impostos e a trajetória até chegarmos ao conceito de educação fiscal e cidadania que temos hoje. Para entender melhor sobre o assunto, confira a aula dinâmica no link: https://www.youtube.com/watch?v=VUcDz_twyeo 26 A rede de cidadãos voluntários que fiscaliza prefeitos e vereadores Uma rede de voluntários atua num número crescente de cidades, a fim de barrar as compras inadequadas que os municípios tentam fazer. Luis Lima A 307 quilômetros de Teresina localiza- se Picos, a “capital modelo” do estado do Piauí, como é conhecida. O município tem menos de 80 mil habitantes, bom Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) para o padrão do sertão e economia em movimento. Não tanto, porém, a ponto de sobrar dinheiro. Em 2014, na gestão do ex-prefeito Kléber Eulálio (PMDB), cidadãos identificaram, num edital para compra de alimentos e produtos de limpeza para o setor público, a presença de perfume, creme de barbear e “esmalte de cores diversas”, além de sobrepreços em vários itens. Em outro edital, os cidadãos flagraram a intenção de compra de anestésicos usados em cirurgias de alta complexidade – embora a prefeitura não administre nenhum centro cirúrgico. As irregularidades vieram à tona graças à atuação do Observatório Social do Brasil (OSB), uma rede de organizações civis que une voluntários para fiscalizar o uso do dinheiro público nas prefeituras e Câmaras Municipais. Após alertas ao Executivo federal, sem retorno, e posterior denúncia ao Ministério Público Federal, nos dois casos as compras foram reconsideradas. A prefeitura chamou mais fornecedores para a disputa e excluiu itens sem pé nem cabeça. O município economizou mais de R$ 5 milhões. “De maio de 2014 até hoje, praticamente todas as licitações de Picos foram monitoradas pelo OSB. Estimamos uma economia total de R$ 41,7 milhões até agosto do ano passado”, disse Tiago Rêgo, presidente local da entidade. Em Picos, o OSB tem sede na Associação Comercial. É assim em 70 dos 105 municípios da rede do OSB, espalhados por 19 27 estados. Foi numa Associação Comercial que surgiu o primeiro OSB, em Maringá, no Paraná. A causa foi a gestão do prefeito Jairo Gianoto (PSDB), de 1997 a 2000 (a Justiça Estadual condenou Gianoto a devolver dinheiro aos cofres públicos, mas somente dez anos depois). O então vice-presidente das Associações Comerciais do Paraná, Eduardo Araújo, propôs um movimento para impedir o mau uso dos recursos municipais. “No fim de 2004, criei o Movimento Pela Cidadania Fiscal [MPCF], um trocadilho com a CPMF, que culminou no Observatório Social de Maringá, o primeiro do Brasil, no começo de 2005”, conta. A ideia era criar um coletivo de fiscais das compras e contratações de serviços pelo poder público. Atualmente, cerca de 3 mil voluntários, incluindo professores, empresários, profissionais liberais, servidores públicos não municipais e integrantes de diversas associações de classe, participam da rede. Desde 2013, o OSB estima ter propiciado economia de R$ 1,5 bilhão, graças ao acompanhamento de licitações e das atividades de prefeitos e vereadores. A rede se concentra nas compras e contratações ruins. “O foco do trabalho está na eficiência da gestão pública, e não na caça aos corruptos”, explica a diretora executiva da entidade, Roni Enara. Segundo ela, em média, a atuação do OSB contribui para uma economia de 10% a 15% no orçamento de compras nas cidades. Ações do tipo contribuem com a reorganização das finanças municipais, uma necessidade urgente e difusa no país. Nas primeiras semanas deste ano, 43 prefeituras decretaram calamidade financeira, segundo a Confederação Nacional dos Municípios (CNM). As cidades sofrem, como os estados e o governo federal, na crise fiscal profunda por que passa o país. “Parte dessas prefeituras não teria chegado a essa situação se tivesse usado ferramentas de boa gestão”, diz Roni. Os voluntários do OSB tentam dedicar parte do tempo às decisões dos vereadores, nem sempre sensatas. Em Tubarão, Santa Catarina, após cinco meses de pressão popular, os legisladores concordaram em reduzir a previsão de um repasse mensal do Executivo ao Legislativo, na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2017. A campanha para a redução começou após um estudo mostrar que a Câmara de Tubarão gastava bem mais que a de Brusque, com população e número de vereadores bem parecidos. A mudança economizará R$ 4,7 milhões à cidade. A rede está presente em dez capitais, incluindo Brasília, Cuiabá, Natal e Porto Alegre, e deverá alcançar 150 cidades até junho. Na Grande São Paulo, São Caetano do Sul é a primeira cidade a participar. Os voluntários locais apresentaram uma carta com nove princípios de transparência, incluindo a criação de um diário oficial eletrônico e uma secretaria especializada em compras e gestão de contratos. “As cidades brasileiras têm níveis de transparência muito diversos. Sem instrumentos mínimos de controle, não é possível monitorar adequadamente os trabalhos do Executivo e do Legislativo”, disse o presidente local do OSB, Mário Bohm. Durante a campanha, o prefeito eleito, José Auricchio Júnior (PSDB), comprometeu-se a encampar as medidas. Até a sexta-feira 3, não havia voltado a falar do tema. Na estratégia do OSB, tão ou mais importante que zelar pelo bom uso do dinheiro público é estimular o desenvolvimento econômico regional. “As compras governamentais tendem a ser viciadas não só no âmbito federal, como vimos na Operação Lava Jato. Nos municípios, é comum que os mesmos fornecedores vençam sempre, mesmo com ofertas a preço de ouro”, afirma Ney Ribas, presidente do OSB nacional. Com isso, a população perde duas vezes – com o desperdício do dinheiro público e com a perda de oportunidade para que mais empresas locais ganhem porte e qualidade. “Por estar ligado a associações comerciais, o Observatório leva ao empresariado a capacitação para participar de futuras ofertas públicas. Isso puxa os preços para baixo, sem reduzir a qualidade”, diz Bruno Quick, gerente de políticas públicas e desenvolvimento territorial do Sebrae. Ele calcula que o mercado de compras públicas no Brasil ultrapasse os R$ 500 bilhões – uma fonte de desenvolvimento ainda muito mal usada. Disponível em: http://epoca.globo.com/politica/noticia/2017/02/rede-de-cidadaos-voluntarios-que-fiscaliza-prefeitos-e- vereadores.html Acesso em: 10 fev 2017. 28 ONGS usam tecnologia para combater desvio de recursos públicos Reportagem por Estevão Taiar do Valor Econômico em 07 de fevereiro de 2017 Um carrinho de limpeza valia R$ 418, mas quase foi comprado por R$ 20 mil. Um deputado federal pediu à Câmara reembolso por 13 almoços em um único dia. Outro solicitou também que fosse reembolsado por refeições em seis cidades e três Estados diferentes, feitas todas no mesmo dia. Todos esses casos chegaram muito perto de causar prejuízos aos cofres públicos. Mas nos últimos anos, em meio à crise fiscal e a escândalos de corrupção, tem surgido um número cada vez maior de iniciativas para monitorar os gastos do governo. Foram justamente algumas dessas iniciativas que impediram desvios que na maior parte das vezes passariam despercebidos. “É uma atividade bonita, mas muito trabalhosa”, diz Elizabeth Castro Maurenza de Oliveira, coordenadora do curso de ciências contábeis da Universidade Metodista de São Paulo. Atualmente, ela está terminando os trâmites burocráticos para a criação de um Observatório Contábil Social (OCS) em São Bernardo do Campo (SP). O OCS faz parte do Observatório Social do Brasil (OSB), organização não governamental presente em 19 Estados e
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