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ética sociedade e OSB

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1 
 
Ética, Sociedade e 
Observatório Social do Brasil 
1º semestre / 2017 
2 
 
PRÓ-REITORIA DE ENSINO 
 
 
 
COLETÂNEA 
FORMAÇÃO SOCIOCULTURAL E ÉTICA 
Ensino Presencial (1º semestre) 
EAD (MÓDULO 51) 
 
 
 
 
Organizadoras 
Cristina Herold Constantino 
 Débora Azevedo Malentachi 
 
 
Colaboradores 
Fabiana Sesmilo de Camargo Caetano 
Rogerio Borgo 
 
 
Direção Geral 
Pró-Reitor Valdecir Antônio Simão 
 
 
 
3 
 
Sumário 
 
 
 
Apresentação...................................................................................................................................................... 04 
Considerações Iniciais...................................................................................................................................... 05 
Visão e benefícios da leitura............................................................................................................................... 06 
Desfazendo crenças limitadoras......................................................................................................................... 07 
Textos Selecionados......................................................................................................................................... 09 
A ética e a moral na sociedade moderna............................................................................................................ 09 
Filosofia, Ética e Sociedade................................................................................................................................ 10 
Observatório Social do Brasil.............................................................................................................................. 15 
OSB faz um balanço do último ano e prevê novidades para 2017..................................................................... 17 
Conceituando educação fiscal............................................................................................................................ 22 
Vencedores do Prêmio Nacional de Educação Fiscal 2016............................................................................... 22 
Vídeo: Educação Fiscal e Cidadania – Tributos: que história é essa?............................................................... 25 
A rede de cidadãos voluntários que fiscaliza prefeitos e vereadores................................................................. 26 
ONGs usam tecnologia para combater desvio de recursos públicos.................................................................. 28 
Conscientização em nome da cidadania............................................................................................................. 31 
Refugiados, clima, poluição e Donald Trump....................................................................................................... 34 
A experiência do ócio na sociedade hipermoderna............................................................................................ 36 
Saiba mais: Os tempos hipermodernos de Gilles Lipovetsky............................................................................. 42 
Cinco reflexões básicas esquecidas pela sociedade hipermoderna................................................................... 43 
Os direitos do homem na sociedade atual.......................................................................................................... 45 
Relações étnico-raciais, educação e exploração capitalista no Brasil................................................................ 49 
A luz de Luiz........................................................................................................................................................ 52 
Vídeo: Biografia dramatizada.............................................................................................................................. 53 
Vídeo: Os africanos – Raízes do Brasil............................................................................................................... 53 
Há uma luta pela vida na aldeia Takuara............................................................................................................ 54 
Vídeo: Os indígenas – Raízes do Brasil.............................................................................................................. 58 
A democratização da violência no Espírito Santo............................................................................................... 59 
O caos ético e moral de uma sociedade sem polícia.......................................................................................... 60 
Saiba mais: A falta de ética na sociedade brasileira contemporânea................................................................. 60 
Por uma segunda chance.................................................................................................................................... 60 
758 milhões de adultos não conseguiam ler ou escrever uma frase simples em 2015....................................... 66 
 “Educar é apresentar a vida e não dizer como viver”......................................................................................... 67 
Músicas................................................................................................................................................................ 71 
Filme.................................................................................................................................................................... 74 
Charges............................................................................................................................................................... 76 
Livro...................................................................................................................................................................... 79 
Considerações Finais........................................................................................................................................ 81 
4 
 
Apresentação 
 
A Formação Sociocultural e Ética (FSCE) compõe um dos Projetos de Ação da UniCesumar, 
cujo principal objetivo é aperfeiçoar habilidades e estratégias de leitura fundamentais para seu 
desempenho pessoal, acadêmico e profissional. Nesse sentido, esta disciplina corresponde à 
missão institucional, a qual consiste em “Promover a educação de qualidade nas diferentes áreas 
do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de 
uma sociedade justa e solidária”. Conforme slogan da FSCE, “Quem sabe mais faz a diferença!”, 
o conhecimento adquirido por meio da leitura é a mola propulsora capaz de formar e transformar 
sujeitos passivos em cidadãos ativos, preparados para fazer a diferença na sociedade como um 
todo! 
 
Na FSCE, você terá contato com vários assuntos e fatos que ocorrem na sociedade atual e que 
devem fazer parte do repertório de conhecimentos de todos os que buscam compreender 
criticamente seu entorno social, nacional e internacional. Em síntese, no intuito de atender ao 
objetivo desta disciplina, a FSCE está dividida em cinco grandes eixos temáticos: Ética e 
Sociedade, Ética, Política e Economia, Ética, Cultura e Arte – Ética, Ciência e Tecnologia – Ética e 
Meio Ambiente, sendo que nos dois primeiros eixos estão incluídos temas complementares e 
pertinentes propostos pelo Observatório Social do Brasil. 
 
Este material, também chamado de Coletânea, é o principal instrumento de estudo da FSCE. 
Recebe o nome de Coletânea porque reúne vários gêneros textuais criteriosamente selecionados 
para estimular sua reflexão e análise pontuais. Textos retirados de diferentes fontes, com a 
finalidadede abordar recortes temáticos relacionados aos conteúdos de cada eixo supracitado. 
Tem como principal objetivo ser um material de apoio à sua formação geral, servindo-lhe de 
estímulo à leitura, interpretação e produção textual. Uma Coletânea como esta é organizada a 
cada duas semanas, ou seja, a realização completa desta disciplina ocorre no período de 10 
semanas. 
 
Cada Coletânea apresenta-se, inicialmente, com uma introdução, seguida por aspectos 
relacionados à leitura, interpretação e/ou escrita, os quais antecedem a apresentação dos 
diversos textos referentes aos respectivos eixos. A sequência de textos normalmente é finalizada 
com os gêneros música, poesia ou frases e charges, sendo finalmente concluída com breves 
considerações finais. 
 
Você tem em suas mãos, portanto, uma compilação por meio da qual terá acesso a um conteúdo 
seleto de textos basilares para sua reflexão, aprendizagem e construção de conhecimentos 
valiosos. Textos compostos por fatos, notícias, ideias, argumentos, aspectos veiculados nos 
principais meios de comunicação do país, links de acesso a entrevistas, depoimentos, vídeos 
relacionados ao eixo temático, além de respaldos teóricos e práticos acerca da linguagem que 
poderão servir como suporte à sua vida em todas as instâncias. 
 
Também, importa lembrar que a organização deste e demais materiais da FSCE não pressupõe 
qualquer tendência político-partidária e/ou apologia a qualquer grupo religioso em detrimento de 
outros, sendo que estamos disponíveis ao recebimento de indicações de textos, sites, tanto 
quanto às sugestões de conteúdos relacionados aos referidos eixos. Faça, portanto, da FSCE sua 
porta de entrada para a aquisição de novos conhecimentos. E lembre-se: Ler é pensar! Vista a 
camisa do conhecimento e seja MAIS! 
Organizadoras 
5 
 
Considerações Iniciais 
 
Primeiramente, queremos dizer que você é muito bem-vindo à disciplina de Formação 
Sociocultural e Ética que inaugura o ano de 2017 com o eixo Ética, Sociedade e Observatório 
Social do Brasil. E cá entre nós, nada mais 
oportuno do que pararmos para refletir sobre 
a sociedade, como ela tem sido vista, ações 
que a tem caracterizado, quais as possíveis 
causas e consequências dos principais fatos 
e acontecimentos que refletem, hoje, a 
sociedade atual. Na verdade, como de 
costume, o nosso intuito com este material é 
promover a reflexão, levá-lo a uma análise 
crítica, primeiramente, acerca das informações trazidas, mas também acerca de você mesmo, do 
seu papel como parte integrante e responsável como pessoa, cidadão, acadêmico e futuro 
profissional nesta sociedade. 
Talvez, muitas das informações trazidas não sejam novidades, contudo, desafiamos você a fazer 
deste momento uma oportunidade para uma nova leitura, um novo olhar... 
Os fatos sociais nos têm mostrado que é necessário um novo e diferente olhar, talvez, 
primeiramente, para nós mesmos como pessoa e parte de um núcleo maior que somos. Talvez, 
questionando-nos acerca de quem somos nesta sociedade. Qual nosso papel na sociedade? O 
que queremos desta sociedade? O que esperamos dela? O que esperamos de nós como parte 
desta sociedade? E, talvez, qual o nosso compromisso em fazer diferente para fazermos a 
diferença nesta sociedade? 
Como vimos, são muitas as perguntas e algumas poucas respostas ou encaminhamentos, sendo 
que este material e este eixo podem ser uma primeira e pequena oportunidade para o início de 
uma mudança de pensamento e de atitude. 
Esperamos contribuir para que este seja efetivamente um momento de reflexão e análise dos 
fatos e que todas as inquietações lhe façam entender que você é o principal canal para a 
mudança de pensamento, de intenções, de ações, a fim de que estes venham a ser sonhos 
possíveis, realizáveis por uma geração que pensa, reflete e age, ainda que na contracultura de 
uma sociedade hoje posta como inativa e corrupta, mas que tem o poder de transformar a 
realidade social em que reine a justiça, a esperança, o respeito e a ética. 
 
Boa leitura! 
Organizadoras 
 
 
 
6 
 
Visão e benefícios da leitura 
 
Nossa visão acerca das coisas influencia o nosso comportamento e, por extensão, nosso sucesso 
frente a elas. E a partir do momento que temos consciência acerca dos seus benefícios, maiores 
as chances de desenvolvermos a visão certa. 
 
Como está a sua visão sobre leitura? 
 
Antes de dar o próximo passo, é preciso que você se autoavalie enquanto leitor e que avalie a sua 
visão acerca da leitura. 
 
Por que a leitura é importante para você? 
 
Você tem consciência dos benefícios que a leitura pode proporcionar a você? 
 
Queremos ajudá-lo a desenvolver a sua visão acerca da leitura mostrando-lhe apenas três de 
seus poderosos benefícios: 
 
1. a leitura é a melhor fonte de conteúdo para a escrita: quanto mais leituras realizadas de 
modo crítico e consciente, mais você terá O QUE dizer nos textos que produz. Lembre-se 
sempre: antes de se tornar um bom produtor de textos, é preciso se tornar um ótimo leitor. E o 
mais importante não é a quantidade das suas leituras, mas a qualidade! Leituras com qualidade 
são aquelas nas quais aplicamos técnicas e estratégias adequadas para compreensão e 
interpretação de textos. 
 
2. a leitura constitui-se como modelo para a produção escrita: além de lhe proporcionar 
conteúdo (o que dizer) na produção escrita, a leitura lhe possibilita o conhecimento de COMO 
colocar no papel o que você deseja dizer nos textos que produz. A partir da leitura você conhece 
diferentes autores, com estilos de escrita peculiares, e você pode começar as suas produções 
imitando os autores de que mais gosta, com os quais mais se identifica. Se queremos nos tornar 
grandes, imitamos os grandes! 
 
3. a leitura abre as portas da superação pessoal e profissional: quanto mais você lê e atribui 
qualidade às suas leituras, mais conhecimentos gerais terá e mais preparado estará para alcançar 
lugar de destaque nos concursos e entrevistas de emprego. A prática da leitura consciente lhe 
dará capacidade para interpretar qualquer texto, falar e escrever sobre quaisquer assuntos que 
lhe forem propostos nas provas. Além de tudo isso, a leitura nos proporciona conteúdo para a 
vida. 
 
Viu como são infinitas as possibilidades de aprendizagem e de transformação de vida a partir das 
leituras que realizamos? 
 
Consciente dos benefícios da leitura, faz-se necessário, ainda, desfazer algumas das crenças 
limitadoras que podem podar o nosso crescimento enquanto leitores. 
 
 
 
 
7 
 
Desfazendo crenças limitadoras 
 
No próximo material da FSCE, trataremos sobre as principais estratégias de leitura fundamentais 
para a compreensão e interpretação de textos. Entretanto, antes de estudarmos tais estratégias, é 
preciso desfazer duas crenças que talvez sejam as pedras no meio do seu caminho, os 
empecilhos que podem travar os seus estudos, o seu desempenho acadêmico e o seu 
crescimento enquanto leitor, impedindo que você desenvolva as habilidades necessárias para o 
seu sucesso pessoal e profissional. 
 
Se você tiver em mente alguma destas crenças 
limitadoras, comece agora mesmo a mudar seus 
pensamentos para mudar o seu comportamento 
frente às leituras e experimentar uma 
transformação digna de alguém disposto a 
enxergar além das superficialidades... 
 
1. Não gosto de ler! 
 
A leitura é um hábito que adquirimos desde a infância. Alguns vivenciam a leitura em casa, outros 
apenas nas carteiras escolares. Em algum momento na vida, você já gostou de ler, porque não 
era obrigado a fazer isso. Podia ler o que mais gostava. Ou não podia, porque eraproibido. Mas, 
por ser proibido, você gostava ainda mais. A leitura de gibis, por exemplo, foi proibida nas escolas 
durante certo período de tempo, décadas atrás. 
 
Se você tem essa crença limitadora, pense da seguinte forma: “Como posso não gostar de algo 
que simplesmente pode abrir horizontes inimagináveis para mim?” Gostar de ler é um bom hábito. 
Não gostar é um mau hábito. Decida acabar com o mau hábito e comece a desenvolver o bom. E 
isto se faz com atitude, prática e persistência. Decida pelo que fará bem a você! 
 
Comece lendo o que mais gosta, sobre os assuntos que mais chamam a sua atenção. Leia tudo o 
que pode. Leia com os olhos, com a razão e o coração. E não se preocupe em entender tudo o 
que lê. Abaixe a ansiedade para desbloquear seu poder de compreensão. Apenas persista, pois, 
com a prática, a compreensão virá com mais naturalidade. 
 
2. Não entendo nada do que leio! 
 
Como já declaramos acima, é preciso persistência. Ao aprender determinadas técnicas e 
estratégias de leitura o texto monstruoso se transformará apenas no que ele é de fato: um texto 
cujos significados podem ser inteligíveis, compreensíveis, construídos. 
 
Quem nunca terminou de ler um texto e teve que admitir não fazer ideia do que acabou de ler que 
atire a primeira pedra! 
 
Você é normal! Somos todos leitores em processo! 
 
Cada texto tem suas respectivas características. Alguns são mais complexos que outros e, por 
isso, exigem mais leituras. Uma leitura nunca será o suficiente para compreendermos e 
8 
 
interpretarmos determinados textos, sobretudo, cujos autores gostam de complicar a vida da 
gente. O estilo do autor também contribui, ou não contribui em nada. 
 
Então, em vez de ficar se vitimando por “achar” que não entende nada do que lê, corrija seu 
pensamento: “Eu ainda não entendi este texto, porque estou cansado e com dificuldades para me 
concentrar, mas farei uma leitura mais atenta em outro momento, quando eu estiver mais 
concentrado e descansado, para entendê-lo!” 
 
Mas, professoras, o que fazer nos contextos de provas acadêmicas, quando não tenho mais que 
uma hora para ler e responder as questões propostas? 
 
De fato, trata-se de um tipo de leitura a qual você não poderá deixar para depois. Mas é 
exatamente para essas situações que temos por objetivo prepará-lo com o conhecimento e as 
ferramentas certas que farão com que você se sinta altamente capacitado para se concentrar 
melhor nas leituras, facilitando em grande escala a compreensão e interpretação dos textos 
propostos, sejam quais forem seus níveis de complexidade. 
 
Portanto, se você pensa que não entende nada do que lê é porque não está usando as técnicas e 
estratégias de leitura fundamentais para derrubar por terra essa crença, que em nada colabora 
com as suas chances de crescimento na vida e seu desempenho na academia. 
 
Pense nos benefícios da leitura, avalie suas crenças a respeito dela, pratique-a, 
aplique as estratégias que irá aprender, abrace o conhecimento que ofertamos a você 
nesta disciplina e prepare-se para o SUCESSO! 
 
9 
 
 
Textos Selecionados 
 
Queremos introduzir esta coletânea com um texto que nos remete à reflexão acerca do 
homem histórico. Quais os encontros e desencontros com a sua própria essência 
humana, com a moral e com a ética. Em que medida o cidadão brasileiro despertou-se 
para a consciência e para o entendimento da ética? Em que medida a ética não tem sido 
travestida da lei da vantagem, da conveniência e do autocentrismo? 
A ética e a moral na sociedade moderna 
Ildecir A. Lessa 
O macedônico filósofo Aristóteles já afirmava que o homem é um animal político, o que remete à 
sua natureza social. Heródoto, historiador grego e Sófocles, escritor, também já afirmavam que o 
homem sem a cidade, teria um destino trágico. No período áureo do pensamento grego, surgiram 
muitas ideias e definições sobre a ética que até hoje fundamentam os conceitos histórico-sociais 
no campo da moral. 
O termo ética é de origem grega (ethos). O ser humano se manifesta não apenas na natureza, 
mas também na ação humana, no ethos, isto é, hábitos, costumes e instituições produzidos pela 
sociedade. O ethos se refere à morada e a organização de um povo ou de toda a sociedade. O 
ethos é o espaço da liberdade, da diferença. E esta liberdade não é meramente subjetiva. Com a 
evolução da sociedade moderna, deflagrou-se uma grave crise ética. As muitas crises que abalam 
o mundo tem como campo de ação o próprio homem. Os sinais desta crise são evidentes. O povo 
brasileiro despertou o tribunal da consciência e abriu os olhos do entendimento para essa 
realidade ética. Passou a focar que a ética serve para conduzir ações humanas a respeito das 
boas ações (virtudes) ou das não éticas, às más (vícios). Isso principalmente, com relação à ética 
pública, traduzida na falta de honradez na vida política, profissional e particular. 
Importante saber que a ética não se ocupa do irracional, retratado nos níveis de violência, 
discriminação social, abuso do poder, corrupção, permissividade, cinismo e impunidade. Com a 
concepção e do entendimento de que ações humanas podem ser abordadas por uma perspectiva 
psicológica, pode-se contemplar estágios de verdadeira deformação das consciências que 
aceitam como normal ou inevitável o que não tem nenhuma justificativa ética. O entendimento 
clássico de ética não permite a simples aceitação de práticas depreciativas da vida humana. A 
crise ética está profundamente ligada a um longo processo histórico. O grande desafio que 
deflagra no presente, é, antes de tudo, compreender as raízes desta crise que afeta a sociedade 
moderna em geral, especificamente no meio urbano. 
A ética é vinculada com o termo moral. Esse dualismo é de dupla dimensão. A moral se traduz em 
normas aceitas íntima e livremente pelos indivíduos, por convicção pessoal, sendo reconhecidas 
como obrigatórias por refletirem os princípios, valores e interesses dominantes na sociedade na 
qual estão inseridos. As normas morais ditam como devem agir os membros de uma determinada 
sociedade. Não se recorre à força ou à imposição coercitiva. Mas, o que vem a ser a moral? Um 
conjunto de valores e de regras de comportamento, um código de conduta que coletividades 
adotam, quer sejam uma nação, uma categoria social, uma comunidade religiosa ou uma 
organização. Enquanto a ética diz respeito à disciplina teórica, a moral corresponde às 
representações imaginárias que dizem aos agentes sociais. A ética se caracteriza como a ciência 
10 
 
que investiga a moral. Não encontramos na ética uma norma de ação para cada situação 
concreta. O problema de como agir de maneira a que a sua conduta seja boa, ou seja, 
moralmente valiosa pertence à moral. A ética, diferentemente, preocupa-se com problemas gerais 
de caráter teórico, como definir a essência da moral, sua origem, as condições objetivas e 
subjetivas do ato moral e as fontes de avaliação moral. Ética e moral, portanto, são diferentes, 
embora guardem estreita relação. A missão da ética é explicar a moral. A ética e moral caminham 
juntas, independente da direção, espaço e grupo. A ética é um princípio que devemos fazer uso 
no cotidiano, não importando a situação. Assim, é imprescindível que seja retomado na conduta 
pessoal de cada cidadão, comportamentos condizentes com a postura ética em volta de 
responsabilidade e comprometimento. Com a velocidade em que ocorrem as transformações, há 
necessidades de valores intangíveis para que haja um alinhamento na tomada de decisões com 
mais rapidez. Toda conduta social é instituída por valores morais diferentes, mas a conduta 
correta é imposta a todos sem distinção. Desde o nascimento nos é ensinado o que é certo e 
errado e a partir daí reproduzimos valoresimpostos pela sociedade. Desta forma, somos 
“programados” para agir conforme regras impostas, sendo recompensados quando seguimos as 
regras e punidos quando as infringimos. A Ética como conjunto de normas e valores que regem 
uma sociedade deve necessariamente refletir a consciência e as ações de um povo, assim como 
trazer consigo o tipo de organização que alimenta essa sociedade. Ética e moral devem andar 
lado a lado com a liberdade, mas esta liberdade tem algumas limitações que a própria “Lei 
Natural” impõe ao ser humano. A ética deve ser incorporada pelos indivíduos, tendo como 
princípio uma atitude diante da vida social cotidiana, capaz de julgar criticamente os apelos da 
moral que vigoram em nossa sociedade. A ética, tanto quanto a moral, não é um conjunto de 
verdades fixas e imutáveis, mesmo porque, a ética sempre se movimentou dentro de um contexto 
histórico. 
Refletir sobre a ética é contribuir para aumentar a reflexão sobre a ação 
humana, tornando-nos mais sensíveis e mais sensatos, porque ela nos 
aproxima da realidade e nos torna mais conscientes das ações que 
praticamos em qualquer espaço da nossa vida. Ultimamente a ética e a moral estão 
sendo relegadas por certas classes sociais e políticas, muitos valores estão sendo quebrados em 
prol do individualismo. O bem comum deu lugar ao “cada um por si” e com isso ética e moral 
vêm perdendo o sentido no seio da sociedade moderna . 
Disponível em: http://www.diariodecaratinga.com.br/?p=26468 Acesso em: 8 fev 2017. Grifos das organizadoras. 
O texto que segue nos remete à concepção ética atrelada à concepção do homem como 
ser social e histórico. Parece que, seja na perspectiva de Sócrates, Platão, Aristóteles, 
Santo Agostinho, Hegel ou Durkheim, a existência humana só ganha sentido se pensada 
e vivida na e pela sociedade, ainda quando se busca o conhecimento de si mesmo... 
Filosofia, Ética e Sociedade 
Existe uma profunda ligação entre ética e filosofia: a ética nunca pode deixar de ter como 
fundamento uma concepção filosófica do homem que nos dá uma visão total deste como um ser 
social e histórico. Dentre os vários conceitos com os quais a ética trabalha e que pressupõe um 
prévio esclarecimento filosófico, como os de liberdade, necessidade, valor, consciência, vamos 
dar ênfase ao de sociabilidade, ou seja, como a ética deve estar inserida nas relações humanas 
em sociedade. 
A ação humana é fruto de uma escolha entre o certo e o errado, e entre o que é bom e o que é 
mal. O indivíduo procura se basear em parâmetros socialmente aceitos que lhe permite conviver 
com as outras pessoas, em outras palavras, ele busca sempre se guiar pelos conceitos que 
norteiam a prática dos valores positivos e das qualidades humanas. A ética não somente serve de 
base para as relações humanas, mas, trata também das relações sociais dos homens na medida 
11 
 
em que os filósofos consideram a ética como base da justiça ou do direito, e até mesmo das leis 
que regulam a convivência entre todos que vivem na sociedade. 
Primeiramente para entendermos sobre a ética devemos pelo conceito filosófico entender que é a 
área que investiga o comportamento humano em suas relações entre si, considerando conceitos 
utilizados para avaliá-las como: valor, virtude, justiça, moral, bem, normas morais, dever, liberdade 
e principalmente responsabilidade; promove também reflexões sobre a busca humana pelas 
melhores formas de agir, viver e conviver. De forma mais específica, segundo Gilberto Cotrim, 
A ética é uma disciplina teórica sobre uma prática humana, que é o comportamento moral... A 
ética tem também preocupações práticas. Ela orienta-se pelo desejo de unir o saber ao fazer. 
Como filosofia prática, isto é, disciplina teórica com preocupações práticas, a ética busca aplicar o 
conhecimento sobre o ser para construir aquilo que deve ser (COTRIM, 2004, p.264). 
Como teoria filosófica, a ética se 
caracteriza como estudo das ações 
individuais dos homens, cuja finalidade 
consiste em elaborar uma orientação 
normativa para as ações humanas que 
seja estabelecido como bem. Com o 
filósofo grego Aristóteles a ética passou a 
ser a “ciência do moral”, ou seja, do caráter 
e das disposições do espírito. Enfatizamos 
que a ética é um conjunto de argumentos 
que são utilizados pelos indivíduos para 
justificar suas ações, solucionando com 
diferentes problemas em que há o conflito 
de interesses com bases em argumentos 
universais. Ou salientamos que a ética é 
uma filosofia responsável por estudar a 
moral, contestando e identificando o que 
podemos chamar de regras morais 
vigentes, as quais são alteradas com o 
tempo. A Ética como teoria filosófica tem 
por objetivo estudar o comportamento dos 
indivíduos frente aos apelos morais da 
sociedade em que este vive. Ela se 
manifesta de diferentes maneiras conforme a cultura, costumes e hábitos de determinadas 
populações. 
As reflexões da ética abrangem aspectos da vida pública e das leis estabelecidas no plano social 
para a existência humana. Envolvem questões ligadas ao direito, ao poder, a cidadania e a 
política, e abrange também aspectos da vida privada, analisando algumas questões morais de 
foro íntimo ligadas às condutas e escolhas de indivíduos em nosso cotidiano, e são elas que 
determinam o modo como cada um convive consigo próprio e com os outros. 
As respostas filosóficas para as questões éticas variam no tempo e no espaço, e ainda 
apresentam uma característica fundamental que envolve a posição dos indivíduos em relação ao 
valor e as virtudes que são defendidos em seu meio cultural. Com isso, os filósofos investigam o 
que leva diferentes grupos sociais a se enfatizarem sobre questões e valores semelhantes, sem 
ignorar que, os significados atribuídos a eles nem sempre são os mesmos. Há filósofos que 
concebem o homem como um ser dotado de um senso moral inato, ou seja, da capacidade 
natural para avaliar como as coisas e como elas deveriam ser. Alguns acreditam que as diversas 
tendências culturais e individuais atuam sempre sobre a capacidade comum entre os seres 
humanos e são determinantes da formação do caráter e da personalidade. E há filósofos que 
afirmam a existência da liberdade, ressaltando sempre que, apesar da pressão de costumes e 
12 
 
leis, nós sempre podemos refletir sobre as questões éticas e sobre a moral aprendida, e que, 
segundo eles, há uma possibilidade que nos faz responsáveis por nossas próprias escolhas e que 
nos permite contribuir para a renovação com as normas com que nos deparamos no dia a dia. 
Nos tempos áureos da filosofia grega a 
justiça e todas as demais virtudes éticas 
eram políticas e sociais, o que denota 
certa inseparabilidade entre a ética e 
política, ou seja, está relacionado entre 
a conduta do indivíduo e os valores da 
sociedade. 
No pensamento dos Antigos filósofos a 
existência humana só pode ser pensada 
em sociedade onde os seres humanos 
aspiram ao bem e a felicidade, que só 
pode ser alcançada pela conduta 
virtuosa. Além disso, existe uma 
preocupação constante com a busca 
dos valores morais inscritos no interior 
do próprio homem, como acreditava 
Sócrates. Dessa forma – para ser ético – 
o homem deveria entrar em contato com 
a sua própria essência, a fim de 
alcançar a perfeição. O homem, como 
qualquer ser, busca a sua perfeição, que acontecerá quando sua essência estiver plenamente 
realizada. E como afirma Mondin, “A ética ou moral... é o estudo da atividade humana com 
relação a seu fim último que é a realização plena da humanidade” (1980, p.91) 
Sócrates, que se tornou símbolo da própria filosofia, dedicou atenção especial as questões éticas, 
sendo que ele julgava o ser humano que era dotado de uma natureza racional e voltada para o 
bem. Ele tentava sempre compreender a essência das virtudes e do bem, tal como a justiça, a 
prudência, a coragem, e entreoutras. Sócrates de alguma forma procurava saber dos cidadãos 
atenienses sobre a virtude, a essência, saber se uma conduta é boa ou não, e porque o bem é 
uma virtude e o mal um erro, e com tudo isso as perguntas ética-socráticas não estão destinadas 
somente ao indivíduo, mas também a sociedade. 
Pode-se resumir a ética dos antigos em pelo menos dois aspectos: o agir em conformidade com a 
razão e a união permanente entre ética (a conduta do indivíduo) e política (valores da sociedade). 
A ética é uma maneira de educar o sujeito moral (seu caráter) no intuito de propiciar a harmonia 
entre o mesmo e os valores coletivos. 
Na Idade Média a Filosofia sofrerá uma forte influência da tradição cristã. Uma vez, que todos os 
Filósofos deste período são teólogos, bispos, abades e padres. Dessa forma a filosofia 
permanecerá, ao longo de todo período medieval, subordinada a teologia, de tal modo, que é 
impossível separar o pensamento filosófico da tradição grega, do pensamento teológico cristão. 
Neste caso a vida ética era definida por sua relação espiritual e interior com Deus e pela caridade 
com o seu próximo, por meio da revelação divina. A ética cristã se fundamenta no amor, no qual 
foi colocado como primeiro e maior mandamento: o amor a Deus acima de todas as coisas e o 
amor ao próximo. É no amor que o cristianismo encontra sua realização espiritual mais profunda e 
as bases fundamentais para a vida em sociedade. 
Os primeiros filósofos cristãos procuravam conciliar fé e razão como instrumento de análise e 
reflexão. A partir desse pressuposto a filosofia insurge no campo da ética cristã, como tentativa de 
justificar seus princípios e normas de comportamento, se submetendo a lei divina revelada pelas 
13 
 
Sagradas Escrituras implicando uma determinação racional do próprio conteúdo sobrenatural da 
Revelação, mediante uma disciplina específica, a teologia dogmática. 
Assim como Sócrates e Platão, o bispo, teólogo e filósofo do início da Idade Média, Santo 
Agostinho, foi um homem profundamente voltado para a sua interioridade, uma vez que é nessa 
interioridade que podemos realizar nosso encontro com Deus e nossa verdadeira essência. É 
dentro desta perspectiva de uma filosofia introspectiva que Agostinho agrega uma série de 
conceitos fundamentais. Os filósofos medievais herdaram elementos da tradição filosófica grega, 
reconfigurando-se no interior de uma ética cristã e tal como Santo Agostinho, a filosofia de São 
Tomás de Aquino representa uma aproximação entre fé e razão, mas, neste caso, usando o 
pensamento aristotélico como base fundamental. Inspirado na filosofia aristotélica e amparado na 
visão cristã de mundo, Aquino reflete sobre a conduta ética que é aquela na qual o agente sabe o 
que está e o que não está em seu poder realizar, referindo-se, ao que é possível e desejável para 
um ser humano. A ética tomista também deve ser trabalhada no âmbito da sociedade. Analisando 
a natureza humana, resulta que o homem é um animal social (político) e, portanto, forçado a viver 
em sociedade com os outros homens. A primeira forma da sociedade humana é a família, de que 
depende a conservação do gênero humano; a segunda forma é o Estado, de que depende o bem 
comum dos indivíduos. Sendo que apenas o indivíduo tem realidade substancial e transcendente, 
se compreende como o indivíduo não é um meio para o Estado, mas o Estado um meio para o 
indivíduo. Segundo Tomás de Aquino, o Estado não tem apenas função negativa (repressiva) e 
material (econômica), mas também positiva (organizadora) e espiritual (moral). Embora o Estado 
seja completo em seu gênero, fica, porém, subordinado, em tudo quanto diz respeito à religião e à 
moral, à Igreja, que tem como escopo o bem eterno das almas, ao passo que o Estado tem 
apenas como escopo o bem temporal dos indivíduos. 
Mas não foi apenas na antiguidade e na Idade Média que os filósofos tiveram essa preocupação 
ética e social. Longe de pretender fazer uma análise sistemática das mais diferentes visões 
filosóficas sobre o assunto vamos apenas ressaltar as duas correntes que já mencionamos no 
início do texto. A primeira sobre a qual já falamos, corresponde às ideias de filósofos como 
Sócrates e Santo Agostinho que acreditam que o ser humano é dotado de um senso moral inato, 
ou seja, da capacidade natural para avaliar como as coisas e como elas deveriam ser e, desta 
forma, a questão de como devemos nos comportar e agir em sociedade passa por uma questão 
de foro íntimo e espiritual, introspectivo, que pode ser resumida na frase: “conhece-te a ti mesmo”. 
Mas essa visão não é a única e filósofos há que acreditam que as diversas tendências culturais 
são determinantes da formação do caráter e da personalidade e por isso dão uma ênfase maior 
em como os aspectos sociais e culturais são determinantes das relações humanas. 
Um exemplo desta perspectiva nós encontramos no século XIX, com o filósofo alemão Friedrich 
Hegel, que aprofundou de maneira ímpar a perspectiva Homem – Cultura e História, sendo que a 
ética deve ser determinada pelas relações sociais. Como sujeitos históricos culturais, nossas 
ações devem ser determinadas pela harmonia entre vontade subjetiva individual e a vontade 
objetiva cultural. O homem é visto como sujeito histórico-social, e como tal sua 
ação não pode mais ser analisada fora da coletividade, por isso a ética 
ganha um dimensionamento político: uma ação eticamente boa é 
politicamente boa, e contribui para o aumento da justiça e distribuição 
igualitária do poder entre os homens. O ideal ético para Hegel estava numa vida livre 
dentro de um Estado livre, um Estado de direito, que preservasse os direitos dos homens e lhes 
cobrasse seus deveres, onde a consciência moral e as leis do direito não estivessem nem 
separadas e nem em contradição. E os grandes problemas éticos se encontram em três 
momentos da eticidade que são a família, a sociedade civil e o Estado, e uma ética concreta não 
pode ignorá-los (VALLS, 1994). 
Em relação à sociedade civil os problemas atuais continuam os mais urgentes: referem-se ao 
trabalho e à propriedade. Não é um problema ético a falta de trabalho, o desemprego, as formas 
escravizadoras do trabalho, quando a maioria não recebe as condições mínimas nem de salário 
14 
 
nem de infraestrutura para sobreviver? Em relação ao Estado, os problemas, éticos são muito 
ricos e complexos. A liberdade do indivíduo só se completa como liberdade do cidadão de um 
Estado livre e de direito. As leis, a Constituição, as declarações de direitos, a definição dos 
poderes, a divisão destes poderes para evitar abusos, e a própria prática das eleições periódicas 
aparecem hoje como questões éticas fundamentais. 
Uma outra perspectiva de uma moral social encontramos no sociólogo Émile Durkheim. A 
comparação que Durkheim faz da sociedade com um organismo biológico traz ricas analogias. A 
sociedade é um imenso corpo social, como um “organismo biológico” (o conjunto das instituições 
sociais formam este corpo), possuindo vários órgãos (entre eles: a família, o Estado, a escola, a 
Igreja), cada qual com suas funções específicas de modo que a “anatomia social” será saudável 
se todos os órgãos funcionarem bem. Durkheim leva essa analogia ainda mais além quando 
afirma que a partir do momento em que um desses órgãos deixa de funcionar convenientemente, 
todo corpo social se ressente e adoece. E o que torna saudável uma sociedade, fazendo com que 
ela funcione harmoniosamente, é a existência de uma moral social. Cabe aos indivíduos 
desenvolver planos de ação que possam influir na transformação dos aspectos deficientes da 
sociedade a partir de valores que possam orientar, efetivamente, a conduta social dos indivíduos. 
Vale destacar aqui, a importância que a ideia de solidariedade representa no pensamento do 
sociólogo francês. A solidariedade, dentro do contexto das regras moraise sociais, pode e deve 
contribuir para a harmonia da sociedade. 
Enfim, qual a contribuição que a Filosofia e, por sua vez, a Ética, podem oferecer para nós, 
homens e mulheres do século XXI? No momento histórico em que vivemos existe um problema 
ético-político grave. O Brasil sempre quis ser visto o país dos justos, da democracia, da ética 
acima de tudo, porém não é bem essa a realidade vivida por todos (veja mais em: Ética na 
democracia brasileira). Verifica-se uma realidade conflitante fundamentada em uma crise de 
sentido e de valores que se apresenta na vida pessoal e nas relações sociais das pessoas. A 
partir desse contexto percebe-se uma inquietação acerca do sentido da vida e do papel do “ser no 
mundo”, vindo assim a reaparecer com mais força o interesse pelo tema da ética, enquanto coluna 
vertebral da reflexão sobre a conduta do ser humano e seus valores. Não é suficiente para o 
homem comum e contemporâneo superar a crise da ética atual conhecendo o outro e suas 
necessidades para se chegar a sua convivência harmônica. Não há como superar esta crise sem 
um modelo de ética voltada para uma comunidade, como na polis grega. Hoje se aposta no 
individualismo, na competição, na sociedade do espetáculo e do consumo. 
Acerca das reflexões sobre o ponto de vista dos filósofos, fica claro o entendimento sobre a ética, 
sendo um elemento imprescindível na sociedade. Somos formados por princípios e valores que 
estão relacionados a nossa cultura e esses fatores são essenciais, para a formação do nosso 
caráter no que diz respeito a nossa conduta ética e moral de modo que, irremediavelmente, o que 
se entende por Filosofia e Ética está relacionado ao conhecimento e comportamento do indivíduo 
na sociedade. 
*Referências no site 
Disponível em: http://www.portalconscienciapolitica.com.br/products/filosofia-etica-e-sociedade/ Acesso em: 8 fev 2017. 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
Quando se fala em ética e sociedade, atualmente, no Brasil, felizmente, temos um nome 
de referência positiva, isto é, um projeto que muito tem contribuído para que a sociedade 
brasileira reflita e tenha ações éticas efetivas. É acerca deste projeto que nos propomos a 
apresentar informações nos seis próximos textos. No primeiro deles, apresentaremos um 
texto que explica o que é o Observatório Social do Brasil (OSB), como funciona, sua 
missão, visão, princípios, objetivos. Na sequência, um texto que avalia as ações do OSB 
no ano de 2016 e faz um prenúncio para 2017, seguido de textos que se destinam a 
relatar projetos relacionados à Educação Fiscal pelo Brasil sendo em escolas, sendo 
entre voluntários, sendo por meio da tecnologia. E, como último texto relacionado ao 
OSB, uma conscientização a fim de que eu e você – como parte desta sociedade – 
conheçamos as contas que pagamos para podermos exigir de quem é devido. 
 
 
 
O que é um Observatório Social (OS)? 
É um espaço para o exercício da cidadania, que deve ser democrático e apartidário e reunir o 
maior número possível de entidades representativas da sociedade civil com o objetivo de 
contribuir para a melhoria da gestão pública. 
Cada Observatório Social é integrado por cidadãos brasileiros que transformaram o seu direito de 
indignar-se em atitude: em favor da transparência e da qualidade na aplicação dos recursos 
públicos. São empresários, profissionais, professores, estudantes, funcionários públicos e outros 
cidadãos que, voluntariamente, entregam-se à causa da justiça social. 
Como Funciona? 
Atuando como pessoa jurídica, em forma de associação, o Observatório Social prima pelo 
trabalho técnico, fazendo uso de uma metodologia de monitoramento das compras públicas em 
nível municipal, desde a publicação do edital de licitação até o acompanhamento da entrega do 
produto ou serviço, de modo a agir preventivamente no controle social dos gastos públicos. Além 
disso, o Observatório Social atua em outras frentes, como: 
• a educação fiscal, demonstrando a importância social e econômica dos tributos e a necessidade 
do cidadão acompanhara aplicação dos recursos públicos gerados pelos impostos. 
• a inserção da micro e pequena empresa nos processos licitatórios, contribuindo para geração de 
emprego e redução da informalidade, bem como aumentando a concorrência e melhorando 
qualidade e preço nas compras públicas. 
• a construção de Indicadores da Gestão Pública, com base na execução orçamentária e nos 
indicadores sociais do município, fazendo o comparativo com outras cidades de mesmo porte. E a 
cada 4 meses realiza a prestação de contas do seu trabalho à sociedade. 
O que é o Observatório Social do Brasil (OSB)? 
Os Observatórios Sociais (OS) são organizados em rede, coordenada pelo Observatório Social do 
Brasil (OSB), que assegura a disseminação da metodologia padronizada para atuação dos 
16 
 
observadores, promovendo a capacitação e oferecendo o suporte técnico aos OS, além de 
estabelecer as parcerias estaduais e nacionais 
para o melhor desempenho das ações locais. 
A Rede OSB está presente em mais de 100 
cidades, em 19 Estados brasileiros. 
São cerca de 3 mil voluntários trabalhando pela 
causa da justiça social nos Observatórios Sociais 
pelo Brasil afora. Estima-se que nos últimos quatro 
anos (2013 – 2016), com a contribuição desses 
voluntários, houve uma economia de mais de R$ 
1,5 bilhão para os cofres municipais. E a cada ano 
mais de R$ 300 milhões do dinheiro público deixam 
de ser gastos desnecessariamente. 
O mais importante não são os números! É a nova cultura que está se formando: da participação 
do cidadão de olho no dinheiro público. 
(dados de janeiro de 2017) 
Princípio geral: A justiça social será alcançada quando todos os agentes econômicos recolherem 
seus tributos corretamente, os agentes públicos os aplicarem com ética e eficácia. 
Missão: Despertar o espírito de Cidadania Fiscal na sociedade organizada, tornando-a proativa, 
através do seu próprio Observatório Social, exercendo a vigilância social na sua comunidade, 
integrando a Rede de Observatório Social do Brasil. 
Visão: Ser uma rede nacional propulsora do controle social para o aprimoramento da gestão 
pública e integridade empresarial. 
Valores: Apartidarismo; cidadania; comprometimento com a justiça social; atitude ética, técnica e 
proativa; ação preventiva e visão de longo prazo. 
Objetivo: Fomentar e apoiar a consolidação da Rede OSB de Controle Social, a partir da 
padronização dos procedimentos de monitoramento e controle da gestão pública, além da 
disseminação de ferramentas de educação fiscal e de inserção da micro e pequena empresa no 
rol de fornecedores das prefeituras municipais. 
Objeto de atuação: As ações de educação para a cidadania fiscal e controle social focadas no 
presente serão objeto de atuação do OS, atuando preventivamente, em tempo real, contribuindo 
para a eficiência da gestão pública, por meio da vigilância social da execução orçamentária, em 
sinergia com os órgãos oficiais controladores. 
A rede OSB - Observatório Social do Brasil possui quatro eixos de atuação, conforme abaixo: 
Resultados da atuação dos OS 
17 
 
 
Contudo, neste material, traremos algumas informações basilares acerca do Observatório Social 
do Brasil (OSB), bem como algumas informações relacionadas à Educação Fiscal. 
 
Disponível em: www.cge.pe.gov.br/wp-content/uploads/2016/06/Ney-Ribas-Rede-OSB_abr.16.ppt Acesso em: 8 fev 
2017. Grifos das organizadoras. 
 
OSB faz um balanço do último ano e prevê novidades pra 2017 
Em 2016 quase 1400 pessoas, de 750 cidades, fizeram contato, interessadas em conhecer ou implantar um OS em 
seus municípios 
Chegamos a 2017 após um ano de muitas mudanças político-econômicas. Essa mutação 
também tem sido percebida no engajamento e participação do cidadão em questões que, até 
então, nãorecebiam a devida atenção no cotidiano da sociedade. Temas como controle social, 
corrupção, transparência e política jamais foram tão debatidos e estiveram “na boca do povo” 
como em 2016. 
As mudanças também foram significativas no Observatório Social do Brasil e na Rede OSB. Não 
apenas físicas, considerando a mudança e expansão do escritório do OSB, com novas salas 
comerciais, graças à renovação do convênio com Federação das Associações Comerciais e 
Empresariais do Estado do Paraná (Faciap) – mantenedora do OSB – mas, sobretudo, num 
panorama gerencial. 
Em março, foi realizada a 7ª edição do Encontro Nacional dos Observatórios Sociais (ENOS). 
Entre os destaques, palestra do juiz Sérgio Moro, compartilhamento de boas práticas entre os 
observatórios sociais presentes, e a eleição de uma nova diretoria, com vitória da chapa 
“Altruísmo e Cidadania” presidida por Ney da Nóbrega Ribas, também presidente do Observatório 
Social Campos Gerais – PR e que assumiu o Observatório Social do Brasil, sucedendo Ater 
Cristófoli, empresário de Campo Mourão-PR, após duas gestões (quatro anos). “Isso significa 
Altruísmo e Cidadania; se queremos mudanças e resultados, temos que ter protagonismo, e não 
há nada que nutra mais essa semente, que o despertar de cidadania inspirado no nosso Amor 
pelo Brasil, que crescendo tornar-se-á o grande legado para as futuras gerações”, disse Ney 
Ribas. 
18 
 
A nova diretoria, com foco em uma gestão profissionalizada e participativa, realizou o 
Planejamento Estratégico, com visão de longo prazo, para 2026. Em maio foi realizado um 
encontro de dois dias para definir as diretrizes de atuação da equipe técnica, diretoria e conselhos 
na gestão 2016/2018, com um sistema de imersão e metodologia mediados voluntariamente pelo 
Instituto Sagres. 
Ribas encarou as mudanças como um novo desafio e apostou no planejamento estratégico para 
alcançar os objetivos. “Nosso planejamento prevê 8 objetivos estratégicos com metas ousadas; 
eles pressupõe uma matriz de responsabilidades, para as quais todos os nossos Conselheiros 
estão sendo convocados para contribuir”. O empresário aposta na gestão compartilhada, 
atribuindo à descentralização o elemento para um avanço na velocidade esperada. 
Parcerias estratégicas 
Com novos escopos traçados, algumas parcerias foram renovadas, como a da Faciap, e novos 
termos foram consolidados. 
A Rede OSB teve a concessão de uso do Office 365, ferramenta da Microsoft, e seus vários 
recursos como e-mails de 50 gigabytes (GB) e armazenamento em nuvem de 1 terabyte (TB) por 
conta . 
As instituições Mercado Público e Bolsa Brasileira de Mercadorias são novos parceiros que 
ajudarão o OSB a levar a todas às prefeituras do país uma plataforma de pregão eletrônico para 
realizar licitações com mais transparência e confiabilidade. A Mercado Público reforça o time de 
parceiros estratégicos, oferecendo uma nova e mais completa ferramenta de pesquisa e análise 
de licitações, com um gigantesco banco de dados nacional, por meio dos quais (ferramenta e 
banco de dados) os Observatórios Sociais terão muito mais assertividade no monitoramento das 
licitações, alcançando melhores resultados. 
Pensando em aprimorar programas de educação fiscal e inserção de acadêmicos em temas 
ligados ao controle social, também foi formalizado um convenio entre o OSB e o Centro 
Universitário de Maringá (Unicesumar) para que em 2017 mais de 100 mil alunos possam fazer o 
intercâmbio de conhecimentos, experiências e informações técnico científicas sobre o controle 
social que realiza a Rede OSB, além do desenvolvimento de projetos e programas da pesquisa e 
da extensão universitária. Os Observatórios Sociais também receberão estagiários do curso de 
Serviço Social, em estágio obrigatório, do ensino à distância. Em 2017 serão cerca de mil alunos. 
Instituições como o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), e o Conselho Federal da Ordem 
dos Advogados do Brasil (CFOAB) também passaram a ser novos cooperados para o 
acompanhamento técnico e realização de ações conjuntas nas áreas como transparência, 
controle e eficiência da gestão. O CFC foi a primeira entidade parceira do OSB, desde 2008. 
Agora, num acordo assinado com a OAB Federal, foi constituído um comitê interinstitucional que 
cuidará de pautas nacionais. 
Um plano de ação em relação as atividades previstas na parceria com o Ministério Público do 
Paraná (MPPR) começou a ser traçado focado no aprimoramento dos portais da transparência 
das prefeituras e câmaras municipais no Estado. O MPPR oferece, gratuitamente, os portais web 
para as prefeituras e câmaras, define as irregularidades que devem ser sanadas no oferecimento 
das informações públicas e os OS fazem o controle sobre o cumprimento dos termos de ajuste de 
conduta (TACs) assinados pelos gestores com o MP. 
Entre os estados que mais tiveram a constituição de novos observatórios sociais, destaque para o 
Rio Grande do Sul (RS), que dobrou o número de entidades. Foram cinco novas unidades 
gaúchas nas cidades de Bento Gonçalves, Cachoeirinha, Novo Hamburgo, Santa Rosa, Gravataí 
e Glorinha (as duas últimas reunidas em um observatório), no ano que passou. E esse aumento 
19 
 
tende a ser ainda maior nos próximos anos, pois vários acordos têm sido estabelecidos entre o 
OSB e entidades gaúchas. 
O Convênio estabelecido pelo Conselho Regional de Farmácia do RS (CRF-RS) pretende 
estimular a participação de farmacêuticos nos Observatórios e um acordo entre o OSB e a 
Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul (Federasul), 
assinado em outubro, deve estimular a discussão e promoção de ações para expansão da Rede 
OSB no estado gaúcho, além do maior envolvimento do setor empresarial no apoio ao controle 
social, eficiência da gestão pública e integridade nas relações empresariais. A entidade quer 
estimular a criação de novos espaços de exercício da cidadania por meio das Associações 
Comerciais e Industriais espalhadas pelo interior do RS. 
Além dos acordos e termos de cooperação assinados entre várias instituições e o OSB, os 
observatórios realizaram inúmeros convênios em nível local e estadual. 
Para o vice-presidente para Assuntos Institucionais e de Alianças do OSB, Pedro Gabril, a 
formalização das alianças tem sido fundamental para consolidar a atuação dos observatórios e 
garantir sustentabilidade e efetividade da rede. “A eficácia do trabalho de monitoramento da 
gestão pública realizado pelos cidadãos, por meio dos observatórios Sociais, só se completa em 
razão das parcerias com as principais entidades representativas da Sociedade civil e com as 
principais Instituições Nacionais competentes para fiscalizarem a gestão, como Ministério Público 
e Tribunais de Contas”, explicou. 
Ney Ribas também reforçou a importância das parcerias. “Construímos uma visão de futuro 
ousada para a Rede nos próximos 10 anos: queremos alcançar todo o território nacional. Esta é a 
razão para tantas parcerias estratégicas, porque não temos a pretensão de fazer tudo sozinhos, 
existem muitas iniciativas e organizações com as quais temos pontos convergentes.” 
Palestras e eventos 
Foram quatro encontros estaduais/regionais reunindo e compartilhando as suas experiências e 
boas práticas de cada região, além de apresentarem as definições do Planejamento Estratégico 
do Observatório Social do Brasil. Os eventos foram sediados em Lajeado – RS, Lages – SC, Foz 
do Iguaçu – PR, Uberlândia – MG, 
Observatórios Estaduais 
Com novas parcerias e planos, a ideia da constituição de unidades administrativas estaduais dos 
observatórios sociais voltou a ser discutida e os estados da região sul estão adiantados nesse 
processo. O propósito é o monitoramento das contas públicas do executivo e legislativo do estado, 
além de expandir a atuação municipal. Grupos de trabalho foram criados e em Santa Catarinaum 
Fórum Catarinense de Observatório Sociais (FOCOS) discute a implantação. 
O fundador e primeiro presidente do OSBrasil, Eduardo Araújo, lidera o grupo de trabalho no 
Paraná. Araújo reforçou seu posicionamento sobre o objetivo da unidade estadual após o 
encontro, em Guarapuava – PR, que discutiu as diretrizes para a consolidação. “Com a 
constituição de uma filial estadual do OSBrasil vamos induzir o surgimento de novos observatórios 
sociais e potencializar os existentes, dinamizando as ações das unidades municipais.” 
Exposição 
A colaboração da agência Fiquem Sabendo, de São Paulo, garantiu a proposta de planejamento 
de marketing e comunicação que deverá promover a expansão sustentável da Rede OSB nos 
próximos anos. Já em 2016 a atuação dos observatórios sociais em rede tornou-se mais 
conhecida graças a uma intensa exposição desse trabalho em importantes veículos de 
20 
 
comunicação. Jornal da TV Cultura (SP) e Revista Exame, veicularam no Brasil inteiro uma 
importante matéria sobre a Rede OSB. Léo Branco, jornalista da Exame ficou entusiasmado com 
os resultados alcançados pela Rede. 
Campanhas 
Formulado pela agência Fiquem Sabendo, o OSB emplacou o vídeo “Vacina Contra a 
Corrupção”, trazendo uma mensagem de impacto sobre os efeitos que a corrupção causa na 
sociedade. O vídeo teve mais de 20 mil visualizações entre mídias como o Youtube, Facebook e 
Instagram. “Nosso objetivo foi criar a consciência sobre os impactos da corrupção no nosso dia a 
dia. Precisamos entender as causas desse problema e não só quem são os culpados, pois ela 
tem nome e rosto: a miséria”, comentou Thiago Ermano, Consultor de Comunicação, Marketing e 
Mobilização da Agência Fiquem Sabendo. 
O OSB também apoiou outras campanhas e movimentos como as 10 medidas contra a corrupção, 
iniciativa do ministério Público Federal (MPF) para aprimorar, a prevenção e o combate à 
corrupção e à impunidade; e a Frente pelo Controle e Contra a Corrupção, uma iniciativa de 
servidores da CGU em conjunto com organizações da sociedade civil para lutar pelo 
fortalecimento institucional do controle e pelo aprimoramento dos mecanismos de controle popular 
sobre a atuação estatal. 
Números 
Em 2016 foram 1370 contatos, de pessoas de 750 cidades, interessadas em conhecer ou 
implantar um OS em seu município. A equipe e diretoria do OSB viajou mais de 83 mil quilômetros 
entre 57 cidades de norte a sul do país promovendo palestras de sensibilização nas comunidades. 
40 cidades iniciaram os procedimentos para constituição de um observatório em seu município e, 
em 2017, além das 10 cidades que já estão em processo de constituição, outras 160 cidades 
deverão estar mobilizadas até a metade do ano. 
O website do OSB teve 393.085 visitas ao longo de 2016 e foram criados 17 novos sub-sites para 
observatórios, chegando a 42 sites com o domínio osbrasil.org.br. A Fan Page no Facebook 
ganhou 5.632 novos fãs entre o total de 13.114, e o Twitter teve 1.679 impressões. 
21 
 
 
Se 2016 pareceu intenso, 2017 promete ser muito mais. Ney Ribas espera por um ano de 
consolidação e profissionalização do OSB e da rede, com muitas novidades. “Em 2016 já 
celebramos muitos acordos de cooperação; em 2017 o desafio será operacionalizar todas as 
ferramentas e capacitar nossos valorosos Observadores, para otimizar os resultados, 
especialmente em relação aos Agentes políticos de cada cidade onde estamos instalados”, 
explicou. 
O presidente do OSB também falou o que imagina ser o maior desafio: profissionalismo e 
sustentabilidade para manter os talentos e atrair mais e mais profissionais. “Vemos que os 
Observatórios são um novo nicho de mercado em muitas áreas, então as Universidades serão 
22 
 
nossas grandes fornecedoras de capital intelectual e pesquisa, e todos os demais segmentos da 
sociedade nossos parceiros para custeio das atividades”. 
Ribas frisa que a receita para os resultados passa por contribuições anônimas, mas meritórias de 
cada pessoa que integra os diversos grupos de trabalho. “Em 2017 teremos na garra e dedicação 
dos nossos mais de 3.000 voluntários, coordenadores, estagiários e especialmente a equipe 
técnica do OSB e de cada Observatório, os ingredientes fundamentais. É isso que fará a diferença 
neste ano que se inicia”, conclui. 
Disponível em: http://osbrasil.org.br/osb-faz-um-balanco-do-ultimo-ano-e-preve-novidades-pra-2017/ Acesso em: 8 fev 
2017. 
 
Conceituando Educação Fiscal 
A Educação Fiscal chega às escolas e com ela novos olhares sobre a educação. Quem é que 
precisa educar-se nessa modalidade? São os alunos de primeira infância, das séries iniciais do 
ensino fundamental? Das séries finais do ensino fundamental, ou são os alunos do ensino médio? 
Ou isso é assunto para o ensino superior? Será que os professores já compreendem a educação 
fiscal? Será que os pais de alunos conhecem educação fiscal? Ou será que todos precisam 
educar-se nessa modalidade? 
Procuraremos primeiro construir o nosso conceito de Educação Fiscal. Educação é a construção 
de conhecimentos sempre renováveis (através da elaboração de conceitos), aquisição de 
capacidades necessárias ao nosso desenvolvimento dentro das nossas necessidades, e a o 
repensar constante de nossas atitudes, nossa postura diante da vida. Fiscal é aquele que 
fiscaliza, que vigia. Temos o fiscal de tributos, temos o fiscal do meio ambiente, temos o fiscal 
sanitário, e tantos outros fiscais. Então o que seria Educação Fiscal? Adquirir novos 
conhecimentos, adquirir novas capacidades, repensar atitudes. Mas o que o fiscal tem a ver com 
isso? A educação fiscal é para fiscalizar quem? Primeiramente é cada um fiscalizar a si mesmo, 
cumprindo a sua parte e exigindo que as instituições cumpram com a parte delas. Vai desde o 
doméstico, até os poderes executivo, legislativo e judiciário. Tudo por uma melhor qualidade de 
vida. Viver com conforto, com uma boa saúde, uma boa alimentação, uma boa água, um ar limpo 
para respirar. E de quem depende tudo isso? Depende de cada um de nós, fazendo a nossa parte 
e exigindo que os outros também o façam. Se todos participarem não fica pesado para ninguém e 
todos ganham uma melhor qualidade de vida. Cuidando do lixo, cuidando dos rios, economizando 
água, energia elétrica, não poluindo, participando dos orçamentos públicos, fiscalizando as contas 
do governo, e exigindo boa aplicação das verbas públicas. Tudo em prol de uma melhor qualidade 
de vida. Redes de esgoto, iluminação pública, asfalto conservado, calçadas, jardins, praças, 
parques. Bons hospitais, boas escolas. Mas como garantir tudo isso quando há sonegação de 
impostos de um lado e desvio de verbas públicas de outro? É exigindo a nota fiscal toda vez que 
fizermos uma compra ou contratarmos um serviço. É acompanhando a aplicação das verbas 
públicas, isso não é fácil, mas é preciso se começar. É exigindo nossos direitos de consumidor, 
exercendo nossa cidadania. 
Um conceito possível de Educação Fiscal seria: conhecer nossos direitos e deveres de cidadão 
para poder exercê-los em sua plenitude, visando uma melhor qualidade de vida para toda a 
população. 
Disponível em: http://www.educacaoliteratura.com.br/index%20169.htm Acesso em: 8 fev 2017. 
 
 
Vencedores do Prêmio Nacional de Educação Fiscal 2016 
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Os cinco vencedores da quinta edição do Prêmio Nacional de Educação Fiscal foram divulgados 
na noite desta quarta, dia 09, no Clube de Engenharia de Brasília, em cerimônia marcada pela 
diversidade de temas dos finalistas do ano que atuam com a temática da educação fiscal no país. 
Dos 141 projetos inscritos nas categorias Escolas e Instituições, 10 chegaram à final. 
Para o presidente da Febrafite, Roberto Kupski, a entrega do prêmio é um momento especial para 
a federação, suas associadas, auditores fiscais e representantes dos projetos finalistas, pois todossão vencedores. Em sua manifestação, ele citou sobre o momento atual do Brasil, onde tanto se 
fala em ajuste fiscal, como uma oportunidade para se falar mais em educação fiscal, sem deixar 
de ver as necessidades da sociedade. “O país clama por uma consciência sobre a importância de 
pagar tributos e sobre monitorar sua correta aplicação”, disse. 
Kupski também agradeceu a parceria com a Escola de Administração Fazendária – Esaf, 
colaboradores e entidades apoiadoras que fazem o prêmio acontecer. Ele homenageou com 
troféu simbólico a auditora fiscal da Receita Estadual do Rio Grande do Sul, Virginia Baldessarini, 
uma das idealizadoras do Prêmio Gestor Público, pelo trabalho realizado na premiação voltada 
para prefeitos gaúchos. A auditora colaborou na estruturação do Prêmio Nacional de Educação 
Fiscal. “Esse prêmio era um sonho para uma entidade de classe como a nossa. Em uma das 
solenidades do Prêmio Gestor Público, em Porto Alegre, vislumbrei a realização de uma 
premiação nacional para incentivar os projetos de educação fiscal”, concluiu. 
Já o diretor-geral da Esaf, instituição parceira para a realização do prêmio, Manuel Augusto Alves 
Silva, destacou que só realiza quem planeja, quem está insatisfeito. Para ele, iniciativas como 
essas resumem o significado mais marcante da palavra cidadania. “O prêmio consegue valorizar, 
em uma única ação, importantes componentes para uma bem-sucedida trajetória de 
desenvolvimento econômico e social de um país, com ampla participação regional, viés 
educacional, inovação, planejamento, temática focada em sustentabilidade fiscal e financeira e 
participação efetiva de segmentos não governamentais. Sem dúvida, aí está a receita aplicável a 
um contexto, como hoje, que não tem apenas o Estado como protagonista”, analisa. 
Um resumo sobre o funcionamento de cada um dos dez projetos finalistas foi apresentado em 
vídeo antes do anúncio dos vencedores. O vídeo emocionou a todos os presentes, entre eles o 
coordenador-geral do prêmio e primeiro vice-presidente da Febrafite, Lirando de Azevedo 
Jacundá. 
Jacundá manifestou a satisfação de poder premiar trabalhos excelentes, realizados em diversos 
estados e no Distrito Federal. Ele enfatizou sobre a difícil tarefa da Comissão Julgadora para 
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chegar aos dez finalistas e escolher os cinco vencedores. “Parabéns a cada um que se inscreveu 
na edição desse ano. Vocês fazem o Brasil acontecer”. Ao final, Jacundá fez votos que a edição 
de 2017 seja robusta, com projetos alavancadores da cidadania brasileira. 
O secretário-adjunto da Receita Federal do Brasil, Paulo Ricardo de Souza Cardoso; o secretário-
executivo do Centro Interamericano de Administração Tributária – CIAT, Marcio Verdi; e a diretora 
do Banco de Brasília – BRB, Kátia Peixoto, também se manifestaram na solenidade. A cobertura 
completa do evento será publicada na próxima edição da Revista Febrafite. 
Também presentes à solenidade, o coordenador dos secretários de Fazenda no Conselho 
Nacional de Política Fazendária (Confaz) e secretário de Estado de Tributação do Rio Grande do 
Norte, André Horta Melo; a senadora Lúcia Vânia Abrão (PSB/GO); o presidente do Conselho 
Federal da OAB, Cláudio Lamachia; o coordenador-geral do Encontro Nacional dos 
Coordenadores e Administradores Tributários Estaduais (Encat), Eudaldo Almeida; o consultor do 
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), José Tostes Neto; o coordenador de 
Planejamento e Controle do Grupo Globo, Pedro Augusto França; o presidente do Sindifisco-DF e 
vice-presidente da Fenat, Rubens Roriz; o diretor do Congresso em Foco, Sylvio Costa; dirigentes 
das associações filiadas, entre outros convidados das instituições apoiadoras. 
Um dos momentos marcantes da solenidade ficou por conta da cantora brasiliense Patrícia 
Rezende, ex-“The Voice”, que interpretou o Hino Nacional Brasileiro. 
Vencedores da quinta edição 
O primeiro lugar na categoria Escolas foi o colégio da Polícia Militar de Goiás, Unidade 
Nestório Ribeiro, com o projeto “Tributos: O que nós temos a ver com isso”, realizado município 
goiano de Jataí. A escola foi representada pela major Selma Rodrigues Silva, que recebeu troféu 
e a premiação em dinheiro de dez mil reais para ser investido no projeto. 
Presente à solenidade, a secretária de Fazenda de Goiás, Ana Carla Abrão, entregou o principal 
troféu da noite. Emocionada, Ana Carla cumprimentou todas as equipes de educação fiscal de 
Goiás pelo nível de trabalho realizado e destacou o apoio do Profisco, pois o governo acredita na 
importância do tema para formação da cidadania. “Eu gostaria de ter feito concurso para auditora 
fiscal porque entendo a importância dessa função, de buscarmos justiça fiscal para um país mais 
competitivo e justo, onde o Estado provê uma rede de proteção social. É isso que o prêmio 
valoriza, os que estão à frente educando nossas crianças, formando gerações mais conscientes e 
por esse motivo melhores.” 
A escola EMEB Coronel Manoel Thiago de Castro, representada pelo professor Cristian Roberto 
Antunes de oliveira, da cidade de Lages, em Santa Catarina, levou para casa a premiação em 
dinheiro no valor de cinco mil reais, troféu do segundo lugar, além do reconhecimento e 
motivação para continuar fazendo a diferença e sua região. 
O terceiro lugar da categoria Escola ficou com o projeto “Vivendo a Cidadania com Atitudes 
Valiosas”, do colégio EMEI/EMEF Professor Alaor Xavier Junqueira da cidade de Caraguatatuba, 
interior de São Paulo. A instituição foi representada pela professora Irlândia Ramos dos Santos. 
Na categoria Instituições, o grande vencedor foi o projeto “Cuidando do Meu Bairro”, uma 
iniciativa da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (USP), na 
capital paulista. A professora Gisele Silva Craveiro levou para a universidade a premiação em 
dinheiro no valor de dez mil reais e troféu. 
O professor universitário Francisco Leite levou para a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) a 
premiação em dinheiro no valor de cinco mil reais e troféu do segundo lugar da categoria 
Instituições, como Programa Receita para Cidadania e para o Desenvolvimento, realizado no 
campus de Campina Grande. 
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A educação fiscal está presente nos três eixos temáticos da UEPB: ensino, pesquisa e extensão. 
O reitor da instituição de ensino superior, Antonio Guedes Rangel Junior, também prestigiou a 
solenidade. Na oportunidade, ele lembrou que aprendeu desde cedo sobre a importância dos 
impostos para a construção de uma sociedade mais justa. Para ele, é necessário trabalhar desde 
o ensino fundamental a noção de que pagar os impostos é mais que um dever, pois os benefícios 
retornam para todos os cidadãos. 
Prêmio Nacional de Educação Fiscal 2017 
 
Maiores informações: http://premioeducacaofiscal.com.br/premio/ 
Disponível em: http://premioeducacaofiscal.com.br/premio/projetos-de-escola-de-goias-e-da-usp-sao-os-vencedores-do-
premio-nacional-de-educacao-fiscal-2016/ Acesso em: 8 fev 2017. Adaptado. 
 
Educação Fiscal e Cidadania 
Tributos: Que História é Essa? 
 
Nosso cotidiano tem diversas atividades que, por estarem na rotina, acabam 
escondendo outros diversos processos. Como o caminho que a carne percorre 
desde a criação do gado até a mesa do almoço. O programa narra a criação dos tributos sob 
perspectiva histórica e, de forma bem-humorada, faz um resumo da trajetória dos nossos 
impostos: Lideres de Tribos, Faraós, Reis, Imperadores, Presidentes. Mostra também como o 
dinheiro surgiu, como eram as tributações, para o que serviam os impostos e como chegamos ao 
conceito de educação fiscal ligada à cidadania e democracia. Utilizando exemplos e contextos do 
nosso cotidiano, dois programas trazem conceitos básicos que mexem com nosso bolso. Um 
deles mostra a história de três crianças que recebem a 
missão de fazer algo para a sociedade duranteas férias e 
acabam aprendendo noções de economia. O outro relata, 
de forma bem-humorada, o processo de criação dos 
impostos e a trajetória até chegarmos ao conceito de 
educação fiscal e cidadania que temos hoje. 
 
Para entender melhor sobre o assunto, confira a aula 
dinâmica no link: 
 
https://www.youtube.com/watch?v=VUcDz_twyeo 
 
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A rede de cidadãos voluntários que fiscaliza prefeitos e vereadores 
Uma rede de voluntários atua num número crescente de cidades, a fim de barrar as compras inadequadas que os 
municípios tentam fazer. 
Luis Lima 
A 307 quilômetros de Teresina localiza-
se Picos, a “capital modelo” do estado 
do Piauí, como é conhecida. O 
município tem menos de 80 mil 
habitantes, bom Índice de 
Desenvolvimento Humano (IDH) para o 
padrão do sertão e economia em 
movimento. Não tanto, porém, a ponto 
de sobrar dinheiro. Em 2014, na gestão 
do ex-prefeito Kléber Eulálio (PMDB), 
cidadãos identificaram, num edital para 
compra de alimentos e produtos de 
limpeza para o setor público, a presença 
de perfume, creme de barbear e 
“esmalte de cores diversas”, além de 
sobrepreços em vários itens. Em outro 
edital, os cidadãos flagraram a intenção 
de compra de anestésicos usados em 
cirurgias de alta complexidade – embora 
a prefeitura não administre nenhum 
centro cirúrgico. As irregularidades 
vieram à tona graças à atuação do 
Observatório Social do Brasil (OSB), 
uma rede de organizações civis que une 
voluntários para fiscalizar o uso do 
dinheiro público nas prefeituras e 
Câmaras Municipais. 
Após alertas ao Executivo federal, sem 
retorno, e posterior denúncia ao 
Ministério Público Federal, nos dois 
casos as compras foram 
reconsideradas. A prefeitura chamou 
mais fornecedores para a disputa e 
excluiu itens sem pé nem cabeça. O 
município economizou mais de R$ 5 
milhões. “De maio de 2014 até hoje, 
praticamente todas as licitações de 
Picos foram monitoradas pelo OSB. 
Estimamos uma economia total de R$ 
41,7 milhões até agosto do ano 
passado”, disse Tiago Rêgo, presidente 
local da entidade. 
Em Picos, o OSB tem sede na 
Associação Comercial. É assim em 70 dos 105 municípios da rede do OSB, espalhados por 19 
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estados. Foi numa Associação Comercial que surgiu o primeiro OSB, em Maringá, no Paraná. A 
causa foi a gestão do prefeito Jairo Gianoto (PSDB), de 1997 a 2000 (a Justiça Estadual 
condenou Gianoto a devolver dinheiro aos cofres públicos, mas somente dez anos depois). O 
então vice-presidente das Associações Comerciais do Paraná, Eduardo Araújo, propôs um 
movimento para impedir o mau uso dos recursos municipais. “No fim de 2004, criei o Movimento 
Pela Cidadania Fiscal [MPCF], um trocadilho com a CPMF, que culminou no Observatório Social 
de Maringá, o primeiro do Brasil, no começo de 2005”, conta. A ideia era criar um coletivo de 
fiscais das compras e contratações de serviços pelo poder público. 
Atualmente, cerca de 3 mil voluntários, incluindo professores, empresários, profissionais liberais, 
servidores públicos não municipais e integrantes de diversas associações de classe, participam da 
rede. Desde 2013, o OSB estima ter propiciado economia de R$ 1,5 bilhão, graças ao 
acompanhamento de licitações e das atividades de prefeitos e vereadores. A rede se concentra 
nas compras e contratações ruins. “O foco do trabalho está na eficiência da gestão pública, e não 
na caça aos corruptos”, explica a diretora executiva da entidade, Roni Enara. Segundo ela, em 
média, a atuação do OSB contribui para uma economia de 10% a 15% no orçamento de compras 
nas cidades. 
Ações do tipo contribuem com a reorganização das finanças municipais, uma necessidade 
urgente e difusa no país. Nas primeiras semanas deste ano, 43 prefeituras decretaram 
calamidade financeira, segundo a Confederação Nacional dos Municípios (CNM). As cidades 
sofrem, como os estados e o governo federal, na crise fiscal profunda por que passa o país. “Parte 
dessas prefeituras não teria chegado a essa situação se tivesse usado ferramentas de boa 
gestão”, diz Roni. 
Os voluntários do OSB tentam dedicar parte do tempo às decisões dos vereadores, nem sempre 
sensatas. Em Tubarão, Santa Catarina, após cinco meses de pressão popular, os legisladores 
concordaram em reduzir a previsão de um repasse mensal do Executivo ao Legislativo, na Lei de 
Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2017. A campanha para a redução começou após um estudo 
mostrar que a Câmara de Tubarão gastava bem mais que a de Brusque, com população e número 
de vereadores bem parecidos. A mudança economizará R$ 4,7 milhões à cidade. 
A rede está presente em dez capitais, incluindo Brasília, Cuiabá, Natal e Porto Alegre, e deverá 
alcançar 150 cidades até junho. Na Grande São Paulo, São Caetano do Sul é a primeira cidade a 
participar. Os voluntários locais apresentaram uma carta com nove princípios de transparência, 
incluindo a criação de um diário oficial eletrônico e uma secretaria especializada em compras e 
gestão de contratos. “As cidades brasileiras têm níveis de transparência muito diversos. Sem 
instrumentos mínimos de controle, não é possível monitorar adequadamente os trabalhos do 
Executivo e do Legislativo”, disse o presidente local do OSB, Mário Bohm. Durante a campanha, o 
prefeito eleito, José Auricchio Júnior (PSDB), comprometeu-se a encampar as medidas. Até a 
sexta-feira 3, não havia voltado a falar do tema. 
Na estratégia do OSB, tão ou mais importante que zelar pelo bom uso do dinheiro público é 
estimular o desenvolvimento econômico regional. “As compras governamentais tendem a ser 
viciadas não só no âmbito federal, como vimos na Operação Lava Jato. Nos municípios, é comum 
que os mesmos fornecedores vençam sempre, mesmo com ofertas a preço de ouro”, afirma Ney 
Ribas, presidente do OSB nacional. Com isso, a população perde duas vezes – com o desperdício 
do dinheiro público e com a perda de oportunidade para que mais empresas locais ganhem porte 
e qualidade. “Por estar ligado a associações comerciais, o Observatório leva ao empresariado a 
capacitação para participar de futuras ofertas públicas. Isso puxa os preços para baixo, sem 
reduzir a qualidade”, diz Bruno Quick, gerente de políticas públicas e desenvolvimento territorial 
do Sebrae. Ele calcula que o mercado de compras públicas no Brasil ultrapasse os R$ 500 bilhões 
– uma fonte de desenvolvimento ainda muito mal usada. 
Disponível em: http://epoca.globo.com/politica/noticia/2017/02/rede-de-cidadaos-voluntarios-que-fiscaliza-prefeitos-e-
vereadores.html Acesso em: 10 fev 2017. 
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ONGS usam tecnologia para combater desvio de recursos públicos 
Reportagem por Estevão Taiar do Valor Econômico em 07 de fevereiro de 2017 
Um carrinho de limpeza valia R$ 418, mas quase foi comprado por R$ 20 mil. Um deputado 
federal pediu à Câmara reembolso por 13 almoços em um único dia. Outro solicitou também que 
fosse reembolsado por refeições em seis cidades e três Estados diferentes, feitas todas no 
mesmo dia. Todos esses casos chegaram muito perto de causar prejuízos aos cofres públicos. 
Mas nos últimos anos, em meio à crise fiscal e a escândalos de corrupção, tem surgido um 
número cada vez maior de iniciativas para monitorar os gastos do governo. Foram justamente 
algumas dessas iniciativas que impediram desvios que na maior parte das vezes passariam 
despercebidos. “É uma atividade bonita, mas muito trabalhosa”, diz Elizabeth Castro Maurenza de 
Oliveira, coordenadora do curso de ciências contábeis da Universidade Metodista de São Paulo. 
Atualmente, ela está terminando os trâmites burocráticos para a criação de um Observatório 
Contábil Social (OCS) em São Bernardo do 
Campo (SP). 
O OCS faz parte do Observatório Social do 
Brasil (OSB), organização não 
governamental presente em 19 Estados e

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