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EFEITOS DO TURISMO DE OBSERVAÇÃO DE CETÁCEOS introdução "Whale Watching" é definido como passeios de barco, de ar ou de terra, formal ou informal, com pelo menos algum aspecto comercial, para ver, nadar e/ou ouvir a qualquer espécie de baleias, golfinhos e botos. O turismo de observação da vida selvagem em áreas marinhas e costeiras oferece vários benefícios psicológicos, educacionais e conservacionistas para os visitantes que encontram animais marinhos. Um dos objetivos do turismo de vida selvagem é educar os visitantes sobre as ameaças e as ações necessárias para proteger o ambiente e manter a biodiversidade. Revista Brasileira de Ecoturismo 2 TURISMO x ecoturismo O turismo relacionado à cetáceos e a natureza é visto como benéfico e considerado como ecoturismo. O ecoturismo caracteriza-se por: exigir contribuições para a conservação de espécies/habitats; é ambientalmente responsável = preservação da biodiversidade experiências de aprendizagem aos turistas; auxilia na indústria turística. Fornece grande retorno econômico tanto para a indústria quanto para a preservação dos sistemas naturais porém ameaça destruir os recursos de que depende, visto que há invasão do habitat e da vida selvagem. Bejder and Samuels 2003 Foto: Pinterest Insatisfação com a observação e o desejo de interagir com os animais gera consequências, tais como: interrupção dos comportamentos de reprodução, alimentação, comunicação e repouso; alterações no sucesso reprodutivo; saúde, 3 benefícios A interação com golfinhos é uma atividade da indústria do turismo marinho que pode trazer benefícios : psicológicos, econômicos, ambientais, fisiológicos, educacioiais socioeconômicos; científicos. + US$ 1 bilhão > 9 milhões pessoas/ano > 87 países e territórios. Revista Brasileira de Ecoturismo Foto: TripAdvisor 4 Impactos Estudos têm demonstrado que os cetáceos apresentam alterações comportamentais em resposta aos barcos de observação = inibição de comportamentos biologicamente importantes: alimentação e repouso; Afetam comportamentos dos golfinhos de diversas formas: diminui o tempo de deslocamento e de mergulho; aumenta a probabilidade de golfinhos abandonarem a área (população pequena) = alta fidelidade ao local e distribuição costeira. Revista Brasileira de Ecoturismo Foto: Guide to Iceland 5 Comparação de efeito Observação do comportamento dos cetáceos somente na presença de um efeito potencial > comportamentos observados constituem respostas "positivas" ou "negativas“? Dificuldade: ter animais “não perturbados para comparação e interpretação dos resultados obtidos. Bejder and Samuels 2003 Foto: Juneau - Shore Tours 6 Impacto único Objetivo: analisar as alterações na resposta comportamental ao longo dos encontros dos cetáceos com a atividade humana ou a longo prazo. “Experimentos”: tentativas de nadar com golfinhos (turismo $) > registro do comportamento dos golfinhos em intervalos de tempo específicos dentro de uma distância pré-determinada > registro da mudança de comportamento ao longo dos encontros. Categorias de avaliação: “interação” (pelo menos um golfinho dentro de 5 m de pelo menos um nadador por pelo menos 15 s); “neutro” (sem mudança aparente no comportamento dos golfinhos); e “evasão” (os golfinhos mudaram de direção de viagem e/ou afastaram-se). avaliação do comportamento dos golfinhos ao longo dos encontros > inicialmente atraídos para um navio de turismo, mas posteriormente evitou o navio quando os encontros duraram mais de70 min. Bejder and Samuels 2003 7 Controle x impacto Objetivo: variar uma condição para medir os efeitos na(s) medida(s) de resultado > comparar um grupo de tratamento com um grupo de controle; OU observar o comportamento dos mesmos animais na presença e na ausência de uma situação de efeito potencial. Os membros de cada grupo são semelhantes em quase todos os aspectos, exceto no tratamento experimental. Bejder and Samuels 2003 Foto: NATUREPL.COM Exemplo: golfinhos em áreas com nadadores humanos = diferenças drásticas entre os habituados e não habituados. 8 Antes/durante/após Design BDA: “pré-exposição”, “exposição” e “pós-exposição”; Experimento com baleias-jubarte: Comparação da duração da canção antes, durante e após as reproduções experimentais do sonar ativo de baixa freqüência (LFA) > concluíram que as baleias cantavam canções mais longas DURANTE a exposição. Bejder and Samuels 2003 Foto: NATUREPL.COM 9 Plataformas de pesquisa São utilizadas na avaliação dos efeitos do turismo natural nos cetáceos, as observações são realizadas a partir de: terra; (2) embarcações de turismo comercial; (3) embarcações de pesquisa independentes; (4) debaixo d'água; observações visuais; gravações acústicas; (5) uma visão aérea. A escolha da plataforma influencia em: como os dados são coletados; quais medidas de resposta podem ser observadas e registradas. A resolução de dados comportamentais que podem ser obtidos a partir de um único tipo de plataforma de pesquisa é muitas vezes inadequada para avaliar completamente os efeitos. Bejder and Samuels 2003 10 Respostas Os efeitos potenciais do turismo raramente são tão evidentes como a mortalidade provocada por atividades como caça à baleeira e pesca, dificilmente responsável por fatalidades, embora existam relatos dispersos de embarcações comerciais de observação de baleias que colidem com baleias jubarte, barbatanas e minke. Efeitos cumulativos (não catastróficos): estresse crônico; interrupções repetidas para comportamentos sociais críticos cuidados maternos; reprodução; alimentação; repouso. Bejder and Samuels 2003 11 Curto prazo padrões de superfície, ventilação e mergulho = reações de evitação; velocidade, curso e orientação do mergulho/natação = antes ou durante as interações cetáceo x fonte de impacto potencial; dispersão grupal = relacionadas a potenciais fontes de perturbação; estados comportamentais/orçamentos de atividades = tempo gasto em forragear, descansar, socializar e até sobrevivência/sucesso reprodutivo; frequências de eventos comportamentais; padrão variável e uso do habitat = habitats preferidos menos desejáveis através da presença humana, os animais podem ser negados o acesso a áreas críticas para reprodução, forrageamento ou repouso. Bejder and Samuels 2003 Foto: Capricho 12 Longo prazo Habituação: enfraquecimento gradual da resposta comportamental a um estímulo recorrente que não oferece recompensas ou punições aparentes > redução da cautela natural dos animais para a atividade humana > maior vulnerabilidade; Sensibilização: maior probabilidade de que a exposição repetida a um estímulo particular e significante produza uma resposta em um animal; O deslocamento a longo prazo de cetáceos das áreas preferidas foi correlacionado com a atividade humana em vários casos; Sucesso reprodutivo; Estresse e angústia. Bejder and Samuels 2003 Foto: IstoÉ 13 Estratégias - minimização Limitação do número de barcos e a frequência e duração das interações de barco com os cetáceos, programas de educação específicos para visitantes podem ser úteis para diminuir o impacto da atividade. Revista Brasileira de Ecoturismo Foto: whales.net 14 Estratégias - minimização Motores de popa e “jetsky” são proibidos como embarcações para observar/durante a observação de cetáceos, como: • Península Valdes: embarcações pessoais motorizadas (por exemplo: “jetskis”), “parasails” e “hovercraft”. • Dominica e Galápagos: não acelerar subitamente, não trafegar em marcha-ré ou não operar motores de popa perto de baleias, uma vez que elas são extremamente sensíveis a barulhos e imagens súbitas. • Açores: observações com submersíveis, “scooters” sub-aquáticos, caiaques, “jet-skis” e similares não são permitidos. • México: proibido o uso de qualquer tipo de ”jet-ski”, caiaques, canoas, infláveis, submersíveis, assim como ultra-leves e helicópteros. Revista Brasileira de Ecoturismo 15 brasil O turismo de observação de mamíferos aquáticos no Brasil começou na Amazônia, nos anos 80, e também cresceu rapidamente. 1998 = atraiu 167.107 pessoas Uma das razões para esse turismo ter crescido foi o crescimento das populações de baleia-jubarte e baleia-franca-do-sul que vêm à costa do Brasil. As espécies que têm mais interação com turismo e os respectivos locais são: boto-cor-de-rosa (Inia geoffrensis) - AM; golfinhos-rotadores (Stenella longirostris) - Fernando de Noronha (PE); boto-cinza (Sotalia guianensis) – RN, SP e SC; golfinho-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus) -SC; baleia-jubarte (Megaptera novaeangliae) - BA; baleiafranca-do-sul (Eubalaena australis) - SC; peixe-boi marinho (Trichechus manatus manatus) – AL e PB. Revista Brasileira de Ecoturismo 16 conclusão A compreensão atual dos efeitos do turismo nos cetáceos gratuitos é longe de ser satisfatória. Ao mesmo tempo em que o impacto ambiental negativo do turismo é evidente, a atividade é um forte agente sensibilizador das questões ambientais e uma importante fonte de renda para populações do entorno da área de concentração dos mamíferos aquáticos, é fundamental que a visitação seja orientada por condutores capacitados o que minimiza o impacto e diminui a frequência de infrações à legislação ambiental. Bejder and Samuels 2003 Foto: Huffpost 17 Referências Bejder and Samuels 2003; Silva-Jr, J.M. Turismo de Observação de Mamíferos Aquáticos: benefícios, impactos e estratégias. Revista Brasileira de Ecoturismo, São Paulo, v.10, n.2, mai/jul 2017, pp.433-465; (BALLANTYNE et al., 2011); (ZEPPEL; MULOIN, 2008); Bejder and Samuels 2003 18
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