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Trabalho de Conclusão de Curso (1)

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19
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL 
Leonardo Rodrigues Pereira
Victor de Farias Barbosa 
RESÍDUOS SÓLIDOS
GESTÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO DISTRITO FEDERAL
Trabalho de Conclusão de Curso
Brasília, 2016
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL 
Leonardo Rodrigues Pereira
Victor de Farias Barbosa 
RESÍDUOS SÓLIDOS
GESTÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO DISTRITO FEDERAL
 
Trabalho de conclusão de curso apresentado à Coordenação da UNIPLAN para obtenção do título de Engenheiro Civil.
Orientador: Prof. Walter Vasconcelos
Brasília, 2016
UNIPLAN
DEPARTAMENTO DE GRADUÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL
Leonardo Rodrigues Pereira
Victor de Farias Barbosa
RESÍDUOS SÓLIDOS
GESTÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO DISTRITO FEDERAL
Trabalho submetido ao departamento de graduação em Engenharia Civil Uniplan como parte do requisitos necessários para obtenção do grau Bacharel.
Aprovado por:
___________________________________________________________________
Walter Vasconcelos, MsC (Orientador)
___________________________________________________________________
Examinador interno
___________________________________________________________________
Examinador externo
Brasília – DF, junho de 2016
DEDICATÓRIA
 Dedicamos este trabalho a Deus e nossas famílias, pais, mães e irmãos.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos:
Primeiramente a Deus, por nos permitir concluir este trabalho e o curso;
Ás nossas famílias, pais, mães e irmãos pelo incentivo, compreensão e apoio em todos os momentos de dificuldades do curso, sem nos deixar desanimar e desistir do objetivo final;
Às nossas namoradas pelo carinho e cumplicidade;
Aos professores, pelo conhecimento compartilhado;
Ao professor Walter, pelo apoio e orientação;
Aos colegas de curso, pela amizade, conversas, ajudas e companheirismo;
Aos engenheiros e empresas, que colaboraram e ajudaram para a conclusão deste trabalho.
 
 
RESUMO
O resíduo sólido da construção e demolição (RCD) produzido nos centros urbanos é um grave problema para as administrações regionais atualmente. O tratamento adequado deste resíduo é tarefa difícil e complexa, visto o aumento de sua produção, o crescimento dos centros urbanos e a dificuldade de locais para a destinação correta, que normalmente são distantes, elevando o custo do transporte. Os impactos causados ao meio ambiente e à sociedade por estes resíduos são graves, se destacando a contaminação do lençol freático e o prejuízo aos cofres públicos. Estes impactos são agravados pela falta de planejamento e gerenciamento, que consistem em seguir ações incorretas de executar a construção. O objetivo deste trabalho é comparar práticas adotadas sobre o gerenciamento de resíduos de classe A, por meio de questionário, em duas construções no DF, uma localizada em Águas Claras (Construção B), uma cidade de construções comuns, e outra localizada no Noroeste(Construção A), um bairro ecologicamente correto. Identificando, desta forma, as principais fontes geradoras destes resíduos de classe A e sugerindo melhorias para a redução destes. Além disso, pretende-se identificar os locais corretos para a destinação final. Quanto à comparação de práticas entre as construções, pôde-se concluir que com planejamento e gerenciamento adequado para os resíduos, pode culminar numa grande diferença no impacto ambiental, prejuízo aos cofres públicos e orçamento final da construção. As práticas adotadas na obra do Noroeste ainda não são perfeitas, mas representa um bom começo para um novo modelo de gestão de resíduos no DF, que também necessita de melhorias em sua coleta, transporte e mais locais para a destinação destes resíduos, abrindo uma oportunidade para o mercado da reciclagem que ainda é muito pequeno na região. 
Palavras-chave: Resíduos sólidos. Resíduos da construção civil. Gestão de resíduos. Fontes de geradoras de resíduos.
ABSTRACT
The solid waste from construction and demolition produced in urban centers is a serious problem for regional administrations nowadays. Proper treatment of this waste is a difficult and complex task, considering the increase of its production, the growth of urban centers and the difficulty of locations for proper disposal, which are usually distant, raising the cost of transportation. The impacts to the environment and society caused by such waste are serious, especially contamination of the water table and the loss of money by the government. These impacts are compounded by the lack of planning and management, which consist of following incorrect actions to perform the construction.The objective of this study is to compare practices on Class A waste management, through a questionnaire, in 2 buildings, one located in Águas Claras , a city of ordinary buildings and another one, located in the Noroeste, an environmentally friendly neighborhood. Thus, identifying the major sources of class A wastes and suggesting improvements for reducing them, additionally, to identify the proper location for disposal. As regards the comparison of practices between the buildings, it could be concluded that with proper planning and management for waste, a big difference in the environmental impact can be made.The practices which were adopted in the Noroeste work are not perfect yet, but it's a good beginning for a new waste management model in DF, which also requires improvements in its collection, transportation and more places for the disposal of this waste, opening an opportunity for the recycling market that is still very small in the region. 
Keywords: Solid waste. Construction waste. Waste Management. Waste-generating sources.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Caracterização e classificação de resíduos 	14
Figura 2 – Aterro do Jóquei no DF 	23
Figura 3 – Disposição clandestina de entulho em Águas Claras 	23
Figura 4 e 5 – Estocagem incorreta de cimento / Transporte incorreto de bloco cerâmico 	27
Figura 6 – Resíduos da construção civil 	28
Figuras 7 e 8 – Transporte de resíduos sem a lona na cidade Estrutural / Transporte de resíduos de forma correta na Asa Norte 	29
Figuras 9 – Hierarquia do sistema de gerenciamento de resíduos 	31
Figura 10 – Resíduos que chegam de obra, reformas e demolições 	33
Figura 11 e 12 – Resíduos após passar pelo britador vão para dentro do triturador 	33
Figura 13 e 14 – Maquinário de usina de reciclagem / Brita reciclada pronta para comercialização 	34
Figura 15 – Construção A	36
Figura 16 – Construção B 	37
Quadro 1 – Diferenças na qualidade de gestão de resíduos de classe A na cidade de Águas Claras e no Setor Noroeste (DF) / 2015 	37
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT		Associação Brasileira de Normas Técnicas
CBCS 	Conselho Brasileiro de Construção Sustentável
CBIC Câmara Brasileira da Industria da Construção
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
CTR		Controle de Transporte de Resíduo
DF		Distrito Federal
IBGE		Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IBRAM	Instituto Brasília Ambiental 
LEED		Leadership in Energy and Environmental Design
NOVACAP	Companhia Urbanizadora da Nova Capital
PIB Produto Interno Bruto
PNRS		Política Nacional dos Resíduos Sólidos
RCC		Resíduo da Construção Civil
RCD		Resíduo de Construção e de Demolição
RSCD		Resíduo Sólido de Construção e de Demolição
TERRACAP	Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal
SLU		Serviço de Limpeza Urbana do Distrito Federal
SUMÁRIO
1	INTRODUÇÃO 	10
1.1 	Justificativa 	11
1.2 	Objetivos 	12
1.2.1 	Objetivo Geral 	12
1.2.2 	Objetivos Específicos 	12
2	EMBASAMENTO TEÓRICO	13
2.1 	Resíduos Sólidos 	13
2.2 	Construção Civil 	16
2.3 	Instrumentos Legais 	18
2.4 	Normas Técnicas – ABNT 	19
2.5 	Distrito Federal 	20
2.5.1 	Destino dos resíduos	22
2.5.2 	Noroeste23
2.6 	Principais Fontes Geradoras de Resíduos de Classe A 	24
2.7 	Transporte de Resíduos 	28
2.8 	Gerenciamento de Resíduos de Classe A 	29
2.9 	Redução, Reutilização e Reciclagem 	31
3	ESTUDO DE CASO 	35
3.1 	Construções Selecionadas 	35
3.2 	Estudo de caso 	35
3.3 	Análise 	38
4	CONCLUSÃO 	40
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 	42
APÊNDICES 	46
Apêndice A – Lista de Normas e Regulamentos Acerca dos Resíduos Sólidos 	47
Apêndice B – Questionário 	48
ix
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, o setor da Construção Civil passou por grandes transformações decorrentes não só das mudanças promovidas pela economia na década de 90, mas, acima de tudo, da necessidade deste setor em reduzir o desperdício e de melhorar sua gestão de resíduos sólidos.
Este setor é essencial para atender necessidades e anseios da sociedade, ao proporcionar abrigo, conforto e qualidade de vida para indivíduos, famílias e comunidades, bem como estimular o crescimento e produzir riquezas para empresas e governos. Ademais, trata-se de um setor responsável pela implantação de infraestrutura de base como geração de energia, saneamento básico, comunicações, transporte e espaços urbanos, além da execução de edifícios públicos e privados, com o objetivo de prover moradia, trabalho, educação, saúde e lazer em nível de cidade, estado e nação (CONSTRUSAID, 2016).
Fora o papel de melhorar cada vez mais a qualidade de vida da sociedade, a construção civil também tem forte influência na economia brasileira, com participação de 5,5% no PIB nacional, segundo o IBGE (2015) e a cadeia produtiva da industria da construção teve participação de 10,7% no PIB nacional, segundo a FIESP (2015). Então a construção civil tem uma enorme importância na sociedade, portanto, é sempre interessante ajustar e renovar as práticas de construir, buscando otimizar a produção, economia, qualidade e o ambiente.
O Distrito Federal, cidade planejada para abrigar a capital do Brasil, não é muito diferente do restante do território nacional. O projeto inicial não previa a população atual, sendo que a população esperada era de apenas 500 mil habitantes (MENEZES, 2010). Hoje, este número perpassa 2,9 milhões, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2016). A capital brasileira expandiu-se e foi dividida em mais de 30 regiões administrativas, o que motivou o surgimento de preocupações relativas a aspectos financeiros e meio ambiente.
O aumento populacional no DF, provocou alguns impactos ambientais e prejuízo aos cofres públicos, pois, com o impacto ambiental fica cada vez mais caro manter uma boa qualidade de vida para a sociedade.
O crescimento populacional incentivou o mercado imobiliário, edificações começaram a ocupar espaços vazios, no ano de 2014, foi gerado no DF, segundo informações do SLU (2015), em torno de 6.000 a 8.000 toneladas de resíduos sólidos da construção civil, por dia.
Justificativa 
Ao mesmo tempo que o setor da Construção Civil é essencial para a sociedade, o mesmo também é responsável por uma parcela significativa do consumo de recursos naturais, incluindo energia e água, além de ser um dos maiores responsáveis pela geração de resíduos sólidos e pela emissão de gases de efeito estufa (AGOPYAN et al, 2011).
A construção consome de uma forma geral mais material do que seria necessário. No entanto, é importante lembrar que as perdas fazem parte de quaisquer processos de produção. Cabe aos construtores, como também aos responsáveis pela produção nas outras indústrias, buscar a sua minimização (SOUZA, 2005). 
As perdas exageradas gera uma cadeia de problemas, pois quanto mais material é desperdiçado, mais o governo gasta para transportar e despejar em locais corretos, mais gera impacto ambiental com a retirada de recursos naturais e com resíduos depositados em aterros clandestinos, e além disso, quanto mais material perdido, mais aumenta o orçamento da própria construção. Então, diminuindo a perda, pode-se diminuir uma série de outros problemas. 
Com relação à este assunto, pesquisadores afirmam que a cada 3 obras, é possível executar 15% de uma outra obra apenas com os resíduos gerados e desperdiçados. Buscar minimizar tais perdas é um ponto que muitos estão buscando implantar nos canteiros de obra, nas construtoras, nos fornecedores de materiais e sociedade, mas no Brasil, até o momento, essa prática não obteve o êxito esperado.
 Depois de muitos anos de estudos, a lei 12.305 de 2 de agosto de 2010, estabelece a Política Nacional dos Resíduos Sólidos, que tem como um de seus objetivos o gerenciamento de resíduos sólidos gerados na construção civil. A lei se aplica a pessoas físicas ou jurídicas, de poder público ou privado, responsáveis direta ou indiretamente pela geração dos resíduos, ou seja, a lei estabelece que cada um tem que fazer a sua parte e gerenciar os seus resíduos, inclusive os domésticos e hospitalares (BRASIL, 2010). A resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente/Conama 307, de 2002, válida em todo país, complementa a PNRS, tratando exclusivamente dos resíduos da construção civil. A resolução determina que todos os municípios e o Distrito Federal (DF) devem possuir um plano integrado de gerenciamento de resíduos da construção civil. Determina ainda que todos esses resíduos devem ser separados por classes, estabelecidas na resolução e encaminhados à reciclagem (BRASIL, 2002). 
Objetivos 
Objetivo Geral
Verificar a implantação das práticas estabelecidas na Resolução 307 do CONAMA, na redução de perdas de materiais de construção de classe A, em obras de edificações residenciais.
Objetivos Específico
Identificar as principais fontes geradoras de resíduos de classe A.
Identificar os locais de descarte de resíduos de classe A das edificações.
Identificar as práticas adotadas por empresas construtoras no gerenciamento de resíduos sólidos de classe A.
Sugerir melhorias no gerenciamento de resíduos de classe A.
EMBASAMENTO TEÓRICO
Resíduos Sólidos
É comum o uso do termo lixo e resíduo para uma mesma designação. Apesar de terem significações distintas, costumam aparecer como sinônimos, mesmo em trabalhos e artigos técnicos. Esse erro costuma ocorrer pelo fato de todo resíduo poder ser classificado como lixo, mas nem todo lixo pode ser classificado como resíduo.
A Política Nacional dos Resíduos Sólidos, define resíduos sólidos como todo material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade (BRASIL, 2010). 
Sendo assim, por resíduos entende-se tudo aquilo que não é aproveitado nas atividades humanas, proveniente das indústrias, comércios e residências. Resíduos sólidos é o termo utilizado para denominar o “lixo” sólido e semissólido proveniente de residência, indústrias, hospitais, comércio, serviços de limpeza urbana, agricultura, construções, etc. (CONCEITO DE, 2015).
É de grande importância entender a conceituação de resíduos, porém, é mais importante saber classifica-los para executar uma triagem correta.
A ABNT classifica os resíduos por sua periculosidade, quanto ao seu risco para o meio ambiente e a saúde pública, para que possam ser gerenciados corretamente. Os considerados perigosos são denominados de Classe I e os não perigosos de Classe II A (não inertes) e Classe II B (inertes). A NBR 10.004/2004 (ABNT, 2004), define resíduos sólidos como "resíduos nos estados sólidos e semissólidos que resultam de atividades industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição...".
A Figura 1 mostra que, ao apresentar características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade, um resíduo é enquadrado na Classe I. Caso contrário, se avalia a presença de solubilizados em concentrações superiores a valores padrões fixados em normas, e então se enquadra nos resíduos de Classe II A ou Classe II B. 
Figura 1 - Caracterização e classificação de resíduos
Fonte: ABNT, 2004
Porém, a separação destes resíduos por sua periculosidade não é o bastanteno caso da construção civil, por isso, é importante levar em consideração as classificações da Resolução 307 do CONAMA (BRASIL, 2002).
A Resolução 307 do CONAMA (BRASIL 2002), estabelece em seu artigo 2º como resíduos da construção civil:
os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha.
A Resolução denomina da melhor forma o que são os resíduos de construção civil, e os classifica em 4 classes. Os resíduos de classe A, que são responsáveis por 70% dos RCD's, são classificados em: 
de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;
de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento e etc.), argamassa e concreto;
de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meio fios e etc.) produzidas nos canteiros de obras;
 	As outras classes são B (resíduos recicláveis para outras destinações), C (resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação) e D (resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros, bem como telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde).
	Esta pesquisa, no entanto, será focada aos resíduos de classe A, que são os responsáveis pela maior porcentagem de RCD e são todos recicláveis.
Construção Civil
A construção é uma das atividades mais antigas que se tem conhecimento e desde os primórdios da humanidade foi executada de forma artesanal, gerando como subprodutos grande quantidade de entulho mineral (ABRECON, 2015).
O setor da Construção Civil passou por grandes transformações nos últimos anos, consequência não só das mudanças promovidas na economia na década de 1990, mas, sobretudo, da necessidade do próprio setor de melhorar sua imagem no País (CONSTRUCLUBE, 2013).
Uma das tendências que marcaram o século XX foi a concentração da população em áreas urbanas. No Brasil, segundo o IBGE (2013), no ano de 1950 apenas 36% da população habitava em área urbana, em 1970 eram 56%, e em 1995 já havia 75% de habitantes em área urbana. A falta de oportunidade de trabalho e acesso, na área rural, e a chance de usufruir de serviços públicos com mais facilidade e qualidade, foram os principais fatores para esse crescimento.
A industrialização acelerada e desordenada vivida pelas metrópoles ampliaram os desequilíbrios ambientais. O setor da construção civil é essencial para atender necessidades e anseios da sociedade, ao proporcionar abrigo, conforto e qualidade de vida para indivíduos, famílias e comunidades, estimular o crescimento e produzir riquezas para empresas e governos. E também é responsável pela implantação de infraestrutura de base como geração de energia, saneamento básico, comunicações, transporte e espaços urbanos, além da execução de edifícios públicos e privados, com o objetivo de prover moradia, trabalho, educação, saúde e lazer em nível de cidade, estado e nação (ITAMBÉ, 2009).
Além disso, a economia brasileira tem forte influencia da construção civil, o setor recebe muitos investimentos, gerando milhões de empregos e bilhões de reais. Em 2015, segundo o IBGE, a construção civil teve participação de 5,5% do PIB nacional, e a cadeia produtiva da industria da construção 10,7% do PIB nacional (FIESP, 2015), em outros anos, estes valores eram ainda maiores. O setor também movimenta bilhões de reais e gera milhões de empregos no Brasil, o que eleva ainda mais sua importância para o país, mostrando que a construção civil tem uma enorme função no processo de evolução, com isso, não é um setor que seja possível parar ou diminuir para se corrigir, mas sim, desenvolver novas técnicas para melhorar ao longo dos anos.
Ao mesmo tempo, o setor também é responsável por uma parcela significativa do consumo de recursos naturais, incluindo energia e água, além de ser um dos maiores responsáveis pela geração de resíduos sólidos e pela emissão de gases de efeito estufa (AGOPYAN, 2011).
Segundo a ABRECON (2015), nações tecnologicamente desenvolvidas, como EUA, Holanda, Japão, Bélgica, França e Alemanha, entre outros, já perceberam a necessidade de reciclar as sobras da construção civil e têm pesquisado o assunto intensamente visando atingir um grau de padronização dos procedimentos adotados para a obtenção dos agregados, atendendo desta forma aos limites que permitem atingir um nível mínimo de qualidade. Quanto aos resíduos sólidos de construção e demolição (RSCD), para se ter uma ideia da quantidade gerada em certos países, é apresentada a Tabela 1.
Tabela 1 - Estimativa de geração de RSCD em diversos países.
Fonte: Adaptado de JOHN, 2000.
	PAÍS
	QUANTIDADE GERADA
	
	t/ano (10^6)
	kg/hab/ano
	Suécia
	1,20 - 6,00
	136,00 - 680,00
	Holanda
	12,80 - 20,20
	820,00 - 1.300,00
	EUA
	136,00 - 171,00
	463,00 - 584,00
	Bélgica
	7,50 - 34,70
	735,00 - 3.359,00
	Dinamarca
	2,30 - 40,00
	440,00 - 2.010,00
	Itália
	35,00 - 40,00
	600,00 - 690,00
	Alemanha
	79,00 - 300,00
	963,00 - 3.658,00
	Japão
	99
	785
	Portugal
	3,2
	325
	Brasil
	68
	230,00 - 660,00
 
Para países como o Brasil, a dificuldade é ainda maior, pois vive um processo de urbanização em marcha e tem que enfrentar, ao mesmo tempo, uma herança de desigualdade social. Isso faz com que os locais mais necessitados de implantar este sistema sustentável, seja mais difícil, pois exige uma mudança cultural, de métodos e postura em obras, excluindo o pensamento de "o mais barato é o melhor".
Este desperdício exagerado na construção, gera uma cadeia de outros problemas, como o impacto ambiental devido a retirada de recursos naturais em excesso e disposição de resíduos em locais clandestinos, afetando a natureza. Além disso, o desperdício trás grande prejuízo aos cofres públicos, devido aos gastos pelo transporte e tratamento dos resíduos, e ainda, aumenta os custos da própria construção, que para manter a produção tem que comprar cada vez mais materiais, causando prejuízo financeiro a construtora.
Instrumentos Legais
Com o aumento da população nos centros urbanos e consequentemente o aumento da geração de RCD, as preocupações com os impactos ambientais e como manter a sociedade com uma qualidade de vida agradável, começou a ser um problema especulado pelo Brasil. 
No ano de 2002, foi criada a Resolução nº 307 do CONAMA que tem como objetivo estabelecer diretrizes, critérios e procedimentos para gestão de resíduos da construção civil, buscando uma organização e planejamento no gerenciamento de resíduos (BRASIL, 2002). Logo após foram criadas Normas Técnicas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), buscando padronizar e melhorar ainda mais a eficiência no gerenciamento, tais como a NBR 10.004/2004 que trata da classificação dos resíduos sólidos (ABNT, 2004a), dentre outras que veremos mais adiante.
Após duas décadas de discussões, em 02 de agosto de 2010, foi sancionada a Lei Federal Nº 12.305 (BRASIL, 2010), que institui a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS). A Lei dispõe sobre os princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos (incluídos os resíduos da construção civil), as responsabilidades dos geradores e do poder públicoe quanto aos instrumentos econômicos aplicáveis.
A Lei tem como objetivo a não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento adequado dos rejeitos. Traz ainda a exigência da responsabilidade compartilhada de empresas e do poder público em relação ao ciclo de vida dos resíduos, estabelecendo que utilizem da logística reversa com os produtos. Outro ponto impactante da PNRS é que esta estabelece que a partir de quatro anos após a data de sua publicação, portanto a partir de 02 de agosto de 2014, a prefeitura e os geradores de resíduos só poderão dispor nos aterros sanitários os rejeitos e não mais os resíduos passíveis de reciclagem.
Dessa forma, a gestão de resíduos da construção e demolição no Brasil, apesar de muitos documentos e estudos, segundo o CBCS (2014), ainda permanece muito aquém, apesar da entrada de algumas empresas privadas no negócio, a fração dos resíduos classe A (alvenarias, concreto e argamassas) efetivamente reciclados é muito pequena.
 
Normas Técnicas – ABNT
A Associação Brasileira de Normas Técnicas é o fórum nacional de normalização. As normas técnicas são elaboradas por Comitês Técnicos. Tais normas exigem padrões a serem seguidos, e também servem como complemento a regulamentos como os da PNRS, Resolução nº 307/CONAMA e outros manuais sobre resíduos sólidos. 
A construção civil, por ser um ramo que envolve um grande impacto ambiental, também conta com várias normas que tratam sobre as diretrizes para implantação de áreas de transbordo e triagem, de aterros de inertes e de reciclagem dos RCD, além de procedimentos para a execução da pavimentação com agregados reciclados e de concreto sem função estrutural. São as seguintes:
NBR 15.112/2004: Fixa requisitos exigíveis para projeto, implantação e operação de áreas de transbordo e triagem de resíduos da construção civil e resíduos volumosos, bem como áreas de transbordo e triagem, pontos de entrega de pequenos volumes, diretrizes para projeto (implantação e operação) (ABNT, 2004b);
NBR 15.113/2004: Fixa os requisitos mínimos exigíveis para projeto, implantação e operação de aterros de resíduos sólidos da construção civil classe A e de resíduos inertes. Trata ainda de aterros e de diretrizes para projeto (implantação e operação). Segundo esta norma, os aterros têm a função de armazenar os materiais segregados recolhidos em obras, de maneira que possibilite o uso futuro dos materiais ou futura utilização da área, seguindo os princípios de engenharia e sem causar danos ao meio ambiente e à saúde pública (ABNT, 2004c);
NBR 15.114/2004: Fixa os requisitos mínimos exigíveis para projeto, implantação e operação de áreas de reciclagem de resíduos sólidos da construção civil classe A. Trata de resíduos sólidos da construção civil, bem como áreas de reciclagem e diretrizes para projeto (implantação e operação) (ABNT, 2004d);
NBR 15.115/2004: Trata de agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil, bem como de execução de camadas de pavimentação (procedimentos). Isto porque a necessidade de gestão e manejo correto de resíduos da construção, torna viável a destinação para locais mais nobres. Neste sentido, esta norma estabelece os critérios para execução de camadas de reforço do subleito, sub-base e base de pavimentos, bem como camada de revestimento primário, com agregado reciclado de resíduo sólido da construção civil, denominado agregado reciclado, em obras de pavimentação (ABNT, 2004e);
NBR 15116: Estabelece os requisitos para o emprego de agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil em pavimentação e concreto sem função estrutural (ABNT, 2004f).
Distrito Federal
Em 1956, o presidente Juscelino Kubitschek, sancionou a lei 2.874, a qual propôs a criação da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (NOVACAP). A ideia era transferir a capital do Rio de Janeiro para o interior do país. O projeto aprovado para a construção da capital, foi o de Lúcio Costa, o que gerou opiniões divididas entre arquitetos da época, pois muitos achavam que era apenas um rascunho ou rabisco, e outros achavam que era brilhante e extraordinário. A arquitetura da nova capital foi confiada a Niemeyer, um dos mais originais e brilhantes discípulos da estética modernista de Le Corbusier, Niemeyer buscou a criação de formas claras, leves, simples, livres, inovadoras e lindas, sem considerar apenas seu aspecto funcional (FGV, 2015).
Os principais prédios do centro de Brasília ficaram prontos com cerca de 3 anos (Palácio do Governo, Catedral, Ministérios e etc.), mas a nova capital do Brasil foi inaugurada em 21 de abril de 1960. Logo após sua inauguração iniciou-se a transferência de órgãos do Governo Federal para a nova sede.
Após transferir a capital do país, o governo tinha como intenção povoar a região. Pessoas de todo país, principalmente do Nordeste (chamado de candangos), foram contratados para a construção da cidade e depois de inaugurada não quiseram voltar para suas cidades, e sim trazer suas famílias para Brasília, pois a região teria muitas oportunidades de emprego e seria um bom local para se viver (PACIEVITH, 2015).
Concebida como um exemplo de ordem e eficiência urbana, como uma proposta de vida moderna e otimista, Brasília sofreu na prática importantes distorções e adaptações em sua proposta idealista primitiva, permitindo um crescimento desordenado e explosivo segregando as classes baixas para a periferia e consagrando o Plano Piloto para a habitação de elites. A quantidade de operários afluindo às obras fez nascer vários povoados em torno do Plano Piloto, mas a concentração principal era na Cidade Livre, depois chamada Núcleo Bandeirante. Consistindo de um grande conjunto de casas muito simples de madeira, erguidas pelas empreiteiras para acolher os trabalhadores migrantes, deveria ser desmantelada ao final da construção da capital, o que acabou não acontecendo. Chegou a ter cinco mil moradias e cerca de trinta mil habitantes, com um comércio mais ativo que Goiânia na mesma época.
A capital do país que foi planejada inicialmente para 500 mil habitantes, segundo o IBGE, hoje agrega cerca de 2,9 milhões de habitantes (IBGE, 2015), um número muito elevado que precisou de muitas obras para suprir a demanda por moradia, e ainda assim precisa de muito mais, pois muitas de suas cidades-satélites ainda sofrem sem infraestrutura. A tendência do DF e o seu entorno é crescer cada vez mais, surgindo ainda mais construções (NUNES, 2014). Por este motivo, é de suma importância focar em construções sustentáveis de forma urgente para não prejudicar as gerações futuras ou até mesmo a presente geração.
Esse crescimento populacional instigou a ganância das imobiliárias, que começaram a construir e ocupar esses lugares vazios, e com isso, no ano de 2014, o DF gerou em torno de 6.000 a 8.000 toneladas de resíduos sólidos da construção civil por dia, segundo o SLU (2015).
Destino dos resíduos
Segundo Sena (et al, 2013), uma das grandes dificuldades do Distrito Federal encontra-se na gestão e destinação da enorme quantidade de resíduos produzidos. Só existe um local licenciado ambientalmente, o Lixão do Jóquei (Figura 2), o qual já se encontra sobrecarregado e não consegue seguir todos processos corretos de um aterro. De acordo com a administração do Lixão, a única separação que se efetua, é entre resíduos da construção civil e resíduos orgânicos. Os catadores fazem a função da triagem mais específica de resíduos para a venda, porém é algo muito limitado e não existe esta triagem para os resíduos de classe A, contaminando os mesmos com outras classes e impossibilitando a utilização futura, aumentando o ciclo de vida do material.
Muitas construções descartam estes resíduos em locais clandestinos (Figura 3), o que gera mais custos para o governo, em relação a limpeza e transporte, fora que causa poluição ambiental e visual para a sociedade.
O SLU enviou solicitação de novas áreas para aterro em diversos locais no DF, porém a Agência de Desenvolvimento do Distrito Federa (TERRACAP) e o Instituto BrasíliaAmbiental (IBRAM) ainda estão analisando para fornecer o licenciamento e dar seguimento no projeto.
Figura 2 - Aterro do Jóquei no DF
 Fonte: Arquivo dos autores.
Figura 3 - Disposição clandestina de entulho em Águas Claras.
Fonte: Paulo Gonçalves
Noroeste
O setor Noroeste foi idealizado pelo urbanista Lucio Costa com o seu projeto "Brasília Revisitada" em 1987, o bairro possui 20 quadras residenciais em uma ótima localização da Asa Norte. O Noroeste, segundo a TERRACAP (2015), foi planejado para ser um bairro ecologicamente correto em todos os sentidos, prometendo ser tornar uma região sustentável e em harmonia com o meio ambiente, da construção dos sistemas públicos como saneamento, coleta de lixo a vácuo e energia solar até a construção dos empreendimentos, visando à qualidade de seus futuros moradores.
No ano de 2009 a TERRACAP elaborou o Manual Verde do Noroeste (TERRACAP, 2009). Este manual objetiva estabelecer as estratégias de sustentabilidade para o Noroeste, no qual as construtoras deveriam seguir rigorosamente. Em relação a resíduos de classe A da construção civil, o manual exige que as construtoras só comprem materiais minerais (areia, pedra e argila) de mineradores que possuam áreas legalizadas quanto aos aspectos ambientais, evitando compras de mineradoras clandestinas. Depois de gerados, para transportar os resíduos, também existe uma preocupação: o manual pede às construtoras que fiscalizem as empresas transportadoras e façam sempre o controle de transporte de resíduos.
O Manual Verde segue os critérios do Leadership in Energy and Environmental Design (LEED). Para o Noroeste foram estabelecidas estratégias para obter o nível verde. O manual tem várias instruções nas quais devem ser seguidas sem exceção como: 
garantir gestão de resíduos sólidos, desviando pelo menos 50% do volume gerado para usina de reciclagem, aliviando aterros de inertes;
utilização de 15% de material reciclado em estacionamento público;
prevenção da poluição do ar com poeiras e etc. 
O Manual é um instrumento utilizado para auxiliar construtoras, servindo ainda, a empresas particulares e órgãos públicos que tem por função fiscalizar este gerenciamento de resíduos e demais instruções. 
Principais Fontes Geradoras de Resíduos de Classe A
O setor da construção civil é responsável por extrair metade dos recursos naturais do planeta em seus processos de produção de materiais, construção e manutenção. 
Para se ter uma ideia da intensidade de resíduos de classe A produzidos em cada uma das etapas do processo construtivo, são apresentados na Tabela 2. Observa-se ainda na tabela a ocorrência de três diferentes níveis de geração. Por meio dela, percebe-se de forma clara que, dependendo da etapa construtiva em que se encontre uma obra, podem ser gerados diferentes tipos de resíduos, mesmo estes pertencendo a mesma classe e que, para um mesmo tipo de resíduo, este pode aparecer em três diferentes intensidades de geração. Assim, cada etapa construtiva fica bem caracterizada pela geração de determinados tipos de resíduos, em uma intensidade típica padrão.
Tabela 2 - Resíduos produzidos por etapa construtiva.
Fonte: Adaptado de HENDRICKS, 2000.
	TIPOS DE RESÍDUOS PRODUZIDOS DURANTE A CONSTRUÇÃO
	ETAPAS CONSTRUTIVAS
	
	Instalação do canteiro de obras
	Fundação
	Estrutura
	Alvenaria
	Instalações Prediais
	Acabamento
	
	
	
	
	
	
	
	Resíduos classe A
	 
	 
	 
	 
	 
	 
	Entulho de alvenaria
	 
	 
	 
	 
	 
	 
	Entulho de concreto
	 
	 
	 
	 
	 
	 
	Pedra britada
	 
	 
	 
	 
	 
	 
	Entulho de argamassa
	 
	 
	 
	 
	 
	 
	Solo escavado
	 
	 
	 
	 
	 
	 
	Telhas cerâmicas
	 
	 
	 
	 
	 
	 
	Nível de geração: 
	 
	Baixo
	 
	Médio
	 
	Elevado
A geração de resíduos não acontece somente em obras – começa na produção dos materiais (OBRA LIMPA, 2015). Em 2013, a venda direta de materiais era de 24% para as construtoras e 60% para atacadistas e varejistas, no qual vai uma grande quantidade em pequenas construções ou reformas (CBSC, 2014).
Com essa grande quantidade de materiais indo para o setor de pequenas construções, o mercado informal aparece em grande escala. Muitas vezes, as pessoas compram seu produto pelo preço e não pela qualidade e durabilidade, e esse mercado informal é definido por atividade econômica que não são registradas em órgãos governamentais e ambientais. Desta forma, sonegando impostos e não passando por fiscalizações de órgãos ambientais, colaboram para que o mercado informal consiga um preço menor que é o que o consumidor deseja.
Essa é justamente uma das maiores dificuldades da construção civil em diminuir o seu impacto ambiental. Já estão sendo implantadas políticas públicas nas construtoras, o que já representa uma considerável diferença, porém, ainda de forma limitada. O consumidor varejista não tem conhecimento para comprar o material que causará menor impacto ao meio ambiente, e também não existe incentivo e orientação para que façam isso. Existem ferramentas para auxiliar nesta orientação, mas poucas pessoas procuram por elas e a divulgação é quase nenhuma. Segundo o CBCS (2014), a construção civil ainda tende a crescer mais. Com isso, a extração destes recursos naturais será cada vez maior e estes não serão substituídos. Acredita-se que a substituição dos materiais pode reduzir o impacto em uma obra em particular, mas dificilmente reduz o impacto global. 
Com isso, um dos grandes problemas que enfrentam países como o Brasil é este: as pessoas procuram o produto mais barato não se importando com a qualidade e durabilidade. Estes são dois fatores que estão envolvidos diretamente na geração de resíduos, pois um produto de má qualidade pode quebrar muito ou até gerar um retrabalho, o que acaba aumentando os gastos, e a falta de durabilidade pode forçar contínuas manutenções, reformas e demolições antes do momento determinado.
 Como vimos, a perda é uma grande causa de geração de resíduos na construção civil. Ela acontece devido a qualquer tipo ineficiência que exige o uso de quantidades superiores ao necessário para determinado serviço.
As perdas no Brasil, é extremamente exagerada, estima-se que com o desperdício de 3 obras, consegue-se fazer outra. Existe vários tipos de perdas, e para os Resíduos de Classe A, destaca-se (SENAI, 2006):
Perdas por superprodução: Ocorrem quando a produção é maior do que a necessidade (excesso de espessura da laje, argamassa em excesso para um dia de trabalho);
Perdas no processamento: Ocorrem pela falta de padrões e métodos nas técnicas de execução, falta de treinamento da mão de obra, projetos com deficiência e falta de detalhamentos (por exemplo: quebra de paredes para executar instalações);
Perdas nos estoques: Ocorrem quando há existência de estoques excessivos e não existem locais com boas condições para armazenar. Dependendo das condições climáticas pode haver perda do material; (Figura 4)
Perdas no transporte: Ocorrem quando a obra não tem estudo de logística, com trabalhadores muito distante dos materiais ou com difícil acesso. No processo de busca dos materiais podem haver perdas; (Figura 5)
Perdas inevitáveis: Ocorrem pelo processo da construção civil ser feito por mão de obra humana. Neste sentido, sempre existirá algum defeito ou erro no processo da execução.
 
Figuras 4 e 5 - Estocagem incorreta de cimento / Transporte incorreto de blocos cerâmicos
Fonte: FORMOSO, 2000 
Essas são as principais causas das perdas na construção em relação aos resíduos de Classe A. O processo da construção civil é muito complicado e requer muitos cuidados. No Brasil, as medidas a favor da construção sustentável ainda são poucas e no DF são menores ainda.
Outro ponto importante e o maior gerador de resíduos na construção civil são as manutenções, reformas e demolições. Segundo a empresa I&T Informações e Técnicas, em uma pesquisa realizada em 12 construções e demolições localizada em Porto Alegre (Figura 6), pelo menos 59% dos resíduosé de responsabilidade desses processos que são executados muitas vezes sem projetos e alvarás de construção. E no caso do DF, não existe uma fiscalização rigorosa e nem um local para uma destinação correta destes resíduos. Logo, com a execução de demolições de casas irregulares como na cidade Vicente Pires, moradores ao redor sofreram com a poluição visual, ambiental e animais transmissores de doenças que habitaram nos restos de construções.
 Figura 6 – Resíduos da construção civil
 Fonte: I&T Informações e Técnicas
Transporte de Resíduos
O transporte fora da obra também influencia na poluição ambiental. Caminhões com excesso de materiais podem provocar perdas do material transportado. Além disso, o peso excessivo do caminhão pode danificar as ruas pavimentadas, forçando a uma manutenção precoce. Além disso, também é necessário se manter uma fiscalização dos cuidados necessários no transporte, como lavar os pneus do caminhão antes de sair da obra, evitando uma poluição do ar e das ruas e cobrir as caçambas com lona, evitando que os resíduos caiam com a força do vento ou por próprios desníveis das vias, reduzir a velocidade em manobras, etc. São coisas simples de se fazer, mas quando não feitas podem causar uma poluição ambiental muito grande, como na cidade Estrutural, onde as ruas são empoeiradas, sujas e causam muito incomodo para a população local. Além da sujeira, a poeira também pode entupir bueiros e atrair animais e insetos indesejáveis.
É importante checar se há informações no município sobre transportadores cadastrados. No DF, o transportador tem que ter a licença ambiental fornecida pelo SLU. Uma vez contratado o serviço, é preciso exigir do caçambeiro o retorno do documento de Controle de Transporte de Resíduo (CTR) devidamente carimbado e assinando pelo destinatário, comprovando que material foi entregue na usina de reciclagem ou ao aterro licenciado para resíduos de construção civil.
 
Figuras 7 e 8 – Transporte de resíduos sem a lona na cidade Estrutural / 
Transporte de resíduos de forma correta na Asa Norte
Fonte: Arquivo dos autores. 
Gerenciamento de Resíduos de Classe A
Diante do cenário atual da construção civil, observa-se que muitas práticas precisam de mudanças. Gerenciar, de forma racional e ambientalmente adequada, os resíduos sólidos, especialmente aqueles nos grandes centros urbanos, tem sido uma constante e acentuada preocupação dos gestores públicos. 
Países desenvolvidos trabalham muito forte neste processo de construção sustentável, porém, ainda não existe um padrão mundial 100%, embora existam muitas medidas que podem ser adotadas no sentido de minimizar bastante os impactos ambientais que causam esses resíduos. O Brasil, por ser um país subdesenvolvido, ainda tem muito o que crescer, e é importante crescer pensando no futuro do que ter que solucionar problemas graves depois.
Uma das medidas a serem adotadas é a escolha correta dos materiais. É importante se ter mais informativos sobre como escolher materiais que causam menos impactos, escolha de empresas com selos ambientais que garantam a qualidade e durabilidade excelente do material, etc. Neste sentido, faz-se necessário que órgãos ambientais e governamentais estabeleçam padrões sustentáveis para estas industrias que produzem os materiais e as fiscalizem com mais rigor. Além disso, implantar essa política pública não só em industrias e construtoras, como também na sociedade como um todo, alertando o bem que a pessoa pode fazer ao meio ambiente e também que materiais de boa qualidade e durabilidade demoram muito mais para necessitar de manutenções, reformas e em casos piores, a demolição.
Citamos como é complicado o problema de perdas em canteiro de obra. Muitas vezes os trabalhadores não são conscientizados que evitando cada vez mais essas perdas, não influenciarão somente na parte econômica da construção, como ainda, na qualidade de vida da sociedade de hoje e de futuras gerações. Alguns pontos que podem evitar essas perdas são:
Projetos bem detalhados para evitar dúvidas na execução;
Logística no canteiro de obra, locais de estocagem com facilidade de acesso para evitar quebras durante o transporte do material;
Qualificar a mão de obra, com treinamentos e política de conscientização (reuniões semanais);
Estocagem correta em locais arejados e que não fiquem expostos ao sol e à chuva, tomar cuidado na hora de estocar, manter organizado, estocar de preferência em cima de paletes e local de fácil acesso aos trabalhadores;
Ações preventivas, evitando que o mesmo ocorra durante todo o processo da obra.
Essas são algumas medidas que minimizam as perdas e a geração de resíduos em obras. Contudo, segundo a PNRS, obras de pequeno porte devem seguir o Plano Municipal de Gestão de Resíduos Sólidos que deve orientar e detalhar como deve ser feita a gestão na obra reduzindo o impacto ambiental e beneficiando a sociedade. Para obras de grande porte, a PNRS estabelece que seja feito antes de começar, um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, onde especificam e detalham todos processos que devem ser seguidos na obra, é importante que em obras de médio a grande porte exista um profissional que cuide desta área ambiental e que esteja sempre orientando e organizando o canteiro (BRASIL / MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2012). Hoje no DF, a fiscalização do seguimento destes planos é muito pouca, e com isso, quase nenhuma construção segue à risca. 
Redução, Reutilização e Reciclagem
O Resíduo da Construção Civil (RCC) ou Resíduo de Construção e Demolição (RCD), é todo resíduo gerado no processo construtivo, de reforma, demolição e escavação (ABRECON, 2016). 
No processo construtivo e de reformas é possível fazer a redução com pequenas atitudes citadas anteriormente. No gerenciamento dos resíduos de classe A tem por intuito assegurar a correta gestão dos resíduos durante as atividades cotidianas de execução das obras e dos serviços de engenharia. O gerenciamento se fundamenta essencialmente nas estratégias de não geração, redução, reutilização, reciclagem e descarte adequado de resíduos sólidos (NAGALLI, 2014), primando pelas estratégias de redução da geração de resíduos, como ilustra a Figura 9. É muito importante ter projetos em construções, pois estes auxiliam no que deve ser executado e quando bem elaborados, diminuem expressivamente a porcentagem de erros nas construções (COLOMBO & BAZZO, 2000). 
Figura 9 - Hierarquia do sistema de gerenciamento de resíduos.
Fonte: Adaptado Nagalli, 2014.
A redução ajuda tanto na questão ambiental quanto na econômica, e é isso que a sociedade tem que entender: quando se adota essas políticas públicas sustentáveis para a construção particular, ajudamos o meio ambiente, a qualidade de vida, as gerações futuras e também a reduzir o orçamento da obra, pois quanto menor o desperdício gerado, menos se irá gastar com material na obra. 
A reutilização é o processo que faz o reuso de materiais que seriam desperdiçados e enviados para aterros. Com isso eles recebem outra função na obra, evitando a compra de mais materiais e enviando menos resíduos para os aterros. Esta é uma prática pouco adotada em canteiros do DF, mas que faz uma grande diferença ao final da obra.
Além da redução e reutilização, a reciclagem também é uma alternativa para reduzir o impacto ambiental. A prática é muito vantajosa em vários aspectos para o gerador, sociedade e meio ambiente. Para o gerador, representa custos mais acessíveis e possibilita o reaproveitamento do próprio material como agregado reciclado. Segundo o urbanista Tarcísio de Paula Pinto, inspira uma visão na qual a demolição, por exemplo, passa de geradora de entulho a grande fonte de matéria-prima secundária (SILVA, 2015). A vantagem da prática para a sociedade e meio ambiente é a diminuição de destinação de resíduos em locais clandestinos ou em aterros de inertes legalizados, porém sobrecarregados, como no caso do DF, podemos citar o Lixão do Jóquei.
Mesmo diante das vantagens, a prática da reciclagemé pouco aplicada. No DF existe apenas uma usina que recicla materiais de classe A. Com isso, ela sozinha não suporta a carga de tantos resíduos gerado por dia.
Para realizar a reciclagem é necessário a contribuição desde os canteiros de obras, para uma triagem rigorosa dos resíduos. Segundo Elcio Carelli, o reciclador precisa operar de maneira ótima, e não consegue fazer isso com materiais misturados (SILVA, 2015). Em visita à empresa X, única recicladora de resíduos de classe A no DF, a empresa relatou que não recebem materiais misturado de obras, apenas materiais de obras com licenciamento ambiental. Disseram, ainda, que exigem o controle de transporte de resíduos para saber a origem e a qualidade do material.
Durante as visitas à esta empresa, onde foram realizadas observações e questionamentos, constatou-se que o processo de reciclagem é simples e rápido:
1º Passo: Normalmente materiais de reformas e demolições chegam em tamanhos de pedras médias e grandes, logo, é preciso que passem antes pelo britador para uma redução de seu tamanho (Figura 10).
Figura 10 - Resíduos de obras, reformas e demolições
Fonte: Arquivo dos autores.
2º Passo: Depois do britador, os resíduos estão prontos para ir ao triturador (Figura 11), onde ocorre a trituração até ficarem no tamanho ideal (Figura 12).
 
Figuras 11 e 12 - Resíduos após passar pelo britador vão para dentro do triturador. 
 Fonte: Arquivo dos autores. Fonte: Arquivo dos autores.
3º Passo: Após a trituração os resíduos passam por peneiras onde executam a granulagem separando estes resíduos por frações que são classificados em areia, pedrisco e brita. Após a granulagem seguem ao seu destino por esteiras automáticas. Após este processo estão prontos para serem comercializados (Figuras 13 e 14). 
 
 Figuras 13 e 14 – Maquinário de usina de reciclagem / Brita reciclada pronta para comercialização
 Fonte: Arquivo dos autores.
ESTUDO DE CASO
Neste capítulo apresenta-se o estudo de caso desenvolvido para o alcance dos objetivos desta pesquisa. O estudo de caso trata de uma comparação entra práticas adotadas de gestão de resíduos sólidos classe A. Em que observou-se alguns pontos referentes às diferenças entre as Construções A e B.
Construções Selecionadas
A seleção das empresas construtora e seus respectivos canteiros de obras foi norteada por critérios pré-estabelecidos, a saber:
Localização: Foram priorizados os canteiros em duas áreas de diferentes, uma no bairro Noroeste (Construção A), local planejado para ser ambientalmente correto e outra na cidade de Águas Claras (Construção B), local com um crescimento acelerado de novas construções.
Construções com e sem certificados de qualidade ambiental;
Construções de médio porte;
Construções na mesma etapa construtiva (Estrutura/Alvenaria);
Construções com o mesmo sistema construtivo (Concreto armado e alvenaria de bloco cerâmico e bloco de concreto);
Estudo de caso
O estudo de caso trata de uma comparação entre práticas adotadas de gestão de resíduos sólidos de classe A. Em que observou-se alguns pontos referentes às diferenças entre as Construções A e B.A primeira, localizada no bairro Noroeste de Brasília - Distrito Federal (Figura 12), constituída por um Edifício Residencial de 28.700 m² de construção, distribuída em 10 (nove) pavimentos, incluindo os subsolos. O referido empreendimento foi planejado para ser ecologicamente correto, seguindo padrões estabelecidos pela Companhia Imobiliária de Brasília - TERRACAP, através do Manual Verde e a Resolução 307 CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente. a construção contava com 120 (cento e cinco) funcionários, treinados pela empresa construtora, no período em que foi aplicado o devido questionário, a fim de manter o padrão de qualidade ambiental. Além de ser submetida a fiscalização de uma empresa particular e o órgão ambiental responsável (IBRAM) para o cumprimento do Manual Verde e Resolução 307. A segunda, Construção B, um Edifício Residencial e Comercial (Figura 13) de 15.000 m² de construção, 19 pavimentos incluindo o subsolo, composta de um quadro de 207 funcionários e localizada na cidade de Águas Claras - Distrito Federal; cidade, que em poucos anos de sua fundação, teve um grande crescimento com o surgimento acelerado de novas construções, sem um planejamento adequado, principalmente do ponto de vista dos cuidados ambientais. 
Figura 15 – Construção A.
Fonte: Arquivo dos autores.
 Figura 16 – Construção B.
Fonte: Arquivo dos autores.
Dentro da ação de análise e acompanhamento das respectivas construções, aplicou-se o questionário (Apêndice B), elaborado pelos autores, nas duas obras. Ao analisar as respostas, foi possível encontrar diferenças nas práticas adotadas da gestão de resíduos de classe A. Neste processo, o questionário foi aplicado aos engenheiros das duas construções, consideradas de médio porte. O Quadro 1 traz sucintamente o resultado categorizado das respostas:
Quadro 1 – Diferenças na qualidade de gestão de resíduos de classe A 
na Construção A e Construção B (DF) / 2015
	
	Construção B
	Construção A
	Sistema construtivo
	Estrutura de concreto armado e alvenaria com bloco cerâmico.
	Estrutura de concreto armado e alvenaria com bloco de concreto e bloco cerâmico.
	Fase da construção
	Estrutura / Alvenaria
	Estrutura / Alvenaria
	Gerenciamento de resíduos sólidos de classe A
	Não existe. Por falta de orçamento.
	Existe. Seguindo a PNRS, resolução 307 e o Manual Verde.
	Ações preventivas
	Não existe.
	Existe. Reuniões a cada 2 semanas, políticas de conscientização.
	Média de resíduos de classe A gerado.
	235m³ por mês
	190m³ por mês
	Separação dos resíduos
	Apenas madeira, plástico e papel.
	Existe separação de acordo com a resolução 307.
	Destinação dos resíduos de classe A.
	Lixão do Jóquei.
	Usina de reciclagem e terrenos de reservação.
	Utilização de agregado reciclado
	Não utiliza.
	Não utiliza.
Fonte: Os autores.
Análise
De acordo com as respostas obtidas através do questionário, foi possível constatar que existe uma grande diferença em relação à qualidade da gestão de resíduos de classe A, entre as duas construções.
A Construção A consegue manter um padrão mais adequado na gestão de resíduos de classe A, mesmo com mais metros quadrados de construção e menos funcionários, proporcionando menos impacto ambiental e menor prejuízos financeiros do que a Construção B. Sendo que esta diferença começa no projeto para o empreendimento da Construção A, localizada em um bairro planejado para ser ecologicamente correto, e neste sentido, para alcançar o “padrão verde” estabelecido pela TERRACAP, necessita de construções com boa qualidade na gestão de resíduos.
Constatou-se que na Construção B, a não existência de uma preocupação na gestão dos resíduos de classe A, em que às práticas para melhorar a gestão não foram inclusas no orçamento inicial da referida obra. Falha orçamentária, que deixou os engenheiros impossibilitados, segundo eles, de tomar atitudes para reformar e melhorar a gestão ao longo da construção.
Na Construção A, observou-se uma preocupação desde o projeto até a fase em que se encontrava a construção. Na mesma, foram adotados padrões estabelecidos pela TERRACAP e Resolução 307. Além disso, a construção é submetida a fiscalização de empresas particulares contratadas para avaliar e se necessário, corrigir, bem como do órgão ambiental IBRAM.
As duas construções adotam uma política de não geração e redução de resíduos sólidos de classe A, porém, a partir do momento que o mesmo é gerado, somente a Construção A dá continuidade ao processo de segregação correta, transporte e destinação adequada para os resíduos. Porém, depois de reciclados, nenhuma das construções utilizam a matéria prima secundária.
CONCLUSÃO
 
O aumento populacional dos centros urbanos de capitais de estados brasileiros impulsiona o setor da construção civil na produçãode novas moradias para atendimento as necessidades apresentadas pelo mercado imobiliário de cada região, o que nos traz a preocupação do impacto dos resíduos sólidos gerados pelas construções no meio ambiente, com consequências para a sociedade e poder público.
Conforme estudo de caso, constatou-se que a Construção A gerencia os resíduos de classe A fazendo uso de práticas não observadas na Construção B.
Não foi evidenciado na Construção B um plano de gerenciamento de resíduos sólidos, conforme determina a Resolução Conama nº 307, o que deve ter dificultado a implantação de procedimentos relativos a gestão de resíduos Classe A.
Na Construção B, observou-se somente um projeto implantado, que tinha como seguimento a não geração e redução de resíduos, pois assim, a mesma conseguiria diminuir o orçamento da obra reduzindo o número de materiais desperdiçados, mas da parte de segregação dos resíduos gerados, a construção também só teve a preocupação em separar os que podem ser vendidos facilmente (madeira, papelão, vidro e etc), porém, em relação aos resíduos de classe A, eram contaminados com outras classes de resíduos, impossibilitando a disposição ideal e a utilização futura.
A Construção B não se planejou para ser ambientalmente correta, no entanto, a própria empresa construtora não adicionou o orçamento necessário para a gestão de resíduos, o que dificulta a construção seguir os padrões estabelecidos.
Construção A, tem desde seu projeto inicial a parte ambiental planejada, com profissionais capacitados para orientar e corrigir o que houver necessidade, isto se deu por conta da construção estar localizada em um bairro planejado para ser ecologicamente correto.
A Construção A, executa a triagem de acordo coma estabelece a Resolução 307 do CONAMA, e com a triagem correta, possibilita a destinação dos resíduos de classe A para locais corretos, como a Usina de reciclagem ou terreno da própria empresa construtora para a reutilização futura, como também já é estabelecido pela Resolução.
Portanto, a Construção A buscou alcançar os padrões verde estabelecidos pela TERRACAP desde o início de projeto, tomando todas as atitudes possíveis para favorecer o meio ambiente, diminuir o prejuízo dos cofres públicos e reduzir o desperdício na própria construção. 
Através do gerenciamento de resíduos sólidos de classe A correto, pode-se concluir que mesmo na etapa construtiva de Estrutura/Alvenaria, que são etapas em que o resíduo de classe A tem um desperdício elevado, pode-se reduzir satisfatoriamente o volume desperdiçado. As práticas adotadas pela Construção A, proporcionou grande diferença referente aos resíduos de classe A desperdiçados pela Construção B.
A organização da Construção A na gestão de resíduos, a segregação correta e os cuidados tomados, permite que a construção identifique em qual etapa se desperdiça mais resíduos, e assim, tomar ações preventivas. Esta organização na gestão de resíduos irá se refletir em seu orçamento final, onde a cada etapa construtiva procura melhorar sua gestão e diminuir os gastos com materiais para cobrir as perdas. 
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APÊNDICES
APÊNDICE A – Lista de Normas e Regulamentos Acerco dos Resíduos Sólidos
Lei 12.305/2010 - Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS);
Resolução nº 307 – CONAMA;
NBR 10.004/2004;
NBR 15.112/2004;
NBR 15.113/2004;
NBR 15.114/2004;
NBR 15.115/2004;
NBR 15.116/2004.
APÊNDICE B – Questionário
A obra é de pequeno, médio ou grande porte?
Quantos m² de construção?
Quantos andares?
Quantos funcionários?
Existe gerenciamento ou gestão de resíduos sólidos na obra? Se sim, como é feito o gerenciamento? Se não, justifique.
Existe alguma ação preventiva para diminuir as perdas na obra? Se sim, quais? Se não, justifique.
Qual a média de resíduos de Classe A (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento, blocos, tubos, meios-fios e etc.) é desperdiçado?
Existe separação dos resíduos? Justifique.
Há alguma política de redução, reutilização e reciclagem na obra? Justifique.
O transporte dos resíduos segue os padrões da política nacional dos resíduos sólidos e do manual verde?
Qual a destinação dada ao entulho? Existe alguma empresa que recolhe esse entulho para fazer reciclagem?
É utilizado agregado reciclado? Justifique.
Há algum incentivo governamental para a prática da reciclagem? O que o governo poderia fazer para ajudar?

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