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1.1 e 1.2 Direitos Fundamentais

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1
Direitos Fundamentais ‐ Importância da matéria:  
 
 
Exigência do XIII Exame unificado da OAB: 
 
10.  Dos  Direitos  e  Garantias  Fundamentais.  11.  Tutela  Constitucional  das 
Liberdades:  
 
 
Item número 23 do Edital do concurso da Magistratura/SP 2014: 
 
23. Direitos Fundamentais. Direitos Fundamentais Coletivos. 
 
 
Item  número  2.1  do  Edital  concurso  do  Ministério  Público/SP  de 
2013: 
 
2.1. Princípios fundamentais. 
 
2.2.  Direitos  e  deveres  individuais  e  coletivos.  Direitos  sociais.  Ações 
constitucionais. 
 
 
Item do Edital para concurso de Delegado/SP 2013: 
 
Direitos  e  garantias  fundamentais:  conceito,  evolução,  características,  funções, 
titularidade,  destinatários,  colisão  e  ponderação  de  valores.  Teoria  Geral  das 
Garantias. Direitos e deveres individuais e coletivos em espécie. 
 
 
 
LOCALIZAÇÃO 
 
=  CONSTITUIÇÃO  FEDERAL  –  Título  II  (DOS  DIREITOS  E  GARANTIAS 
FUNDAMENTAIS) 
 
Art. 5º (direitos e deveres individuais e coletivos) 
Arts. 6º até 11 (direitos sociais) 
Arts. 12 até 13 (direitos de nacionalidade) 
Arts. 14 até 16 (direitos políticos)  
Art. 17 (partidos políticos) 
 
 
2
 
EVOLUÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS (GERAÇÕES DE DIREITOS) 
 
 
Primeira Geração (liberdade) – direitos civis e políticos 
 
Segunda Geração (igualdade) – direitos sociais, econômicos e culturais 
 
Terceira Geração (fraternidade) – direitos coletivos e difusos 
 
Quarta Geração (engenharia genética) 
 
 
1ª Geração – Os direitos das liberdades individuais e coletivas 
 
 
  Os  direitos  fundamentais  de  primeira 
geração  também  são  definidos  como  direitos  às  garantias  e  liberdades 
individuais. 
 
  Impossível  se  falar  em  direito  fundamental 
de primeira geração sem considerar a declaração dos direitos do homem e 
do cidadão no período da revolução francesa. 
 
Revolutio, em  latim, é o ato ou efeito 
de  revolvere  (volve‐re  ‐  significa 
volver  ou  girar,  com  o  prefixo  re 
indicando  repetição),  no  sentido 
literal  de  rodar  para  trás  e  no 
figurativo  de  volver  ao  ponto  de 
partida, ou de relembrar‐se. 
 
  Nesse  sentido, o  termo passou a  ser usado 
para  indicar  uma  renovação  completa  das  estruturas  sociopolíticas,  a 
instauração não apenas de um governo ou de um regime político, mas de 
toda uma sociedade. 
 
 
Povo: como plebs ou como populus 
 
  
 
3
  Assim, os direitos de primeira  geração  têm 
efetivamente  como marco a Revolução  Francesa de 1789,  sendo a mais 
conhecida das declarações, estando ainda em vigor na França, integrando 
o chamado “bloc de constitutionnalité”: 
 
Liberdade, igualdade e fraternidade: a transposição do ideal na prática. 
 
  A  Revolução  Francesa  desencadeou,  em 
curto espaço de tempo, a supressão das desigualdades entre indivíduos e 
grupos sociais, como a humanidade jamais experimentara até então.  
 
  Na  tríade  famosa,  foi  sem  dúvida  a 
igualdade que representou o ponto central do movimento revolucionário.  
 
  A  liberdade,  para  os  homens  de  1789, 
limitava‐se praticamente à supressão de todas as amarras sociais ligadas à 
existência  de  estamentos  ou  corporações  de  ofícios.  E  a  fraternidade, 
como virtude cívica, seria o resultado necessário da abolição de todos os 
privilégios. 
 
 
O Artigo II do texto adotado pela Assembleia Nacional da 
França em 26 de agosto de 1789: 
 
“O fim de toda associação política é a conservação dos direitos 
naturais e imprescritíveis do homem. Esses direitos são a 
liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência à 
opressão” 
 
 
  Sua  importância,  entretanto,  não  advém 
disso. Decorre de ter sido por um século e meio o modelo por excelência 
das declarações, e ainda hoje merecer o respeito e a reverência dos que 
se preocupam com a liberdade e os direitos do Homem. 
 
  Sua  primazia  entre  as  declarações  vem 
exatamente  do  fato  de  haver  sido  considerada  como  o  modelo  a  ser 
seguido pelo  constitucionalismo  liberal, que  tem  suas bases no primado 
pela mínima interferência do Estado na Economia: 
 
 
 
 
Declaração 
de Direitos 
do Homem 
e do 
Cidadão 
laissez faire, deixai fazer, 
laissez aller, deixai ir, 
laissez passer deixai passar 
 
4
  Daí  a  sua  incontestável  influência  sobre  as 
declarações que, seguindo essa orientação, se editaram pelo mundo afora 
até a primeira Guerra Mundial. 
 
  A  declaração  francesa  foi  uma  das  mais 
importantes,  mas  não  a  primeira,  vejamos  (e  das  anteriores  teve  forte 
influência. Os deputados da época ‘refinaram’ o exemplo da América): 
 
 
Lei de Habeas Corpus – Inglaterra, de 1679; 
Bill of Rights (1689); 
Declaração de Direitos de Virgínia  (EUA) de 
1776; 
  Constituição  (Francesa), promulgada em 17 
de setembro de 1787. 
   
 
   
  A origem da declaração teve como ênfase o 
trabalho do aristocrata e militar Marquês de  La Fayette, percebendo a 
reivindicação de que fossem solenemente reconhecidos esses direitos, às 
vésperas da revolução que iria se eclodir na França. 
 
  Marquês  de  La  Fayette  dinamizou  assim,  o 
trabalho,  sabendo  que  outros  também  queriam  ter  o  mesmo  mérito, 
como Sieyès e o próprio rei. 
 
(E o que  existia  antes da  revolução  Francesa? Havia  o  antigo 
regime  ‐  Ancien  Régime:  refere‐se  originalmente  ao  sistema 
social  e  político  aristocrático  estabelecido  na  França,  sob  as 
dinastias  de  Valois  e  Bourbon,  entre  os  séculos  XVI  e  XVIII. 
Trata‐se basicamente de um regime centralizado e absolutista, 
em que o poder  era  concentrado nas mãos do  rei.  Foi  então 
que Sieyès escreveu sua célebre obra: O que é o terceiro Estado 
–Qu’est‐ce que  le  Tiers  Etat?  – O qual  vai definir que o poder 
está nas mãos do povo, mas este é visto como um gigante preso 
com um grilhão no pé). 
 
 
 
Declarações 
de 
Direitos 
 
5
“o  terceiro  estamento”  (le 
Tiers  Etat),  cuja  identidade 
social  era,  por  assim  dizer, 
negativa:  compunham‐no 
todos  aqueles  que,  excluídos 
da  nobreza  e  do  clero,  não 
gozavam  dos  privilégios 
ligados  a  estas  duas  ordens 
superiores.  O  Tiers  Etat  era, 
na  verdade,  um  aglomerado 
social  heterogêneo,  formado 
de  um  lado  pela  classe 
burguesa:  o  conjunto  dos 
comerciantes  de  todos  os 
ramos,  os  profissionais 
liberais  e  os  proprietários 
urbanos que viviam de  renda 
ou  de  juros  (rentiers  et  
capitalistes)” 
 
 
  Cabendo  recordar  ainda,  como  citado,  dos 
estamentos e das corporações de ofício. 
 
 
Qual a finalidade da declaração?  
 
  É  a  renovação  do  pacto  social,  protegendo 
os direitos do homem contra os atos do Governo, instruindo‐os a sempre 
se lembrar deles. 
 
 
Declaração – atestado de óbito do antigo regime. 
 
 
Qual a natureza jurídica da declaração? 
 
  É  justamente  declarar  os  direitos,  aqueles 
ditos como direitos naturais do homem. Recordando que a França, assim, 
como todos os países do bloco ocidental tem por base a civil law (origem 
 
6
latina),  contrastando  com  a  common  law  (origem  anglo‐saxônica  – 
baseado  fortemente  na  Jurisprudência  –  conjunto  de  interpretações 
proferidas pelo Poder Judiciário das demandas individuais ou coletivas). 
 
E o que são direitos naturais declarados? 
 
 
 
Abstratos:  Não  apenas  dos  franceses,  dos 
ingleses, etc. 
Imprescritíveis, não se perdem com o passar 
do tempo; 
Inalienáveis,  pois  ninguém  pode  abrir mão 
da própria natureza; 
Individuais, porque  cada  ser humano é um 
ser perfeito por natureza, completo; 
Universais — pertencem a todos os homens 
 
 
 
 
Primeira categoria de Direito Fundamental  
 
= As Liberdades 
 
Liberdade de agir ou não independentementeda vontade do Estado. 
 
Exemplos das  liberdades previstas na CF Francesa: Liberdade em geral  (arts. 
1º, 2º e 4º), a segurança  (art. 2º), a  liberdade de  locomoção  (art. 7º), a  liberdade de 
opinião (art. 10), a liberdade de expressão (art. 11) e a propriedade (liberdade de usar 
e dispor dos bens) (arts. 2º e 17). E seus corolários: a presunção de inocência (art. 9º), a 
legalidade  criminal  (art.  8º),  a  legalidade  processual  (art.  7º). Afora,  a  liberdade de 
resistir à opressão (art. 2º), que já se aproxima dos direitos do cidadão. 
 
 
  Cabendo  ressaltar  que  a  liberdade  para  o 
comércio  não  estava  previsto  na  declaração,  nem  a  liberdade  para  o 
Trabalho, que só adveio depois, pela declaração de 1793. 
 
Direitos 
Naturais 
 Declarados 
 
7
  Não estava previsto  também na declaração 
o  direito  de  associação,  visto  que  a  base  central  é  focada  no 
individualismo. 
 
  Somado a esse  fato, e  tendo  como posição 
contrária  a  ideia  de  associação,  os  primeiros  partidos  jacobinos  e 
girondinos  eram  considerados  como  fatores  de  desordem  e 
perturbadores da ordem pública, sendo vistos como inimigos do interesse 
geral (desde a revolução já sabiam disso...). 
 
 
O  grande  problema  político  do  movimento 
revolucionário francês foi, exatamente, o de 
encontrar um outro titular da soberania, ou 
poder  supremo,  em  substituição  ao 
monarca.  A  ideia  de  monarquia  absoluta, 
combatida  por  todos  os  pensadores  do 
“século  das  luzes”,  tornou‐se  inaceitável 
para a nova classe ascendente, a burguesia. 
 
 
  Para  alguns  pensadores  da  época,  a 
Inglaterra deveria ser o modelo a ser seguido pela França. 
 
 
 
E o que são os direitos do cidadão? 
 
São  poderes  frente  ao  Estado.  Constituem  meios  de  participação  no 
exercício do Poder Político. 
 
 
  Essência  dos  direitos  de  primeira 
geração  –  tem  como  essência  o  caráter  negativo,  visto  que, 
uma vez que lutam contra a tirania do Estado e o absolutismo, 
impõe ao mesmo uma obrigação de não fazer. 
 
  Encontra‐se assim, a primeira geração mais 
ligada  dentre  as  demais  gerações  à  dignidade  da  pessoa  humana,  na 
medida  em  que  esta  era  cronicamente  vilipendiada  pelos  regimes 
 
8
absolutistas  europeus,  mormente  no  âmbito  do  Direito  Penal,  o  qual 
criminalizava  manifestações  básicas  dos  chamados  direitos  naturais  do 
homem, como as comuns prisões  sem mandado  judicial, o  cerceamento 
do  direito  à  ampla  defesa  e  do  contraditório,  o  confisco  arbitrário  de 
propriedades, o  emprego de  torturas degradantes  e  cruéis,  a  censura  à 
imprensa, dentre outras. 
 
  Assim,  a primeira  geração  institucionalizou, 
não  significando  evidentemente  sua  efetivação  no  campo  prático,  as 
liberdades civis e políticas, componentes esses primários da cidadania. 
 
 
Liberdades públicas 
 
Natureza  jurídica:  Os  direitos  subjetivos  oponíveis  ao  Estado  eram 
desconhecidos do direito positivo antes 1789. 
 
 
 
O titular do direito 
 
O sujeito ativo é todo e cada um dos seres humanos. 
 
  A  vigente  Constituição  brasileira  põe 
inadequadamente a questão.  
 
  De  fato,  o  caput  de  seu  art.  5º  afirma 
reconhecer  os  direitos  fundamentais  “aos  brasileiros  e  aos  estrangeiros 
residentes  no  País”,  como  se  eles  não  fossem  reconhecidos  a  todos  os 
seres humanos. Aliás, o defeito é antigo, quase se pode dizer tradicional, 
já que a fórmula aparece na Constituição de 1891 (art. 72), repete‐se em 
1934 (art. 113), em 1937 (art. 122), em 1946 (art. 141), em 1967 (art. 150) 
e na Emenda n. 1/69  (art. 153). E a Carta de 1824 apenas os reconhecia 
aos cidadãos brasileiros (art. 179). 
 
    Entretanto,  o  texto  não  deve  ser 
interpretado  literalmente.  Os  direitos  fundamentais,  inclusive  as 
liberdades públicas, reconhecem‐se a todos, nacionais e estrangeiros. 
 
 
9
  Ocorre que alguns dos direitos especificados 
no texto constitucional — direitos esses que não são direitos do Homem, e 
sim do cidadão, como a ação popular — não são reconhecidos senão aos 
brasileiros. 
 
Sujeito passivo é o Estado. 
 
 
Objeto 
 
É uma  conduta,  como agir ou não agir,  fazer ou não  fazer, usar ou não 
usar. 
 
A proteção dos direitos 
 
Uma vez reconhecidos, ganham proteção. Uma vez garantido pela ordem 
jurídica, cabe ao Estado restaurá‐los, se coercitivamente violados. 
 
 
Garantias 
 
  Vários  são  os  sentidos  em  que  se  toma  a 
expressão garantia. Dentre estes, cabe apontar: 
 
Uma acepção amplíssima (garantia‐sistema), 
Outra ampla (garantia institucional); 
Outra, ainda, restrita (garantia‐defesa);  
E,  enfim,  outra  restritíssima  (garantia 
instrumental). 
 
 
      No  primeiro  sentido  amplo,  seguindo  Rui 
Barbosa, pode‐se dizer que garantias constitucionais são “as providências 
que, na constituição, se destinam a manter os poderes no jogo harmônico 
das suas funções, no exercício contrabalançado das suas prerrogativas”.  
 
  Dizemos  então  garantias  constitucionais no 
mesmo  sentido  em  que  os  ingleses  falam  em  freios  e  contrapesos  da 
Constituição  (Check and balance system – que  trata da  teoria da divisão 
Garantias 
 
10
dos  poderes).  São,  pois,  a  garantia  que  decorre  do  próprio  sistema 
constitucional: garantia‐sistema. 
 
      Num  sentido  amplo,  garantias  são  a 
estrutura institucional organizada que se volta para a defesa de direitos. É 
o  caso,  no  Brasil,  do  mecanismo  judicial,  na  França,  do  contencioso 
administrativo,  noutros  Estados,  do  ombudsman.  Como  essa  garantia  é 
confiada  a  instituições  determinadas,  pode‐se  designá‐la  de  garantia 
institucional. 
 
Garantias como direitos fundamentais 
 
  Denota‐se que  as  garantias,  sobretudo,  em 
sentido  restrito  e  em  sentido  restritíssimo  são  elas  próprias  direitos 
fundamentais.  
 
  Com  efeito,  incluem‐se  no  direito  à 
segurança  (reconhecido  no  caput  do  art.  5º  da  Constituição  brasileira). 
Convém  lembrar  aqui  a  Declaração  Francesa  de  1793,  cujo  art.  8º  é 
elucidativo: “A segurança consiste na proteção conferida pela sociedade a 
cada  um  de  seus membros  para  a  conservação  de  sua  pessoa,  de  seus 
direitos  e  de  suas  propriedades”.  Assim,  a  proteção  aos  direitos 
fundamentais compreende‐se no direito fundamental à segurança. 
 
      Pode‐se,  portanto,  legitimamente  falar  em 
direito fundamental às garantias. 
 
  Tal  direito  às  garantias  não  é,  todavia,  um 
direito “natural” (direito natural este estudado em Antígona, de Sófocles). 
 
  Presume  uma  vida  e  organização  social,  e, 
mais do que  isso, organização política, ou  seja,  Estado. Para os  grandes 
filósofos  políticos  do  século  XVII,  Hobbes  e  Locke,  a  obtenção  dessa 
proteção  é  a  própria  razão  de  ser  da  sociedade  e  principalmente  do 
Estado.  Este  propicia  a  força  organizada  e  os  juízes  imparciais,  que  são 
condição sine qua non da preservação dos direitos fundamentais.  
 
  Fundamental  esse  aspecto  porque  esses 
magistrados  farão prevalecer o direito e a  força organizada o restaurará, 
se preciso, quando não prevenir a violação. 
 
11
 
  É reservada à Lei a disciplina das liberdades. 
 
  Com efeito, é da história que o Estado, mais 
precisamente o Executivo, seja o “inimigo” das liberdades.  
 
  Assim,  absurdo  seria  que  a  ele  se  desse  o 
poder de instituir delitos bem como o de disciplinar direitos reconhecidos, 
por assim dizer, contra ele, por intermédio de regulamento. 
 
  A  difusão  contemporânea  da  “legiferação 
pelo Executivo” — a proliferação de atos do Executivo com  força de  lei: 
decretos‐leis,  medidas  provisórias,  leis  delegadasetc.  —  coloca  para  o 
princípio da reserva de lei uma grave contestação. 
 
  Observe‐se que a Constituição brasileira em 
vigor é expressa ao dispor sobre a lei delegada, proibindo a delegação de 
competência  para  legislar  sobre  “direitos  individuais”,  ou  seja,  sobre 
liberdades públicas (art. 68, § 1º, II). 
 
Disso resultam dois regimes: o regime repressivo e o regime preventivo 
 
  Regime repressivo: O regime  repressivo é o 
‘normal’ das liberdades públicas. 
 
  Regime preventivo: É o menos adequado às 
liberdades públicas, embora, de fato, seja o único que pode evitar grandes 
problemas  e  colisões.  Consiste  assim  em  condicionar  o  direito  a  uma 
comunicação para a autoridade. É, por exemplo, o caso da  liberdade do 
exercício  de  certas  profissões  e,  de  modo  atenuado,  da  liberdade  de 
reunião (CRFB, art. 5º, XVI). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12
2ª Geração – Os direitos sociais e econômicos 
 
Dos Direitos Sociais 
 
  Os  direitos  sociais  de  segunda  geração 
permeiam entre as esferas individuais e coletivas. 
 
  Diferentemente  dos  direitos  de  primeira 
geração,  os  direitos  fundamentais  de  segunda  geração  tem  como 
fundamento a igualdade, e não mais a liberdade. 
 
  Evidente  que  os  direitos  econômicos  e 
sociais  não  excluem  nem  negam  as  liberdades  públicas,  mas  a  eles  se 
somam, se adicionam, se incluem. 
  
 
  Não se trata, portanto, de liberdade perante 
o Estado, e sim de liberdade por intermédio do Estado.  
 
 
  Estes  direitos  fundamentais  já  haviam  sido 
contemplados  (embrionária e  isoladamente) nas Constituições Francesas 
de  1793  e  1848,  na  Constituição  Brasileira  de  1824  e  na  Constituição 
Alemã de 1849 (que não chegou a entrar efetivamente em vigor). 
 
 
Características: 
 
 
Outorgam  ao  indivíduo  direitos  a  prestações  sociais  estatais,  como 
assistência social, saúde, educação, trabalho, etc., 
 
 
Transição histórica: 
 
Revela  uma  transição  das  liberdades  formais  abstratas                para  as 
liberdades  materiais  concretas,  utilizando‐se  a  formulação  preferida  na 
doutrina francesa.  
 
 
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  Assim,  a  CF  trás  ilação  sobre  o  princípio 
construído historicamente: 
 
Art. 6º São  direitos  sociais  a  educação,  a  saúde,  o  trabalho,  a 
moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à 
maternidade  e  à  infância,  a  assistência  aos  desamparados,  na 
forma desta Constituição. 
 
 
Contexto histórico: 
 
  A  Revolução  Industrial  que  teve  origem  na 
Inglaterra  no  século  XVIII  trouxe  ao  homem  condições  precárias  e  de 
subsistência jamais vistas e vividas. 
 
  Nesse  sentido,  as  condições  de  higiene, 
ergonomia,  segurança,  medicina  e  meio  ambiente  do  trabalho 
simplesmente não existiam. 
 
  Dado que a preocupação dos  industriais na 
época  era  a  produção,  começou‐se  a  pensar  em  proteger  os  operários, 
evidente  que  numa  visão  capitalista,  pois  se  menos  pessoas  morrem  e 
menos ficam doentes, poderia ter uma produção muito superior. 
 
  Evidente que o discurso  foi pensar no bem 
estar  do  trabalhador.  Mas  o  norte  do  industrial  não  era  pura  e 
simplesmente  em  bem‐estar.  E  é  claro  que  sucedeu  depois  de  muitas, 
greves,  protestos,  confrontos  e  manifestações  (na  famosa  terminologia 
cunhada como  ‘luta de classes’ de Karl Marx), momento em que aludido 
industrial  pensou  em  adaptar  as  condições  precárias  de  trabalho  sem 
diminuir sua margem de lucro. 
 
“A  história  de  todas  as 
sociedades até o dia de hoje é 
a  história  das  lutas  de 
classe”. 
KARL MARX 
 
 
 
 
14
 
Passagem histórica: 
 
 
   
“O  industrial de algodão Samuel Oldknow contratou, em 1796, com uma 
paróquia a aquisição de um lote de 70 menores, mesmo contra a vontade 
dos  pais.  Yarranton  tinha,  a  seu  serviço,  200  meninas  que  fiavam  em 
absoluto  silêncio  e  eram  açoitadas  se  trabalhavam  mal  ou  demasiado 
lentamente. Daniel Defoe pregava que não havia nenhum ser humano de 
mais  de  quatro  anos  que  não  podia  ganhar  a  vida  trabalhando.  Se  os 
menores  não  cumpriam  as  suas  obrigações  na  fábrica,  os  vigilantes 
aplicavam‐lhes  brutalidades,  o  que  não  era  geral  mas,  de  certo  modo, 
tinha alguma aprovação dos costumes contemporâneos. Em certa fábrica, 
a cisterna de água pluvial era fechada à chave.  
Foi instaurada uma comissão para apurar fatos dessa natureza, conforme 
o  relato de Claude  Fohlen,  cujas perguntas e  respostas,  feitas ao pai de 
duas menores, transcritas em sua obra, são as seguintes: 
  
" 1. Pergunta: A que horas vão as menores à  fábrica? Resposta: Durante 
seis  semanas  foram às  três horas da manhã e voltaram às dez horas da 
noite. 2. Pergunta: Quais os  intervalos  concedidos, durante as dezenove 
horas,  para  descansar  ou  comer?  Resposta:  Quinze  minutos  para  o 
desjejum,  meia  hora  para  o  almoço  e  quinze  minutos  para  beber.    3. 
Pergunta:  Tinha muita  dificuldade  para  despertar  suas  filhas?  Resposta: 
Sim,  a  princípio  tínhamos  que  sacudi‐las  para  despertá‐las  e  se 
levantarem, bem como vestirem‐se antes de  ir ao  trabalho. 4. Pergunta: 
Quanto  tempo  dormiam?  Resposta:  Nunca  se  deitavam  antes  das  11 
horas, depois de lhes dar algo que comer e, então, minha mulher passava 
toda a noite em vigília ante o temor de não despertá‐las na hora certa. 5. 
Pergunta: A que horas eram despertadas? Resposta: Geralmente, minha 
mulher e eu nos  levantávamos às duas horas da manhã para vesti‐las. 6. 
Pergunta:  Então,  somente  tinham  quatro  horas  de  repouso?  Resposta: 
Escassamente  quatro.  7.  Pergunta: Quanto  tempo  durou  essa  situação? 
Resposta:  Umas  seis  semanas.  8.  Pergunta:  Trabalhavam  desde  as  seis 
horas  da manhã  até  às  oito  e meia  da  noite?  Resposta:  Sim,  é  isso.  9. 
Pergunta: As menores estavam cansadas com esse regime? Resposta: Sim, 
muito.  Mais  de  uma  vez  ficaram  adormecidas  com  a  boca  aberta.  Era 
preciso sacudi‐las para que comessem. 10. Pergunta: Suas filhas sofreram 
acidentes?  Resposta:  Sim,  a  maior,  a  primeira  vez  que  foi  trabalhar, 
 
15
prendeu o dedo numa engrenagem e esteve cinco semanas no hospital de 
Leeds.  11.  Pergunta:  Recebeu  o  salário  durante  esse  tempo?  Resposta: 
Não, desde o momento do acidente cessou o salário. 12. Pergunta: Suas 
filhas foram remuneradas? Resposta: Sim, ambas. 13. Pergunta: Qual era o 
salário em semana normal? Resposta: Três shillings por semana cada uma.  
14.  Pergunta:  E  quando  faziam  horas  suplementares?  Resposta:  Três 
shillings e sete pence e meio". O trabalho dos menores cercava‐se de más 
condições  sanitárias”. Amauri Mascaro Nascimento. Curso de Direito do 
Trabalho. 
 
 
   
  Assim nascia o direito do trabalho... De uma 
condição que a mão de obra humana era uma mercadoria qualquer, na 
mais  perfeita  concepção  da  palavra  “mercadoria”.  Por  outro  lado,  não 
poupava  mulheres  ou  crianças,  que  trabalham  equivalentemente  ao 
homem, recebendo em contrapartida salários demasiadamente menores. 
 
  Todo  esse  desenvolvimento  teve  como 
aporte  o  liberalismo  econômico,  livre  iniciativa  num  mercado 
concorrencial — e propiciado pelas  instituições — Estado abstencionista 
— e regras decorrentes das revoluções liberais.  
 
  Teria  sido  impossível  todo  o 
desenvolvimento e o conforto em que vivemos hoje  sem a abolição das 
corporações de ofício, sem a liberdade de indústria, comércio e profissão, 
sem a garantia da propriedade privada  (evidente que a quase  totalidade 
de normas jurídicas do nosso Direito Positivo é voltado para a proteção da 
propriedade). 
 
  Todo  esse  processo  criou  a  massa  social 
burguesa,  que  nesteperíodo  se  enriqueceu  rapidamente,  e  ao  revés, 
deixava a classe trabalhadora cada vez mais na penúria. 
 
  Não  havia  ainda  qualquer  proteção 
corporativa ou de sindicato patronal ou da atividade econômica. O Poder 
Político ainda se omitia. 
 
 
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  Com  isso  houve  o  apelo  para  a  criação  do 
mecanismo do voto e do sufrágio universal,  já que a classe trabalhadora 
estava na míngua de qualquer mudança positiva. 
 
  Nesse  contexto  houve  embates  em  qual 
modelo seguir, qual seja, seria melhor uma reforma ou revolução? 
 
 
 
Reforma:  Visava  reconciliar  a  classe 
proletária  com  as  demais  classes  e  com  o 
Estado.  Esta  foi  a  postura  reformista  do 
positivismo,  do  socialismo  democrático,  do 
cristianismo  social.  Foi  ela  que  levou  aos 
direitos econômicos e sociais. 
Revolução:  Para  estes,  só  a  extinção  das 
classes  “exploradoras”,  do  Estado 
“burguês”,  para  os  socialistas  radicais,  de 
todas  as  classes  e  do  Estado  para  Marx  e 
seus seguidores, para os anarquistas, é que 
seria a solução. 
 
 
A Doutrina social da Igreja: 
 
 
  O  movimento  reformista  ganhou  um  forte 
apoio com a formulação da chamada doutrina social da  Igreja a partir da 
encíclica Rerum novarum, editada em 1891, pelo Papa Leão XIII. 
 
      Esta retoma de São Tomás de Aquino a tese 
do  bem  comum,  da  essência  na  “vida  humana  digna”,  bem  como  a 
doutrina clássica do direito natural, ao mesmo tempo em que sublinha a 
dignidade do trabalho e do trabalhador. 
 
  Chega  assim  à  afirmação  de  direitos  que 
exprimem  as  necessidades  mínimas  de  uma  vida  consentânea  com  a 
dignidade do ser humano, criado à  imagem e semelhança de Deus. Daí o 
direito ao trabalho, à subsistência, à educação, dentre outros. 
 
Direito Social 
do trabalho 
precário – 
proposta de 
melhoras 
 
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Direitos sociais pelo mundo e os textos fundamentais: 
 
 
  O  Príncipe  Otto  Leopold  Eduard  Von 
Bismarck  ‐ 1 de Abril de 1815 — 30 de  Julho de 1898)  foi um dos mais 
importantes  líderes nacionais do  século XIX; enquanto primeiro‐ministro 
do reino da Prússia (1862‐1890) unificou a Alemanha, depois de uma série 
de  guerras  que  levou  a  cabo  com  sucesso,  tornando‐se  o  primeiro 
Chanceler (1871‐1890) do Império Alemão. 
 
“Era  o  filho  inteligente  e 
requintado  de  uma  mãe 
requintada  e  inteligente, 
mascarando  por  toda  a  vida 
um pai grosseiro e rude”. 
 
 
“As grandes crises constituem 
épocas  adequadas  para  o 
crescimento  da  Prússia,  se 
soubermos  tirar  proveito 
delas  com  audácia  e  talvez 
mesmo com atrevimento”. 
OTTO VON BISMARCK 
 
 
  Conhecido  como  Chanceler  de  ferro, 
instituiu,  de  forma  efetiva,  a  lei  de  acidentes  de  trabalho,  o 
reconhecimento  dos  sindicatos,  o  seguro  de  doença,  acidente  ou 
invalidez. 
 
  Evolução – Proteção ao trabalhador: Auxílio‐
doença, aposentadoria por invalidez (Lei 8213/91). 
 
Estabeleceu o Império Alemão (o Segundo Reich – [República]) 
 
(Cabendo lembrar que Hitler tentou a criação do Terceiro Reich, e como é 
sabido na história, não conseguiu). 
 
 
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  (Se  tivesse  conseguido,  a  história 
provavelmente  teria  sido  reescrita  e  provavelmente  nem  saberíamos  o 
que são povos judeus. 
 
  A história é escrita sempre por quem vence. 
Apaga‐se a história do perdedor. 
 
 
  Tinha  oposição  à  igreja  católica, 
considerando  adversários  os  católicos  da  unidade  alemã  e  partindo  do 
ponto de vista do protestantismo prussiano; 
 
  Apenas  a  ação  do  Estado  pode  fazer 
oposição e neutralizar as ideias revolucionárias. 
 
“As  grandes  questões  da 
atualidade  serão  decididas 
não por discursos ou maioria 
de  votos  –  esse  foi  o  grande 
erro  de  1848  e  1849  –  mas 
pelo sangue e pelo ferro”. 
OTTO VON BISMARCK 
 
 
Revolução Russa de 1917: 
 
Declaração dos Direitos do Povo Trabalhador e Explorado 
 
 
  A  Revolução  Russa  foi  um  acontecimento 
crucial  na  evolução  da  humanidade  no  século  XX. O  III  Congresso  Pan‐
Russo  dos  Sovietes,  de  Deputados  Operários,  Soldados  e  Camponeses, 
reunido em Moscou, adotou em 4 de  janeiro de 1918, portanto antes do 
término da Primeira Guerra Mundial, a Declaração dos Direitos do Povo 
Trabalhador e Explorado. 
 
 
  Nesse  documento  são  afirmadas  e  levadas 
às suas últimas consequências, agora com apoio na doutrina de Karl Marx, 
 
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várias  medidas  constantes  da  Constituição  mexicana,  tanto  no  campo 
socioeconômico quanto no político: 
 
 
No Capítulo II, afirma essa Declaração de Direitos: 
 
“1º — A fim de se realizar a socialização da terra, é abolida a propriedade 
privada da terra; todas as terras passam a ser propriedade nacional e são 
entregues  aos  trabalhadores  sem  qualquer  espécie  de  indenização,  na 
base de uma repartição igualitária em usufruto. 
 
As florestas, o subsolo e as águas que tenham importância nacional, todo 
o  gado  e  todas  as  alfaias,  assim  como  todos  os  domínios  e  todas  as 
empresas agrícolas ‐‐ modelos passam a ser propriedade nacional. 
 
2º — Como primeiro passo para a transferência completa das fábricas, das 
usinas,  das  minas,  das  ferrovias  e  de  outros  meios  de  produção  e  de 
transporte  para  a  propriedade  da  República  operária  e  camponesa  dos 
Sovietes,  o  Congresso  ratifica  a  lei  soviética  sobre  a  administração 
operária  e  sobre  o  Conselho  Superior  da  Economia  Nacional,  com  o 
objetivo de assegurar o poder dos trabalhadores sobre os exploradores. 
 
3º  —  O  Congresso  ratifica  a  transferência  de  todos  os  bancos  para  o 
Estado operário e camponês como uma das condições de  libertação das 
massas laboriosas do jugo do capital. 
 
4º  —  Tendo  em  vista  suprimir  os  elementos  parasitas  da  sociedade  e 
organizar  a  economia,  é  estabelecido  o  serviço  do  trabalho  obrigatório 
para todos. 
 
5º — A fim de assegurar a plenitude do poder das massas laboriosas e de 
afastar qualquer possibilidade de restauração do poder dos exploradores, 
o Congresso decreta o armamento dos trabalhadores, a formação de um 
Exército  vermelho  socialista  dos  operários  e  camponeses  e  o 
desarmamento total das classes possuidoras”. 
 
Assim, o sistema comunista negava à época os direitos civis e políticos. 
 
  A declaração por outro  lado, não enunciava 
direitos, mas princípios, que faz ter um caráter e tom propagandístico. 
 
20
 
 
 
Constituição Mexicana de 05 de fevereiro de 1917: 
 
  A  Carta  Política  Mexicana  de  1917  foi  a 
primeira  a  atribuir  aos  direitos  trabalhistas  a  qualidade  de  direitos 
fundamentais,  juntamente  com  as  liberdades  individuais  e  os  direitos 
políticos (arts. 5º e 123). 
 
  Na  constituição  mexicana  não  existe  as 
exclusões sociais propostas pela doutrina Marxista. 
 
O povo mexicano não é reduzido única e exclusivamente como classe 
trabalhadora. 
 
Assim: 
 
 
 Proibiu a reeleição do presidente da república; 
 
 Criou‐se  uma  sólida  estrutura  estatal,  independente  da  figura  do 
chefe de estado, foi a primeira a atribuir aos direitos trabalhistas a 
qualidade de direitos fundamentais. 
 
 
Direitos sociais elencados na Carta Maior: 
 
 Salário mínimo; 
 Limitação da jornada de trabalho (8 horas); 
 Proteção contra o desemprego; 
 Proteção à maternidade; 
 Regulamentação  de  idade  mínima  para  admissão  nas  fábricas,  a 
partir dos 12 anos; 
 Regulamentação do horário noturno para menores. 
 Descanso semanal; 
 
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 Adicional de horas extras; 
 Direito de sindicalização e de greve; 
 Responsabilidade dos empregadores por acidentes do trabalho; 
 Igualdade jurídica entre trabalhadores e empregadores; 
Lançou bases para Construção do Estado moderno e de direito. 
 
Evidente que como texto, teve fundamental 
importância histórica, sendo que na prática, 
por  ser  o  México  do  século  XX 
essencialmente  agrícola,  interessou  a  uma 
parcela  ínfima  da  população,  excluindo 
ainda pequenas e médias empresas urbanas. 
 
 
 
Importância histórica: 
 
A Constituição mexicana, em reação ao sistema capitalista, foi a primeira 
a estabelecer a desmercantilização do  trabalho, ou seja, a proibição de 
equipará‐lo a uma mercadoria qualquer. 
 
 
 
A Constituição de Weimar de 1919: 
 
Passagem histórica: 
 
  A vigência efetiva dos textos constitucionais 
depende,  muito  mais  do  que  as  leis  ordinárias,  de  sua  aceitação  pela 
coletividade. Ao sair de uma guerra perdida, que  lhe custou, ao cabo de 
quatro anos de combates, cerca de 2 milhões de mortos e desaparecidos 
(quase  10%  da  população  ativa  masculina),  sem  contar  a  multidão  dos 
definitivamente mutilados, o povo alemão passou a descrer de  todos os 
valores  tradicionais e  inclinou‐se para  soluções extremas. Sem dúvida, o 
texto constitucional é equilibrado e prudentemente inovador. 
 
  Assim  ao  final  da  primeira Guerra Mundial 
era gravíssima a situação da Alemanha, em todas as suas perspectivas. 
 
 
22
 
  Não  bastasse,  as  instituições  políticas 
estavam derruídas, a situação social extremamente agravada, as forças da 
ordem  desmoralizadas.  Nesse  contexto  a  esquerda  radical  lutava  para 
tomar  o  poder  em  favor  dos  conselhos  de  operários  e  soldados  —  os 
Soviets. 
 
 
Assim se constituiu como: 
 
 Modelo  para  as  constituições  europeias,  no  tocante  à  direitos 
sociais; 
 Teve uma estrutura mais elaborada que a constituição do México, 
trouxe a igualdade jurídica entre marido e mulher (voto);  
 Trouxe também a não distinção entre filhos  legítimos e  ilegítimos 
e sua proteção estatal. 
 
  Foi  ainda  uma  constituição  dualista,  visto 
que tratou da organização do Estado. 
 
  Foi ainda pelo conjunto de disposições sobre 
a educação pública e o direito  trabalhista que a Constituição de Weimar 
organizou as bases da democracia social. 
 
 
Trouxe  também  de  forma  declarada  os  direitos  e  deveres 
fundamentais, visto que a sociedade não se baseia só por direitos, vistos 
que todos também têm obrigações. 
 
Principais direitos sociais: 
 Aloca o trabalho sob a proteção do Estado; 
 Incentiva a participação do trabalhador no processo político; 
 Reafirma as normas de seguros sociais. 
 
 
23
O objeto do direito: 
  O  objeto  do  direito  social  é,  tipicamente, 
uma contraprestação sob a  forma da prestação de um serviço. O serviço 
escolar,  quanto  ao  direito  à  educação,  o  serviço  médico‐sanitário‐
hospitalar, quanto ao direito à saúde, os serviços desportivos, para o lazer, 
dentre outros. 
 
Fundamentos do direito: 
Pressupõem a sociedade. 
 
Proteção judicial: 
Pende de eficácia. 
 
Fixou‐se também a necessária distinção entre diferenças e desigualdades. 
 
  As diferenças são biológicas ou culturais, e 
não  implicam  a  superioridade  de  alguns  em  relação  a  outros.  As 
desigualdades,  ao  contrário,  são  criações  arbitrárias,  que  estabelecem 
uma relação de inferioridade de pessoas ou grupos em relação a outros.  
  Assim,  enquanto  as  desigualdades  devem 
ser  rigorosamente  proibido,  em  razão  do  princípio  da  isonomia,  as 
diferenças devem  ser  respeitadas ou protegidas,  conforme  signifiquem 
uma deficiência natural ou uma riqueza cultural. 
 
  É  a  primeira  ainda  a  trazer  na  história  a 
regra jurídica da igualdade entre marido e mulher (art. 119). 
 
 
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  Família  e  juventude  são  postas  sobre  a 
proteção do Estado (arts. 119 e 122). 
  Equiparou  os  filhos  ilegítimos  aos 
legitimamente  havidos  durante  o  matrimônio,  no  que  diz  respeito  à 
política social do Estado (art. 121). 
  A  educação  fundamental  foi  estabelecida 
com a duração de oito anos, e a educação complementar até os dezoito 
anos  de  idade  do  educando.  Em  disposição  inovadora,  abriu‐se  a 
possibilidade de adaptação do ensino escolar ao meio cultural e religioso 
das famílias (art. 146, segunda alínea).  
  A  função social da propriedade  foi marcada 
por uma fórmula que se tornou célebre: 
 
“a propriedade obriga” (art. 153, segunda alínea) 
 
“A propriedade acarreta obrigações. Seu uso deve visar o interesse geral” 
(art. 153) 
 
 
O textos histórico: 
 
 
A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 
 
 
Os representantes do povo francês, constituídos em Assembleia nacional, 
considerando  que  a  ignorância,  o  descuido  ou  o  desprezo  dos  direitos 
humanos são as únicas causas das desgraças públicas e da corrupção dos 
governos, resolveram expor, numa declaração solene, os direitos naturais, 
inalienáveis  e  sagrados  do  homem,  a  fim  de  que  essa  declaração, 
constantemente  presente  a  todos  os  membros  do  corpo  social,  possa 
lembrar‐lhes sem cessar seus direitos e seus deveres; a fim de que os atos 
 
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do poder legislativo e os do poder executivo, podendo ser a todo instante 
comparados com a  finalidade de  toda  instituição política, sejam por  isso 
mais  respeitados;  a  fim  de  que  as  reclamações  dos  cidadãos,  fundadas 
doravante em princípios  simples e  incontestáveis,  redundem  sempre na 
manutenção  da  Constituição  e  na  felicidade  de  todos.  —  Em 
consequência, a Assembleia nacional reconhece e declara, na presença e 
sob os auspícios do Ser Supremo, os  seguintes direitos do Homem e do 
Cidadão. 
Artigo  Primeiro.  Os  homens  nascem  e  permanecem  livres  e  iguais  em 
direitos. As distinções sociais só podem fundar‐se na utilidade comum. 
Art.  2.  A  finalidade  de  toda  associação  política  é  a  conservação  dos 
direitos naturais e imprescritíveis do homem. Tais direitos são a liberdade, 
a propriedade, a segurança e a resistência à opressão. 
Art.  3.  O  princípio  de  toda  soberania  reside  essencialmente  na  Nação. 
Nenhuma  corporação,  nenhum  indivíduo  pode  exercer  autoridade  que 
dela não emane expressamente. 
Art. 4. A  liberdade consiste em poder  fazer tudo o que não prejudique a 
outrem:  em  consequência,  o  exercício  dos  direitos  naturais  de  cada 
homem  só  tem  por  limites  os  que  assegurem  aos  demais membros  da 
sociedade  a  fruição  desses  mesmos  direitos.  Tais  limites  só  podem  ser 
determinados pela lei. 
Art. 5. A lei não pode proibir senão as ações prejudiciais à sociedade. Tudo 
o que não é defeso em  lei não pode  ser  impedido, e ninguém pode  ser 
constrangido a fazer o que ela não ordena. 
Art.  6.  A  lei  é  a  expressão  da  vontade  geral.  Todos  os  cidadãos  têm  o 
direito de concorrer pessoalmente, ou por meio de representantes, à sua 
formação.  Ela  deve  ser  a  mesma  para  todos,  quer  proteja,  quer  puna. 
Todos  os  cidadãos,  sendo  iguais  aos  seus  olhos,  são  igualmente 
admissíveis a  todas as dignidades,  cargos e empregos públicos,  segundo 
sua capacidade e sem outra distinção a não ser a de suas virtudes e seus 
talentos. 
Art.  7.  Ninguém  pode  ser  acusado,  detido  ou  preso,  senão  nos  casos 
determinados pela  lei e de acordo  com as  formas por ela prescritas. Os 
que  solicitam, expedem, executam ou  fazem executar ordens arbitrárias 
devem ser punidos; mas todo cidadão convocado ou detido em virtude da 
lei  deve  obedecer  incontinenti:  ele  se  torna  culpado  em  caso  de 
resistência. 
Art.  8.  A  lei  só  pode  estabelecer  penas  estrita  e  evidentemente 
necessárias,  e  ninguém  pode  ser  punido  senão  em  virtude  de  uma  lei 
 
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estabelecida  e  promulgada  anteriormente  ao  delito,  e  legalmente 
aplicada. 
Art.9.  Como  todo  homem  deve  ser  presumido  inocente  até  que  tenha 
sido  declarado  culpado,  se  se  julgar  indispensável  detê‐lo,  todo  rigor 
desnecessário  para  que  seja  efetuada  a  sua  detenção  deve  ser 
severamente reprimido pela lei. 
Art. 10. Ninguém deve ser inquietado por suas opiniões, mesmo religiosas, 
desde que  sua manifestação não perturbe a ordem pública estabelecida 
pela lei. 
Art.  11.  A  livre  comunicação  dos  pensamentos  e  opiniões  é  um  dos 
direitos mais preciosos do homem; todo cidadão pode pois falar, escrever, 
imprimir  livremente,  respondendo,  todavia,  pelo  abuso  dessa  liberdade 
nos casos determinados pela lei. 
Art. 12. A garantia dos direitos do homem e do  cidadão  carece de uma 
força pública; esta força é portanto instituída em proveito de todos, e não 
para a utilidade particular daqueles a quem é confiada. 
Art.  13.  Para  a  manutenção  da  força  pública  e  para  as  despesas  da 
administração,  é  indispensável  uma  contribuição  comum;  ela  deve  ser 
igualmente  repartida  entre  todos  os  cidadãos,  na  medida  de  seus 
recursos. 
Art. 14. Todos os cidadãos têm o direito de verificar, pessoalmente ou por 
meio  de  representantes,  a  necessidade  da  contribuição  pública,  bem 
como  de  consenti‐la  livremente,  de  fiscalizar  o  seu  emprego  e  de 
determinar‐lhe a alíquota, a base de cálculo, a cobrança e a duração. 
Art. 15. A  sociedade  tem o direito de pedir, a  todo agente público, que 
preste contas de sua administração. 
Art. 16. Toda sociedade, na qual a garantia dos direitos não é assegurada 
nem a separação dos poderes determinada, não tem constituição. 
Art.  17.  Sendo  a  propriedade  um  direito  inviolável  e  sagrado,  ninguém 
pode  ser  dela  privado,  a  não  ser  quando  a  necessidade  pública, 
legalmente verificada, o exigir de modo evidente, e sob a condição de uma 
justa e prévia indenização.

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