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Curso de Tecnologia em Gastronomia Cozinha Francesa Professores: Filipe Tavares e Aline Abrantes Introdução A França é o berço da Alta Gastronomia, possuindo a mais tradicional das cozinhas do mundo. Esta hegemonia se deve a três fatores: a riqueza dos ingredientes, a sabedoria no modo de utilizá-los e o requinte nos mínimos detalhes, isto é, a culinária francesa é caracterizada por sua enorme diversidade, além disso, a comida francesa é considerada a de estilo mais elegante e refinado do mundo, e conhecida por seus estilos clássico e provençal. Muitos dos maiores chefs do mundo são mestres da cozinha francesa. Ainda, as técnicas francesas de cozinhar tem sido a grande influência em quase toda a culinária ocidental. Desde meados do século XVII, na França, a nobreza e seus cozinheiros começaram a renovar os gostos e modos à mesa. Eles foram os únicos na Europa a escolher de maneira tão evidente a busca sistemática da inovação. Sua singularidade logo se mostrou produtiva. Testemunhos literários, memórias ou relatos de viagens, demonstram que em menos de cinquenta anos, entre 1650 e 1700, os franceses das camadas sociais privilegiadas haviam adquirido a certeza de que a sua maneira de comer era superior à dos outros povos da Europa. Um século mais tarde, no século XIX, após a Revolução Francesa, era maior o número de franceses convencidos de sua superioridade à mesa. Os visitantes estrangeiros se mostravam ainda mais inclinados a reconhecer o prazer da cozinha francesa e, com isso, passaram a ser mais numerosos em decorrência das recorrentes derrotas militares das forças francesas, o que levou um grande número de soldados europeus a visitar a França na qualidade de vencedores. E, por sua vez, começaram a frequentar os restaurantes. Os restaurantes são uma invenção francesa do final do século XVIII que ganharam força no final do século XIX. Essa nova clientela frequentava os restaurantes em busca de uma ideia de luxo, reservado até então às mesas dos mais privilegiados. Ao longo do século XVIII, essa nova forma de convívio favoreceu o surgimento da ideia moderna da refeição ideal. Por um lado, ela é feita antes de mais nada com aqueles cuja companhia nos agrada. Por outro lado, a preferência é dada à elegância à mesa e à degustação de alimentos e bebidas. O desenvolvimento da gastronomia na França, a princípio se deu pela história. Nos séculos XVII e XVIII o país era uma das primeiras potências europeias em população, riqueza e política externa. Essa situação é propícia às ambições culturais e estimula fortes tendências hegemônicas, tanto em cozinha como em outros setores. Em segundo lugar, se deu pela geografia. A França é o mais extenso dos territórios europeus, oferecendo terras produtivas e variadas, diversos tipos de clima e quatro fachadas marítimas, o que traz excelentes possibilidades agrícolas e recursos numerosos, o que na cozinha se dá pelo frescor dos produtos e valorização de suas qualidades. Os franceses atribuem sempre uma grande importância à sua alimentação. Mais do que outros povos, eles formalizam suas refeições (horários, rituais, etc.) e, sobretudo dedicam mais tempo a isso todos os dias. Eles também possuem uma consciência do valor econômico e cultural dos seus produtos da terra. Se um determinado produto não pode ser transposto de uma região produtiva para outra, é evidente que as suas qualidades não podem ser atribuídas unicamente às condições naturais do meio que a produziu. Esse meio é responsável por aquela produção apenas porque os homens que nele vivem pacientemente “fabricaram seu território” ao longo dos séculos passados e continuam a fazê-lo ainda hoje. As paisagens da França variam das montanhas aos vales, das vilas aos bulevares. O país situa-se tanto ao norte quanto ao sul da Europa e compreende tanto a Bretanha com sua herança celta e marítima, a ensolarada costa mediterrânea, a germânica Alsácia-Lorena e as escarpas das montanhas de Auvergne e dos Pirineus. Paris se destaca como centro do país, com seus cidadãos agitados e seu ritmo intenso. As diferenças entre o norte e o sul e entre o campo e a cidade são bem marcantes e bem cultivadas. À medida que a vida na França se torna mais urbana, também cresce o desejo de preservar as tradições e valorizar a vida rural. A ideia de vida no campo continua sedutora tanto para os franceses como para os visitantes. No entanto, o modo de vida rural vem mudando. Em 1945, uma em cada três pessoas trabalhava na terra. Hoje esta proporção é de um a cada dezesseis. Apesar disso, as pessoas se mantêm comprometidas com suas raízes. A modernidade introduziu grandes mudanças na vida cotidiana. Atualmente, França tem os maiores hipermercados da Europa, que vêm substituindo os mercados locais e lojas de esquina. Embora sejam estabelecimentos de inspiração norte-americana, permanecem nacionalistas com os produtos que oferecem. A grande variedade de verduras, legumes, ervas e frutas frescas, lembra o papel que estes itens ocupam na culinária do país. No entanto, sob a pressão dos tempos modernos, os hábitos alimentares se modificaram de maneira curiosa. Os franceses costumavam comer bem todos os dias. Atualmente têm pressa e a maioria das refeições durante a semana consiste em um prato rápido de carne ou massa em casa, ou um lanche na cidade – daí a onda de fast food que desafia a tradição nacional. Contudo as refeições permanecem uma parte importante do lazer, não só pela comida e pelo vinho, mas também pelo prazer das reuniões longas e da conversa à mesa com a família e amigos. Eles reservam sua gastronomia para uma ou duas ocasiões especiais por semana. São nessas ocasiões que o entusiasmo dos franceses pela boa vida se manifestam. A refeição francesa tradicional tem pelo menos três pratos. A entrada (les entrées ou hors d’oeuvre) inclui sopas, pratos à base de ovos, saladas ou charcuterie. Nos pratos principais (les plats) há peixe ou carne, em geral com um molho acompanhados por batatas, arroz ou massa e legumes. O queijo vem antes da sobremesa, que pode ser sorvete, torta ou pâtisserie. O café da manhã dos franceses oferece uma grande variedade de pães, sobre os quais se passa manteiga e geleias. Entre eles, estão os croissants, a tradicional baguette, o pain chocolat e o brioche. Chá ou café sempre acompanham os pães. O café au lait é o tipo de café mais comum na mesa dos franceses. História dos Grandes Chefs Taillevent Conhecido por ser o primeiro chef estrela. Taillevent era o apelido de Guillaume Tirel, nascido por volta de 1310- 1314 na Normandia. Por causa de seu proeminente nariz, as pessoas o chamavam de ”taille vent”, isto é, “corta o vento”, o que resultou no apelido Taillevent. Iniciou sua carreira em 1326, como aprendiz de cozinha de Joana de Évreux, esposa de Carlos, o Belo. Vinte anos depois, Taillevent tornou-se maître queux (chef cozinheiro) do rei Filipe VI. Mais tarde, Taillevent se tornou o primeiro cozinheiro do rei Carlos V e depois serviu o rei Carlos VI, que deu a ele status de nobreza e o direito de carregar uma espada, recompensando-o com inúmeros presentes, entre os quais o priorado de Notre-Dame d’Hennemont, onde o cozinheiro morreu em 1395. Foi o rei Carlos V, no século XIV, quem pediu ao famoso chef Taillevent que escrevesse sobre as diversas maneiras de preparar comidas, o que resultou no ensaio intitulado Le viandier, que contém 144 receitas e é considerado o primeiro livro importante a tratar de cozinha. Le viandier é diferente de nossos livros de cozinha modernosna medida em que não dá as proporções, as medidas e o tempo de cozimento. La Varenne François Pierre de la Varenne foi um chef revolucionário, começou como aprendiz a serviço da irmã do rei, trabalhou como chef de cozinha para o marquês de Uxelles, que era governador real de Chalon-sur-Saône, e a quem ele dedicou suas publicações. Mais tarde foi um dos chefs de Luís XIV, o rei Sol, em Versalles. Escreveu um livro conhecido como Le cuisinier françois (o cozinheiro francês) e foi o primeiro livro francês sobre culinária traduzido para o inglês naquela época. Seu livro era muito claro, de modo que as receitas eram agrupadas por tipo de prato: sopas, entradas, pratos para o segundo serviço, entremezes. Uma grande inovação era o cozimento de legumes, respeitando seu gosto. As receitas para os temps maigres (dias sem carne) e a Quaresma também eram classificadas e terminavam com as receitas para a Sexta-Feira Santa. La Varenne rompeu o jeito medieval de cozinhar, condenando o uso exagerado de temperos, o que omitia o sabor verdadeiro dos alimentos. Inventou o molho bechamel, o doce mil folhas, o bisque (caldo de crustáceos) e mostrou como usar claras para filtrar caldos (clarificação). A redução era uma nova técnica para dar consistência aos molhos e concentrar o sabor. Purê ou suco espesso de frutas (coulis) era acrescentado para enriquecer o gosto. Vatel Fritz Karle Vatel é conhecido como François Vatel, a lenda da gastronomia. Nasceu na Suíça em 1631 e iniciou seu trabalho como aprendiz de confeiteiro no comércio do padrinho de seu irmão, durante sete anos. Aos 22 anos, era encarregado da cozinha no castelo de Vaux-le- Vicomte. Como maître d’hotel, Vatel era encarregado da organização de tudo o que dizia respeito à mesa e ao divertimento, às despesas em alimentos, ao jardim, à manutenção do castelo do marquês Nicolas Fouquet, o superintendente das finanças do rei e de outras propriedades de seu mestre. Em 1661, Fouquet foi detido e Vatel fugiu, reaparecendo em 1665 como mestre de cozinha a serviço do príncipe de Condé, conhecido como o Grande Condé, no castelo de Chantilly. Dois anos depois, aparece como controlador-geral e, em 1669, obteve o título de intendente das propriedades e dos negócios. Em 1671, o príncipe de Condé decidiu organizar um banquete para o rei e a corte, com cerca de 2.000 convidados, planejado para durar três dias e três noites e precisava ser inesquecível, digno dos banquetes de Fouquet dez anos antes. O exaustivo preparo do banquete levou Vatel a uma crise de nervos e quando percebe que o peixe que pediu foi pouco para o banquete, se suicida. Enquanto se suicidava, o peixe fresco chega de todo lugar, mas já era tarde. Embora Vatel não tenha sido cozinheiro e não tenha deixado receitas, vários cozinheiros criaram receitas em sua homenagem. Ele permanece na memória afetiva dos franceses como símbolo da perfeição na arte da mesa. Há quem diga que a origem do creme chantilly foi invenção de Vatel, no entanto essa tese é controversa, já que os confeiteiros de Catarina de Médici, no século XVI, já sabiam bater o creme fresco com paus de madeira. Carême É considerado o rei dos cozinheiros e o cozinheiro dos reis. Foi o primeiro chef verdadeiramente excepcional da França, o primeiro codificador da cozinha francesa Marie-Antoine Carême nasceu em Paris, por volta de 1783, numa família de 25 filhos. Aos 10 anos, foi abandonado por seu pai, que não tinha mais condições de sustentar a família. Carême contou que seu pai o deixara em uma das portas de Paris com as seguintes palavras: “Essa época será a de muitas fortunas, basta ter inteligência para construir uma, e isso não lhe falta” Após ter perambulado pelas ruas até o anoitecer, o menino estava diante de um restaurante barato quando o gerente o viu, teve pena e lhe ofereceu um abrigo para a noite, no entanto Carême ficou pelo menos cinco anos ali como aprendiz de cozinha. Aos 17 anos foi contratado um uma famosa doceria chamada Chez Bailly, onde aprendeu a fazer as famosas pièces montées, profiteroles recheados com cremes arranjados em forma de pirâmide, também conhecidos como croquembuche, que se transformou em sua especialidade. Carême considerava a elaboração de doces como a mais linda das arquiteturas. Era autodidata, trabalhava duro, estudando em bibliotecas todos os assuntos ligados à arquitetura. À medida que sua fama crescia, era chamado para trabalhos extras. Dentre eles para o famoso diplomata Talleyrand, o czar Alexandre I da Rússia e para o príncipe de Gales, o futuro rei Jorge IV. Escreveu livros sobre doces O Confeiteiro Real e O Confeiteiro Pitoresco, os quais contribuíram para um salto de qualidade nas docerias. Na cozinha, seu principal objetivo foi simplificar a comida: enfatizou o uso de ingredientes da estação, continuou a tendência iniciada por La Varenne e seus pares de substituir condimentos agressivos por ervas frescas e produziu temperos mais leves destinados a complementar as carnes. Foi Carême quem concebeu uma classificação dos molhos, dividindo- os em quatro categorias amplas, cada uma baseada num chamado molho-mãe: holandês (gema de ovo, manteiga e suco de limão ou vinagre), bechamel (manteiga, farinha, leite e cebola piquet), espanhol (caldo de carne, roux escuro e mirepoix) e velouté (caldo leve de peixe ou de frango e roux claro). Esses quatro molhos eram o fundamento não só de todos os outros, mas da cozinha francesa moderna. Carême acreditava que a cozinha francesa era superior a todas as outras e não hesitava em dizê-lo: “Ó França! Meu belo torrão natal! Só tu consagras em teu peito as delícias da gastronomia”. Morreu aos 48 anos, vítima do veneno da fumaça tóxica dos carvões que queimavam nos fogões. Brillat-Savarin Anthelme Brillat-Savarin nasceu em 1755 na cidade de Belley. Curiosamente, não era chef de cozinha, e sim advogado. Além de direito, estudou quatro idiomas, química e medicina. Em 1821 começou a escrever um livro que tinha em mente havia muito tempo e que alcançaria a posteridade como a bíblia da gastronomia: A fisiologia do gosto, publicada em 1825. Ao escrever o livro, o propósito de Savarin era combinar o seu conhecimento científico e artístico com sua experiência e suas observações para elaborar um ensaio filosófico e prático. Ele queria mostrar a gastronomia como uma nova ciência e um estilo de vida. Em A fisiologia do gosto, Brillat-Savarin mostrou de forma brilhante como a gastronomia está vinculada não somente à culinária, como também à história natural, à física, à química, à saúde, ao comércio e à economia. Escoffier É considerado por muitos como o maior chef de cozinha de todos os tempos. Georges Auguste Escoffier nasceu em 1846, na região de Provence. Trabalhou em vários locais como o Le Pétit Moulin Rouge e no Exército, mas ganhou fama mundial ao se tornar chef de cozinha do Grand Hôtel de Monte Carlo e dos hotéis Savoy e Carlton, em Londres. Escoffier reformou a elaborada grande cuisine, criada por Carême, procurando simplificá-la e torná-la mais requintada. Aos quatro molhos-mãe, acrescentou um quinto: o molho de tomate. A experiência no exército lhe ensinou a importância de preservar os alimentos e, assim, ele começou a estudar métodos de enlatar carnes, legumes e molhos. Foi Escoffier quem desenvolveu o sistema de brigadas. Como chef dos hotéis, ele enfrentava o desafio de ter que servir pratos rapidamente para a clientela e percebia que a movimentação da equipe era ineficiente. No intuito de aperfeiçoar a eficiência, ele organizou a cozinhaem hierarquia estrita de autoridade, responsabilidade e função. Assim, havia o chef executivo, o chef de cozinha, o subchefe, os chefs subordinados de “parties” (equipes), responsáveis pelas diferentes seções ou estações. A cozinha também era separada em várias estações: a saucierie (seção dos molhos), a poissonnerie (seção dos peixes), a rôtisserie (seção das carnes), o garde-manger (despensa de comidas frias), a pâtisserie (confeitaria e sobremesas) e o entremétier – seção em que sopas, legumes e ovos eram preparados como guarnição. Hoje, a maior parte dos restaurantes utiliza uma estrutura simplificada da brigada de cozinha de Escoffier. Dando muita atenção à limpeza, Escoffier exigia o mesmo por parte de sua equipe e contribuiu para a melhoria das condições de trabalho nas cozinhas, proibindo xingamentos e violências físicas. Além da organização da cozinha, ele modificou a forma de serviço francês tradicional em que todos os alimentos vinham à mesa simultaneamente, de modo que introduziu o servisse à la russe, em que os pratos eram servidos e consumidos um de cada vez. Também organizou os menus por pratos: agrupados no alto estavam as entradas, abaixo das quais vinham listados os pratos de peixe e de carne que, por sua vez davam lugar às sobremesas. Além disso, inventou o menu à la carte, permitindo aos clientes montar suas refeições como desejassem, em vez de ter que se submeter a banquetes intermináveis. Além de um gênio administrativo, foi também um cozinheiro talentoso e criativo, dentre as suas invenções mais famosas, temos o Tournedos Rossini e pêche melba. Aos 73 anos, Escoffier se aposentou em Monte Carlo, onde morreu em 1935, aos 89 anos. Auguste Escoffier deixou um imenso legado que ainda é prezado por chefs profissionais e gourmets do mundo todo. Sua obra-chave é o Le guide culinaire, até hoje considerado livro de referência por muitas escolas de cozinha. Ele criou cerca de 10.000 receitas e fundou instituições culinárias como a famosa escola Ritz Escoffier, que ainda ensina seus métodos. Estabelecimentos Franceses Na França, existem diversas opções para comer e beber bem, de modo que o país é repleto de lugarzinhos charmosos, cada um com sua especialidade e perfil característico. Le restaurant Os restaurantes são estabelecimentos que servem de fast-food a alta gastronomia, passando pelas culinárias especializadas, como francesa, internacional, regional, alta cozinha, vegetariana, entre outros. Por lei, os restaurantes devem apresentar cardápio com preço fixo, mas nem sempre é o que acontece. Alguns restaurantes também propõem o plat du jour, ou seja, o prato do dia. Le bistrot Trata-se de um pequeno café que, em geral, serve pratos simples. Alguns grandes chefs deram o nome de bistrô a um anexo de seu restaurante gastronômico com oferta menor e pratos mais em conta. A atmosfera rústica e despretensiosa associada a um bistrô parisiense reflete suas origens. A maioria dos bistrôs começou com um estabelecimento que vendia bebidas quentes e lenha para fogueira e onde a vizinhança se encontrava para beber uma taça de vinho ou uma xícara de café. Quando os donos desses estabelecimentos começaram a servir pratos de comida modestos para as famílias a tradição nasceu. Os primeiros bistrôs nasceram ao redor do mercado Les Halles, para os trabalhadores que ali estavam na madrugada. No século XIX esses bistrôs passaram a ocupar diferentes regiões em Paris e passaram a ser frequentados por artistas, intelectuais e curiosos pelas refeições simples e deliciosas. Para os parisienses acostumados a viver em pequenos apartamentos, esses bistrôs começaram a delinear um ambiente que se imaginava familiar. Esses locais então passaram a ser não somente um local para comer, mas também para fazer amigos, ver e ser visto. Nas últimas décadas, houve uma preocupação do parisiense em se manter as tradições, pois os bistrôs foram invadidos pela nouvelle cuisine e pela fast food norte-americana, além de preços abusivos. Isso provocou a evasão dos bistrôs por parte de alguns parisienses, ocasionando o fechamento de muitos desses estabelecimentos. Atualmente o bistrô voltou à tona, com alguns grandes chefs abrindo restaurantes nesse estilo e também alguns novos chefs abrindo pequenos restaurantes e servindo comida contemporânea, porém não desrespeitando as tradições e mantendo o ambiente acolhedor e despretensioso característico. La brasserie Em sua origem, “brasserie” significava literalmente cervejaria que, no século XVIII, eram os únicos lugares autorizados a vender cerveja. Após 1791, esse monopólio acabou e as brasseries passaram a oferecer um serviço mais variado, propondo assim pratos tradicionais e de boa qualidade. As brasseries são ambientes compostos por art-déco e garçons de camisa branca, longo avental preto e gravata-borboleta. São muito frequentadas por intelectuais, artistas e políticos. Le bar à vin ou bistrot à vin Lugar onde as pessoas vão para ter uma interação social e relaxar, tomando um bom vinho. Diferente de outros estabelecimentos, no bar à vin, em geral, se bebe somente vinho e nenhuma outra bebida alcoólica. Os pratos servidos também são mais simples, como uma tábua de frios e patês. O bar à vin oferece uma ampla escolha de vinhos de ótima qualidade, produtos regionais ou até desconhecidos que podem ser apreciados a qualquer momento do dia. Le salon de thé O salon de thé tem como primeira finalidade oferecer chá, café, chocolate quente, bolos e biscoitos. Em algumas casas de chá também é possível encontrar lanches, saladas ou sanduíches. O seu horário de funcionamento é reduzido, costumando encerrar o expediente no final da tarde. Bar X Café Tanto o bar quanto o café servem bebidas alcoólicas e não alcoólicas, de modo que é possível beber algo e também comer pratos bem simples ou sanduíches. A diferença entre eles é que a maior parte dos cafés possui mesas dentro e fora, já o bar apresenta um estilo mais americano, com serviço apenas interno. Divisão da Cozinha Francesa Nos restaurantes franceses espalhados pelo mundo, a culinária francesa pode ser dividida em: cozinha burguesa ou cozinha regional, cozinha “du terroir” e “nouvelle cuisine”. Cozinha Burguesa A cozinha burguesa inclui todos os pratos franceses tradicionais clássicos, que não são especificamente regionais, e foram adaptados durante os anos para o paladar das classes mais influentes. Também conhecida como alta cozinha, esse tipo de comida inclui técnicas de cozinhar ricas e complexas, baseadas em molhos à base de creme, modo complexo e refinado de preparar a comida e administrar a cozinha, que muita gente associa à culinária francesa. A cozinha burguesa é também caracterizada por ter uso acentuado de manteiga. Os pratos da cozinha burguesa aparecem frequentemente no estrangeiro como “Cozinha Francesa”. Na verdade, tais pratos são geralmente reservados para ocasiões especiais, enquanto as refeições típicas são mais simples. Exemplo de cozinha burguesa: badejo grelhado com manteiga de laranja e cebolas ou rim de lebre temperado com manjericão. Cuisine du Terroir Palavra francesa muito antiga, frequentemente sem equivalente em outras línguas, o terroir designa classicamente um conjunto de terras de uma mesma região que fornece produtos agrícolas característicos. Ainda há uma definição mais precisa da palavra que envolve um conjunto de terras trabalhadas por uma coletividade social unida por laços familiarese culturais, por tradições de defesa comum e de solidariedade de exploração. O terroir, ao longo dos anos, passou a ser identificado pelos produtos que nele se originam, sendo um sinônimo de qualidade e até mesmo uma marca. Esses produtos tradicionais, chamados produtos de terroir, dependem tanto das condições naturais quanto da experiência humana, tornando-se legítimos somente quando passa a ser conhecido e procurado fora da sua região. Nouvelle Cuisine O termo nouvelle cuisine é utilizado há muito tempo não só na cozinha francesa, como também em outras cozinhas. O primeiro registro da palavra foi em 1740 com La Chapelle. Logo em seguida, no fim do século XIX, o termo foi descrito por Escoffier. Porém, o uso mais recente deve ser atribuído a Gault e Millau, quando utilizaram o termo para descrever a cozinha de Bocuse, Chapel e dos irmãos Troigros, entre outros. Pode-se dizer que a nouvelle cuisine foi tanto um movimento culinário quanto jornalístico e seus primeiros cronistas Henri Gault e Christian Millau, tornaram-se tão famosos quanto os chefs sobre os quais escreviam. O movimento da nouvelle cuisine, no final da década de 60, procurou transformar os chefs em inovadores, em vez de meros técnicos. Gault e Millau descreveram o termo como sendo uma reação à cozinha clássica, chamando atenção para a simplicidade, elegância e criatividade dessa nova cozinha. É importante ressaltar a possível influência da II Guerra Mundial para o advento desse novo tipo de cozinha, quando a disponibilidade de alimentos se tornou escassa. Em 1973, Gault e Millau publicaram os Dez Mandamentos da Nouvelle Cuisine: 1. Não cozinharás demasiadamente os alimentos. O peixe deve ser cozido, os legumes devem permanecer crocantes de maneira que mantenham seu gosto natural. 2. Utilizarás produtos frescos e de boa qualidade. 3. Tornarás teu menu mais leve. Não é necessário ter muitos pratos. Comer menos, porém comer melhor: as porções foram reduzidas. O cardápio foi adaptado para os produtos frescos encontrados na feira de manhã. 4. Não serás sistematicamente modernista. Isto é, não rejeite ou despreze o que os séculos passados lhe ensinaram. 5. Entretanto, buscarás o que as novas técnicas podem proporcionar. Novos utensílios como liquidificador, máquina de sorvete, panelas antiaderentes, fornos micro-ondas devem ser usados e aumentam os recursos da cozinha. 6. Evitarás marinadas, maturações, fermentação, etc. Os produtos frescos devem ser cozidos logo antes de serem servidos. 7. Eliminarás molhos ricos. Leveza, sempre leveza! As ligações com farinha são descartadas em prol a molhos leves com ervas, especiarias, essências, infusões e suco de limão. As mousses e musselines dão a desejada sensação de leveza. 8. Não ignorarás a dietética. O consumidor ficou ciente da importância da comida para a saúde, querendo se manter esbelto ao mesmo tempo em que aprecia comer. Os cozinheiros começaram a preparar pratos ao vapor, em papillotes, no banho-maria ou até grelhados, de forma a cozinhar respeitando o sabor original dos alimentos e conservando vitaminas e minerais. 9. Não trapacearás em tua apresentação. Autenticidade é a palavra-chave. 10. Serás inventivo. A inventividade na composição dos pratos ao associar novos sabores junto com a inventividade no requinte dos arranjos: cada prato precisa ser uma obra de arte, com suas próprias cores e formas, para o prazer dos olhos. Os pratos eram preparados individualmente, trazidos cobertos por uma tampa prateada para provocar um efeito de surpresa quando as tampas eram levantadas em perfeito sincronismo. Um verdadeiro espetáculo. A inventividade também reinava na descrição de cada prato. A nouvelle cuisine também foi uma revolução tecnológica. Os chefs franceses começaram a usar liquidificadores, processadores de alimentos, fornos micro-ondas e de vapor, bem como outros aparelhos que permitiram uma culinária mais precisa, que requeria menos mão de obra. Algumas características são básicas ao se descrever a nouvelle cuisine, tais como a simplicidade técnica, os tempos diminutos de cocção, assim como marinadas mais curtas, o frescor dos ingredientes é primordial e, por isso, a cozinha de terroir e da sazonalidade é extremamente valorizada. Os cardápios são mais enxutos, de fácil execução e apresentação simples. Os molhos são mais leves, com redução de gordura, como creme de leite e manteiga. A criatividade e a originalidade do chef é bastante importante, assim como a atenção às necessidades especiais de alguns clientes. Com a nouvelle cuisine, os chefs passaram a usar menos manteiga, farinha e creme de leite, mais sucos naturais, pararam de cozinhar peixes e legumes em excesso e procuraram produzir comidas mais leves, objetivando saciar os clientes, mas não os engordar. A expressão mais espetacular dessa nova preocupação com a saúde e a mais famosa inovação da época da nouvelle cuisine foi a cuisine minceur, ou seja, cozinha emagrecedora. A genialidade dessa cozinha estava em encontrar maneiras de reduzir as calorias, mas conservar os sabores: em vez de farinha, manteiga e creme de leite, os molhos eram compostos de hortaliças, ervas e azeite, mas feitos de modo a parecer tão saborosos e substanciais quanto os molhos tradicionais. Saladas também foram introduzidas aos menus dos restaurante com estrelas Michelin.’ Cozinha Atual e Culinária Estrangeira A cozinha francesa se alterna entre esses três tipos de culinária. Atualmente, há uma maior ênfase a pratos da cozinha clássica, que são amplamente encontrados nos restaurantes franceses, demonstrando que a tradição ainda está no dia a dia do francês. Deve-se destacar que a cozinha regional ou cuisine du terroir também é muito valorizada. Os Três Pilares da Cozinha Francesa A cozinha francesa tem como pilar três ingredientes típicos: pães, queijos e vinhos. O pão acompanha todos os pratos na França. Sempre é colocado sobre a mesa, ao lado dos pratos. Os padeiros trabalham durante a noite para oferecer aos seus clientes pão fresco e crocante todas as manhãs. Em todas as aldeias existe pelo menos uma padaria. Exemplo de pães franceses: baguete, croissant e brioche. O consumo de queijos faz parte do cotidiano dos franceses. Existem mais de 1.000 tipos de queijo na França - cada vale ou colina, cada campo, cada montanha possui um queijo com as características específicas do seu terroir. O Camembert é um queijo típico da região da Normandia, tornou-se um dos símbolos da gastronomia francesa. Também conhecido como o mais célebre dos queijos franceses. Tem a sua origem na receita de um padre da região de Brie, passada para Marie Harel, uma produtora de queijos da Normandia, em 1791. Mais tarde, o queijo chegou às mãos de Napoleão III, de quem recebeu o selo real de aprovação e, assim, abriu as portas para os principais mercados franceses. Possui Denominação de Origem Protegida (DOP) desde 1983. Roquefort - Registros sobre a existência do Roquefort remontam ao ano de 1070. É conhecido como o Rei dos Queijos Azuis. Foi o primeiro queijo a receber uma Denominação de Origem Protegida (DOP), em 1925. Elaborado há séculos com o leite das ovelhas da raça Lacaune, o Roquefort se tornou uma lenda entre os queijos franceses, principalmente pelo estágio de maturação nas cavernas da região do Périgord. O Brie foi proclamado como O Rei dos Queijos durante o Congresso de Viena, em 1815. É um queijo de sabor suave, porém marcante e refinado, de textura macia e cremosa. Apresenta casca esbranquiçada, massa carnuda, coloração cremea amarelo-palha. O vinho é o orgulho dos franceses e a França é considerada o país do Vinho. Vinho e sua utilização na Gastronomia O vinho pode ser usado como base de molhos, em marinadas, em conservas e em sobremesas. O vinho branco é o mais usado porque não tinge de roxo as receitas, atrapalhando o visual. A qualidade do vinho utilizada influencia na qualidade final do prato - Mesmo com um valor menor, eles devem estar em perfeitas condições de conservação e ter qualidade razoável. Cozinhar com vinho requer tempo para o álcool evaporar. Se isso não for feito, o resultado pode ser um prato com gosto desagradável. O vinho pode entrar em uma preparação como componente de sabor ou como líquido utilizado para cocção. A acidez do vinho ajuda a contrabalancear o componente gorduroso da comida e desencadeia a liberação mais intensa de aromas. Como regra geral utiliza-se vinhos tintos em caldos e molhos de fundos castanhos, e vinhos brancos em caldos e molhos de fundos claros. Utilize somente panelas inox ou esmaltadas. E cuidado para não queimar o vinho O Clássico Serviço Francês O serviço à francesa surgiu no reinado de Luís XIV, facilitando e organizando melhor os banquetes. Serviço utilizado em cerimônias formais, como casamentos, aniversários e eventos diplomáticos. Também conhecido como serviço à diplomata. Montagem Os lugares à mesa são marcados com porta cartões (placement), onde consta o nome de cada um à frente do local onde deve se sentar. A mesa deverá ser montada seguindo o cardápio do evento. As travessas, os pratos, as taças devem ser de material nobre. Na mesa, o local do prato não deve ficar vazio, devendo sempre ser utilizado o sousplat. Em cima do sousplat, deve-se colocar um prato raso e um prato fundo (caso tenha sopa), e, por cima, o guardanapo. À direita do prato, de dentro para fora: uma faca para carne, uma para peixe, uma colher de sopa (de acordo com o cardápio). À esquerda do prato, de dentro para fora, um garfo para carne e outro para peixe. Acima do prato, no sentido horizontal, fica uma faca de sobremesa, um garfo de sobremesa e depois a colher de sobremesa. A faca e a colher devem ficar com os cabos voltados para o lado direito, o garfo com o cabo voltado para o lado esquerdo. O copo para vinho tinto fica na direção da ponta da faca de carne, o para água à esquerda e o copo para vinho branco à direita, a taça para champanhe atrás e entre os copos para água e vinho tinto. Serviço Antes que as pessoas sejam convidadas à mesa, é preciso que os copos de água estejam servidos, e que o pão já esteja no pratinho à esquerda. A aparência e a decoração dos alimentos são muitos importantes. O maitre e os garçons devem estar bem vestidos (smoking ou dolmã) e de preferência usar luvas brancas. A decoração é requintada, mas cuidado para a altura dos arranjos não atrapalharem a visão e a conversa dos convidados. O que caracteriza o serviço à francesa é que o próprio convidado poder se servir da comida, trazida numa travessa pelo garçom. O primeiro a ser servido é o convidado especial. Os anfitriões são sempre os últimos a serem servidos. O garçom deve começar o serviço pela senhora que estiver ao lado direito do anfitrião, depois as outras senhoras e, por último, a anfitriã. Na sequência, o senhor que estiver sentado à direita da anfitriã, depois os outros senhores, e, por último, o anfitrião. O garçom ficará sempre à esquerda de cada convidado, usando um guardanapo na mão esquerda (dobrado em forma quadrada). A travessa vem acompanhada de talher de servir, com os cabos voltados em direção ao convidado, para que ele próprio se sirva. O garçom inclina-se ligeiramente para frente, de modo a deixar a travessa o mais próximo possível do convidado. Aguarda-se a anfitriã ou o anfitrião levantar o seu talher para se começar a refeição, a não ser que ela ou ele autorize, para não esfriar a comida. O garçom deve retirar o prato servido pela esquerda do convidado, e caso seja necessário, colocar um prato limpo pela direita. Para colocar e retirar pratos, não deve ser usado guardanapo. O lugar do prato nunca deve ficar vazio. O mesmo procedimento será repetido, até finalizar o jantar com a sobremesa. As bebidas são servidas sempre pela direita e as garrafas não ficam sobre a mesa. O garçom deve sempre manter os copos abastecidos. Antes de servir a sobremesa, o garçom deve limpar a mesa, retirando tudo (o ultimo prato deve ser retirado com o sousplat), menos os copos. Dependendo do tipo de sobremesa, pode vir já servida ou então o convidado serve-se do prato, individualmente. O café pode ser servido à mesa, logo após a sobremesa, ou na sala de estar. O garçom deve trazer uma bandeja com o bule e o açúcar, colocando- a próxima à dona da casa, que então servirá os seus convidados. Noroeste – Normandie et Bretagne (Normandia e Bretanha) A pesca sempre teve um papel fundamental no cotidiano francês, porém nos últimos cinquenta anos, com a chegada da tecnologia, o modo de vida dessa região sofreu alterações consideráveis, pois os mares são praticamente devastados pelos grandes navios pesqueiros industriais. Boulogne é o principal porto europeu em se tratando de peixe fresco. Daí vem linguado, vieiras, mariscos, entre outros. É altamente especializado na transformação do peixe, congelamento, salga e defumação, sobretudo do arenque. Recentemente, os frutos do mar passaram a ser incorporados nos cardápios de grandes restaurantes desta região, já que antigamente se dava mais atenção aos produtos do interior. Nos últimos anos, a Bretanha passou por um intenso processo de desenvolvimento, mudando consideravelmente a vida miserável do camponês. Deu-se início a uma agricultura industrial, racionalizando a cultura de legumes e difundindo a criação de gado, com galinhas, porcos e vacas leiteiras, justificando a fama do leite e da manteiga da região. Além disso, é muito atribuído à região, o cultivo de maçãs, tendo como subprodutos a cidra e o calvados. Produtos Característicos Arenque Camembert Alcachofra Couve-flor Cidra Calvados Agneau de pré-salé Manteiga Creme de leite Sal de Guérande Andouille Coquiles de Saint Jacques Nordeste – Alsace et Lorraine (Alsácia e Lorraine) Os habitantes dessa região são considerados mestres na arte da salga e defumação, na confecção de empadas, salsichas e carnes frias. Lorraine é uma região que até hoje mantém-se rural, tranquila, cheia de aldeias, nas quais o peixe de rio ainda é característico, assim como a comida simples e farta. Além da famosa quiche lorraine, é dessa região que vem as madeleines e o babá au rhum, além de algumas tartelettes tradicionais. A Alsácia já tem características pitorescas e é independente. Seu histórico de disputas entre a Alemanha e a França conseguiu reunir o melhor dos dois países em suas tradições. Porém, não é por apresentar um excelente vinho e muitos restaurantes estrelados que o povo alsaciano deixa de lado suas Brasseries, com seu ambiente acolhedor e sua comida caseira. Mesmo tendo características de zona rural, o nordeste da França tem o hábito do uso do vinho, principalmente o branco, em seus pratos à base de peixes e aves, porém o produto mais característico da região ainda é o porco e seus embutidos. Devido a influência alemã, a Alsácia é a região francesa que tem um forte apreço por cervejas e embutidos. A Alsácia também é famosa pelas suas padarias e por seus tipos diferentes de pães, principalmente vindos da cultura judaica, amplamentedifundida na região. O pain de méteil é o mais tradicional, feito com trigo e centeio. Daí também vem os pretzels, visto como símbolo dos padeiros. O pão de mel e os biscoitinhos de amêndoas também são característicos da região, na época de Natal. Produtos Característicos: Pé de porco Salsichas brancas Carnes de caça Quiche Lorraine Pães Choucrutte Bäckeoffe Compotas Madeleines Sudoeste – Bordeaux e Centro-Leste – Borgonha A região da Borgonha tem como principal ingrediente típico, a mostarda Dijon. Outros Produtos característicos: Terrines Patês Confit Magret Agneau de Pauillac Armagnac Ameixa Seca Macaron de Saint-Émilion Anis de Flavigny Gado Charolais Mostarda Dijon Pain d’Épice Alpes – Lyon Produtos Característicos: Saucisson de Lyon Cervelas Aves de Bresse Frutos Cervelle de Canut Miúdos Bugnes Crepes Sul – Provence Produtos Característicos: Ratatouille Tapenade Aïoli Ervas de Provence Mesclun Calissons Mel de flor de laranjeira Lavanda Norte – Paris Paris é a capital da boa comida. Desde as padarias, com suas tradicionais baguetes, até charcuterias, bistrôs e restaurantes de grandes chefs estrelados. Há uma incrível oferta de ingredientes não só da França, como de todo lugar do mundo. O rio Sena, divisor de Paris, desempenhou um papel importante na transformação de Paris em uma das cidades mais importantes da França, sempre sendo via de chegada e saída de produtos na região. É comum ouvir que Paris não tem identidade gastronômica, porém há pratos, sopas e molhos que provam exatamente o contrário. Paris hospedou o primeiro restaurante, no século XIX, e isso sempre o tornou parâmetro, até hoje, para outros restaurantes do mundo, seja por suas técnicas clássicas, pelo advento da nouvelle cuisine e até da cozinha contemporânea. A Revolução Francesa, a Revolução Industrial e as Grandes Guerras foram as grandes responsáveis pelo surgimento de restaurantes de alto padrão, por exigência dos habitantes e pelo aparecimento de uma classe bastante comum na região: a aristocracia. Porém, foi o movimento pós 2ª guerra que fez com que a população saísse de suas casas para comer, buscando restaurantes, bares e cafés, que, a partir daí se multiplicaram. Pâte Brisée e Pâte Sucrée São massas esfareladas, ricas em gordura, utilizadas para fabricação de tortas e quiches, tartelettes, barquetes e petit-fours. Também conhecidas como massa podre. Características: massa crocante, esfareladas e quebradiças. São utilizadas principalmente para conter um recheio semissólido. Podem ser assadas ao mesmo tempo que o recheio, mas também podem ser levadas ao forno sem nenhum recheio. Este tipo de massa pode ser utilizado tanto em preparações salgadas quanto doces, diferenciando-se apenas em um ingrediente e na técnica de preparação. Principais Ingredientes: Manteiga gelada base da massa podre, é responsável por agregar sabor e textura à massa, sendo um ingrediente essencial e insubstituível. Farinha de trigo É a parte mais substancial da massa. Pode ser substituída por nozes, amêndoas, pistache ou avelã moídos (1/2 na proporção). Ovo Tem a função de dar liga, cor e enriquecer a massa. Se necessário, a receita pode conter água ou leite gelado. A Pate Brisée é um tipo de massa podre em que os principais ingredientes, além da manteiga, são a farinha de trigo, o ovo e o sal. Quando o açúcar é acrescentado aos demais ingredientes, a massa podre passa a se chamar Pate Sucrée. Para utilização da Pâte Brisée e Pâte Sucrée é indicado que se utilize ingredientes frios. Pratos Clássicos Franceses Coq au Vin "Coq au Vin" significa "galo ao vinho". A origem do preparo remete ao Império Romano. Num cerco comandado pelo general Julio César a uma aldeia de gauleses, eles foram obrigados a recuar. Em sinal de rendição, os revoltosos enviaram aos romanos um belo galo de briga como presente. Em troca, seu líder recebeu um convite para jantar. O prato principal era a ave cozida em vinho, a bebida que simbolizava a civilização romana. Ratatouille Ratatouille é um prato típico da região da Provença. Há quem diga que sua origem deriva do verbo touiller, que significa picar, triturar e foi incluído ao vocabulário culinário francês para designar um alimento ligeiramente cozido. Tem como ingrediente principal a berinjela e os ingredientes que completam o ratatouille são: abobrinha, cebola pimentões, tomate e pimenta. Boeuf Bourguignon O Boeuf bourguignon tem origem na Borgonha e é um prato que utiliza ingredientes simples, estilo um picadinho ou carne de panela, com a diferença da complexidade aromática e de sabores do prato. Provavelmente surgiu do aproveitamento de alimentos disponíveis na época. Para execução da receita, utiliza-se o calor misto ou combinado, assim, o ideal é utilizar carnes mais fibrosas como músculo, lagarto ou coxão mole. Pelo fato de se acrescentar vinho, possui coloração escura. Para preparo da receita, acrescenta-se echalotes, bacon, cogumelos e bouquet garni. Confit de Canard ou Confit de Pato Confit significa cocção em gordura em baixa temperatura. Confit de Canard é uma preparação clássica francesa feita com coxas e sobrecoxas de pato, salgadas e temperadas, cozidas por um longo tempo e a baixa temperatura, na sua própria gordura. Ao final, a carne estará macia e suculenta. Cassoulet Conhecido como a feijoada francesa. O cassoulet tem como base feijão branco e carnes de diversos tipos. Quiche Lorraine A Quiche é uma torta aberta, com recheio a base de creme de leite e ovos, e originalmente recheada com bacon. A palavra “quiche” vem do Alemão “Küchen” (torta). A quiche é um prato originário da Alsácia Lorena, que atualmente faz parte do nordeste da França, e faz fronteira com a Alemanha. A quiche é de origem alemã, mas é um prato típico, tradicional e de excelência francesa. A massa usada para fazer uma quiche é a patê brisée, que tem como base manteiga e farinha, e que fica quebradiça quando pronta. Referências Bibliográficas GILLET, Philippe. A Gastronomia e as Terras produtivas na França. Disponível em: http://universogastronomico-turismo- brasilrs.blogspot.com.br/2009/06/gastronomia-e-as-terras-produtivas-na.html GRAND-CLÉMENT, Odile; BITELMAN, Paulo Farkas. Viagem Gastronômica à França: um passeio pelo país mais apetitoso do mundo. 1. Ed. São Paulo: Alaúde, 2014. NASCIMENTO, João. Cozinha Francesa. Disponível em: http://cozinheirovirtual.blogspot.com.br/2011/04/cozinha-francesa-franca-e-o- berco-da.html http://gastrofrancesa.blogspot.com.br/ http://www.queijosdaeuropa.com.br/site/home
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