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2
  
SÉRIEa
ENSINO MÉDIO
Caderno do Professor
Volume 3
SOCIOLOGIA
Ciências Humanas
Nome:
Escola:
1
   
edição
 
revistaGOVERNO DO ESTADO DE SãO PAULO
SECRETARIA DA EDUCAçãO
MATERIAL DE APOIO AO
CURRÍCULO DO ESTADO DE SÃO PAULO
CADERNO DO PROFESSOR
SOCIOLOGIA
ENSINO MÉDIO – 2ª SÉRIE
VOLUME 3
a
São  Paulo,  2013
Governo do Estado de São Paulo
Governador
Geraldo  Alckmin
Vice-Governador
Guilherme Afif Domingos
Secretário da Educação
Herman Voorwald
Secretário-Adjunto
João Cardoso Palma Filho
Chefe de Gabinete
Fernando Padula Novaes
Subsecretária de Articulação Regional
Rosania Morales Morroni
Coordenadora da Escola de Formação e
Aperfeiçoamento dos Professores – EFAP
Silvia Andrade da Cunha Galletta
Coordenadora de Gestão da
Educação Básica
Maria Elizabete da Costa
Coordenador de Gestão de
Recursos Humanos
Jorge Sagae
Coordenadora de Informação,
Monitoramento e Avaliação
Educacional
Maria Lucia Guardia
Coordenadora de Infraestrutura e
Serviços Escolares
Ana Leonor Sala Alonso
Coordenadora de Orçamento e
Finanças
Claudia Chiaroni Afuso
Presidente da Fundação para o
Desenvolvimento da Educação – FDE
Barjas Negri
CONCEPÇÃO E COORDENAÇÃO GERAL
COORDENADORIA DE GESTÃO DA
EDUCAÇÃO BÁSICA – CGEB
Coordenadora
Maria Elizabete da Costa
Diretor do Departamento de Desenvolvimento
Curricular de Gestão da Educação Básica
João Freitas da Silva
Diretora do Centro de Ensino Fundamental
dos Anos Finais, Ensino Médio e Educação
Profissional – CEFAF
Valéria Tarantello de Georgel
Coordenação Técnica
Roberto Canossa
Roberto Liberato
EQUIPES CURRICULARES
Área de Linguagens
Arte: Carlos Eduardo Povinha, Kátia Lucila Bueno,
Pio de Sousa Santana e Roseli Ventrela.
Educação Física: Marcelo Ortega Amorim, Maria
Elisa Kobs Zacarias, Mirna Leia Violin Brandt,
Rosangela Aparecida de Paiva e Sergio Roberto
Silveira.
Língua Estrangeira Moderna (Inglês e
Espanhol): Ana Paula de Oliveira Lopes, Jucimeire
de Souza Bispo, Neide Ferreira Gaspar e Sílvia
Cristina Gomes Nogueira.
Língua Portuguesa e Literatura: Angela Maria
Baltieri Souza, Claricia Akemi Eguti, Idê Moraes dos
Santos, João Mário Santana, Kátia Regina Pessoa,
Mara Lúcia David, Marcos Rodrigues Ferreira,
Roseli Cordeiro Cardoso e Rozeli Frasca Bueno Alves.
Área de Matemática
Matemática: João dos Santos, Juvenal de
Gouveia, Otavio Yoshio Yamanaka, Patrícia de
Barros Monteiro, Sandra Maira Zen Zacarias e
Vanderley Aparecido Cornatione.
Área de Ciências da Natureza
Biologia: Aparecida Kida Sanches, Elizabeth Reymi
Rodrigues, Juliana Pavani de Paula Bueno e
Rodrigo Ponce.
Ciências: Eleuza Vania Maria Lagos Guazzelli,
Gisele Nanini Mathias, Herbert Gomes da Silva e
Maria da Graça de Jesus Mendes.
Física: Carolina dos Santos Batista, Fábio
Bresighello Beig, Renata Cristina de Andrade
Oliveira e Tatiana Souza da Luz Stroeymeyte.
Química: Ana Joaquina Simões S. de Matos
Carvalho, Jeronimo da Silva Barbosa Filho, João
Batista Santos Junior e Natalina de Fátima Mateus.
Área de Ciências Humanas
Filosofia: Tânia Gonçalves e Teônia de Abreu
Ferreira.
Geografia: Andréia Cristina Barroso Cardoso,
Débora Regina Aversan e Sérgio Luiz Damiati.
História: Cynthia Moreira Marcucci, Lydia
Elisabeth Menezello e Maria Margarete dos Santos.
Sociologia: Alan Vitor Corrêa, Carlos Fernando de
Almeida, Sérgio Roberto Cardoso e Tony Shigueki
Nakatani.
PROFESSORES COORDENADORES DO NÚCLEO
PEDAGÓGICO
Área de Linguagens
Educação Física: Ana Lucia Steidle, Daniela
Peixoto Rosa, Eliana Cristine Budisk de Lima,
Fabiana Oliveira da Silva, Isabel Cristina Albergoni,
Karina Xavier, Katia Mendes, Liliane Renata Tank
Gullo, Marcia Magali Rodrigues dos Santos,
Mônica Antonia Cucatto da Silva, Patrícia Pinto
Santiago, Sandra Pereira Mendes, Sebastiana
Gonçalves Ferreira, Silvana Alves Muniz,
Thiago Candido Biselli Farias e Welker José Mahler.
Língua Estrangeira Moderna (Inglês): Célia
Regina Teixeira da Costa, Cleide Antunes Silva,
Ednéa Boso, Edney Couto de Souza, Elana
Simone Schiavo Caramano, Eliane Graciela
dos Santos Santana, Elisabeth Pacheco Lomba
Kozokoski, Fabiola Maciel Saldão, Isabel Cristina
dos Santos Dias, Juliana Munhoz dos Santos,
Kátia Vitorian Gellers, Lídia Maria Batista Bomfim,
Lindomar Alves de Oliveira, Lúcia Aparecida
Arantes, Mauro Celso de Souza, Neusa A.
Abrunhosa Tápias, Patrícia Helena Passos,
Renata Motta Chicoli Belchior, Renato José de
Souza, Sandra Regina Teixeira Batista de
Campos, Silmara Santade Masiero e Sílvia
Cristina Gomes Nogueira.
Língua Portuguesa: Andrea Righeto, Angela
Maria Baltieri Souza, Edilene Bachega R. Viveiros,
Eliane Cristina Gonçalves Ramos, Graciana B.
Ignacio Cunha, João Mário Santana, Letícia
M. de Barros L. Viviani, Luciana de Paula Diniz,
Márcia Regina Xavier Gardenal, Maria Cristina
Cunha Riondet Costa, Maria José de Miranda
Nascimento, Maria Márcia Zamprônio Pedroso,
Patrícia Fernanda Morande Roveri, Ronaldo Cesar
Alexandre Formici, Selma Rodrigues e
Sílvia Regina Peres.
Área de Matemática
Matemática: Carlos Alexandre Emídio, Clóvis
Antonio de Lima, Delizabeth Evanir Malavazzi,
Edinei Pereira de Sousa, Eduardo Granado Garcia,
Evaristo Glória, Everaldo José Machado de Lima,
Fabio Augusto Trevisan, Inês Chiarelli Dias, Ivan
Castilho, José Maria Sales Júnior, Luciana Moraes
Funada, Luciana Vanessa de Almeida Buranello,
Mário José Pagotto, Paula Pereira Guanais, Regina
Helena de Oliveira Rodrigues, Robson Rossi,
Rodrigo Soares de Sá, Rosana Jorge Monteiro,
Rosângela Teodoro Gonçalves, Roseli Soares
Jacomini, Silvia Ignês Peruquetti Bortolatto e Zilda
Meira de Aguiar Gomes.
Área de Ciências da Natureza
Biologia: Aureli Martins Sartori de Toledo, Claudia
Segantini Leme, Evandro Rodrigues Vargas Silvério,
Fernanda Rezende Pedroza, Regiani Braguim
Chioderoli e Sofia Valeriano Silva Ratz.
Ciências: Davi Andrade Pacheco, Franklin Julio
de Melo, Liamara P. Rocha da Silva, Marceline
de Lima, Paulo Garcez Fernandes, Paulo Roberto
Orlandi Valdastri, Rosimeire da Cunha e Wilson
Luís Prati.
Física: Ana Claudia Cossini Martins, Ana Paula
Vieira Costa, André Henrique Ghelfi Rufino,
Cristiane Gislene Bezerra, Fabiana Hernandes
M. Garcia, Leandro dos Reis Marques, Marcio
Bortoletto Fessel, Marta Ferreira Mafra, Rafael
Plana Simões e Rui Buosi.
Química: Armenak Bolean, Cirila Tacconi, Daniel
B. Nascimento, Elizandra C. S. Lopes, Gerson
N. Silva, Idma A. C. Ferreira, Laura C. A. Xavier,
Marcos Antônio Gimenes, Massuko S. Warigoda,
Roza K. Morikawa, Sílvia H. M. Fernandes, Valdir P.
Berti e Willian G. Jesus.
Área de Ciências Humanas
Filosofia: Álex Roberto Genelhu Soares, Anderson
Gomes de Paiva, Anderson Luiz Pereira, Claudio
Nitsch Medeiros e José Aparecido Vidal.
Geografia: Ana Helena Veneziani Vitor, Célio
Batista da Silva, Edison Luiz Barbosa de Souza,
Edivaldo Bezerra Viana, Elizete Buranello Perez,
Márcio Luiz Verni, Milton Paulo dos Santos,
Mônica Estevan, Regina Célia Batista, Rita de
Cássia Araujo, Rosinei Aparecida Ribeiro Libório,
Sandra Raquel Scassola Dias, Selma Marli Trivellato
e Sonia Maria M. Romano.
História: Aparecida de Fátima dos Santos Pereira,
Carla Flaitt Valentini, Claudia Elisabete Silva,
Cristiane Gonçalves de Campos, Cristina de Lima
Cardoso Leme, Ellen Claudia Cardoso Doretto,
Ester Galesi Gryga, Karin Sant’Ana Kossling,
Marcia Aparecida Ferrari Salgado de Barros, Mercia
Albertina de Lima Camargo, Priscila Lourenço,
Rogerio Sicchieri, Sandra Maria Fodra e Walter
Garcia de Carvalho Vilas Boas.
Sociologia: Aparecido Antônio de Almeida, Jean
Paulo de Araújo Miranda, Neide de Lima Moura e
Tânia Fetchir.
GESTÃO DO PROCESSO DE PRODUÇÃO
EDITORIAL
FUNDAÇÃO CARLOS ALBERTO VANZOLINI
Presidente da Diretoria Executiva
Antonio Rafael Namur Muscat
Vice-presidente da Diretoria ExecutivaAlberto Wunderler Ramos
GESTÃO DE TECNOLOGIAS APLICADAS
À EDUCAÇÃO
Direção da Área
Guilherme Ary Plonski
Coordenação Executiva do Projeto
Angela Sprenger e Beatriz Scavazza
Gestão Editorial
Denise Blanes
Equipe de Produção
Editorial: Ana C. S. Pelegrini, Cíntia Leitão,
Mariana Góis, Michelangelo Russo, Natália S.
Moreira, Olivia Frade Zambone, Priscila Risso,
Regiane Monteiro Pimentel Barboza, Rodolfo
Marinho, Stella Assumpção Mendes Mesquita e
Tatiana F. Souza.
Direitos autorais e iconografia: Débora Arécio,
Érica Marques, José Carlos Augusto, Maria
Aparecida Acunzo Forli e Maria Magalhães
de Alencastro.
COORDENAÇÃO  TÉCNICA
Coordenadoria  de  Gestão  da  Educação  Básica
–  CGEB
COORDENAÇÃO  DO  DESENVOLVIMENTO
DOS  CONTEÚDOS  PROGRAMÁTICOS  DOS
CADERNOS  DOS  PROFESSORES  E  DOS
CADERNOS  DOS  ALUNOS
Ghisleine  Trigo  Silveira
CONCEPÇÃO
Guiomar  Namo  de  Mello
Lino  de  Macedo
Luis  Carlos  de  Menezes
Maria  Inês  Fini  (coordenadora)
Ruy  Berger  (em  memória)
AUTORES
Linguagens
Coordenador  de  área:  Alice  Vieira.
Arte:  Gisa  Picosque,  Mirian  Celeste  Martins,
Geraldo  de  Oliveira  Suzigan,  Jéssica  Mami
Makino  e  Sayonara  Pereira.
Educação  Física:  Adalberto  dos  Santos  Souza,
Carla  de  Meira  Leite,  Jocimar  Daolio,  Luciana
Venâncio,  Luiz  Sanches  Neto,  Mauro  Betti,
Renata  Elsa  Stark  e  Sérgio  Roberto  Silveira.
LEM  –  Inglês:  Adriana  Ranelli  Weigel  Borges,
Alzira  da  Silva  Shimoura,  Lívia  de  Araújo
Donnini  Rodrigues,  Priscila  Mayumi  Hayama  e
Sueli  Salles  Fidalgo.
LEM  –  Espanhol:  Ana  Maria  López  Ramírez,
Isabel  Gretel  María  Eres  Fernández,  Ivan
Rodrigues  Martin,  Margareth  dos  Santos  e  Neide
T.  Maia  González.
Língua  Portuguesa:  Alice  Vieira,  Débora  Mallet
Pezarim  de  Angelo,  Eliane  Aparecida  de  Aguiar,
José  Luís  Marques  López  Landeira  e  João
Henrique  Nogueira  Mateos.
Matemática
Coordenador  de  área:  Nílson  José  Machado.
Matemática:  Nílson  José  Machado,  Carlos
Eduardo  de  Souza  Campos  Granja,  José  Luiz
Pastore  Mello,  Roberto  Perides  Moisés,  Rogério
Ferreira  da  Fonseca,  Ruy  César  Pietropaolo  e
Walter  Spinelli.
Ciências  Humanas
Coordenador  de  área:  Paulo  Miceli.
Filosofia:  Paulo  Miceli,  Luiza  Christov,  Adilton
Luís  Martins  e  Renê  José  Trentin  Silveira.
Geografia:  Angela  Corrêa  da  Silva,  Jaime  Tadeu
Oliva,  Raul  Borges  Guimarães,  Regina  Araujo  e
Sérgio  Adas.
História:  Paulo  Miceli,  Diego  López  Silva,
Glaydson  José  da  Silva,  Mônica  Lungov  Bugelli
e  Raquel  dos  Santos  Funari.
Sociologia:  Heloisa  Helena  Teixeira  de  Souza
Martins,  Marcelo  Santos  Masset  Lacombe,
Melissa  de  Mattos  Pimenta  e  Stella  Christina
Schrijnemaekers.
Ciências  da  Natureza
Coordenador  de  área:  Luis  Carlos  de  Menezes.
Biologia:  Ghisleine  Trigo  Silveira,  Fabíola  Bovo
Mendonça,  Felipe  Bandoni  de  Oliveira,  Lucilene
Aparecida  Esperante  Limp,  Maria  Augusta
Querubim  Rodrigues  Pereira,  Olga  Aguilar
Santana,  Paulo  Roberto  da  Cunha,  Rodrigo
Venturoso  Mendes  da  Silveira  e  Solange  Soares
de  Camargo.
Ciências:  Ghisleine  Trigo  Silveira,  Cristina  Leite,
João  Carlos  Miguel  Tomaz  Micheletti  Neto,
Julio  Cézar  Foschini  Lisbôa,  Lucilene  Aparecida
Esperante  Limp,  Maíra  Batistoni  e  Silva,  Maria
Augusta  Querubim  Rodrigues  Pereira,  Paulo
Rogério  Miranda  Correia,  Renata  Alves  Ribeiro,
Ricardo  Rechi  Aguiar,  Rosana  dos  Santos  Jordão,
Simone  Jaconetti  Ydi  e  Yassuko  Hosoume.
Física:  Luis  Carlos  de  Menezes,  Estevam
Rouxinol,  Guilherme  Brockington,  Ivã  Gurgel,
Luís  Paulo  de  Carvalho  Piassi,  Marcelo  de
Carvalho  Bonetti,  Maurício  Pietrocola  Pinto  de
Oliveira,  Maxwell  Roger  da  Purificação  Siqueira,
Sonia  Salem  e  Yassuko  Hosoume.
Química:  Maria  Eunice  Ribeiro  Marcondes,
Denilse  Morais  Zambom,  Fabio  Luiz  de  Souza,
Hebe  Ribeiro  da  Cruz  Peixoto,  Isis  Valença  de
Sousa  Santos,  Luciane  Hiromi  Akahoshi,  Maria
Fernanda  Penteado  Lamas  e  Yvone  Mussa
Esperidião.
Caderno  do  Gestor
Lino  de  Macedo,  Maria  Eliza  Fini  e  Zuleika  de
Felice  Murrie.
EQUIPE  DE  PRODUÇÃO
Coordenação  executiva:  Beatriz  Scavazza.
Assessores:  Alex  Barros,  Antonio  Carlos  de
Carvalho,  Beatriz  Blay,  Carla  de  Meira  Leite,
Eliane  Yambanis,  Heloisa  Amaral  Dias  de
Oliveira,  José  Carlos  Augusto,  Luiza  Christov,
Maria  Eloisa  Pires  Tavares,  Paulo  Eduardo
Mendes,  Paulo  Roberto  da  Cunha,  Pepita  Prata,
Renata  Elsa  Stark,  Solange  Wagner  Locatelli  e
Vanessa  Dias  Moretti.
EQUIPE  EDITORIAL
Coordenação  executiva:  Angela  Sprenger.
Assessores:  Denise  Blanes  e  Luis  Márcio
Barbosa.
Projeto  editorial:  Zuleika  de  Felice  Murrie.
Edição  e  Produção  editorial:  Adesign,  Jairo  Souza
Design  Gráfico  e  Occy  Design  (projeto  gráfico).
APOIO
Fundação  para  o  Desenvolvimento  da  Educação
–  FDE
CTP,  Impressão  e  Acabamento
Esdeva  Indústria  Gráfica  S.A.
A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo autoriza a reprodução do conteúdo do material de sua titularidade pelas demais secretarias de educação do país,desde que mantida a integridade da obra
e dos créditos, ressaltando que direitos autorais protegidos* deverão ser diretamente negociados com seus próprios titulares, sob pena de infração aos artigos da Lei nº- 9.610/98.
*  Constituem  “direitos  autorais  protegidos”  todas  e  quaisquer  obras  de  terceiros  reproduzidas  no  material  da  SEE-SP  que  não  estejam  em  domínio  público  nos  termos  do  artigo  41  da  Lei  de  Direitos
Autorais.
Catalogação  na  Fonte:  Centro  de  Referência  em  Educação  Mario  Covas
S239c
São  Paulo  (Estado)  Secretaria  da  Educação.
Caderno  do  professor:  sociologia,  ensino  médio  -  2ª-  série,  volume  3  /  Secretaria  da  Educação;  coordenação  geral,  Maria  Inês  Fini;  equipe,
Heloísa  Helena  Teixeira  de  Souza  Martins,  Melissa  de  Mattos  Pimenta,  Stella  Christina  Schrijnemaekers.  São  Paulo:  SEE,  2013.
ISBN  978-85-7849-371-4
1.  Sociologia  2.  Ensino  Médio  3.  Estudo  e  ensino  I.  Fini,  Maria  Inês.  II.  Martins,  Heloísa  Helena  Teixeira  de  Souza.  III.  Pimenta,  Melissa  de
Mattos.  IV.  Schrijnemaekers,  Stella  Christina.  V.  Título.
CDU:  373.5:316
*  Nos  Cadernos  do  Programa  São  Paulo  faz  escola  são  indicados  sites  para  o  aprofundamento  de  conhecimentos, como  fonte  de  consulta  dos  conteúdos  apresentados  e  como  referências  bibliográficas.
Todos  esses  endereços  eletrônicos  foram  checados. No  entanto, como  a  internet  é  um  meio  dinâmico  e  sujeito  a  mudanças, a  Secretaria  da  Educação  do  Estado  de  São  Paulo  não  garante  que  os  sites
indicados permaneçam acessíveis ou inalterados.
* As fotografias da agência Abblestock/Jupiter publicadas no material são de propriedade da Getty Images.
*  Os  mapas  reproduzidos  no  material  são  de  autoria  de  terceiros  e  mantêm  as  características  dos  originais, no  que  diz  respeito  à  grafia  adotada  e  à  inclusão  e  composição  dos  elementos  cartográficos
(escala, legenda e rosa dos ventos).
Senhoras e senhores docentes,
A  Secretaria  da  Educação  do  Estado  de  São  Paulo  sente-se  honrada  em  tê-los  como  colabo-
radores  na  reedição  do  Caderno  do  Professor,  realizada  a  partir  dos  estudos  e  análises  que  per-
mitiram consolidar a articulação do currículo proposto com aquele em ação nas salas de aula de
todo o Estado de São Paulo. Para isso, o trabalho realizado em parceria com os PCNP e com os
professores da rede de ensino tem sido basal para o aprofundamento analítico e crítico da abor-
dagem dos materiais de apoio ao currículo. Essa ação, efetivada por meio do programa Educação
— Compromisso de São Paulo, é de fundamentalimportância para a Pasta, que despende, neste
programa, seus maiores esforços ao intensificar ações de avaliação e monitoramento da utilização
dos diferentes materiais de apoio à implementação do currículo e ao empregar o Caderno nas ações
de formação de professores e gestores da rede de ensino. Além disso, firma seu dever com a busca
por uma educação paulista de qualidade ao promover estudos sobre os impactos gerados pelo uso
do material do São Paulo Faz Escola nos resultados da rede, por meio do Saresp e do Ideb.
Enfim, o Caderno do Professor, criado pelo programa São Paulo Faz Escola, apresenta orien-
tações didático-pedagógicas e traz como base o conteúdo do Currículo Oficial do Estado de São
Paulo, que pode ser utilizado como complemento à Matriz Curricular. Observem que as atividades
ora  propostas  podem  ser  complementadas  por  outras  que  julgarem  pertinentes  ou  necessárias,
dependendo do seu planejamento e da adequação da proposta de ensino deste material à realidade
da sua escola e de seus alunos. O Caderno tem a proposição de apoiá-los no planejamento de suas
aulas para que explorem em seus alunos as competências e habilidades necessárias que comportam
a construção do saber e a apropriação dos conteúdos das disciplinas, além de permitir uma avalia-
ção constante, por parte dos docentes, das práticas metodológicas em sala de aula, objetivando a
diversificação do ensino e a melhoria da qualidade do fazer pedagógico.
Revigoram-se assim os esforços desta Secretaria no sentido de apoiá-los e mobilizá-los em seu
trabalho e esperamos que o Caderno, ora apresentado, contribua para valorizar o ofício de ensinar
e elevar nossos discentes à categoria de protagonistas de sua história.
Contamos com nosso Magistério para a efetiva, contínua e renovada implementação do currículo.
Bom trabalho!
Herman Voorwald
Secretário da Educação do Estado de São Paulo
SUMáRIO
Ficha do Caderno	7
Orientação sobre os conteúdos do volume	8
Situações de Aprendizagem	10
Situação de Aprendizagem 1 – O trabalho como mediação	10
Situação de Aprendizagem 2 – Divisão social do trabalho	14
Situação de Aprendizagem 3 – Transformações no mundo do trabalho: emprego e
desemprego na atualidade	23
Recursos para ampliar a perspectiva do professor e do aluno para a compreensão
dos temas	38
FICHA DO CADERNO
Trabalho e Sociedade
Nome da disciplina:	Sociologia
área:	Ciências Humanas
Etapa da educação básica:	Ensino Médio
Série:	2ª
Volume:	3
Temas e conteúdos:	O significado do trabalho: trabalho
como mediação
Divisão social do trabalho; divisão sexual
e etária do trabalho; divisão manufatureira
do trabalho
Processo de trabalho e relações de trabalho
Transformações no mundo do trabalho –
Emprego e desemprego na atualidade
7
ORIENTAçãO SOBRE OS CONTEúDOS DO VOLUME
Caro professor,
Neste  volume  avançaremos  na  discussão
sobre o tema da desigualdade. A questão Qual a
importância do trabalho na vida social brasileira?
orientará as atividades. Para respondê-la, o alu-
no deverá refletir sobre o que é trabalho, qual é
o seu papel na vida dos indivíduos, qual é a dife-
rença entre trabalho e emprego, como a socio-
logia tem observado e discutido esse fenômeno,
bem  como  qual  a  especificidade  do  trabalho
na  sociedade  capitalista.  Apresentamos  neste
Caderno  um  extenso  material  para  discussão
que lhe permitirá abordar as principais questões
relacionadas com o trabalho. Sabemos, contu-
do, que o conteúdo aqui disponibilizado pode
superar o tempo das oito aulas previstas neste
volume. Nossa intenção é que você, consideran-
do as condições de que dispõe e o interesse dos
alunos, decida como aproveitá-lo.
Os estudos realizados no âmbito da Socio-
logia  do  Trabalho  orientaram  a  elaboração
deste  texto.  Evidentemente,  não  foi  possível
tratar  muitas  das  questões  que  dizem  respei-
to ao trabalho, mas procuramos dar conta de
conceitos que são fundamentais para entender
a sociedade que se organiza a partir do trabalho
e das relações que os homens estabelecem como
produtores de bens e serviços.
fixação  do  conteúdo  apresentado  em  sala  de
aula,  mas  também  permitir  que  os  alunos
observem  o  mundo  do  trabalho  e  suas  ques-
tões  sob  a  perspectiva  de  um  olhar  socioló-
gico,  ou  seja,  mais  uma  vez  o  princípio  do
estranhamento  da  própria  realidade  deverá
nortear as aulas e a compreensão dos alunos a
respeito do tema.
Conhecimentos priorizados
Na Situação de Aprendizagem 1, serão for-
necidos elementos para que os alunos apren-
dam a diferenciar trabalho de emprego. Muitos
confundem  esses  dois  conceitos,  que,  apesar
de próximos, não são sinônimos. Eles devem
compreender que o trabalho é uma forma de
mediação entre o homem e a natureza, ou seja,
que o trabalho nos distingue dos outros ani-
mais  e  por  isso  é  fundamental  para  a  condi-
ção humana. Já a Situação de Aprendizagem
2  é  formada  por  um  conjunto  de  elementos
para que os alunos retomem a discussão sobre
a constituição da sociedade capitalista moder-
na, ou seja, a sociedade organizada a partir do
trabalho  livre.  Serão  privilegiados  conceitos
que permitam entender como as relações entre
os  indivíduos  são  estabelecidas,  tais  como  a
divisão social do trabalho, a divisão manufa-
tureira do trabalho e a alienação.
Propomos  também  uma  reflexão  sobre  as
8
transformações  no  mundo  do  trabalho  e  suas
consequências  para  os  trabalhadores,  as  novas
formas de divisão e organização do trabalho e
a ampliação das condições precárias de exercí-
cio do trabalho. Por fim, traremos a questão do
desemprego para a discussão com os alunos.
O conteúdo das aulas será permeado pela
leitura  de  textos  e  atividades  a  ser  realiza-
das em casa, que têm como objetivo não só a
A  Situação  de  Aprendizagem  3  trata  exa-
tamente  do  desemprego,  e  procura  mostrar  e
explicar como os jovens, em vários países, são
afetados por ele. Analisaremos, ainda, as trans-
formações ocorridas a partir do terço final do
século  XX,  que  afetaram  profundamente  a
maneira  de  produzir  e  organizar  o  trabalho.
Essas mudanças interferiram no mercado de tra-
balho, ampliando a presença de formas precá-
rias de trabalho e aumentando o desemprego.
Sociologia - 2a série - Volume 3
Competências e habilidades
Neste   volume,   os   alunos   entrarão   em
contato  com  um  tema  essencial  para  a  vida
dos indivíduos e para a sociedade. A discussão
proposta não é fácil, pois aborda conceitos e
autores que apresentam alguma complexidade.
Por isso, é importante que eles sejam capazes
de perceber a sua relação com o tema e o tra-
balho como uma categoria central para enten-
dermos a organização da vida dos indivíduos e
da sociedade. Assim, a experiência dos alunos
e  de  seus  familiares  em  relação  ao  trabalho
deve  ser  o  ponto  de  partida  para  a  reflexão.
No entanto, espera-se que o aluno seja capaz
de desenvolver um olhar crítico sobre a reali-
dade que o cerca, e orientar-se com relação ao
tema e às questões discutidas neste volume.
Metodologias e Estratégias
As  atividades  propostas  neste  volume  são
bastante diversificadas, de modo a proporcio-
nar diferentes formas de tratar os temas abor-
dados.  Alternando  aulas  expositivas,  debates
em sala de aula, leitura, análise de textos, grá-
ficos  e  imagens  e  exercícios  a  ser  desenvolvi-
dos individualmente e em grupo, as atividades
sugeridas  têm  como  referência  o  mundo  do
trabalho.
Avaliação
As  avaliações  das  Situações  de  Apren-
dizagem  priorizam,  sobretudo,  a  produção
de  textos  dissertativos  pelos  alunos,  que  são
solicitados  a  desenvolver  reflexões  sobre  os
conteúdos  trabalhadosem  sala  de  aula  e
nos  textos  e  a  se  posicionar  de  forma  crítica
a  respeito  de  questões  propostas.  Esses  tex-
tos podem tomar a forma de redações ou ser
expressos  em  pesquisas  pontuais  realizadas
em  grupo.  O  objetivo  é  despertar  a  curiosi-
dade para temas ligados à questão do traba-
lho, como também desenvolver a capacidade
de pesquisa e análise de informações.
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SITUAçõES DE APRENDIZAGEM
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 1
O TRABALHO COMO MEDIAÇÃO
Tempo previsto: 2 aulas.
Conteúdos  e  temas:  o  trabalho  como  mediação  entre  o  homem  e  a  natureza;  o  processo  de
humanização do homem por meio do trabalho; a distinção entre trabalho humano e trabalho
animal; estabelecer uma diferenciação entre trabalho e emprego.
Competências e habilidades: compreender que o trabalho é uma atividade base da condição
humana; desenvolver o espírito crítico dos alunos; desenvolver habilidades de leitura e compre-
ensão de textos, produção de textos contínuos e expressão oral.
Estratégias: aula dialogada e trabalho em grupo.
Recursos: discussão em sala de aula; leitura de texto.
Avaliação: trabalho individual.
Sondagem e sensibilização
O   objetivo  da   presente   sensibilização   é
apresentar  aos  alunos  o  tema  da  Situação  de
Aprendizagem  1:  o  trabalho  como  mediação
entre o homem e a natureza.
Peça  aos  alunos  que  digam  o  que  enten-
dem   por   trabalho.   Verifique   as   respos-
tas  dadas  e  destaque  a  palavra  “trabalho”.
Comece  explicando  a  sua  origem:  ela  vem
do   latim   tripalium,   conforme   o   texto   a
seguir:
“O trabalho na Antiguidade estava associado a esforço físico, cansaço e penalização. A origem da
palavra, no latim vulgar, associa trabalho/tripalium a um instrumento de tortura feito de três varas
cruzadas ao qual os réus eram presos. O trabalho representava uma atividade indigna, reservada aos
escravos. Aos que viviam livremente, a subsistência vinha da coleta de frutos, da caça e outras ativi-
dades; o tempo do trabalho era o da natureza – dia ou noite, com sol ou chuva. [...] Na era moderna,
o trabalho teve o seu significado transformado, passou de atividade desprezada à condição de expres-
são da própria humanidade, fonte de produtividade e riqueza. Com as mudanças sociais, econômicas,
políticas e culturais, no século XX, a ideia do trabalho firmou-se como uma atividade valorizada”.
ARAÚJO, Silvia Maria de; BRIDI, Maria Aparecida; MOTIM, Benilde Lenzi. Sociologia: um olhar crítico.
São Paulo: Contexto, 2011. p. 51-52. <www.editoracontexto.com.br>.
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Etapa 1 – O que é trabalho
A  ideia  na  civilização  ocidental  de  que  o
trabalho  é  algo  que  traz  sofrimento  é  refor-
çada  por  outras  ideias  influenciadas  pelas
tradições  greco-romana  e  judaico-cristã.
©
Mitsuhiko
Imamori/Minden
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©
Kevin
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Pictures-LatinstockSociologia - 2a série - Volume 3
Lembre  aos  alunos  que,  para  os  gregos,  de
uma  forma  geral,  o  trabalho  era  visto  como
algo  que	embrutecia  os  espíritos,  tornava  o
homem incapaz da prática da virtude e era um
mal que a elite deveria evitar. Por isso, era exe-
cutado por escravos, deixando aos cidadãos as
atividades mais nobres, como, por exemplo, a
política.  No  cristianismo,  o  episódio  bíblico
da expulsão de Adão e Eva do Paraíso, como
consequência  do  pecado  original,  conde-
nando-os ao trabalho, a ganhar o “pão com o
suor do rosto”, ampliou a conotação negativa
do  trabalho.  Assim,  ele  apresenta,  em  nossa
sociedade,  também  os  sentidos  de  fadiga,
luta, dificuldade e punição.
Mas  não  se  limite  a  isso.  Insista  com  seus
alunos: Além desses sentidos, o que é trabalho?
Com o objetivo de mostrar a eles outra concep-
ção, peça para um aluno ler o trecho a seguir:
Trabalho  consiste  na  “aplicação  das
forças e faculdades humanas para alcançar
um determinado fim”.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo
Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Curitiba:
Positivo, 2004. CD-ROM.
Chame a atenção dos alunos para o adjeti-
vo “humanas”, citado na definição apresentada.
O uso dele enfatiza que o trabalho é uma ativi-
dade humana, ou seja, só os seres humanos tra-
balham. Pergunte aos alunos: Vocês conhecem
outros  seres  vivos  que  também  empregam  suas
forças e faculdades para conseguir um objetivo?
Provavelmente os alunos se lembrarão das
formigas, abelhas e aranhas. Alguns poderão
afirmar que esses animais também trabalham:
tecem a teia, constroem a colmeia e os formi-
gueiros. Aceite, inicialmente, essa explicação.
Pergunte se eles se lembram da fábula “A cigar-
ra e a formiga”. Existem várias versões dessa
fábula, mas a sinopse pode ser uma só: a his-
tória da cigarra que só queria cantar e se di-
vertir e da formiga que só trabalhava. Um dia,
elas se encontraram e a cigarra questionou o
porquê  de  a  formiga  trabalhar.  Esta  respon-
deu que precisava trabalhar agora para ter ali-
mento no inverno. Como era verão, a cigarra
riu da formiga e replicou que o inverno estava
muito longe para ela se preocupar. Passados
alguns  meses,  chegou  o  inverno  e  a  cigarra
quase morreu de frio e fome. Quando estava
com pouca força, bateu à porta da formiga e
pediu ajuda. Esta a ajudou, mas lembrou-lhe
da importância de trabalhar e poupar.
Em  seguida,  peça  que  prestem  atenção
nas  imagens  apresentadas,  também  presen-
tes  no  Caderno  do  Aluno,  e  que  forneçam
outros   exemplos   de   animais   considerados
“trabalhadores”.
Figura 1 – Formigas no exercício de sua atividade
Figura 2 – João-de-barro (Furnarius rufus) ao lado de sua casa
11
©
Erich
Lessing/Album-LatinstockNormalmente,  os  animais  apresentados
nas  imagens  são  vistos,  pelo  senso  comum,
como  animais  trabalhadores.  Mas,  na  pers-
pectiva   sociológica,   os   animais   não   tra-
balham,  só  o  homem  trabalha.  O  trabalho
é  visto  como  uma  atividade  que  ajuda  o
homem  a  construir  sua  condição  como  ser
humano.
Peça para um aluno ler o texto a seguir:
“O conceito é ambíguo e disputado, indicando diferentes atividades em diferentes sociedades e
contextos históricos. Em seu sentido mais amplo, trabalho é o esforço humano dotado de um propó-
sito e envolve a transformação da natureza através do dispêndio de capacidades mentais e físicas. Tal
interpretação, contudo, conflita com o significado e a experiência mais limitados do trabalho nas
atuais sociedades capitalistas. Para milhões de pessoas trabalho é sinônimo de emprego remunerado,
e muitas atividades que se qualificariam como trabalho na definição mais ampla são descritas e viven-
ciadas como ocupações em horas de lazer, como algo que não significa verdadeiramente trabalho.”
OUTHWAITE, William; BOTTOMORE, Tom. Dicionário do pensamento social do século XX.
Rio de Janeiro: Zahar, 1996. p. 773.
Quais  são  essas  “diferenças  essenciais”?
Recorra ao sociólogo Karl Marx para respon-
der a essa indagação.
Solicite a um voluntário que leia o texto a
seguir. A leitura pode ser individual, compar-
tilhada ou comentada.
Figura 3 – Karl Marx,
1818-1883
Karl  Marx  nasceu
na Alemanha, em 1818.
Considerado  um  dos
maiores filósofos ale-
mães, realizou estudos
importantes  também
para   a   Economia   e
a    Sociologia.    Ten-
do  como  base  a  dia-
lética1, desenvolveu o
método que permite a
“Uma aranha executa operações que se
assemelham às de um tecelão, e a abelha, na
construção  de  suas  colmeias,  deixaenver-
gonhado mais de um arquiteto. Mas o que
distingue  o  pior  arquiteto  da  melhor  das
abelhas é isso: o arquiteto projeta sua obra
antes de construí-la na realidade. No final
de  todo  processo  de  trabalho,  temos  um
resultado  que  já  existia  na  imaginação  do
trabalhador desde o seu começo”.
MARX, Karl. Capital – A Critique of Political Economy.
explicação da história das sociedades hu-
manas a partir das relações sociais de pro-
dução.  Radical  tanto  na  teoria  como  na
militância, participou ativamente de diver-
sas  organizações  operárias  clandestinas,
tendo  sido  expulso  de  alguns  países.  Exi-
lado na Inglaterra, passou por muitas difi-
culdades econômicas, sendo socorrido por
amigos,  como  Friedrich  Engels.  Morreu
em Londres em 1883.
The labour-process and the process of producing
surplus-value. vol. 1, Part III, Section 1, cap. VII.
Tradução Heloísa Helena Teixeira de Souza Martins.
Disponível em: <http://www.marxists. org/archive/marx/
works/1867-c1/index.htm>. Acesso em: 21 mar. 2013.
O trabalho humano, portanto, distingue-se
do  trabalho  animal,  pois  o  homem  planeja
antes  de  executar  uma  atividade.  Ele  con-
cebe  o  trabalho  antes  de  executá-lo.  Já  os
12
1
Dialética é o método de explicação da realidade
que   tem   por   base   o   princípio   lógico   da
contradição, ou seja, a contraposição de ideias
ou situações leva a uma nova ideia ou situação.
animais  não  possuem  essa  capacidade.  Eles
“trabalham”  de  forma  instintiva.  Na  ver-
dade,  é  equivocado  usar  o  termo  trabalho
para se referir às atividades realizadas pelos
Sociologia - 2a série - Volume 3
outros  animais.  Os  animais  executam  tare-
fas guiados pelo instinto: a abelha faz o mel
e  a  colmeia  instintivamente,  por  isso  todas
as  colmeias  de  uma  mesma  espécie  de  abe-
lha  seguem  a  mesma  configuração;  a  for-
miga  também  constrói  instintivamente  os
formigueiros, e por isso eles seguem a mesma
estrutura, e o mesmo processo ocorre com o
joão-de-barro e sua casa.
Os animais só mudam sua maneira de agir
quando ocorre alguma alteração no meio, o
que os leva a se adaptar, mas eles não mudam
suas atitudes intencionalmente. Só o homem
tem essa capacidade, os outros animais, não.
Com o objetivo de obter os meios que garan-
tam a sua sobrevivência, o homem age sobre
a natureza, transformando-a. Ele se apropria
dos  materiais  existentes  na  natureza  e  cria
objetos,  inventa  coisas  e  se  relaciona  com
outros  homens  por  intermédio  do  trabalho.
Desse  modo,  o  trabalho  é  uma  atividade  de
mediação entre o homem e a natureza.
O homem emerge gradualmente, desenvol-
ve-se  e  se  torna  um  ser  humano  no  exercício
de sua atividade, de seu trabalho, da sua pro-
dução social. Nesse sentido, pode-se dizer que,
ao trabalhar, o homem “humaniza” a natureza
e se constrói como ser humano, ou seja, o traba-
lho humaniza o homem, pois ele age de forma
deliberada e consciente sobre a natureza. É por
isso que o trabalho é visto como uma atividade
que  ajuda  o  homem  a  construir  sua  condição
como ser humano.
Para   encerrar   esta   primeira   Situação   de
Aprendizagem, discuta com os alunos a distinção
entre trabalho e emprego. Interrogue os alunos:
O que vocês entendem por emprego? Vocês sabem
que trabalho não é sinônimo de emprego? O que
vocês acham que distingue trabalho de emprego?
É importante que os alunos entendam que
trabalho sempre existiu, sob diferentes formas,
ao longo da história da humanidade. Entretanto,
emprego é uma relação social de trabalho muito
recente, que surge a partir do momento em que
o  homem  deixa  de  ser  escravo  ou  servo  e  se
transforma em um homem livre. Livre para ven-
der  o  seu  trabalho  e  estabelecer  um  contrato
com o comprador, em troca de um salário que
lhe permita adquirir os meios de vida necessá-
rios  à  sua  sobrevivência.  Emprego  pressupõe
trabalho assalariado, sendo, portanto, caracterís-
tico da sociedade capitalista.
Como Lição de Casa desta Situação, você
pode pedir para que eles leiam o próximo texto
e expliquem:
1.   Como  era  o  trabalho  em  outros  períodos
da história?
2.   Qual a característica fundamental do tra-
balho no capitalismo?
O trabalho livre sucedeu historicamente a outras formas de trabalho, como a escravidão e a servidão.
Na Grécia Antiga, o trabalho era uma atividade exercida pelos escravos. Na Idade Média, as pessoas tra-
balhavam nos campos, ligadas a um senhor feudal, ou moravam nos burgos e eram artesãos. Em todos
esses momentos da história, as pessoas executavam algum trabalho, mas não tinham emprego. O emprego
só se dissemina com o capitalismo. Nele o trabalhador vende a sua força de trabalho (física ou mental) em
troca de um salário. Ao conseguir o emprego, o trabalhador assina um contrato de trabalho que especifica
suas funções. Ao contrário do que ocorria na Antiguidade, em que os escravos eram uma propriedade, e
na Idade Média, em que os trabalhadores eram servos presos à terra do senhor feudal, no capitalismo os
trabalhadores são livres para procurar outras condições de trabalho em um novo emprego.
Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola.
13
Na hora de corrigir a Lição de Casa, você
não  pode  se  esquecer  de  destacar  aos  alunos
qual o sentido da frase final do parágrafo ante-
rior.  A  liberdade  no  capitalismo  para  mui-
tos dos trabalhadores é relativa, uma vez que
a  grande  maioria  não  pode  escolher  quem,
quando, e, muitas vezes, onde procurar empre-
go. Mas o significado mais importante do tra-
balho  livre  ou  da  liberdade  do  trabalhador  é
dado  pelo  fato  de  que,  com  o  esfacelamento
do sistema feudal de produção, o servo liber-
tou-se das amarras que o prendiam ao senhor
feudal, mas perdeu o acesso aos meios de pro-
dução:  terra,  matéria-prima,   instrumentos
de  trabalho.  Então,  passou  a  dispor  de  uma
única  propriedade  –  a  sua  força  de  traba-
lho.  O  processo  que  deu  origem  a  isso  será
objeto  de  discussão  na  próxima  Situação  de
Aprendizagem.
Proposta de Situação de Avaliação
Para  verificar  se  eles  compreenderam  o
assunto desta Situação de Aprendizagem, você
pode  pedir  que  escrevam  um  pequeno  texto
explicando  os  principais  argumentos  da  dis-
cussão sobre o trabalho.
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 2
DIVISÃO SOCIAL DO TRABALHO
Tempo previsto: 3 aulas.
Conteúdos e temas: trabalho e capitalismo; divisão social e manufatureira do trabalho; relações
de trabalho; alienação.
Competências  e  habilidades:  permitir  que  os  alunos  sejam  capazes  de  entender  os  principais
conceitos sociológicos relacionados ao trabalho; desenvolver a capacidade analítica e crítica;
desenvolver habilidades de leitura e interpretação de textos; produção de textos contínuos e
expressão oral.
Estratégias: aula dialogada; trabalho em grupo e individual.
Recursos: discussão em sala de aula; leitura de texto.
Avaliação: trabalho individual.
Sondagem e Sensibilização
Nesta Situação de Aprendizagem, utiliza-
remos como atividade de sensibilização alguns
cantos1 do poema A trama da rede, de Carlos
Brandão, cada um com uma ou duas estrofes.
Peça aos alunos que se organizem, formando
um jogral, ou seja, um grupo de oito pessoas
em que cada um recitará um canto do poema
a seguir, como se estivesse em um palco.
14
1
[...] Grande divisão de longos poemas. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua
Portuguesa. Curitiba: Editora Positivo, 2004. CD-ROM.
Sociologia - 2a série - Volume 3
A trama da rede
I
Essa é a trama da rede:
o tecido das trocas que fabricam
o pano de uma rede de dormir
enreda o corpo do homem na tarefa
de criar na máquina a rede com a mão.
A armadilhado trabalho em casa alheia
engole o homem e enovela todo o corpo
no fio no fuso na roda na teia
do maquinário da manufatura
que produz o seu produto: a rede
e reduz o corpo-operário à produção.
[...]
III
O corpo-bailarino que transforma
a coisa bruta em objeto
(a fibra em fio e o fio em pano)
e o objeto na mercadoria
(o pano pronto na rede e sua valia)
transforma o corpo do homem operário
em outro puro objeto de trabalho
pronta a fazer e refazer no fuso
aquilo de que a fábrica faz sua riqueza
de que, quem faz não se apropria.
[...]
VII
Sob a trama do trabalho em tear alheio
o corpo não possui seu próprio tempo
e é inútil que lhe bata um coração.
O relógio interior do operário
é o que existe na oficina, fora dele,
de onde controla o tear e o tecelão.
VIII
De longe o dono zela por quem faz:
pela força do homem que trabalha,
não pela vida do trabalhador.
Aqui não há lugar para o repouso
ainda que o produto do trabalho
seja uma rede de pano, de dormir
e que comprada serve ao sono e ao amor.
IX
Durante a flor da vida inteira
fazendo a mesma coisa e refazendo
uma operação simples de memória
o operário condena o próprio corpo
a ser tão automático e eficaz
que domine o gesto que o destrói.
A reprodução contínua, diária, igual
de um mesmo gesto repetido e limitado
todos os dias, sobre os mesmos passos,
ensina ao artesão regras de maestria
do trabalho que afinal então domina
através de saber sua ciência
com a sabedoria do corpo massacrado.
[...]
XI
Quem fia e enfia?
Quem carda e corta?
Quem tece e trança?
Quem toca e torce?
A moça o menino.
A velha o homem.
Eles são, artistas,
parte do trabalho coletivo
que faz a trama da rede
e a rede pronta:
o objeto bonito do descanso
que inventa a necessidade
15
da servidão do trabalho
do corpo produtivo.
XII
A dança ritmada desse corpo
de bailarino-operário de um ofício
de que o produto feito não é seu,
cria o servo de quem lhe paga aos sábados
para o que sobra da vida de trabalho
do corpo de quem fez e não viveu.
O trabalho-pago, alheio e sempre o mesmo
obrigando o operário bailarino
à rotina de fazer sem possuir
torna-o, artista, servo do ardil
de entretecer panos e redes sem criar
XIV
Não conhece descanso o corpo na oficina.
Ele é parte das máquinas que move
e que movidas não sabem mais parar.
Os pés descalços prolongam pedais
os braços são como alavancas
e as mãos estendem pontas de um fio
que existe no fuso e no tear.
O trabalho do corpo é o objeto
que o homem vende ao dono todo o dia.
O corpo-livre pertence ao maquinário
que o homem converte no operário
de que retira o preço do sustento:
a comida a cama a casa o agasalho,
o que mantém vivo o corpo e o seu trabalho.
e recriar-se servo sem saber.
[...]
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Encarte de Tempo e Presença. n. 172, nov./dez. 1981.
16
Depois da leitura, pergunte aos alunos: O
que vocês entenderam desse poema? Provavel-
mente, alguns trechos obscuros os alunos não
conseguirão  compreender.  Explique  que  ele
foi escrito tendo como referência a leitura de
trechos  da  obra  mais  importante  escrita  por
Karl  Marx,  O  capital,  nos  quais  ele  fala  dos
operários  e  dos  usos  de  seus  corpos  no  pro-
cesso de produção de mercadorias. Como diz
Carlos Brandão, são “alegorias [exposição de
um pensamento sob forma figurada] sobre o tra-
balho”, escritas para um documentário sobre
a produção artesanal de redes no Ceará.
Em seguida, peça para que cada aluno-leitor
procure explicar o que entendeu da estrofe que
leu.  Provavelmente,  eles  terão  dificuldade  de
apanhar todo o significado do texto. Ajude-os,
destacando os seguintes elementos:
Canto I: o trabalho de tecer a rede é exerci-
do em “casa alheia”, ou seja, não na casa do
trabalhador,  mas  no  local  determinado  pelo
seu patrão, na manufatura. Ali, são reunidos
vários trabalhadores que, exercendo diferen-
tes  trabalhos,  transformam  os  fios  de  várias
cores  em  rede.  A  trama,  o  desenho  da  rede,
é  mostrada  como  a  trama  que  enreda,  que
prende  o  trabalhador  à  máquina,  que  impõe
seu movimento ao corpo do trabalhador.
Canto III: o trabalhador que transforma a
matéria-prima – o algodão – em fio, e o fio em
rede,  produz  uma  mercadoria  que  não  per-
tence a ele, mas, sim, a quem o contratou. Ou
seja,  a  rede  que  ele  produz  com  o  seu  traba-
lho não pertence a ele, mas, sim, a quem lhe
paga o salário.
Canto  VII:  o  ponto  central  desse  canto  se
refere ao tempo ou ritmo de trabalho que, na
manufatura, não é mais determinado pelo tra-
balhador,  mas,  sim,  pelo  ritmo  da  máquina,
imposto pelo dono da oficina.
Sociologia - 2a série - Volume 3
Canto  VIII:  esse  canto  completa  o  ante-
rior, pois se refere ao controle exercido pelo
dono da manufatura, que não está preocupa-
do com a saúde, a vida do trabalhador, mas,
sim, com a produtividade do trabalho.
Canto  IX:  na  manufatura,  o  trabalhador
executa movimentos repetitivos, especializan-
do-se apenas em uma atividade de trabalho,
automaticamente, seguindo o movimento da
máquina,  sem  nenhuma  criatividade,  tor-
nando-se  um  trabalhador  limitado  em  seu
conhecimento.
Canto  XI:  essa  estrofe  refere-se  ao  traba-
lho exercido por homens e mulheres, velhos,
moças  e  crianças,  tornados  servos  do  tra-
balho  coletivo  que  produz  a  rede.  Carlos
Brandão  explica,  em  uma  nota  de  rodapé,
que em Fortaleza, na produção de redes, além
do  trabalho  na  oficina,  também  são  realiza-
das  tarefas  de  acabamento  das  redes,  como
as  “varandas”,  nas  casas  dos  trabalhadores,
nos chamados trabalhos em domicílio, onde
pessoas de uma mesma família, de diferentes
idades,  trabalham.  Lembre  que  o  trabalho
em domicílio existe, ainda hoje, por exemplo,
nas indústrias de confecção e de calçados.
Canto XII: o trabalho exercido na produ-
ção  de  uma  mercadoria,  a  rede,  que  não  lhe
pertence, submete o trabalhador e o seu cor-
po  às  determinações  de  seu  patrão,  aquele
que lhe paga o salário. Seu corpo, suas ener-
gias,  sua  força  de  trabalho  são  vendidos  em
troca de um salário e usados na produção de
uma mercadoria que não lhe pertence.
Canto  XIV:  na  manufatura,  o  corpo  do
operário  parece  ser  um  prolongamento  da
máquina – seus braços, mãos e pés põem em
movimento a máquina e são movidos por ela.
O corpo, a força de trabalho do trabalhador,
torna-se  um  objeto  que  ele  vende  em  troca
de  seu  meio  de  vida,  aquilo  que  lhe  permite
sobreviver  e  retornar,  todo  dia,  ao  local  de
trabalho,   reproduzindo   a   sua   servidão   à
máquina e ao seu patrão.
Ao  finalizar  esta  parte,  diga  aos  alunos
que, na próxima etapa de aprendizagem, serão
retomadas  as  questões  sugeridas  por  esse
poema, tendo como referência a discussão a
respeito   do   trabalho   na   sociedade   capi-
talista.  Nessa  oportunidade  serão  intro-
duzidos  conceitos  como  divisão  social  do
trabalho,  divisão  sexual  e  etária  do  traba-
lho,  relações  de  trabalho,  processo  de  tra-
balho e alienação.
Etapa 1 – Divisão social do trabalho e
divisão manufatureira do trabalho
Inicie esta etapa perguntando aos alunos
o que eles entendem por sociedade moderna.
Prepare-se para acolher respostas que apon-
tem  para  o  que  é  atual,  recente,  por  oposi-
ção ao que é antigo, ultrapassado. Relembre
com  eles  o  conteúdo  aprendido  em  aulas  de
História  a  respeito  dos  diferentes  períodos
da  história  da  humanidade:  antigo,  medie-
val,  moderno  e  contemporâneo.  A  história
da  sociedade  moderna  corresponde  ao  pe-
ríodo  que  se  inicia  em  meados  do  século  XVe sua constituição foi marcada pelos proces-
sos  de  urbanização  e  de  industrialização.  O
trabalho  nessa  sociedade  é,  portanto,  o  tra-
balho  na  indústria  e  o  próprio  desenvolvi-
mento econômico e social aparece vinculado
ao  desenvolvimento  da  indústria.  A  socie-
dade  moderna  resultou  de  um  processo  de
transformação,  da  constituição  de  um  novo
modo  de  trabalhar,  de  relações  sociais  dife-
rentes,  de  um  novo  modo  de  vida  marcado
pelo desenvolvimento industrial.
Solicite  a  um  voluntário  para  ler  o  texto
a seguir. Você pode realizar uma leitura indi-
vidual ou compartilhada.
17
O esfacelamento do mundo feudal consistiu em um longo processo, no qual as velhas formas de
trabalho artesanal foram sendo substituídas pelo trabalho em domicílio, a partir do campo, pro-
duzindo para as indústrias em desenvolvimento nas cidades. O crescimento da população expulsa
do campo, incapacitada de produzir tudo aquilo de que necessitava para sobreviver (os seus meios de
vida), fez com que a procura por esses bens aumentasse. Assim, durante o século XIV, foram desen-
volvidas as indústrias rurais em domicílio, como forma de aumentar a produção. Os comerciantes
distribuíam a matéria-prima nas casas dos camponeses e ali era executada uma parte ou a totalidade
do trabalho. Essas indústrias representaram uma forma de transição entre o artesanato e a manufa-
tura, e permitiram a acumulação de capital nas mãos desses comerciantes, além de formar mão de
obra para o trabalho industrial nas cidades.
Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola.
18
Explique aos alunos o significado de manufa-
tura:  a palavra vem do latim e quer dizer tra-
balho manual. Para o seu desenvolvimento foi
necessária a existência de dois fatores:
1.   Um empresário com capital para comprar
a  matéria-prima  e  ferramentas  e  concen-
trar em sua oficina um grande número de
trabalhadores.  Em  vez  de  distribuir  esses
meios  de  produção  nas  casas  dos  traba-
lhadores, o comerciante transformado em
industrial  os  junta  sob  um  mesmo  teto,
criando assim a manufatura. Relembre com
os  alunos  o  Canto  I  do  poema  de  Carlos
Brandão – o autor está justamente se refe-
rindo a esse processo de concentração de
produção em um único local.
2.   A  existência  de  trabalhadores  livres,  ou
seja, que não são mais donos dos meios de
produção e dependem, para a sua sobrevi-
vência, da venda de seu trabalho, ou seja,
sua  força  de  trabalho,  transformando-se,
assim, em trabalhadores assalariados.
É importante destacar para os alunos que
o processo de transição da indústria rural em
domicílio  para  a  manufatura  representou,
também,  a  ampliação  da  divisão  social  do
trabalho.  Interrogue  os  alunos:  O  que  vocês
entendem  por  divisão  do  trabalho  na  socieda-
de?  Como  o  trabalho  pode  ser  dividido  entre
os  homens  e  as  mulheres?  Vocês  podem  dar
exemplos?
Talvez a compreensão e os exemplos dados
não  sejam  satisfatórios  para  os  propósitos  da
aula, mas prossiga e acentue que a divisão do
trabalho existiu em todas as sociedades, desde
o momento em que o homem começou a trocar
coisas e produtos, criando uma interdependên-
cia  com  os  outros  homens.  Assim,  o  artesão
troca o produto de seu trabalho, o tecido, pelo
algodão, cultivado pelo agricultor. Você pode
dar outros exemplos ou pedir que, depois dessa
explicação,  os  alunos  deem  outros.  O  impor-
tante é fixar que a base da troca está na neces-
sidade que o indivíduo tem de produtos que
ele não produz. A divisão do trabalho deriva,
portanto,  do  caráter  específico  do  trabalho
humano e ocorre quando os homens, na vida
em  sociedade,  dividem  entre  si  as  diferentes
especialidades  e  ofícios.  A  divisão  do  traba-
lho  em  ofícios  ou  especialidades  existiu  em
todas  as  sociedades  conhecidas  e  deve  mui-
to  à  divisão  sexual  do  trabalho.  Ou  seja,  no
início,  havia  uma  divisão  entre  especialida-
des  ou  ofícios  que  eram  preferencialmen-
te  atribuídos  às  mulheres  e  outros  que  eram
executados   por   homens.   Você   pode   dar
exemplos: a fiação e a tecelagem eram vistas
como atividades femininas, enquanto a caça,
a pesca e a pecuária eram atividades mascu-
linas. Pergunte aos alunos:  Vocês podem dar
Sociologia - 2a série - Volume 3
exemplos de trabalhos que hoje são executados
apenas  por  homens  ou  apenas  por  mulheres?
Na  verdade,  é  difícil  encontrar  trabalhos
que  as  mulheres  não  conseguem  realizar:
antigamente,  às  mulheres  eram  destinadas
as ocupações relacionadas com o cuidado da
casa, como cozinhar, lavar, limpar, cuidar dos
filhos.  Hoje,  já  temos  homens  cozinheiros,
faxineiros  etc.  Você  pode  ampliar  essa  dis-
cussão  e,  juntamente  com  os  alunos,  buscar
outros exemplos de trabalhos que antes eram
executados só por homens e que hoje são exe-
cutados por mulheres ou vice-versa.
Retome com os alunos o poema de Carlos
Brandão,  Canto  XIV,  para  que  eles,  depois
dessa  discussão,  possam  entender  melhor  o
que o poeta diz de forma alegórica. Verifique,
dessa maneira, se eles conseguiram apreender
os fatores que permitiram o aparecimento da
manufatura.
Para  avançar  na  apresentação  de  outras
questões relacionadas com a divisão de traba-
lho na manufatura, você pode expor aos alunos
o conteúdo do texto a seguir ou pedir que um
deles o leia.
A manufatura se estendeu de meados do século XVI ao último terço do século XVIII, sendo
substituída pela grande indústria. Na manufatura foram introduzidas algumas inovações técnicas
que modificaram a forma como o trabalho era organizado. Aos poucos o trabalhador foi deixando
de ser responsável pela produção integral de determinado objeto e passou a se dedicar unicamente
a uma atividade. Houve um aceleramento da divisão do trabalho, fazendo com que um produto
deixasse de ser obra de um único trabalhador e se tornasse o resultado da atividade de inúmeros
trabalhadores. Dessa maneira, o produto passava por vários trabalhadores, cada um acrescentando
alguma coisa a ele e, no final do processo, o produto era o resultado não de um trabalhador indi-
vidual, mas de um trabalhador coletivo. Essa é a divisão do trabalho que persiste na sociedade
capitalista, e que se caracteriza pela especialização das funções, ou seja, pela especialização do tra-
balhador na execução de uma mesma e única tarefa, especializando-se e especializando o seu corpo
nessa operação.
Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola.
Peça a seus alunos que releiam os cantos
IX e XI, do poema de Brandão, que remetem
exatamente  à  especialização  do  trabalho  na
manufatura.  É  importante  enfatizar  que,
pela  divisão  manufatureira  do  trabalho,  o
homem é levado a desenvolver apenas uma ha-
bilidade parcial, limitando o conjunto de habili-
dades e capacidades produtivas que possuía
quando  era  artesão.  É  isso  que  torna  o  tra-
balhador  dependente  e  o  faz  vender  a  sua
força  de  trabalho;  e  esta  só  serve  quando
comprada  pelo  capital  e  posta  a  funcionar
no  interior  da  oficina.  Segundo  Karl  Marx,
essa  divisão  do  trabalho  tinha  como  obje-
tivo  o  aumento  da  produtividade  e  o  aper-
feiçoamento  do  método  de  trabalho,  e  teve
como  resultado  o  que  ele  chama  de  “a  vir-
tuosidade  do  trabalhador  mutilado”2,  com
a  especialização  dos  ofícios.  Na  manufatu-
ra,  portanto,  a  produtividade  do  trabalho
dependia  da  habilidade  (virtuosidade)  do
trabalhador  e  da  perfeição  de  suas  ferra-
mentas, e já havia o uso esporádico de má-
quinas.  Será  apenasna  grande  indústria  que
2
Marx utiliza o termo "mutilado" para enfatizar a limitação das habilidades do trabalhador, reduzido ao exercício de
uma única e repetitiva atividade.
19
a   máquina   desempenhará   um   papel  fun-
damental,  primeiro  com  base  na  mecâni-
ca,  depois  na  eletrônica  e,  atualmente,  na
microeletrônica.
Solicite  a  um  voluntário  para  ler  o  texto
a  seguir,  também  disponível  no  Caderno  do
Aluno. Você pode realizar uma leitura indivi-
dual ou compartilhada:
Uma das características mais distintivas do sistema econômico das sociedades modernas é a existên-
cia de uma divisão do trabalho extremamente complexa: o trabalho passou a ser dividido em um número
enorme de ocupações diferentes nas quais as pessoas se especializam. Nas sociedades tradicionais, o tra-
balho que não fosse agrário implicava o domínio de um ofício. As habilidades do ofício eram adquiridas
em um período prolongado de aprendizagem, e o trabalhador normalmente realizava todos os aspectos
do processo de produção, do início ao fim. Por exemplo, quem trabalhasse com metal e tivesse que fazer
um arado iria forjar o ferro, dar-lhe a forma e montar o próprio implemento. Com o progresso da pro-
dução industrial moderna, a maioria dos ofícios tradicionais desapareceu completamente, sendo subs-
tituída por habilidades que fazem parte de processos de produção de maior escala. Um eletricista que
hoje trabalhe em um ambiente industrial, por exemplo, pode examinar e consertar alguns componentes
de um tipo de máquina; diferentes pessoas lidarão com os demais componentes e com outras máquinas.
A sociedade moderna testemunhou uma mudança na localização do trabalho. Antes da industrializa-
ção, a maior parte do trabalho ocorria em casa, sendo concluído coletivamente por todos os membros
da família. Os avanços na tecnologia industrial, como o uso do carvão, contribuíram para a separação
entre trabalho e casa. As fábricas de propriedade dos empresários tornaram-se foco de desenvolvimento
industrial: maquinários e equipamentos concentraram-se dentro destas, e a produção em massa de mer-
cadorias começou a ofuscar a habilidade artesanal em pequena escala, que tinha a casa como base. As
pessoas que procurassem emprego em fábricas eram treinadas para se especializarem em uma tarefa,
recebendo um ordenado por esse trabalho. O desempenho era supervisionado pelos gerentes, os quais se
preocupavam em implementar técnicas para ampliar a produtividade e a disciplina dos trabalhadores.
O contraste que existe na divisão do trabalho entre as sociedades tradicionais e as modernas é ver-
dadeiramente extraordinário. Mesmo nas maiores sociedades tradicionais, geralmente não havia mais
do que 20 ou 30 ofícios, contando funções especializadas como as de mercador, soldado e padre. Em
um sistema industrial moderno, existem literalmente milhares de ocupações distintas. O censo do RU
[Reino Unido] lista cerca de 20 mil empregos diferentes na economia britânica. Nas comunidades tra-
dicionais, a maior parte das pessoas trabalhava na agricultura, sendo economicamente autossuficiente.
Produziam seus próprios alimentos, suas roupas, além de outros artigos que necessitassem. Um dos
aspectos principais das sociedades modernas, em contraste, é uma enorme expansão da interdependên-
cia econômica. Para termos acesso aos produtos e aos serviços que nos mantêm vivos, todos nós depen-
demos de um número imenso de trabalhadores – que, hoje em dia, estão bem espalhados pelo mundo.
Com raras exceções, a vasta maioria dos indivíduos nas sociedades modernas não produz o alimento
que come, a casa onde mora ou os bens materiais que consome.
Os primeiros sociólogos escreveram extensivamente a respeito das consequências potenciais da
divisão do trabalho – tanto para os trabalhadores em termos individuais, quanto para toda a socie-
dade. Para Marx, a mudança para a industrialização e a mão de obra assalariada certamente resul-
taria numa alienação entre os trabalhadores. Uma vez que estivessem empregados numa fábrica, os
trabalhadores perderiam todo o controle do seu trabalho, sendo obrigados a desempenhar tarefas
monótonas, de rotina, que despojariam seu trabalho do valor criativo intrínseco. Em um sistema
capitalista, os trabalhadores acabam adotando uma orientação instrumental para o trabalho, afir-
mava ele, vendo-o como nada mais do que uma maneira de ganhar a vida.
GIDDENS, Anthony. Sociologia, 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006. p. 309.
20
Sociologia - 2a série - Volume 3
Esse  texto  retoma,  de  forma  sintética,  ele-
mentos  da  discussão  sobre  divisão  social  do
trabalho  e  da  especialização  do  trabalhador,
mas  introduz  outras  questões  que  devem  ser
esclarecidas. Peça aos alunos que indiquem as
partes do texto que já foram objeto de discussão
em sala de aula e aquelas que contêm palavras
que não conseguem entender. Mostre-lhes que
o texto é apresentado com dois objetivos: rea-
lizar um exercício de verificação de aprendiza-
gem a respeito da interdependência econômica
e da amplitude da divisão do trabalho na socie-
dade moderna e introduzir uma nova etapa de
discussão com os alunos.
Verificação de aprendizagem
Para demonstrar como no capitalismo, com
o aumento da divisão do trabalho, cada traba-
lhador passou a depender cada vez mais das ati-
vidades  de  outro  trabalhador  para  conseguir
viver, exponha para os alunos como você, profes-
sor, precisa das atividades de outras pessoas para
sobreviver. Faça na lousa uma pequena lista de
todas as ocupações que você precisa que existam
para  que  consiga  se  manter,  como,  por  exem-
plo: um padeiro, alguém para produzir o leite, as
fábricas que fazem macarrão e outras comidas,
um açougueiro, a fábrica de roupas para se ves-
tir, alguém para produzir o chocolate, um moto-
rista para dirigir o ônibus para que você possa
chegar ao trabalho, alguém para abrir a porta do
colégio, outra pessoa para limpá-lo, alguém que
fique na secretaria e que possa resolver questões
administrativas etc. Essa é só uma pequena lis-
ta para inspirá-lo. É provável que você encontre
nela profissionais que você precise para viver e
outros que são dispensáveis. Sinta-se à vontade
para formular a sua própria lista com base em
suas vivências e experiências. Depois, peça aos
alunos que também façam esse exercício, como
sugere a Lição de Casa no Caderno do Aluno.
Etapa 2 – Relação de trabalho e
alienação
Procure  agora  esclarecer  outras  questões
que aparecem no texto apresentado, especifi-
camente, a submissão do trabalho ao capital, as
relações de trabalho e o conceito de alienação.
Retome com os alunos o poema de Carlos
Brandão, pedindo que um deles leia os cantos
VII  e  VIII,  o  que  permitirá  o  esclarecimento
do que Marx chama de sujeição ou submissão
do trabalho ao capital, ou o controle exercido
pelo dono da manufatura sobre o trabalho e os
trabalhadores. Tendo o poema como inspiração,
utilize o texto a seguir com o objetivo de apro-
fundar  essa  discussão.  Parte  deste  texto  está
disponível no Caderno do Aluno.
A produção capitalista pressupõe, como já vimos, a existência do trabalho livre, e não a servidão
e a escravidão. O trabalhador é livre, isto é, não dispõe dos meios de trabalho e de vida, portanto
é livre para vender a única propriedade de que dispõe, a sua força de trabalho. O trabalhador, por
conseguinte, submete-se ao domínio do capital, aceitando suas imposições e determinações.
É o capital que assume a função de dirigir, de supervisionar. Esse domínio do capital sobre o
processo de trabalho se impõe, na medida em que o objetivo, o motivo que impele e direciona todo o pro-
cesso de produção capitalista, é a expansão do próprio capital, a maior produção de mais-valia1, e,
portanto, a maior exploração possível da força de trabalho.
A dominação do capital sobre o trabalhotem o objetivo de garantir a exploração do processo de
trabalho social. Com isso, a dominação tem como condição o antagonismo inevitável entre o capita-
lista e o trabalhador.
Com o próprio desenvolvimento da produção capitalista, esse controle assume formas peculiares.
O capitalista se desfaz da supervisão direta e contínua e a entrega a um tipo especial de assalariado,
21
que passa a exercer a função exclusiva de supervisão, com os seus oficiais superiores (os diretores, os
gerentes) e os suboficiais (contramestres, inspetores, capatazes etc.). Surge então uma hierarquia de
comando que tem como objetivo impor a disciplina no interior da empresa. A disciplina tem como
resultado, para o capital, o aumento da produtividade, mas da perspectiva do trabalho ela introduz
uma série de regras de procedimento, uma hierarquia interna que, além de separar os indivíduos
segundo a sua atividade, introduz também o controle político de uns sobre outros. Não se pode, por-
tanto, discutir a questão da disciplina sem relacioná-la com o poder. Ou seja, trata-se de perceber
como no interior da empresa é estabelecido um sistema de dominação em que os que detêm os meios
de produção, ou o representam, têm o poder.
1
O comprador da força de trabalho ou da capacidade de trabalho não se limita a usá-la somente durante
o tempo necessário para repor o valor da força de trabalho, mas, sim, durante um tempo além dele, quando
o trabalhador produzirá, então, um valor excedente, ou uma mais-valia, da qual o capitalista se apropria.
Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola.
22
Enfatize  para  os  alunos  que,  no  processo
de produção capitalista, temos não só a pro-
dução  de  mercadorias,  mas  essencialmente  a
produção de relações sociais. Se há capitalis-
tas e trabalhadores, isso implica não só posi-
ções definidas no processo de produção, mas
também  na  sociedade.  Diferentemente  dos
animais, é possível nos seres humanos a sepa-
ração entre a concepção e a execução do tra-
balho;  ou  seja,  o  trabalho  pode  resultar  da
concepção  de  uma  pessoa  e  a  execução  de
outra. Isso é produto da divisão do trabalho.
Para os trabalhadores, entretanto, a coope-
ração imposta pela divisão do trabalho não sig-
nifica a percepção de sua força como grupo. A
relação que estabelecem é com o capital, e não
entre si. O trabalhador torna-se incapaz de per-
ceber que a riqueza que ele desenvolve é produ-
to de seu trabalho, como também não consegue
se  reconhecer  no  produto  de  seu  trabalho.  A
consequência da divisão do trabalho é a sepa-
ração, no processo de trabalho, entre concepção
e execução do trabalho. A decisão sobre o que
produzir  e  como  produzir  não  é  mais  respon-
sabilidade do trabalhador, mas, sim, do capital
ou seus representantes. Além disso, o produto,
a mercadoria, não resulta de seu trabalho indi-
vidual, e sim do trabalho de todos. Ele realiza
apenas uma parte dela e, assim, o produto do
trabalho, a mercadoria, aparece ao trabalhador
como algo alheio, estranho a ele. A relação do
trabalhador com o produto de seu trabalho é,
portanto, de alheamento, de estranhamento. O
trabalhador, que colocou a sua vida no objeto,
agora  se  defronta  com  ele,  como  se  a  coisa,  a
mercadoria, tivesse vida própria, independente,
e fosse dotada de um poder diante dele. De fato,
assim como o trabalho já não lhe pertence, mas
a um outro homem (o proprietário dos meios de
produção), o produto de seu trabalho igualmen-
te não lhe pertence. Esse processo é o que Marx
chama  de  relação  alienada  do  homem  com
outro homem, com o produto de seu trabalho
e com o trabalho. Para Marx, então, o trabalho
livre, assalariado, é trabalho alienado.
Encerre  essa  discussão  pedindo  aos  alu-
nos para retomarem a leitura do canto XII do
poema  de  Carlos  Brandão.  Verifique  se  os
alunos são capazes, depois da explicação dada,
de compreender como a submissão do traba-
lhador  ao  capital  e  o  trabalho  alienado  são
apresentados na forma poética.
Proposta de Situação de Avaliação
Peça  aos  alunos  que  releiam  o  poema  de
Carlos Brandão, escolham três cantos e façam
uma análise tendo como referência a discussão
sobre o trabalho desenvolvida nas aulas.
Sociologia - 2a série - Volume 3
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 3
TRANSFORMAÇÕES NO MUNDO DO TRABALHO:
EMPREGO E DESEMPREGO NA ATUALIDADE
Tempo previsto: 3 aulas.
Conteúdos e temas: categorias de emprego e desemprego na atualidade; perfil dos trabalhado-
res mais atingidos pelo desemprego no Brasil; transformações no mundo do trabalho e suas
consequências para os trabalhadores.
Competências e habilidades: tornar o aluno apto a compreender a realidade do desemprego
sob  uma  perspectiva  sociológica,  ter  clareza  a  respeito  de  quem  são  os  mais  atingidos  pelo
desemprego  no  Brasil,  e  perceber  os  fatores  das  transformações  que  afetam  o  trabalho  e  a
vida dos trabalhadores; desenvolver a capacidade crítica dos alunos; desenvolver habilidades
de leitura, produção de textos contínuos e expressão oral.
Estratégias: aula dialogada; leitura de textos e de gráficos; trabalho em grupo.
Recursos: discussão em sala de aula; textos e gráficos.
Avaliação: trabalho em grupo; texto dissertativo.
Sondagem e sensibilização
Inicie  esta  etapa  perguntando  aos  alunos:
Qual  é  a  importância  do  trabalho  na  vida  das
pessoas? Por que as pessoas trabalham? O que
significa o desemprego na vida das pessoas? Por
que as pessoas ficam desempregadas?
Deixe-os se manifestar e incentive o debate e
a troca de ideias entre eles. As respostas expressa-
rão, provavelmente, a experiência de cada um ou
de seus familiares e amigos, tanto com relação
ao trabalho como com relação ao desemprego.
Anote  na  lousa  elementos  significativos  des-
sa   discussão,   separando   em   uma   coluna   as
opiniões negativas e em outra as positivas. No
caso  das  duas  primeiras  perguntas,  que  se  re-
ferem  ao  trabalho  e  ao  emprego,  os  alunos
poderão responder que a importância do traba-
lho relaciona-se com a necessidade de garantir os
meios de vida do trabalhador e de sua família,
conforme  aprenderam  nas  aulas  anteriores.
Sem trabalho as pessoas não sobrevivem, não
têm  casa  para  morar,  alimentos,  roupas,  cal-
çados, não podem estudar, não têm lazer. Mas
suas respostas podem indicar, igualmente, uma
ética do trabalho, invocando valores como ho-
nestidade, dignidade, independência, autorrea-
lização. Os alunos, contudo, poderão expressar
a sua insatisfação com o trabalho, negando es-
ses valores ao considerar o trabalho como uma
carga imposta aos indivíduos e demonstrar me-
nosprezo por aqueles que trabalham.
Os  alunos  terão,  possivelmente,  uma  com-
preensão  mais  clara  a  respeito  do  desempre-
go  e  sobre  as  consequências  para  a  vida  das
pessoas se eles, ou seus familiares, já passaram
pela experiência da exclusão ou tiveram dificul-
dade de inserção no mercado de trabalho. No
entanto,  talvez  não  consigam  explicar  as  cau-
sas do desemprego, e você pode pedir a eles que
23
tenham  como  referência  a  situação  de  pessoas
desempregadas   que   conhecem,   procurando
entender por que estão nessa situação. Proponha
que eles façam a Pesquisa em Grupo do Caderno
do Aluno, como tarefa extra-aula, com o objeti-
vo de encontrar explicações para o desemprego:
Quais motivos as pessoas atribuem para o fato de
estarem desempregadas? Organize os alunos em
grupos de cinco e peça que cada grupo realize
uma entrevista com uma pessoa que algum deles
conheça e que esteja desempregada. Na entre-
vista eles devem fazer as perguntas que foram
colocadas no início desta etapa de sensibilização
e devem anotar osseguintes dados do entrevis-
tado: idade, sexo, profissão. Os resultados dessa
pesquisa serão analisados no início da Etapa 2.
Etapa 1 – Mercado de Trabalho:
emprego e desemprego
Inicie a discussão a respeito do mercado de
trabalho dirigindo a atenção dos alunos para o
gráfico, que também está no Caderno do Aluno,
com a distribuição das pessoas que estão ocu-
padas  em  algum  tipo  de  atividade,  segundo  a
posição  que  ocupam.  Esse  gráfico  é  parte  de
uma pesquisa sobre condições de vida.
A Pesquisa de Condições de Vida foi apli-
cada em amostra de cerca de 20 mil domicílios,
representativa da população paulista residen-
te  em  área  urbana.  Foram  visitados  cerca  de
150  municípios  do  interior  do  Estado,  além
dos pertencentes às três regiões metropolitanas
– São Paulo, Baixada Santista e Campinas –,
com  o  intuito  de  oferecer  um  panorama  da
situação socioeconômica da população urba-
na  paulista.  A  pesquisa  foi  realizada  entre
junho  e  novembro  de  2006,  em  domicílios
localizados  nas  áreas  urbanas,  que  concen-
travam,  naquele  ano,  93,7%  da  população
residente no Estado de São Paulo. (Pesquisa
de  Condições  de  Vida  –  Fundação  Seade  –
Disponível  em:  <http://www.seade.gov.br/
produtos/pcv/pdfs/publicacao_completa_
pcv_2006.pdf>.  Acesso  em:  21  mar.  2013.
Realizada no Estado de São Paulo).
Gráfico 1 – Distribuição dos ocupados, segundo posição na ocupação
Estado de São Paulo 2006
Empregadores
3%
Empregados
domésticos
10%
Demais
4%
Assalariados
com carteira
43%
Autônomos
19%
Assalariados
64%
Assalariados
sem carteira
12%
Assalariados
do setor
público
9%
Fonte: Casa Civil; Fundação Seade. Pesquisa de Condições de Vida – PCV.
Disponível em: <http://www.seade.gov.br/produtos/pcv/pdfs/mercado_de_trabalho.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2013.
24
Sociologia - 2a série - Volume 3
Procure  reproduzir  na  lousa  o  gráfico
no  formato  de  um  queijo  e  as  fatias  recor-
tadas.  Os  alunos  também  podem  acompa-
nhá-lo no Caderno do Aluno. Explique-lhes
que  cada  uma  delas  representa  a  proporção
de  pessoas  em  cada  uma  dessas  ocupações.
Assinale  que  a  maior  parte,  64%,  é  de  assa-
lariados  e  peça  que  eles  indiquem  quais  as
outras  ocupações  que  aparecem  no  gráfi-
co  e  quais  as  respectivas  porcentagens.  Em
seguida,  chame  a  atenção  para  a  coluna  em
azul.  Ela  se  refere  apenas  aos  64%  de  assa-
lariados,  e  especifica  a  proporção  daqueles
que têm carteira de trabalho assinada (43%),
os  que  trabalham  mas  não  têm  o  registro
em  carteira  (12%)  e  o  total  de  assalariados
do  setor  público  (9%).  Pergunte  aos  alunos:
Vocês consideram importante ter um emprego
com carteira assinada? Quais as vantagens de
um emprego desse tipo? Espere as respostas e
destaque os direitos garantidos por essa for-
ma de trabalho:
1. Acesso ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). O FGTS é um valor depositado men-
salmente na Caixa Econômica Federal, pelo empregador, em conta no nome do empregado, que
tem por finalidade protegê-lo na hipótese de desemprego involuntário, ou seja, caso ele seja demi-
tido da empresa ou adquira determinadas doenças. Ele também pode ser retirado pelo empregado no
momento da compra de um imóvel;
2. Férias remuneradas;
3. 13º salário;
4. Em alguns casos, direito a seguro-desemprego;
5. Inscrição no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que garante o direito à aposentadoria.
Lembre  aos  alunos  que  os  assalariados
sem carteira assinada não têm acesso a esses
direitos.  E,  apesar  de  existir  uma  legislação
que obriga o registro em carteira dos empre-
gados domésticos e lhes garanta férias remu-
neradas,  13º  salário  e  inscrição  no  INSS,
ainda é grande a proporção desses emprega-
dos que não são registrados e, portanto, são
privados desses direitos.
Já  o  trabalhador  autônomo  deve  se  inscre-
ver   na   Prefeitura,   pagar   alguns   impostos   e
contribuir  para  o  INSS,  o  que  lhe  garante  a
aposentadoria  e  recebimento  de  alguns  bene-
fícios  na  hipótese  de  doença  que  o  impeça  de
realizar seu trabalho. Contudo, ele não tem direi-
to a seguro-desemprego, ao FGTS, nem a férias
remuneradas ou a 13º salário, por exemplo.
Inicie  a  discussão  sobre  outro  aspecto  da
vida  dos  trabalhadores,  que  diz  respeito  às
pessoas que, ao contrário das anteriores, estão
excluídas do mercado de trabalho. Solicite aos
alunos que observem o gráfico com as taxas de
desemprego e de participação, que se encontra
também no Caderno do Aluno:
25
63,0
58,9
55,2
                                                                  
53,8
          
54,0
48,9
15,3
20,7
                            
19,5
16,8
         
16,0
                                                                  
16,5
11,3
Aglomerado
Central-Norte
RA
SJC
RA
Campinas
RA
Sorocaba
Aglomerado
Noroeste
ESP
RA
Registro
RMS
RMBS
RMCGráfico 2 – Taxas de desemprego e de participação
Estado de São Paulo 2006
75,0
Taxa de Desemprego      Taxa de participação
Metropolitanas
Demais60,0
45,0
30,0
15,0
0,0
Regiões
Regiões
Fonte: Casa Civil; Fundação Seade. Pesquisa de Condições de Vida – PCV.
Disponível em: <http://www.seade.gov.br/produtos/pcv/pdfs/mercado_de_trabalho.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2013.
26
Como  não  se  trata  de  um  gráfico  de  fácil
entendimento, inicie a discussão esclarecendo,
em primeiro lugar, o significado das siglas colo-
cadas abaixo das colunas azuis e amarelas:
f  Regiões   Metropolitanas:   RMS   –   Região
Metropolitana    de    São    Paulo;    RMBS
–    Região    Metropolitana    da    Baixada
Santista; RMC – Região Metropolitana de
Campinas.
f  RA – Regiões Administrativas de Campinas,
Registro, Sorocaba e São José dos Campos.
f  AglomeradosUrbanos: Central-Norte, forma-
do pelas Regiões Administrativas Centrais de
Bauru, Franca e Ribeirão Preto; e Noroeste,
formado   pelas   Regiões   Administrativas
de Araçatuba, Barretos, Marília, Presidente
Prudente e São José do Rio Preto.
Além disso, esclareça o significado de Taxa
de Participação: proporção de pessoas com 10
anos ou mais que estavam trabalhando ou pro-
curando emprego; e o de Taxa de Desemprego:
proporção de pessoas com 10 anos ou mais que
não estavam trabalhando.
Sociologia - 2a série - Volume 3
Em  seguida,  chame  a  atenção  dos  alunos
para  as  duas  primeiras  colunas  à  esquerda;
elas  indicam  as  taxas  globais  de  participa-
ção  (a  amarela)  e  de  desemprego  (azul)  para
o Estado de São Paulo – 58,9% e 15,3%, res-
pectivamente.  Pergunte  aos  alunos:  Qual  é  a
região que apresenta a taxa mais alta de parti-
cipação? Olhando o gráfico, eles deverão apon-
tar a Região Metropolitana de São Paulo, com
63%,  ou  seja,  em  cada  100  pessoas,  63  esta-
vam  trabalhando  ou  procurando  emprego.  E
qual a região com a menor taxa? É a região de
Registro, com apenas 48,9%, ou seja, um pouco
mais da metade da população não trabalhou ou
procurou emprego no ano de 2006. Explique o
significado  disso:  trata-se  de  uma  região  que
oferece  poucas  oportunidades  de  trabalho  e,
como consequência, temos a alta taxa de pes-
soas à margem do mercado de trabalho.
Dirija  o  olhar  dos  alunos  para  as  colunas
azuis e pergunte: Quais as regiões que apresentam
a taxa mais alta e a mais baixa de desemprego?
A  resposta  dos  alunos  deve  indicar,  com  as
menores  taxas,  a  região  de  Campinas,  seja
a  metropolitana,  seja  a  administrativa,  e  a
do  Aglomerado  Central-Norte,  com  pouco

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