Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Rotação de culturas em sistemas agropecuários Professor: Dr. Paulo Cesar Conceição Introdução Preparo Convencional do solo � Utilizado por várias décadas � Aração do solo (preparo primário): - Pratica milenar, trazida das regiões de clima temperado -Uso de arados de discos/ aivecas - Necessitava de maior potência do motor - Maior revolvimento do solo (corta e revolve o solo) Introdução Preparo Convencional do solo � Objetivos da aração: -Controle mecânico de invasoras - Facilidade na semeadura - Incorporação de fertilizantes � Principais problemas: -Desagregação dos solo -Baixa cobertura superficial (< 10 %) -Compactação subsuperficial -Erosão hídrica Introdução Preparo Convencional do solo � Gradagem do solo (preparo secundário) - Preparo de “acabamento” para destorroar e nivelar a superfície do solo � Grades de disco A)Pesadas -70% nas áreas de PC no Paraná (maior rendimento comparado com o arado). -Alta desagregação -Incorporação de 80 a 90% da palhada -Pé-de-grade Introdução Preparo Convencional do solo � B) Grades Niveladoras - Operação a 10 cm (específica para preparo secundário) -Alta desagregação -Usada para incorporação de corretivos e fertilizantes - Pé-de-grade Introdução Condição ideal para : Germinação e emergência das plantas � Acreditava-se que as práticas eram necessárias para: -Quebrar a crosta superficial -Aumentar a aeração - Controlar as ervas daninhas - Desenvolvimento das raízes -Facilitar a penetração de água (chuva) Introdução Deslocamnto de partículas do solo por "splash", em terreno plano e em terreno declivoso. Fonte: LAGEF - Laboratório de Geografia Física Geomorfogia Introdução Introdução Sistema de Plantio Direto ( SPD) � Desenvolvido na Inglaterra (1955) - redução da erosão hídrica � EUA - década 60 � Brasil (1972) – Herbert Bartz (Rolândia-PR) � ±33 milhões de hectares (SPD) Princípios do SPD � Presença de palha em superfície � Rotação de culturas �Mínimo revolvimento do solo – sulco de semeadura Introdução � Vantagens do SPD ao solo - Diminuição da erosão e promoção da conservação do solo e da água - Aumento do teor de matéria orgânica e de carbono do solo; - Aumento da fertilidade do solo e da reciclagem de nutrientes; - Aumento da estabilidade da estrutura física do solo; - Aumento da atividade biológica do solo; - Menor compactação do solo; - Maior infiltração da água e reposição da água subterrânea; Quanto de palha deve-se adicionar ao solo? �Controle de erosão �Melhorar o solo Quanto de palha deve-se adicionar ao solo? �Controle de erosão 6t/ha/ano �Melhorar o solo 12 t/ha/ano 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 -0,6 -0,5 -0,4 -0,3 -0,2 -0,1 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 17,09,03,0 MS adicionada ao solo (t/ha/ano) PC PD Lovato (2001) 19,5 o C 1347 mm/ano 31% argila Paustian et al. (1997) 5,4 o C 570 mm/ano 35% argila V a r i a ç ã o n o e s t o q u e d e C O s o l o ( t / h a / a n o ) PC SISTEMAS DE MANEJO CONSERVACIONISTA DO SOLO � Preconizam: Cobertura do solo Mínimo revolvimento do solo Rotação de culturas Preparo Convencional Plantio Direto � Interesse por plantas de cobertura do solo Substituição do sistema de preparo do solo Plantas de coberturas � Adubação verde : - Prática milenar (3.000 anos) •Chineses •Gregos •Romanos Indicavam o plantio de tremoço e outras leguminosas, para melhoria do solo e aumento da produtividade dos cultivos seguintes - Brasil : Recomendada por Dutra (1919) Qual a diferença entre ? � Adubos verdes �Plantas de cobertura �Plantas forrageiras �ADUBOS VERDES: É uma prática conservacionista, onde certas espécies cultivadas, quando atingem estádio fenológico são INCORPORADAS ao solo �Objetivo - aumentar capacidade produtiva • PLANTAS DE COBERTURA: PERMANECEM NA SUPERFÍCIE do solo, atuam na proteção e melhoria dos solos, mas necessitam de um período maior de tempo para estabelecimento dos efeitos. �PLANTAS FORRAGEIRAS: São utilizadas basicamente para ALIMENTAÇÃO ANIMAL (resíduos servem como cobertura). Benefícios das Plantas de Cobertura do Solo � Relacionados a qualidade do solo: - Química: Ciclagem de nutrientes Incremento de MO -Físicos: Proteger o solo contra a ação da gota da chuva Descompactação do solo (espécies com sistema radicular agressivo) Manutenção da umidade do solo -Biológicos: Produção de substancias que auxiliam na agregação Decomposição da MO Cuidados com a escolha das plantas de cobertura �Escolher espécies que não sejam hospedeiras de pragas e doenças das culturas de interesse econômico, que serão cultivadas em sucessão �Evitar o uso de espécies da mesma família Espécies para Cobertura do solo Espécies de cobertura para Outono/Inverno.Espécies de cobertura para Outono/Inverno. Aveia-Preta (Avena strigosa ) �Gramínea (Poaceae) anual; �Baixa T°C no início do ciclo = perfilhamento; � T°C ideal: 20-25°C favorecem o desenvolvimento; � Semeadura: abril a maio � Pode ser usado em ILP- plantas de cobertura e forragem (pastejo direto, feno ou silagem); �Manejo: fase de grão leitoso (120 a 140 dias) Benefícios: � Auxilia na redução da população de patógenos e nematóides; � Influencia no controle de plantas daninhas; � Recicladora de nutrientes. Aos 78 DAS As principais espécies de inverno usadas na região, são: Azevém (Lolium multiflorum Lam.) Aos 78 DAS � Gramínea anual hibernal; � Crescimento lento sob-baixas T°C; � T°C ideal: 18-20°C favorecem o aumento de matéria seca (sensível a seca); � Semeadura: março a abril � Pode ser usado em ILP- Cobertura do solo e forrageira (boa produção de forragem, bom rebrote, resistência ao pastejo, suporta altas lotações, apresenta alta qualidade nutritiva e boa palatabilidade) Benefícios: � Excelente cobertura do solo; � Permanência em cobertura; � Alta ressemeadura natural (pode ser positivo ou negativo – depende da cultura que entra em rotação. Trigo???); Centeio (Secale cereale) �Gramínea anual hibernal; � Sob-baixas T°C (próx. 0°C) na fase inicial = maior potencial de rendimento de massa verde; � T°C ideal: 25-31°C (frios e secos precocidade); � Semeadura: a partir de março; � Pode ser usado em ILP- Cobertura do solo e potencial forrageira; Benefícios: � A biomassa possui potencial de reduzir o crescimento de plantas daninhas (alelopatia e físico); �Melhora a estrutura física do solo; � Permanência em cobertura; Aos 78 DAS Ervilhaca Comum (Vicia sativa L.) � Leguminosa anual de inverno; � Semeadura: abril a maio � Ciclo até o florescimento e manejo: 140 a 160 dias � Ciclo completo: ± 200 dias � Pode ser usado em ILP- Cobertura do solo e forrageira para pastagem, silagem e excelente para consórcio com gramíneas (aveia, azevém, centeio, etc.). Propícia uma boa digestibilidade e boa palatabilidade. Benefícios: � Potencial de cobertura do solo; � Eficiente na fixação de N atmosférico (46 kg de N por tonelada de massa seca: ± 120 kg de N ha) ; � Excelente para rotação de culturas - milho; � Baixa permanência sobre o solo; Aos 78 DAS Nabo-Forrageiro (Raphanus sativus L.) � Crucífera (Cruciferae), é uma planta anual; � Semeadura: abril a maio � Ciclo até o florescimento: 80 dias� Ciclo completo: 120 dias � Pode ser usado em ILP- Usado com pouca frequência para pastejo (em consórcio com aveia). � Pasto apícola � Benefícios: � Eficiente na ciclagem de nutrientes (nitrogênio, fósforo); � Rápido crescimento inicial; � Potencial de descompactação (sistema radicular pivotante profundo, com raiz tuberosa); � Baixa permanência no solo; Aos 78 DAS Fig. 2Fig. 1 Espécies para Cobertura do Solo Espécies de primavera/verão: Milheto (Pennisetum glaucum (L) R. Brown � Gramínea anual (alto perfilhamento); � Clima: Tropical � Manejo (floração): 60 dias � Ciclo: 45 a 55 dias � Forrageira de Verão: usada para silagem, pastejo direto e feno, com potencial como cobertura de solo (indicada para ILP). � Obs: Desuniformidade de floração (se não manejada adequadamente pode gerar rebrote ou germinação de sementes) � Benefícios: � Sistema radicular profundo (3,6m); � Capacidade de adaptar-se a solos com baixa fertilidade; � Altamente eficiente em reciclar potássio; � Rápida cobertura do solo; � Efeito redutor de nematóides; Sorgo (Sorghum bicolor) � Gramínea anual � Clima: Tropical � Ciclo: 100 a 120 dias � Forrageira de Verão: usada para silagem, pastejo direto, produção de grãos. � Matéria seca: até 20 a 30 t ha-¹ (em dois cortes) � Obs: Resíduos como cobertura do solo – cultura subsequente (aveia, azevém, trigo, ervilhaca, nabo forrageiro, canola....) � � Benefícios: � Boa alternativa para safrinha � Bastante rústica em termos de solo � Adaptado ás varias regiões do Brasil; Estilosantes (Stylosanthes spp.) � Leguminosa (anual ou perene); � Clima: Tropical (Quente e Úmido) � Hábito de crescimento: semi-ereto � Forrageira: leguminosa recomendada para pastagens, principalmente em consórcio com gramínea. � Obs: recomenda-se não se utilizar mais que 40% de estilosantes em consórcios - tóxico � Benefícios: � Consorcia-se bem com panicuns(tanzânia, bombaça, colonião); � Palatabilidade (média-alta); � Aceita sombreamento; � Fixação de N (180 kg há-¹ de N) � Rico em proteína (16 a 18%); Calopogônio (Calopogonium mucunoides Desv. ) � Leguminosa (anual ou perene); � Clima: Tropical (Quente e Úmido) � Forrageira: usada principalmente como cobertura do solo e adubação verde, em plantações perenes. � Como forrageira, todas as partes servem para alimentação de bovinos (baixa aceitabilidade - pilosidade) � Obs: Susceptível a nematóide de galhas; � Se dissemina naturalmente em cond. favoráveis (planta invasora); � Não tolera sombreamento; � Não tolera desfolhação frequente ou severa; � Não tolera frio (geadas) � Benefícios: � Fixação de N atmosférico; � Não contém fatores tóxicos; � Potencial para ser pioneira (redução de erosão e fertilidade do solo); � Muito rico em proteína (16%); Puerária (Pueraria phaseoloides (Roxb.) Benth. Var. phaseoloides. � Leguminosa herbácea perene; � Clima: Tropical (Quente e Úmido) � Forrageira: pode ser usada em pastos exclusivos e consorciados com gramínea, bancos de proteínas para pastejo, forragem verde cortada, feno e silagem. � Obs: Apresenta tolerância moderada ao sombreamento; � Benefícios: � Potencial para cobertura do solo em culturas perenes; � Fixação de N atmosférico (fonte de proteína); � Muito rico em proteína (12 a 24%) e palatável; Soja Perene (Neonotonia wightii (Wight e Arn.) J.A. Lackey � Leguminosa herbácea perene; � Clima: Tropical (Quente e Úmido) � Forrageira: pode ser usada para pastejo, corte e fornecimento como forragem verde; produção de feno. � Como adubação verde e cobertura permanente do solo em sistemas agroflorestais e com fruteiras. Benefícios: � Fixação de N atmosférico (fonte de proteína); � Muito rico em proteína (20%) na massa seca total; � Alta resistência à seca, ao pisoteio; � Leguminosa arbustiva de ciclo anual, bianual ou semiperene; � Semeadura: Setembro-Novembro � Manejo (floração): 94 a 137dias � Clima: tropical e subtropical � Forrageira: Potencial para pastejo consorciada com gramíneas, feno, consórcio usados para silagem (milho e sorgo), tanto na forma de forragem fresca e como consumo direto de grãos. � Obs: Sensível a geada. � Benefícios: � Resistência a seca; � Baixa exigência em fertilidade do solo; � Sistema radicular pivotante, vigoroso e profundo (3m) Guandu (Cajanus cajan (L). Millsp ROTAÇÃO DE CULTURAS Rotação de culturas � Prática agrícola recomendada há muito tempo; � Necessidade de trocar as culturas. �� DefiniDefiniççãoão: � Consiste em alternar, anualmente, espécies vegetais numa mesma área agrícola. As espécies escolhidas devem ter, ao mesmo tempo, propósitos comercial e de recuperação do solo. � Para ser eficiente : CULTURAS COMERCIAIS + PRODUCULTURAS COMERCIAIS + PRODUÇÇÃO DE BIOMASSA ÃO DE BIOMASSA (rápido crescimento) Rotação de Culturas Espécies Forrageiras (ILP) OU Plantas de Cobertura (gramíneas e leguminosas) Soja, Milho, Arroz, Feijão, Canola, Trigo.... Cultivos Isolados ou Consorciadas com Culturas Comerciais Rotação de culturas � Em que deve-se basear a escolha as espécies ? - Na diversidade botânica, escolhendo plantas com: - Diferentes sistemas radiculares; -Hábitos de crescimento; -Exigências nutricionais; -Ciclo compatível com a entre safra (cultura comercial) ROTAÇÃO EXCLUSIVA DE PRIMAVERA/VERÃO: �Modalidade mais antiga e tradicional; � Plantio de coberturas (adubos verdes) durante verão (setembro a janeiro – período de chuvas); � VANTAGEM: alta produção de massa vegetal e produção do solo (período de chuvas); � DESVANTAGEM: ocupação do solo – cultivo de culturas principais; � Divisão da propriedade em glebas; Rotação exclusiva de primavera/verão: Área de pastagem anual ROTAÇÃO EXCLUSIVA DE OUTONO/INVERNO: �Usada principalmente no Sul do Brasil; VANTAGENS: - Proteção do solo durante o período sem uso POUSIO....(erosão, infestação de plantas daninhas); - Possibilita produção de forragem na época de maior escassez de alimento para o gado (ILP); Fonte: Ambrosano et al., 2005 Fonte: Ambrosano et al., 2005 O que precisamos conhecer pra definir qual rotação de culturas utilizar � Objetivo do sistema de produção - principal: - Lavouras – grãos; - Pecuária – pastejo; - Integração lavoura-pecuária; � Clima: -Distribuição da temperatura e precipitação; � Condição do solo: � Alto, média ou baixa fertilidade; � Nível de mecanização: - Manual, animal, tratorizada, implementos, ...; � Espécies vegetais disponíveis: � Verão e inverno; � Conhecer processo de cultivo: plantio até manejo da cobertura; � Gramíneas, leguminosas, brássicas; � Usos possíveis (grãos, pastejo, cobertura, ...) O que precisamos conhecer antes de definir as culturas do sistemas de rotação ? Espécies Anuais - PR Verão inverno Lavouras Pastagens Cobertura Milho, soja, feijão, arroz, girassol, sorgo, milheto, mandioca, fumo, algodão, olerícolas, ... Milheto, sorgo, sudão e trevos. Aveias, azevém, trigo duplo propósito, centeio, triticale, trevos, cornichão e ervilhaca. Crotalária, ervilha, feijão de porco, guandu e mucunas. + pastagens Tremoços e nabo forrageiro. + pastagens Aveias, trigo, cevada, canola, centeio e triticale. Exemplo de rotação para o inverno Plantas de cobertura Plantas de cobertura Plantas de cobertura Ervilhaca aveia milho nabo trigo soja cevada soja Ervilhaca centeio nabo milho Ano 1Ano 2 inverno verão outono inverno verãoÁrea 1 2 A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F MMeses 7,0 9,0 2,0 3,0 3,0 Exemplo de rotação de cultura, ½ de soja e ½ de milho milheto crotalária feijão soja Ano 1 Ano 3 inverno verão inverno verãoÁrea 1 2 Ano 2 inverno verão 3 Exemplo de rotação �2/3 de soja e 1/3 de milho; sem pastejo inverno Aveiamilho Nabo tremoço trigo soja soja Ervilhaca centeio nabo milho trigo soja Ervilhaca centeio nabo milho trigo soja Aveia milho Nabo tremoço Aveia soja soja Ervilhaca centeio nabo milho Ano 1 Ano 3 inverno verão inverno verãoÁrea 1 2 Ano 2 inverno verão 3 Aveia soja Ervilhaca centeio nabo milho Aveia soja Azevém Azevém Azevém Azevém Exemplo de rotação �2/3 de soja e 1/3 de milho; 2/3 pastejo inverno milho soja soja milho Ano 1 Ano 3 inverno verão inverno verãoÁrea 1 2 Ano 2 inverno verão 3 Aveia soja milho soja Azevém Exemplo de rotação �2/3 de soja e 1/3 de milho; pastejo total inverno Aveia Azevém Aveia Azevém Sistema Santanna Sistema Santa Fé ILP Integração lavoura- pecuária Sistema Integração lavoura-pecuária Integração lavoura- pecuária ( ILP) �Maracajú, MS - 1989 �Fazenda Cabeceira O que é ILP ? �Segundo Alvarenga et al. 2007 A integração lavoura-pecuária é a diversificação, rotação, consorciação ou sucessão das atividades agrícolas e pecuárias dentro da propriedade rural de forma planejada, constituindo um mesmo sistema, de tal maneira que há benefícios para ambas. Vantagens da ILP • Melhorias na qualidade física do solo: - Aumento da estabilidade de agregados - Diminuição da densidade aparente - Diminuição da compactação - Aumento da infiltração de água Vantagens da ILP • Melhorias na qualidade química do solo: - Aumentos dos teores de MOS - Melhoria da fertilidade insumos da lavoura Macro e mesofauna ciclagem de nutrientes Desvantagens da ILP �Compactação do solo - Diminuição da porosidade e da densidade do solo - Diminuição da infiltração de água �Pouca palhada (superpastejo) O que a ILP preconiza �Mais pasto �Menos animais �Sobrar palha!
Compartilhar