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Estudo de Impacto de Vizinhança EIV

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DEFINIÇÃO
01
2
REGULAMENTAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO
DO ESTUDO DE IMPACTO DE
VIZINHANÇA (EIV)
Benny Schvasberg
Conforme preconizado pelo Estatuto da Cidade, o EIV – Estudo de Impacto de Vizinhança 
constitui um instrumento da política urbana municipal, instituído pelo Estatuto da Cidade, Lei Federal 
nº. 10.257/01, destinado a promover uma melhor distribuição de benefícios e ônus do processo de 
urbanização.
O EIV, assim como os demais instrumentos de política urbana, vincula-se aos princípios 
constitucionais do cumprimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, especialmente: 
 A promoção da gestão urbana democrática e participativa; 
 O planejamento do desenvolvimento das cidades, da distribuição espacial da população e das 
atividades econômicas no território municipal, de modo a evitar e corrigir distorções do crescimento 
urbano e seus efeitos negativos sobre o meio ambiente; 
 A ordenação e controle do uso do solo, para evitar: 
a) a utilização inadequada dos imóveis urbanos; 
b) a proximidade de usos incompatíveis ou inconvenientes; 
c) o parcelamento do solo, a edificação ou o uso excessivo ou inadequado em relação à infraestrutura 
urbana; 
d) a instalação de empreendimentos ou atividades que possam funcionar como pólos geradores de 
tráfego, sem a previsão da infraestrutura correspondente.
Nesse contexto, o papel precípuo do EIV é analisar e informar previamente à gestão territorial quanto 
às repercussões da implantação de um empreendimento no território, para que seja avaliado na ótica da 
harmonia entre os interesses particulares e o interesse público.
Desse modo, três aspectos do EIV ficam bem demarcados nestas definições, como veremos a seguir. 
O EIV como estudo de natureza técnica
O EIV é um documento técnico cuja elaboração é, via de regra, prévia à aprovação, autorização de 
construção e licenciamento de determinadas atividades e empreendimentos, públicos ou privados, a 
fim de examinar ex-ante as consequências positivas e negativas de sua implantação sobre a 
vizinhança. Ele orienta tanto a prefeitura no julgamento e análise de projetos potencialmente geradores 
de impacto urbano, quanto aos moradores sobre aqueles impactos.
02
A partir do EIV, é possível negociar alterações otimizadoras na concepção arquitetônica e urbanística 
de projetos para que promovam, por exemplo, alterações na área construída, na disponibilidade de 
áreas verdes ou de uso comunitário no interior do empreendimento, resultando em maior eficiência e 
eficácia em termos da infraestrutura urbana a ser utilizada. Por essas razões é recomendável, sempre 
que possível, a realização do EIV prévio.
No entanto, o EIV pode também ser elaborado após o empreendimento ser parcial ou integralmente 
implementado. Nesse caso, possui um caráter de avaliação pós-ocupação, quando a implantação do 
empreendimento passou a interferir de alguma forma na vizinhança. O pressuposto do EIV pós-
implantação é que os impactos negativos de vizinhança avaliados não podem ser considerados como 
“fato consumado”, mas como passiveis de medidas mitigadoras, mesmo que a posteriori. Inclusive, 
considerando a existência de eventuais fatos urbanos novos posteriores à implantação do 
empreendimento, que deverão ser agregados aos conteúdos do EIV.
O EIV como instrumento de política urbana e de garantia do cumprimento 
da função social da cidade
A elaboração do EIV, sobretudo de forma prévia à aprovação e licenciamento do empreendimento, 
pode antecipar e minimizar problemas e dores de cabeça para a comunidade, os quais só seriam 
sofridos posteriormente. Contudo, apesar da possibilidade de ensejar mudanças projetuais, o EIV não 
pode ser considerado um instrumento de controle edilício como o Código de Obras e Edificações. O 
instrumento destina-se a garantir o bem-estar social e os direitos coletivos da população ao ambiente 
urbano saudável e não a regulamentar a elaboração de projetos e obras de modo geral.
Um empreendimento em conformidade com as regras urbanísticas e edilícias vigentes pode estar 
sujeito a EIV, caso represente causa de impactos em potencial, os quais (juntamente com as formas e 
medidas de mitigação) não são, na maioria dos casos, previstos nas normas e legislação urbanística em 
vigor. Assim, identificados os impactos gerados e sua magnitude, o licenciamento pode ser 
condicionado à adoção de medidas mitigadoras ou mesmo negado. Essa possibilidade representa uma 
grande inovação na cultura técnica de licenciamento, que, tradicionalmente, tende a se restringir à 
análise de conformidade – urbanística e edilícia – dos projetos, atividades e ou empreendimentos a 
partir dos regramentos gerais estabelecidos.
O EIV se constitui, assim, em instrumento efetivo de gestão urbana, podendo inclusive ser uma fonte 
de economia para o setor público que teria que arcar com custos decorrentes de ações necessárias para a 
mitigação daqueles impactos.
03
O EIV como instrumento de mediação de conflitos
O EIV consiste em uma nova estratégia de gestão que incorpora a ideia de participação do cidadão em 
processos decisórios sobre o destino da cidade. Na medida em que é capaz de constituir arenas de 
diálogo nas quais a disputa de interesses particulares e coletivos pode pactuar soluções mediadas pelo 
poder público, o EIV pode funcionar como instrumento de mediação de conflitos.
A partir desse ponto, pode-se inferir que os interessados na aprovação dos projetos de 
empreendimentos sujeitos ao EIV não se limitam ao poder público, proprietários, projetistas e 
empreendedores. Incluem também a vizinhança imediata e, a depender do porte e dos impactos dos 
empreendimentos, os moradores do bairro ou da cidade em seu conjunto, contribuindo para a 
consolidação dos princípios da gestão democrática.
Atividades temporárias e esporádicas tais como festivais, feiras, eventos culturais e esportivos, 
frequentemente são geradoras de incômodos diversos e impactos de vizinhança. O EIV dessas 
atividades indica impactos e formas de mitigação ou compensações. Constitui-se, assim, em 
mecanismo que favorece as partes envolvidas – vizinhança e poder público - na pactuação de soluções 
que conciliem interesses particulares e coletivos. 
O EIV e a manutenção do interesse público 
De modo geral, a utilização do EIV é motivada pela preocupação com a ordem urbanística e pelo uso 
socialmente justo e ambientalmente equilibrado dos serviços, bens, equipamentos e infraestrutura da 
cidade, incluindo a população urbana como um ator central na decisão de implantação ou autorização 
de determinado empreendimento ou atividade na cidade.
Na cultura urbana brasileira, no entanto, não é raro se deparar com posturas conservadoras ou 
exclusivistas, tanto por parte de moradores quanto dos técnicos das prefeituras, que podem desviar a 
atenção da finalidade real do instrumento da promoção do equilíbrio entre os usos e atividades no 
território das cidades para a preservação dos interesses privados de um grupo de pessoas.
Sob esse aspecto, cabe destacar que a noção de vizinhança para fins de EIV não se limita aos vizinhos 
residentes, mas também a outras pessoas que, ainda que não sejam moradores, desenvolvem atividades 
localizadas nas proximidades da obra ou da atividade, como usuários de escolas, entidades 
assistenciais e outros que usufruem das redes de infraestrutura, serviços e equipamentos instalados.
Nesse sentido, deve-se ter cuidado para que a avaliação do EIV esteja sempre vinculada ao interesse 
público e coletivo, identificando-se, nesse processo, interesses de grupos individuais que podem gerar 
conflitos e desviar o instrumento do seu objetivo primeiro.
04
ASPECTOS E CONTEÚDOS DO EIV
O EIV deve examinar informações acerca dos mais variados aspectosdecorrentes não só da 
implantação do empreendimento ou atividade em si, mas também de seu potencial de alteração das 
características urbanas pré-existentes.
Embora os aspectos negativos tenham preponderância em razão de merecerem maior atenção nos 
conteúdos do EIV, não se deve perder de vista os impactos positivos a serem avaliados e otimizados. 
Para uma aplicação equilibrada do EIV, é imprescindível a análise da relação risco-benefício quase 
sempre envolvida na implantação da atividade ou empreendimento impactante. tanto na sua 
vizinhança imediata, quanto na vida urbana de forma mais ampla. É importante a busca de soluções 
viáveis e pactuadas para a cidade e seus diversos segmentos sociais.
O artigo 37 do Estatuto da Cidade relaciona aspectos mínimos a serem analisados no EIV tais como:
 adensamento populacional em relação aos equipamentos urbanos e comunitários disponíveis, à 
geração de tráfego e à demanda por transporte público; 
 preservação da qualidade ambiental, à luz do uso e da ocupação do solo, a ventilação e a iluminação, a 
paisagem urbana e os patrimônios natural e cultural; 
 aspectos econômicos, considerando a valorização imobiliária decorrente da instalação do novo 
empreendimento.
Todavia, o Estatuto da Cidade permite também que os municípios, na sua regulamentação, 
acrescentem outros aspectos conforme suas especificidades. 
Vamos exemplificar a seguir os aspectos de avaliação do EIV listados no artigo 37 do Estatuto da 
Cidade.
Adensamento populacional
No que se refere a quantificar o aumento populacional provocado pela implantação ou ampliação de 
atividade ou empreendimento, o acréscimo pode não ser direto, sobre a população que irá habitar o 
edifício, mas também à população atraída para o entorno por questões relacionadas ao 
empreendimento como geração de emprego ou melhorias no bairro. A estimativa de adensamento 
populacional ao longo do tempo é parâmetro útil a outras avaliações consideradas no estudo, tais 
como: capacidade da infraestrutura atual e acrescida; quantificação dos equipamentos comunitários; 
geração de tráfego e demanda por transporte público. Deve ser feita projeção de tempo para esse 
aumento populacional atingir seu limite e estabilizar, planejando a sincronia de execução dos serviços 
necessários a essa população.
05
Equipamentos urbanos e comunitários
Na Lei Federal 6.766/79, que dispõe sobre o parcelamento do solo urbano, consideram-se 
equipamentos públicos comunitários aqueles destinados à educação, cultura, saúde, lazer e similares 
(Art. 4º, §2º). Equipamentos públicos urbanos são aqueles destinados ao abastecimento de água, coleta 
e tratamento de esgotos, energia elétrica, coletas de águas pluviais, rede de telefonia e gás canalizado 
(Art. 5º, §1º). O EIV deve elencar quantidade e tipos de equipamentos comunitários existentes e sua 
capacidade de atendimento de acordo com o raio de abrangência da intervenção proposta. Deve, ainda, 
relacionar a capacidade de atendimento com a projeção de população futura, propondo a ampliação 
dos equipamentos existentes ou criação de novos para atender à demanda decorrente da implantação 
do empreendimento.
Em relação aos equipamentos públicos urbanos, o EIV deve verificar a compatibilidade entre o 
empreendimento proposto e a capacidade das redes de infraestrutura, considerando a variação no 
contingente populacional (morador e usuário) da vizinhança decorrente do empreendimento.
Uso e ocupação do solo e valorização imobiliária
Quanto ao uso e ocupação do solo, cabe ao EIV indicar as tendências de mudança de uso do solo e 
transformações urbanísticas induzidas pelo empreendimento. Existem empreendimentos que geram 
alterações profundas na dinâmica urbana local que, em médio e longo prazos, tendem a alterar a 
configuração espacial e a concentração ou dispersão de atividades e, consequentemente, os preços dos 
imóveis nas imediações. 
A valorização imobiliária pode ser fator positivo ou negativo. Em áreas degradadas, como antigos 
centros de cidade ou zonas portuárias abandonadas, a instalação de atividades geradoras de 
valorização imobiliária desperta interesses no desenvolvimento e reocupação dessas áreas. Entretanto, 
essa valorização pode ter efeitos perversos para a população residente, geralmente de baixa renda, 
como a segregação social ou expulsão “indireta” em decorrência do aumento dos aluguéis e taxas 
nesses locais. O EIV deve, então, apontar para soluções e contrapartidas que minimizem tais efeitos, 
lembrando que a valorização imobiliária privada derivada de ações públicas (obras ou alterações 
normativas) deve estar sujeita a mecanismos de recuperação de parte dessa valorização para a 
coletividade.
06
Mobilidade urbana: geração de tráfego e demanda por transporte público
Um dos maiores desafios do planejamento urbano contemporâneo é lidar com excessos de tráfego de 
veículos, especialmente particulares. A cultura do carro particular, junto à deficiência de transporte 
público e o baixo estímulo aos modos não motorizados abarrotam as cidades brasileiras e 
comprometem a mobilidade urbana. Assim, um aspecto básico dos impactos de qualquer 
empreendimento é o incremento de veículos nas imediações e seus efeitos na malha urbana. 
Interferências na mobilidade urbana durante as obras devido a fechamento parcial de vias e obstrução 
de passeios públicos é um outro aspecto da avaliação. 
Com o propósito de amenizar o impacto ao longo da implantação do empreendimento, o EIV deve 
apresentar ajustes ao traçado e dimensionamento do sistema viário, semáforos, sinalizações, entre 
outros; Para atender a população atraída pelo empreendimento, cabe elaborar um estudo de mobilidade 
quantificando o aumento do número de viagens e demanda por linhas de transporte, paradas de ônibus, 
etc.
Alerta-se para os cuidados na delimitação da área de estudo de tráfego no EIV, pois o impacto de um 
empreendimento isolado não é sentido exclusivamente na sua vizinhança imediata; ele irradia 
consequências de sobrecarga em acessos a vias e artérias próximas, uma vez que o sistema viário é 
interdependente e acumula seus efeitos.
Aspectos bioclimáticos: ventilação, iluminação e outros
O EIV deve analisar aspectos de conforto ambiental relacionados à circulação de ar, iluminação 
natural e aumento de temperatura, considerando os fatores relacionados às condições climáticas e 
regionais específicas que influenciam o microclima urbano, como variações da umidade e regime de 
chuvas. Devem ser observadas a adequabilidade dos espaços vazios entre as construções, a proporção 
entre áreas verdes e impermeabilizadas, a formação de ilhas de calor ou de túneis de vento e, ainda, o 
sombreamento excessivo das edificações vizinhas. Outro ponto, é a análise de geração de poluição 
sonora direta (gerada pelo empreendimento) e indireta, consequência das transformações urbanas 
decorrentes, como a intensificação de tráfego, por exemplo. Além disso, softwares de simulação 
permitem, atualmente, uma melhor visualização dos impactos dessa natureza, permitindo a 
comparação de desempenho e diagnósticos bioclimáticos.
07
Paisagem urbana e patrimônio natural e cultural
Os principais impactos a serem verificados nesse item referem-se aos riscos de descaracterização da 
paisagem natural e do patrimônio cultural de uma cidade frente a interesses econômicos e imobiliários. 
Em relação à arquitetura dos empreendimentos, devem ser evitados conflitos com a identidade e a 
legibilidade da paisagem urbana do entorno.
EIV x EIA
O art. 38 do Estatuto da Cidade esclarece a dúvida, bastante comum, de que a elaboração do estudo de 
impacto de vizinhança não substitui a elaboração e a aprovação do estudo prévio de impacto ambiental 
(EIA), quando a legislaçãoambiental assim o exige. 
Ainda que os instrumentos não se confundam, no âmbito de uma política de planejamento e gestão 
urbano-ambiental integrada, deve-se, sempre que possível, sintetizar as recomendações técnicas das 
duas áreas em um documento único, oferecendo maior confiabilidade aos processos de aprovação de 
projetos e complementaridade entre licenciamento urbanístico e ambiental de atividades. Nesses 
termos, devem ser incluídos no estudo ambiental previsto em lei, os requisitos básicos para elaboração 
do EIV, conforme definido pelo Estatuto da Cidade.
REGULAMENTAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DO EIV 
Passaremos, então, a tratar de alguns dos aspectos que devemos tomar com respeito à elaboração do 
EIV, sua regulamentação e implementação, que deverão considerar os seguintes componentes 
fundamentais: 
1. Portes e/ou tipos de empreendimentos ou atividades para os quais é exigível o EIV; 
2. Critérios para definição da área de influência (vizinhança) de empreendimentos ou atividades 
sujeitas ao EIV; 
3. Critérios para a definição de medidas mitigadoras, compensatórias e condicionadoras da aprovação 
do empreendimento ou atividade; 
4. Fluxos e competências: momento do processo de licenciamento em que é exigível o EIV e 
atribuições do poder público e dos empreendedores na elaboração, análise e aprovação do EIV; 
5. Controle social: publicização dos documentos do EIV e processos de participação da comunidade ou 
vizinhança na avaliação do empreendimento objeto do EIV.
08
Definição das atividades/empreendimentos sujeitos a EIV
Os empreendimentos e atividades cabíveis de exigência do EIV devem estar listados em lei específica 
regulamentadora do EIV, ou nas normas de gabarito, uso e ocupação do solo, vigentes no município. O 
Conselho das Cidades, por meio da Resolução 34/2005, recomenda que essa definição esteja no plano 
diretor, ou em lei específica baseada nele, pois deve dialogar com os objetivos estratégicos do 
desenvolvimento urbano e as diretrizes de ordenamento do território para aplicar a função social da 
cidade e da propriedade. 
Com base nessas diretrizes e sua projeção espacial que devem ser decididas quais as atividades ou 
empreendimentos impactantes e condicionados à aprovação do EIV. Um dos critérios mais usados diz 
respeito ao porte do empreendimento. 
Exemplos de empreendimentos sujeitos a EIV devido ao porte presentes em algumas 
regulamentações do instrumento no Brasil:
I. empreendimentos localizados em grandes áreas, entre 1,5 e 2,5 ha;
II. empreendimentos que possuam grande área construída: em média áreas superiores a 
10.000 m²;
III. edificações não residenciais com grande área construída - média superior a 3.000 
m²;
IV. edificações não residenciais com área de estacionamento para veículos superior a 
8.000 m² ou mais de 400 vagas destinadas a estacionamento de veículos.
Para definir atividades e empreendimentos sujeitos ao EIV, podem ser usados critérios de porte ou de 
tipo de atividade, ou uma combinação de ambos. Contudo, é importante relacionar a classificação com 
a localização do empreendimento no território. Uma casa de festas em área residencial, por exemplo, 
pode ser impactante, mas em um setor isolado pode não oferecer impacto à vizinhança.
Podem haver também casos especiais em que pode caber exigência de EIV, como os chamados 
impactos cumulativos, ou seja, considerar no estudo que os novos impactos se somam a outras 
atividades existentes, agregando escala e avolumando os efeitos na região de sua implantação.
Eventuais casos omissos nas normas em vigor devem ser objeto de consulta especifica no órgão de 
gestão e planejamento urbano e territorial da prefeitura para verificação da sua compatibilidade e 
inserção urbana e a necessidade de elaboração de EIV. Deve-se atentar que uma exigência de EIV, por 
parte dos gestores sem amparo na legislação e normativa urbanística vigente, é passível de 
questionamento judicial por parte de empreendedores.
09
Definição da área de influência (vizinhança)
A avaliação da área de influência está ligada à extensão dos efeitos e consequências que podem 
decorrer do empreendimento. Logo, essa definição exige precisão tecnicamente especificada em 
planta com os pontos de influência dos fatores de análise do projeto. A área de influência para análise 
do impacto de vizinhança é diferenciada de acordo com o porte e tipo do empreendimento, assim como 
de acordo com as características da área de implantação.
Definição de medidas mitigadoras
É um desafio identificar os efeitos positivos e negativos em uma análise de custo e benefício para uma 
equação razoável entre os ônus e bônus do empreendimento.
Há empreendimentos que causam impactos, mas são também fundamentais para a cidade e o interesse 
público. Nesses casos, é preciso prever medidas mitigadoras ou compensatórias que devem ser 
dimensionadas com base em um exercício de busca pelo interesse coletivo. A prática mostra a 
necessidade de estabelecer um repertório de medidas ou uma matriz de relação entre zonas urbanas e 
atividades para parametrizar esse dimensionamento como condicionante da aprovação e 
licenciamento dos empreendimentos individuais ou em conjunto. 
Exemplificamos a seguir algumas das contrapartidas ou medidas compensatórias mais usuais:
 o adensamento populacional pode ter contrapartida na exigência de áreas verdes, estações elevatórias 
de esgoto, equipamentos coletivos como escolas e creches;
 impactos negativos sobre o mercado de trabalho podem ter contrapartida na oferta de postos de 
trabalho dentro do estabelecimento ou alternativas de recolocação profissional para os afetados;
 sobrecarregamento na infraestrutura viária pode ter contrapartida em investimentos de semaforização 
e transportes coletivos.
É bom lembrar que, tal como ocorre na prática dos TACs – Termos de Ajustamento de Conduta 
(promovidos geralmente entre Ministério Público, Executivo Municipal e Empreendedores), as 
medidas mitigadoras previstas no EIV têm sua implantação estabelecida em um cronograma de 
execução que é parte de um compromisso firmado entre as partes. Normalmente, o compromisso 
formaliza que até a conclusão da execução do empreendimento, as medidas mitigadoras previstas 
sejam executadas conforme o cronograma, de forma que no momento da expedição do HABITE-SE as 
medidas mitigadoras já deverão ter sido implantadas.
10
Fluxos, competências e controle social
A regulamentação do EIV não pode prescindir do estabelecimento claro dos procedimentos e fluxos do 
processo de aprovação . Estes podem variar conforme o porte do município e a capacidade técnica 
instalada, mas constituem, via de regra, um ciclo composto de etapas que vão desde a solicitação de 
análise de um empreendimento até sua aprovação final, passando pela análise e aprovação integral ou 
parcial do EIV; pelo estabelecimento de condicionantes e contrapartidas e, ainda, pela realização de 
audiências públicas e demais procedimentos de participação da comunidade.
Junto à tramitação administrativa, a participação da população é outro fator indispensável para a 
qualificação e aplicação adequada do EIV. O processo de elaboração e aprovação do estudo deve, 
portanto, atentar para as reivindicações da comunidade de modo a readequar as medidas mitigadoras 
para que a comunidade ouvida tenha garantida sua livre manifestação, seus direitos e seu bem-estar 
quanto ao empreendimento ou atividade em questão.
Mesmo a participação social sendo um elemento essencial para balizar a decisão do Poder Público, o 
EIV pode ser aprovado em detrimento da rejeição de setores da população. Isso porque a aprovação do 
EIV, assim como sua exigência para os empreendimentos e atividades previstos na legislação 
municipal, é uma prerrogativado Poder Público e não da comunidade. 
FATORES RELEVANTES PARA A IMPLEMENTAÇÃO DO EIV
Para a implementação do EIV é essencial capacitar os quadros técnicos da prefeitura na área de 
fiscalização de atividades urbanas. É muito importante também que haja integração com a área de 
aprovação e licenciamento de projetos para consolidar uma cultura de gestão e planejamento 
urbano que viabilize a implantação do EIV e demais instrumentos de política urbana.
O EIV deve ser realizado por profissionais habilitados, excetuando-se os profissionais do quadro 
da prefeitura ou por ela contratados, de forma a garantir a idoneidade e isenção da análise e 
aprovação do EIV. Recomenda-se que a prefeitura abra um cadastro de profissionais e empresas 
habilitadas para elaboração de EIV. A habilitação do profissional coordenador do EIV constitui um 
dos itens avaliados pela equipe de análise e aprovação do órgão público responsável. Em caso de 
dúvida, deve ser consultado o Conselho Regional de registro do profissional responsável acerca de 
sua habilitação para elaboração de EIV. 
1
1 O “ciclo do EIV”, ou seja, as suas etapas de implementação são detalhadas no Caderno Técnico de Regulamentação e 
Implementação do Estudo de Impacto de Vizinhança 
11
Audiências públicas formais e tecnocráticas cumprem um papel desencorajador do debate. Outros 
métodos como oficinas presenciais mistas ou virtuais via internet e o debate no espaço do próprio 
local do empreendimento podem ser experiências criativas estimulantes para a participação da 
comunidade.
O fluxo de tramitação do EIV se vincula, em geral, ao processo de licenciamento e aprovação de 
construção, ampliação e funcionamento de empreendimentos ou atividades. Ele envolve quase 
sempre órgãos de controle urbanístico, edilício e ambiental. Quanto maior a integração e 
articulação entre equipes e setores da administração pública envolvida, maior será a agilidade dos 
prazos e dos procedimentos, além da própria efetividade do instrumento. 
A maioria dos municípios que implementa o EIV, opta por indicar um único órgão ou comissão de 
interface para a coordenação de todo o processo, em geral ligado às secretarias de urbanismo, 
planejamento ou desenvolvimento urbano. A transparência dos fluxos administrativos, incluindo 
os prazos e etapas, oferece garantia de direitos aos cidadãos e empreendedores, contribuindo para 
qualificar a gestão urbana.
No planejamento e gestão urbana, a aplicação de qualquer instrumento ganha mais efetividade 
quando ocorre de forma complementar com outros. O EIV tem boas possibilidades de interação e 
complementaridade com as operações urbanas consorciadas, as outorgas onerosas (do direito de 
construir e da alteração de uso), a transferência do direito de construir e com a disciplina do 
parcelamento, uso e ocupação do solo. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Estudo De Impacto De Vizinhança Para Empreendimentos Residenciais Em Goiânia- GO. In: 
Centro Cinetifico conhecer. Disponível em: 
< http://www.conhecer.org.br/enciclop/2013b/MULTIDISCIPLINAR/EXIGENCIA.pdf>. Acesso 
em : 20115.
AVZRADEL, Pedro Curvello Saavedra. EIV e EIA: compatibilização, processo decisório e 
sociedade de risco. Disponível em: <http://www.ibdu.org.br/imagens/EIVeEIA.pdf>. Acesso em: 
2015.
BASSUL, J.R. Estatuto da Cidade. Quem ganhou ? Quem perdeu ? Brasília: Senado Federal, 2005.
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12
BRASIL. O Estatuto da Cidade. Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001. Regulamenta os arts. 182 e 
183 da Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras 
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LOLLO, J. A.; RÖHM, S. A. Aspectos negligenciados em estudos de impacto de vizinhança. 
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MARQUES, Janaína da Silva. Estudo de impacto de vizinhança: uma análise crítica feita por meio 
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MARQUES, A. L. Estudo Prévio de Impacto de Vizinhança (EIV) como instrumento de controle e 
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