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ANOTAÇÕES BRUNO CAETANO CONTRATOS Professor Washington Carlos de Almeida Monitora Vitoria vi.neto@yahoo.com direitocivil.sustentabilidade@gmail.com (último sábado de cada mês) Prova 1: 21/09 - com consulta livre (inclusive internet). Caso prático, trabalhar cláusulas contratuais (compra e venda - inserindo o que falta). Parte Geral e Contrato de Compra e Venda. Prova 2: 09/11 Monitores: Douglas e Vitoria ----------- É a principal fonte do direito obrigacional. Art. 421 a 480 do CC: Teoria Geral dos Contratos (Boa fé objetiva e autonomia da vontade) Art. 481: Compra e Venda (Típicos e Nominados). Típicos porque tem lei que os define e nominado porque tem nome. Bibliografia: indica Carlos Roberto Gonçalves (vol. 3). ----------- Principal fonte do direito obrigacional pois expressa em cláusulas as vontades das partes (passivo, ativo, terceiro interessado e não interessado). Contrato é um acordo de vontades. Ele é unilateral no ânimo, no início. Se não tiver vontade não tem contrato. Princípio da autonomia da vontade privada. Contrato é o bilhete de entrada no processo de execução. Os fatos humanos que o Código Civil brasileiro considera geradores de obrigação são: a) Os contratos; b) As declarações unilaterais de vontade c) Os atos ilícitos, dolosos e culposos Função Social do Contrato: prevalência de valores coletivos sobre os individuais. Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato. Essa função social pode limitar a autonomia da vontade quando ela se choca com o interesse coletivo/social AULA 10/08/2017 Contrato é acordo de vontades. Ninguém é obrigado a firmar contrato sem a sua vontade: art. 421. 1 ANOTAÇÕES BRUNO CAETANO Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato. O contrato, como qualquer outro negócio jurídico, exige para a sua existência legal o concurso de alguns elementos fundamentais, que constituem condições de sua validade. Os requisitos são de duas espécies: a) De ordem geral: comum a todos os negócios jurídicos: i) Capacidade do agente ii) Objeto lícito, possível, determinado ou determinável iii) Forma prescrita ou não defesa em lei (CC, art. 104). b) De ordem especial: específico dos contratos: o consentimento recíproco ou acordo de vontades. Os requisitos de VALIDADE do contrato podem ser distribuídos em 3 grupos: subjetivos, objetivos e formais. REQUISITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA CONTRATUAL art. 421 a 426 do CC: a) Requisitos subjetivos: 1) Existência de duas ou mais pessoas. Há quem defenda que doação seja unilateral. Mas não está certo. Quem recebe precisa aceitar. Então precisa de duas ou mais pessoas, pode ter garantias (reais ou pessoais), etc. 2) Capacidade genérica para praticar atos da vida civil. Agente capaz. Pode ter representação de menores e incapazes. Para o incapaz, tem curador ou tutor, que o representa no patrimônio. Serão nulos (art. 166, I) ou anuláveis (171, I). 3) Consentimento das partes. Liberdade de contratar. E também a legitimidade para contratar (ex. Marido quer vender imóvel, mas precisa do consentimento da mulher). b) Requisitos Objetivos: objeto do contrato (deve ser lícito, possível, determinado ou determinável) 1) Licitude do Objeto do Contrato: não pode comprar carga roubada, sabidamente falsa, etc. Objeto que não atenta contra a lei. 2) Possibilidade física ou jurídica do objeto do negócio jurídico: não pode vender terreno dentro do mar, não pode vender algo que não seja seu. Não pode transferir pensão alimentícia a outrem. Quando impossível, o negócio é nulo (art. 166, II). A impossibilidade relativa do objeto, que atinge o devedor, mas não outras pessoas, não constitui obstáculo ao negócio jurídico (art. 106 do CC) 3) Economicidade de seu objeto: contrato tem que ter valor patrimonial ou que seja convertido em dinheiro. Precisa colocar um valor. Isso é doutrinário, não está na lei. Um grao de areia não tem valor econômico, logo não interessa ao mundo jurídico. c) Requisitos Formais: a forma é livre. As partes podem celebrar o contrato por escrito, público ou particular, ou verbalmente, a não ser nos casos em que a lei, para maior segurança, exija a forma escrita, pública ou particular. 2 ANOTAÇÕES BRUNO CAETANO O que escreve em contrato é o que vale! É preciso escrever cada cláusula com clareza. FORMAÇÃO DOS CONTRATOS: Primeiro passo é a minuta. Minuta é a tratativa preliminar. Normalmente é verbal, mas pode ser escrita. Não é ainda a proposta. Entendimento do professor é que minuta não vincula, mas há quem entenda que sim (Lotuffo). A minuta não vincula, não tem efeito jurídico, pois não se formou consenso ainda. Cuidado: ao redigir um contrato, deixe claro que é ainda MINUTA. Tem que analisar sempre a boa fé. A minuta é um instrumento usado na fase da formação dos contratos, mas não tem efeito vinculante porque não se formou o consenso, as partes ainda estão determinando o conteúdo da vontade negocial. A próxima etapa é a PROPOSTA. Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso. Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta: I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante; II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente; III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado; IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente. Contratos entre presentes: contrato por telefone, computador é entre presentes. Contratos entre ausentes: PROPOSTA: é a oferta de um negócio feita a alguém, pendente de aceitação que obriga desde logo o proponente. Ë a partir da proposta que tem início a formação do contrato. A propostanecessita de aceitação para dar início a formação do negócio jurídico. A força vinculante da proposta: a proposta, nos termos do art. 427 do CC, vincula o proponente. Ou seja, o obriga a mante-la por certo tempo, a partir de sua efetivação e de responder por suas consequências, por acarretar no oblato (pessoa a quem é direcionada proposta de contrato), uma fundada expectativa de realização do negócio. A lei, entretanto, 3 ANOTAÇÕES BRUNO CAETANO abre várias exceções a essa regra. Dentre elas não se encontram, todavia, a morte ou interdição do policitante (proponente do contrato). A proposta se transmite aos herdeiros como qualquer outra obrigação. Exceções (segunda parte do art. 27): - Não obriga o proponente se contiver cláusula expressa a respeito. Ex: proposta sujeita a confirmação; não vale como proposta. - Em razão da natureza do negócio. Ex: propostas abertas ao público, que se consideram limitadas ao estoque (art. 429 do CC). Art. 429. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos. - Em razão das circunstâncias do caso, expressas na lei (art. 428 do CC). Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta: I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante; (Presente é aquele que conversa diretamente com o policitante, mesmo que por algum meio moderno de comunicação. Cuidado, não vale para conversas por e-mail, não estando ambos os usuários da rede simultaneamente conectados) II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente; (Ausente é a inexistência de contato direto. Para fins legais são considerados ausentes aqueles que negociam mediante troca de correspondência ou intercâmbio de documentos. O prazo suficiente para resposta varia conforme a circunstância. É o necessário prazo, ou razoável, para que chegue ao conhecimento do proponente (prazo moral). Entre moradores próximos não deve ser muito longo, será mais demorado o entendimento entre partícipes residentes em locais distantes ou de difícil acesso). III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado; (fixado e vencido o prazo, não prevalece a proposta feita). IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente (proponente pode retratar-se, mas para que esse se desobrigue e não se sujeite a perdas e danos, é necessário que a retratação chegue ao conhecimento do aceitante antes da proposta ou simultaneamente com ela, caso em que as duas propostas, contraditórias, se anulam mutuamente. Exemplo: antes que o mensageiro entregue a proposta ao outro contratante, o ofertante entende-se diretamente com ele, por algum meio rápido de comunicação, retratando-se; proponente que, logo após a formalização da proposta e da emissão do cheque de sinal, se arrepende do negócio jurídico e comunica a desistência ao corretor de imóveis. AULA 11/08/2017 4 ANOTAÇÕES BRUNO CAETANO FORMAÇÃO DO CONTRATO Os contratos se formam pelo consenso (art. 107 do CC). Todo contrato é consensual. Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir. Liberdade de contratar (art. 421). Boa fé objetiva A capacidade e a legitimidade das partes. Tudo isso forma o consenso. As vontades que formam o contrato se chamam de OFERTA ou PROPOSTA, de um lado , tem a aceitação do outro lado. Há quem denomine o proponente de POLICITANTE (emite a oferta). Quem emite a aceitação é o ACEITANTE ou OBLATO. Ver artigo 31 do Código de Defesa do Consumidor: Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores. Isso tudo tem que aparecer na PROPOSTA. A liberalidade entre as partes chama CONSENSO. Mesmo que esteja fora da norma. Posso devolver um produto depois de 7 dias, se o lojista aceitar. A PROPOSTA e o CÓDIGO de DEFESA do CONSUMIDOR O código de defesa do consumidor regulamenta nos artigos 30 a 35 a proposta nos contratos que envolvem a relações de consumo. Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado. (Toda publicidade suficientemente precisa, obriga o fornecedor, integrando o contrato. Tem valor de cláusula contratual. Assim como proposta aberta ao público, por meio de exibicao de mercadoria em vitrines, catálogos e anúncios diversos, tem valor de cláusula contratual. O fornecedor deve assegurar não apenas o preço e as características do produto/serviço, mas também as quantidades disponíveis em estoque. Deve atender à clientela nos limites do estoque informado, sob pena de responsabilidade). Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, 5 ANOTAÇÕES BRUNO CAETANO qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores. Parágrafo único. As informações de que trata este artigo, nos produtos refrigerados oferecidos ao consumidor, serão gravadas de forma indelével. (Incluído pela Lei nº 11.989, de 2009) Art. 32. Os fabricantes e importadores deverão assegurar a oferta de componentes e peças de reposição enquanto não cessar a fabricação ou importação do produto. Parágrafo único. Cessadas a produção ou importação, a oferta deverá ser mantida por período razoável de tempo, na forma da lei. Art. 33. Em caso de oferta ou venda por telefone ou reembolso postal, deve constar o nome do fabricante e endereço na embalagem, publicidade e em todos os impressos utilizados na transação comercial. Parágrafo único. É proibida a publicidade de bens e serviços por telefone, quando a chamada for onerosa ao consumidor que a origina. (Incluído pela Lei nº 11.800, de 2008). Art. 34. O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de seus prepostos ou representantes autônomos. Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha: I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade; (a recusa indevida de dar cumprimento à proposta em resolução por parte do consumidor, por perdas e danos. Pode aceitar outro produto ou prestação equivalente, ou perdas e danos) II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente; III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos. Ver art. 427 do CC: Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso. ANOTAR: quanto mais completa for a oferta, detalhada, mais fácil será a aceitação. SOBRE a ACEITAÇÃO: 6 ANOTAÇÕES BRUNO CAETANO Aceitação é a concordância com os termos da proposta. É manifestação de vontade imprescindível para que se repute concluído o contrato. Para ter efeito, deve ser pura e simples. Se apresentada ¨fora do prazo, com adições, restrições, etc, valerá como nova proposta, nos termos do CC, art. 431: Art. 431. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará nova proposta. A aceitação pode ser expressa ou tácita. A expressa decorre da manifestação do anuente; a segunda, se sua conduta reveladora do consentimento. O art. 432 do CC menciona duas hipóteses de aceitação tácita, em que se reputa concluído o contrato, não chegando a tempo a recusa: a) quando o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa; b) ou quando o proponente a tiver dispensado. Exemplos: um fornecedor costuma remeter os seus produtos a determinado comerciante, e este, sem confirmar os pedidos, efetua os pagamentos. Instaura-se uma praxe comercial. Se o comerciante quiser interrompe-la, terá de avisar previamente o fornecedor, sob pena de ficar obrigado ao pagamento de nova remessa. Outro exemplo é turista que remete e-mail a hotel, reservando acomodação, informando que a chegada se dará em tal data, se não receber aviso em contrário. Não chegando a tempo a negativa, reputar-se-a concluído o contrato. Hipóteses de inexistência de força vinculante da aceitação: CC trata de 2 hipóteses em que a manifestação da vontade deixa de ter força vinculante: a) Se a aceitação, embora expedida a tempo, por motivos imprevistos, chegar tarde ao conhecimento do proponente = embora expedida no prazo, a aceitação chegou tardiamente ao policitante, quando este, estando liberado em virtude do atraso involuntário, já celebrara contrato com outra pessoa. A circunstância deverá ser imediatamente comunicada ao aceitante, sob pena de responder por perdas e danos. Art. 430. Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao conhecimento do proponente, este comunicá-lo-á imediatamente ao aceitante, sob pena de responder por perdas e danos. b) Se antes da aceitação, ou com ela, chegar ao proponente a retratação do aceitante = a lei permite a retratação da aceitação, nesse caso a declaração da vontade que continha a aceitação desfez-se antes que o proponente pudesse tomar qualquer deliberação no sentido da conclusão do contrato. Art. 433. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante. Art. 432. Se o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa, ou o proponente a tiver dispensado, reputar-se-á concluído o contrato, não chegando a tempo a recusa. 7 ANOTAÇÕES BRUNO CAETANO Se a aceitação não se integrar com a oferta, nós teremos uma contra-proposta. Ainda não chegou no consenso. Para cada negócio jurídico chamado PROPOSTA, não teve negócio jurídico ainda. Precisa de consenso. A partir do momento que aceita a CONTRA-PROPOSTA, está vinculado o negócio jurídico. Essa proposta pode estar vinculada a ARRAS PENITENCIAIS. Já se aplica na proposta, não precisa esperar o contrato. Isso se aplica na proposta, na aceitação e na contra-proposta. O contrato uma vez concluído aplica-se a expressão ¨pacta suma servanda¨, faz lei entre as partes, e se uma delas posteriormente desistir, terá que indenizar a outra pelas perdas e danos sofridos. Art. 430 do CC. Art. 430. Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao conhecimento do proponente, este comunicá-lo-á imediatamente ao aceitante, sob pena de responder por perdas e danos. Art. 402 do CC. As perdas e danos (402 e 430) requer que a parte inocente seja indenizada por perdas e danos. AS MINUTAS não são contratos ainda, então tecnicamente pode-se desistir sem efeitos jurídicos indenizáveis. O que caracteriza uma indenização? O dano causado. O que difere o dano causado e a cláusula penal do contrato? O dano precisa apurar para indenizar. A cláusula penal traz a noção do ¨termo interpela no lugar do credor¨. Já está no contrato! CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS a) Unilateral e Bilateral: todo contrato é bilateral. Mas tem contrato de doação. O início de contrato de doação é unilateral. Precisa do ânimo de doar. Todo contrato é bilateral quanto as partes, mas quanto aos efeitos poderá ser unilateral, como porexemplo o contrato de doação (animus novandi). Essa classificação de unilateral é o início, é o ânimo. Quando houver a aceitação, traz encargos para os dois lados. Exemplo de contratos bilaterais: compra e venda, locação, contrato de transpote. b) Oneroso e gratuito: essa classificação diz respeito às vantagens patrimoniais. Oneroso é compra e venda, ambas as partes tem vantagem econômica e proveito econômico. Já o gratuito, dependendo do contrato, somente uma das partes tem vantagem (exemplo: doação). c) Comutativos e Aleatórios: é uma subdivisao dos contratos onerosos. Comutativos são os de prestações certas e determinadas. Não envolve nenhum risco para as partes, que conseguem antever as vantagens e sacrifícios. Já o contrato aleatório uma das partes não pode antever a vantagem que receberá em troca da prestação fornecida. Seguro é aleatório, jogo, aposta (ale = sorte). Só os contratos onerosos se dividem em comutativos e aleatórios. São comutativos quando existe uma equivalência entre a prestação (vantagem) e a contraprestação (sacrifício). Exemplo compra e venda, troca, locação. Já no aleatório, uma das partes terá mais vantagem que a outra, depende de acontecimento futuro e incerto. Exemplo contrato de seguro. d) Principais e Acessórios: Contratos principais são aqueles que têm existência própria, autônoma, não dependem de qualquer outro. Acessório vai dar vida ao 8 ANOTAÇÕES BRUNO CAETANO principal. Exemplo de principal (locação). O acessório nesse contrato é o termo de ocupação. O principal é a locação e o termo de ocupação é o acessório. O acessório segue o principal. Locação gera obrigação de restituir a coisa certa. Contrato principal é aquele que existe só por si, contudo, há contratos que dependem da existência de outro, que é o contrato acessório. No penhor, o contrato principal é a cessão de crédito, o acessório é a garantia. e) Instantâneos e de Duração: leva em consideração o momento em que os contratos devem ser cumpridos. A regra é que todo contrato seja instantâneo, ter vida curta. Essas são a regra, são instantâneos. Já aqueles que não são a vista, podem ser de duração. Esses podem incorrer juros, maximo arbitrado pela lei. f) Pessoais e Impessoais: Pessoal é o personalíssimo, ¨Ïntuitu Personae¨, leva em conta habilidades pessoais, infungível, habilidades pessoais de um dos contraentes. Não pode fazer-se substituir por outrem. Geralmente dão origem a uma obrigação de fazer, cujo objeto é um serviço infungível, que não pode ser executado por outra pessoa. Os pessoais são portanto intransmissíveis e não podem ser cedidos. Não pode incidir obrigação de resultado. O contrato pessoal pode gerar obrigação de resultado ou de meio. Impessoal pode ser executado por qualquer pessoa. A impessoalidade está em quem irá executar. Contrato impessoal é aquele cuja prestação pode ser cumprida, indiferentemente, pelo obrigado ou por terceiro. Quando a obrigação é de fazer, o contrato normalmente é personalíssimo. Já nas obrigações de dar, o contrato poderá ser impessoal. Nos contratos impessoais, se admite a execução forçada do contrato (art. 475 do CC). Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos. Se coloquei no contrato arras confirmatórias, contrato de compra e venda, as arras que coloquei nas arras é confirmatória (não é penitencial), permite a execução forçada do contrato. g) Típicos e Átípicos: contrato típico tem previsão na lei. Foram disciplinados pelo legislador (art. 481 a 853 do CC). Podem ser Nominados (tem nome na lei) ou Inominado. Atípico não tem previsão na lei (art. 485). Exemplo: contrato de storage (depósito), não está escrito na lei. Tem força legal, mas cuidado ao redigir, tem que escrever as cláusulas minuciosamente, sem cláusula para interpretação. h) Solenes e Informais: como na autonomia privada a liberdade é grande, a maioria dos contratos são informais e consensuais, bastando o acordo de vontades para a sua formação (art. 107, 104 III do CC). Já em alguns contratos, pelas suas características, a lei exige solenidades para sua conclusão, como por exemplo doação e fiança, que devem ser por escrito (art. 108, 541 e 819 do CC). O informal vale e funciona, quando está tudo bem… quando dá problema... i) Reais e Consensuais: todo contrato é consensual. Exige acordo de vontades. Mas em alguns contratos, só o consenso é insuficiente, então além do acordo de vontades, a lei vai exigir a entrega da coisa, por isso, se dizem contratos reais. Podem até ser verbais, mas não nascem antes da entrega da coisa (ex. Comodato art. 579 do CC; depósito art. 627). Não basta só o títiulo, precisa entregar a coisa para dizer que tem um contrato. Precisa fazer a tradição. Contratos consensuais são aqueles que se formam unicamente pelo acordo de vontades, independentemente da entrega da coisa e da observância de determinadas formas. Contratos reais são 9 ANOTAÇÕES BRUNO CAETANO os que exigem, para se aperfeiçoar, além do consentimento, a entrega (tradição) da coisa que lhe serve de objeto, como o de depósito, comodato ou mútuo. AULA 17/08/2017 Ver moodle Noções Gerais de Contrato AULA 18/08/17 HERMENÊUTICA CONTRATUAL Contratos inominados carecem flexibilização e adequação da norma. Função social do contrato. Hermenêutica contratual é a interpretação dos contratos para revelar o espírito, o sentido, o alcance e a intenção do contrato. Contrato nasce de um acordo de vontades, mas a pressa pode trazer, ou a falta de clareza na redação, pode trazer dificuldades na interpretação. Não estamos falando de má fé. Ao surgir controvérsia na execução do contrato, caso as partes não consigam resolver o litígio entre si, dialogando, poderão recorrer a mediação ou dependendo do contrato, a arbitragem. Primeiro ponto da interpretação: 1) A lei! A norma jurídica. Se o contrato tem vício, é anulável. Se afronta a lei ele é nulo. 2) Na ausência da lei, o juiz vai definir por analogia… art. 4 da LINDB. Jurisprudência.3) Consciência do advogado. A ética do advogado. a) Busca da vontade real: qual a vontade desejada pelo contrato. Na alma do contrato está o consensualismo. A vontade real é desejada pelas partes, e pode ser diferente da manifestada. Art. 112. Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem. b) Senso médio: o intérprete deve se colocar no lugar das partes e raciocinar como faria o homem médio, ou seja, a generalidade da população, sem extremos, sem radicalismos, de acordo com os costumes. Art. 113 do CC. Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. É a sensatez, o equilíbrio. c) Fim econômico: todo contrato tem objetivo econômico pois ninguém contrata para ter prejuízo e sim para satisfazer sua necessidade e ter um ganho patrimonial. Esse ganho precisa ter equilíbrio. d) Uma cláusula em destaque prevalece sobre as outras. Negrito, sublinhado, itálico, etc. e) Dirigismo contratual: é uma política do estado para dar superioridade jurídica às classes economicamente fracas como consumidor, o trabalhador, o inquilino. Art. 423 do CC. Art. 423. Quando houver no contrato de adesão 10 ANOTAÇÕES BRUNO CAETANO cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente. f) Contratos benéficos ou gratuitos: deve-se proteger a parte que fez o benefício. Art. 114 do CC. Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente. AULA 24/08/2017 ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO Normalmente um contrato só gera efeito em relação às partes, àqueles que manifestaram a sua vontade, vinculando-os ao seu conteúdo, não afetando terceiros nem seu patrimônio. Obrigação personalíssima não vincula os sucessores. Há exceções, previstas nos arts. 436 a 438 do CC, que permitem estipulações em favor de terceiros, comuns nos seguros de vida, em que a convenção beneficia quem não participa do acordo, e nas separações judiciais consensuais, nas quais se inserem cláusulas em favor dos filhos do casal, bem como nas convenções coletivas de trabalho, em que os acordos feitos pelos sindicatos beneficiam toda uma categoria. Art. 436 do CC Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação. Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação. Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação, também é permitido exigi-la, ficando, todavia, sujeito às condições e normas do contrato, se a ele anuir, e o estipulante não o inovar nos termos do art. 438 Art. 437. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito de reclamar-lhe a execução, não poderá o estipulante exonerar o devedor. Art. 438. O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro designado no contrato, independentemente da sua anuência e da do outro contratante. Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato entre vivos ou por disposição de última vontade. Exemplo claro em favor de terceiro: contrato de seguro. O beneficiário da apólice pode mudar a qualquer momento. Estipulação em favor de terceiro é um contrato estabelecido entre duas pessoas, em que uma denominada ESTIPULANTE convencionou com outra (PROMITENTE), certa vantagem patrimonial em proveito de terceiro (BENEFICIÁRIO), alheio a formação do vínculo contratual. 11 ANOTAÇÕES BRUNO CAETANO Na estipulação em favor de terceiro, quando beneficiar uma ou mais pessoas proporcional a vontade do estipulante, cada beneficiário poderá exigir somente a cota que lhe foi estipulada. Outro exemplo: Criança Esperança. Estou dando dinheiro para que beneficie terceiro. O estipulante é livre para contratar e estipular os beneficiários. A capacidade só é exigida do estipulante e do promitente, não do beneficiário, pois qualquer pessoa pode ser contemplada com estipulação, seja ou não capaz (exceção art. 793 do CC, que proíbe o beneficiário inibido de receber doação do segurado, concubina de homem casado). A peculiaridade da estipulação em favor de terceiros está em que estes, embora estranhos ao contrato, tornam-se credores do promitente. No instante de sua formação, o vínculo obrigacional decorrente da manifestação de vontade estabelece-se entre o estipulante e o promitente, não sendo necessário o consentimento do beneficiário. Tem este, no entanto, a faculdade de recusar a estipulação em seu favor. Completa-se o triângulo somente na fase de execução do contrato, no instante em que o favorecido aceita o benefício. PROMESSA DE FATO DE TERCEIRO Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este o não executar. Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do promitente, dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus bens. (preserva o patrimônio do casal por desatino de um dos conjuges). Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este, depois de se ter obrigado, faltar à prestação. (Exemplo Encol: familias se obrigam e tem direito de regresso às construtoras). (Ora, assumindo a obrigação, o terceiro passou a ser o principal devedor, a assunção da obrigação pelo terceiro libera o promitente). Nesse tipo de contrato (art. 439) o promitente assume o compromisso em conseguir que a terceira pessoa faça ou deixe de fazer alguma coisa do interesse do outro contratante. Advogado não cabe, porque é obrigação de meio (não resultado). Exemplo: engenheiro e construtor. Vc não fez contrato com pedreiro. O único vinculado é o que promete, assumindo obrigação de fazer que, não sendo executada, resolve-se em perdas e danos. Isto porque ninguém pode vincular terceiro a uma obrigação. As obrigações têm como fonte somente a própria manifestação da vontade do devedor, a lei ou eventual ato ilícito por ele praticado. Aquele que promete fatode terceiro assemelha-se ao fiador, que assegura a prestação prometida. Se alguém promete 12 ANOTAÇÕES BRUNO CAETANO levar cantor famoso a uma casa sem ter obtido dele a concordância, responderá por perdas e danos perante os promotores do evento se não ocorrer a apresentação. CONTRATO COM PESSOA A DECLARAR: Reguado nos arts 467 a 471 do CC. Um dos contratantes pode reserva-se o direito de indicar outra pessoa para, em seu lugar, adquirir os direitos e assumir as obrigações dele decorrentes. Contrato comum nos compromissos de compra e venda de imóveis, nos quais o compromissário comprador reserva-se o direito de receber a escritura definitiva ou indicar terceiro para nela figurar como adquirente. Utilizada para evitar despesas como nova alienação, nos casos de bens adquiridos com o propósito de revenda. Feita validamente, a pessoa nomeada adquire os direitos e assume as obrigações do contrato com efeito retroativo (art. 469 do CC). Outras aplicações práticas: contratante, por razões pessoais, não quer aparecer no momento inicial, etc.. art. 468 do CC. Sujeito indeterminado, mas ele pode aparacer. Direitos reais (propriedade). Se vc fizer contrato de promessa de compra e venda, registrou contrato em cartório, tem efeito erga omines, os herdeiros terão direito. Promessa de compra e venda é direito real! Cláusula fundamentada no art. 468. Art. 468. Essa indicação deve ser comunicada à outra parte no prazo de cinco dias da conclusão do contrato, se outro não tiver sido estipulado. Parágrafo único. A aceitação da pessoa nomeada não será eficaz se não se revestir da mesma forma que as partes usaram para o contrato. VÍCIO REDIBITÓRIO Vício Redibitório: é o defeito oculto da coisa. São os defeitos contemporâneos, ocultos e graves, que desvalorizam a coisa. Objeto de contrato bilateral. Só vale para contratos onerosos, objeto de contrato comutativo. Essas regras não incidem sobre contratos gratuitos, como as doações puras, pois o beneficiário nada tendo pago, nada pode reclamar. Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor. Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar abatimento no preço. Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato. Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder do alienatário, se perecer por vício oculto, já existente ao tempo da tradição. 13 ANOTAÇÕES BRUNO CAETANO Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade. § 1o Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis. § 2o Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se não houver regras disciplinando a matéria. Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de cláusula de garantia; mas o adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena de decadência. Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas. Requisitos para a caracterização dos vícios redibitórios: a) Que a coisa tenha sido recebida em virtude de contrato comutativo, ou de doação onerosa ou remuneratória; b) Que os defeitos sejam ocultos: não podem ser defeitos facilmente verificáveis em diligência normal. c) Que os defeitos existam no momento da celebração do contrato e que perdurem até o momento da reclamação. d) Que os defeitos sejam desconhecidos do adquirente. e) Que os defeitos sejam graves: somente aqueles que prejudicam o uso da coisa ou diminuem o valor EVICÇÃO Defeito jurídico. É a perda da coisa em virtude de sentença judicial, que a atribui a outrem por causa jurídica preexistente ao contrato. Todo alienante é obrigado não só a entregar ao adquirente a coisa alienada, como também garantir-lhe o gozo. Dá-se a evicção quando o adquirente vem a perder, total ou parcialmente, a coisa por sentença fundada em motivo jurídico anterior. Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública. Evicção vem do verbo evincere, que significa ser vencido. É a perda da coisa em virtude de sentença judicial, que reconhece a outro sobre ela. São 3 as pessoas: - O evicto, que é o adquirente, que perderá a coisa adquirida ou sofrerá a evicção - O alienante, que transfere o bem por meio de contrato oneroso. Irá suportar as consequências da decisão judicial 14 ANOTAÇÕES BRUNO CAETANO - O evictor, que é o terceiro que move ação judicial, vindo a ganhar, parcialmente, ou totalmente. Requisitos da evicção: - Perda total ou parcial da propriedade, posse ou uso da coisa alienada. - Onerosidade da aquisicao - Ignorância pelo adquirente, da litigiosidade da coisa - Anterioridade do direito do evictor: o alienante só responde pela perda decorrente de causa já existente ao tempo da alienação. Se lhe é posterior, nenhuma responsabilidade lhe cabe. É o caso da desapropriação. - Denunciação da lide ao alienante: somente após a ação do terceiro contra o adquirente é que este poderá agir contra aquele. AULA 31/08/2017 EXTINÇÃO DOS CONTRATOS Pode ser por adimplemento (modo direto: pagamento; modo indireto: consignação, dação…). A partir do 472 do Cc. : DISTRATO Pode sercoagido legalmente a cumprir o contrato. Um exemplo são as arras… pode ser tão oneroso o distrato, que é melhor cumprir o contrato. Ao redigir um contrato, pense que ele pode ser rompido unilateralmente, redigir bem as cláusulas. DISTRATO é o fim do vínculo contratual anteriormente estabelecido (472 do CC). O distrato também é chamado de RESILIÇÃO. Art. 472. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato. Num contrato em que a lei exige instrumento público, o distrato deve ser feito da mesma forma. O rompimento do vínculo contratual pela vontade de uma das partes é possível, porém poderá trazer consequências indenizatórias, caracterizando uma exceção no negócio jurídico. POr que exceção? Ninguém faz contrato para desfazê-lo, princípio da boa fé contratual. Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente o permita, opera mediante denúncia notificada à outra parte. Parágrafo único. Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos. Ver artigo 46 da lei do inquilinato: lei 8.2445 e seu parágrafo 2. Não confundir resolução do contrato com cláusula resolutiva pois são diferentes. A expressão resolutiva tem acepção de resolver, colocar fim, assim sendo, a cláusula 15 ANOTAÇÕES BRUNO CAETANO resolutiva prevê hipótese onde poderá ocorrer o término da resolução contratual tácita ou expressa (artigo 474 e 475 do CC). Até artigo 473 é resolução unilateral, é distrato. Art. 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação judicial. (Cláusula resolutiva expressa: já está no contrato, não precisa provar. Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos. (Cláusula resolutiva tácita: Resolução: é baseada na inexecução por um dos contratantes, das obrigações geradas no título. Elas podem ser: a) Voluntária (Resolução por Inexecução Culposa): negligência ou imprudência 186 do CC. Eu não quis mesmo cumprir o contrato. Ninguém pode ser diretamente coagido o contrato que se obrigara. Mas pode coagir juridicamente: bolso. b) Resolução por Inexecução Involuntária: quando a obrigação se tornou inexequível. Ex sou predeiro e fui atropelado e não consigo trabalhar. c) Resolução por Onerosidade excessiva: egus sic stantibus¨, é a chamada teoria da imprevisão. Artigo 478 do CC. Por fatos extraordinários. Não perdeu o poder laboral, mas a capacidade momentânea de cumprir. Pode ainda buscar acordo (art. 479). Novação, por exemplo. Comecamos falando de minuta, proposta, aceitação, contrato preliminar, classificação de contrato, hermenêutica, vício redibitório, evicção, extinção dos contratos. AULA 01/09/2017 Vamos entrar nos contratos típicos e nominados. CONTRATO DE COMPRA E VENDA Art. 481 do CC Prova dia 21, parte geral e contrato de compra e venda É o mais importante no CC. Origem: troca. Antes mesmo do dinheiro, fazia-se trocas. Veio da necessidade. Conceito: é a troca de coisa por dinheiro. A compra e venda substituiu a troca. Art. 481 do CC. Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro. (Se obriga = o contrato de compra e venda não transfere a propriedade móvel, mas sim a 16 ANOTAÇÕES BRUNO CAETANO tradição (art. 1226) se imóvel o registro em cartório (1227). O contrato de compra e venda obriga. Quando termina de pagar, transfere a propriedade. O contrato de compra e venda cláusulas que irão obrigar as partes a transferir a propriedade, seja móvel ou imóvel). Neste conceito de imediato a expressão ¨se obriga ¨ gera uma obrigação . Antes da tradição ou do registro a coisa pertence ao vendedor (art. 492 do CC), de modo que se você compra uma geladeira a vista, e vai aguardar em sua casa que a loja entregue, porém o caminhão é roubado, o prejuízo será da loja. Todavia, se você compra um celular a prazo, sai com o aparelho da loja e você é roubado, o prejuízo será seu, e você ainda terá que pagar as prestações. Compra na internet é compra entre presentes. Art. 492. Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do vendedor, e os do preço por conta do comprador. § 1o Todavia, os casos fortuitos, ocorrentes no ato de contar, marcar ou assinalar coisas, que comumente se recebem, contando, pesando, medindo ou assinalando, e que já tiverem sido postas à disposição do comprador, correrão por conta deste. Elementos da compra e venda: a) A coisa: é o objeto da obrigação de dar do vendedor, tal coisa em geral é corpórea, é tangível, mas pode ser também incorpórea, como a propriedade intelectual (direito de imagem e propriedade intelectual). A coisa em geral está presente, mas pode ser futura, como por exemplo os contratos aleatórios (seguro). Arts. 483, 458 e 459 do CC. Art. 483. A compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou futura. Neste caso, ficará sem efeito o contrato se esta não vier a existir, salvo se a intenção das partes era de concluir contrato aleatório. Art. 458. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de receber integralmente o que lhe foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado venha a existir. Art. 459. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco de virem a existir em qualquer quantidade, terá também direito o alienante a todo o preço, desde que de sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à esperada. Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienaçãonão haverá, e o alienante restituirá o preço recebido. Ex. pago a você R$ 100 reais por tudo que você pescar hoje = contrato aleatório. Comprar o próximo cio da sua cadela. Pago R$ 1000. Independente de quantos nasçam. 17 ANOTAÇÕES BRUNO CAETANO b) O preço: é o objeto de dar do comprador. Curiosidade: pecunia / pecus é cabeça de gado. O preço precisa ser combinado pelas partes, todo contrato é consensual. Não se admite compra e venda com a expressão o pagador pagará o que quiser (art. 489). Art. 489. Nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio exclusivo de uma das partes a fixação do preço. Admite-se que um terceiro fixe o preço mediante arbitramento: Art. 485. A fixação do preço pode ser deixada ao arbítrio de terceiro, que os contratantes logo designarem ou prometerem designar. Se o terceiro não aceitar a incumbência, ficará sem efeito o contrato, salvo quando acordarem os contratantes designar outra pessoa. Art. 486. Também se poderá deixar a fixação do preço à taxa de mercado ou de bolsa, em certo e determinado dia e lugar. Art. 487. É lícito às partes fixar o preço em função de índices ou parâmetros, desde que suscetíveis de objetiva determinação. O preço então pode ser fixado pelo mercado (art. 486 e 487 do CC). Em geral o comprador dá o preço para depois exigir a coisa. Art. 490. Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de escritura e registro a cargo do comprador, e a cargo do vendedor as da tradição. Art. 491. Não sendo a venda a crédito, o vendedor não é obrigado a entregar a coisa antes de receber o preço. Se a cláusula contratual for omissa, segue o que está no código. c) O consenso: a liberdade de contratar. É o terceiro elemento da compra e venda, que exige o acordo de vontades e mútuo consentimento sobre o preço, o objeto e os demais detalhes do negócio. Não esqueçam que na compra e venda de imóveis, tal consenso exige a solenidade da escritura pública (art. 108 do CC). 18
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