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Dentistica Uma Abordagem Multidisciplinar parte 2

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PREPARO CAVITÁRIO 
PARA RESTAURAÇÕES 
ESTÉTICAS INDIRETAS
Marco Antônio Masioli
Marcelo Massaroni Peçanha
Bianca M. Vimercati
Milko Villarroel
8
 o INTRODUÇÃO
As restaurações indiretas têm sido uma possibilidade 
de tratamento do elemento dental, sobretudo quando 
existe uma grande perda de estrutura. Desde sua intro-
dução, a técnica de preparo para esse tipo de restauração 
sofreu modificações, com o intuito de se adequar aos no-
vos materiais, sempre levando em consideração a preser-
vação do dente e a longevidade do conjunto dente-restau-
ração. O preparo para restaurações indiretas deve fornecer 
espessura ideal para que o material restaurador desempe-
nhe bem o seu papel tanto no quesito estético como fun-
cional. Assim, o preparo dental deve ter características 
que se ajustem a cada caso. 
A estética tem se tornado essencial na sociedade mo-
derna, fazendo desse quesito, antes delegado a um segun-
do plano, um dos fundamentos que regem o tratamento 
odontológico atualmente. Com isso, novos materiais têm 
sido desenvolvidos visando a melhorias nas propriedades 
ópticas e mecânicas desses tipos de restaurações.1,2
A busca por materiais que devolvessem estética e na-
turalidade fez com que os metais perdessem espaço para 
materiais que permitem a mimetização da estrutura den-
tal. Por esse motivo, os metais têm sido utilizados basica-
mente como infraestrutura para restaurações metaloce-
râmicas. Os materiais resinosos e, principalmente, os 
cerâmicos têm sido considerados os materiais de escolha 
para restaurações indiretas.1,3,4
A escolha do material e o adequado preparo dental 
são fatores decisivos para o sucesso das restaurações in-
diretas. O desgaste excessivo do elemento dental inter-
fere diretamente sobre a retenção da restauração e na 
saúde pulpar. Contudo, o desgaste insuficiente poderá 
gerar sobrecontornos, problemas estéticos e periodon-
tais.5 Diversos princípios devem ser levados em conside-
ração para se proporcionar um adequado comporta-
mento biomecânico dessas restaurações diante das 
forças mastigatórias e para que danos excessivos não 
sejam gerados às estruturas remanescentes. Os princí-
pios biológicos visam a conduzir os preparos de forma a 
trazer o menor prejuízo possível ao órgão dental e ao 
tecido periodontal. Os princípios mecânicos garantem a 
retenção e a estabilidade da restauração mediante os es-
forços mastigatórios sem que ela frature ou deforme. 
Além disso, considerações estéticas devem ser realiza-
das quando necessário. 6,7
Capitulo_08.indd 149 16/09/2013 10:16:58
150 o Dentística: Uma Abordagem Multidisciplinar
PRINCÍPIOS BIOLÓGICOS E MECÂNICOS
Princípios biológicos
O princípio de todo tratamento restaurador deve es-
tar relacionado à preservação do dente e de estruturas 
adjacentes, embora os desgastes dentais com finalidade 
protética apresentem potencial de dano às estruturas en-
volvidas. Em vista disso, é necessário atentar-se para a 
conservação da estrutura dental, a preservação da saúde 
pulpar e a conservação e manutenção da saúde dos teci-
dos adjacentes.6,7
Conservação da estrutura dental
A preservação da estrutura dental deve ser um dos pi-
lares de todo tratamento restaurador. Durante o preparo 
dos dentes com finalidade protética, é importante que 
seja realizado o menor desgaste possível, porém, quando 
se trata de restaurações indiretas, determinado desgaste é 
requerido e, muitas vezes, faz-se necessário sacrificar a 
estrutura dental sadia, já que os materiais restauradores 
indiretos exigem espessuras adequadas.8 O desgaste insu-
ficiente pode gerar sobrecontornos, além de diminuir a 
capacidade do material de resistir aos esforços mastigató-
rios, levando ao fracasso prematuro do tratamento e, 
consequentemente, a prejuízos das estruturas dentais 
envolvidas. O excesso de desgaste pode gerar prejuízos à 
retenção da restauração, danos à polpa e perda de resis-
tência do remanescente dental.
Preservação da saúde pulpar
Durante o preparo do dente, é evidente que, quanto 
menos estrutura for removida, melhor será o prognóstico 
para a saúde da polpa. O contato da broca com a superfí-
cie do dente gera calor, que pode ocasionar danos reversí-
veis ou irreversíveis à polpa. Para evitar danos pulpares 
pelo excesso de calor, é necessária a refrigeração abun-
dante durante todo o procedimento de desgaste. Além 
disso, o uso de brocas novas contribui para diminuir os 
danos causados ao órgão pulpar pelo preparo dental, 
pois, com o tempo, esses instrumentos passam a apresen-
tar perda da superfície diamantada ou suas lâminas fi-
cam danificadas, levando a sua ineficácia.6
Devemos observar ainda que, quanto maior a exten-
são do preparo, maior será o desgaste do dente. Assim, é 
fácil reconhecer que preparos parciais tendem a ser mais 
conservadores do que os totais, os quais devem ser em-
pregados sempre que houver possibilidade. 
Conservação e manutenção da saúde 
dos tecidos adjacentes
Durante o preparo dental, deve-se ter em mente a pre-
servação e a saúde dos tecidos adjacentes ao dente que 
está sendo preparado. Esse cuidado visa a evitar danos 
causados pelo contato da broca com os dentes adjacentes, 
os tecidos de suporte e a gengiva marginal, bem como 
pela localização e pela adaptação inadequadas das mar-
gens da restauração.9 
O preparo deve acompanhar o contorno gengival nas 
faces vestibular, lingual ou palatina e proximal, evitando, 
assim, desgastes excessivos nessas regiões, e não se esten-
der mais do que 0,5 mm para o interior do sulco gengival, 
respeitando o limite do espaço biológico.
As margens dos preparos dentais para restaurações 
indiretas podem estar localizadas acima (supragengival), 
abaixo (subgengival) ou no nível gengival. Como critérios 
de seleção do tipo de margem a ser utilizada em um pre-
paro, deve-se considerar a integridade dos tecidos circun-
dantes, a capacidade de confecção de uma margem contí-
nua e lisa, a utilização de materiais compatíveis com o 
tecido gengival e a demanda estética do paciente.10
Do ponto de vista periodontal, as margens supragen-
givais seriam as mais favoráveis, pois possibilitam me-
lhor controle da higienização e do biofilme, facilitam os 
procedimentos de moldagem e possuem menor potencial 
de irritação aos tecidos adjacentes.9 Porém, para preen-
cher os quesitos mecânicos e estéticos, as margens comu-
mente são levadas subgengivalmente. Além disso, as pa-
redes axiais e cervicais devem sempre se apresentar lisas 
e regulares de maneira que permitam uma adequada 
moldagem e adaptação da restauração, mantendo, assim, 
uma integridade marginal adequada.
Princípios mecânicos
Os princípios mecânicos são aqueles que dizem res-
peito à estabilidade da prótese após a cimentação, sem 
deformações e/ou fraturas. Para tal, alguns requisitos de-
vem ser observados com o intuito de garantir o sucesso 
do tratamento restaurador.
Retenção e estabilidade
A retenção e a estabilidade são características que vi-
sam a contribuir para a manutenção da prótese sobre o 
preparo após a cimentação, garantindo resistência ao des-
locamento quando submetida a esforços. Podemos consi-
derar a resistência da peça como retenção ao deslocamento 
no sentido axial, ao longo do eixo do preparo, e a estabili-
dade da resistência da peça ao deslocamento lateral ou 
oblíquo. Um preparo com retenção ideal é aquele que per-
mite adequada inserção da prótese no estágio pré-cimenta-
ção e no ato da cimentação e que, ao mesmo tempo, impe-
de deslocamentos durante a função mastigatória.11 
Dessa forma, os preparos devem apresentar ligeira ex-
pulsividade, o suficiente para promover um eixo de inser-
ção da peça e adequado escoamento do cimento. O exces-
so de expulsividade prejudica a retenção da restauração.12 
Entre as características que influenciam diretamente a 
retenção, pode-sedestacar a altura e a forma do preparo, 
assim como as técnicas de cimentação. 
Capitulo_08.indd 150 16/09/2013 10:16:58
 Preparo Cavitário para Restaurações Estéticas Indiretas o 151
 o Figura 8.1
Paredes axiais com menor con-
vergência. 
 o Figura 8.2
Paredes axiais com maior conver-
gência.
 o Figura 8.3
Sulcos de orientação.
Altura e forma do preparo
A adequada retenção e estabilidade do preparo devem 
impedir movimentos rotacionais que podem culminar 
com o fracasso das restaurações indiretas.13 Quanto 
maiores a altura do dente e o paralelismo entre as paredes 
do preparo, maior será a retenção. Por isso, dentes curtos 
possuem menores valores de retenção, o que requer que 
as paredes do preparo sejam mais paralelas. Em vista dis-
so, podemos considerar difícil estabelecer uma inclina-
ção ideal, podendo o ângulo de convergência oclusal en-
tre as paredes variar entre 6° e 10°, pois este dependerá 
das condições específicas de cada preparo. O ângulo de 
convergência para dentes com coroas curtas deve variar 
de 2° a 6° (Figura 8.1), enquanto, em coroas regulares e 
longas, pode dispor de uma região cervical que apresenta 
essa inclinação (chamada de primeira inclinação) e de 
uma segunda inclinação, próxima ao terço incisal (ou 
oclusal), que apresenta uma inclinação maior, podendo 
chegar a 10° (Figura 8.2). Essa segunda inclinação, em co-
roas longas, é importante para diminuir a pressão hidros-
tática que será exercida sobre o cimento no momento da 
cimentação, a qual pode dificultar o ato da cimentação 
ou, até mesmo, levar a uma cimentação sem o completo 
assentamento da prótese ao dente.12 
Em situações em que as condições ideais de retenção e 
estabilidade não podem ser naturalmente obtidas, a con-
fecção de canaletas e sulcos de orientação, feitos nas faces 
vestibular e lingual ou distal e mesial do preparo, na mes-
ma direção que a trajetória de inserção da prótese, é um 
recurso que favorece a retenção, pois os sulcos reduzem a 
quantidade de trajetórias potenciais de deslocamento. 
Embora os sulcos de orientação melhorem a retenção 
e a estabilidade da peça, é importante lembrar que, quan-
to mais irregular o preparo, mais difícil o ajuste da res-
tauração. Em dentes naturais, a presença de sulcos de 
orientação contraria o princípio de preservação da estru-
tura dental (Figura 8.3). Além disso, o aumento da área 
de superfície do preparo pode se dar estendendo a mar-
gem do preparo subgengivalmente.
Pelo exposto, deve-se considerar que dentes com co-
roas clínicas muito curtas podem necessitar de retenções 
adicionais para promover adequada estabilidade das res-
taurações, como canaletas ou sulcos em suas faces. Con-
tudo, dentes com coroas clínicas muito longas podem 
apresentar preparos com maior expulsividade das pare-
des axiais no sentido cérvico-oclusal. Esses procedimen-
tos possibilitam a promoção de resistência apropriada à 
remoção, bem como estabilidade durante o movimento 
de rotação da peça. Ao mesmo tempo, permitem adequa-
do escoamento do cimento sobre o preparo.14
Características da cimentação
O agente cimentante é essencial na fixação de uma 
restauração indireta, além das características de retenção 
e estabilidade mencionadas anteriormente. A retenção 
ficcional do conjunto preparo/cimento/restauração é de 
suma importância e alguns fatores próprios do mecanis-
mo de cimentação interferem na capacidade retentiva da 
restauração, como a aspereza da superfície e a espessura 
da película cimentante.15 
A aspereza da superfície está relacionada ao acaba-
mento adequado do preparo e, embora uma superfície 
extremamente rugosa nos pareça vantajosa, ela impediria 
uma moldagem adequada durante as etapas de confecção 
da restauração. Outra característica essencial na rugosi-
dade superficial é que, quanto mais lisas as superfícies 
opostas se apresentassem, maior seria o contato entre 
Capitulo_08.indd 151 16/09/2013 10:17:00
152 o Dentística: Uma Abordagem Multidisciplinar
elas. Isso nos faz entender que um adequado acabamento 
é de extrema importância para o sucesso do tratamento. 
Além disso, a película de cimento formada entre a restau-
ração e o dente deve ter a menor espessura possível. Pelí-
culas maiores tendem a ser mais frágeis por apresentarem 
mais falhas internas e por ficarem mais expostas no meio 
oral, o que favorece sua dissolução e a recidiva de cárie.14
CONSIDERAÇÕES SOBRE PREPARO 
CAVITÁRIO PARA RESTAURAÇÕES 
ESTÉTICAS INDIRETAS
As necessidades funcional e estética definem o mate-
rial restaurador, o qual, por sua vez, orienta a forma do 
preparo, a quantidade de desgaste, a forma do término 
cervical e o tipo de cimentação. Assim, a escolha do ma-
terial restaurador tem papel fundamental na arquitetura 
do preparo.
Várias são as classificações que tentam englobar to-
dos os tipos de materiais restauradores estéticos utiliza-
dos na técnica indireta. Aqui, elas se restringirão às ce-
râmicas pobres em sílicas, às ricas em sílica e às resinas 
indiretas.
Cerâmicas pobres em sílica
As cerâmicas pobres em sílica apresentam alta resis-
tência mecânica, mas propriedades ópticas limitadas, 
sendo indicadas, geralmente, para a confecção de infraes-
truturas que serão recobertas por cerâmicas com melho-
res propriedades ópticas. Em virtude da redução ou au-
sência de uma matriz vítrea (sílica), outra característica 
marcante desse tipo de cerâmica é sua falta de adesão aos 
cimentos resinosos convencionais.
As cerâmicas aqui classificadas são reforçadas por 
alumina ou zircônia e possibilitam a confecção de próte-
ses unitárias (coroas) e próteses parciais fixas (pontes fi-
xas) sem o uso de metal.16-18 Como exemplo desse sistema, 
podemos citar: Procera® (Nobel Biocare); In-Ceram® 
(VITA); e Lava™ (3M ESPE).
Cerâmicas ricas em sílica
As cerâmicas ricas em sílica apresentam baixa ou re-
gular resistência mecânica e boas propriedades ópticas, 
além de possibilitar adesão aos cimentos resinosos, por 
meio de condicionamento ácido. Esse condicionamento 
proporciona a dissolução parcial da matriz vítrea, crian-
do microrretenções que aumentam a capacidade de re-
tenção micromecânica pelo cimento resinoso. Além dis-
so, essa possibilidade de união química oferecida pela 
presença da sílica permite que sejam alcançados altos 
valores de resistência mecânica após cimentação adesiva 
à estrutura dental. 
Podem ser indicadas para restaurações unitárias (in-
lay, onlay, facetas e coroas) de maneira geral. As cerâmi-
cas aqui classificadas são as feldspáticas convencionais e 
as feldspáticas reforçadas com leucita e dissilicato de lí-
tio.19-21 Como exemplo desses sistemas, podemos citar, 
Empress 1, 2 e E-max (Ivoclar-Vivadent).
Características peculiares
Os princípios mecânicos e biológicos relacionados an-
teriormente devem ser levados em consideração indepen-
dentemente do tipo de material restaurador utilizado, 
sendo que os preparos para restaurações estéticas indire-
tas têm características peculiares, as quais serão aqui 
abordadas.3,22,23 É importante ressaltar que o preparo 
dental deve levar em conta as características do trabalho 
finalizado (enceramento diagnóstico), e não o posiciona-
mento dental pré-tratamento, conferindo, assim, espes-
sura adequada ao material restaurador.
Restaurações com espessura uniforme 
Os preparos para restaurações estéticas indiretas de-
vem proporcionar espessuras uniformes ao material 
restaurador. Áreas muito finas deixam o material res-
taurador muito frágil e áreas muito espessas podem se 
contrair demasiadamente, principalmente nas restaura-
ções cerâmicas, acarretando trincas e fraturas no mate-
rial. De modo geral, indicam-se espessuras uniformes 
entre 1,5 e 2 mm, embora essa espessura possa variar de 
acordo com cada caso. Como exemplo, podemos citar os 
laminados cerâmicos e as resinaspara os dentes ante-
riores que, mesmo com espessuras bem menores do que 
as citadas anteriormente, conseguem exercer sua função 
após a cimentação.
Expulsividade das paredes do preparo 
Quanto mais paralelas as paredes do preparo, maio-
res serão o atrito gerado e a dificuldade de assentamento 
das restaurações nas etapas de prova e cimentação. Por 
essas características, somadas à maior possibilidade de 
fratura dos materiais cerâmicos quando comparados 
aos metais, os preparos para restaurações estéticas indi-
retas tendem a ser ligeiramente mais expulsivos. Quan-
do se trata de restaurações passíveis de cimentação ade-
siva, como acontece com as cerâmicas ricas em sílica e 
com as resinas indiretas, esses preparos tendem a ser 
ainda mais expulsivos.23-25
Paredes planas e ângulos arredondados 
Os materiais cerâmicos e resinosos necessitam de pre-
paros com conformação que propiciem neutralização das 
forças mastigatórias. Para tal, as paredes devem ser as 
mais regulares e planas possíveis e todos os ângulos inter-
nos, arredondados. Esses cuidados permitem uma distri-
buição uniforme das forças sobre a restauração, reduzin-
do a indução de trincas e o risco de fratura. 
Capitulo_08.indd 152 16/09/2013 10:17:00
 Preparo Cavitário para Restaurações Estéticas Indiretas o 153
Términos cervicais 
O tipo de término ou margem cervical pode implicar 
maior ou menor desgaste da estrutura dental. A localiza-
ção da margem do preparo depende das necessidades de 
retenção, estética e também do tipo de material do qual 
será confeccionada a restauração.
Em vista disso, quanto maior for a extensão em dire-
ção apical de um preparo, maiores serão a sua retenção e 
resistência e, algumas vezes, melhor será o desempenho 
estético da restauração. 
As margens da restauração devem sempre estar loca-
lizadas fora do ponto de contato e apresentar espessura 
adequada para permitir a aplicação do material, a fim de 
evitar sobrecontornos e promover resistência adequada 
ao material restaurador na região. 
As restaurações indiretas em resina composta e, prin-
cipalmente, em cerâmicas necessitam dessa determinada 
uniformidade de espessura do material para que possam 
resistir à manipulação antes da cimentação, bem como 
aos esforços mastigatórios após a cimentação. 
As margens externas dessas restaurações devem apre-
sentar ângulo cavo-superficial em 90°, fornecendo resis-
tência ao material restaurador sem reduzir a resistência 
do elemento dental preparado, evitando, assim, ângulos 
agudos, pois esses permitem que o material restaurador 
permaneça em pequena espessura e apresente-se frágil. 
Além disso, internamente, esse material deve se apresen-
tar uniforme a arredondado. Nesse contexto, os términos 
em chanfro profundo e ombro arredondado são os mais 
indicados para esse tipo de restauração.26,27
O chanfro profundo representa o desenho de 1/4 de 
circunferência de grande diâmetro, enquanto o ombro 
arredondado é caracterizado pelo arredondamento inter-
no do ângulo de 90° estabelecido entre as paredes axiais e 
cervical do preparo (Figuras 8.4 e 8.5).
Após o estabelecimento da arquitetura do preparo e 
da escolha do término, definem-se o diâmetro e a forma 
das pontas diamantadas utilizadas. A escolha adequada 
das pontas facilita todo o trabalho de preparo dental, já 
que formas e diâmetros inadequados podem gerar difi-
culdades e até impossibilitar a confecção de um preparo 
adequado.
Tipos de preparos para as restaurações 
indiretas
As restaurações indiretas podem ser classificadas em 
parciais e totais. As parciais são chamadas de inlay, onlay 
e facetas, de acordo com as faces envolvidas dos elemen-
tos dentais.
Nas restaurações do tipo inlay, ocorre o envolvimen-
to das faces oclusal e proximais, porém não o de cúspi-
des. Quando há o envolvimento de cúspides, chamamos 
esse tipo de restauração de onlay – indicada em situa-
ções em que há o comprometimento dessas faces no re-
manescente.
As restaurações do tipo faceta são assim chamadas 
quando há o envolvimento das faces vestibulares, incisais 
e/ou proximais, normalmente confeccionadas para den-
tes anteriores. Elas estão indicadas quando há mínima 
perda de estrutura dentária envolvendo parte do rema-
nescente, ou mesmo para pequenas alterações de forma e 
de cor. Entre os materiais estéticos utilizados para con-
fecção desses tipos de restaurações, destacamos as cerâ-
micas ricas em sílica e as resinas compostas indiretas.
As restaurações totais são caracterizadas pelo envol-
vimento de todas as faces do elemento dental. Essas res-
taurações estão indicadas quando há extensa perda de 
estrutura dentária envolvendo total ou parcialmente o 
remanescente e quando há necessidade de modificação 
de dentes com grandes alterações de forma e de cor. Entre 
os materiais estéticos utilizados para confecção desses ti-
pos de restaurações, destacamos as cerâmicas ricas e po-
bres em sílica.
A seguir, será descrito um protocolo de confecção 
para cada tipo de preparo (Figuras 8.6 a 8.8).
 o Figura 8.4
Término em chanfro.
 o Figura 8.5
Término em ombro.
Capitulo_08.indd 153 16/09/2013 10:17:01
154 o Dentística: Uma Abordagem Multidisciplinar
Protocolo de preparo para restaurações 
estéticas indiretas
Inlay em cerâmica pura
 o Figura 8.6
A e B Elemento dental hígido. C Realização de desgaste acompanhando 
a orientação do sulco principal, com profundidade e extensão mínima de 
1,5 mm com broca troncocônica (2131). D Com a mesma broca utilizada 
para a confecção da caixa oclusal, faz-se a extensão de cerca de 1,0 mm 
para cervical na região proximal. E e F Acabamento do preparo com as 
mesmas brocas diamantadas de granulação fina ou multilaminadas em 
baixa rotação (2131F). G Aspecto final do preparo.
A B
D
F
G
E
C
Capitulo_08.indd 154 16/09/2013 10:17:08
 Preparo Cavitário para Restaurações Estéticas Indiretas o 155
Onlay em cerâmica pura
 o Figura 8.7
A e B Elemento dental hígido. C e D Confecção de sulcos de orientação na superfície oclusal acompanhando a 
inclinação da anatomia oclusal, com cerca de 1,5 mm de profundidade (2143). E Sulcos oclusais confeccionados. 
F e G União dos sulcos de orientação na superfície oclusal mantendo a profundidade preestabelecida (2143). H 
Aspecto do elemento dental após o desgaste oclusal. I Confecção da caixa oclusal (2131). J Aspecto da caixa 
oclusal. K e L Desgaste de aproximadamente 1,5 mm do terço oclusal na superfície vestibular e lingual (2131). 
M e N Aspecto do preparo antes do acabamento. O, P, Q, R e S Acabamento do preparo com brocas diaman-
tadas de granulação fina ou multilaminadas em baixa rotação. T e U Aspecto final do preparo.
A B D
H
L
P
T
F
J
N
R
G
K
O
S
E
I
M
Q
C
U
Capitulo_08.indd 155 16/09/2013 10:17:24
156 o Dentística: Uma Abordagem Multidisciplinar
 o Figura 8.8
A e B Elemento dental hígido. C Confecção de sulco de orientação cervical do preparo em vestibular e lingual (palatina) (1014) 1 a 2 mm supra-
gengival, seguindo a curvatura da região cervical. Nas faces vestibular e lingual (palatina), a profundidade se aproxima de 1,0 mm. D Aspecto após 
a confecção de sulco de orientação cervical. E, F, G e H Confecção de sulcos de orientação nas superfícies axiais (2143) com aproximadamente 
1,5 mm de profundidade, na face vestibular, mantendo-se duas inclinações: com menor inclinação no terço médio-cervical; e com maior inclinação 
terço médio-oclusal e aspecto do sulco de orientação confeccionado na face vestibular. I e J Confecção de sulcos de orientação nas superfícies 
axiais (2143) com aproximadamente 1,5 mm de profundidade, na face palatina, mantendo-se duas inclinações: com menor inclinação no terço 
Coroa total em cerâmica pura
A B D
HF
J
M P
G
K
N
E
I L
OC
Capitulo_08.indd 156 16/09/2013 10:17:37
 Preparo Cavitário para Restaurações Estéticas Indiretas o 157
médio-cervical; e com maior inclinação terço médio-oclusal. K e L Confecção do sulco de orientação da superfície oclusal com profundidade de 
aproximadamente 1,5 mm de profundidade com a ponta diamantada (2143), acompanhando o formato da anatomia oclusal. M Confecção do 
desgaste proximal (slice) (3203). N, O, P, Q, R e S União dos sulcos de orientação de uma das metades do preparo mantendo-se a profundidade 
e a orientação preestabelecidas (2143). T Metade do preparo confeccionado. U Aspecto do preparo após a união de todos os sulcos. V, W, X, Y, 
Z e A’ Acabamento do preparo utilizando pontas diamantadas de granulação fina ou multilaminadas compatíveis com a forma do preparo em 
baixa rotação. Nessa fase, caso necessário, dá-se o preparo intrassulcular. B’ e C’ Aspecto final do preparo.
V
Z
R T
XU
Y
Q
A’
W
C’
S
B’
Capitulo_08.indd 157 16/09/2013 10:17:46
158 o Dentística: Uma Abordagem Multidisciplinar
 o CASO CLÍNICO DE FACETA INDIRETA EM CERÂMICA
 o Figura 8.9
A, B, C, D, E, F e G Caso clínico inicial. Observam-se restaurações extensas deficientes. H Confecção de sulcos de orientação na face vestibular. 
I Inserção do fio retrator para facilitar o posicionamento do preparo intrassucular sem danos aos tecidos moles. J Aspecto dos elementos dentais 
após a inserção do fio retrator, a confecção das canaletas vestibulares e a remoção da restauração deficiente. K, L e M Acabamento do prepa-
ro utilizando-se discos de lixa em baixa rotação. N Acabamento do preparo por meio de instrumento manual. O Aspecto final dos preparos. P, 
Q, R e S Procedimento de cimentação adesiva. T e U Aspecto final após cimentação.
A B
D
H
F
J
M
G
K
N
E
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U
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 Preparo Cavitário para Restaurações Estéticas Indiretas o 159
 o CONSIDERAÇÕES FINAIS
As restaurações indiretas devem ser consideradas op-
ção de escolha no tratamento de dentes com grandes per-
das de estrutura. Entretanto, diversos cuidados precisam 
ser observados para que não ocorra dano excessivo ao re-
manescente dental e às estruturas adjacentes, e também 
para que se proporcione desgaste suficiente para acomoda-
ção do material restaurador de forma que o máximo de 
suas propriedades ópticas e mecânicas possa ser alcançado.
As resinas compostas e as cerâmicas puras ou associadas 
com metal têm sido os materiais mais utilizados para con-
fecção desse tipo de restauração, proporcionando resultados 
adequados tanto do ponto de vista funcional como estético.
As possibilidades de utilização desses materiais são 
diversas e, com isso, faz-se necessário o conhecimento 
das características específicas de cada um, quanto à sua 
composição e ao seu processo de cimentação, o que in-
fluenciará diretamente em suas propriedades mecânicas 
diante de cada situação clínica. 
A execução das restaurações indiretas está relaciona-
da a um adequado planejamento, que deve envolver a es-
colha do material e do preparo biomecânico do elemento 
dental, além do acompanhamento das etapas laborato-
riais e da cimentação, desde as restaurações indiretas 
mais conservadoras, como as facetas laminadas minima-
mente invasivas, até as mais extensas.
Por fim, para o sucesso clínico e a longevidade das res-
taurações indiretas, é necessário que o cirurgião-dentista 
cause o mínimo de dano ao remanescente dental e aos te-
cidos subjacentes, compreenda e domine as propriedades 
físico-químicas dos materiais, a fim de relacioná-las com 
as indicações e limitações de uso desse material, respeitan-
do as exigências estéticas e as diversas características e as-
pirações do paciente, sem comprometer a estabilidade e a 
longevidade desse tipo de restauração.
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Capitulo_08.indd 159 16/09/2013 10:17:57
ALTERNATIVAS CLÍNICAS 
PARA MINIMIZAR A DEGRADAÇÃO 
DA INTERFACE DE UNIÃO À DENTINA
Alessandra Reis
Issis V. Luque Martinez
Viviane Hass
Alessandro D. Loguercio
9
 o INTRODUÇÃO 
Os sistemas adesivos contemporâneos interagem com 
o substrato dentário por meio de estratégias de união di-
ferentes: (1) abordagem convencional, que requer a prévia 
remoção da smear layer; e (2) abordagem autocondicio-
nante, em que a smear layer é mantida como parte do 
substrato de união. Essas duas estratégias adesivas po-
dem, ainda, ser classificadas de acordo com o número de 
passos (por exemplo, de 1 a 3) necessários para conseguir 
a união das resinas compostas aos substratos dentários.1
Os sistemas adesivos convencionais requerem uma 
etapa de condicionamento ácido prévio separada. Assim, 
um ácido inorgânico (geralmente ácido fosfórico 30 a 
40%) é aplicado no substrato dental e, em seguida, lavado. 
Essa etapa é seguida pelo tratamento com um primer, em 
que monômeros resinosos hidrofílicos (por exemplo, 
HEMA) são aplicados no substrato dental para torná-lo 
propenso a receber uma mistura de monômeros resino-
sos relativamente mais hidrofóbicos, a fim de completar o 
procedimento de adesão. Essa sequência de eventos 
exemplifica a aplicação de um procedimento de três pas-
sos. Os adesivos convencionais simplificados combinam 
o primer e o adesivo em um único passo de aplicação. 
Por sua vez, os sistemas adesivos autocondicionantes 
não requerem a etapa prévia de condicionamento separa-
da. Esse tipo de abordagem utiliza monômeros ácidos 
não laváveis que simultaneamente condicionam e se in-
filtram na dentina. O procedimento de união com os ade-
sivos autocondicionantes pode ser realizado a partir de 
duas possibilidades: o primer/condicionador pode estar 
separado do adesivo ou combinado com ele para permitir 
um passo de aplicação única. Ainda há a possibilidade de 
o sistema adesivo empregar dois frascos de primer (no 
caso dos adesivos autocondicionantes de dois passos) ou 
de adesivo (autocondicionantes de um passo) que devem 
ser misturados antes da aplicação (Figura 9.1). 
As primeiras gerações de adesivos dentais eram relati-
vamente hidrofóbicas, o que requeria substratos secos para 
se obter a união. A maioria dos referidos adesivos era utili-
zada sobre a smear layer que cobria a dentina, mas as suas 
formulações não continham monômeros funcionais áci-
dos, de modo que não podiam penetrar a smear layer para 
infiltrar a dentina mineralizada subjacente. Como conse-
quência, os valores de resistência de união produzidos 
eram muito baixos.2 Modificações nas formulações dos 
sistemas adesivos, por meio da inclusão de monômeros 
mais hidrofílicos e monômeros resinosos ácidos, com o 
Capitulo_09.indd 161 16/09/2013 10:15:50
162 o Dentística: Uma Abordagem Multidisciplinar
uso de solventes, tornaram as soluções adesivas mais com-
patíveis com a superfície dentinária úmida, que, por sua 
vez, produziram melhorias significativas e imediatas na 
eficácia adesiva dos sistemas adesivos mais atuais.3
Embora a incorporação de monômeros resinosos áci-
dos e hidrofílicos tenha melhorado substancialmente a 
adesão inicial dos adesivos convencionais e autocondicio-
nantes contemporâneos com o substrato dentinário in-
trinsicamente úmido, cada vez mais têm sido citados po-
tenciais problemas associados com essa formulação 
hidrofílica. Vários estudos laboratoriais e ex in vivo têm 
reportado uma significativa queda nos valores de resis-
tência de união após investigações de curto e longo pra-
zos4-13 (Figura 9.2). Perdas dramáticas da efetividade de 
alguns sistemas adesivos, em termos de perda de retenção 
e aumento de casos de descoloração marginal, foram 
também registradas quando avaliadas clinicamente em 
lesões cervicais não cariosas.14,15 
Essa problemática mudou o foco das investigações a 
respeito da avaliação dos mecanismos de envelhecimento 
envolvidos na degradação das interfaces de união,16,17 
bem como de algumas abordagens clínicas possíveis para 
prevenir ou mesmo minimizar a degradação das interfa-
ces de união produzidas com adesivos simplificados. As-
sim, o objetivo deste capítulo é discutir sobre alguns dos 
fatores que integram o processo de degradação da cama-
da híbrida e as alternativas clínicas apresentadas na lite-
ratura para melhorar a resistência das interfaces adesivas 
diante do processo de degradação. Algumas considera-
ções em relação às modificações na composição dos siste-
mas adesivos serão também abordadas neste trabalho.
FATORES ENVOLVIDOS 
NO ENVELHECIMENTO DAS 
INTERFACES DE UNIÃO À DENTINA
A camada híbrida é formada pela mistura da matriz 
orgânica dentinária, por cristais residuais de hidroxiapa-
tita, monômeros resinosos e solventes.3 A partir disso, 
parece bastante natural hipotetizar que a estabilidade da 
interface adesiva depende da impregnação resinosa ade-
quada e da conversão dos monômeros resinosos dentro 
do substrato dentinário mineralizado/desmineralizado a 
fim de fornecer uma adequada retenção e selamento den-
tinário. Além disso, é evidente que a estabilidade da ca-
mada híbrida depende fundamentalmente da resistência 
 o Figura 9.2
Resistência de união resina-dentina de um adesivo convencional de 
dois passos à base de etanol. Faz-se referência à aplicação em denti-
na seca (0 µl de água), úmida (2,5 µl de água) e muito úmida, ou 
seja, molhada (4 µl de água) nos períodos de avaliação imediato e de 
dois anos. Foram observadas diferenças significativas nos períodos 
imediato e de dois anos quando o adesivo foi aplicado sobre a super-
fície dentinária úmida.
Fonte: Adaptada de Reis e colaboradores.18
 o Figura 9.1
Fotomicrografias eletrônicas de varredura que mostram a diferença na espessura da camada híbrida produzida por 
um A adesivo autocondicionante e um B adesivo convencional. 
Fonte: Imagens gentilmente cedidas pelo Prof. Jorge Perdigão da Universidade de Minnessota, Estados Unidos.
0
10
20
30
40
Dentina seca
Re
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Dentina úmida Dentina molhada
Grau de umidade
Imediato 24 meses
A B
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 Alternativas Clínicas para Minimizar a Degradação da Interface de União à Dentina o 163
intrínseca dos seus componentes individuais contra os 
fenômenos de degradação.1,16,19 
Um dos primeiros trabalhos sobre a durabilidade a 
longo prazo da interface adesiva in vivo, publicado em 
1999,13 demonstrou que materiais resinosos foram extraí-
dos a partir da interface resina/dentina ao longo do tem-
po e que a camada híbrida tornou-se mais porosa. Mais 
tarde, Hashimoto e colaboradores10 avaliaram restaura-
ções de resina composta colocadas em dentes decíduos 
após exfoliação (ex in vivo) por meio de microscopia ele-
trônica de varredura. Os autores observaram também 
que grande parte da camada híbrida havia desaparecido 
ao longo dos três anos de uso clínico. Eles atribuíram isso 
à perda de material resinoso e à degradação de fibrilas de 
colágeno dentro da camada híbrida. Posteriormente, vá-
rios estudos laboratoriais relataram diminuição da resis-
tência da união à dentina quando espécimes para micro-
tração foram armazenados em água destilada ou saliva 
artificial por períodos de 3 meses a 10 anos,4-10,12 o que 
confirmou os resultados previamente observados por 
Sano e colaboradores13 e Hashimoto e colaboradores10 
(Figura 9.3). 
O mecanismo exato responsável pela degradação da 
camada híbrida à interface de união ainda não foi com-
pletamente compreendido.16,20,21 No entanto, acredita-se 
que a primeira fase da biodegradação envolve a extração 
daresina infiltrada na matriz dentinária por meio de es-
paços de tamanho nanométricos cheios de água dentro 
da camada híbrida e pelo ataque enzimático das fibrilas 
colágenas expostas, levando à sua depleção.19,22
Degradação da parte resinosa
Uma revisão recente da literatura demonstrou que os 
monômeros dentários mais populares são polímeros he-
teroátomos, cujas bases estruturais contêm carbono e 
oxigênio ou nitrogênio.23 Além disso, eles apresentam 
grupos hidroliticamente sensíveis, como éster, uretano, 
hidroxila, grupos carboxílicos e fosfatos.24 Pesquisas la-
boratoriais prévias detectaram que muitas das formula-
ções adesivas comerciais simplificadas são altamente 
propensas à sorção de água.25-28 A extensão e a taxa de 
sorção de água dependem da densidade da cadeia poli-
mérica, da quantidade de ligações hidrogênicas e das in-
terações polares, em outras palavras, da hidrofilicidade 
do adesivo.27,29,30 
Outrossim, a retenção de solventes e/ou água antes da 
polimerização compromete a integridade da interface de 
união. Yiu e colaboradores31 elaboraram formulações ex-
perimentais de adesivos por meio da mistura de comonô-
meros puros de diferentes hidrofilicidades com quanti-
dades fixas de solvente e água. A porcentagem de solvente 
retido em misturas de adesivos à base de acetona e à base 
de etanol ampliou significativamente com o aumento da 
hidrofilicidade dos adesivos (variando de 4,9 para 
13,2%).31 Essa situação piorou quando a água (simulada 
na técnica de adesão úmida ou a inerente umidade denti-
nária) foi adicionada a essas formulações, o que resultou 
em um aumento maior na retenção de água/solvente nes-
sas misturas adesivas solvatadas (de 26,4 a 41,6%), mesmo 
utilizando tempos de evaporação de 3 a 12 vezes mais 
elevados (30 a 120 s) do que aqueles normalmente reco-
mendados pelos fabricantes dos sistemas adesivos.31
Retidos no interior do adesivo, o solvente orgânico e a 
água podem comprometer seriamente a integridade es-
trutural da camada híbrida. O aumento da concentração 
de acetona em adesivos de passo único ocasionou a dimi-
nuição na resistência de união por microtração, com ma-
nifestações morfológicas de fendas e lacunas interfaciais 
nas interfaces de união.32 A presença de água remanes-
cente antes da polimerização pode também interferir na 
polimerização do sistema resinoso, deixando monôme-
ros residuais não reagidos, que são mais suscetíveis à lixi-
viação nessas regiões particulares. Outro aspecto de-
monstrado foi de que, adicionando 0,2 mL ou mais de 
água por mL de comonômeros, diminui-se a conversão 
do adesivo de 53,5 para 25%.33 
Embora protocolos que apontem para a evaporação 
do solvente possam ser recomendados pela maioria dos 
fabricantes dos sistemas adesivos comerciais, sabe-se que 
a eliminação completa do solvente é crítica, senão impos-
sível, especialmente a partir de misturas altamente hidró-
filas, como as usadas clinicamente.31,34,35 Além disso, os 
solventes residuais voláteis diluídos no adesivo podem 
 o Figura 9.3
Microfotografias de MEV (microscópio eletrônico de varredura) da in-
terface de união de um sistema adesivo auntocondicionante no perío-
do imediato, A e após 6 meses, B, e de um sistema adesivo conven-
cional no período imediato, C e após 6 meses, D. Observa-se como 
a infiltração do nitrato de prata na camada híbrida (caixas) aumenta 
ao longo do tempo (B e D) e se estende dentro da camada adesiva 
(setas). 
Fonte: Cedida pelos autores.
A B
C D
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164 o Dentística: Uma Abordagem Multidisciplinar
evitar a aproximação entre monômeros reativos penden-
tes, dificultando a reação de ligação cruzada dentro da 
camada híbrida.36-38 Assim, em vez de alcançar a densida-
de macromolecular ideal de empacotamento, a espinha 
dorsal do polímero pode ter seu espaço livre aumentado 
em um nível diretamente relacionado à quantidade de 
solvente orgânico presente durante a polimerização. 
Consequentemente, isso afeta a resistência máxima à tra-
ção do adesivo em si,36 e, como resultado, a resistência de 
união à dentina.39-41
Sabe-se que a camada adesiva formada por adesivos 
simplificados convencionais e autocondicionantes é alta-
mente permeável, provavelmente em virtude das concen-
trações relativamente mais elevadas de monômeros hi-
drofílicos e solventes.42 Como adesivos parcialmente 
polimerizados são mais permeáveis ao movimento dos 
fluidos,30 eles podem acelerar a absorção de água e com-
prometer a integridade ao longo do tempo da união ade-
sivo-resina. 
A fácil passagem de água no interior das camadas 
adesiva e híbrida enfraquece o polímero pela dilatação da 
rede e reduz as forças de fricção entre as cadeias polimé-
ricas.24,43 Após o processo de relaxamento, monômeros 
que não reagiram e estão fragilmente presos na rede poli-
mérica são liberados para o ambiente, criando novos ca-
nais de penetração de água; por isso, a água se difunde 
ainda mais na malha polimérica. A liberação dos monô-
meros residuais e de baixo peso molecular também pro-
voca um aumento na porosidade no interior da camada 
híbrida,10,13 o que reduz ainda mais a resistência coesiva 
dos adesivos simplificados,44 bem como do seu módulo 
de elasticidade.29 Essas são consideradas as principais ra-
zões para a degradação da parte polimérica dentro da ca-
mada híbrida, contribuindo para a redução da resistência 
de união dos adesivos dentinários ao longo do tempo.16 
Quanto mais hidrofílico o material, maior é a sua taxa 
de absorção de água e da degradação hidrolítica resultan-
te.16,27,29,45 Como relatado por Breschi e colaboradores,16 
independentemente da estratégia adesiva utilizada (con-
vencional ou autocondicionante), a combinação de mo-
nômeros resinosos hidrofílicos e iônicos na formulação 
do adesivo, em especial nos simplificados (sistemas con-
vencionais de dois passos e autocondicionantes de um 
passo), sem a utilização de uma camada de resina hidrofó-
bica não solvatada, remete à criação de camadas híbridas 
que são permeáveis à água, não apenas à umidade do am-
biente bucal, mas também ao fluxo de líquido provenien-
te dos túbulos dentinários.46-48 
Essa é a razão pela qual as interfaces adesivas produ-
zidas com adesivos simplificados são consideradas mem-
branas semipermeáveis.2,49,50 De fato, um estudo recente 
revelou que, dependendo do grau de hidrofilia (por 
exemplo, a mais elevada, mais propensa), adesivos denti-
nários podem permitir não apenas a passagem de água, 
mas também ser permeados por partículas com um peso 
molecular relativamente elevado.51 Tal permeabilidade de 
solutos das resinas à base de metacrilato explica a mobili-
dade e a difusão de fluoretos das matrizes resinosas cons-
tituídas por compostos que contêm fluoretos.52 Similar-
mente, a clorexidina pode ser lentamente liberada a partir 
de resinas UDMA-TEGDMA, já que pode ser permeada 
por meio da matriz resinosa.53
O aumento da permeabilidade dos adesivos simplifi-
cados contemporâneos à água é facilmente evidenciado 
quando eles são utilizados para selar preparos coronários 
em dentina vital profunda in vivo antes de se realizar 
uma impressão com uma silicona para as restaurações 
indiretas.2,50,54 Após a aplicação desses adesivos em pre-
paros coronários vitais e a remoção da camada inibida 
pelo oxigênio nas impressões desses preparos coronários 
“selados”, foi obtida a moldagem com o material de im-
pressão à base de silicona de baixa viscosidade. As impres-
sões foram vazadas com resina epóxica para produzir ré-
plicas dos preparos coronários para serem examinadas por 
microscopia eletrônica de varredura. A utilização de ade-
sivos simplificados não proporcionou um selamento her-
mético quando foram aplicados em dentina vital profun-
da, o que foi evidenciado pela transudação de fluido 
dentinário através dos adesivos polimerizadospor for-
mar gotas de fluido ao longo da superfície do adesivo55,56 
(Figura 9.4). Esses movimentos de água no interior da 
camada adesiva podem ser conduzidos por gradientes de 
pressão osmótica em virtude das elevadas concentrações 
de íons inorgânicos dissolvidos e monômeros resinosos 
hidrofílicos na camada adesiva, resultando na formação 
de bolhas de água.46,47,56
Essa passagem de água foi também revelada por estu-
dos a respeito da permeabilidade da interface de união 
por meio de um marcador detectável por microscopia 
eletrônica, tal como a solução de nitrato de prata, o qual 
traça vias de difusão cheias de água em toda a interface 
de união, frequentemente chamadas de “árvores de água” 
(water-trees). Esses canais de água são observados na su-
perfície da camada híbrida e se estendem dentro da ca-
mada adesiva (Figura 9.5).50
Desse modo, não somente a água a partir do ambiente 
oral é responsável pela degradação hidrolítica das inter-
faces adesivo-dentina, mas também aquela extraída da 
dentina, em virtude do gradiente osmótico criado pelos 
íons dissolvidos dentro da camada inibida pelo oxigênio 
desses adesivos polimerizados.50 Como consequência, as 
moléculas de água absorvidas que tentam passar através 
do adesivo podem ficar presas na interface, interferindo, 
assim, na adesão com as resinas compostas,2,57 que aca-
bam também contribuindo para a baixa longevidade das 
interfaces adesivo-dentina.
Em resumo, os fatores responsáveis pela degradação 
da parte resinosa são: a hidrofilicidade dos adesivos resi-
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 Alternativas Clínicas para Minimizar a Degradação da Interface de União à Dentina o 165
nosos; o aprisionamento de água/solvente dentro do ade-
sivo polimerizado, que impede a formação de ligações 
cruzadas entre as cadeias poliméricas e o adequado grau 
de conversão; e a plastificação do polímero pela absorção 
de água a partir tanto do ambiente oral quanto da denti-
na subjacente.
Degradação das fibrilas colágenas 
Nakabayashi e colaboradores58 definiram a camada 
híbrida como uma estrutura formada nos tecidos dentais 
duros pela desmineralização da superfície e subsuperfí-
cie, seguida pela infiltração de monômeros e subsequente 
polimerização. Idealmente, os monômeros resinosos de-
veriam penetrar totalmente na malha de dentina desmi-
neralizada produzida pelo ácido quando adesivos con-
vencionais são empregados. Entretanto, vários estudos 
mais recentes demonstraram que a penetração de adesivo 
é sempre menor do que a extensão da desmineralização 
da dentina.59-61 De acordo com dois recentes estudos,62,63 
isso também pode acontecer com os sistemas adesivos 
autocondicionantes.
Por meio da espectroscopia de micro-Raman,60,64,65 a 
extensão da penetração de adesivos foi calculada dentro 
da interface adesiva. No primeiro micrômetro da inter-
face, ao redor de 68% da concentração de BisGMA do 
adesivo convencional penetra na dentina desminerali-
zada,60 o que possivelmente ocorre em decorrência da 
insolubilidade do Bis-GMA em dentina saturada de 
água. Outros estudos confirmam, por análise de imu-
no-histoquímica, que a maioria das fibrilas colágenas 
na parte inferior da camada híbrida não é totalmente 
encapsulada pelos monômeros resinosos,66 com uma 
marcação intensa das fibrilas colágenas por antianticor-
pos de colágeno tipo I.17,66 
Essa discrepância entre a desmineralização e a infil-
tração dos monômeros resulta em zonas incompletamen-
te infiltradas ao longo da parte inferior da camada híbri-
da, as quais contêm fibrilas colágenas expostas, mesmo 
imediatamente após a adesão. Essa evidência foi inicial-
mente demonstrada por Sano e colaboradores,67 que a 
chamaram de nanoinfiltração para diferenciar de mi-
croinfiltração, pois, nesse caso, havia sinais de infiltra-
ção, mas não de falta de selamento da interface.
A eluição da resina a partir de hidrogéis poliméricos 
hidroliticamente instáveis dentro da camada híbrida27,29 
pode continuar acontecendo por meio dos canais de na-
 o Figura 9.4
Teste de permeabilidade de um sistema 
adesivo autocondicionante de um passo. Foi 
aplicada uma camada de adesivo sob a su-
perfície de um disco de dentina enquanto 
era simulada a pressão pulpar no equipa-
mento. Transcorridos 5 minutos da fotoativa-
ção, observam-se gotas de fluido ao longo da 
superfície do adesivo pela transudação de 
fluido por meio do adesivo polimerizado. 
Fonte: Cedida pelos autores.
 o Figura 9.5
Microfotografias de MEV (microscópio eletrô-
nico de varredura) da interface de união de 
um sistema adesivo auntocondicionante por 
um período de 6 meses. Nota-se a infiltração 
do nitrato de prata a partir da camada híbrida 
que se estende dentro da camada adesiva 
evidenciando os canais de água (water trees) 
(setas). 
Fonte: Cedida pelos autores.
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166 o Dentística: Uma Abordagem Multidisciplinar
noinfiltração durante o envelhecimento, produzindo 
uma exposição contínua de fibrilas de colágeno. 
Esse fato torna as matrizes de colágeno infiltradas 
com monômeros resinosos mais suscetíveis ao ataque de 
enzimas proteolíticas. Recentemente, foi demonstrado 
que as mesmas enzimas envolvidas na decomposição das 
matrizes de colágeno durante a patogênese da cárie den-
tária68,69 e a doença periodontal70 também têm papel im-
portante na degradação das interfaces de união adesivo-
-dentina.71 Por meio de ensaio da atividade colagenolítica 
em pó de dentina mineralizada usando marcador de fluo-
rescência de colágeno tipo I de pele bovina, Pashley e co-
laboradores71 demonstraram uma atividade intrínseca 
colagenolítica na dentina humana mineralizada. Os auto-
res especulam que tal atividade proteolítica poderia ser 
exercida por metaloproteinases (MMPs dentinárias), que, 
naquela ocasião, já haviam demonstrado ser potencial-
mente expressas no complexo dentino-pulpar.68,72,73
As metaloproteínases da matriz (MMPs) são uma fa-
mília de enzimas Zn+2 e Ca+2 dependentes que são compo-
nentes endógenos importantes em muitos processos bio-
lógicos e patológicos em virtude de sua capacidade de 
degradar quase todos os componentes da matriz extrace-
lular.74 Na Odontologia, tem sido dado considerável in-
teresse à detecção, distribuição e função das MMPs en-
dógenas nos tecidos dentais.75,76 Várias MMPs foram 
identificadas dentro de compartimentos do complexo 
dentino-pulpar. Na matriz dentinária, foram detectados 
pelo menos quatro tipos de MMPs: a estromelisina-1 
(MMP-3);77,78 a colagenase (MMP-8)79; e as gelatinases A e 
B (MMP-2 e MMP-9, respectivamente).80,81 
A descrição do envolvimento das MMPs na degrada-
ção da matriz dentinária desmineralizada foi inicialmente 
descrita no estudo de Tjäderhane e colaboradores,68 que, 
por meio de análises Western blot, utilizaram anticorpos 
MMP específicos para identificar as MMPs em cárie den-
tal humana. Foram encontradas as MMP-2, MMP-8 e 
MMP-9 humanas em lesões dentinárias desmineraliza-
das. As experiências desse estudo forneceram a evidência 
crítica de que, na cárie dentária, os ácidos bacterianos são 
necessários para a remoção de minerais, bem como para a 
ativação subsequente de MMPs hospedeiras, mas as bac-
térias, por si só, não podem causar a degradação da matriz 
dentinária. Com isso, assumiu-se que, após a desmine-
ralização, as MMPs hospedeiras ativadas seriam res-
ponsáveis por destruir a matriz dentinária e colaborar 
decisivamente na progressão da lesão de cárie.68 Mais 
recentemente, como mencionado anteriormente, Pashley 
e colaboradores71 começaram a discutir sobre o provável 
envolvimento de MMPs na degradação das fibrilas de co-
lágeno expostas dentro da camada híbrida. Pensa-se que a 
liberação e a subsequente ativação dessas enzimas endó-
genas durante os procedimentos de adesão dentiná-
ria71,82-84 podem ser responsáveispelo completo desapare-
cimento de porções da camada híbrida de interfaces de 
união adesivo-dentina que foram armazenadas por 4 anos 
em água.7
Mais recentemente, outro grupo de proteases foi iden-
tificado em dentina humana hígida e cariada, as quais 
fazem parte das proteases de cisteína.85,86 As proteases de 
cisteína humanas são as mais conhecidas e expressas a 
partir das catepsinas lisossomais B, H, e L e dipeptidil 
peptidase I (DPP I).
Nos estudos de Nascimento e colaboradores85 e Ter-
sariol e colaboradores,86 foi também investigada a poten-
cial correlação entre as MMPs e as atividades da cisteína 
catepsina na dentina sadia e cariada, respectivamente. 
Os resultados mostraram que as atividades das MMPs e 
da catepsina cisteína expressam uma forte e significati-
va correlação entre a dentina sadia e a cariada, embora 
as atividades em lesões de cárie fossem aproximada-
mente 10 vezes superiores àquelas em dentina intacta. 
Em conclusão, esses dados indicam que a atividade co-
lagenolítica/gelatinolítica da dentina pode não ocorrer 
somente em virtude da presença das MMPs, mas tam-
bém da atividade da cisteína catepsina.
Embora o condicionamento com ácido fosfórico pos-
sa inibir a atividade colagenolítica/gelatinolítica da denti-
na,71,82 a aplicação de sistemas adesivos simplificados con-
vencionais82 e autocondicionantes83 podem reativar as 
atividades enzimáticas endógenas na dentina que foram 
previamente inativadas para um patamar até mesmo su-
perior àquele da atividade original da dentina minerali-
zada não tratada.82
No entanto, parece haver algumas exceções. Estudos 
recentes têm demonstrado que alguns adesivos autocon-
dicionantes suaves ou de pH leve87,88 e alguns monômeros 
de sistemas adesivos simplificados, como TEGDMA, 
HEMA e metacrilatos de amônio quaternário, também 
conseguem inibir a atividade das MMPs.89-91
Tendo em conta todos os diferentes aspectos demons-
trados a respeito da degradação das fibrilas de colágeno, é 
possível sintetizar que seus fatores responsáveis são: a pe-
netração incompleta dos monômeros resinosos em toda a 
profundidade da desmineralização produzida pelo ácido 
fosfórico ou alguns adesivos autocondicionantes, em espe-
cial os mais acídicos; a exposição contínua das fibrilas co-
lágenas em virtude da degradação da rede de polímeros; a 
ativação das MMPs (envolvidas na degradação dos compo-
nentes orgânicos da camada híbrida) pelos sistemas adesi-
vos; a atividade das proteases, como as catepsinas.
COMO MELHORAR A ESTABILIDADE 
DA UNIÃO RESINA-DENTINA
Com base na discussão anterior, pode-se supor que a 
qualidade da interface de união depende da qualidade da 
camada híbrida, isto é, da impregnação adequada do 
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 Alternativas Clínicas para Minimizar a Degradação da Interface de União à Dentina o 167
substrato a fim de encapsular totalmente as fibrilas colá-
genas expostas na dentina e, também, da qualidade do 
polímero formado após os procedimentos adesivos.
Vários estudos têm centrado suas investigações na 
avaliação de algumas modificações no padrão dos proto-
colos clínicos, a fim de obter interfaces de união com me-
nor propensão à degradação. Todas essas abordagens clí-
nicas concentram-se em melhorar: (1) a impregnação do 
adesivo em dentina desmineralizada e mineralizada; (2) a 
resistência do polímero formado pelos sistemas adesivos; 
e (3) a resistência das fibrilas colágenas à degradação en-
zimática. Obviamente, existem algumas abordagens clí-
nicas que possam melhorar a durabilidade da adesão por 
dois ou até três desses mecanismos, no entanto, por mo-
tivos didáticos, as técnicas serão classificadas em uma 
dessas abordagens citadas.
Melhorar a impregnação do adesivo em 
dentina desmineralizada e mineralizada
A utilização da aplicação com fricção vigorosa tem sido 
investigada com o intuito de se aumentar a durabilidade 
de união à dentina de adesivos autocondicionantes e con-
vencionais simplificados usados em dentina úmida e 
seca18,92 (Figura 9.6). Como já mencionado, a aplicação dos 
sistemas adesivos conforme as recomendações dos fabri-
cantes ocasiona uma difusão limitada na malha de denti-
na desmineralizada e mineralizada.60,64,93 Dessa maneira, 
ao aplicar o adesivo com fricção, ocorre uma pressão me-
cânica que comprime a matriz de colágeno, colapsando-a 
como uma esponja. À medida que a pressão é aliviada, o 
colágeno comprimido se expande e a solução de adesivo 
pode ser arrastada para a malha de colágeno previamente 
colapsada.18,94 Além disso, é provável que a aplicação com 
fricção vigorosa possa aumentar a evaporação de solven-
tes. Embora essa técnica não altere a natureza do adesivo 
(hidrofilicidade), podem ser esperadas modificações na 
topologia da cadeia de polímeros, permitindo um am-
biente mais propício para o aumento do grau de ligações 
cruzadas no polimérico. Uma avaliação clínica recente 
indicou que essa abordagem clínica conseguiu melhorar o 
desempenho de um sistema adesivo simplificado conven-
cional em lesões cervicais não cariosas.95 
Essa mesma abordagem clínica mostrou também um 
aumento da durabilidade das interfaces adesivas produzi-
das com adesivos autocondicionantes, quando aplicados 
à dentina96,97 (Figura 9.7). Nesse caso, a agitação de um 
sistema adesivo autocondicionante de um passo colabora 
no transporte de monômeros resinosos acídicos para a 
parte basal da dentina condicionada produzindo uma 
desmineralização mais agressiva, facilitando a difusão 
dos monômeros e promovendo melhor interação com a 
smear layer e a dentina subjacente.96-98 
As desvantagens dessa técnica são: interpretação do 
operador de aplicação vigorosa; e necessidade de microa-
 o Figura 9.6
Resistência de união resina-dentina de um adesivo convencional de 
dois passos à base de etanol em diferentes modos de aplicação nos 
períodos de avaliação imediato e de 1 ano. Não foram observadas 
diferenças significativas nos períodos imediato e de 1 ano quando o 
adesivo foi friccionado vigorosamente sobre a superfície dentinária. 
Fonte: Adaptada de Reis e colaboradores.18
 o Figura 9.7
Resistência de união resina-dentina de adesivos autocondicionantes 
de um passo sob diferentes formas de aplicação nos períodos ime-
diato e de 6 meses. A aplicação ativa melhorou a resistência de união 
inicial e diminuiu a degradação da interface de união. 
Fonte: Adaptada de Amaral e colaboradores.97
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Sem fricção
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Leve fricção Vigorosa fricção
Modo de aplicação do adesivo
Imediato 1 ano
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Inativa
(pH ácido)
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ad
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Ativa
(pH ácido)
Inativa
(pH suave)
Ativa
(pH suave)
Modo de aplicação do adesivo
Imediato 6 meses
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plicadores mais rígidos. Pincéis ou microaplicadores 
que se deformam facilmente sob pressão não devem ser 
utilizados. Igualmente, o operador deverá aplicar o ade-
sivo usando um microaplicador rígido e fazendo uma 
pressão igual a que ele poderia exercer sobre a superfície 
da dentina (Figura 9.8).
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168 o Dentística: Uma Abordagem Multidisciplinar
A aplicação de múltiplas camadas de adesivos é outra 
técnica que pode ser utilizada. Hashimoto e colaborado-
res99 demonstraram que a resistência de união imediata 
aumentou com a aplicação de até quatro camadas de ade-
sivo, bem como a ocorrência de uma diminuição da na-
noinfiltração de adesivos convencionais simplificados. A 
aplicação de várias camadas aumenta a capacidade de 
penetração na dentina desmineralizada, seja pelo aumen-
to de monômeros disponíveis para a infiltração, seja pelo 
aumento do tempo de aplicação, uma vez que significará 
também mais tempo para a evaporaçãode solventes, 
como será discutido adiante.
Da mesma forma que para os adesivos convencionais, 
Ito e colaboradores100 concluíram que, aplicando mais ca-
madas de adesivos simplificados autocondicionantes, a 
resistência e a qualidade da adesão na dentina podem me-
lhorar. Embora a redução da longevidade de união adesi-
vo-dentina não pudesse ser impedida por essa aborda-
gem clínica, as taxas de degradação dos adesivos 
simplificados autocondicionantes após 6 meses de arma-
zenamento em água foram menos pronunciadas do que 
nas interfaces de união aplicadas segundo as instruções 
dos fabricantes (Figura 9.9).101
A lógica por trás do bom desempenho dessa técnica é 
que, como as primeiras camadas do adesivo autocondicio-
nante iniciam o condicionamento do substrato dentinário, 
este pode tornar-se rapidamente tamponado pelos cristais de 
hidroxiapatita,102 de modo que as camadas adicionais de mo-
nômeros ácidos não polimerizados possam melhorar a capa-
cidade de condicionamento desses adesivos, pelo aumento da 
concentração dos reagentes ácidos. Simultaneamente a esse 
processo, pode ocorrer maior capacidade de impregnação do 
adesivo pelo fornecimento adicional de monômeros resino-
sos, conforme a hipótese de Ito e colaboradores.100 Infeliz-
mente, a literatura carece de informações sobre a longevida-
de dessa técnica para adesivos convencionais – nenhum 
 o Figura 9.9
Resistência de união à dentina de um adesivo autocondicionante de 
um passo aplicado segundo as instruções do fabricante e após a 
duplicação do número de camadas de adesivo nos períodos imediato 
e de 6 meses. Foram observados maiores valores de resistência de 
união nos períodos imediato e de 6 meses quando o número de 
camadas adesivas foi duplicado. 
Fonte: Adaptada de Reis e colaboradores.101 
 o Figura 9.8
Observe, na sequência horizontal de fotos A, que, uma vez feita a aplicação vigorosa do adesivo com um 
microaplicador muito flexível, este se deforma facilmente sob a pressão exercida. Quando utilizado um mi-
croplicador rígido (sequência de fotos horizontal B), isso não acontece, o que permite a realização efetiva da 
técnica. 
Fonte: Cedida pelos autores.
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Instruções do fabricante
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Dupla aplicação
Modo de aplicação do adesivo
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 Alternativas Clínicas para Minimizar a Degradação da Interface de União à Dentina o 169
estudo clínico, até o momento, abordou essa questão. A prin-
cipal desvantagem desse protocolo clínico é que ele vai contra 
a necessidade clínica de protocolos de rápida aplicação, já que 
é necessária a aplicação de várias camadas de adesivo.
Como a impregnação da dentina desmineralizada e a 
evaporação do solvente parecem ser processos dependen-
tes do tempo, um protocolo de fotoativação tardia pode 
garantir melhor penetração dos monômeros resinosos e, 
associadamente, uma taxa maior de evaporação dos sol-
ventes101,103 (Figura 9.10). Reis e colaboradores,101 por 
exemplo, aplicaram dois sistemas adesivos convencionais 
simplificados conforme indicação do fabricante sobre su-
perfícies oclusais planificadas de dentina. O procedimen-
to de ativação pela luz foi realizado imediatamente após a 
aplicação, ou seja, cerca de 40 segundos após o início da 
aplicação ou após períodos que variaram de 90 a 300 se-
gundos. Os autores demonstraram que, além do aumento 
na resistência de união imediata, uma adesão mais estável 
à dentina foi alcançada mesmo após 3 anos de armazena-
mento em água para os tempos prolongados de aplicação 
(Figura 9.11). Este é, provavelmente, o resultado de uma 
 o Figura 9.10
Observa-se uma gota de adesivo após o gotejamento, A, e depois de 5 minutos, B, em que é possível 
notar a evaporação dos solventes. Isso também acontece quando o adesivo é aplicado clinicamente (C e D). 
Fonte: Cedida pelos autores. 
 o Figura 9.11
Resistência de união à dentina de um adesivo convencional à base de 
etanol aplicado segundo as instruções do fabricante (40 s) e após a 
polimerização tardia. Foram observados altos valores de resistência de 
união imediata e estabilidade da união aos 6 meses quanto maior o 
tempo de permanência na interface de união antes da polimerização. 
Fonte: Adaptada de Reis e colaboradores.101
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Tempos de aplicação prolongados (s)
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170 o Dentística: Uma Abordagem Multidisciplinar
melhor infiltração do adesivo e consequente redução da 
permeabilidade à água por meio da interface de união.104 
Para o adesivo autocondicionante, o aumento do tempo 
de aplicação também mostrou a melhora dos valores de 
resistência de união,105,106 embora a durabilidade desse 
protocolo após os desafios do envelhecimento em labora-
tório e em ensaios clínicos para as duas estratégias de 
união não tenha sido avaliada até agora. 
Melhorar a resistência do polímero formado 
pelos sistemas adesivos
Uma forma de reduzir a hidrofilicidade dos adesivos 
simplificados é colocar uma camada adicional de um 
adesivo hidrofóbico (Bond) sobre o adesivo simplificado 
polimerizado. A utilização de uma camada hidrofóbica 
sobre um sistema adesivo autocondicionante de um passo 
ou convencional de dois passos leva a uma camada adesi-
va mais espessa e mais uniforme, com concentrações 
mais baixas de água e solventes retidos, e à significativa 
redução da taxa de fluxo de fluido pela interface de 
união107,108 (Figura 9.12). 
Essa técnica também pode eliminar a incompatibili-
dade dos adesivos autocondicionantes simplificados com 
compósitos autopolimerizáveis.108-110 Sistemas adesivos 
que utilizam um Bond (convencional de três passos e au-
tocondicionante de dois passos) mostram maior grau de 
polimerização e menor permeabilidade à água.42,111 
Assim, utilizando essa técnica, o frasco do adesivo 
simplificado seria convertido em um primer (do sistema 
convencional de 3 passos, por exemplo), o qual seria, ain-
da, diluído pelos monômeros hidrofóbicos contidos na 
superfície da camada do Bond, aumentando a concentra-
ção relativa de monômeros hidrofóbicos na camada ade-
siva e diminuindo a concentração de solventes retidos, já 
que o Bond é geralmente composto de monômeros hidró-
fobos não solvatados.16 Consequentemente, uma interface 
resina-dentina mais estável seria produzida ao longo do 
tempo, como previamente demonstrado para adesivos 
convencionais e autocondicionantes simplificados.112,113 
Então, um adesivo simplificado é transformado em um 
adesivo em que se faz necessária a aplicação de mais de 
um frasco e, consequentemente, em adesivo que requer 
múltiplas camadas. Contudo, o adesivo simplificado 
pode ser fotoativado antes da aplicação do Bond, ao con-
trário do uso de um primer, que, em geral, não é fotoati-
vado com um Bond. Essa fotoativação do adesivo e do 
Bond têm permitido a formação de camadas híbridas 
mais densamente compactadas pela provável redução da 
concentração de monômeros que não reagiram entre as 
camadas (Figura 9.13). 
Recentemente, dois ensaios clínicos randomizados 
avaliaram a inclusão de um Bond em adesivos simplifica-
dos. Para os adesivos autocondicionantes, as taxas de re-
tenção de Clearfil S3 Bond (Kuraray) e Gluma iBond™ 
 o Figura 9.12
Fluxo de fluidos (%) por meio da interface resina-dentina após a 
aplicação do adesivo de dois passos segundo as instruções do fabri-
cante ou com uma camada de adesivo hidrofóbico extra. Foi obser-
vado um fluxo de fluido significativamente menor com a aplicação do 
Bond para todos os adesivos. 
Fonte: Adaptada de Andrade e Silva e colaboradores.107
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À base
de etanol
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(%
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À base de
etanol/água
À base
de acetona
Sistemas adesivos
Instruções do fabricante
Revestimento hidrofóbico
50
Inside (Heraeus Kulzer), aplicados de acordo com as ins-
truções do fabricante em lesões cervicais não cariosas, 
foram de 80 e 73,3%, respectivamente. Após a aplicação 
de uma camada hidrofóbica não solvatada, essas taxas 
aumentaram para 96,7 e 86,7%, respectivamente, sendo 
esta a evidência clínica do sucesso dessa abordagem.114 
Para os adesivos convencionais, o All Bond 3® foi utiliza-
do nas versões simplificada (2 passos) e completa (3 pas-
sos). Após 24 meses, as taxas de retenção foram de 90 e 
97%. Novamente, não é possível negar que a desvantagem 
principal desse protocolo clínico está no tempo mais de-
morado para a sua realização.
A partir do princípio de que a permeabilidade da resi-
na e a eluição dos monômeros se relacionam com a sub-
polimerização dos sistemas adesivos, dois estudos recen-
tes42,111 propuseram prolongar tempos de fotoativação. Os 
estudos demonstraram que aumentar os tempos de fotoa-
tivação dos adesivos simplificados além do tempo reco-
mendado pelos fabricantes resultou em interfaces de 
união com elevado grau de conversão e permeabilidade 
reduzida,42,111 o que também demonstrou melhoria do de-
sempenho desses sistemas adesivos quando submetidos a 
testes de resistência de união.115-117 A elevada densidade de 
energia (produzida pelos tempos de exposição mais lon-
gos) melhora a formação de radicais livres, que iniciam a 
polimerização.118 Além disso, o calor gerado pelos apare-
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 Alternativas Clínicas para Minimizar a Degradação da Interface de União à Dentina o 171
lhos fotopolimerizadores,119,120 principalmente em tempos 
de exposição prolongados, pode aumentar os níveis de 
evaporação dos solventes.121 Isso pode fornecer o meio 
para a formação de um polímero de elevado peso mole-
cular e com grande quantidade de ligações cruzadas.121 
Estudos recentes têm demonstrado que, embora essa 
abordagem clínica não pudesse impedir a degradação das 
interfaces de união, a extensão da degradação foi signifi-
cativamente menor para adesivos convencionais de dois 
passos114 e para os autocondicionates de um passo122 
quando os tempos de fotopolimerização foram prolonga-
dos (Figura 9.14).
Infelizmente, essa abordagem ainda não foi clinica-
mente testada. Além disso, não é possível negar que re-
quer mais tempo para ser realizada clinicamente e pode 
ser afetada pela intensidade do aparelho fotoativador.
Como o solvente e o seu aprisionamento têm um pa-
pel fundamental na conformação de um polímero com 
elevada ligação cruzada, foi recentemente investigado o 
uso de uma corrente de ar quente (60°C) para a evapora-
ção do solvente a fim de tentar melhorar esse proble-
ma.123-125 Essa abordagem mostrou um aumento da resis-
tência de união à dentina em adesivos convencionais 
simplificados tanto imediatamente como após 6 meses de 
avaliação,125 provavelmente em virtude da elevação da 
evaporação do solvente124 (Figuras 9.15 e 9.16) e, conse-
quentemente, de uma maior ligação cruzada polimérica. 
Os benefícios dessa técnica devem ser testados em adesi-
 o Figura 9.13
Microscopia eletrônica de varredura que mostra a variação da espessura da camada de 
adesivo formada quando se aplica um adesivo hidrofóbico sobre o adesivo simplificado. A: 
adesivo SEM camada hidrófoba; B: adesivo COM camada hidrófoba.
Fonte: Cedida pelos autores.
 o Figura 9.14
Resistência de união à dentina de um adesivo convencional de dois 
passos à base de etanol fotopolimerizado segundo as instruções do 
fabricante (10 s) e após tempos de exposição prolongados. A resistên-
cia de união obtida em 6 meses após 40 segundos de exposição à luz 
foi similar ao grupo imediato para o tempo de 10 segundos. 
Fonte: Adaptada de Reis e colaboradores.116
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172 o Dentística: Uma Abordagem Multidisciplinar
vos autocondicionantes, bem como o protocolo ser ava-
liado clinicamente. Uma desvantagem evidente desse 
procedimento é que exige dispositivos especiais para a 
produção de corrente de ar quente. 
Vários estudos recentes têm se centrado sobre a influên-
cia do preaquecimento em relação às propriedades da re-
sina composta.126,127 O preaquecimento da resina compos-
ta pode aumentar a conversão do monômero, bem como 
melhorar a mobilidade molecular e a frequência de coli-
são de monômeros reativos, ocasionando, consequente-
mente, maior reticulação do polímero formado.128 
Considerando-se que os sistemas adesivos são com-
postos principalmente de monômeros, uma elevação na 
temperatura por meio do preaquecimento dos sistemas 
adesivos poderia aumentar a adesão à dentina – essa téc-
nica tem sido investigada recentemente para os sistemas 
adesivos convencionais e autocondicionantes.129-132 
No entanto, ao contrário das expectativas anteriores, 
essa abordagem não melhorou a resistência de união à 
dentina produzida por sistemas adesivos convencionais130 
e autocondicionantes132 nem no tempo imediato e, tão 
pouco, no longo prazo.130 É provável que o aquecimento 
do adesivo possa alterar a estabilidade dos monômeros 
para adesivos convencionais e autocondicionantes, de tal 
maneira que põe em perigo a sua eficácia de união.129,131
Uma questão importante que deve ser mencionada é o 
efeito no tecido pulpar da alta temperatura produzida 
pela utilização do ar quente durante a evaporação do sol-
vente, dos tempos prolongados de exposição à luz ou de 
adesivos preaquecidos.133 O mecanismo mais amplamen-
te aceito de hipersensibilidade dentinária é a teoria hidro-
dinâmica proposta por Brännström e colaboradores,134 
pela qual o fluxo de fluidos dentro dos túbulos dentiná-
rios é alterado (aumentado ou alterado direcionalmente) 
por estímulos térmicos, táteis ou químicos perto da su-
perfície exposta dos túbulos. Essa alteração levaria à esti-
mulação das fibras A-d em torno dos odontoblastos, o 
que causa sensibilidade dentinária. Já foi demonstrado 
que o aumento de temperatura produzido pelas unidades 
fotopolimerizadoras135,136 afeta negativamente o metabo-
lismo das células subjacentes em cultura de células simi-
lares a odontoblastos.137 Por conseguinte, a utilização 
dessas três últimas abordagens sobre os efeitos na polpa 
em cavidades superficiais, médias e profundas deve ser 
avaliada em futuras investigações.
Como mencionado anteriormente, o gradiente de-
crescente da difusão do monômero resinoso na dentina 
condicionada por ácido resulta em zonas incompleta-
mente infiltradas ao longo da parte inferior da camada 
híbrida, principalmente pelos monômeros mais hidrofó-
bicos, como Bis-GMA.60 Isso ocorre, provavelmente, em 
virtude da insolubilidade do Bis-GMA em dentina satura-
da de água. Se o etanol é usado para substituir a lavagem 
com água para a aplicação em dentina desmineralizada, é 
possível infiltrar sistemas adesivos relativamente hidrofó-
bicos, como uma associação de Bis-GMA/TEGDMA den-
tro da dentina desmineralizada, para criar uma camada 
híbrida também mais hidrofóbica.138,139 Assim, a técnica 
de adesão úmida com etanol (ethanol-wet bonding) per-
 o Figura 9.15
Perda de massa (%) em função de diferentes métodos de evaporação 
de solvente (300 s) para um sistema adesivo convencional de dois 
passos à base de etanol. O uso do jato de ar quente favoreceu a 
evaporação do solvente. 
Fonte: Adaptada de Klein-Júnior e colaboradores.124
0
10
20
30
40
0 20 60 120 180 240 300
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