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fichamento thomas marky 1

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FICHAMENTO MARKY 
DIREITO ROMANO 
Mariana Villaça Vallejo Brandão 
187 
 
 
 
 
CAP 1 
- O termo direito possui significados objetivos e subjetivos. 
 objetivos: ligados a lei. 
 subjetivos: o poder, concedido a alguém, de exigir determinada 
conduta de outrem. 
 
- A norma jurídica tem o direito de regulamentar a conduta humana 
(norma agendi) e de estabelecer as consequências para o caso de seua 
transgressão (sanctio) . 
 
- Há sanções de penalidade e de nulidade. 
 nulidade: o ato exercido ilegalmente torna-se inválido, portanto, nulo. 
 penalidade: o ato ilegal demanda uma penalização para quem o 
cometeu. 
 
- Tipos de leis: 
 perfeita: estabelece sanção de nulidade 
 menos que perfeita: a sanção não determinava a nulidade do ato, 
todavia, decorria numa penalização do infrator (ex. das viúvas- pg.14) 
 imperfeita: não determinava qualquer penalidade, e o ato era validado 
 mais que perfeita: requer punição e nulidade. 
 
- Ius civile: dizia respeito apenas aos cidadãos romanos. 
 
- Ius gentium: referente aos cidadãos romanos e a estrangeiros. Constituía 
uma espécie de direito universal. 
 
- Ius naturale: constituído de regras da natureza, comuns a todos os seres 
vivos ( matrimonio, maternidade, criação dos filhos). 
 
- Ius honorarium: direito elaborado e introduzido pelo pretor, que, com o 
imperium (poder de mando), introduzia novidades e modificava as antigas 
leis do ius civile . 
 
- Ius extraordinarium: direito elaborado no período imperial, mediante a 
atividade jurisdicional do imperador, que substituíra os pretores nessa 
função. 
 
- Direito público x direito privado: este tratava acerca das relações entre 
particulares, enquanto que aquele se estendia a regulamentação das 
atividades estatais (tanto com particulares, quanto com Estados 
estranhos). 
 
- Ius cogens: regras absolutas, cuja aplicação na dependia da deliberação 
das partes envolvidas (ex. comerciante pg. 16). “O direito público não 
pode ser alterado por acordo entre particulares”. 
 
 
- Ius dispositivium: admitia autonomia de vontade entre os particulares 
envolvidos, podendo ser alterado ou desconsiderado. 
 
- Ius comune: regras de alcance geral – diziam respeito a todos os romanos. 
 
- Ius singulare: regras restritas a um grupo de pessoas. 
 
CAP 2 
FONTES DO DIREITO 
 
- órgãos que tem o poder de criar normas jurídicas 
 
- Costume: praticamente a única fonte do direito arcaico. É a observância 
constante de certos comportamentos em sociedade. 
 
- Leis e plebiscitos: manifestações diretas do povo. 
 leges rogatae: tomadas nos comícios, exclusivos de cidadãos 
 plebsicita: decisões da plebe, reunida sem os patrícios. Foram concebidos 
pela Lei Hortencia, em 286 a.c. 
 
- Senatus- Consultos: deliberações dos senados. 
 Republica: deliberações do senado dirigidas ao magistrado. 
 Principado: propostas dos imperadores e instruções aos magistrados 
acerca do exercício de suas funções. 
 Imperador Adriano: simples aclamação da proposta imperial. 
 
- Constituições Imperiais: disposições do imperador para interpretar e 
completar leis. 
 edicta: ordenações de caráter geral 
 decreta: decisões do imperador, proferidas num processo 
 rescripta: respostas concebidas pelo imperador acerca de questões 
particulares ou de natureza magistral 
 
- Editos dos Magistrados: importante fonte de direito na República. Ao 
assumir o cargo, o pretor construía seu “programa”, revelado como 
pretendia enquanto exercesse o cargo. A essa promulgação normativa, 
dava-se o nome de “edito”. Consistia na elaboração de novas normas 
jurídicas paralelas ao direito quiritario (ou seja, sem derroga-lo). 
 
- Jurisprudência: interpretação normativa realizada por jusristas leigos 
(prudentes), os quais, por meio dessa delegação, acabavam por criar leis 
emergentes sobre as antigas. 
 O imperador Augusto concedia aos juristas mais reconhecidos o privilegio 
de dar pareceres sobre questões jurídicas (responsa). 
 
CAPITULO 3 
NORMA JURIDICA 
 
- A norma jurídica contem disposições abstratas, as quais requerem 
interpretações do jurista. A interpretação pode ser: 
 Autêntica: faz-se mediante uma nova norma jurídica expedida pelo órgão 
legiferante competente. 
 Doutrinal: faz-se pelo trabalho dos juristas. 
 
- A interpretação pode confirmar ou restringir o sentido da lei. 
 
- Analogia Legis: quando não há preceito abstrato que corresponda ao caso 
concreto, estende-se à aplicação de determinada norma a uma situação 
não prevista em seu bojo. 
 
- Analogia Iuris: cria-se uma nova norma com vase nos princípios jurídicos 
vigentes. 
 
- Presunção: aceita-se como verdadeiro um fato provável (ex: legitimidade 
de um filho entre 180 e 300 dias após a convivência conjugal) 
 presunção simples: o contrario pode ser provado 
 presunção de direito: a decisão não pode ser revogada sequer com a 
apresentação, posterior, de provas contrarias. 
 
- Ficção: toma-se por verdadeiro um fato inverídico 
 
OBS: 
 
1. O direito romano abarcava todos os cidadãos. 
2. Os estrangeiros em solo romano eram incluídos no direito sob a ótica 
do ius gentium. 
3. A eficácia da norma jurídica se dá pela promulgação. Ela era 
irretroativa, de modo geral, e seus efeitos cessam após o prazo por ela 
estipulado ou pela revogação realizada por uma lei a ela contrária. 
4. A lei é aplicada a todos, de modo que sua ignorância não isenta 
ninguém de sua atuação. Todavia, ficavam livres desse rigor as 
mulheres, os soldados, os camponeses e os menores de 25 anos. 
 
CAPITULO 4 
DIREITO SUBJETIVO 
 
- Direito subjetivo significa a “facultas agendi”, ou seja, o poder de exigir 
determinado comportamento de outrem. 
 
- Os direitos subjetivos não são unificados, dividindo-se em duas grandes 
vertentes. 
1. Direito subjetivo familiar: diz respeito ao casamento, ao pátrio poder e à 
tutela e curatela. 
2. Direito subjetivos patrimoniais: subdividem-se em “direitos reais” e 
“obrigações”. 
2.1 Direitos reais: conferem poder absoluto sobre as coisas do mundo 
externo. Valem erga omnes (contra todos). O comportamento que o 
titular do direito exigir sobre outrem deve ser respeitado, visto que 
detém o poder absoluto sobre a coisa. 
2.2 Direitos obrigacionais: existem entre pessoas determinadas e 
vinculam uma (devedor) a outra (credor). 
 
 
CAPITULO 5 
SUJEITOS DE DIREITO 
- Conceito: são aqueles que podem estabelecer relações jurídicas e , 
portanto, direitos subjetivos (ativa ou passivamente). 
 
- Pessoa Física: é o homem. Sua existência se inicia ao nascimento. 
 o nascituro não é pessoa, mas goza de proteção jurídica desde sua 
concepção. 
 O feto deve nascer com vida e com forma perfeita. Não são pessoas o 
natimorto e o “monstro”. 
 A pessoa física extingue-se com a morte 
 
- CAPACIDADE JURIDICA DE GOZO: aptidão do homem para ser sujeito de 
direito e de obrigação. Para tanto, o individuo deveria ser livre, cidadão 
romano e independente do pátrio poder (sui iuris). 
 
1. Liberdade: os homens podiam ser livres ou escravos. 
 Escravos não eram sujeitos de direito. Todos os estrangeiros, não 
pertencentes a Roma, enquadravam-se nessa classificação quando 
capturados. 
 O cidadão romano capturado em guerra e feito escravo de outro povo, 
caso conseguisse retornar a Roma, teria sua liberdade, automaticamente, 
recuperada. 
 A condição de escravo poderia ser adquirida, também, pelo nascimento. 
Era escravo o filho de escrava. O direito justinianeu, no entanto, concedia 
a liberdade a todo filho de escrava cuja mãe estivesse em liberdade em 
qualquer momento da gestação. 
 Não havia relação de sucessão entre a família do escravo. Seus bens 
pertenciam a seu dono. 
 Gozavam de uma categoria especial de pessoa humana“persona servilis”. 
 
i. Liberdade do escravo: realizada por um ato voluntario do dono, 
conhecido por “manumissão”. 
a. manumissio vindicta: utilização de processo judicial para 
discutir a questão da liberdade. 
b. manumissio testamento: o testador delegava, em seu 
testamento, a liberdade ao escravo. 
c. manumissio censu: colocava-se o nome do escravo na lista de 
cidadãos livres, elaborada a cada 5 anos por pretores. 
 
ii. Status pós- liberdade: 
a. alforria praticada pelo dono do escravo, nos moldes do direito 
quiritario: além da liberdade, o liberto adquiria a cidadania 
romana. 
b. alforria pretoriana: o escravo passava a ter a posição de 
cidadão latino, uma categoria inferior. 
 
iii. Limitações do liberto: 
a. o liberto encontrava-se sujeito ao patronato do ex-dono. Por 
meio dessa relação, estabeleciam-se: 1) o dever reciproco de 
prestar alimentos no caso de necessidade, 2) ao liberto era 
incorporado o nome do patrono, o qual lhe era digno de 
respeito e reverencia contínuos (obsequium), 3) o liberto devia 
prestar serviços ao patrono (operae) , 4) o pretor garantia ao 
patrono a metade da herança do liberto (bona). 
 
b. Com a imposição imperial do natalium restitutio, cessaram 
todos os direitos do patronato. O liberto adquirira, assim, a 
posição de “ingênuo” 
 
c. Ficavam livres, por lei, o escravos velhos e doentes, o escravo 
que deletasse o assassino de seu amo e os escravos que 
vivessem em liberdade por mais de 20 anos. 
 
2. Cidadania: A principio, era restrita a cidadãos romanos. 
i. estrangeiros: não gozavam do ius civile, sendo a eles delegado 
o ius gentium. Podiam adquirir propriedades e realizar 
testamentos consoante as regras de sua cidade. 
a. inimigos vencidos: não tinham os direitos natais 
reconhecidos pelo direito romano, estavam sujeitos, 
exclusivamente, ao ius gentium. 
b. latinos: tinham posição especial. Possuiam capacidade de 
gozo parecida com a dos cidadãos romanos. Participavam 
dos comícios, podiam comerciar e casar. Os escravos 
pertenciam a uma subcategoria latina ( latini juniani), a 
qual não podia se submeter a relações patrimoniais. 
 
ii. romanos: 
a. eram cidadãos romanos os nascidos por justas núpcias ou 
os filhos de mãe romana. 
b. os libertos por alforria quiritaria também gozavam de 
cidadania romana. 
 
iii. perda da cidadania: 
a. perda da liberdade 
b. exilio, deportação, renúncia. 
 
3. Situação familiar: Para ter completa capacidade de gozo, o individuo 
deveria ser livre do pátrio poder (sui iuris). Os alieni iuris não eram 
completamente incapazes podiam exercer direitos nos campos 
público (votar nas magistraturas e servir nas legiões) e privado 
(casar-se, com o consentimento do paterfamilias). Todavia, as 
obrigações assumidas pelo alieni iuris eram delegadas ao sui iuris, que 
respondia por elas. O paterfamilias poderia delegar ao seu alieni iuris 
uma parte do patrimônio da família para administração (peculium). 
 
 
 
- CAPITIS DIMINUTO: a capacidade jurídica de gozo da pessoa era 
reconhecida por três requisitos: liberdade, cidadania e família. Caso uma 
dessas três preliminares fosse alterada, a situação jurídica também o era 
(capitis diminuto). 
- Poderia decorrer em: 1) perda da liberdade (capitis diminuto máxima), 2) 
alteração na cidadania (c.d. media), 3) mudança no estado familiar (c.d. 
mínima) 
- Ius postiminii: o cidadão romano que, transformado em escravo após cair 
em cativeiro em guerras, recuperava sua cidadania ao retornar a Roma. 
- Lei Cornelia: se o prisioneiro morresse nas mãos do inimigo, considerar-
se-ia que seu falecimento se dera em estado de liberdade, a fim de 
garantir a relação sucessória para sua família. 
- A perda da liberdade decorria na perda da família romana também 
(status familiae). 
- A capitis diminutio media decorria no abandono a cidadania romana e a 
transferência para o exilio. Poderia ser voluntario ou não. 
 
-OUTRAS CAUSAS RESTRITIVAS DA CAPACIDADE: mulheres não tinham 
capacidade para direitos públicos e sofriam restrições no âmbito privado. 
 
-PESSOA JURÍDICA: entidades artificiais, organizações destinadas a uma 
finalidade duradoura. Podem ser de duas espécies: 
1. Corporações: associação de pessoas 
2. Fundações: conjunto de bens destinados a uma finalidade. 
 
- personalidade jurídica é dissociada da de seus componentes. 
 
- No direito romano, as corporações incluíam o Estado Romano (populus 
Romanus) e seu erário, as organizações municipais e as colônias, todas 
estas predominantemente de caráter público. Além delas, havia 
associações de caráter privado, chamadas sodalitates, collegia e 
societates, que tinham fins religiosos, como os colégios de sacerdotes da 
era pagã, ou fins econômicos, como as corporações profissionais de 
artesãos 
 
- Quanto às corporações privadas, exigiase para seu funcionamento 
autorização do senado e, posteriormente, do imperador. Para sua 
constituição, era necessário o mínimo de três membros 
 
- Extinguia-se a pessoa jurídica quando sua finalidade era preenchida ou 
quando o senado, e mais tarde o imperador, revogava a respectiva 
autorização para funcionar. Nas corporações privadas, motivo de extinção 
era o desaparecimento de todos os seus membros 
 
 
 
CAPITULO 6 
OBJETOS DE DIREITO 
 
- Diz respeito a todo e qualquer objeto ao alcance do pensamento humano 
(ou seja, a tudo incluído tanto no mundo sensível, quanto no material). 
- Sob a ótica jurídica, coisa (res) é o objeto de relação jurídica que tenha 
valor econômico. Há a distinção entre coisas em comércio (res in 
commercio) e fora dele (res extra commercium). 
 Res in commercio: aquelas que podem ser apropriadas por particulares. 
Podem ser: 
a. Res in patrimonio: estão no patrimônio de alguém 
b. Res extra patrimonio: não se encontram no patrimônio de alguém, 
mas podem ser apropriadas ( ex: res nulis – sem dono- e res hostium- 
dos inimigos romanos- ). 
 Res extra commercium: não podiam integrar relações jurídicas entre 
particulares devido a sua natureza física. Estavam excluídas das relações 
jurídicas por motivos divinos (divini iuris, templos, muros da cidade, 
túmulos) ou profanos (humani iuris, coisas comuns a todos – água, ar, 
mar, praia- e as coisas públicas, pertencentes a todo o povo romano) . 
 
- Classificações das coisas in commercio e in patrimonio: 
 
1. Coisas corpóreas e incorpóreas: a diferença reside na tangibilidade. São 
corpóreas as coisas que podem ser tocadas (estátua, cavalo). São 
incorpóreas as que existem, apenas, intelectualmente (livro). 
 
2. “Res mancipi et res nec mancipi”: as primeiras, para serem alvo de 
negócios jurídicos, requeriam a prática das formalidades da mancipatio, 
um ato solene do direito arcaico. As segundas poderiam ser transferidas 
sem formalidades (traditio). 
 
3. Coisas móveis e imóveis: ligadas ao que é transportável e “semovente” 
(ex. móvel: cavalo) 
 
4. Coisas fungíveis e infungíveis: Fungíveis são coisas que podem ser 
substituídas por outras do mesmo gênero, qualidade e quantidade ( ex.: 
um punhado de sementes). Infungíveis são coisas especificamente 
consideradas, não podem ser substituídas (ex.: estátua, pintura). 
 
5. Coisas consumíveis e inconsumíveis: Consumíveis são as coisas que se 
exaurem com o seu uso normal (ex.: pão, carvão). As coisas inconsumíveis 
estão sujeitas ao uso constante, sem sofrer destruição (ex.: carro, pintura, 
vestido). 
 
6. Coisas divisíveis e indivisíveis: Divisíveis são as coisas que podem ser 
repartidas sem perder , proporcionalmente, valor (ex.: terreno). 
Indivisíveis perdem valor com a divisão (ex.: carro, estátua). 
 
7. Coisas simples, compostas, coletivas ou universais: Coisas simples 
representam uma unidade orgânica, natural ou artificial (ex.: punhado de 
argila) . As compostassão formadas pela união de várias coisas simples 
(ex.: muro, tijolo). As coletivas ou universais constituem aglomerado de 
coisas simples ligadas, apenas juridicamente, entre si (ex.: biblioteca) 
 
8. Coisas acessórias: complemento absorvido pela coisa principal, seguindo 
sempre sua sorte. 
 
9. Frutos: são coisas novas produzidas periodicamente por uma outra, a 
“coisa frugífera”. 
 
10. Benfeitorias: são gastos com a coisas acessórias para melhorar a 
principal. Podem ser: 
 necessárias: imprescindíveis para garantir a existência da coisa principal 
 úteis: aumentam a utilidade da coisa principal, mas não são essenciais 
 Voluptuárias: mero luxo 
 
CAPITULO 7 
O ATO JURIDICO 
 
Fato jurídicos: acontecimentos que decorrem em efeitos jurídicos. 
 
- Fato Jurídico Involuntário: não há deliberação do agente 
 
- Fato Jurídico Voluntario: deliberados 
 > voluntário ilícitos: delitos 
> voluntário lícito: atos jurídicos, que são manifestações de vontade que 
visam a realização de determinadas consequências jurídicas. 
 
- Atos per aes et libram: mancipacio, nexum,, solutio per aes et libram. 
Requerem formalidades de uma compra e venda real, além da presença 
das partes, do objeto, cinco testemunhas idôneas e do pronunciamento de 
fórmulas verbais. 
 
- Atos in Iuri cessio: requeriam a imitação de um processo 
 
- Atos stipulatio: fórmula verbal, envolvendo perguntas e respostas. 
 
- No direito evoluído, não se primava tanto por fórmulas verbais prontas. A 
vontade deveria ser declarada de modo mais claro. 
 
- A vontade também poderia ser manifestada por um comportamento: o 
herdeiro que, ao passar a administrar os bens de seu pai, aceita a herança 
automaticamente, sem, no entanto, manifestar isso claramente. 
 
- O silencio, por vezes, também era encarado como forma de manifestação 
de vontade ( o silencio da moça, ao ser dada em casamento pelo pai, era 
considerado consentimento). 
 
- CAPACIDADE DE AGIR: também chamada de capacidade de fato, 
capacidade de exercício ou capacidade de direito. 
 
- A capacidade de agir era restrita por critérios de idade, sexo e sanidade 
mental. 
 
 Idade: Summa divisio era a puberdade, definida aos 12 anos para as 
meninas e aos 14 para os meninos. A priori, os púberes tinham plena 
capacidade para agir, os impúberes, não. 
i. Impúberes: eram dividivos em infantes (menores de 7 anos), que 
eram incapazes de agir (um tutor tomava decisões por eles) ; e em 
infantia maiores ( dos 7 anos até a puberdade), os quais poderiam 
praticar certos atos jurídicos com o auxilio de um tutor. 
ii. Púberes: com a introdução da lex laetoria, os púberes menores de 
25 anos, mesmo com a plena capacidade de agir, ganharam uma 
proteção judicial contra aqueles que quisessem enredá-los em 
negócios prejudiciais. Caso o ato jurídico fosse praticado com a 
anuência de um curador, a lei acima não valia. 
- “emancipação”: a fim de garantir ao púbere menor de 25 anos a realmente 
plena capacidade de agir, os imperadores concediam um favor especial, 
“vênia aetatis”. Varões a partir dos 20 anos e moças com mais de 18 
poderiam requerer a concessão. 
 
- As ditas regras valiam tanto para sui iuris quanto para alieni iuris. 
 
 Sexo: as mulheres, mesmo púberes, estavam sujeitas a tutela perpétua. 
Contavam, independentemente da idade, com a assistência de um tutor 
mulierum na pratica de atos jurídicos. No período pós clássico, essa 
exigência acabou. 
 
 Sanidade: 
- Loucos- eram absolutamente incapazes e dependiam de um curador. 
- Surdos-mudos: tinham a capacidade limitada por não poderem praticar 
atos verbais. 
- Pródigos: sistema análogo ao dos impúberes infantia maiores. 
 
 
- CLASSIFICACAO DOS ATOS JURÍDICOS 
 
1. Unilaterais e bilaterais: a declaração de vontade pode partir de uma 
pessoa ou de duas partes. São unilaterais a alforria de escravos, a 
nomeação de um tutor, a elaboração de um testamento. São bilaterais 
a compra e venda, a locação e a doação (vontade de doar e de 
receber). 
 
2. Mortis causa e inter vivos: o primeiro entra em vigor após a morte de 
uma das partes e o segundo, tem ação imediata ( ex: compra e venda). 
 
3. Onerosos e gratuitos: o primeiro tem uma equivalência entre o ato 
prestado a outra parte ( compra e venda), o segundo, não requer isso 
(doação). 
 
4. Causais e abstratos: nos primeiros o fim prático está ligado ao ato. No 
segundo, a forma externa do ato é o que mais importa (ex.: doação 
disfarçada de compra e venda). 
 
- VÍCIO DO ATO JURIDICO: consiste na discrepância entre a vontade interna 
e a sua manifestação. Sob essa ótica, emerge a nulidade e anulação do ato 
jurídico. A primeira diz respeito a invalidez total do ato (ou seja, ele 
jamais fora válido) e, a segunda, a sua posterior revogação. 
 No direito romano, os atos do ius civile eram válidos ou nulos. O direito 
pretoriano e, posteriormente, o direito Justiniano, que contribuíram para 
a introdução do conceito de anulação. 
 
- Simulação ou restrição mental: a discrepância entre a vontade interna e 
sua manifestação pode ser proposital. Caso ambas partes concordem com 
tal “farsa”, tem-se um caso de “simulação”. 
 Simulação absoluta: quando não se quer ato algum 
 Simulação relativa: almeja-se um ato diferente do praticado 
- Em geral, a vontade não manifestada, ou seja, ocultada, é a que vale para 
os praticantes da simulação. No entanto, caso essa esteja evidente, o ato 
pode ser considerado nulo. Modernamente, implantou-se a anulação. 
- No caso da restrição mental, ou seja, simulação unilateral, o ato 
permanece valido. 
 
- Erro: Ocorre quando a discrepância entre a vontade interna e a 
manifestada não é de conhecimento das partes. O erro, portanto, é o falso 
conhecimento de um fato. Para que o erro seja passível de invalidar o ato 
jurídico, é importante que se refira a um elemento essencial do ato e 
provenha de uma atitude escusável do agente. Os erros que acarretam 
nulidade do ato são: 
 
a. erro quanto ao negócio: a discrepância se refere a essência do ato 
(pensando em alugar minha casa, acabo por vende-la) 
b. erro de pessoa: a divergência se refere quanto a identidade de uma 
das partes (empresto dinheiro a X pensando ser Y ) 
c. erro quanto a objeto: recai sobre a identidade física do objeto (compro 
o lote A, pensando ser o lote B) 
d. erro referente a substância: relacionava-se as qualidade essenciais do 
objeto (compro um anel de cobre, imaginando ser de ouro) 
 
- O erro poderia advir de elementos não essenciais. Nesse caso, o ato 
jurídico não era invalidado. 
 erro quanto a qualidade 
 erro quanto a quantidade 
- Erros cometidos por ignorância das partes não erram desculpados 
(exceção: mulheres, soldados e caipiras). 
 
- Dolo: comportamento malicioso de alguém, com o fim de enganar a 
outra parte, de modo a obter vantagem própria (dolus malus). 
 
 actio de dolo: o autor do dolo seria obrigado a pagar o valor do prejuízo 
que desencadeou a vítima. 
 
- Coação: a divergência entre a vontade interna e a externa pode advir da 
coação por parte de alguém. Trata-se da pressão física ou psíquica contra 
o agente para que ele proceda de determinado modo. O pretor concedeu 
uma ação para anular tais atos e, posteriormente, considerou a coação um 
delito, punível com o quádruplo do valor do negócio. 
 
- CONTEÚDO DOS ATOS JURÍDICOS: 
 
 alguns atos tem conteúdo definido pelo direito (mancipatio) 
 outros, o conteúdo é definido pelas partes (stipulatio) 
 Atos jurídicos bilaterais (contratos) :além do essencial, poderiam conter 
aspectos determinados pelas partes. 
- Os elementos do ato jurídico podem ser: 
 essenciais: sem os quais o ato jurídico não existe (preço, determinação da 
mercadoria) 
 naturais: naturalmente incluídos noato jurídico. Podem ser livremente 
excluídos ou modificados pelas partes interessadas ( o vendedor é 
responsável pelo vício da coisa vendida) 
 secundários: as partes livremente adicionam tais clausuras ao ato 
(clausula acidental). Tais elementos secundários são: 
 
i. Condição: clausula acidental que vincula a vontade das partes ao 
acontecimento de um evento futuro. Há três requisitos para tal 
instituto: 
a. a inclusão do elemento depende de ambas partes 
b. o evento do qual dependa o ato jurídico deve ser futuro 
c. incerteza quanto a verificação do evento de que depende o ato 
jurídico. 
= a condição pode depender da vontade das partes (condicio 
potestativa), do acaso (condicio causualis), ou de ambos 
(condição mista). 
= as condições que contrariam essa regra são nulas e anulam o 
ato jurídico. 
 
ii. Termo: subordina o ato jurídico a um efeito futuro e certo (ao 
contrario da condição, tem-se certeza da futura ocorrência do 
evento). Tal ocorrência pode dar-se em data certa (aniversário de 
meu filho) ou data incerta (morte da minha tia). 
 termo suspensivo: os efeitos do ato se iniciam a partir da realização do 
evento. 
 Termo resolutivo: os efeitos do ato cessam a partir da realização do 
evento determinado. 
 
iii. Modo: clausula acessória que se junta a atos jurídicos gratuitos e 
impõe ao destinatário da liberdade uma obrigação que não flui na 
eficácia do ato ( o testador pede ao herdeiro que construa um 
monumento em sua memoria) 
 
 
PARTE II 
 
CAPITULO 8 
PROPRIEDADE 
 
- Propriedade é um poder jurídico absoluto e exclusivo sobre uma coisa 
corpórea. 
 
- Configura relação direita entre: pessoa, titular, direito e coisa. A 
propriedade confere ao seu titular o direito de usar, de gozar e de dispor 
da coisa (sentido positivo) e exclui qualquer ingerência alheia ( sentido 
negativo). 
 
- Juridicamente, a propriedade caracteriza-se pela exclusividade, o que 
impõe a todos a obrigação de respeitá-la. Já o seu conteúdo positivo é 
predominantemente econômico (subordinação da coisa ao proprietário). 
 
- LIMITAÇÕES DA PROPRIEDADE 
 
- O poder jurídico do proprietário é, a priori, ilimitado. Todavia, pode vir a 
tornar-se limitável voluntariamente pelo detentor da posse, ou pela lei. 
 
i. Limitações de interesse público: 
a. o proprietário de um terreno ribeirinho deve tolerar o uso 
público da margem 
b. a manutenção das estradas marginais ao terreno fica a cargo do 
proprietário 
c. proibição de demolição de prédios sem autorização 
administrativa 
d. no sec. IV d.c, uma constituição imperial concedeu ao 
descobridor da jazida o direito de explorar a mina em terreno 
alheio, mediante indenização a ser paga ao proprietário. 
 
ii. Limitações de interesse privado: 
 
a. Os frutos caídos em terreno vizinho continuam de propriedade 
do dono da árvore. (vizinho tem que tolerar que o proprietário 
venha os recolher dia sim dia não). 
b. O vizinho deve suportar a inclinação dos ramos numa altura 
superior a 15 pés, podendo, entretanto, cortá-los até essa 
altura. 
c. O fluxo normal das águas pluviais deve ser suportado também 
 
iii. Limitações humanitárias: regras contra abuso de poder a maus 
tratos cometidos, pelo proprietário, para com escravos. 
iv. Limitações voluntárias: partiam da vontade do proprietário, que 
poderia destacar ou conceder, a outrem, parte do terreno. 
v. Atos emulativos: aqueles que o proprietário pratica não para sua 
utilidade, mas para prejudicar o vizinho. São proibidos. 
 
 
CAP 9 
HISTORIA DA PROPRIEDADE ROMANA 
 
- DIREITO PRIMITIVO: o poder primitivo sobre as pessoas (livres e 
escravas) e sobre os bens patrimoniais da família (patria potestas) 
pertencia ao paterfamilias. 
 grandes terras aráveis já tinham sido distribuídas em propriedades 
particulares, antes mesmo das XII tábuas. 
 A distribuição de terras públicas e particulares se observou em todos os 
períodos de Roma. 
 
- PROPRIEDADE QUIRITÁRIA: pertencia ao cidadão romano. 
 inclui todas as coisas in commercio, exceto terrenos provinciais. 
 A coisa tem de ser adquirida pelo seu titular por meio reconhecido do ius 
civile ( 1- modo de aquisição originários, 2- usucapião (tanto no caso das 
coisas res mancipi, quanto as res nec mancipi) , 3- res mancipi = 
mancipatio e in iure cessio, res nec mancipi = tradicio) 
 
- PROPRIEDADE PRETORIANA: o propriedade vendidas sem o exercício do 
mancipatio poderiam ser requeridas pelo antigo proprietário, de má fé, 
antes de completar o prazo do usucapião. Nesse caso, para proteger o 
comprador, o pretor intevinha. 
- O pretor assegurava o poder sobre a propriedade a quem julgasse ser 
mais justo (excpetio rei venditae et tradita : evitava que o antigo 
proprietário requeresse a posse da coisa vendida informalmente). 
 
- PROPIEDADE DE TERRENOS PROVINCIAIS: os terrenos localizados nas 
províncias, fora da península itálica, pertenciam ao Estado. Na época 
imperial, pertenciam ao povo e eram administradas pelo Senado (praedia 
stipendiaria) ou ao próprio imperador (praendia tributaria). 
 
- PROPRIEDADE DE PEREGRINOS: por não ser cidadão, o estrangeiro não 
podia adquirir propriedade pelo ius civile, No entanto, a ele era 
reconhecida a propriedade pelo direito do estrangeiro (dominium), que 
admitiam certos processos de defesa da propriedade que imitavam o ius 
quiritium. 
 
- UNIFICACAO DOS DIVERSOS TIPOS DE PROPRIEDADE: Justiniano aboliu 
a diversidade de propriedade, unificando o instituto. 
 
CAPITULO 10 
CO- PROPRIEDADE 
 
- O caráter exclusivo da propriedade incompatibilizaria com a existência de 
duas propriedades sobre a mesma coisa. Todavia, é possível que o direito 
a propriedade pertença a mais de uma pessoa. Trata-se da 
copropriedades. 
 
- Cada coproprietário tem direito a uma parte ideal da coisa. 
 
- Pode originar-se da vontade das partes ( amigos compram uma casa de 
praia) ou incidentemente ( dois irmãos herdam uma casa da avó) 
 
- Qualquer coproprietário pode vetar a disposição dos demais 
proprietários (ius prohibendi). 
 
- A vontade de cada coproprietário limita a vontade dos demais. 
 
- Actio communi dividundo: requisição da extinção da copropriedade, 
poderia ser proposta, a todo momento, por qualquer proprietário. 
 
CAP 11 
POSSE 
 
- É o poder de fato sobre uma coisa corpórea. Difere-se de propriedade, que 
é o poder jurídico absoluto sobre a coisa. 
 
- A posse compõe-se do elemento material e do intencional. 
 
 material: a coisa está fisicamente subordinada a alguém (cosrpus). 
 Intencional: intenção de possuir (animus). 
- Ambos elementos devem existir concomitantemente para se ter a posse 
 
- Em alguns casos, requer-se a posse para adquirir a propriedade 
(ocupação, usucapião, tradição) 
 
- Na reivindicação sobre alguma propriedade, o réu é o possuidor. 
 
- A posse é protegida contra turbação. 
 
- O poder de fato detenção não gera consequências jurídicas. O poder de 
fato posse, o tem. Para ter a posse, deve-se ter a intenção de possuir. 
Quando exerce-se o poder de fato sobre uma coisa, reconhecendo que a 
mesma pertence a outrem, tem-se uma detenção ( é o caso dos locatários, 
depositários e comodatários). 
 
 
CAPITULO 12 
AQUISIÇAO DA PROPRIEDADE 
 
- o direito de propriedade advém em consequência de alguns fatos 
jurídicos. 
- Aquisição por modo originário: quando não há relação entre o adquirente 
e o proprietário precedente. 
 
- Aquisição por modo derivado: fundamentados na transferência do direito 
de propriedade pelo dono ao adquirente. O direito do receptor depende 
do direito do transmissor (ninguém dá o que não tem). 
 
- MODOS ORIGINÁRIOS DE AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE: fundados na 
naturalis ratio e provenientes do ius gentium (logo, incluem estrangeiros) ocupação: tomada de posse de algo in commercio fora do patrimônio de 
outrem. Deve-se deixar clara a intenção de possuir a coisa (animais 
selvagens, ilhas, bens dos inimigos de Roma, coisas abandonadas – res 
derelictae). 
 Invenção: consoante determinado pelo imperador Adriano, os tesouros 
encontrados pertencerão, em partes iguais, ao seu descobridor e ao dono 
do terreno onde foi encontrado. Quando o descobridor do tesouro for 
alguém contratado pelo proprietário para faze-lo, essa regra não vale. 
 União de coisas (Acessão): na junção material de duas ou mais coisas, o 
direito do proprietário da coisa principal se estende ao todo. 
 Especificação: confecção de coisa nova com material alheio. Os 
jurisconsultos sabianinos atribuíam a posse ao proprietário da matéria 
prima, e os proculianos, ao autor da obre. Sobreviveu a opinião de que a 
nova coisa pertenceria ao fabricante apenas se já não fosse possível 
reverte-la em matéria prima. 
 Aquisição dos frutos: os frutos, em regra, pertenciam ao proprietário da 
coisa fungível. Porém, há casos em que isso não ocorre (caso do enfiteuta, 
do possuidor de boa fé e do usufrutuário). A propriedade do fruto é 
adquirida no fato de sua separação da coisa frugífera. O usufrutuário só 
adquire o fruto por apreensão material. 
 
MODOS DERIVADOS DE AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE: o direito clássico 
reconhece três: 
 
 macipatio: transferência de propriedades res mancipi. Inicialmente era 
uma compra e venda real, mas, a posteriori, adquiriu caráter abstrato. 
 
 in Iuri cessio: processo simulado, passando, no período clássico, a ser um 
ato jurídico abstrato. Transfere a propriedade das res mancipi e das res 
nec mancipi. 
 
 traditio: simples entrega sem formalidades, restrita as res nec mancipi. 
 
- para transferência da posse não basta a intenção. Deve-se, de fato, 
transmitir a posse (entrega física da coisa). 
- Basta, as vezes, uma entrega simbólica (entregar as chaves do armazém 
com a mercadoria). 
a. traditio longa manu: entrega simbólica, representando uma entrega 
real ( apontar os limites do terreno comprado como forma de passar 
sua posse ao comprador) 
b. traditio brevi manu: o detentor converte-se em possuidor só pela 
intenção das partes (o locatário compra a casa que aluga, mas, como já 
mora nela, não há solenidades para transferência da propriedade) 
c. traditio constitutum possessorium: o possuidor converte-se em 
detentor ( moro em uma casa, decido vende-la e, ao mesmo tempo, 
tornar-me locatário do novo proprietário. Como não me mudarei da 
casa, não há solenidades para a transmissão da propriedade a 
outrem). 
 
USUCAPIÃO: requisitos: 
1. posse, por tempo prolongado, transformada em situação de fato. 
- É justificada pela necessidade de eliminar incertezas quanto as relações 
jurídicas fundamentais 
- O uso ininterrupto de uma coisa durante dois anos gera a propriedade 
sobre esse bem, segundo determinação da Lei das XII Tábuas. 
- O usucapião subordina coisas suscetíveis ao dominium ex iure quiritium. 
Dessa forma, excluem-se do usucapião as coisas extra commercium, os 
terrenos provinciais, as coisas roubadas , e as coisas cuja posse se dera 
violentamente. 
2. É necessário ter a posse da coisa qualificada com a intenção de tê-la 
como própria. 
3. Iustus titulus: ato jurídico precedente em que a posse se baseia e que, 
por si só, justifica a aquisição da propriedade. 
- Para a transferência da propriedade não basta o acorde entre as partes, é 
preciso a pratica de um dos atos de transferência (mancipatio, in iures 
cessium, traditio). Caso contrario, o ato é viciado e não se transfere a 
propriedade: 
 
a. transferência por quem não é dono ou incapaz de agir 
b. vicio formal do ato de transferência ( praticar, por exemplo, o traditio, 
quando a situação requer o mancipatio) 
 
4. Boa fé do possuidor, ou seja, convicção de que a coisa cuja posse 
reivindica-se é, de fato, dele. É sempre presumida, até que se prove o 
contrário. 
5. Decurso do prazo (tempus) necessário para a aquisição da 
propriedade pelo usucapião (dois anos para terrenos e um ano para 
coisas quaisquer) 
- Com o herdeiro, continua a correr o prazo iniciado pelo defunto. O mesmo 
não se dava para quem adquiria a coisa a título particular (compra, 
doação, etc.) 
 
- A perda da posse interrompe o prazo do usucapião. 
 
PRAESCRIPTIO LONGI TEMPORIS: 
 
- Meio de defesa processual contra quem exigisse a coisa sobre sua posse 
por meio de ação reivindicatória. 
 
- Exigiam-se o justo título e a boa fé. O prazo da posse pacífica deveria ser 
de 10 anos quando as partes moravam na mesma cidade e 20 anos 
quando moravam em locais diferentes. 
 
PRAESCRIPTIO LOMGISSIMI TEMPORIS: 
 
- Considerava a negligencia do proprietário que, durante muito tempo, não 
exigisse seu direito contra o possuidor. Tal proprietário deixava de 
merecer a proteção judicial. 
- Para o Imperador Constantino, o tempo determinado era de 40 anos. Para 
Teodósio, 30. 
 
REFORMA DO USUCAPIÃO POR JUSTINIANO: 
- Praescriptio longi temporis: Modo de aquisição da propriedade, aplicável 
apenas aos imóveis. 
- Usucapio era o nome do modo de aquisição dos móveis, sujeitos aos 
mesmos requisitos do período anterior. 
- A praescriptio longissimi temporispassou a ser também um modo de 
aquisição da propriedade, pelo decurso do prazo de 30 anos, sem justo 
título, mas com boa fé do possuidor. 
 
PERDA DA PROPRIEDADE: 
 
- extinção, perecimento da coisa, abandono, transferência do domínio a 
outrem, aquisição originária feita por outra pessoa. 
 
AQUISIÇÃO E PERDA DA POSSE: 
 
- Aquisição: detenção somada a vontade de possuir 
- Perda (corpore et animo): a posse subsiste apenas pelo elemento 
intencional, como no caso do escravo fugitivo. 
 
 
CAPITULO 13 
PROTEÇÃO DA PROPRIEDADE 
 
 
- A propriedade é um direito absoluto e exclusivo. Logo, o dono é protegido 
contra turbações e interferências alheias. 
- Turbação: violação total ou parcial dos direitos dominicais. 
 
REI VINDICATIO: 
 
- Meio processual de proteção contra a lesão do direito da propriedade em 
sua totalidade. Era emitido pelo proprietário quiritário, que não possuía a 
posse, contra aquele que detinha o bem. 
 
- O réu deveria provar que tinha direito de propriedade sobre sua posse 
(quando a posse fora adquirida de modo originário, isso era bem fácil de 
fazer). 
 
- Probatio diabolica: provar que tinha a posse do bem possuído por meio 
do usucapião. Tal prova era difícil de ser exposta. 
 
- A finalidade do rei vindicatio era obter a restituição da coisa, bem como a 
de seus respectivos frutos. 
 Caso o réu fosse um possuidor de boa fé, poderia ficar com os frutos 
adquiridos antes da iniciação do processo. Justiniano, todavia, limitou tal 
direito, alegando que os frutos não consumidos deveriam ser devolvidos. 
 As benfeitorias feitas pelo possuidor de boa fé deveriam ser indenizadas 
pelo proprietário, se necessárias ou úteis. 
 
- O possuidor de boa fé poderia reter a coisa até o pagamento da 
indenização (ius retentionis). 
 
- Justiniano permitiu que se retirasse a coisa acessória junta a titulo de 
benfeitoria, caso isso não deteriorasse a coisa principal (ius tollendi). 
 
- A propriedade pretoriana era protegida pela actio publiciana, rei 
vindicatio que consistia numa ficção: considerava-se o prazo do usucapião 
como já corrido. 
 
ACTIO NEGATORIA 
 
- Ação do proprietário possuidor contra alguém que, alegando ter direito 
real sobre a coisa, violava seu direito de propriedade. 
 
 
CAPITULO 14 
PROTEÇÃO DA POSSE 
 
- A posse era protegida contra turbação indevida e arbitrária. Tanto a posse 
justa quanto a injusta ( ex.: compro um cavalo roubado, sem saber) 
gozavam de tal proteção. 
 
- Limitação quanto a posse viciosa(adquirida por violência, 
clandestinamente ou a titulo precário): o possuidor não tinha proteção 
contra o real proprietário da coisa, apenas contra terceiros que quisessem 
usurpa-la (o vício existia apenas contra a pessoa vitimada, que poderia 
violentamente recuperar seu bem, assim como ele lhe foi tirado). 
 
- Interdito: processo pretoriano de proteção a posse. 
 
INTERDICTUM UTI POSSIDETIS: 
 
- Turbação duradoura de um imóvel. 
- No caso da posse viciosa, o efeito desse interdito era duplo: não servia 
apenas para conservar a coisa, mas, também, para recuperar a posse 
perdida. 
 
INTERDICTUM UTRUBI 
 
- Proteção de um móvel contra turbação. 
- Protegia aquele que, um ano anterior a abertura do processo, possuíra 
por mais tempo a coisa. Dessa forma, também contribuía para a 
recuperação da posse perdida. 
 
INTERDICTUM UNDE VI 
 
- Protegia a posse, não viciosa, contra o esbulho violento. Só podia ser 
iniciado até um ano depois do esbulho. 
 
INTERDICTUM VI ARMATA 
 
- Proteção em defesa de qualquer tipo de posse, inclusive a viciosa, contra 
esbulho violento e a mão armada. 
 
INTERDICTUM DE PRECARIO 
 
- Visava recuperar a posse de quem a recebera a título temporário. 
 
 
CAPITULO 15 
DIREITOS REAIS SOBRE A COISA ALHEIA 
 
 
- A propriedade é um direito absoluto e exclusivo, valendo erga omnis. É, 
portanto, um direito real. 
 
- Bem como a propriedade, existem outros direitos reais, de validade erga 
omnis. Dessa forma, confere-se uma parcela de poder jurídico sobre a 
coisa, pertencente ao proprietário, a outrem. São os direito sobre a coisa 
alheia( Iuri in re aliena). 
 
- São eles: 
 
a. os direitos reais de gozo ( servidões prediais, pessoais, enfiteuse e 
superfície) 
b. os direitos reais de garantia ( fidúcia, penhor e hipoteca) 
 
SERVIDÕES: 
 
- São direitos reais que visam participar alguém na utilidade de uma coisa 
sob a propriedade de outrem. A coisa onerada “serve” a outro, não 
proprietário. 
 
i. Servidões prediais: 
- existem entre dois prédios próximos: o dominante e o serviente, gravado 
pelo ônus da servidão. 
- O titular da servidão é o dono do prédio dominante. 
- São de inúmeras qualidades: servidão de passagem, de trânsito, de 
canais, de esgotos, de não construir acima de certa altura, etc. 
- Servidões rústicas: eram positivas – autorizavam o dono do prédio 
serviente a fazer algo, não obstante, intervia em suas atividades. 
- Servidões urbanas: eram negativas- proibiam ao proprietário serviente 
uma ação que, normalmente, poderia fazer ( como não construir acima de 
certa altura). 
- Eram indivisíveis e perpétuas. 
 
ii. Servidões pessoais: 
- Direitos reais sobre a coisa alheia estabelecidos em favor de determinada 
pessoa. 
- Proporcionam um direito mais amplo que as prediais, logo, são limitadas 
no tempo e não são perpétuas. 
- São elas: 
 
a. Usufruto: 
- Direito de uso de uma coisa alheia e ao gozo de seus frutos. 
- Pode ser vitalício (usufrutuário vitalício) ou de tempo determinado 
(usufruto temporário). Caso o titular fosse pessoa jurídica, o usufruto 
extinguia-se depois de decorridos 100 anos. 
- O usufrutuário, no exercício de seu direito, não deve modificar 
substancialmente a coisa, caso contrário, o usufruto cessa. 
- Direito boni viri arbitratu: o usufrutuário deve se cuidadoso, consertando 
a casa, adubando o terreno, mantendo completo o rebanho substituindo 
as ovelhas perdidas pelas que nasciam (o excedente poderia ser, por ele, 
apropriado). 
- Caução: garantia de que o usufrutuário devolveria a coisa no estado em 
que recebera. 
- O usufruto era intransferível, mas poderia ser cedido, tanto a título 
gratuito, quanto a oneroso. 
 
 
b. Uso: 
- Direito de usar uma coisa, originalmente não podendo perceber seus 
frutos, mais tarde o admitindo, porém apenas para a satisfação das 
necessidades do titular. 
- Aplicam-se as regras do usufruto. A diferença é que o uso não pode ser 
cedido. 
 
c. Habitações e trabalho de escravos e animais: 
- A primeira consiste no uso de uma casa, conferindo ao seu titular o direito 
de habitá-la. 
- O segundo é o direito de usar o serviço de escravos e animais de carga. 
 
SUPERFÍCIE E ENFITEUSE 
 
- Conferiam ao seu titular um direito tão amplo que chegava a suprimir, 
quase que totalmente, o direito do dono da coisa. 
 
i. Superfície: 
- Era o direito de usar e gozar, por longo prazo, um terreno urbano alheio, 
para fins de construção, contra o pagamento de um foro anual ao 
proprietário do terreno. 
- Originou-se do arrendamento, a particulares, de terrenos municipais. 
- A construção pertencia ao proprietário do terreno, mas o superficiário 
tinha um direito real de gozar, usar e dispor da construção. 
- Eram alienáveis a título gratuito, onerosas e hereditárias. 
 
ii. Enfiteuse 
- Direito de usar e gozar, por tempo ilimitado, de um prédio rústico alheio, 
para cultivo, contra o pagamento de foro anual ao proprietário do terreno. 
- Suas origens remontam o arrendamento, perpétuo (in perpetuum) ou por 
longo tempo, das terras públicas a particulares. O pretor protegia tais 
arrendatários com a actio in rem vectigalis, elevando tal instituto ao 
direito real. 
- Os direitos do enfiteuta são bem amplos, quase iguais aos do proprietário. 
- O proprietário do terreno tem seus direitos restritos a: percepção do foro 
anual e a expectativa de recuperar a inteireza de seu domínio, caso a 
enfiteuse se extinguir. Também tem ele direito ao laudemium, 
porcentagem de 2% do preço pela alienaçãoo do direito da enfiteuse. 
- Extinção : destruição da coisa, reunião, na mesma pessoa, das qualidades 
de titular da enfiteuse e do domínio; renúncia, ou penalidade (nao pagar 
ao proprietário, durante 3 anos, o foro anual ou não avisar ao proprietário 
ao vender a enfiteuse).

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