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ESPECIALIZAÇÃO EM:
GESTÃO EDUCACIONAL E ESCOLAR
EDUCAÇÃO ESPECIAL/EDUCAÇÃO INCLUSIVA 
GESTÃO PÚBLICA
AMBIENTAÇÃO EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EaD) 
ILKA MÁRCIA RIBEIRO S. SERRA 
>>Atas CIAIQ2017 >>Investigação Qualitativa em Educação//Investigación Cualitativa en Educación//Volume 1 
 
 
 
1876 
Mediação Tecnológica: ferramentas interativas utilizadas no curso 
profissionalizante em Manutenção Automotiva 
 
Ilka Márcia Ribeiro de Souza Serra¹, Eliza Flora Muniz Araújo² e Rita de Cassia Tesseroli³ 
¹Núcleo de Tecnologias para Educação da Universidade Estadual do Maranhão, Brasil. 
ilka.tt@gmail.com 
²Núcleo de Tecnologias para Educação da Universidade Estadual do Maranhão, Brasil. 
eliza.uemanet@gmail.com. 
³Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná – IFPR, Brasil. 
tesserolirita@gmail.com 
Resumo. O avanço das tecnologias tem sido algo evidente no desenvolvimento do processo da 
aprendizagem em todos os níveis de ensino. Alunos e professores encontram-se diante de uma sala de aula, 
inserida no Ambiente Virtual de Aprendizagem, rico de possibilidades de interações e colaborações on-line. 
O trabalho objetiva desenvolver reflexões sobre mediação tecnológica no Curso Técnico em Manutenção 
Automotiva, da Universidade Estadual do Maranhão, na perspectiva de exercitar estudos e produção de 
conhecimentos no processo ensino-aprendizagem, gerando como resultados, indicadores relevantes para 
subsidiar as políticas de formação profissional, notadamente, dos cursos técnicos ofertados na modalidade 
a distância. Apresenta um estudo de caso, de abordagem qualitativa, cujo método possibilitou o exame da 
realidade concreta, mediante a observação, descrição e análise do Ambiente Virtual de Aprendizagem e 
suas ferramentas. Realizou-se entrevistas com os principais sujeitos do processo: alunos, tutor e professor. 
Os resultados apontaram diferentes modelos de mediação, os quais implicam em interações. 
Palavras-chave: Mediação tecnológica; ambiente virtual de aprendizagem; curso profissionalizante; 
modalidade de educação a distância. 
Technological Mediation: interactive tools used in the Automotive Maintenance professional course 
Abstract. The advancement of technology is something amazing for the development of the learning 
process at all levels of education. Students and teachers are facing a new classroom – the Virtual Learning 
Environment – rich in possibilities of online interactions and collaborations. The present work aims to 
develop reflections on technological mediation in the Technical Course of Automotive Maintenance, of the 
State University of Maranhão, in a perspective of exercise studies and production of knowledge in the 
teaching-learning process, generating as results, relevant indicators to support professional training policies, 
in particular, of the technical courses offered in distance modality. It consists in a case study, with a 
qualitative approach, which method allowed the examination of the concrete reality, through observation, 
description and analysis of the Virtual Learning Environment and its tools. Interviews were conducted with 
the main subjects of the process: students, tutor and teacher. The results showed different models of 
mediation, which implies interactions. 
Keywords: Technological mediation; virtual learning environment; professional course; distance education 
modality. 
1 Introdução 
Com o aparecimento das tecnologias digitais interativas surgem também diferentes formas de 
ensinar e aprender, ou seja, outras maneiras de relação se estabelecem no processo ensino-
aprendizagem, por meio da mediação tecnológica. É evidente que a educação no Brasil vive um 
momento de expansão propiciada pelo uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), 
contribuindo para transpor as barreiras geográficas e temporais até então existentes, especialmente, 
quando se trata de cursos ofertados na modalidade a distância. Segundo a Lei de Diretrizes e Bases 
da Educação Nacional (LDB, 1996): 
[...] a educação a distância (EaD) é uma atividade pedagógica caracterizada 
por um processo de ensino e de aprendizagem realizado com a mediação 
docente por meio da utilização de recursos didáticos sistematicamente 
>>Atas CIAIQ2017 >>Investigação Qualitativa em Educação//Investigación Cualitativa en Educación//Volume 1 
 
 
 
1877 
organizados, apresentados em diferentes suportes tecnológicos de 
informação e comunicação, os quais podem ser utilizados de forma isolada 
ou combinadamente, sem a frequência obrigatória de alunos e professores 
(Art. 47, § 3º). 
Na EaD as ferramentas interativas geram inúmeras possibilidades de desenvolvimento da 
mediação. Essa ação de mediação ocorre entre professores e alunos, por meio dos processos 
de comunicação e interação, com o auxílio das mídias e das tecnologias digitais. Logo, cursos 
que envolvem a modalidade EaD necessitam inserir em suas propostas educativas, uma 
discussão consistente sobre o uso da tecnologia e seus impactos, especialmente no que diz 
respeito a dinâmica da significação social do conhecimento. O presente trabalho objetiva 
identificar e analisar as formas de mediação adotadas no processo ensino-aprendizagem no 
Curso Técnico em Manutenção Automotiva da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), 
por meio do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), ferramenta que possibilita a 
construção compartilhada de conhecimentos, criado a partir da proposição de seu idealizador 
Dougiamas (2009). Dentre as suas funcionalidades destaca-se as características de ser um 
software livre em ambiente online, desenvolvido com intenção de ser um ambiente de 
aprendizagem colaborativa. A UEMA na época da pesquisa utilizava a plataforma Moodle com 
a versão 2.8. O AVA vem sendo comumente utilizado de forma ativa como um espaço de 
compartilhamento, troca de informações, discussões e construções coletivas, desmistificando 
assim, o mito do distanciamento temporal e geográfico na educação mediada pelas 
tecnologias. A escolha do tema justifica-se por ser a mediação tecnológica uma estratégia 
inovadora em cursos da área técnica. Esses cursos por suas caracteristicas eminentemente 
práticas exigiam suas ofertas na modalidade presencial. Dai então, surgiu a inquietação de 
conhecer o funcionamento de um curso dessa natureza na modalidade EaD e como ocorre o 
processo de mediação com a utlização de ferramentas tecnológicas de forma a facilitar o 
processo ensino-aprendizagem.O artigo encontra-se organizado em cinco partes, iniciando-se 
pela introdução ao tema da pesquisa. Na segunda parte, segue-se com o marco teórico, cuja 
abordagem enfoca, notadamente a mediação tecnológica, numa perspectiva de mudanças de 
paradigmas educacionais em função do uso da TIC. Na terceira parte, descreve-se o percurso 
metodológico trabalhado na construção da pesquisa, com a apresentação do objeto de estudo 
e sua aplicação. Na quarta parte, apresentam-se os procedimentos da coleta e análise dos 
dados, mediante pesquisa de natureza qualitativa, realizada com os principais atores do 
processo: alunos, professor e tutor do Curso Técnico em Manutenção Automotiva, e 
observações no AVA. Por último, apresentam-se as considerações finais, com base no processo 
de planejamento, desenvolvimento e análise do objeto em estudo. É oportuno registrar que o 
estudo contemplou a análise das ferramentas tecnológicas adotadas como mediadoras no 
processo ensino-aprendizagem do curso em referência, em especial, o fórum, por ser o espaço 
interativo mais utilizado no curso. 
2 Marco Teórico 
A oferta de cursos a distância no Brasil cresceu muito nos últimos dez anos, em todos os níveis 
de ensino. No âmbito da diversidade de cursos e de instituições formadorassurge também um 
conjunto de ferramentas e de profissionais capacitados para estimular a participação dos 
aprendizes, ou seja, fazer a mediação da aprendizagem, na perspectiva de atender as 
exigências que o processo ensino-aprendizagem requer. No que diz respeito à mediação com o 
uso das tecnologias, faz-se oportuno refletir sobre o pensamento de Freire (2007), quando faz 
referência ao nosso compromisso com o homem concreto, com a causa da humanização e da 
libertação, ou seja, torna-se inevitável abstrair-se da ciência e da tecnologia. Para Freire é por 
>>Atas CIAIQ2017 >>Investigação Qualitativa em Educação//Investigación Cualitativa en Educación//Volume 1 
 
 
 
1878 
meio da “ciência e tecnologia” que as pessoas se instrumentalizam para melhor lutar pela 
causa da educação, compreendida assim, como instrumento a serviço da democratização para 
formar pessoas participantes, pelas suas vivências comunitárias nos grupos sociais e no 
diálogo. Seguindo a mesma linha de pensamento de Freire, Masetto complementa a ideia de 
mediação, numa perspectiva mais didática, quando assim coloca: 
Por mediação pedagógica entendemos a atitude, o comportamento do 
professor que se coloca como um facilitador, incentivador ou motivador da 
aprendizagem, que se apresenta com a disposição de ser uma ponte entre o 
aprendiz e sua aprendizagem – não uma ponte estática, mas uma ponte 
“rolante”, que ativamente colabora para que o aprendiz chegue aos seus 
objetivos (Masetto, 2008, p. 144). 
Assim, com base em Freire (2007) apreendeu-se que o processo de mediação se dá nas 
diferentes formas de comunicação e nas relações que se estabelecem entre os seres humanos, 
ou seja, o processo de mediação se constrói a partir da nossa cultura, do nosso trabalho e das 
experiências de vida, implicando numa releitura crítica do mundo. A partir de Masetto (2008), 
o entendimento de mediação passa por uma relação pedagógica professor – aluno, em ações 
conjuntas, no diálogo aberto, de relações de empatia e confiança no aprendiz. No contexto das 
mediações tecnológicas aplicadas à educação, o AVA se apresenta como um espaço dinâmico, 
possibilitando discussões, troca de experiências e a socialização do conhecimento entre os 
participantes. Nesse sentido, Filatro corrobora ao afirmar que esses ambientes “[...] refletem 
mais apropriadamente conceitos de ‘de sala de aula on-line’, em que a ideia sistema eletrônico 
está presente, mas é extrapolada pelo entendimento de que a educação não se faz sem ação e 
interação entre as pessoas”. (Filatro, 2008, p. 120). Dai pensar-se que num ambiente de EaD a 
aprendizagem não pode acontecer de forma receptiva, uma vez que as interações são 
fundamentais para que o processo de conhecimento se desenvolva de forma colaborativa. Há 
de se convir que a interação acontece significativamente quando a afetividade está articulada 
ao processo ensino-aprendizagem, pois a realização da aprendizagem é imprescindível para a 
construção de vínculos na relação pedagógica entre todos os envolvidos. Nessa perspectiva, 
entende-se que um AVA para proporcionar interação, autonomia e aprendizagem 
colaborativa, deverá permitir diferentes estratégias de aprendizagem, de forma a atender o 
maior número de estudantes, mas também, a individualidade de cada um, considerando o 
interesse, a familiaridade com o conteúdo, a motivação e a criatividade. Nesse sentido, 
importa a seguinte reflexão: 
Desse modo, espaços de aprendizagens que visam a construção de 
conhecimentos significativos devem considerar as vivências e experiências, 
o repertório cultural e os aspectos subjetivos exteriores ao sujeito, 
relacionando às situações sociais de desenvolvimento em que o mesmo está 
envolvido. (Cruz e Souza, 2014, p. 8). 
Esse pensamento converge para Coll e Monereo que destacam a importância da internet neste 
começo de século, uma vez que tem alterado significativamente os cenários e as finalidades da 
educação, valendo até mesmo dizer que tem sido responsável pela redefinição do espaço e o 
tempo de educar, tudo de maneira muito peculiar. (Coll e Monereo, 2010, p. 21). 
Portanto, o Ambiente Virtual de Aprendizagem traz novas oportunidades educacionais, 
permitindo dentre outras vantagens, possibilidades de mediações entre professores e alunos 
de modo a serem capazes de tomar decisões no compromisso do seu próprio aprendizado. 
3 Percurso Metodológico 
De acordo com Minayo (2008) a pesquisa é a atividade fundamental da ciência no que diz 
respeito a sua indagação e construção da realidade. Para esta autora é a pesquisa que dá 
>>Atas CIAIQ2017 >>Investigação Qualitativa em Educação//Investigación Cualitativa en Educación//Volume 1 
 
 
 
1879 
sustentação a atividade do ensino, atualizando-o diante da dinâmica do universo. Portanto, 
embora a pesquisa seja uma prática de natureza teórica, vincula-se à vida prática, pois, 
congrega pensamento e ação. Assim, ela se refere ao conceito de metodologia no âmbito da 
pesquisa, como sendo: 
[...] o caminho do pensamento e a prática exercida na abordagem da 
realidade. Ou seja, a metodologia incluiu simultaneamente a teoria da 
abordagem (o método), os instrumentos de operacionalização do 
conhecimento (as técnicas) e a criatividade do pesquisador (sua experiência, 
sua capacidade e sua sensibilidade).(Minayo, 2008, p. 14). 
Fundamentado nessa concepção, este trabalho apresenta-se numa abordagem de natureza 
qualitativa, cujo método possibilitou o exame da realidade concreta. Os dados coletados são 
apresentados de forma descritiva, com depoimento e comentários individuais dos sujeitos da 
pesquisa. Feita a opção por essa abordagem, decidiu-se, então, pelo estudo de caso, com o 
intuito de investigar com profundidade um determinado objeto, dentro do contexto real. O 
estudo de caso é adotado em muitas conjunturas na perspectiva de contribuir com o 
conhecimento que se tem dos fenômenos individuais, grupais, organizacionais, sociais e 
políticos, bem como de outros fenômenos relacionados (Yin, 2005, p. 22). Assim sendo, a 
estratégia do Estudo de Caso como método de pesquisa requer a apresentação rigorosa dos 
dados e a delimitação teórica prévia. A utilização de métodos qualitativos busca explicar o 
porquê das coisas, traduzindo o que deve ser feito, sem quantificar valores e nem tampouco as 
trocas simbólicas. Para o referido autor, adotar o método do estudo de caso para fins de 
pesquisa ainda é uma questão desafiadora no âmbito das ciências sociais. Esclarece ainda, que 
o estudo de caso é favorável quando se quer investigar acontecimentos contemporâneos em 
que não se pode controlar comportamentos considerados relevantes. Assim sendo, o presente 
estudo de caso foi realizado de forma contextualizada, o que permitiu revelar a multiplicidade 
de dimensões presente na mediação, facilitando assim, a observação mais abrangente dos 
fatos. No que diz respeito ao locus da pesquisa, esta se realizou em uma turma do Curso 
Técnico em Manutenção Automotiva, ofertado na modalidade EaD, da UEMA situada em São 
Luís, capital do Estado do Maranhão, Brasil. A escolha da referida turma efetivou-se em função 
de, no conjunto de oito cursos técnicos ofertados pela UEMA, ser essa a única turma do Curso 
Técnico em Manutenção Automotiva, constituída de 18 alunos. Esse curso tem 25% de sua 
carga horária destinada à prática profissional, o que significa dizer que do total de 1.440 horas, 
360 horas são exclusivas para a realização de atividades práticas. Ressalte-se que embora 
essas atividades sejam realizadas em diferentes espaços: laboratórios, oficinas, empresas, etc., 
são todas socializadas no AVA. Além de o curso exigir muitas aulas práticas, outro critério 
adotado deve-se ao fato da turma pertencer ao Polo Paulo VI, de fácil acesso viabilizandoassim, os deslocamentos para efetivação do trabalho de campo. Para a realização desta 
pesquisa, foi efetuada consulta à Coordenação Geral do Núcleo de Tecnologias para Educação 
– UEMANET, havendo, portanto, permissão por parte da referida Coordenação, bem como da 
Coordenação do Curso. No que tange à permissão para o acesso ao trabalho de campo, 
importa refletir sobre as seguintes recomendações: 
A relação com as pessoas deve ser constantemente negociada ao longo da 
pesquisa e não apenas uma vez. [...] Pode-se notar aqui a ambigüidade da 
noção de entrada ou de acesso ao campo: esse termo “entrada” tanto 
designa a permissão formal quanto diz respeito ao momento em que é 
adquirida a confiança dos membros que aceitam se abrir realmente ao 
pesquisador. (Lapassade, 2005, p. 70). 
No que diz respeito aos participantes da pesquisa, foram escolhidos um professor, um tutor e 
cinco alunos. Ressalte-se que os participantes desta pesquisa foram escolhidos de forma 
>>Atas CIAIQ2017 >>Investigação Qualitativa em Educação//Investigación Cualitativa en Educación//Volume 1 
 
 
 
1880 
espontânea e muito embora o quantitativo seja pequeno, estes colaboraram com dados e 
informações bastante significativas para a compreensão dos fatos observados. A despeito 
disso, cabe enfatizar que na pesquisa qualitativa o objetivo da amostra é produzir informações 
aprofundadas e ilustrativas: seja ela pequena ou grande, o que importa é que seja capaz de 
produzir novas informações (Deslauriers, 1991, p. 58). É importante registrar que do universo 
de 18 alunos apenas cinco participaram de forma efetiva da entrevista. Todavia o convite foi 
extensivo a todos, mas a maioria não se disponibilizou a participar. Em relação ao tutor, a 
turma possui um tutor presencial e um a distância, mas somente o tutor a distância aceitou o 
convite, e, considerando que o objetivo principal da pesquisa era conhecer como se dá a 
mediação no ambiente virtual por meio das ferramentas interativas, o tutor a distância é ator 
fundamental. No caso da seleção do professor, foi escolhido o da Prática Profissional por ser 
este professor que acompanha o aluno em toda a sua trajetória durante o curso. Na 
delimitação do objeto deste estudo, estabeleceu-se como espaço o Ambiente Virtual da 
Plataforma Moodle, com destaque a feramenta fórum, considerada nesta pesquisa, a 
ferramenta interativa mais utilizada para a mediação tecnológica no Curso Técnico em 
Manutenção Automotiva, por seu grande potencial de mediação no processo de construção 
coletiva do conhecimento. Além disso, são utilizados com menor frequência: wiki, chat, 
webconference, dentre outras interfaces. 
3.1 Procedimentos da coleta e análise dos dados 
A metodologia deste estudo tomou como base os elementos mais adequados para o alcance 
dos objetivos da pesquisa, tendo em vista a mediação tecnológica. Dessa forma buscou-se 
coletar os dados e informações de forma direta e indireta, pautando-se em dois momentos 
distintos: o primeiro, nas observações feitas no AVA, e o segundo nas entrevistas realizadas 
com um professor, um tutor e cinco alunos. Para coleta de dados, trabalhou-se considerando 
um dos critérios de classificação de pesquisa proposto por Vergara (1990), ou seja, no que diz 
respeito aos meios, uma vez que se buscou sustentação nos registros sobre o assunto no 
ambiente virtual do curso (plataforma moodle) e nos depoimentos dos próprios atores do 
processo ensino-aprendizagem. Em relação às observações, montou-se um roteiro de 
observação sobre as ferramentas do AVA, de modo a serem identificados os aspectos que 
pudessem facilitar ou dificultar o processo de mediação, tais como: estruturação do ambiente, 
apresentação dos conteúdos e atividades, as formas de interações adotadas e a criatividade, 
entre outros aspectos. Como já abordado anteriormente, na EAD o AVA se constitui um 
importante espaço potencializador dos processos de mediação para as atividades on-line. Para 
cada curso da UEMA existe uma sala virtual, provida de ferramentas para facilitar a 
comunicação síncrona ou assíncrona, oportunizando assim, a troca de saberes e a construção 
de conhecimentos de maneira interativa, de forma que os alunos, independentemente do 
tempo e do espaço, possam tornar-se agentes de sua aprendizagem. A despeito disso, vale 
proceder à seguinte reflexão: 
[...] educação a distância está relacionado à utilização de algum recurso 
tecnológico e didático para mediar a comunicação entre professores e 
alunos, em espaço e tempos distintos. Deste modo, essa modalidade 
educacional é responsável por romper com os paradigmas educacionais 
tradicionais na medida em que torna possível, através das Tecnologias de 
Informação e Comunicação (TICs), estabelecer a relação de ensino e 
aprendizagem. (Silva e Figueiredo, 2012, p. 3). 
Cabe ressalvar que o ambiente do Curso Técnico em Manutenção Automotiva é rico em 
possibilidades de aprendizagem, pela forma como se apresenta. Ao acessar o AVA, o aluno 
depara-se com um conjunto de recursos, tais como: Guias e Manuais, Biblioteca Virtual, 
>>Atas CIAIQ2017 >>Investigação Qualitativa em Educação//Investigación Cualitativa en Educación//Volume 1 
 
 
 
1881 
Secretaria Virtual, Bloco Ranking e Espaço de Convivência. Cada um desses recursos congrega 
vários outros elementos, contendo informações e orientações que possibilitam situar o aluno 
no contexto de um curso na modalidade EaD. A seguir, a figura 1 apresenta o print da página 
inicial do AVA, apresentando os icones dos principais elementos contidos na sala virtual do 
Curso Técnico em Manutenção Automotiva, a fim de uma melhor compreensão das midias 
adotadas que implicam mediações e consequentemente permeiam reflexões e enriquecem as 
discussões. 
 
Fig. 1. Tela inicial da Sala Virtual do Curso Técnico em Manutenção Automotiva – UEMA 
Além dos recursos que tratam da parte mais informativa, mencionados anteriormente, 
existem os módulos. A matriz curricular do Curso Técnico em Manutenção Automotiva 
contempla quatro módulos, e, na ocasião da pesquisa, os alunos encontravam-se concluindo o 
segundo módulo. Nos Módulos, encontram-se inseridas as disciplinas com seus respectivos 
Planos de Ensino, Roteiros de Estudo, os Roteiros das Práticas e os Cadernos de Estudo, sendo 
este último, considerado o material indispensável do aluno. Além disso, existem os materiais 
complementares (textos, vídeos, games, sites indicativos), as atividades e as avaliações. Dentre 
as principais atividades realizadas no ambiente estão os fóruns de discussões, as web 
conferências e as aulas práticas em laboratórios e oficinas. De acordo com os recursos 
disponíveis no AVA foram feitas as observações, na perspectiva de identificar de que forma as 
relações ocorrem através desses instrumentos para que se pudesse conhecer melhor o seu 
funcionamento. Percebeu-se nas observações, que a mediação realizada no AVA por meio dos 
fóruns pelo professor, tutor e alunos revela que são utilizados também outros recursos 
didáticos, como consulta ao caderno de estudos, pesquisa em sites, e outros, de forma 
conjunta, demonstrando a dinamicidade dessa ferramenta, assim como nível de aceitação e 
familiaridade dos participantes. Como pode ser constatada ainda, a seguir, nas entrevistas, 
essa forma de mediação vem fortalecer a relação pedagógica sob o ponto de vista que a 
modalidade de EaD pode contribuir muito para expansão da oferta de cursos dessa 
natureza.No que diz respeito as entrevistas, estas foram realizadas com um professor, um 
tutor e cinco alunos, cujas questões foram elaboradas no sentido de avaliar, especificamente, 
o fórum, considerando ser este recurso o mais utilizado no desenvolvimento do curso. Na 
opinião do Professor o fórum se constitui a principal ferramentado AVA para mediação do 
processo ensino-aprendizagem. Segundo o Professor: 
>>Atas CIAIQ2017 >>Investigação Qualitativa em Educação//Investigación Cualitativa en Educación//Volume 1 
 
 
 
1882 
Essas ferramentas possibilitam a construção do conhecimento, através do 
diálogo em tempo real. É mediante os fóruns que ocorrem efetivamente as 
interações, tanto por parte do professor com os tutores, quanto dos tutores 
com alunos e, entre os próprios alunos. (Fala do Professor). 
Para o tutor, o fórum é realmente uma ferramenta poderosa de interação, no entanto, poderia 
ser mais bem explorado. Ele sugere que o fórum aguce maior participação, e, para isso, precisa 
ser bem planejado e que a abertura seja feita com uma mensagem clara, objetiva e 
questionadora, advertindo ainda, que em alguns fóruns os alunos não dialogam, apenas 
emitem sua opinião. No entanto, coloca que isso não é uma regra geral, depende de cada 
disciplina e de cada professor. E ainda complementa: 
Quando o fórum é bem elaborado, a mensagem de abertura é bem 
contextualizada e os alunos são devidamente orientados sobre o assunto, a 
discussão se processa normalmente, os alunos se sentem motivados a 
interagir com os seus pares e com certeza a mediação ocorre de forma 
satisfatória. Compreendo também que a nossa participação, enquanto tutor 
a distancia é imprescindível para fortalecer o debate, mas compreendo 
também que o nosso papel é incentivar a interação entre os alunos. (Fala do 
Tutor). 
Nesse sentido, a opinião do tutor parte do princípio de que a forma como a discussão é 
proposta no fórum é que vai contribuir para estimular a participação do aluno. Em EaD deve-se 
propor atividades em que o aluno realize mesmo estando só, ou com um pequeno grupo de 
colegas virtuais. O fórum deve potencializar a interatividade, de modo que a construção do 
conhecimento seja feita de maneira colaborativa, para que o aluno não se sinta isolado no 
tempo e no espaço (Horn, 2014, p. 122-123). No que tange a função do tutor: 
Recomenda-se que a atuação do tutor junto ao fórum seja dialógica, para 
que os cursistas não percebam essa ferramenta, apenas como mais um local 
de entrega de tarefas (como acontece na ferramenta Tarefa), mas sim, um 
espaço de diálogo constante, de novas indagações, questionamentos, e de 
contribuições dos demais colegas para uma determinada questão ou fato. 
(Grossi; Moraes; Brescia, 2013, p. 85). 
Quanto à opinião dos alunos sobre as formas de mediação utilizadas nos fóruns, obteve-se as 
seguintes respostas: 
Questões Respostas Quant. 
Alunos 
Quem coordena as discussões 
dos fóruns? 
O professor da disciplina. 05 
O que você entende por 
mediação? 
A forma como a gente se comunica no Ambiente 
Virtual de Aprendizagem; 
03 
O processo de troca de informações e 
conhecimentos na educação a distância; 
01 
A comunicação on-line entre os alunos, professores e 
tutores. 
01 
Como se dá interação do 
Professor com os alunos no 
Sim, pois ajuda muito na comunicação escrita, além 
de mostrar as diferentes opiniões dos colegas; 
01 
>>Atas CIAIQ2017 >>Investigação Qualitativa em Educação//Investigación Cualitativa en Educación//Volume 1 
 
 
 
1883 
fórum? Sim. Mas que depende muito do professor da 
disciplina. Tem professor que não se preocupa com o 
aprendizado do aluno, apenas quer cumprir com o 
programa da disciplina; 
01 
01 aluno disse que sim, pois através dos fóruns 
podem tirar suas dúvidas tanto com o professor 
quanto com os colegas; 
02 
Sim, uma vez que o fórum complementa os 
conteúdos abordados durante as disciplinas e 
incentiva a discussão com os colegas. 
01 
De que forma o tutor interage 
com o aluno nos fóruns. 
O tutor apenas faz o monitoramento para saber 
quem está participando e faz contato com aqueles 
que ainda não se manifestaram a participar do 
processo de discussão; 
01 
O tutor é o maior incentivador do aluno nos fóruns, 
ele ajuda muito não só nos fóruns como em outras 
atividades; 
02 
Tanto o professor quanto o tutor auxiliam os alunos 
no fórum tirando dúvidas e motivando a 
participação; 
01 
O tutor não acrescenta quase nada sobre o 
conteúdo, portanto o seu papel é apenas não deixar 
o aluno de fora da discussão. 
01 
Quadro 1 – Consolidação das opiniões dos alunos do Curso Técnico em Manutenção Automotiva na entrevista 
sobre mediação. 
Pelo que se pode perceber na fala dos alunos quanto ao entendimento sobre mediação, estes 
demonstraram ter clareza do que é, de como deve ser feita e quem deve conduzi-la. 
Compreendem perfeitamente que é tarefa do professor incentivar e facilitar o processo de 
aprendizagem, mas, assinalam que nem todos os professores assumem o seu papel, deixando 
muitas vezes por conta do tutor e dos próprios alunos. Ou seja, essa compreensão que eles 
têm sobre o papel do professor como mediador, aproxima-se da visão de Masetto (2008), 
abordada anteriormente, que concebe o professor como uma espécie de elo entre o aluno e 
sua aprendizagem, numa interdependência autônoma e dinâmica, que aguça, provoca, 
estimula e coopera para facilitar o aprendizado do aluno. Moran (2000) também corrobora 
com essa ideia quando assevera que: 
Alunos curiosos e motivados facilitam enormemente o processo, estimulam 
as melhores qualidades do professor, tornam-se interlocutores lúcidos e 
parceiros de caminhada do professor-educador. Alunos motivados 
aprendem e ensinam, avançam mais, ajudam o professor a ajudá-los 
melhor. (Moran, 2000, p.17) 
No que diz respeito à importância do fórum como ferramenta básica no processo de mediação 
tecnológica, todos os entrevistados foram unânimes em dizer que sim, inclusive, ressaltando a 
importância que tem essa ferramenta para o exercício da comunicação escrita e do diálogo. 
Tal compreensão associa-se a ideia de que “o diálogo é o encontro entre os homens, 
>>Atas CIAIQ2017 >>Investigação Qualitativa em Educação//Investigación Cualitativa en Educación//Volume 1 
 
 
 
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mediatizados pelo mundo, para designá-lo”. (Freire, 2007, p. 69). Isso implica dizer que o 
diálogo entre o professor e o aluno é essencial no processo ensino-aprendizagem, pois 
somente através dele o professor tem condições de conhecer o pensamento do aluno e pode 
auxiliá-lo em suas dúvidas e inquietações. Quanto ao tutor, estes demonstraram que têm a 
compreensão de que o mesmo é um auxiliar do professor, notadamente, no sentido de 
monitorar o aluno quanto ao cumprimento das atividades. Mas percebem também, a 
importante contribuição no sentido de estimulá-los, incentivá-los, não os deixando fora das 
discussões nos fóruns e em outras atividades demandadas pelo professor. Deixam claro, 
portanto, que o importante papel da mediação no processo ensino-aprendizagem é do 
professor, as ferramentas tecnológicas são suportes. Convém ressaltar que de acordo com a 
literatura estudada existem diferentes formas de mediação na EaD, e, que todas implicam em 
interações. No entanto, neste estudo de caso, constatou-se que a mediação se processa com 
maior ênfase no Ambiente Virtual de Aprendizagem, sobretudo, por meio dos fóruns, na 
relação entre professor – aluno e aluno-aluno. O Tutor aparece como coadjuvante no 
processo, mas, não se configura como a ponte principal entre o aluno e o conhecimento. 
5 Considerações Finais 
O estudo do processo de mediação tecnológica nesta pesquisa tomou como referência as 
ferramentas utilizadas no AVA, mais especificamente, o fórum. Porém, importa registrar a 
relevância que todos os recursos exercem no contexto dos cursos a distância. Esse 
entendimento trouxe à tona, o interesse de no futuro, complementar a pesquisa, tornando oestudo mais abrangente. A análise sobre as formas de mediação em EaD é complexa, 
especialmente, quando se trata de análise do espaço virtual, onde o pesquisador não tem a 
oportunidade de vivenciar todos os momentos da prática pedagógica. Neste estudo, por 
exemplo, fez-se um percurso pelo ambiente, mas, muito mais para conhecimento das 
ferramentas do que propriamente para vivenciar o dia a dia das relações que ocorrem nesse 
espaço. Convém destacar que, as principais percepções registradas neste artigo foram 
adquiridas a partir das informações dos entrevistados, fundamentadas com a visão dos 
autores estudados. Assim, pode-se conceber a mediação tecnológica no processo ensino-
aprendizagem como as relações que se materializam virtualmente, tomando como referência 
as experiências docentes e discentes. As ideias dos autores propiciaram fazer o contraponto 
com o material colhido na pesquisa e possibilitaram compreender melhor o papel das 
interações sociais, uma vez que o diálogo virtual é fundamental no processo de aprendizagem 
entre os participantes, que na visão de Freire se constitui uma prática libertadora. Isto porque 
na compreensão do referido autor o aluno não é um depósito que deva ser preenchido pelo 
professor, mas, cada um, juntos, pode aprender e desvendar novas possibilidades de 
aprendizagem. Dessa forma, entende-se que na educação, seja a tradicional ou a virtual, 
existem diferentes formas de mediação. E que o mais importante no processo ensino-
aprendizagem não é este ou aquele modelo, ou aquela ferramenta, mas, o respeito ao aluno 
como ser único que constrói o seu aprendizado. Cabe, então, ao Professor e todos os agentes 
que trabalham em função desse processo, a capacidade e sensibilidade de possibilitar meios 
para que o aluno encontre a melhor maneira para construir os seus conhecimentos. Por outro 
lado, não adianta ter um ambiente virtual com um bonito layout , uma variedade de 
ferramentas e atividades, se não houver um bom planejamento e profissionais comprometidos 
e capacitados para interagirem utilizando e potencializando, eficientemente, as ferramentas 
disponibilizadas por esse mundo tecnológico fascinante. Desse modo, busca-se fomentar o uso 
dessas ferramentas tecnológicas de forma crítica, registrando a importância do papel do 
professor e do tutor na construção do conhecimento a partir das informações partilhadas. 
>>Atas CIAIQ2017 >>Investigação Qualitativa em Educação//Investigación Cualitativa en Educación//Volume 1 
 
 
 
1885 
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Volume 11 − 2012
4
Artigo
Educação a Distância no Brasil: 
Fundamentos legais e implementação 
E-learning in Brasil: legal basis and implementation
Mara Salvucci 1
Marcos J. A. Lisboa 1
Nelson C. Mendes 1
RESUMO
Trata-se de examinar as normativas re-
lativas às políticas do Ministério da Educação 
na implementação de Cursos de Graduação 
na modalidade a Distância no Brasil e anali-
sar os indicadores de Controle de Qualidade 
de'nidos pelo referido Ministério, tais como: 
Concepção de Educação, Elaboração de 
Material Didático, Equipe Multidisciplinar, 
Avaliação Docente, da Aprendizagem e 
Infraestruturara de Apoio. Mediante leituras 
e análise documental foram priorizadas ques-
tões que norteiam as Políticas e Referenciais 
de Qualidade para educação a distância. 
Como resultado esperado, constata-se que, 
políticas públicas estão sendo constantemen-
te reformuladas a 'm de assegurar o suporte 
legal e critérios bem de'nidos e objetivos para 
a expansão e aprimoramento nesta atual mo-
dalidade de ensino, mas com ressonâncias na 
oferta de cursos de graduação pelas IES.
Palavras-chave: Educação, Educação a 
Distância, marco regulatório de EaD
ABSTRACT: 
/is study sought to analyze the 
regulations within the policies of the Ministry 
of Education on the implementation of 
undergraduate distance learning, and to 
address the question of the indicators of 
prioritized issues and policies that guide the 
Quality References for e-learning. /ough 
anticipated as a result, it appears that public 
policies, constantly being released by the 
Ministry, based on the legal support for 
the expansion and improvement of this 
current modality of teaching, resonate within 
the o0erings of undergraduate courses in 
institutions of higher education.
Keywords: Education, E-learning, 
Education policies, Quality control. 
1 Pontifícia Universidade Católica de Campinas.
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RBAAD – Educação a Distância no Brasil: Fundamentos legais e implementação
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL: FUN-
DAMENTOS LEGAIS E IMPLEMENTAÇÃO 
Caminhamos para o exato momento em 
que a consciência de civilização, a cons-
ciência de superioridade de seu próprio 
comportamento e sua corpori'cação na 
ciência, tecnologia ou na arte começa-
ram a se espraiar por todas as nações do 
Ocidente. (Elias, 1990)
INTRODUÇÃO
No contexto da política de expansão do 
ensino superior, o artigo 80 da LDBN 9.394/96 
representou marco signi'cativo para o desen-
volvimento, regulação, avaliação e supervisãoda EaD em todos os níveis da educação bra-
sileira. O uso de tecnologias no ensino e na 
aprendizagem promove a democratização do 
ensino, tão cara ao país que padece da evasão 
escolar e das di'culdades de acesso às uni-
versidades. Mas a tecnologia, apesar de sua 
importância, não deve ser encarada como o 
principal fator. As políticas públicas de edu-
cação abrangem, principalmente, os pressu-
postos teórico-metodológicos na mediação 
pedagógica.
Assim, estimulados pela emergência de 
um novo paradigma educacional, que surge a 
partir da evolução de instrumentos ligados à 
tecnologia da informação, nota-se o descom-
passo existente entre este paradigma e as polí-
ticas usualmente adotadas no ensino superior.
O objetivo dessa pesquisa consiste no 
exame da importância das políticas públicas 
em EaD para implementação dessa modali-
dade nas universidades brasileiras, mediante 
análise dos instrumentos legais, em especial, 
os Referenciais de Qualidade para EaD e suas 
implicações na oferta de cursos de graduação, 
na modalidade pelas IES. 
A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E AS 
POLÍTICAS DO MEC
 Nessa sociedade em que as descober-
tas cientí'cas e tecnológicas transformam as 
relações sociais e de trabalho, uma vez que 
o individualismo rege estas relações, o de-
senvolvimento e o uso de novas tecnologias 
constituem meios para que a sociedade torne-
-se cada vez mais competitiva. 
O mercado de trabalho pressionado 
pelos contextos tecnológicos, políticos e eco-
nômicos do mundo contemporâneo leva os 
indivíduos a viver uma crescente e constante 
necessidade da aquisição de novos saberes, 
capacitações e competências. As crescentes 
exigências desse mercado fazem surgir novas 
modalidades de educação que exploram a co-
laboração entre os indivíduos, a >exibilidade 
de ações para a construção de saberes e não 
mais privilegiam o acúmulo dos conhecimen-
tos, mas sim seu constante rearranjo, extrapo-
lando as paredes da sala de aula e os limites 
do relógio.
Esses atributos, notadamente visíveis 
nos instrumentos do EaD, apresentam res-
postas a essas demandas em seus novos am-
bientes virtuais de ensino, se utilizados com 
metodologias igualmente novas e cooperati-
vas. A cooperação desa'a o individualismo e 
favorece o indivíduo na direção da construção 
Volume 11 - 2012
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de seus conhecimentos e na criação de uma 
cultura solidária. 
A educação a distância, conhecida em 
uma época em que o correio e o rádio eram os 
principais suportes ou veículos para os cursos 
das mais diversas áreas, com a disseminação 
da informática computacional e o desenvolvi-
mento de so?ware educativo, tornou-se uma 
nova modalidade de ensino e aprendizagem. 
Todavia, a didática do ensino virtual deve 
contemplar a multidimensionalidade dos re-
cursos e ferramentas tecnológicas e os proce-
dimentos adequados prevêem:
- Ênfase na autonomia do aluno.
- Exploração das possibilidades do material 
didático.
- Domínio das ferramentas.
- Conhecimento prévio dos processos de inte-
ração e mediação.
- Disponibilidade e interesse para a comunica-
ção diferenciada das fontes de informação.
Tais procedimentos abrangem a apren-
dizagem a distância, longe das salas de aulas 
convencionais, livre de um sistema curricular 
rígido e de uma estrutura e funcionamento do 
ensino preso às normas e regulamentos. Essa 
modalidade de ensino veio ao encontro de 
uma demanda especí'ca de estudantes e pro-
'ssionais cujo per'l desvela a realidade atual 
em seus ritmos, processos e exigências.
As instituições educacionais, por sua 
vez, iniciaram uma prática de educação a 
distância para atender a essa nova deman-
da amparada pela Lei 9.394/96 LDBN- Lei 
de Diretrizes e Bases Nacional que regula-
menta a educação nacional. O Capítulo IV 
da LDBN 9.394/96 estabelece fundamentos, 
condições e procedimentos para o credencia-
mento e adequação de Cursos e Programas de 
Ensino Superior em âmbito nacional. O artigo 
80 dessa Lei é o que trata dos Programas de 
Educação a Distância no Brasil. Entretanto, 
este não se refere especi'camente ao uso das 
tecnologias da informação como instrumen-
to dessa modalidade de ensino, que assim 
se de'ne:
Artigo 1o do Decreto No 2494/98 
(revogado)
Educação a distância é uma forma de 
ensino que possibilita a auto-aprendi-
zagem, com a mediação de recursos di-
dáticos sistematicamente organizados, 
apresentados em diferentes suportes de 
informação, utilizados isoladamente ou 
combinados, e veiculados pelos diver-
sos meios de comunicação.
Decreto 5.622 de 19 de dezembro de 
2005 em seu artigo 1º.
...modalidade educacional na qual a 
mediação didático-pedagógica nos pro-
cessos de ensino e aprendizagem ocorre 
com a utilização de meios e tecnologias 
de informação e comunicação, com es-
tudantes e professores desenvolvendo 
atividades educativas em lugares ou 
tempos diversos. 
O Decreto 2.494/98, instituído dois anos 
após a LDBN, caracteriza a educação a distân-
cia como modalidade de ensino e aprendiza-
gem que pode se valer das diversas mídias 
interativas de comunicação e informação. No 
entanto, considera que, no estágio atual de 
desenvolvimento tecnológico, o computador 
torna-se a mídia de destaque, cada vez mais 
disseminada no meio social e educacional. 
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RBAAD – Educação a Distância no Brasil: Fundamentos legais e implementação
Pallo0 e Pratt (2002), em seus estudos 
para conceituação de aprendizagem a distân-
cia mediada por mídia computacional, apre-
sentam a ideia de que: 
...fundamentais aos processos de apren-
dizagem são as interações entre os pró-
prios estudantes, as interações entre 
professores e os estudantes e a colabo-
ração na aprendizagem que resulta de 
tais interações. Em outras palavras, a 
formação de uma comunidade de alu-
nos por meio da qual o conhecimento 
é transmitido e os signi'cados sejam 
criados conjuntamente, prepara o terre-
no para bons resultados na aprendiza-
gem. (Pallo0 e Pratt, 2002, p. 27.) 
Conceituar educação a distância no 
Ensino Superior implica ter em mente a es-
peci'cidade da formação educacional, e o 
potencial das tecnologias de comunicação e 
informação no sentido de tornar possível con-
'gurar dinamicamente a rede de comunica-
ções, de modo que um aluno possa participar, 
ao mesmo tempo, de uma interação coletiva e 
de interações individualizadas com professo-
res e com grupos de estudantes, o que torna o 
processo mais interativo e o atendimento ao 
aluno mais individualizado do que se pode 
conseguir com os recursos tradicionais.
A legislação que regulamenta a EaD no 
Brasil é o Decreto 5.622 4, de 19 de dezembro 
de 2005, que se constitui de cinco capítulos: 
o Capítulo I trata das Disposições Gerais e 
caracteriza a EaD; o Capítulo II trata do cre-
denciamento das IES e instruções para oferta 
de cursos; o Capítulo III, da oferta de EaD na 
educação básica; o capítulo IV, da oferta de 
cursos superiores na modalidade a distância e 
o Capítulo V, das Disposições Gerais. 
No Capítulo I − Disposições Gerais 
− tem-se: 
Exigência de encontros presenciais 
para: avaliações; estágios, apresentação 
de TCC, atividades laboratoriais, se pre-
vistas no Programa do Curso (art. 1).
Possibilidade de se oferecer EaD em 
qualquer nível educacional (art. 2).
Exigênciade que os requisitos de carga 
horária e duração dos cursos e progra-
mas em EAD sejam os mesmos dos pre-
senciais. A Portaria 4059/2004 permite 
a oferta de cursos de graduação com até 
20% de atividades na modalidade a dis-
tancia. Esta porcentagem pode ser atin-
gida mediante a implementação de dis-
ciplinas totalmente na modalidade EaD 
ou com disciplinas que se valem parcial-
mente de atividades a distancia (art. 3).
A possibilidade de se reconhecer e acei-
tar transferências de Cursos e discipli-
nas da modalidade presencial para EaD 
e vice-versa (art. 3). 
As avaliações presenciais devem preva-
lecer sobre as a distancia (art. 4).
A validade dos diplomas de EaD é nacio-
nal (art. 5).
Convênios, acordos ou Programas con-
veniados entre quaisquer IES devem 
ser submetidos à análise e homologação 
de órgãos normativos (art. 6).
4 Esse decreto recebeu nova redação no Decreto 6.303.
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Os indicadores de Controle de Qualidade 
de'nidos pelo Ministério da Educação 
e pro'ssionais da educação e citados no 
portal SESU-MEC sob o título de Referen-
ciais de Qualidade de EaD para Cursos de 
Graduação a Distancia estão detalhados 
no Parecer CNE/CES N° 197/2007. “Esses 
Referenciais de Qualidade circunscrevem-
-se no ordenamento vigente em comple-
mento às determinações especí'cas da Lei 
de Diretrizes e Base da Educação, do De-
creto 5622/2005, do Decreto 5773/2006 e 
das Portarias Normativas 1 e 2 /2007”. Es-
tes indicadores são parâmetros que devem 
estar presentes nas Diretrizes no planeja-
mento, credenciamento e avaliação dos 
Cursos e Programas em EaD (art.7).
A padronização de normas e procedimen-
tos para reconhecimento, credenciamento 
e renovação de credenciamento das IES 
públicas ou privadas para atuar com EaD 
cabe ao Ministério da Educação (art. 7).
O Decreto 6303 de 12 de dezembro de 
2007 determina que altere dispositivos 
dos Decretos 5.622, de 19 de Dezembro 
de 2005, que Estabelece as Diretrizes e 
Bases da Educação Nacional, e o Decreto 
5.773, de 9 de Maio de 2006, que dispõe 
sobre o exercício das funções de regulação, 
supervisão e avaliação de Instituições de 
Educação Superior e Cursos Superiores de 
Graduação e Seqüencial no sistema nacio-
nal de ensino. 
A Lei 9394/96 orienta também so-
bre credenciamentos das IES e Instruções 
para Ofertas de Cursos e Programas, o 
Plano de Desenvolvimento Institucional - 
PDI, o Projeto Pedagógico para os Cursos e 
Programas que serão ofertados na modalida-
de a distância; a garantia de corpo técnico e 
administrativo quali'cado; o corpo docente 
com as quali'cações exigidas na legislação 
em vigor e, preferencialmente, com formação 
para o trabalho com educação a distância; 
apresentar, quando for o caso, os termos de 
convênios e de acordos de cooperação cele-
brados entre instituições brasileiras e suas 
co-signatárias estrangeiras, para oferta de 
cursos ou programas a distância e a descrição 
detalhada dos serviços de suporte e infraes-
trutura adequados à realização do Projeto 
Pedagógico.
A descrição e o detalhamento dos ser-
viços de suporte e infraestrutura dizem res-
peito às instalações físicas e infraestrutura 
tecnológica de suporte e atendimento remo-
to aos estudantes e professores; laboratórios 
cientí'cos; polos de educação a distância; 
bibliotecas adequadas, inclusive com acervo 
eletrônico remoto e acesso por meio de redes 
de comunicação e sistemas de informação. Os 
Projetos Pedagógicos de Cursos e de progra-
mas na modalidade a distância, no sentido de 
obedecer às diretrizes curriculares nacionais, 
estabelecidas pelo Ministério da Educação; 
prever atendimento apropriado a estudantes 
portadores de necessidades especiais; explici-
tar em seu projeto os tópicos que compõem 
os Referenciais de Qualidade para o ensino 
de graduação e especialização (Parecer CNE/
CES Nº 197/2007).
A referida Lei destaca, em suas dispo-
sições gerais, no artigo 26, que um projeto 
de Educação a Distância deve observar, en-
tre outras, a previsão da modalidade edu-
cacional e de eventuais parcerias no Plano 
de Desenvolvimento Institucional - PDI das 
Instituições de Ensino Superior - IES e no 
Projeto Pedagógico do Curso; a indicação 
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RBAAD – Educação a Distância no Brasil: Fundamentos legais e implementação
das responsabilidades pela oferta dos Cursos 
ou Programas a distância, no que diz respeito 
a: implantação de polos de educação a dis-
tância; seleção e capacitação dos professores 
e tutores; matrícula, formação, acompanha-
mento e avaliação dos estudantes e a emissão 
e registro dos correspondentes diplomas ou 
certi'cados.
O polo deve estar de'nido no PDI e é 
responsabilidade da IES. Trata-se de um espa-
ço físico para a execução descentralizada de 
algumas das funções didático-administrativas 
de cursos a distância, organizado com o con-
curso de diversas Instituições, bem como com 
o apoio dos governos municipais e estaduais. 
Um polo deverá ser constituído com labora-
tórios de ensino e pesquisa, laboratórios de 
informática, biblioteca, recursos tecnológicos 
dentre outros, compatíveis com os cursos que 
serão ofertados (SERES/MEC, 2007). 
A regulamentação para o EaD no ensi-
no superior no Brasil vem sendo aprimorada 
no sentido de assegurar a qualidade do ensino 
e da aprendizagem como uma das soluções 
para enfrentar o problema de desvantagem 
educacional que o país sofre, entre outras ra-
zões, pela sua dimensão geográ'ca, contradi-
ções sociais e questões políticas. 
OS REFERENCIAIS DE QUALIDADE PARA 
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
A expansão da oferta de Cursos e 
Programas na modalidade a distância no 
Brasil, nesta primeira década do Século XXI, 
trouxe para as discussões acadêmicas e, so-
bretudo para as pesquisas em educação, o 
questionamento sobre a qualidade da forma-
ção nesses Cursos e Programas, bem como a 
utilização da modalidade a distância sem uma 
política de'nidora que assegurasse uma for-
mação objetivando a transformação da reali-
dade educacional brasileira. Contudo, há que 
se considerar também, nessa nova modalida-
de de ensino o docente que trabalha online, 
emergindo de uma condição de trabalho que 
requer uma nova pedagogia, identi'cando-se 
novas contradições e questionamentos. 
Para subsidiar os instrumentos de cre-
denciamento e avaliação desses cursos em gra-
duação e especialização, o Parecer CNE/CES 
Nº 197/2007 atualiza e detalha os Referenciais 
de Qualidade estabelecidos no Decreto 5622/05 
e complementa o Decreto 5773/06. 
Segundo as orientações legais, estes re-
ferenciais devem fazer parte integralmente do 
Projeto Pedagógico de Curso, observados seu 
desenvolvimento e os norteadores de processos 
de regulação, supervisão e avaliação do mesmo.
Para que o Referencial de Qualidade 
seja contemplado em suas especi'cidades o 
Projeto Pedagógico de Curso deve explicitar 
os seguintes aspectos analisados a seguir.
A Concepção de Educação e Currículo 
que predomina no processo de ensino e 
aprendizagem apresentando claramente uma 
opção epistemológica de educação, de currí-
culo, de ensino e de aprendizagem, de acordo 
com o per'l de estudante que se deseja for-
mar, a qual deve fundamentar todos os pro-
cessos de organização, adequação, avaliação, 
planos de disciplinas, tutorias entreoutros.
Considerando-se que o foco principal 
da Educação a Distância é o desenvolvimento 
humano e, sendo o estudante o foco de pro-
cesso pedagógico, a assessoria didática preci-
sa ser contínua, uma vez que, para aprimorar 
as práticas educacionais ao longo do processo 
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de ensinar e aprender virtualmente, diferen-
tes formas de organizar e orientar a educação 
a distância interferem diretamente na apren-
dizagem do aluno, bem como, deverá existir 
todo um planejamento do curso voltado para a 
realidade a distância e não, apenas, uma repro-
dução do que ocorre na modalidade presencial 
para a modalidade a distância. Aconselha-se, 
assim, um módulo introdutório que leve o 
estudante ao domínio de conhecimentos e ha-
bilidades básicas referentes à metodologia e à 
tecnologia utilizada. Os sistemas de comunica-
ção referem-se aos ambientes tecnológicos uti-
lizados na modalidade de educação a distância, 
favorecendo oportunidades para desenvolver 
projetos compartilhados e para propiciar cons-
trução de conhecimento, respeitando as dife-
renças culturais e questões referentes à dispo-
nibilização de material didático, orientação e 
de interação. 
O PROJETO PEDAGÓGICO DE 
CURSO é o instrumento que descreve como 
se dará a interação entre os estudantes, através 
de atividades coletivas presenciais ou virtuais, 
tutores e professores; o modelo de tutoria e de 
acompanhamento previsto; a quanti'cação 
do número de horas disponíveis para aten-
dimentos aos estudantes; a previsão dos ho-
rários e formas de contatos com professores, 
tutores e pessoal de apoio; a de'nição prévia 
dos locais e datas de provas e de atividades 
nos momentos presenciais; a orientação e 
acompanhamento dos estudantes; a >exibili-
dade no atendimento ao estudante; a disposi-
ção de polos de apoio descentralizados, quan-
do necessário, com infraestrutura compatível; 
as diferentes modalidades de comunicação 
assíncronas e síncronas; o planejamento da 
formação, supervisão e avaliação dos tutores 
e pro'ssionais de apoio.
O MATERIAL DIDÁTICO destinado à 
EaD pode ser apresentado na forma impres-
sa, vídeos, teleaulas, páginas da WEB, objetos 
de aprendizagem entre outros coerente com a 
opção epistemológica de educação, de ensino, 
de aprendizagem e ser planejado para usar as 
mídias previstas no Projeto Pedagógico do 
Curso. O material didático deve ser elabora-
do juntamente com um Guia Geral do Curso 
e um Guia Geral das Atividades Pedagógicas 
e um Guia de Estudos a serem desenvolvidas 
em EaD, contendo uma síntese do planeja-
mento dos sistemas de comunicação, da equi-
pe responsável pela gestão do processo de en-
sino e formas de avaliação. Esses Guias devem 
ser disponibilizados aos estudantes.
A avaliação considera o desempenho 
dos estudantes e a e'ciência de cursos, sejam 
internas ou externas. No caso do desempenho 
dos estudantes, a Avaliação da Aprendizagem 
deve ser processual e contínua, composta de 
avaliações a distância e presencial, sendo que 
prevalecem avaliações presenciais sobre ou-
tras formas de avaliação. É oportuno lembrar 
que estágios, a defesa de trabalhos de conclu-
são de Curso e atividades de laboratórios são 
atividades presenciais. 
A AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL é 
um processo permanente e consequente, bus-
cando aperfeiçoar os sistemas de gestão e pe-
dagógico, coerente com o Sistema Nacional 
de Avaliação do Ensino Superior SINAES. 
Cabe à Instituição planejar um processo con-
tínuo de avaliação, da organização didática e 
pedagógica de projetos em EaD contemplan-
do a aprendizagem; as práticas educacionais; 
o material didático; a estrutura do Currículo; 
os sistemas de comunicação; o modelo de 
EaD adotado; a realização de convênios e 
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parcerias. São três os documentos elaborados 
pelo governo: um para avaliar instituições, 
outro para Cursos e outro para polos. Eles es-
tão sendo incluídos no Sistema Nacional de 
Avaliação da Educação Superior. (SINAES). 
A educação a distância vai também receber 
conceitos de 1 a 5, visto que, até os dias atu-
ais, não havia critérios especí'cos para essa 
modalidade.
A AVALIAÇÃO DO CORPO DO-
CENTE, de tutores, de técnico-administra-
tivos e de discentes baseia-se na formação, 
experiência na área de ensino em EaD. A 
avaliação das instalações físicas contempla o 
suporte tecnológico cientí'co e instrumental.
A EQUIPE MULTIDISCIPLINAR é 
formada por docentes, tutores e pessoal téc-
nico-administrativo com funções detalhadas 
no Projeto Pedagógico de Curso. Ao docente 
compete estabelecer fundamentos teóricos, 
selecionar e preparar conteúdos curriculares, 
identi'car objetivos educacionais, de'nir bi-
bliogra'as, elaborar material didático, gerir 
o processo de ensino e de aprendizagem, e 
avaliar-se continuamente como participante 
coletivo de um projeto de ensino a distância. 
O Tutor é um dos sujeitos que participam 
ativamente da prática pedagógica. Atua no 
processo pedagógico mediando o processo de 
ensino e aprendizagem, junto a estudantes ou 
como colaboradores de turmas. Atua segundo 
horários e locais preestabelecidos. Deve co-
nhecer o Projeto Pedagógico bem como cada 
atividade nele proposta, seus conteúdos, obje-
tivos e formas de avaliação, tendo o domínio 
de conteúdo e capacitação nas mídias de co-
municação e em fundamentos de EaD, parti-
cipando também dos momentos presenciais. 
O CORPO TÉCNICO-ADMINISTRA-
TIVO é formado por pro'ssionais adminis-
trativos que atuam em funções de secretaria 
acadêmica, sendo que, na modalidade a dis-
tância, é responsável pelo cumprimento das 
exigências legais, distribuição e recebimento 
de material didático e atendimento a estudan-
tes. Os da área tecnológica são responsáveis 
pelo suporte técnico para laboratórios, biblio-
tecas, e serviços relativos aos equipamentos 
e sistemas de informática, bem como para as 
atividades virtuais. 
A INFRAESTRUTURA DE APOIO refe-
re-se à gestão de material e da sede central de 
atividades em EaD. Para atender a esta última, 
a instituição deve dispor de centros de comuni-
cação e informação ou midiatecas disponíveis, 
tanto na sede institucional quanto nos polos. O 
gerenciamento do material inclui desde secreta-
ria acadêmica, passando por salas de tutoria, sa-
las de videoconferência, de coordenação, biblio-
tecas, material de apoio sendo que o laboratório 
de informática (deve possuir minimamente os 
recursos para atender às especi'cidades das 
atividades em EaD, de livre acesso ao estudan-
te para consultas e trabalho, caracterizando-se 
como espaço de inclusão digital), os laborató-
rios de ensino, as salas de tutoria e secretarias. 
O polo de apoio presencial é a Unidade 
Operacional descentralizada de atividades pe-
dagógicas e administrativas, coordenado por 
um pro'ssional habilitado tanto por conhecer 
o projeto pedagógico quanto por zelar pelos 
equipamentos. É por meio da implantação de 
polos que se viabiliza a expansão, a interiori-
zação e regionalização da oferta de educação 
pela Instituição. Para tanto, os polos devem 
conter as estruturas essenciais para desenvol-
vimento dos Cursos e assegurar a qualidade 
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dos mesmos. Os referidos polos devem aten-
der às condições de acessibilidade e utilização 
dos equipamentos por pessoas com de'ciên-
cias e garantir a conservação e manutenção de 
equipamentos e de instalações. 
A Gestão Acadêmica e a Gestão Ad-
ministrativa devem ser integradas aos demais 
processos da Universidade, com formas al-
ternativas de acesso aos serviços pelos alu-
nos que estão geogra'camente distantes da 
instituição. À Instituição cabe explicitar em 
seu processo de gestão o seu Referencial de 
Qualidade, detalhando os serviços básicos 
como: sistema de administração e controle 
do processo de tutoria; sistemas de controle 
da produção e da distribuição de material di-
dático; sistema de avaliação de aprendizagem; 
sistema de banco de dados atualizado, com 
cadastro de equipamentos e de facilidades 
educacionais; sistema de gestão de serviços 
acadêmico-administrativos; sistema de regis-
tro de resultados das avaliações e atividades 
realizadas pelo estudante; sistema de gestão 
das atividades acadêmicas para o docente.
A Sustentabilidade Financeira a Insti-
tuição realiza o planejamento de planilhas de 
custo de projetos a curto e médio prazo, em 
especial para a graduação, em consonância 
com o seu projeto pedagógico e a previsão de 
seus recursos, destacando-se investimento e 
custeio. No custeio, inclui-se uma planilha de 
oferta de vagas especi'cando-se claramente a 
evolução da oferta ao longo do tempo.
Esses elementos constantes do Projeto 
Pedagógico de Curso são indicadores tanto 
para implementação do mesmo, como para 
orientar o corpo docente sobre as pressupos-
tos epistemológicos da educação e da forma-
ção, as atividades pedagógicas, os objetivos 
educacionais e o per'l do egresso, a meto-
dologia e procedimentos das aulas virtuais 
e presenciais, o ambiente tecnológico e os 
sistemas de comunicação e interatividade, a 
equipe técnico-administrativa e a abordagem 
da gestão acadêmica e administrativa, como 
também para a avaliação do SINAES.
Assim, quando se pensa em Educação 
a Distância, não se pensa apenas nas formu-
lações existentes no momento-aula, mas em 
todos e quaisquer processos que os atores, 
principalmente, os alunos estejam envolvidos. 
Das formas de matrícula, aquisição de docu-
mentos escolares aos relatórios de atividades 
docentes e a qualidade do material didático, 
todas estas ações vão implicar profundamente 
na atitude do aluno perante o curso e, logica-
mente, in>uenciarão no seu empenho, na sua 
percepção como aluno e na sua aprendizagem.
Cabe ao docente, em sua ação pedagó-
gica, agregar aos conteúdos e às metodologias 
utilizadas, estudos que culminem na de'ni-
ção de estratégias apropriadas, ferramental 
tecnológico adequado, atividades de estudos 
para aprofundamento dos conceitos e oportu-
nizar ao aluno condições para que este atin-
ja os níveis de compreensão, manipulando 
as informações, interagindo com os demais 
estudantes, recorrendo à pesquisa de novas 
fontes, possibilitando a construção de novas 
competências.
Ao educando reserva-se um per'l de 
disciplina e que atenda à familiaridade com 
o ferramental tecnológico exigida nas roti-
nas do sistema educacional convencional. No 
caso do so!ware educativo e suas plataformas 
tecnológicas, pressupõe-se uma organização 
para o estabelecimento de uma nova postura 
de estudo e de formação do educando. Nesse 
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per'l, inclui-se a capacidade de autogestão da 
vida acadêmica, considerando maturidade e 
condições particulares do aluno.
A concepção pedagógica, as metodolo-
gias utilizadas no ensino, na interatividade e 
na recuperação da aprendizagem do aluno e 
aluna, constituem diretrizes orientadoras de 
práticas capazes de assegurar a con'abilidade 
institucional em seu compromisso com a qua-
lidade da formação ética e cidadã do educando 
com vínculos sólidos com a Missão, as Políticas 
educacionais e o Plano de Desenvolvimento 
Institucional - PDI, impedindo ações desarti-
culadas e isoladas na gestão das práticas peda-
gógicas não convencionais de ensino, pesquisa 
e extensão na Universidade.
O uso de computadores para a educação 
projeta uma nova abordagem de ensino, visto 
que, nela, os estudantes acessam os conteúdos 
e atividades no ambiente virtual e realizam 
sua autoaprendizagem tutorada e/ou parcial-
mente mediada por tecnologias informatiza-
das - semipresenciais, na medida em que o 
ensino e aprendizagem ocorrem: uma parte 
mediada pelo ambiente tecnológico online e 
outra parte na sala de aula convencional do 
ensino formal em contato com colegas, do-
centes e os recursos de aprendizagem.
Todavia, o per'l do egresso consiste em 
estar na vanguarda do processo de mudança 
de>agrado pela sociedade de informação e 
desenvolver habilidades e competências re-
ferentes a domínios teóricos e práticos. Sua 
competência pedagógica deve estar aliada à 
competência técnica na utilização de novas 
tecnologias; ele deve desenvolver a capacida-
de de trabalhar em equipe; a habilidade para 
administrar as informações de diferentes fon-
tes, e de relacioná-las entre si; a competência 
na linguagem expressa pelo domínio da lín-
gua falada e escrita, bem como ter compreen-
são de diferentes linguagens.
Atitudes e práticas:
1. Possuir disposição para capacitação 
permanente para mudanças e para co-
locar em prática ideias diferentes das 
usuais.
2. Ter disposição para o diálogo e admitir 
seus erros quando necessário.
3. Ser facilitador da aprendizagem, articu-
lador e mediador do conhecimento.
4. Re>etir criticamente sobre sua prática a 
partir de uma leitura da realidade e da 
consideração dos diferentes contextos 
de atuação.
A Educação a Distância que, classi-
camente, teve di'culdades de implantação 
em razão da pouca interação, e que, por esta 
mesma razão, traz em si certo sentido de in-
ferioridade em relação ao ensino presencial, 
tem na internet a recon'guração de seu papel, 
proporcionada pelas novas formas de virtuali-
zação do contato, da presença, e da formação. 
Rena e Pallo0 demonstram que a educação 
on-line não tem qualquer característica de in-
ferioridade em relação à modalidade presen-
cial, e mais, informam que desvios e disfun-
ções desse modelo podem ser solucionados 
na modalidade online, como ocorre na avalia-
ção dos professores, normalmente realizada 
para captar seu grau de popularidade. (Pallo0 
e Pratt, 2002)
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IMPLICAÇÕES DO MARCO REGULATÓRIO 
VIGENTE NA OFERTA DE CURSOS DE 
GRADUAÇÃO EAD PELAS IES
Feita a exibição de contornos visíveis 
do marco regulatório mínimo da Educação a 
Distância no país e, apesar de o cenário pós 
LDBN ser marcado pelo discurso de >exibi-
lidade, pela inovação e aplicação das TIC à 
educação, e de suprir as demandas sociais e 
geográ'cas, a qualidade de formação dos pro-
'ssionais, o objetivo é superar os problemas 
de desenvolvimento econômicos e tecnoló-
gicos enfrentados atualmente pela IES para 
oferta de cursos na modalidade EaD. 
Em especial, o discurso falseia a verda-
deira questão das políticas educacionais, a sa-
ber: a diferença de tratamento entre instituições 
(públicas eprivadas), seus desdobramentos na 
exigência da qualidade e na institucionalização 
de um modelo de EaD (Giolo, 2010)
No que tange às diferenças entre o pú-
blico e o privado em cursos superiores na mo-
dalidade o senso comum (e também muitos 
técnicos) considera a primeira, sinônimo de 
qualidade. O que nos leva a examinar com 
cuidado e atenção os antigos critérios de ava-
liação de qualidade. 
a qualidade se transformou-se em um 
conceito dinâmico que deve se adaptar 
permanentemente a um mundo que 
experimenta profundas transforma-
ções sociais e econômicas. É cada vez 
mais importante estimular a capaci-
dade de previsão e de antecipação. Os 
antigos critérios de qualidade já não 
são su'cientes. Apesar das diferenças 
de contexto, existem muitos elementos 
comuns na busca de uma educação de 
qualidade que deveria capacitar a todos, 
mulheres e homens, para participarem 
plenamente da vida comunitária e para 
serem também cidadãos do mundo. 
(Unesco, 2001:1)
Além disso, o marco regulatório, tal 
como descrito, enrijeceu sobremaneira as con-
dições de as IES ofertarem cursos de graduação 
criando di'culdades para a aplicação da mo-
dalidade EaD submetendo-as, em sua redação, 
às mesmas exigências da educação presencial 
que, obviamente, constituem outro modelo.
Considerando que, atualmente, no 
Brasil o marco regulatório impõe um mode-
lo de EaD de segunda ou quiçá terceira gera-
ção, em outros países já é de quinta geração 
(Pereira, 2003), caracterizada por uma apren-
dizagem >exível, inteligente e calcado num 
projeto de informatização da instituição, no 
que tange às TIC.
Esse ponto de tensão pertinente à for-
mulação de politicas de regulação e super-
visão, mediante instrumentos de avaliação, 
portarias e decretos possibilitam avaliar e con-
trolar as iniciativas das IES na oferta de cursos 
por um lado, o que asseguraria critérios obje-
tivos para aquestão da qualidade mencionada 
anteriormente e evitaria, assim, consolidar 
aquela percepção distorcida de que cursos 
EaD poderiam ser oferecidos com pouco in-
vestimento e muito lucro. No entanto, por ou-
tro lado impõem a institucionalização de um 
modelo de EaD que não atende mais às expec-
tativas sociais, tais como o Decreto 6.303/07 e 
a Portaria Normativa n. 40/07.
Nesses termos, dado que a exigência de 
atendimento presencial em polos pela legisla-
ção exige, por parte das IES, avaliação cuida-
dosa sua instalação e, por consequência cons-
tituindo obstáculo para oferta de cursos EaD.
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RBAAD – Educação a Distância no Brasil: Fundamentos legais e implementação
A organização de um polo exige, além 
de infraestrutura mínima necessária para 
oferta de curso segundo as políticas públicas 
vigentes, também, uma capacitação e quali'-
cação pro'ssional dos recursos humanos que 
considerem as diferenças regionais. 
Outra questão é sobre o papel do tutor 
que, nos instrumentos de avaliação, consti-
tuem tema de debates visto que a função de 
tal agente não é bem caracterizada e de'ni-
da. Isto acarreta di'culdades para as IES no 
que tange ao plano de carreira e consequen-
temente à propalada discussão de que tutor é 
professor para uns e, para outros, tutor é um 
professor de segunda categoria. Isto eviden-
temente tem acrescentado obstáculos para a 
implementação de EaD nas instituições.
Uma proposta que poderia minimizar 
o impacto 'nanceiro seria a de compartilhar 
polos entre Instituições, mas legislação em vi-
gor não a contempla o que caracteriza certa 
rigidez do marco regulatório.
O Censo 2010 elaborado pela ABED in-
dica que o número de matrículas nas institui-
ções tem aumentado e que a oferta de cursos 
na modalidade tem expandido, apesar dos 
problemas relacionados a investimentos em 
infraestrutura de polos, tecnologia e quali'-
cação de recursos humanos (docentes, autores 
de material didático, equipe multidisciplinar, 
secretaria – atendimento pedagógico e tecno-
lógico a alunos e docentes - entre outros) e da 
legislação. No entanto, nota-se contraditoria-
mente, pelo mesmo documento, que há uma 
signi'cativa retração na oferta de cursos, bem 
como de descredenciamento de IES que já ti-
nham cursos autorizados limitando o número 
de matriculas e atendimento.
CONCLUSÃO
Pode-se entender, a partir desses ele-
mentos, que uma das causas dessa contradição 
está nos problemas econômicos e tecnológicos 
enfrentados pelas IES para implementação de 
projetos de EaD mais >exíveis, objetivando o 
desenvolvimento e compartilhamento de con-
teúdos, polos com planejamento pedagógico 
e gestão de EaD com visão sistêmica para or-
ganização e estruturação do modelo de EaD 
mais adequado à institução.
A legislação vigente condiciona a oferta 
de cursos na modalidade, uma vez que enges-
sam os processo criativos para contornar as 
di'culdades econômicas das IES.
A discussão sobre expectativa de lu-
cratividade ou, pelo menos, de estabilidade 
'nanceira, os eventuais e possíveis passivos 
trabalhistas das IES dado que o tutor é um 
pro'ssional que está no “limbo”; a infraestru-
tura pessoal e instalação de parque tecnoló-
gico somados às resistências culturais (apesar 
de EaD ser uma tendência mundial), pré-con-
ceitos de alunos, docentes e gestores são algu-
mas das preocupações que inibem iniciativas 
na modalidade EaD, atualmente.
Cabe às Instituições de Ensino Superior, 
sempre pautadas na autonomia, desenvolver, 
compartilhar e tomar iniciativas conjuntas 
formular propostas junto aos órgãos públicos 
que >exibilizem o modelo de EaD, minimi-
zando os impactos econômicos que afetam 
o pedagógico, o social e o tecnológico e uma 
Educação a Distância de qualidade. Essa é 
uma necessidade imperativa para atender às 
demandas geográ'cas e sociais de um país 
que prima pelo desenvolvimento econômico 
e sustentável.
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O Ensino Superior no país enfrenta inú-
meros desa'os a começar por aqueles relati-
vos à concorrência econômica na busca por 
novos mercados; as diferenças regionais que 
marcam o processo de expansão; a pressão 
por aumento na oferta de vagas; o desenvol-
vimento tecnológico e inovação relacionados 
às TIC e os elevados custos de investimentos 
nessa área; a atualização, a pesquisa e a quali-
'cação docente e de recursos humanos para o 
atendimento e suporte pedagógico, adminis-
trativo e tecnológico ao docente e estudante, 
só para citar alguns.
Nesses termos, nota-se descompas-
so entre a legislação e as IES que objetivam 
cumpri-la, à medida que as noções de tempo e 
espaço, de relação ensino e aprendizagem so-
frem alterações signi'cativas e à medida que 
as tecnologias da comunicação e informação 
são aplicadas às atividades de ensino no país, 
revolucionando-a.
Em que pese o processo de democratiza-
ção do acesso à educação, não se pode limitar 
o sistema educativo justamente no momento 
em que se objetiva atender às demandas ge-
ográ'cas e sociais brasileiras. Vivemos um 
novo paradigma educacional e perceber que 
os limites das antigas regras que ordenavam 
o modelo anterior já não se aplicam ao novo. 
Mas muitos ainda não conseguem ver além 
dessas fronteiras ou desses limites, talvez por 
conta de seus antigos modelos mentais. Mas 
isto é discussão para um trabalho ulterior.
Reconhecemos que as leis são necessá-

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