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Matriz BCG Este tópico apresenta a matriz BCG, suas características e utilidade estratégica. MATRIZ BCG (BOSTON CONSULTING GROUP) Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2010) relacionam em seu livro Safari de Estratégia dez correntes de pensamento que organizam os estudos sobre estratégia empresarial. Uma das correntes mais fortes – e em parte dominante até nos dias atuais – é a escola do posicionamento que encontra em Michael Porter um de seus principais representantes. A perspectiva do posicionamento adota como crença dominante a necessidade da empresa ter um posicionamento de mercado, ou seja, buscar um espaço competitivo onde possa ter vantagem competitiva e superar a concorrência. Para isso, é necessário escolher bem o espaço o que é feito mediante o uso de ferramentas e a matriz BCG se apresenta como um destes instrumentos. UMA BREVE HISTÓRIA... Baseia-se na metodologia do ciclo de vida do produto (Bethlem, 1999). De acordo com Hexsel e Luce (1989) a matriz BCG surgiu como ferramenta no final dos anos 1960 como resultado dos estudos sobre estratégia competitiva do Boston Consulting Group (BCG). A aplicação desta ferramenta seria sobre o portfólio de negócios da empresas (conjunto de negócios) com o objetivo de analisar a posição competitiva de cada negócio/unidade de negócio. De acordo com esta posição – negócios com mais ou menos capacidade para gerar retornos –, a empresa deve alocar os recursos que possui (HEXSEL e LUCE, 1989). Assim, a matriz BCG se tornou uma referência de instrumento para auxilio nas decisões de custo e investimento de empresas diversificadas. CARACTERÍSTICAS DA FERRAMENTA A matriz BCG busca ser uma representação gráfica da posição que um produto pode ocupar no mercado e se baseia em dois conceitos fundamentais que são a curva de experiência e custos. É uma matriz do tipo 2x2 cujas posições se identificam num plano cartesiano em que as variáveis sejam participação relativa do mercado (x) e taxa de crescimento do mercado (y). Cada posição do produto recebe uma denominação, como se pode observar na figura 1. Organização da Matriz BCG E o que significam estas variáveis? Taxa de crescimento: investimento necessário para operar a unidade de negócio ou produto (PORTER, 2004) Participação relativa de mercado: é o market share da empresa, ou seja, a participação dela no mercado. Por ser relativa, a participação é calculada dividindo-se a participação da empresa pela participação do maior concorrente (PORTER, 2004). Usando este framework a empresa deve posicionar seus produtos de acordo com a condição do produto em cada variável, gerando uma tipologia de produtos ou negócios. Assim: - produto STAR (estrela): alta taxa de crescimento e alta participação relativa de mercado - produto CASH COW (vaca leiteira): baixa taxa de crescimento e alta participação relativa de mercado - produto QUESTION MARK (dúvida): alta taxa de crescimento e baixa participação relativa de mercado - produto DOG (animal de estimação): baixa taxa de crescimento e baixa participação relativa de mercado Cada empresa possui sua própria matriz BCG, portanto uma exemplificação de produtos que podem ser categorizados conforme a tipologia proposta pela matriz BCG torna-se difícil de ser feita. Mas, podemos buscar descrever outras características de produtos que podem auxiliar na classificação, conforme sugere a figura 2. Exemplos Matriz BCG Como já dissemos, a matriz BCG baseia-se na metodologia do ciclo de vida de produto. Então se fôssemos buscar a sinergia entre estas metodologias, a tipologia da matriz BCG poderia ser relacionada às fases do ciclo de vida do produto conforme a figura 3. Sinergia entre a matriz BCG e o ciclo de vida do produto. O QUE FAZER COM ESTA CLASSIFICAÇÃO? Uma vez que os produtos/negócios da empresa foram identificados e classificados na matriz, chega o momento de se pensar o que fazer com eles, ou seja, formular as respectivas estratégias. Kotler (2002) sugere as seguintes ações: - Produto STAR (estrela): os investimento da empresa aqui estão relacionados ao aumento da participação de mercado ou da colocação de barreiras de entrada, pois negócios posicionados como estrela pertencem a mercado caracterizados por alta atratividade; às vezes estes investimentos podem comprometer a lucratividade do negócio, mas devem ser analisados a longo prazo, pois produtos estrela possuem potencial para se tornarem vacas leiteiras; - Produto CASH COW (vaca leiteira): precisam de investimentos em melhoria do produto para adequar as características à medida que as exigências do mercado mudam; o objetivo é sustentar a competitividade e caso a empresa seja líder de mercado, manter esta posição; - Produto QUESTION MARK (dúvida): sugere que a empresa deve fazer investimentos em inifraestrutura e processos para que se torne uma estrela ou vaca leiteira e possa competir com os concorrentes atuais - Produto DOG (animal de estimação): talvez mereçam uma decisão de desinvestimentos caso não ofereçam margens para a empresa, mas caso se tratarem de produtos que atendam um nicho, em termos de manutenção de imagem e fidelização de compradores devem ser mantidos.Kroll, Parnell e Wright (2000), por sua vez, sugerem ações estratégicas que apresentadas na figura 4. Estratégias para a matriz BCG Build: Desenvolvimento; Hold: Manutenção; Build, Desinvest: Sobrevivência.; Harvest, Desinvest: Desinvestimento; CRÍTICAS À FERRAMENTA Apesar de bastante conhecida nos meios acadêmico e prático, a matriz BCG também é alvo de algumas críticas. Antonio (2002), por exemplo, registra dois problemas relacionados à matriz BCG: 1.As variáveis que compõem a matriz (posição do mercado e taxa de crescimento do sector) não são suficientes para determinar a posição concorrencial da empresa 2.Deslocamento e curva de eficiência podem deixar o concorrente mais eficiente e com menos custo Para Porter (2004) o uso da ferramenta deve ocorrer sob determinadas condições: - definição correta do mercado incluindo experiência compartilhada e outras interdependências; - a estrutura da indústria permite que a parcela de mercado da empresa permita a ela boa posição competitiva e custos relativos; e, - o crescimento de mercado seja um bom indicativo para prever o investimento necessário. Porém, apesar das críticas a matriz BCG continua sendo usada de forma ampla como ferramenta de análise ambiental. Vejamos algumas estas situações em que o instrumento contribuiu com planejamento estratégico das empresas. Quiz 1 É incorreto afirmar sobre a matriz BCG que: é uma ferramenta útil para avaliação do desempenho da empresa pode ser associada ao ciclo de vida do produto permite a avaliação do posicionamento do portfólio de produtos/negócios da empresa auxilia na tomada de decisão sobre investimentos baseando-se no potencial de crescimento do produto no mercado Referências HEXSEL, Astor Eugênio; LUCE, Fernando Bins. Aplicações dos modelos de portfólio de negócios. Revista de Administra&ccdeil; ão da Universidade de São Paulo, v. 24, n. 4, 1989. KOTLER, Philip. Administração de marketing: a edição do novo milênio. 5 ed.São Paulo: Prentice Hall, 2002. KROLL, Mark J.; PARNELL, John; WRIGHT, Peter. Administração Estratégica – Conceitos. São Paulo: Atlas, 2000. PORTER, M. Estratégia Competitiva. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. MINTZBERG, Henry; AHLSTRAND, Bruce; LAMPEL, Joseph. Safári da estratégia. Bookman, 2009. BETHLEM, Agricola de Souza. Estratégia empresarial; conceitos, processo e administração estratégica/Agricola Bethlem – 5 ed. – São Paulo: Atlas, 1999.
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