Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ARTIGO Monitorização terapêuticadeanticonvulsivantes SílviadeOliveiraSantosCazenave' CristianeLeslieCorrea2 PaulaCristianeSoubhia1 NádiaBarbosaRezende1 VaraAraújo-l RESUMO Rejere-sea monitori=açãodeníveisplasmáticosdefârmacoscomouminstrumentovaliosoparaassegurar umaterapiacomo máximodeeficáciae o mínimodeefeitostóxicos,demaneiraindividual,umave=que os efeitosterapêuticose tóxicossilo melhoresrelacionadosà concentraçãoplasmáticado queà dose administrada,Os métodosanalíticosji-eqiientementeutili=adosna determinaçiloe quantificaçãodos al11iconvulsivantessilo a cromatograjiaemfasegasosa(C'G), a cromatografialíquidadealtaejiciência (CL IF:)eastécnicasdeimunoen.l'aio(/FP) Reali=ou-seadeterminaçãodeprimidona(PRD);fenobarbital (FNI3);fenitoína(FN7); carbal1w=epina(CI3Z)ecarbama=epinaepóxido(C'I3Ze)nasamostrasdeplasma liojili=cldoatravésdeC'C,CLAE eIFP ecomparou-seosresultadosobtidospelosmétodosutili=adosajim deverificarseháconcordânciaentreosmesmos,Acomparaçãofoireali=adaji-enteaosresultadosenviados pelo HealthCOl11rol- CardijJ U"itermos: anticonvulsivos,cromatograjiagasosa,cromatograjialíquida, INTRODUÇÃO Amonitorizaçãodeníveisplasmáticosdefármacos temsido um instrumentovaliosoparaasseguraruma terapiacomomáximodeeficáciaeomínimodeefeitos tóxicos,demaneiraindividual,umavezqueosefeitos terapêuticose tóxicos são melhoresrelacionadosà concentraçãoplasmáticadoqueàdoseadministrada, Destaforma,o controleterapêuticodeveser instituídoemterapiasa longoprazo,quandoa razão terapêuticaébaixa,quandoacorrelaçãodose/respostanão é previsível,empoliterapias,quandonãohácorrelação entrea concentraçãoplasmáticado fármacoe eficácia e/outoxicidade,alémde outrasindicaçõesclínicas', (') ProfessoraAdjunta de Toxicologia e Coordenadorado Curso de Ciências Farmacêuticasda Faculdadede Ciências Médicas da PUCCAMP, (') Professorade Toxicologia do Curso deCiências Farmacêuticasda FaculdadedeCiências Médicasda PUCCAMP, (') GraduandasdoCursodePós-GraduaçãoemAnálisesToxicológicas da USp, (') ProfessoradeToxicologia da FaculdadedeCiênciasFarmacêuticas da USP, Devidoao fatodosanticonvulsivantesestarem relacionadoscomalgumasdascondiçõesclínicascitadas, verifica-sea importânciada monitorizaçãoterapêutica paraestesfármacos2, Os métodosanalíticosfreqüentementeutilizados nadeterminaçãoe quantificaçãodosanticonvulsivantes sãoa cromatografiaemfasegasosa,a cromatografia líquidadealtaeficiênciaeastécnicasdeimunoensaio-l, Nestetrabalhorealizou-sea determinaçãode primidona(PRD),fenobarbital(FNB), fenitoína(FNT), carbamazepina(CBZ) e carbamazepinaepóxido (CBZe)nasamostrasdeplasmaliofilizadoatravésde cromatografiaa gás(CG), cromatografialíquidade altaeficiência(CLAE) e imunotluorescênciapolarizada (IFP),comparando-seosresultadosobtidospelosmétodos utilizadosa fimdeverificarseháconcordânciaentreos mesmos, MATERIAL E MÉTODOS Analisou-seamostrasdeplasmaliofiIizadoenviadas peloHealthControl- Cardiff,asquaisforamressuspensas RevistadeCiênciasMédicas-PUCCAMP, Campinas,5(2):69-75.maio/agosto1996 70 S. de O. S. CAZENA VE etai. com5mLdeáguamiliQeaseguirsubmetidasaosmétodos analíticosIFP. CG eCLAE. As oitoamostrasenviadas. H80292:H80592:H80692:H80792:H80992:H81192: H91292e H80193forampreparadascoma adiçãode fármacospurosemumplasmaisentodosmesmos.ondeos valoresadicionadosforamcalculadosapartirdopesodas alíquotasedagravidadeespecíficadoplasma.Todasas amostrasforampreparadasusando-seplasmadenovilho. Alémdasamostrastambémforamproces-sados calibradoresecontroles(baixo.médioealto).Nométodo IFP os seiscalibradorese controlesde concentrações conhecidosforamfornecidospeloprópriofabricante.Os quatrocalibradoresusadosemCG e CLAE. aosquais adicionaram-seconcentraçõesconhecidasdosfármacos. forampreparadosemsoluçãometanólica.evaporadose ressuspensoscom1mLde"pool"deplasmahumano. Pararealizaçãodascurvasdecalibraçãonosmétodos deCGeCLAE. soluçõesestoqueforampreparadaspara cadaumdosfármacosea partirdasquaisforamfeitas diluiçõesadequadasparaa monitorizaçãoterapêutica (TabelaI). CBZ= carbamazepina CBZe = carbamazepinaepóxido FNT = fenitoína FNB = fenobarbital PRM = primidona Ostrêsmétodospropostosparaacomparação têmsidoamplamentecitadosnaliteratura.indicados à monitorizaçãoterapêuticadediversosfármacos4: 1. Imunofluorescênciapolarizada (IFP): é umimunoensaiodotipohomogênio.semnecessidade deumafasedeseparação,empregadonocontrolede fármacosedousoabusivodedrogas.Nestapesquisa utilizou-seo equipamentoVitalabEclair@,Merck. Seufundamentoestábaseadonamonitorizaçãoda tluorescênciaemfunçãodareaçãoantígeno-anticorpo. A substânciafluorescenteutilizada,Fluoresceína,é geralmenteligadaaoantígeno,sendooprodutodesta ligação chamadode traçador.A intensidadede fluorescênciaemitidapodeserpolarizada.Quando umaamostrasemantígenoé colocadaemcontato com o reagenteobservamosum alto valor de polarização.No entanto,se na amostraexistirem antígenos,estesvãocompetirpelossítiosdeligação doanticorpo,eantígenosmarcadosficarãolivresem solução.gerandoumadiminuiçãona polarizaçã03 (FiguraI). Amostra 50flL 1000flL de tampão homogeneizar Pré-diluição 50flL 1000flL de tampão 50flL de anticorpo homogeneizar Leitura1 50flL dotaçador homogeneizar incubara 37°Cpor 5 min Leitura2 Figura1. Fluxogramadatécnicade Imunofluorescênciapolarizada (lFP). Eclair@ RevistadeCiênciasMédicas-PUCCAMP, Campinas.5(2):69-75.maio/agosto1996 J Tabela1. Diluiçõesdostannacosutilizadosnasanálises. Soluçãoestoque DiluiçãoI Diluição2 Diluição3 Diluição4 Fánnacos flg/ mL flg/mL flg/mL flg/ mL flg/mL CBZ 500 25 20 10 0.5 CBZe 100 5 2 I 0,05 FNT 600 30 24 12 3 FNB 100 50 40 20 I PRM 100 25 20 10 2 \10NITORIZA('AoTERArtl 'TIL\ Df 71 2.MétodocromatográficoporCLAE:foiutilizada comofasemóvelasoluçãodeacetonitrila:água(3:7).com velocidadede fluxo de ImLlmin: colunasupelcosil \ PlasmaImL Faseaquosa rejeitar LC-ABZ, detectorUV: 5(p-metiltenil)5-fenílhidantoína comopadrãointernoe equipamentoLKB Bromma (Figura2). Tubodecentrífuga(15mL) HCLO,I N atépH4,5-5,0 1Oflgdepadrãointerno(I OOflL) 5mLclorofórmio agitar20min centrifugara2500rpmpor10min Faseorgânica Evaporarà secura sobfluxodeN2 Resíduo Dissolvercom500flL dafasemóvel 100flL Injeçãoautomática20flL CLAE Figura 2. FluxogramadatécnicadeCromatogratialiquidadealtaeticiência(CLAE). 3. Cromatografia em fase gasosa: o equipamentoutilizadofoi umCG modelo370 da InstrumentosCientíficosCG Ltda.comdetector de ionizaçãode chamae temperaturasde210°C para colunae280°Cparavaporizadoredetector (Figura3). O padrãointernoutilizadofoi 5(p-metilfenil)-5-fe- nilhidantoínae C1)moagentemetilanteo hidróxidode trimetilfenilamônio. RevistadeCíênciasMédicas- PUCCAMP,Campinas.5(2):69-75.maio/agosto1996 72 S deO S.CAZENAVEetal PlasmaImL Faseaquosa rejeitar Figura 3. FluxogramadatécnicadeCromatografiaemfasegasosa(CG). RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultadosobtidosnasanálisespodemser observadosatravésdasTabelas2,3,4 e5. Atravésdosdadosobtidospelarelaçãodeáreados calibradoresanalisadosforamrealizadasas regressões linearessimples,obtendo-separacadafármacoaseguinte equaçãodareta: Tubodecentrifuga(15mL) HCL0,1N atépH4,5-5,0 10llgdepadrãointerno(IOOIlL) 5mLclorofórmio agitar20min centrifugara2500rpmpor10min Faseorgânica Evaporarà secura sobfluxodeN2 Resíduo Dissolvercom500llL doagentemetilante 51lL CG CBZ: y = 0,0057911x+0,1392057 r = 0,999 FNT: y = 0,0217729x+0,0799191 r = 0,989 PRM:y = 0,0102473x+0,2162038 r = 1,095 RevistadeCiênciasMédicas-PUCCAMP, Campinas,5(2):69-75,maio/agosto1996 J MONITORIZAÇÃO TERAPÊUTICA DE 73 Tabela2. Análiseatravésdeimunoensaio. RevistadeCiênciasMédicas-PUCCAMP, Campinas,5(2):69-75,maio/agosto1996 Amostras PRM FNT FNB CBl ControleI 16,04 32,90 62.44 11,00 Controle2 65,52 51,53 121.00 23,70 Controle3 95,76 126,06186,02 64,34 0292 70,56 27.35 186.02 20,74 0592 10,99 49,95 176.11 9,74 0692 60,94 64,22 46,94 35,98 072 19,70 34,88 152,87 5.50 0992 106,30 94,34 86,12 46,14 1192 103,55 21.41 210,99 60,95 1292 39,86 61.84 129,18 46,98 0193 52,69 50,34 113,25 37,67 CalibradorI O O O O Calibrador2 9.17 9,91 21,53 8.47 Calibrador3 18,32 19,82 43,06 16,93 Calibrador4 36,65 39,64 86,12 33,86 Calibrador5 73,31 79,28 172,24 50,79 Calibrador6 109,97 158,57 344.49 84,65 CBl= carbamazepina FNT =fenitoína FNB=fenobarbital PRM =primidona Tabela3. AnáliseatravésdeCG. Amostras PRM FNB FNT CBl 0292 75,98 - 25,58 0592 0,67 - 47.40 0692 51,54 - 69,56 1,73 0792 3,04 - 37,24 0,78 0992 112,40 - 113,29 92,47 1192 119,57 - 20,00 178,57 1292 41,22 - 86.50 156,06 0193 43,03 - 58,65 87,60 CalibradorI 9,16 - 11,89 2,12 Calibrador2 45,82 - 47,57 Calibrador3 91,64 - 95,13 84,65 Calibrador4 114,55 - 118,92 105,82 CBl= carbamazepina FNT = fenitoína FNB =fenobarbital PRM =primidona -.-- 74 S deU.S CAZ.ENAVEetai Tabela 4. Anális~atravésd~CLAE. CBZ= carbamazepina CBZe = carbamazepinaepóxido FNT = fenitoina FNB = fenobarbital PRM = primidona Tambémparaestametodologiafoi realizadaa regressãolinearsimples.obtendo-seasseguintesequações dareta: FNB: y =0,0104625x+0.5602907 r =1,077 PRM: y =0,008588x+0,0514395 r =0,995 Tabela 5. Índicesde rejeiçãonasanálisesefetuadas. A partirdestasequaçõesforam calculadasas concentraçõesdasamostras.assimcomoarealização dascurvasdecalibraçãoparacadaumdosfármacos. Váriasobservaçõespodemser feitasquando comparamosos métodosutilizados.no entantoum maiornúmerodeanálisesdeveriatersidoefetuado paracadaumadasamostrasafimdequepudessemos verificar precisão. exatidão. reprodutibilidade, repetibilidadedostrêsmétodos.A comparaçãofoi realizadafrenteaosresultadosenviadospeloHealth Control - Cardiff. Devidoa insuficiênciadedadosnãofoipossível realizarumtratamentoestatísticoadequado.Atravésdo valormédiodosfármacos,enviadosporCardiff.foram consideradososvaloresdentrode3:i:DP (desvio-padrão) refletindoemíndicesderejeiçãoespecificadosnaTabela5. CG =cromatografiaa gás CLAE = cromatografialíquidade alta eficiência IFP = imunofluorescênciapolarizada. Revistade CiênciasMédicas-PUCCAMP, Campinas,5(2):69-75,maio/agosto1996 - Amostras PRM FNB FNT CBZ CBZe 0292 71.2R 327.51 34.70 19.0R 7.66 0592 199.54 IR7.12 44.45 0.65 2.94 0692 12R.RI 6.11 60.54 25.03 3.RO 0792 253.57 167.22 35.R7 6.02 0992 10&.24 62.17 95.16 34.92 3.40 1192 301.09 247.57 19.37 46.39 6.70 1292 129.21 131.95 69.57 36.56 4.73 0193 165.36 100.29 40,93 19.90 2.36 Calibrador 1 9.16 4.31 II,R9 2.12 0,20 Calibrador2 45,&2 R6.12 47.57 42.33 3.96 Calibrador3 91.64 172.24 95.13 &4.65 7.93 Calibrador4 114.55 215.30 11&.92 105.&2 19.&2 CBZ: y =0.0154686x+0.1503367 r =1.003 CBZe: y =0.050359x-0.1093946 r =0.99] FNT: y =0.0262126x- 0,0432925 r =0.997 Métodos Análisesrealizadas Ana'lisesrejeitadas Percentagemderejeição CG 22 11 50,0 CLAE 40 13 32,5 IFP 32 5 15,6 L MONlTORlZAÇÃO TERAPÊUTICA DE... 75 CONCLUSÃO -O métododeCG mostrou-seinadequadopara análisedefenobarbital,carbamazepinaecarbamazepina epóxido; - A IFP é inadequadaparadeterminaçãode carbamazepinaepóxido; - DasanálisesrejeitadaspelaIFP, todasestavam relacionadasàprimidona,comvaloressuperestimados; -Todososmétodospodemserutilizadosnaanálise defenitoínacomresultadossatisfatórios; -O métododeCLAE apresentouporcentagemde rejeiçãoelevada,provavelmente,emfunçãodeproblemas técnicos; - Nas condiçõeslaboratoriaisnasquaisforam desenvolvidasasanálises,aimunotluorescênciapolarizada mostrou-secomometodologiamaisadequada,devidoa suasimplicidadeerapidezdeexecução. SUMMARY Therapeuticmonitoring01anticonvulsantdrugs Thetherapeuticmonitoringofdrugsinplasmahasbeen an importantinstrumentto assurea therapywiththe maximumeflicacyandtheminimumtoxicejJects,inan individualmanner,sincetherapeuticandtoxicejJectsare betterrelatedtoplasmaticconcentrationthanto the administereddose.Analyticaltechniquesfrequent/yused for thedeterminationof anticonvulsantdrugsare gas-liquidchromatography(GLC),highperformanceliquid chromatography(HPLC) and immunologictechniques (polarisationfluoroimmunoassay- PFIA). Primidone, phenobarbital,phenytoin, carbamazepineand IO,II carbamazepine-epoxideweredeterminedinfreeze-dried samplesofplasmaandGLC, HPLC andPFlA techniques wereused.Theresultswerecomparedaccordingtodata reportedtheHealthControlExternalQualityAssessment Schemein CardifJ. Keywords: anticonvulsants, chromatography, gas, chromatography,liquido REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1.CRETELLA,Y.A.Controleterapêuticodefenobarbital, fenitoínae carbamazepina.RevistaBrasileirade Toxicologia,SãoPaulo,v.3,n.2,p.49,1990. 2. GOODMAN, L.S., GILMAN, A.G. The pharmacologicalbasisoftherapeutics.NewYork: McMillan,1986.1200p. 3. SPINELLI, E., SILVA, O.A. Imunoensaiode tluorescênciapolarizadaesuaaplicaçãonadetecção de usuáriosde cannabis.RevistaBrasileirade Toxicologia,SãoPaulo,v.7,n.l/2,p.37-43,1994. 4. WILSON,lF., TSANACLIS, L.M., PERRETT, lE., WILLIAMS, l, WICKS, lF.C., RICHENS, A. Performanceof techniquesfor measurementof therapeutcdrugsinserum.A comparisonbasedon externalqualityassessmentdata.TherapeuticDrug Monitoring,NewYork,v.14,n.2,p.98-105,1992. Trabalhorecebidoparapublicaçãoem9 demaioeaceitoem19deagosto de1996. RevistadeCiênciasMédicas-PUCCAMP,Campinas,5(2):69-75,maio/agosto1996
Compartilhar