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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI - URCA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA - CCT DEPARTAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL PÓS-GRADUAÇÃO EM GERENCIAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL AVALIAÇÃO ERGONÔMICA DAS ATIVIDADES DOS FUNCIONÁRIOS DE UMA EMPRESA DE CONSTRUÇÃO CIVIL NA CIDADE DE ICÓ – CEARÁ ÉRICA SÍLVIA DE OLIVEIRA SILVA Juazeiro do Norte - CE 2017 ÉRICA SÍLVIA DE OLIVEIRA SILVA Aluna do Curso de Pós-Graduação em Gerenciamento da Construção Civil URCA AVALIAÇÃO ERGONÔMICA DAS ATIVIDADES DOS FUNCIONÁRIOS DE UMA EMPRESA DE CONSTRUÇÃO CIVIL NA CIDADE DE ICÓ – CEARÁ Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Especialista em Gerenciamento da Construção Civil pela Universidade Regional do Cariri. Orientadora: Profª.Ma.Janeide Ferreira Alencar de Oliveira Juazeiro do Norte - CE 2017 AVALIAÇÃO ERGONÔMICA DAS ATIVIDADES DOS FUNCIONÁRIOS DE UMA EMPRESA DE CONSTRUÇÃO CIVIL NA CIDADE DE ICÓ – CEARÁ Elaborada por: Érica Sílvia de Oliveira Silva Aluna do Curso de Pós-Graduação em Gerenciamento da Construção Civil – URCA BANCA EXAMINADORA __________________________________________________ Prof. Ma. Janeide Ferreira Alencar de Oliveira Orientadora ________________________________________________ Examinador interno _________________________________________________ Examinador interno Monografia aprovada em _____ /______ /_______, com nota _______. Juazeiro do Norte – CE 2017 Dedico este trabalho aos familiares, em especial aos meus pais José Aderson e Ilaíde Eufrásia. AGRADECIMENTOS A Deus pela vida, e por tudo que ele tem me proporcionado. A minha família por me dar apoio em todos os momentos que preciso deles. Aos meus amigos, principalmente a Eduardo Oliveira, Vanessa de Oliveira, Wandenúsia Silva, Fabiana Soares e Socorro Oliveira. A todos que me ajudaram direto e indiretamente. “O único lugar aonde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário.” (Autor: Albert Einstein) RESUMO A necessidade de se aplicar a Ergonomia dentro das empresas de construção civil vem se tornando um fator importante nos tempos atuais, contribuindo para que o ambiente se adéque ao funcionário para que ele possa trabalhar de maneira mais proveitosa. Com esse tema, o presente trabalho se desenvolveu de maneira concreta tendo como principal objetivo avaliar a Ergonomia e suas consequências no desempenho no trabalho de uma empresa de construção civil no município de Icó – CE. O trabalho estuda a importância da análise ergonômica ligado diretamente aos fatores que possam causar danos aos funcionários dessa empresa tendo como objetivo uma pesquisa de campo, de natureza qualitativa e quantitativa. Quanto à metodologia aplicada à pesquisa de dados aconteceu através de um questionário contendo 03 perguntas fechadas, aplicado a 20 funcionários no qual apenas 80% responderam. Os resultados comprovam que os itens ergonômicos na empresa estudada, são aceitos pelos entrevistados, podendo adicionar algumas melhorias, como um ambiente mais limpo, despertando neles um melhor desempenho. Palavras-chave: Ergonomia. Saúde no Trabalho. Ambiente de Trabalho. ABSTRACT The need to apply Ergonomics within civil construction companies has become an important factor in today's times, helping the environment to adhere to the employee so that he can work more profitably. With this theme, the present work was developed in a concrete way having as main objective to evaluate Ergonomics and its consequences in the work performance of a construction company in the municipality of Icó - CE. The paper studies the importance of the ergonomic analysis directly linked to the factors that can cause damages to the employees of this company with the objective of a field research, of a qualitative and quantitative nature. As for the methodology applied to data research, a questionnaire containing 03 closed questions was applied to 20 employees, in which only 80% answered. The results confirm that the ergonomic items in the studied company are accepted by the interviewees, and can add some improvements, such as a cleaner environment, resulting in better performance. Keywords: Ergonomics. Health at Work. Desktop. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Ergonomia, Condição de Vida e Soluções Empresárias .............................17 Figura 2: Pedreiro atuando de forma errada .....................................................................37 Figura 3: Funcionário atuando de forma errada ...............................................................38 Figura 4: Profissional pedreiro atuando de forma correta ...............................................39 Figura 5: Pedreiro atuando de forma correta ....................................................................40 Figura 6: Operador de betoneira atuando de forma errada ............................................41 Figura 7: Operador de betoneira atuando de forma correta ...........................................42 Figura 8: Ajudante atuando de forma errada.....................................................................43 Figura 9: Ajudante atuando de forma correta ....................................................................44 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1. Faixa etária dos funcionários .............................................................................46 Gráfico 2. Pontos Bons e Ruins no Trabalho ....................................................................47 Gráfico 3. Dores apresentadas pelos os funcionários .....................................................48 Gráfico 4. Motivos de estresse dos funcionários ..............................................................49 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 13 1.1. Justificativa .............................................................................................................. 14 1.2. Objetivos .................................................................................................................. 14 1.2.1. Objetivo Geral .................................................................................................. 14 1.2.2. Objetivos Específicos ..................................................................................... 14 1.3. Metodologia .............................................................................................................15 2. REFERÊNCIA TEÓRICA............................................................................................. 16 2.2. A origem da ergonomia ......................................................................................... 18 2.3. NR – 17 .................................................................................................................... 19 2.4. Ergonomia física ..................................................................................................... 22 2.5. Ergonomia cognitiva .............................................................................................. 23 2.6. Ergonomia Organizacional ................................................................................... 24 2.7. Fatores que afetam as atividades produtivas .................................................... 26 2.8. Fisiologia do Trabalho ........................................................................................... 27 2.9. Problemática da Ergonomia ................................................................................. 28 2.10. Abordagens ergonômicas.................................................................................. 28 2.10.1. Análise de Sistemas ................................................................................... 28 2.10.2. Postos de Trabalho ..................................................................................... 28 2.10.3. Classificação por contribuição ...................................................................... 28 2.10.4. Ergonomia de Concepção ......................................................................... 29 2.10.5. Ergonomia de Correção ............................................................................. 29 2.10.6. Ergonomia da Conscientização ................................................................ 29 2.11. Postura ................................................................................................................. 29 3. RISCOS ERGONÔMICOS .......................................................................................... 30 4. ERGONOMIA NAS EMPRESAS DE CONSTRUÇÃO CIVIL ................................ 31 4.2. Jornada de trabalho na construção civi l ............................................................. 32 4.3. Lombalgia ................................................................................................................ 33 5. ESTUDO DE CASO...................................................................................................... 35 5.2. Caracterização das atividades ............................................................................. 35 5.3. Caracterização da Obra e da empresa. ............................................................. 35 6. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................. 37 6.2. Pedreiro ................................................................................................................... 37 6.3. Operador de Betoneira .......................................................................................... 41 6.4. Ajudante ................................................................................................................... 42 6.5. Aspectos Expressivos ........................................................................................... 44 6.6. Análise do Trabalho em Pé .................................................................................. 44 6.7. Condições do trabalho........................................................................................... 45 6.8. Adequação do Ambiente Ergonômico ................................................................ 46 6.9. Aspectos Não Significativos ................................................................................. 50 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 51 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 52 ANEXO A................................................................................................................................ 55 APÊNDICE ............................................................................................................................. 56 13 1. INTRODUÇÃO A evolução de um bom trabalho depende definitivamente de um conjunto suave composto pelo trabalhador, aparelhos e lugares adaptados para concretização dos trabalhos. Estes fatores unidos irão gerar um melhor desempenho das atividades e melhor emprego dos recursos disponíveis para a realização dessas atividades. Pois, a importância dessa relação aplica-se ao fato de que todos os elementos fazem parte desse sistema e são influenciados mutuamente, resultando no condicionamento físico-psicológico do usuário, proporcionando sensações de conforto, segurança e bem estar, contribuindo para uma boa atuação e o aumento da produção. A palavra ergonomia vem do grego, no qual ergo significa trabalho e nomos leis naturais. Esse conceito tenta agrupar quatro naturezas distintas em apenas uma, a natureza físico-motora, a estético-sensorial, a mental-intelectual e a espírito-moral. (MÁSCULO; VIDAL, 2011, p.9) O conceito de ergonomia surgiu no século XIX, porém existem sinais da inquietação com o trabalho eficiente e adequado desde os primórdios, como por exemplo, os utensílios como a pedra lascada que se adaptavam na tentativa de melhoria da eficiência de seus devidos fins na caça e na pesca. Outro indício, os papiros egípcios indicam a preocupação ergonômica com a construção civil. Além de referencias com posturas inadequadas e deformações apontadas pelo filósofo grego Platão. (MÁSCULO; VIDAL, 2011, p.9) Hoje em dia, a precisão de se falar sobre a Ergonomia dentro das empresas vem se tornando um fator presente nos tempos modernos, trazendo para o funcionário um ambiente benéfico e proporcionando um bom trabalho. Nesse contexto, o presente trabalho tem por objetivo analisar os fatores ergonômicos ligados diretamente aos funcionários de uma empresa de construção civil na cidade de Icó/CE. O trabalho apresentará um questionário contendo algumas perguntas fechadas que será aplicado aos funcionários da empresa. Também foi verificada no campo a forma como o funcionário trabalha na obra. Existem algumas atividades que os funcionários fazem de forma errada que no futuro causará devidas consequências que, no entanto afetará a produtividade. Investir com programas de Ergonomia nas empresas por um lado pode ser um gasto muito elevado, mas por outro, há uma economia de encargos 14 referentes a problemas futuros relacionados à saúde do trabalhador, e este se sentirá mais determinado, havendo assim satisfação de ambos os lados. 1.1. Justificativa Esse trabalho tem como intuito analisar os fatores ergonômicos organizacionais, tais como posturas incorretas, atividades rotineiras e uso de aparelhos incorretos dos funcionários da empresa de construção civil na cidade de Icó/CE. A empresa forneceu todos os dados possíveis, no entanto pediu que não fosse citado o nome da empresa no trabalho. Para a empresa, a análise se tornou importante pelo fato de verificar os fatores ergonômicos da mesma, e como fazer para melhorar cada vez mais esses cuidados que ela precisa ter para com seus funcionários. No entanto, deverá se conscientizar mais e ouvir dos próprios funcionários, os possíveis benefícios que eles poderão trazerpara o ambiente interno. Para os funcionários, nota-se a necessidade de seu valor no mercado de trabalho, seu desenvolvimento como profissional e seu enquadramento em certas atividades abstrusas que a empresa oferece. Esse trabalho sobre Ergonomia corresponde à análise externa da empresa estudada, ligada diretamente aos funcionários, para que eles possam expor suas necessidades, uma vez que esse tema nunca foi estudado no local, pois serve como técnica para melhorar o funcionamento entre aparelho e ser humano. 1.2. Objetivos 1.2.1. Objetivo Geral Esse trabalho tem como objetivo o levantamento da situação dos funcionários da empresa de construção civil na cidade de Icó/CE e analisar o alcance da ergonomia e seu impacto para a execução do trabalho desses trabalhadores nessa empresa. 1.2.2. Objetivos Específicos Fazer uma revisão bibliográfica sobre ergonomia, a problemática e os riscos; Analisar o acomodamento do ambiente ergonômico às necessidades dos funcionários, tendo como base a Ergonomia Física, Cognitiva e Organizacional; 15 Identificar possíveis doenças ocupacionais adquiridas pelos funcionários através de atividades rotineiras. 1.3. Metodologia Depois da escolha do tema, foi realizada uma pesquisa bibliográfica para levantar informações e unir dados a respeito do tema abordado, através de pesquisas em diversas fontes como sites da web, artigos, teses e livros especializados. Em etapas posteriores, um questionário de avaliação do posto de trabalho foi entregue aos funcionários (Apêndice). Também foi realizada uma coleta de dados por observação para identificar e registrar as más posturas no trabalho. Foram tiradas fotografias e com observação direta verificou-se os tempos de permanência de diferentes combinações das posições do tronco, braços, pernas, e pescoço dos trabalhadores. A partir dos resultados do questionário e da aplicação do método ergonômico de avaliação postural, foram determinadas medidas de correção postural e de adequação do posto de trabalho ao operador, que se adotadas podem contribuir para o conforto dos operadores, evitarem o desenvolvimento de doenças ocupacionais e aumentar a produtividade. 16 2. REFERÊNCIA TEÓRICA Hoje em dia, a concorrência vem se tornando um desafio e uma grande meta para as empresas, sendo que as mesmas devem se adaptar as inúmeras mudanças que acontecem no mercado. Deste modo determinando mais empenho de seus funcionários, sem proporcionar as próprias condições adequadas para realização do trabalho. No ambiente organizacional, bem como na ergonomia, a condição de vida no trabalho está relacionada a condição do trabalhador para que eles desenvolvam suas atividades sem prejudicar sua saúde. (MÁSCULO; VIDAL, 2011). Quando é motivado, o trabalhador fica contente e se sente bem. Por exemplo, quando as empresas dispõem de boas condições de trabalho e quando apresenta uma boa remuneração. Sendo assim o funcionário atrairá mais clientes e desenvolverá suas atividades com mais êxito. A capacidade de administrar o conjunto das ações, incluindo diagnóstico, implantação de melhorias e inovações gerenciais, tecnológicas e estruturais no ambiente de trabalho alinhada e construída na cultura organizacional, com prioridade absoluta para o bem-estar das pessoas da organização (FRANÇA, 2010, p.167). A organização do trabalho é definida na NR-17 vagamente, com apenas alguns elementos observáveis, porém é de boa compreensão. Por ser genérica, cabe ao engenheiro de produção, ou ao chefe direto, administrar e organizar o ambiente. Com relação às lesões por esforços repetitivos, sempre que houver dor ou sobrecarga muscular devem ser incluídas pausas para o descanso, e deve ser evitada a avaliação por desempenho individual (MÁSCULO; VIDAL, 2011, 2011). A Ergonomia é composta por um conjunto de ciências que mira adaptar os postos de trabalho às características, habilidades e limitações do homem. Proporcionando uma melhoria na qualidade de vida e rendimento do trabalhador. Esta adequação é possível devido à ajuda de várias ciências. A ergonomia é interdisciplinar, interatua com várias disciplinas no campo das ciências da vida, técnica, humanas e sociais, centrando-se no objeto de estudo que é o conceito da atividade de trabalho. Para Lida (2000, p.1), uma definição concisa de Ergonomia, fornecida pela “Ergonomics Resarch Society”, da Inglaterra, é: 17 Ergonomia é o estudo do relacionamento entre o homem e o seu trabalho, equipamento e ambiente e, particularmente, a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução de problemas surgidos desse relacionamento. Em agosto de 2000, a IEA (International Ergonomics Association – (Associação Internacional de Ergonomia) adotou a definição oficial de ergonomia): “A ergonomia é uma disciplina científica relacionada ao entendimento das interações entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas, e à aplicação de teorias, princípios, dados e métodos a projetos a fim de otimizar o bem estar humano e o desempenho global do sistema”. Para Couto (2002) a ergonomia busca o ajuste mútuo entre o ser humano e seu ambiente de trabalho de forma confortável e produtiva, procurando adaptar o trabalho às pessoas. Assim pode-se afirmar que a Ergonomia está relacionada para a saúde das pessoas na organização e determina os padrões necessários para melhorar a qualidade de vida das pessoas, ajuntando a elas as soluções diante dos problemas encontrados pelos contribuintes no transcorrer dos processos organizacionais e individuais, como mostra a figura 1. Figura 1 - Ergonomia, Condição de Vida e Soluções Empresariais. Fonte: o autor (2016). 18 A ergonomia tem o empenho no estudo das posturas e os movimentos corporais (sentado, em pé, empurrando, puxando e levantando pesos), fatores ambientais (ruídos, vibrações, iluminação, clima, agentes químicos), informações captadas pela visão, audição e outros sentidos, controles, relações entre mostradores e controles, bem como cargos e tarefas (tarefa adequada, cargos interessantes). A conjugação adequada desses fatores permite projetar ambientes seguros, saudáveis, confortáveis e eficientes, tanto no trabalho quanto na vida cotidiana. (DUL; WEERDMEESTER, 2004). 2.2. A origem da ergonomia A primeira definição de Ergonomia foi feita em 1857 na égide do movimento industrialista europeu. Esta definição foi feita por um cientista polonês, Wojciech Jastembowsky numa perspectiva típica da época, de se entender a Ergonomia como uma ciência natural em um artigo intitulado “Ensaios de ergonomia, ou ciência do trabalho, baseada nas leis objetivas da ciência sobre a natureza”. Esta primeira definição estabelecia que: A ergonomia como uma ciência do trabalho requer que entendamos a atividade Introdução à Ergonomia Página 8 Prof. Mario Cesar Vidal GENTE - Grupo de Ergonomia e Novas Tecnologias CESERG - Curso de Especialização Superior em Ergonomia. humana em termos de esforço, pensamento, relacionamento e dedicação (Jastrzebowski, 1857). KARWOWSKY (1991, p.8), assim descreve o texto pioneiro: A partir de que Wojciech Jastrzebowski da Polônia (1857) definiu ergonomia juntando dois termos gregos ergon= trabalho e nomos= leis naturais, os pesquisadores têm procurado estabelecer as leis fundamentais baseadas nas quais este disciplina em desenvolvimento pode ser classificada como uma ciência. O conceito de Jastrzebowski para esta proposta trata da maneira de mobilizar quatro aspectos da natureza anímica, quais seriam a natureza físico-motora,a natureza estéticosensorial, a natureza mental- intelectual e a natureza espiritual-moral. Esta ciência do trabalho portanto significava a ciência do esforço, jogo, pensamento e devoção. Uma das idéias básicas de Jastrzebowski é a proposição chave de que estes atributos humanos deflacionam-se e declinam devido a seu uso excessivo ou insuficiente. Duas abordagens se consolidaram no que diz respeito à ergonomia: a clássica, sustentada pelos americanos e britânicos, e a francesa. A vertente clássica começou a ser consolidada em 1911, quando o norte-americano Frederick Winslow Taylor instituiu a Escola da Administração Científica visando um progresso na 19 eficiência da organização e para tal, valeuse do método de racionalização das atividades operárias. (CHIAVENATO, 2003) Taylor considerava que o trabalho deveria ser cientificamente observado de modo que, para cada tarefa, fosse estabelecido o método correto de executá-la, com um tempo determinado, usando as ferramentas corretas. Haveria uma divisão de responsabilidades entre os trabalhadores e a gerência da fábrica, cabendo a esta determinar os métodos e os tempos, de modo que o trabalhador pudesse se concentrar unicamente na execução da atividade produtiva. (IIDA, 2005, p.8). O taylorismo atribuía o baixo rendimento à tendência de vadiagem dos trabalhadores, e os acidentes a negligência dos mesmos. Com este pensamento Taylor despertou nos trabalhadores uma resistência e por meio da revolta individual, formaram-se movimentos coletivos e sindicais, para questionar a forma de trabalho. (Lida, 2000). Denis (2002) sustenta que a vertente clássica tem como ênfase a eficiência e as metas de produtividade. Outra diretriz da ergonomia despontou em território europeu impulsionada pelo cenário resultante após a Segunda Guerra Mundial. A observação da situação real configurada na destruição de seus parques industriais direcionou a um processo de reconstrução voltada para as condições de trabalho e elaboração de novas estruturas de postos de trabalho. A ergonomia preocupa-se primariamente com os aspectos fisiológicos do projeto do trabalho, isto é, com o corpo humano e como ele ajusta-se ao ambiente. Isso envolve dois aspectos: primeiro, como a pessoa confronta-se com os aspectos físicos de seu local de trabalho, onde "local de trabalho" inclui mesas, cadeiras, escrivaninhas, máquinas, computadores e assim por diante; segundo, como uma pessoa relaciona-se com as condições ambientais de sua área de trabalho imediata. Com isso, queremos dizer a temperatura, a iluminação, o barulho do ambiente etc. Ergonomia é algumas vezes referida como "engenharia de fatores humanos", ou simplesmente "fatores humanos". (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2002, p. 290) 2.3. NR – 17 Em 1986, diante dos numerosos casos de tenossinovite ocupacional entre digitadores, os diretores da área de saúde do Sindicato dos Empregados em Empresa de Processamento de Dados no Estado de São Paulo – SINDPD/SP contataram a Delegacia Regional do Trabalho, em São Paulo – DRT/SP, buscando recursos para prevenir as referidas lesões (BRASIL, 2002). 20 A NR-17 é uma Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho e Emprego específica para ergonomia, criada em 23 de novembro de 1990 pela Portaria nº 3.751. O processo de criação da norma começou em 1986, quando surgiram casos de tenossinovite ocupacional, uma espécie de inflamação do tendão do polegar, comum entre digitadores, o que levou o sindicato da categoria a buscar recursos para a prevenção de tais lesões (VIEIRA, 2011). Através de uma equipe constituída por médicos e engenheiros, estudos ergonômicos foram realizados, nos quais foram verificadas as condições de trabalho com relação à saúde de trabalhadores, como o pagamento de prêmios por produção, a ausência de pausas, a prática de horas extras, entre outros. Foi constatada a presença de fatores que favoreciam o aparecimento de lesões por esforços repetitivos (LER). Com exceção de aspectos como ruídos, temperatura e luminosidade, o Ministério não tinha regulamentação alguma que pudesse melhorar as condições de trabalho referentes à ergonomia (VIEIRA, 2011). Durante 1988 e 1989, a Associação de Profissionais de Processamento de Dados (APPD nacional) realizou reuniões com representantes da Secretaria de Segurança e Medicina do Trabalho – SSMT em Brasília, da FUNDACENTRO e da DRT/SP para elaborar um projeto de norma que estabelecesse limites à cadência de trabalho e proibisse o pagamento de prêmios de produtividade, também estabelecendo critérios de conforto para os trabalhadores de sua base, incluindo o mobiliário, conforto térmico, ambiência luminosa e o nível de ruído (BRASIL, 2002). Em 1990, por interferência do Sindpd/SP, o Ministério do Trabalho assinou a Portaria com redação atualizada da NR 17. Após a assinatura, a nova redação foi publicada em 23 de novembro de 1990, pela Portaria n° 3.751, infelizmente, comprometendo, em parte, o seu entendimento e aplicação prática, pois a nova redação continha questões específicas de cada profissão (BRASIL, 2002). A Normativa que rege a ergonomia no Brasil é a NR 17 Ergonomia (BRASIL, 1990) do Ministério do Trabalho, que tem como objetivo, conforme o item 17.1, o estabelecimento de conjuntos de especificações para adaptar as condições de trabalho às características psicológicas e físicas do profissional. Além desta Normativa o Ministério do Trabalho criou em 2002 o Manual de Aplicação da Norma Regulamentadora Nº 17 (BRASIL, 2002), para ajudar as instituições a compreender a norma e realizar a sua aplicação, não se propondo a fornecer soluções para todas 21 as diferentes condições de trabalho existentes. As condições de trabalho em geral devem estar adequadas a todos os aspectos que atendem as recomendações da NR 17 (BRASIL, 2002). Segundo a NR-17, o critério principal para o manuseio de materiais não está ligado diretamente à quantidade de carga máxima, mas sim voltada à ausência de recursos que facilitem essa tarefa. Segundo a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a carga máxima que pode ser levantada por um homem é de sessenta quilogramas, enquanto por uma mulher é de vinte quilogramas, porém existem estudos realizados no exterior com limites de tolerância abaixo dos indicados pela CLT. De qualquer forma, o mais importante é não comprometer a saúde do trabalhador, independentemente de seu gênero (MÁSCULO; VIDAL, 2011, 2011). O objetivo da NR 17 é caracterizar a ergonomia como um importante instrumento para garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores, bem como a produtividade das empresas (BRASIL, 2002). A atual NR 17 representa considerável avanço na estruturação das condições dos postos de trabalho nas empresas brasileiras. Antes de sua elaboração, as alterações na organização do trabalho eram de iniciativa exclusiva das empresas. Até então, a organização do trabalho era considerada intocável e passível de ser modificada apenas por iniciativa da empresa, muito embora os estudos comprovassem o papel decisivo desempenhado por ela na gênese de numerosos comprometimentos à saúde do trabalhador. De acordo com NR 17 com relação à postura, o mais indicado é a mudança constante. Não existe nenhuma postura fixa que seja adequada. É recomendada a alternância, sendo que até mesmo trabalhar em pé é aceito, porém quando a maior parte do trabalho é realizada sentada. Atualmente, ao empregador cabe realizar a análise ergonômica dos postos de trabalho, considerando, no mínimo, as condições de trabalho conforme estabelecido pela NR 17. A NR 17 também privilegia a participação do trabalhador na solução dos problemas existentesnos postos de trabalho. A análise ergonômica do trabalho é um processo construtivo e participativo para a resolução de um problema complexo e exige o conhecimento das tarefas, da atividade desenvolvida para realizá- las e das dificuldades enfrentadas para atingir o desempenho e a produtividade exigidos (BRASIL, 2002). 22 2.4. Ergonomia física Segundo a ABERGO - Associação Brasileira de Ergonomia (2000), ergonomia física está relacionada com as características da anatomia humana, antropometria, fisiologia e biomecânica em sua relação à atividade física. Os tópicos relevantes incluem o estudo da postura no trabalho, manuseio de materiais, movimentos repetitivos, distúrbios músculo-esqueletais relacionados ao trabalho, projeto de posto de trabalho, segurança e saúde. Segundo Lida (2005, p. 3), ergonomia física tem como preocupação a anatomia do homem, antropometria (que estuda o corpo humano), a fisiologia (que estuda as funções dos seres humanos em relação ao seu ambiente) e a biomecânica (estudo da mecânica dos organismos vivos). Tudo isso pertinente à atividade física. Sendo que é dado um olhar mais proeminente à postura no trabalho, como se utiliza os materiais, movimentos repetitivos, distúrbios dos músculos relacionados ao trabalho, segurança e saúde no trabalho. Em inicial na caracterização, verifica se o corpo tem um sistema musculoesquelético movido por uma central energética. O sistema esquelético confere ao corpo suas dimensões: altura, tamanho dos membros, aptidões de movimentação limitadas, alcances mínimos e máximos. Um dos fatores mais importantes da ergonomia é que seus utensílios e elementos fiquem de acordo com as dimensões do trabalhador do posto de trabalho. A atividade de trabalho deve estar de acordo com as possibilidades musculares e do metabolismo humano, e isso incide da ergonomia física, a saber, a fisiologia do trabalho. A utilidade da ergonomia física está na ajuda crucial que fornece a muitos problemas verificados nos aparelhos de trabalho. No ambiente dos postos de trabalho, problemas antropométricos e posturais efetivamente se processam numa grande quantidade, sejam eles industriais, agrícolas ou de serviços. A praticidade do ambiente dos postos de trabalho, as particularizações da ergonomia física se dirigem para mutações do contexto físico do trabalho que impeçam a produção de esforços excessivos ou inadequados como os movimentos repetitivos. Essas particularizações alocam como exigência, no geral, uma reconstituição do posto de trabalho que irão implicar em mudanças na tecnologia física que muitas vezes podem se tornar irrealizáveis do ponto de vista financeiro, 23 como, por exemplo, elevar ou abaixar uma plataforma, ou ainda modificar toda uma instalação. No ambiente de trabalho as medidas a ser em providenciadas da ergonomia física vazam em sugestões relativas à higiene - conservar o ambiente em um estado que não ataque a integridade do organismo - procurando as melhores condições aceitáveis para o desempenho da atividade. Em certos casos a aparência da eficiência ambiental se torna terminante. Normalmente esse tema vem sendo tratado pelo estabelecimento que estabelecem níveis de ruído, temperatura, iluminamento, qualidade do ar e demais aspectos aparentemente de fácil normalização. Contudo é enorme a dificuldade de se trabalhar, sob a dificuldade da adequação com limites de tolerância a agentes agressores, já que entre as faixas de conforto e as faixas de tolerância de um parâmetro ambiental se estabelece uma região de nebulosidade. Nas aplicações, estudos e propostas de ergonomia têm sido mobilizados para sensibilização dos campos dirigentes, conscientização e envolvimento dos funcionários e mesmo orientações específicas sobre o agenciamento do posto pelos próprios trabalhadores, tal como um trabalhador mais qualificado regula seu aparelho de trabalho. 2.5. Ergonomia cognitiva Segundo a ABERGO (2000), a ergonomia cognitiva refere-se aos processos mentais, tais como percepção, memória, raciocínio e resposta motora conforme afetem as interações entre seres humanos e outros elementos de um sistema. Os tópicos relevantes incluem o estudo da carga mental de trabalho, tomada de decisão, desempenho especializado, interação homem-computador, estresse e treinamento conforme esses se relacionem a projetos envolvendo seres humanos e sistemas. Para Moraes e Mont’ Alvão (2003) a Ergonomia Cognitiva caracteriza-se por aspectos relacionados com as questões da compreensão, lógica, compatibilização de repertórios e informações, significação de mensagens, complexidade da tarefa, dentre outros aspectos que resultam em perturbações para a seleção de informações, para as estratégias cognoscitivas e comprometem sua autonomia na resolução de problemas e tomada de decisões, como as dificuldades 24 de decodificação, aprendizagem e memorização, em face de inconsistências lógicas e de navegação dos subsistemas comunicacionais e dialogais. Segundo Lida (2005, p. 3), a ergonomia cognitiva prioriza a carga mental, tomada de decisão, interação homem-máquina, estresse e treinamento. Ergonomia cognitiva compromete a influência mútua do indivíduo com outros elementos de um sistema, encontrando, assim sendo respostas motoras para o desenvolvimento mental. Sendo assim, torna-se importante a procura por um equilíbrio mental adepto no desenvolvimento de tais tarefas, precavendo-se, de alguma doença desenvolvida pelo consumo da capacidade intelectual e psicológica que venha gerar futuramente, integridade no raciocínio do trabalhador ou até mesmo problemas mais sérios como a perda total de memória. De uma forma geral a Ergonomia Cognitiva trata o fato de como as pessoas avaliam e processam informações absorvidas em situações decorrentes do seu trabalho, dentre as competências cognitivas estão à capacidade de abstração e de raciocínio. O individuo com problemas cognitivos pode apresentar dificuldades de percepção, absorção e retenção de informações se submetido a fatores como carga mental, estresse, pressão psicológica, entre outros que fazem parte do cotidiano das empresas. Ergonomia Cognitiva conhecida também como engenharia psicológica, trata-se do aspecto mental (percepção, atenção, armazenamento e recuperação de memória, etc). Estuda a capacidade e os processos de formação e produção de conhecimentos em sistema em geral. Incluem carga mental de trabalho, desempenho de habilidades, erro humano, interação entre o ser humano e a máquina. (VIDAL, 2007 apud ALMEIDA 2008). 2.6. Ergonomia Organizacional O campo da Ergonomia Organizacional se forma a partir de uma constatação simples a de que toda atividade de trabalho ocorre nas organizações de trabalho. Ergonomia Organizacional: concerne à otimização dos sistemas sócio técnicos, incluindo suas estruturas organizacionais, políticas e de processos. Os tópicos relevantes incluem comunicações, gerenciamento de recursos, projeto de trabalho, organização temporal do trabalho, trabalho em grupo, projeto participativo, novos paradigmas do trabalho, trabalho cooperativo, cultura organizacional, organizações em rede, tele-trabalho e gestão da qualidade. (ABERGO, 2000) 25 A ergonomia organizacional diz respeito à organização dos sistemas sócio técnicos, incluindo suas construções organizacionais, políticas e de processos. Os temas relevantes estão incluídos comunicação projeta de trabalho, organização temporal do trabalho, trabalho em grupo, projeto participativo, novos paradigmas do trabalho, trabalho cooperativo, cultura organizacional, organizações em rede, tele-trabalho e gestão da qualidade. A Ergonomia Organizacional é caracterizada por Moraes e Mont’Alvão (2003) através dos problemas ligados a falta de parcelamento adequado das atividades, participação, gestão, jornada de trabalho com avaliação de horário, turnos e escalas, bem como a falta de seleção e treinamento de pessoal, visando capacitação para as atividades produtivas. A implementação dessas ações, que encontram-se em falta, viabiliza a objetividade, responsabilidade, autonomia e participação dos colaboradores envolvidos no processo produtivo. Moura (2011, p.15) afirma que “o trabalho ganha a atenção das pessoas como prioridade, essencialidade e assume o controle da vida humana”. Nesse sentido o indivíduo percebe que ele ganha uma representatividade tanto no meio organizacional quanto no convívio social, interferindo, portanto nas concepções desenvolvidas num contexto competidor. No entendimento de Cardoso (2012), é de suma importância salientar o grau de preocupação das empresas com seus colaboradores no que diz respeito à comunicação de subordinados e gerentes, nos projetos desenvolvidos dentro do ambiente laboral, na cultura individual de cada membro e a inclusão de novos paradigmas voltados para o crescimento que norteiam a organização. É necessário que as empresas reavaliem seu comportamento com relação aos colaboradores, visando criar um melhor ambiente de trabalho, onde os indivíduos tenham a liberdade de expressar ideias, compartilhar e propor soluções aos problemas comuns na empresa como um todo (CARVALHO, 2011, p. 15). Com o objetivo de criar ambientes mais cooperativos, a ergonomia organizacional busca finalidades de aperfeiçoar um equilíbrio sócio técnico entre as pessoas, envolvendo políticas, processos e a estrutura organizacional. É utilizada nos três níveis da organização: operacional, tácito e estratégico, incluindo a comunicação, trabalho cooperativo e a gestão da qualidade. Percebe-se assim, que a ergonomia organizacional prioriza a inclusão de todos os trabalhadores da empresa para que aconteça uma interconexão de clima 26 organizacional favorável e satisfatório para o aperfeiçoamento de um trabalho ético, eficaz, constituído de limites aos aspectos ergonômicos do ser humano. 2.7. Fatores que afetam as atividades produtivas Existem alguns fatores que podem afetar diametralmente as atividades produtivas dos indivíduos em seus ambientes de trabalho provocando de forma positiva ou negativa os resultados esperados. São eles: Carga e atividade mental - A carga mental está relacionada à aptidão mental do indivíduo. O conceito de atividade mental é definido por Grandjean (1998) como a elaboração da informação fornecida ao cérebro. O trabalho mental nas perspectivas do autor está dividido em duas atividades: a Mental que corresponde aos níveis de exigência da criatividade, associado aos conhecimentos técnicos para o desenvolvimento intelectual; e a de Processamento de informações que consiste em perceber, interpretar e elaborar mentalmente informações fornecidas pelos órgãos dos sentidos, relacionando-as com os conhecimentos dando origem as decisões. Ambiente de Trabalho e Humanização - Ao ambiente de trabalho está vinculado o bem estar dos indivíduos que realizam a tarefa, ou seja, as condições ambientais quando favoráveis contribuem para o bom desenvolvimento do trabalho, é no ambiente que estão presentes estímulos e frustrações que acometem os trabalhadores interferindo na sua produtividade. Intrínseco ao ambiente de trabalho está a questão da humanização. Para Guimarães (2006) a humanização do trabalho é a permissão para que cada pessoa exercite suas habilidades com sentimento e auto-realização. Organização no Trabalho - Para Couto (2002) “organização do trabalho é todo o conjunto de ações feitas pelo gestor e pelos facilitadores para que a prescrição de trabalho, objetivos, planos e metas, ditada pela direção da organização sejam cumpridos”. A organização do trabalho tem o objetivo de estabelecer regras, procedimentos e um fluxo ordenado das tarefas visando motivar o rendimento e a qualidade das atividades produtivas, bem como atender as necessidades de seqüenciamento das tarefas para aliviar a sobrecarga de trabalho. No contexto organizacional é necessário que seja adotada uma política de gestão capaz de conciliar produtividade, segurança e satisfação, que atendam aos anseios do trabalhador e do empregador. 27 Fatores Humanos - São características humanas que interferem no desempenho de atividades produtivas no trabalho. Guimarães (2006) salienta que se forem considerados os fatores humanos e organizacionais envolvidos no trabalho é possível alterar aspectos como ambiente físico, ambiente psicossocial, jornada de trabalho, rigidez organizacional e remuneração, visando gerar maior satisfação com o trabalho. São fatores humanos que interferem nas atividades produtivas: a) Ritmo circadiano e as diferenças individuais: para Guimarães (2006) o ritmo circadiano corresponde às oscilações das funções fisiológicas do organismo num ciclo de aproximadamente 24 horas. Aspectos ligados as diferenças individuais podem classificar os indivíduos como matutinos e vespertinos, a partir dos estudos sobre ritmo circadiano é observado que os indivíduos matutinos apresentam melhor disposição e eficiência na parte da manhã, enquanto que os vespertinos apresentam essa mesma disposição na parte da tarde (LIDA, 2003). b) Fadiga: Lida (2003) “fadiga é o efeito de um trabalho continuado, que provoca uma redução reversível da capacidade do organismo e uma degradação qualitativa desse trabalho. A fadiga é causada por um conjunto complexo de fatores, cujos efeitos são cumulativos”. c) Estresse: para Selye (1956, apud Grandjean 1998) estresse é a reação do organismo a uma situação ameaçadora proveniente de causas externas. O estresse prejudica ou impede a realização normal do trabalho. d) Motivação: motivação é o processo pelo qual se mantém ativado e em funcionamento um sentimento de determinação, impulso, objetivo e necessidade (IIDA, 2003). 2.8. Fisiologia do Trabalho A fisiologia do trabalho tem como objetivo estudar os fenômenos do corpo humano nas situações de trabalho. Esses movimentos voluntários são comandados pelo cérebro, que utilizam a medula espinhal como meio de comunicação entre os músculos e o cérebro. Esse mecanismo é chamado de sinapse. Entre as propriedades da sinapse encontra-se a fadiga, como a redução da capacidade de transmissão da sinapse (MÁSCULO; VIDAL, 2011, 2011). Entre as possíveis causas da fadiga física estão à monotonia, a duração e intensidade do trabalho físico, o ambiente inadequado, relacionado à temperatura 28 elevada, à baixa iluminação ou ao alto nível de ruído, o comprometimento da alimentação, assim como a deficiência de oxigênio e o esforço físico superior à capacidade muscular. 2.9. Problemática da Ergonomia Estudar sobre Ergonomia vem sendo um fator de grande valor para as organizações, pois esse contribui para um aperfeiçoamento das pessoas a fazerem apenas o que podem e substituir por aquelas que estão com melhores condições para realizar tal tarefa. “Seja qual for o trabalho, sempre implicará pessoas interagindo com recursos físicos” (CORRÊA, CORRÊA, 2009, p. 357). As empresas não precisam somente de equipamentos, mas também de pessoas para alcançarem seus ideais, ou seja, são elas que estão à frente de todo maquinário para a realização de atividades, por isso é de suma importância à preocupação com o bem estar físico e mental dos colaboradores. 2.10. Abordagens ergonômicasDe acordo com Lida (1998), a abrangência é classificada em análise de sistemas e análise dos postos de trabalho. 2.10.1. Análise de Sistemas Preocupa-se com o funcionamento global de uma equipe de trabalho, partindo de aspectos mais gerais, como a distribuição de tarefas entre o homem e a máquina, podendo se aprofundar, gradativamente, até chegar ao nível de cada um dos postos de trabalho. 2.10.2. Postos de Trabalho Trata-se da parte do sistema em que atua um trabalhador, analisando as questões direcionadas ao tipo de tarefa, postura, movimentos e suas exigências físicas e psicológicas. 2.10.3. Classificação por contribuição Corresponde à classificação de acordo com a ocasião em que é feita a análise ergonômica: 29 2.10.4. Ergonomia de Concepção Ocorre na fase inicial do projeto do produto, máquina ou ambiente, exigindo muito conhecimento e experiência, porque as decisões são tomadas com base em situações hipotéticas, ainda sem uma existência real. Atua, portanto, como uma medida preventiva, de modo que as características, habilidades e limitações de cada pessoa sejam levadas em conta (CRUZ, 2010; PRATES, 2007). 2.10.5. Ergonomia de Correção É a modificação de situações de trabalho já existentes, portanto, o estudo ergonômico só e feito após a implantação do posto de trabalho e aplicado em situações reais para solucionar questões de segurança e fadiga excessiva, doenças do trabalhador, quantidade e qualidade na produção. É a ergonomia mais praticada, devido à possibilidade de alterações mais rápidas e de fácil acesso (CRUZ, 2010; PRATES, 2007). 2.10.6. Ergonomia da Conscientização Consiste na capacitação das pessoas nos métodos e técnicas de análise ergonômica do trabalho. Os sistemas e os postos de trabalho podem sofrer mudanças constantes. Isso exigirá novos treinamentos, em que o trabalhador deverá saber como agir de forma segura no ambiente em que está inserido (CRUZ, 2010; PRATES, 2007). 2.11. Postura Sintomas como desconfortos corporais, estresse e fadiga podem ter sua origem em um mau posicionamento postural no desenvolvimento de uma atividade. Amadio (1996) referenciado por Moro (2000) declara que uma postura correta resulta da dinâmica muscular coordenada e dos ligamentos que ao serem acionados elevam, conservam e dá base as partes esqueléticas específicas utilizadas em determinada tarefa. A postura assumida pelo operário, muitas das vezes inadequadas, é resultado do trabalho desenvolvido e das exigências para a execução da atividade. 30 3. RISCOS ERGONÔMICOS Existem muitos riscos ergonômicos dentro de um ambiente de trabalho, principalmente da construção civil, onde os mesmos afetam diretamente o setor econômico da empresa e a saúde e segurança do trabalhador. Entre os principais riscos pode-se citar: Esforço físico intenso; Levantamento e transporte manual de peso; Exigência de postura inadequada; Controle rígido de produtividade; Imposição de ritmos excessivos; Trabalho em turno e noturno; Jornada de trabalho prolongada; Monotonia e repetitividade; Os riscos ergonômicos não são considerados como riscos ambientais por não estarem presentes na NR 09 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, mas eles devem ser considerados do ponto de vista prevencionista, e podemos observa-se que esses riscos estão bastantes presentes na área da construção civil. 31 4. ERGONOMIA NAS EMPRESAS DE CONSTRUÇÃO CIVIL A construção civil, apesar de sua grande evolução, abarca atividades que necessitam de alto esforço físico do empregado, devido a uma rotina de trabalho pesado e muitas vezes em situações impróprias. Problemas com relação à ventilação, luminosidade, umidade e vibrações são corriqueiros nos canteiros de obras. A maioria dos acidentes neste setor são decorrentes da não utilização de Equipamentos de Proteção Individual – EPIs - luvas, capacetes, óculos de proteção, botas, etc. que muitas vezes provocam sequelas irreversíveis. Entre os principais riscos ergonômicos os mais comuns na construção civil são: Esforço físico alto; Elevação e transporte manual de carga; Excesso de horas de trabalho; Outros fatores que provocam stress físico e psicológico. As doenças ocupacionais adquirida pela exposição a estes riscos danificam a saúde física e mental dos trabalhadores, intervindo na sua produtividade e qualidade de vida. O manejamento e o levantamento de cargas são as fundamentais causas de lombalgia ocupacional. Deste modo, o levantamento e transporte manual de cargas devem ser desempenhados de modo que o esforço físico exercido pelo trabalhador seja compatível com a sua capacidade de força. Não se deve admitir que o trabalhador maneje cargas cujo peso possa afetar sua saúde e segurança. Quanto mais leve for a carga, menor é a probabilidade de o empregado ter a sua saúde comprometida, diminuindo os índices de falta ao trabalho e afastamento do emprego. As lombalgias constituem um problema grave para a previdência social e vincula bastante a economia nacional. O objetivo da ergonomia é diminuir as lesões ocupacionais e acidentes, colaborando com a redução dos riscos trabalhistas e gerando melhorias nas condições de trabalho, mantendo a integridade física e mental dos trabalhadores. A ergonomia poderá atuar através de ações preventivas e corretivas. Normalmente há um aumento do nível de qualidade de vida do empregado. Com a Análise Ergonômica do Trabalho é possível apontar as falhas do sistema produtivo e apresentar recomendações tendo em vista as melhorias 32 necessárias. Assim sendo, de acordo com as normas regulamentadoras e legislação vigente, o ajustamento ergonômico do local de trabalho é uma maneira de garantir a segurança e o bem-estar do trabalhador, acrescentando a sua satisfação e produtividade. Um dos problemas que ocorre com a maior parte dos trabalhadores é o fato de não darem seriedade aos riscos presentes no local de trabalho. Logo, para a completa prevenção das lesões ocupacionais entre os trabalhadores da construção civil é importante e necessário o treinamento e a educação apropriada dos empregados quanto aos riscos existentes em cada situação de trabalho e sobre as formas corretas de prevenir os acidentes e doenças ocupacionais. Segundo a Norma Regulamentadora N° 18 (NR-18) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) todos os trabalhadores da construção civil devem receber treinamentos admissionais e periódicos, buscando garantir a realização de suas atividades com segurança. Este treinamento deve conter: Informações sobre as condições e ambiente de trabalho; Riscos relativos às tarefas realizadas; Uso adequado dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs); Informações sobre os Equipamentos de Proteção Coletiva (EPCs) existentes no canteiro de obra. A intervenção ergonômica, deve ainda abranger mudanças físicas e organizacionais no local de trabalho. Pois quando o trabalho é realizado de maneira errada afeta inteiramente a saúde do trabalhador, através de diversas doenças músculo-esqueléticas. Mas, quando os motivos que prejudicam uma boa ergonomia são suprimidos o risco de ocorrência de lesões é mínima. 4.2. Jornada de trabalho na construção civil A jornada de trabalho dos trabalhadores da atividade da construção civil é ampla, podendo-se chegar até 12 horas ao dia, principalmente, quando é necessário fazer hora extra, a fim de cumprir metas impostas pelos seus superiores. Existem três relações sociais quesubmete o trabalhador a aceitar as condições de trabalho existentes. Elas são classificadas como as relações sociais de organização, gerência e recompensa. Nesse sentido são: 33 Relação de organização envolve a contratação de indivíduos com baixa qualificação além de debater a rotina e desorganização do ambiente que pode levar os sujeitos a um estado de monotonia e desatenção do que está fazendo; Relação de comando aborda as relações de autoritarismo (ameaça de punição pra diminuir a autoridade do trabalhador), desintegração de grupo de trabalho (dificulta a comunicação e interação entre eles) e servidão voluntária (contratação de trabalhadores necessitados que aceitem qualquer tipo de trabalho para possuir o emprego); Relações de recompensa discutem os incentivos financeiros oferecidos pelos patrões aos empregados para que os mesmos aumentem a sua jornada de trabalho, intensificando o trabalho e assim, submetendo-os a irem além de suas capacidades físicas. (DWYER, 2006, p. 165-166). O jeito de produção no qual um grupo está submetido determina a relação existente entre trabalho, ambiente e saúde. Dessa forma, os sujeitos que compartilham das mesmas relações sociais, culturais e produtivas apresentam semelhantes perfis de adoecimento e morte (DIAS, 2009, p.2061-2070). 4.3. Lombalgia Lombalgia é considerada uma doença ocupacional que gera os mais altos custos relacionados com o trabalho. Nos Estados Unidos (E.U.A.), são gastos anualmente, mais de 16 bilhões de dólares com tratamento e afastamento por lombalgia. O custo indireto pode também ser estimado no total de 50 a 80 bilhões de dólares por ano. (ANDERSON et al, 2000). A dor na região lombossacra pode ser decorrente de inflamação, processo degenerativo, neoplasia, alterações ginecológicas, traumatismo, alterações metabólicas ou de outras disfunções. Entretanto, a grande parte das lombalgias é de origem não específica e de causa idiopática. (ANDERSON et al, 2000). Entre as doenças ligadas ao trabalho, uma das mais graves é a lombociática, presente em um grupo profissional da área da construção civil; nela se pode estabelecer o vínculo de agente nocivo determinado e o fenômeno patológico no trabalhador. O fenômeno causa e efeito permite revelar o risco e induz às ações preventivas.( WISNER, 1994). Pode-se verificar a alta incidência da dor nas costas, sendo possível encontrar estudos que relatam a frequência deste acometimento, em mulheres, 34 principalmente no setor hospitalar. Isto acontece devido à própria característica do serviço, o qual sempre teve uma alta proporção de mulheres no seu quadro pessoal (OGUISSO, 1998) Entende-se que esta situação ocorre pelo fato dos profissionais dessa área realizarem tarefas que incluem flexão do tronco, posturas estáticas, além de manuseios de objetos pesados, o que pode favorecer a lombalgia, no decorrer da vida laborativa. (ROCHA, 1997). 35 5. ESTUDO DE CASO Esse estudo de caso foi realizado em uma empresa de construção civil situada na cidade de Icó no centro sul cearense. A empresa fica localizada no centro da cidade. A estimativa da população da cidade no ano de 2016 era de 67.345 habitantes de acordo com (IBGE, 2016). Foi analisado o trabalho com funcionários em obra. 5.2. Caracterização das atividades Ajudante: Também conhecido como servente, é responsável pela limpeza da obra e pelas ferramentas. Geralmente para cada seis pedreiros, há cerca de três ajudantes. O ajudante de pedreiro é alguém que embora não precise saber tanto como um pedreiro, ainda assim, deve possuir alguns conhecimentos básicos do ofício em questão. A sua função principal é a de dar serventia ou ajudar o pedreiro naquilo que este solicitar. As tarefas do servente de pedreiro incluem: Fazer a massa; Carregar a massa, os tijolos, a areia, o cimento, etc; Buscar as ferramentas que o pedreiro vai pedindo, para que este não precise de se deslocar. Trata-se de um serviço pesado que implica bastante força física, mas que permite ao servente observar e aprender todos os dias mais um pouco. Pedreiro: É o profissional que coloca a mão na massa. Suas habilidades são usadas em inúmeras funções durante toda a obra, desde o sarrafeamento dos blocos e baldrames, no início, até a colocação de soleiras e baguetes no acabamento. Operador de Betoneira: Prepara mistura para argamassas e concretos, utilizando misturador mecânico, tanto com alimentação elétrica ou a combustão. Cuida da manutenção preventiva do equipamento e suas condições de trabalho e segurança. 5.3. Caracterização da Obra e da empresa. Trata-se da casa residencial, composta por uma sala, uma cozinha, dois quartos, dois banheiros, uma suíte e uma área de serviço, além de ser toda rodeada de alpendre como mostra o ANEXO A. A casa possui uma área de 260,60m² sendo 36 que apenas 192,90m² de área construída. A obra no momento da pesquisa possuía 20 funcionários no total. 37 6. RESULTADOS E DISCUSSÃO Adiante, serão apresentados os resultados das análises ergonômicas dos postos de trabalho na obra. 6.2. Pedreiro Na situação exposta na figura 2, o pedreiro está aplicando argamassa de reboco na parede, pegando a massa diretamente de um carrinho de mão, que está muito baixo em relação à sua altura e está em um local inadequado, ou seja, a massa deveria está aproximadamente na altura dos joelhos e ao seu lado. Além de que o funcionário não está usando luvas de látex, a sua coluna está em uma posição desconfortável. Figura 2: Pedreiro atuando de forma errada. Fonte: O autor (2016) 38 Na situação indicada da figura 3, o pedreiro está assentando a primeira fiada de tijolos sobre uma sapata de tijolo deitado, muito próximo do chão. Ele se encontra com as pernas bem esticadas e com a coluna bem curvada. Figura 3: Funcionário atuando de forma errada. Fonte: O autor (2016) Nas situações abaixo representadas pelas figuras 4 e 5 está indicada à forma correta de posição dos trabalhadores de acordo com os conceitos da ergonomia. 39 Figura 4: Profissional pedreiro atuando de forma correta. Fonte: RODRIGUES, 2012. 40 Figura 5: Pedreiro atuando de forma correta. Fonte: RODRIGUES, 2012. No ponto de vista da ergonomia física, o acesso à caixa de argamassa evita que o pedreiro flexione o tronco para pegar a argamassa (Figura 4), e na figura 5 o pedreiro realiza a flexão de joelhos a fim de minimizar a flexão de tronco devido à frequência de rotação nos movimentos de flexão no troco. Na ergonomia cognitiva, seria a implementação de técnicas mais modernas e equipamentos que auxiliem na execução do trabalho. Já na ergonomia organizacional, a acomodação no local de trabalho, nas metas a serem cumpridas e o funcionamento operacional satisfatório. Outra forma é investir na capacitação dos profissionais. 41 6.3. Operador de Betoneira Na situação da figura 6 demonstra que o operador de betoneira está erguendo a padiola do chão de maneira errada inclinando a coluna de forma errada. Figura 6: Operador de betoneira atuando de forma errada Fonte: O autor (2016) Na figura 7 demonstracomo o movimento executado pelo operador de betoneira pode ser melhorado quando os dois operários realizam o movimento de curvatura dos joelhos para levantar a padiola. Sendo assim, eles diminuem a sobrecarga da coluna lombar e musculatura e exigida durante a jornada de trabalho. 42 Figura 7: Operador de betoneira atuando de forma correta. Fonte: RODRIGUES, 2012. 6.4. Ajudante A figura 8 mostra o ajudante levantando um saco de cimento de 50kg, concentrando um esforço na musculatura das costas e na coluna. 43 Figura 8: Ajudante atuando de forma errada Fonte: Próprio autor. De forma bem simples essa questão pode ser resolvida com ajuda de outro ajudante ou outra pessoa para que possa dividir o peso do saco de cimento, sendo assim garantindo a postura correta como é demonstrado na figura 9. 44 Figura 9: Ajudante atuando de forma correta Fonte: RODRIGUES, 2012. 6.5. Aspectos Expressivos Entre os aspectos significativos será verificado o trabalho em pé, devendo ser evitado, a antropométrica e o trabalho sentado obedecendo aos conceitos apresentados na NR-17. Além disso, será abordada a fadiga, no que diz respeito à fisiologia do trabalho. 6.6. Análise do Trabalho em Pé Posição de pé: a posição parada, em pé, é altamente fatigante, visto que exige muito esforço da musculatura envolvida para manter essa posição. O coração 45 encontra maiores resistências para bombear sangue para os extremos do corpo. Neste caso, as atividades dinâmicas geralmente provocam menos fadiga em relação às atividades estáticas. A posição sentada possui vantagens sobre a postura ereta. O corpo fica mais bem apoiado em diversas superfícies: piso, assento, encosto, braços da cadeira, mesa. Portanto, a posição sentada é menos cansativa que a de pé. Entretanto, deve-se evitar a permanência por longos períodos na posição sentada. Muitas atividades manuais, executadas quando se está sentado, exigem um acompanhamento visual. Isso significa que o tronco e a cabeça permanecem inclinados para frente. O pescoço e as costas ficam submetidos a longas tensões, que podem provocar dores. As tarefas manuais geralmente são feitas com os braços suspensos, sem apoio, o que causa dores nos ombros (DUL; WEERDMEESTER, 2004). Foi observado que em um dia comum dos funcionários passam a maior parte de seu tempo em pé. O que toma cerca de 80% da carga horária, o que significa mais de três horas. Essa posição, como mencionado anteriormente, dificulta a circulação do sangue nas pernas. 6.7. Condições do trabalho Para verificar as condições de trabalho foi distribuído um questionário em forma de texto, apresentado no Anexo B. Dos vinte funcionários, dezesseis responderam, atingindo o total de 80% dos funcionários. Primeiramente, buscou-se elaborar o perfil dos funcionários nesse estudo. Nesse sentido, as questões a seguir têm a intenção de proporcionar um conhecimento inicial sobre o funcionário. Foram elaborados vários gráficos para cada item a seguir. O gráfico 1 foi observado a faixa etária dos funcionários. 46 Gráfico 1. Faixa etária dos funcionários Fonte: o autor (2016) Comparando os dados, encontra-se um percentual mais elevado dos funcionários que tem idade entre 30 e 35 anos, tendo um percentual de 32% do total, enquanto que nas idades entre 25 e 30 anos corresponde 26% e entre 35 e 40 tem um percentual tem 16% e os que tem menos de 25 e mais que 40 anos ficaram empates na porcentagem, correspondendo a 13% do total de pessoas. Assim, percebe-se que na empresa há uma grande variedade de pessoas em diferentes idades, o que pode enriquecer os dados referentes ao problema analisado. 6.8. Adequação do Ambiente Ergonômico As instituições diante da modernização, não podem se preocupar apenas com as tecnologias inovadoras, elas precisam enxergar e oferecerem boas condições de trabalhos para que aconteça uma melhor influência mútua no mercado entre mão de obra e produtividade, ou seja, focalizar no vital humano. A procura por uma jornada de trabalho digna, com melhores condições possíveis, tornou-se uma luta constante por numerosos sujeitos em diversos lugares. Quando perguntados sobre o que era bom e ruim no trabalho, os funcionários tiveram liberdade para desenvolver seus conceitos. De acordo com a 47 pesquisa alguns pontos mais interessantes foram dados para o desenvolvimento de ideias, na qual as mais diversas respostas foram dadas: Bom relacionamento organizacional; Horário flexível; Fácil acesso; Realização profissional; Segurança; Falta de estrutura; Cobranças freqüentes dos supervisores; Comprometimento com o trabalho, que acaba deixando pouco tempo para o lazer; Baixa remuneração. De acordo com essas respostas foi elaborado o gráfico 2 para mostrar a as opiniões dos funcionários. Gráfico 2. Pontos Bons e Ruins no Trabalho Fonte: autor (2016) 0 5 10 15 20 25 30 Bom Ruim 48 Verificando o gráfico percebe-se que os pontos positivos com maior porcentagem foram: fácil acesso com 90%, 81% horário flexível e 58% diz que a segurança é boa. Da mesma forma foram analisadas as porcentagens dos pontos ruins do trabalho, que foram: Bom relacionamento organizacional (71%), realização profissional (68%), falta de estrutura (61%), cobranças frequentes dos supervisores (74%), comprometimento com o trabalho, que acaba deixando pouco tempo para o lazer (81%) e (90%) dos funcionários disseram que o ponto mais ruim é a baixa remuneração. Quando foi perguntado se eles sentem dores e quais as dores que sentem com mais freqüências, obteve-se as seguintes respostas: Dos (80%) dos entrevistados, apenas (2%) responderam que não sentem dor nenhuma. O restante afirma sentir dores nos mais diversos lugares, e com variadas frequências. De acordo com o gráfico 4 os funcionários declararam sentir as seguintes dores: dor de cabeça, dor nos braços, dor no ombro, dor nas costas, dor nas pernas e dor na garganta. Gráfico 3. Dores apresentadas pelos os funcionários Fonte: autor (2016) 14% 21% 9% 12% 23% 21% Dor de garganta Dor de cabeça Dor nos braços Dor no ombro Dor nas costas Dor nas pernas 49 A dor mais mencionada entre os funcionários é a dor nas costas. 23% dos funcionários citaram ter dor nas costas, seguidos empatados (21%) com dores de cabeça e dores nas pernas, logo depois vem a dor de garganta com 14%, seguido de 12% de dores nos ombros e apenas 9 % nos braços. O último ponto do questionário indaga se funcionários sentiam-se estressado com o trabalho, e o motivo disso. O gráfico 4 mostra alguns dos motivos dos estresses relatados pelos trabalhadores. Gráfico 4. Motivos de estresse dos funcionários Fonte: autor (2016) Apenas 4% dos entrevistados afirmaram não sentir estresse. Os demais afirmaram sentir estresse com alguns dos itens do gráfico acima. 28% dos funcionários afirmam que cobranças frequentes dos supervisores é o que dar mais estresse, logo em seguida vem o cansaço com 21%, problemas pessoais 20%, 13% 50 sentem-se insignificantes; 8% atribuíram o estresse à falta de integração dos colegas e 6% ao envolvimento com problemas da empresa. 6.9. Aspectos Não Significativos Não foram analisados nesse trabalho os aspectos térmico, luminoso,sonoro ou cognitivo das situações de trabalho. Segundo Saliba e Corrêa (2011), o índice de temperatura efetiva não deve ultrapassar o valor de 28ºC. Porém esse valor não analisa a sobrecarga térmica, como fatores de tempo de exposição, calor radiante e o que diz respeito à atividade do trabalhador. Nem tampouco as vestimentas, a idade, a cor da pele, a obesidade etc. Dessa forma, considera-se somente o calor artificial para fins que possam caracterizar insalubridade (SALIBA E CORRÊA, 2011). Segundo a NR-17 (2012), no item 5.2-b, é considerada índice de temperatura efetiva entre 20ºC e 23ºC. Para manter essa faixa de temperatura é indicado em dias quentes que ventiladores sejam ligados, além da abertura de janelas e portas para a circulação do ar. Nos dias frios, roupas adequadas devem ser utilizadas. Com relação à luminosidade, a NR-17 cita em seu item 5.3: “Em todos os locais de trabalho deve haver iluminação adequada, natural ou artificial, geral ou suplementar, apropriada à natureza da atividade”. Apesar de não ter sido medido esse fator para ser comparada à Norma, foi considerado uma luminosidade adequada, pois existe luminosidade natural. Além da importância do campo visual durante a realização do trabalho é relativamente baixa. (NR-17, 2012). Segundo Saliba e Corrêa (2011) apud Anexo Nº1 – Limites de Tolerâncias para Ruído Contínuo ou Intermitente, se um empregador trabalhar sem protetor auricular, em local com ruído de 90 dB(A), a insalubridade será caracterizada quando o tempo de exposição diário for superior a 4 horas. Levando em consideração que em uma conversa normal a intensidade oscila entre 60 e 75 dB, quando alta, o ambiente sonoro não causa danos à audição dos trabalhadores (AUDIÇÃO, 2012). 51 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS Um dos grandes interesses no ambiente do trabalho é a ergonomia dos indivíduos humanos, que pode contribuir para a melhoria do desenvolvimento dos colaboradores no seu dia a dia, podendo ser os benefícios notados tanto no desempenho físico como psicológico, os benefícios também poderão ser notados nos lucros da empresa. Diante dos resultados dessa pesquisa pode-se afirma que os objetivos foram alcançados. Por tanto, foi verificado a adaptação no ambiente ergonômico adequando às necessidades dos funcionários da empresa de construção civil em Icó/CE, tendo como fundamento a Ergonomia Física, Cognitiva e Organizacional. A partir desse foco foi avaliada a Ergonomia física, detectando-se uma mal estrutura física do trabalho. Voltando-se para a Ergonomia cognitiva, a empresa precisa proporcionar melhoras para os funcionários, um local adequado para descanso e lazer, podendo evitar decepções futuras que possam afetar o psicológico no expediente diário. Tendo em base à Ergonomia organizacional percebe-se que no ambiente da obra deve existir uma comunicação mais efetiva, ou planejar ações capazes de proporcionar aos indivíduos em geral uma valorização no instante de apresentar projetos voltados a ergonomia que possam vir a ser vigorados na empresa. No final, a pesquisa apontou que os entrevistados avaliaram a Ergonomia como normal, sendo que precisa haver uma melhoria no compromisso entre empresa e funcionário tratando em seguir de maneira correta para o desenvolvimento de atividades. Os resultados conseguidos nessa pesquisa demonstram que os funcionários desenvolvem um papel importante dentro da empresa. Portanto é necessária a existência de um auxílio ergonômico que ajude no beneficio dos funcionários frente à empresa, assim proporcionando uma satisfação no conjunto total. Ao fim dessa pesquisa, acredita-se que os dados obtidos, venham a contribuir para novas discussões em futuros estudos em torno da Ergonomia. 52 REFERÊNCIAS ______. Ministério do Trabalho. Secretária de Inspeção do Trabalho. Manual de aplicação da Norma Regulamentadora nº 17. 2 ed. Brasília : MTE, SIT, 2002. ABERGO, 2000 - A certificação do ergonomista brasileiro - Editorial do Boletim 1/2000, Associação Brasileira de Ergonomia. ALMEIDA, Joelma dos Santos. 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