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PAPER ESTÁGIO II

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JORNAL ESCOLAR:
Um espaço de aprendizagem da liberdade e da criticidade
Daniela Garcia Fontanari
Prof.ª Fernanda dos Santos Paulo
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Licenciatura em Pedagogia (PED 1014) – Estágio Ensino Fundamental
/05/2017
RESUMO
O presente trabalho teve por objetivo descrever e analisar as etapas do Estágio II do curso de licenciatura em Pedagogia do Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI, que consistiu na pesquisa, observação e regência com uma turma de EJA do Ensino Fundamental I. O tema escolhido teve como área de concentração as metodologias de ensino e como finalidade contribuir para a melhoria dos processos de ensino e aprendizagem e a formação cidadã dos adolescentes que cumprem Medidas Socioeducativas no CASE POA II1, através da confecção de um jornal pelos alunos da turma 20 do Ensino Fundamental I. As propostas das regências foram fundamentadas na interdisciplinaridade, a fim de propor a reflexão de como é possível planejar e desenvolver práticas pedagógicas que oportunizem aos alunos o aprendizado de várias disciplinas através da criação de um jornal. O uso do jornal em sala de aula oferece a possibilidade de vínculo e interesse dos alunos pela realidade da sociedade em que vivemos, a fim de criar uma relação entre eles e o jornal, possibilitando também observar as diferentes versões sobre um mesmo fato. Dessa forma, foi possível perceber a importância do jornal para a ampliação dos conteúdos de aprendizagem, para o desenvolvimento da criticidade, bem como da liberdade de opinião, através da diversificação dos procedimentos metodológicos e da consolidação da avaliação como um processo contínuo e reflexivo, utilizando-se da interdisciplinaridade para o desenvolvimento da escrita e leitura destes alunos.
Palavras-chave: Jornal Escolar. Interdisciplinaridade. Liberdade. Criticidade.
 
1 CASE POA II – Centro de Atendimento Socioeducativo Regional POA II é uma das sete unidades de internação da FASE (Fundação de Atendimento Socioeducativo do RS), local onde os adolescentes que cometem atos infracionais são internados para o cumprimento de medidas socioeducativas.
1 INTRODUÇÃO
O tema escolhido para o projeto desse estágio foi: “O Jornal Escolar - Correio da 20”, cuja área de concentração foi as metodologias de ensino. As regências foram realizadas na Escola Estadual de Ensino Médio Tom Jobim, localizada dentro do Complexo FASE / Vila Cruzeiro, em Porto Alegre, com uma turma de EJA do Ensino Fundamental I, composta por cinco alunos, todos do sexo masculino, com idade entre quinze e dezenove anos. A escola é estadual e diferenciada, pois visa o atendimento de uma população específica: adolescentes que cumprem medidas socioeducativas de internação2. O planejamento das regências levou em conta a reflexão sobre a finalidade da educação para atender os diferentes perfis desses adolescentes, trabalhei com a perspectiva de resgate de valores, propiciando possibilidades de inclusão social, bem como com a finalidade de despertar uma consciência humanizadora nestes jovens, agregando conhecimento, cultura, normas de convívio, com o objetivo de auxiliar esses alunos a serem socialmente críticos e ativos. Neste contexto, a Escola Tom Jobim tem como princípio filosófico o homem como um ser de relações, capaz de interagir no mundo com espírito crítico, resgatando valores como: respeito às diferenças, liberdade, criticidade, solidariedade e responsabilidade. Com isso, explorarão os sentimentos, suas escolhas de vida, oportunizando o aprendizado do mundo à sua volta, através de uma experiência que envolveu a interdisciplinaridade na composição dos planos de aula para a consideração de uma prática pedagógica diversificada e atrativa para esse perfil de alunos. 
Frente ao exposto, comentarei, primeiramente, sobre as escolhas e decisões acerca da área de concentração, bem como sobre o tema e a justificativa do projeto de estágio, com base na fundamentação teórica do mesmo. A seguir, relatarei sobre as situações vivenciadas em sala de aula e as impressões sobre a escola, levando em conta a importância da criação de um jornal escolar como um espaço de aprendizagem da liberdade e do cultivo de uma postura crítica, onde a avaliação representa um processo contínuo e reflexivo.
2 O capítulo IV do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) trata sobre as Medidas Socioeducativas, as quais preveem um conjunto de práticas políticas, jurídicas e pedagógicas a serem desenvolvidas cotidianamente pelas instituições de atendimento socioeducativo:
Parágrafo único. Durante o período de internação, inclusive provisória, serão obrigatórias atividades pedagógicas. (BRASIL, 1990).
 Por fim, descreverei minhas impressões sobre o estágio, relatando as contribuições do mesmo para minha formação profissional, além de uma análise do resultado entre a teoria e a prática. 
2 ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
	
O projeto de estágio tratou sobre a criação de um jornal escolar pelos alunos e teve como fundamentação teórica as concepções de alguns estudiosos que afirmam que o trabalho com a produção de um jornal permite que os alunos vivenciem a experiência da expressão pública, debatendo temas escolhidos por eles mesmos. Dessa maneira, fica marcado o sentido do jornal escolar dentro de uma visão pedagógica que reconhece e promove a cidadania destes adolescentes. Além de contribuir, significativamente, na ampliação da leitura e escrita, na criatividade, na criticidade, na capacidade de pesquisar e também estimular o aluno para que demonstre sua opinião, sem ter medo de concordar ou não com as ideias das outras pessoas na formação de valores. 
A proposta deste projeto foi levar o jornal para a sala de aula, pois nem todos esses alunos têm acesso a ele ou intimidade com esse meio de comunicação, já que no tempo em que vivemos, no meio de tanta interatividade via telefone celular e internet, é necessário fazer com que estes jovens, que se encontram privados desse tipo de tecnologia, interajam com a leitura de textos jornalísticos, pois os mesmos são uma fonte respeitada para pesquisa e para a obtenção de informação sobre o mundo atual.
O jornal também proporciona um trabalho interdisciplinar, já que na elaboração do roteiro poderão ser distribuídas editorias de outras áreas, além do português. Qualquer produção exige do produtor elaboração e pesquisa, essa sistematização desperta habilidades, resgata a autoestima e participa à comunidade os fatos e trabalhos desenvolvidos na escola pelos alunos.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN):
O domínio da língua tem estreita relação com a possibilidade de plena participação social, pois é por meio dela que o homem se comunica, tem acesso à informação, expressa e defende pontos de vista, partilha ou constrói visões de mundo, produz conhecimento. Assim, um projeto educativo comprometido com a democratização social e cultural atribui à escola a função e a responsabilidade de garantir a todos os seus alunos o acesso aos saberes linguísticos necessários para o exercício da cidadania, direito inalienável de todos.
Essa responsabilidade é tanto maior quanto menor for o grau de letramento das comunidades em que vivem os alunos. Considerando os diferentes níveis de conhecimento prévio, cabe à escola promover a sua ampliação de forma que, progressivamente, durante os oito anos do ensino fundamental, cada aluno se torne capaz de interpretar diferentes textos que circulam socialmente, de assumir a palavra e, como cidadão, de produzir textos eficazes nas mais variadas situações. (PCN, vol. 2, p. 21).
A produção de jornais escolares feitos inteiramente pelos estudantes não é uma tarefa nova. No Brasil, o trabalho do pedagogo francês Célestin Freinet (1896-1966) é bastante conhecido — nas pesquisas acadêmicas que abordam o uso do jornal na educação, a citação do nome de Freinet é unânime, e com total justiça. A construção do trabalho direcionado para a elaboração do jornal escolarabrange bem a pedagogia de Freinet, buscando educar, humanizar e libertar, formando um ser crítico sabedor da qualidade de vida em sociedade. No entanto, outros educadores também apostaram na imprensa escrita como meio de expressão dos jovens, obtendo resultados excelentes. De acordo com Farias e Zanchetta Jr (2007, p.141):
[...] o jornal escolar se apoia não só no conhecimento da imprensa escrita, como em uma atitude crítica a seu respeito, a ser desenvolvida durante os trabalhos de elaboração do jornal escolar. Por outro lado, considerando-se que os jornais, pela sua própria natureza, abordam um amplo leque de assuntos e, para isso, também apresentam uma grande diversidade de textos, ele é um dos instrumentos ideais da interdisciplinaridade.
O jornal escolar é um agente mediador, que interage na comunicação entre a escola e o mundo, “uma fonte primária de valores, tornando-se então instrumento importante para o leitor se situar e se inserir na vida social e profissional” (FARIA, 2003, p.11). Essas informações são filtradas, e selecionadas formando conceitos, e assim promovendo a aprendizagem seletiva, crítica. “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção” (FREIRE, 1996, p. 22). Trabalhar com essa dinâmica de jornal escolar possibilita o momento de pesquisa, onde o educando quando cria texto, emite sua opinião que embasados em bons ensinamentos permitem formar saberes e realizar boas escolhas. Assim, o jornal escolar:
(...) propicia a liberação da palavra do aluno, a descoberta da própria identidade, valorizando sua autonomia. Capacita-o a intervir na realidade, ao aprender a ler criticamente o jornal, pois, para produzi-lo é preciso aprender a diferença entre opinião e notícia; cria o hábito da pesquisa e da comparação de diferentes fontes para apresentá-las no texto, reforçando assim o espírito crítico. Finalmente, como para os professores, o jornal escolar leva os alunos a aprender realmente a trabalhar em equipe. (FARIA & ZANCHETTA, 2007, p. 142).
Com relação a isso, os PCNS argumentam que:
A educação escolar deve considerar a diversidade dos alunos como elemento essencial a ser tratado para a melhoria da qualidade de ensino e aprendizagem. Atender necessidades singulares de determinados alunos é estar atento à diversidade: é atribuição do professor considerar a especificidade do indivíduo, analisar suas possibilidades de aprendizagem e avaliar a eficácia das medidas adotadas. A atenção à diversidade deve se concretizar em medidas que levem em conta não só as capacidades intelectuais e os conhecimentos de que o aluno dispõe, mas também seus interesses e motivações. Esse conjunto constitui a capacidade geral do aluno para aprendizagem em um determinado momento. Desta forma, a atuação do professor em sala de aula deve levar em conta fatores sociais, culturais e a história educativa de cada aluno, como também características pessoais de déficit sensorial, motor ou psíquico, ou de superdotação intelectual. Deve-se dar especial atenção ao aluno que demonstrar a necessidade de resgatar a autoestima. Trata-se de garantir condições de aprendizagem a todos os alunos, seja por meio de incrementos na intervenção pedagógica ou de medidas extras que atendam às necessidades individuais. (...)
Desta forma, a atuação do professor em sala de aula deve levar em conta fatores sociais, culturais e a história educativa de cada aluno, como também características pessoais de déficit sensorial, motor ou psíquico, ou de superdotação intelectual. Deve-se dar especial atenção ao aluno que demonstrar a necessidade de resgatar a autoestima. Trata-se de garantir condições de aprendizagem a todos os alunos, seja por meio de incrementos na intervenção pedagógica ou de medidas extras que atendam às necessidades individuais. A escola, ao considerar a diversidade, tem como valor máximo o respeito às diferenças — não o elogio à desigualdade. As diferenças não são obstáculos para o cumprimento da ação educativa; podem e devem, portanto, ser fator de enriquecimento. (p.63).
Nas escolas multisseriadas, as decisões sobre agrupamentos adquirem especial relevância. É possível reunir grupos que não sejam estruturados por série e sim por objetivos, em que a diferenciação se dê pela exigência adequada ao desempenho de cada um. O convívio escolar pretendido depende do estabelecimento de regras e normas de funcionamento e de comportamento que sejam coerentes com os objetivos definidos no projeto educativo. A comunicação clara dessas normas possibilita a compreensão pelos alunos das atitudes de disciplina demonstradas pelos professores dentro e fora da classe. (p. 64).
Ao trabalhar com a produção de um jornal escolar com esses adolescentes, os planos de aula devem levar em conta os conteúdos interdisciplinares que serão abordados nas aulas e como serão planejados. O estreitamento de relações criadas a partir dos trabalhos em grupo, aqui direcionada à construção do jornal escolar, são instrumentos que preparam para a vida, formando seres críticos, sabedores de seu valor em sociedade na construção de suas cidadanias.
Além disso, fica a certeza de que o diálogo e o estímulo à criatividade do estudante são pilares básicos sobre os quais se sustenta um projeto desta natureza. Esta relação horizontal no processo educativo é defendida por Paulo Freire em oposição à chamada educação “bancária” ou “autoritária”, em que os alunos se transformam em meros depósitos de “comunicados” e reduzem seu potencial criativo, inviabilizando a troca de experiências. A concepção bancária nega o caráter dialógico — e vital — da comunicação. Diz Freire: 
(...) o pensar do educador somente ganha autenticidade na autenticidade do pensar dos educandos, mediatizados ambos pela realidade, portanto, na intercomunicação. Por isto, o pensar daquele não pode ser um pensar para estes nem a estes impostos. Daí que não deva ser um pensar no isolamento, na torre de marfim, mas na e pela comunicação, em torno, repitamos, de uma realidade. E, se o pensar só assim tem sentido, se tem sua fonte geradora na ação sobre o mundo, o qual mediatiza as consciências em comunicação, não será possível a superposição dos homens aos homens. (p. 64).
Mediante a isso, os objetivos do projeto foram:
Reconhecer a configuração de um jornal: de que é feito um jornal? Como as letras e páginas se arranjam? Em que é diferente de um livro? 
Conhecer os diferentes tipos de texto: quem é capaz de encontrar a notícia? E recadinhos? 
Observar as funções dos textos: para que serve uma notícia, uma publicidade, o expediente? Para que serve a manchete? Por que ela tem as letras maiores? O que são os jargões jornalísticos?
Relacionar textos a seus leitores: para quem determinado texto foi escrito? A pessoa que escreveu queria se comunicar com quem? 
Localizar e retirar informações: o que este texto nos informa? Fazer perguntas específicas, relacionadas a um ou outro aspecto do texto. 
Detectar a compreensão global de um texto: de que trata esta matéria? 
Sintetizar informações: como você contaria essa história em poucas frases? 
Discernir causas e consequências de fatos: como isto começou? Isso vai parar por aí ou vai ter consequências? 
Experimentar a reescrita de histórias e a produção textual.
3 VIVÊNCIA DO ESTÁGIO
O estágio foi realizado na Escola Estadual de Ensino Médio Tom Jobim, localizada na Av. Jacuí, s/nº, bairro Vila Cruzeiro, em Porto Alegre/RS, dentro do Complexo FASE (Fundação de Atendimento Socioeducativo), sendo dividido da seguinte forma: 12 horas de entrevista/observação e 20 horas para a regência de classe, totalizando 32 horas de estágio. A escola atende uma população específica: adolescentes que cumprem Medidas Socioeducativas de Internação. 
Dessa forma, a Escola Tom Jobim deve estar preparada para atender os diferentes perfis destes adolescentes, por isso trabalha com a perspectiva de resgate de valores, propiciando possibilidades de inclusão social, bem como com a finalidadede despertar uma consciência humanizadora nestes jovens, agregando conhecimento, cultura, normas de convívio, com o objetivo de auxiliar esses adolescentes/alunos a serem críticos e ativos, social e profissionalmente. Neste contexto, a Escola tem como princípio filosófico o homem como um ser de relações, capaz de interagir no mundo com espírito crítico, resgatando valores como: respeito às diferenças, solidariedade e responsabilidade.
O estágio foi realizado na turma 20, séries iniciais do Ensino Fundamental, na modalidade EJA, da Ala C do CASE POA II, composta por cinco alunos, todos do sexo masculino, com faixa etária dos 15 anos até 18 anos. Nas quartas-feiras não há aulas nos turnos da manhã e tarde, pois é dia de visita dos familiares dos adolescentes desta Ala. As aulas da turma 20 ocorrem no turno da manhã, com início às 8 horas e término às 11 horas e 30 minutos.
Conforme consta neste projeto, os alunos confeccionarão um jornal escolar, a Correio da 20 3: uma referência ao número da turma destes adolescentes. Assim, os planos de aula utilizaram o cronograma oficial da escola, onde os alunos construíram, com o auxílio das professoras, regente e estagiária, um jornal escolar com as notícias e fatos importantes que estavam acontecendo em nosso país. Através de pesquisas em outros jornais, bem como de temas já estudados em aulas anteriores, os alunos montaram o seu próprio jornal, que foi editado e impresso, para após ser entregue às famílias destes adolescentes, bem como aos demais jovens que cumprem medidas socioeducativas nesse CASE. 
3 Turma 20 do CASE POA II (Centro de Atendimento Socioeducativo POA II) é uma classe multisseriada, da EJA, que atende adolescentes do 1º ao 4º ano do Ensino Fundamental.
No primeiro dia de regência, realizei alguns questionamentos sobre o que já sabiam sobre o jornal: Para que servia o jornal? O que o fazia diferente de um livro? Se sabiam o que era uma manchete, uma coluna, uma reportagem? Se as letras eram todas iguais em tamanho, formas e cores, e também se haviam fotos. A seguir, distribuí exemplares de diferentes jornais da cidade para que eles olhassem, manuseassem, procurassem as respostas às perguntas que havia feito a eles. Após, perguntei se já tinham ouvido falar sobre Jornal Escolar, se conheciam algum e apenas um aluno, o mais velho da turma, já havia visto na escola em que estudava antes de sua internação na FASE. A seguir, os alunos assistiram ao filme do You Tube: Crianças falam sobre Jornal Escolar (vídeo produzido por uma escola pública da região metropolitana de Fortaleza/CE), onde os alunos puderam ver e saber um pouco mais sobre o que é e como se faz um jornal escolar. Em seguida, fiz uma roda de conversa e, com os exemplares dos jornais locais, questionei novamente sobre as perguntas do início da aula, orientando e solicitando aos alunos encontrassem as respostas. A pedido dos próprios adolescentes, dividimos o jornal em cinco seções, uma para cada aluno. Após, escrevi no quadro dois logotipos dos jornais locais que tinham, perguntando se sabiam o nome de cada apenas por olhar os símbolos e todos responderam corretamente. Assim, sugeri que nosso jornal escolar também tivesse um logotipo, uma marca, então iniciamos uma votação para a escolha da marca do Correio da 20. Foi escolhida a logotipia C20 com unanimidade. Posteriormente, os alunos iniciaram as escolhas dos assuntos de suas reportagens, sempre com o auxílio das professoras.
No segundo dia de regência, a empolgação era imensa por parte dos alunos: estavam cheios de ideias para escrever suas reportagens! Alguns já haviam inclusive escrito alguns fragmentos durante as atividades extraclasse, com o auxílio de alguns agentes socioeducadores. Escrevi em uma metade do quadro branco algumas palavras: artigo, coluna, manchete, notícia e, na outra, brete, pelota, mascação, cupincha. A seguir, li aos alunos, pausadamente, todas as palavras da primeira coluna e depois da segunda coluna. Perguntei em quais lugares que era possível ler ou ouvir falar sobre as palavras da primeira coluna, todos, sem exceção, responderam nos jornais, na TV, no rádio. Repeti a pergunta com relação à segunda coluna, como na primeira vez, responderam na FASE, nos presídios. Então, escrevi em letras maiores, acima e bem no meio das duas colunas a palavra jargões. Expliquei aos jovens o significado dessa palavra e sugeri que escrevessem no Correio da 20 uma coluna com os jargões mais utilizados no CASE/FASE. Essa atividade foi muito bem aceita pelos alunos, todos procuraram ajudar o adolescente que havia ficado com a seção de variedades a escrever os jargões e seus significados. Encerrada essa atividade, retomamos as produções textuais. Muito interessante foi que o adolescente (o de menor idade e o único não alfabetizado) que ficou com a seção de variedades foi ajudado pelos outros para confeccionar sua seção: variedades, a escrever sobre a participação de outros adolescentes de outras turmas. Encerrei a aula confeccionando a segunda página do livro registrando, desenhando, recortando e colando as atividades dessa terça-feira na cartolina verde.
No terceiro dia de regência, contamos com a presença de dois outros adolescentes, alunos do Ensino Fundamental II – séries finais - EJA, que já estavam auxiliando o aluno não alfabetizado. Assim, apresentei a todos material impresso de um jornal escolar produzido por alunos da EJA de uma escola em João Pessoa/PA, fruto de pesquisa na internet com objetivo de fazer com que os alunos tivessem conhecimento real desse tipo de material. Permiti que olhassem bastante o jornal, conversando e chamando a atenção para detalhes como: capa, disposição e tamanho das letras, figuras, imagens, reportagens, notícias, cores, etc. A seguir, entreguei mais alguns exemplares de jornais da cidade e iniciamos um debate sobre semelhanças e diferenças entre o jornal escolar dos alunos da escola de João Pessoa/PA e os jornais locais. Tanto eu quanto a professora regente fizemos uma mediação entre as comparações, a fim de permitir a participação de todos, bem como não dispensar muito tempo com essa atividade. Assim, retomamos as confecções das reportagens e montagens das seções de nosso jornal, o Correio da 20, orientando e auxiliando os alunos em suas produções. 
No quarto dia de regência, conversei com os alunos sobre entrevistas, questionando o que sabiam sobre o assunto e entreguei a todos cópias xerox de algumas entrevistas realizadas por jornais locais, bem como do jornal escolar trabalhado na aula anterior. Informei a todos que trabalho deste dia era montar um roteiro de entrevista, com perguntas que seriam feitas a nossa convidada: a Defensora Pública, Drª Fabiane, que nos visitaria no segundo bloco para responder às perguntas. Foi uma grande agitação, pois ficaram nervosos, com receio de não saber as perguntas, por isso tranquilizei todos dizendo que ajudaríamos nessa tarefa e que o importante era todos participarem de alguma forma da construção desse roteiro. Iniciei a orientação pedindo que olhassem nos materiais que tinham qual ou quais eram as primeiras perguntas aos entrevistados. Assim, começamos a formular as perguntas com sugestões de todos para a sequência das mesmas. Com algum tempo restando até o final do primeiro bloco da aula, retomei as confecções dos materiais de nosso jornal: revisão dos textos junto aos alunos, continuação dos desenhos e montagens das seções. No início do segundo bloco recebemos a visita da Drª Fabiane para a realização da entrevista. Foi necessário acalmar a turma, pois alguns adolescentes estavam muito falantes, querendo conversar com a Defensora sobre seus processos e assuntos de ordem pessoal, devido a isso, pedi que deixassem esses assuntos para outro momento, pois tínhamos pouco tempo para realizar a entrevista, devido a compromisso posterior da doutora, e também solicitando total silêncio para que pudesse gravar a conversa. Com os alunos mais tranquilos e sentados em um círculo, iniciamos as perguntas à Defensora. Ao final da entrevista,um dos adolescentes fez questão de mostrar a ela o material que estavam produzindo e a Drª Fabiane agradeceu o convite e elogiou todos pelo bom comportamento e dedicação à confecção do jornal Correio da 20, informando que levaria uma cópia do mesmo para conhecimento do Juiz da Vara da Infância e Juventude. Após, despediu-se de todos e retomei o trabalho para a finalização de todas as seções e montagens do jornal com todos os alunos.
No quinto e último dia de regência, iniciei a aula com os alunos sentados em um círculo para a leitura dos textos produzidos por cada um, bem como uma conversa sobre o que aprenderam durante as aulas e as atividades. Permiti que todos se manifestassem, dizendo o que haviam gostado e o que não tinham gostado tanto. Não foi surpresa para mim não ter nenhuma reclamação, pois desde a proposta deste trabalho, a criação de um jornal escolar, todos ficaram muito empolgados, sendo visível a felicidade em realizar todas as tarefas propostas. Assim, falei sobre os próximos passos que seriam realizados a partir desse momento para o envio do material até uma gráfica, explicando sobre o que é a diagramação de um jornal. Mostrei aos alunos como havia ficado o jornal através de cópia impressa de cada seção produzida por eles. Todos olharam com muita atenção e alegria! Algumas sugestões dos alunos para melhoria do jornal, tais como: figuras, desenhos, ou locais para as fotos foram ouvidas e alteradas no computador para que o material ficasse completamente aprovado para o envio à gráfica. A seguir, realizamos mais algumas fotos, fazendo logo após as montagens nas seções. Expliquei aos alunos que, como são adolescentes que cumprem medidas socioeducativas, as fotos não podem ser publicadas sem algum efeito que impossibilite a identificação dos mesmos. Ficaram um pouco tristes, mas mostrei alguns efeitos artísticos que o programa do computador permitia fazer nas fotos e, com a maior votação, foi escolhido o efeito nomeado por eles como avatar, considerando este o melhor. Dessa forma, disse a eles que havia encerrado o meu estágio, sendo essa a última aula com eles e, assim que o material estivesse pronto na gráfica, faríamos a entrega aos demais adolescentes do CASE POA II, bem como às famílias dos alunos que confeccionaram o jornal. Houve uma imensa lamentação dos alunos, todos queriam que eu continuasse a dar aulas e fazer outras coisas boas (SIC) como foi a confecção do jornal escolar. Tranquilizei todos, lembrando-os que trabalho como agente socioeducadora na Ala deles e que, como já havia comentado desde o início, daria continuidade a tarefas que envolvesse o reforço escolar ou a produção de um Jornal Mural na ala para que todos os jovens que ali cumprem suas medidas também pudessem manifestar suas opiniões, através de textos ou desenhos. Assim, concordaram com a ideia e nos despedimos com agradecimentos e muitos abraços!
4 IMPRESSÕES DO ESTÁGIO 
O processo de construção desse estágio: pesquisa, observação, planejamentos e regências, possibilitou-me a ampliação da compreensão sobre os diferentes tipos de conteúdos abordados na prática educativa, bem como a revisão dos procedimentos escolares deste perfil de alunos (adolescentes que cumprem medidas socioeducativas), o seu desenvolvimento e a avaliação. 
A ideia da confecção de um jornal escolar proporciona e favorece a importância da interdisciplinaridade na prática educativa, já que na elaboração desse projeto são distribuídas editorias de outras áreas, além do português, a saber:
Língua Portuguesa – Produção textual de notícias através da leitura e interpretação de vários tipos de reportagens.
Geografia - Localização geográfica, com auxílio de mapas, dos lugares onde aconteceram os fatos citados nas notícias.
História - Identificação do tempo, passado, presente, futuro, ano, dia, hora da notícia.
Matemática - Explorar gráficos, montar palavras cruzadas, elaborar problemas simples de matemática envolvendo os temas presentes nas notícias.
Ciências - Leituras de notícias e reportagens relacionadas ao meio ambiente e animais.
Artes - Representação de uma notícia através de um desenho, elaboração de desenhos, fotos, entre outros sobre as notícias pesquisadas e as que serão redigidas.
 Qualquer produção exige do produtor elaboração e pesquisa, essa sistematização desperta habilidades, resgata a autoestima e participa à comunidade os fatos e trabalhos desenvolvidos na escola pelos alunos, permitindo um sentimento de liberdade de criações textuais próprias. Também é fundamental estipular as regras de convivência, esclarecer os comportamentos esperados, como também envolver os alunos em atividades que abranjam um fazer, uma ação ou a solução de um problema. 
Devido a minha familiaridade às rotinas deste ambiente e vínculo com os adolescentes, pois sou agente socioeducadora desta Ala, pude perceber a importância do algo a mais, da pró-atividade por parte das pessoas que estão envolvidas com esse tipo de trabalho: educar jovens que cumprem medidas socioeducativas. Com a criação deste Jornal Escolar, o Correio da 20, foi possível vivenciar momentos de aproximação do educador com educando, numa troca de experiências, bem como proporcionar momentos de aproximação desenvolvendo diversas disciplinas, numa construção de textos que permeiam esse trabalho, de uma pedagogia voltada para formar cidadãos autônomos e de importância para o meio onde se encontram inseridos.
Do mesmo modo, não se pode avaliar apenas aplicando uma prova ao final de um conteúdo didático, por exemplo, pois a prova pode ser um instrumento para avaliar apenas alguns conteúdos, enquanto o mais importante é analisar e observar toda e qualquer prática pedagógica desenvolvida com os alunos, por meio da interação entre aluno-aluno e aluno-professor, da observação de suas posturas e atitudes, fortalecendo assim o papel do educador como mediador do conhecimento e incentivador da criatividade e da produtividade dos alunos, possibilitando a liberdade de opiniões e criações. 
 
REFERÊNCIAS
AUGUSTO, Agnes. Jornal na sala de aula: leitura e assunto novo todo dia. Revista Nova Escola, São Paulo, n. 324, 2004. Disponível em: <https://novaescola.org.br/conteudo/324/leitura-de-jornal-na-sala-de-aula>. Acesso em 20 mar. 2017.
BRASIL. Estatuto da criança e do adolescente. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Ministério da Educação, Assessoria de Comunicação Social, 2005.
_______. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais – Ensino Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.
Crianças falam sobre jornal escolar. Disponível em <https://youtube/pT8Oh4307F8.html>. Acesso em 20 mar. 2017.
FARIA, Maria Alice. O jornal na sala de aula. São Paulo: Contexto, 1992. 3. ed.
FARIA, Maria Alice, ZANCHETTA, Juvenal Jr. Para ler e fazer o jornal na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2007.
FREINET, Célestin. O jornal escolar. Lisboa: Editorial Estampa, 1974.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
KORCZAK, Janusz. Como amar uma criança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997.
RABAÇA, Carlos Alberto; BARBOSA, Gustavo. Dicionário de comunicação. São Paulo: Ática, 1987.
Trabalhando com o jornal em sala de aula. Disponível em: <http: //amareeducarivanilda.blogspot.com.br/2013/09.html>. Acesso em 19 mar. 2017.

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