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Introdução ao Direito Penal - av2

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1 
 
SEGUNDA CHAMADA – INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL 
AV2 – 13/12/2017 – MARIANNA OLIVA 
 
 DEDUÇÃO/INDUÇÃO – PÁG. 1 
 DIREITO ROMANO – PÁG. 2 
 DIREITO PENAL GERMÂNICO – PÁG. 2 
 DIREITO PENAL CANÔNICO – PÁG. 3 
 DIREITO PENAL COMUM EUROPEU – IDADE MÉDIA – PÁG. 3 
 PERÍODO HUMANITÁRIO (BECCARIA) – PÁG. 4 
 CONCEITO DE ESCOLA PENAL – PÁG. 4 
 PRÉ-CLASSICOS (ROMAGNOSI E FEUERBACH) – PÁG. 5 
 ESCOLA CLÁSSICA (ROSSI, CARMIGNANI E CARRARA) – PÁG. 6 
 ESCOLA POSITIVA (LOMBROSO E FERRI) – PÁG. 7 
 SOCIOLOGIA CRIMINAL DO SÉCULO XIX – PÁG. 10 
 PRINCÍPIO DA LEGALIDADE/RESERVA LEGAL – PÁG. 13 
 PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA – PÁG. 17 
 
DEDUÇÃO 
 
 Raciocínio dedutivo. 
 Racionalismo. 
 Luta argumentativa do estabelecimento de premissas que vão se colocar a 
priori, antes da experiência (Kant). 
 Dedução é A priori – princípios anteriores ao fenômeno – independente da 
experiência – você pode ver o que é verdadeiro sem ter que fazer qualquer 
ciência ou ter que toca-lo, sentido ou vê-lo. 
 Observado como um ambiente de crenças. 
 Raciocínio lógico que se pauta no estabelecimento de uma consequência ou 
conclusão, com base na interação de duas premissas, a maior (no caso a lei ou 
algo de caráter geral) e a menor (no caso o fato ou algo de caráter específico). 
 
INDUÇÃO 
 
 Raciocínio indutivo. 
 Empirismo. 
 Ambiente de experimentação. 
 Se opõe a dedução em determinados sentidos. 
2 
 
 A posteriori – princípios posteriores ao fenômeno – depende da experiência ou 
evidencia empírica – o conhecimento está disposto aos sentidos, o indivíduo 
precisa ver, sentir ou tocar para, a partir desta premissa, começar o raciocínio. 
 
DIREITO PENAL ROMANO 
 
 Vingança -> Talião -> Pena Pública 
 Crimina publica (delito público): crimes que violavam interesses 
coletivos – pena aplicável visava a intimidação/correção/expiação – 
buscando a defesa da sociedade. 
 Delicta privada (delito privado): crimes que violavam interesses 
particulares – pena buscava satisfação da vítima do delito e a reparação 
do dano. Tratados como ilícitos civis. 
 Adotou as penas exterminadoras (morte), mesmo que a pena não fosse 
a morte em si, seriam ações que teriam por resultado o fim da vida 
(trabalho forçado em minas, mutilação etc.). 
 Arrancaram o direito dos deuses e o trouxeram para a terra. 
 
 
 
DIREITO PENAL GERMÂNICO 
 
 Germânicos primitivos: direito=paz, ou seja, aquele que cometia um crime 
perturbava a paz. 
 A ruptura da paz poderia ser pública (quando ofendia toda a comunidade) ou 
privada (quando ofendia apenas uma pessoa ou família). 
 Pública: a pena seria a própria perda da paz, que o colocava fora da 
comunidade jurídica, ficando equiparado aos animais, pois todos tinham o 
direito de mata-lo. 
 Privada: a pena poderia ser executada através da vingança de sangue (Faida) ou 
da composição, determinada de acordo com as partes ou por um magistrado. 
 Punia o agente pelo resultado que este havia causado. 
 Crescente poder do Estado, sendo que a autoridade pública afirma-se e 
substitui a vingança privada (Faida) – nos tempos primitivos, conceder a paz era 
uma faculdade do ofendido -> passa a ser obrigatório e as condições são 
fixadas pelo Juiz-Soberano. 
 Tendência ao restabelecimento da paz através da reparação. 
 
 
3 
 
DIREITO PENAL CANÔNICO 
 
 Direito penal da Igreja. 
 Representou o primeiro passo para a humanização das penas. 
 Inspirou-se em ideias de caridade e compaixão pelos infratores, criando um 
sistema penal mais suave e moderado, buscando a emenda e redenção dos 
criminosos. 
 Penas corporais viraram penas imateriais e a pena de morte virou restrição de 
liberdade (conservando a vida do criminoso, seria possível a sua correção). 
 Delicta eclesiástica: ofendia o direito divino e era punida pela própria Igreja 
através dos tribunais Eclesiásticos 
 Delicta secularia: ofendia o direito dos homens e era punida pela justiça pública 
 Delicta mixta: ofendia ambos e podia ser julgada tanto em uma quanto na 
outra. 
 Exigia um motivo para todo o delito. 
 Uma vez que a pena buscava o arrependimento do reu e a primeira 
manifestação é a confissão do mal realizado, chegou-se à aberração de exigir 
sempre a confissão do acusado, que deveria ser buscada por todos os métodos 
possíveis, inclusive a tortura. 
 Isso levou a justiça penal eclesiástica aos excessos conhecidos e praticados 
durante o período da inquisição 
 
DIREITO PENAL COMUM EUROPEU – IDADE MÉDIA 
 
 Base da legislação europeia vigente durante a Idade Média: Direito Penal 
Romano, Germânico e Canônico. 
 Falta de consistência e estabilidade jurídica. 
 Período de Recepção: o Direito Romano passou a se sobrepor aos demais. 
Destacou-se o trabalho dos glosadores (1100-1250) – comentavam e 
interpretavam os velhos textos imperiais – os professores, após a leitura dos 
textos, o resumiam com uma única frase, a glosa. 
 Pós glosadores (1250-1450) /Práticos/Praxistas: sentido prático de suas obras, 
comentando as obras de maneira pouco sistemática. 
 Quando não se recorria ao Direito Romano como uma lei nacional, o faziam 
como uma lei geral – formou-se então, na Itália, o Direito Comum, 
fundamentado no Corpus Juris, desenvolvendo-se as legislações nacionais. 
 Tudo subordinava ao interesse do Estado e do Soberano. 
 A divisão das sociedades em classes, bem como a variedade de elementos que 
compunham as leis, contribuíam para o arbítrio estatal, para aplicação de 
penas duras e penas de morte -> não impediu o aumento das práticas 
criminosas e a reprovação dos cidadãos em relação a esse modelo de justiça. 
 
4 
 
PERÍODO HUMANITÁRIO 
 
 Censura o modelo do direito penal vigente – apontando abusos e clamando 
pelos direitos do homem. 
 No período Iluminista, os pensadores passaram a adotar a razão como guia das 
atividades humanas, de modo que começaram a questionar e criticar o modelo 
absolutista e seus privilégios -> consequentemente, o modelo de direito penal 
vigente. 
 Críticas em relação ao abuso das penas cruéis e de morte. 
 Cesare Bonesana, Marquês de Beccaria, publicou o livro “Dos delitos e das 
penas”. Nesta obra, ele atacou os abusos da pratica criminal dominante e exigia 
uma reforma radical. 
 A obra de Beccaria: funda-se no contrato social, apontando desde o início que 
as vantagens deste deveriam ser igualmente distribuídas, extinguindo-se os 
privilégios. 
Investe contra: 
O uso das leis em favor de minorias; a falta de proporcionalidade entre os 
crimes e as penas; a falta de clareza das leis (especialmente na consulta do 
espírito da lei); a tortura como método de obtenção de confissão; o costume de 
se pôr a cabeça a prêmio; a pena de morte e as sanções cruéis. 
Defende: 
A moderação das penas; a necessidade da lei estabelecer precisamente os 
indícios que justificariam a prisão do acusado; a descriminalização de alguns 
delitos e a necessidade de prevenção legal dos delitos e das penas (o princípio 
da legalidade, eternizado no brocardo nullum crimen, nulla poena sine lege) 
 A essência de sua obra é a defesa do indivíduo contra as leis e a Justiça 
daqueles tempos, que se notabilizaram, aquelas pelas atrocidades e esta pelo 
arbítrio e servilismo aos fortes e poderosos. 
 Inaugura-se um novo tempo caracterizado pela diminuição progressiva da 
intervenção estatal, com a consequente inversão do papel do Direito Penal que 
fica em defesa do cidadão frente ao Leviatã. 
 
CONCEITO DE ESCOLA PENAL 
 
 Conjunto de adeptos e/ou seguidores de um mestre ou de uma doutrina ou 
sistema -> nem todos a seguem,chamamos a atenção pois foi a que mais teve 
destaque na época em questão. 
 Quando se fala de Escola Penal: todos os autores a ela pertencentes seguem 
uma mesma corrente de pensamento e compreendem de maneira mais ou 
menos uniforme o crime e suas causas, bem como o criminoso e a pena. 
5 
 
 São o corpo orgânico de concepções contrapostas sobre a legitimidade do 
direito de punir, sobre a natureza do delito e sobre o fim das sanções. 
 Surgiu a partir do período humanitário – especialmente a partir de Beccaria. 
 As escolas fazem proposições de como o sistema penal deve funcionar – quais 
deveriam ser as causas do crime, quais seriam as finalidades e o que se deveria 
entender como crime. 
 
PRÉ CLÁSSICOS 
 
 Não houve uma Escola Clássica propriamente dita, entendida como um corpo 
de doutrina comum, relativamente ao direito de punir e aos problemas 
fundamentais apresentados pelo crime e pela sanção penal. É praticamente 
impossível reunir diversos juristas, representantes dessa corrente, que 
pudessem apresentar um conteúdo homogêneo. 
 Há autores anteriores aos clássicos que desenvolveram ideias muito 
importantes para o Direito Penal, mas não seguem uma mesma linha de 
pensamento padronizada ao ponto de podermos qualifica-los como de uma ou 
outra escola. 
 Desenvolveram seus estudos após Beccaria revolucionar o Direito Penal, ou 
seja, todos eles são tributários da nova concepção de Direito Penal inaugurada 
pela obra “Dos delitos e das Penas”. 
 AUTORES: 
 Giandomenico Romagnosi: Foi um jurisconsulto e filósofo italiano. Era um 
jusnaturalista – Direito independente de convenções humanas. Ele negava a 
existência do contrato social. 
Dizia que o direito penal se fundamentava no direito que tem a sociedade de 
defender-se de criminosos -> “A sociedade tem o direito de fazer com que a 
pena siga o delito, com meio necessário para a conservação de seus membros e 
do estado de agregação em que se encontra, já que ela tem pleno e inviolável 
direito a estas coisas”. 
Ele era um utilitarista, somente admitia a imposição da pena caso esta 
cumprisse a sua função = evitar o cometimento de novos delitos por impor 
medo ao futuro criminoso. Assim, para ele, a pena deve olhar tanto para o 
futuro quanto para o passado. 
Na prevenção de novos delitos e, consequentemente, na defesa da sociedade, 
se a pena não é eficaz. Não servirá para a defesa da sociedade e se reduziria a 
um inútil tormento do culpado, sendo assim, seria duplamente injusta. 
 Paul Johann Anselm Ritter von Feuerbach: jurista alemão. Considerado como 
fundador do moderno Direito Penal. Percursor do positivismo penal e primeiro 
dogmático da doutrina jurídico-penal. 
Elaborou a teoria da coação psicológica: via a pena como uma medida 
preventiva. Ele entendia o estado como uma sociedade civil organizada 
6 
 
constitucionalmente mediante a submissão das pessoas a uma vontade 
comum, sendo o seu principal objetivo a criação da condição jurídica, ou seja, a 
existência conjunta dos homens conforme as leis do direito (ele era 
contratualista). Toda forma de lesão jurídica contradiz o objetivo do Estado, 
qual seja: que no Estado não haja nenhuma lesão jurídica. Então, para evitar 
lesões, não é suficiente a coação física (essa só seria eficaz no momento do 
cometimento do crime), devendo o Estado atuar mediante uma coação 
psicológica que seja eficaz em cada caso particular, sem que exija um 
conhecimento prévio da lesão. 
A coação psicológica é a ameaça da pena que impedirá os cidadãos de 
cometerem crimes (lesões jurídicas), pois terão medo da pena. 
Impulso sensual: A concupiscência do homem é o que o impulsiona, na busca 
do prazer, a cometer crimes. Esse impulso pode ser anulado na condição de 
que cada um saiba da consequência de seus atos. 
A função da pena, para Feuerbach, é a intimidação de todos, como possíveis 
protagonistas de lesões jurídicas. 
Ele foi o responsável pela criação do princípio da legalidade dos crimes e das 
penas. 
 
ESCOLAS PENAIS 
 
ESCOLA CLÁSSICA: 
 Expoente máximo: Francesco Carrara -> responsável pela organização e 
sistematização técnica das ideias características dessa escola. 
 PELEGRINO ROSSI: Havia uma ordem moral obrigatória para todos os seres 
livres e inteligentes, da qual deriva a ordem social (também obrigatória), fonte 
de todos os direitos e deveres que são inerentes à vida social do homem. 
A violação desses deveres sociais/morais = práticas criminosas. 
A pena tem a função de restabelecer o equilíbrio da paz social/moral abalada 
pelo crime. 
Para ele, o crime tem um caráter puramente moral e a pena nada mais é que a 
retribuição do mal causado pelo infrator. 
Admitindo a função intimidatória e de correção apenas de maneira secundária. 
O crime tem um fundamento puramente moral. 
 GIOVANNI CARMIGNANI: O direito de castigar tem fundamento na 
necessidade política de manter-se a paz social. 
Defendeu que a pena tem como função evitar delitos futuros, adotando uma 
concepção utilitarista. 
 FRANCESCO CARRARA: Partiu da concepção puramente jusnaturalista. O crime 
deve ser entendido como um “ente jurídico” = para ser considerada criminosa, 
a ação deve consistir na violência de um direito -> essa violação deve ser 
perpetrada por uma vontade inteligente e livre -> a materialização de um crime 
7 
 
depende de uma lesão ou ameaça de lesão ao direito de outrem e que essa 
tenha sido praticada por alguém que entende o que faz e é capaz de controlar 
suas vontades. 
Só pode ser responsabilizado por um crime aquele que é moralmente 
imputável. 
Principal característica do seu pensamento: o livre arbítrio -> inerente a todos 
os homens, pois se Deus os tivesse feito de outra forma, os tornaria 
insuscetíveis de méritos ou deméritos. 
Livre arbítrio = dogma, pressuposto da existência humana e da ciência criminal, 
que sem ele não existiria. 
O delinquente tem liberdade para escolher entre praticar ou não a conduta 
criminosa, independentemente de qualquer pressão exercida pelo mundo 
exterior a ele. 
Delito = infração da lei do Estado, promulgada para proteger a segurança dos 
cidadãos, resultante de um ato externo do homem, positivo ou negativo, 
moralmente imputável e politicamente danoso. 
Adota uma concepção retributiva – a pena deve buscar a justiça e a defesa da 
humanidade. 
 Características essenciais da Escola Clássica: 
 O crime é um ente jurídico, trata-se de uma infração e não uma ação, pois sua 
essência constitui, necessariamente, na violação de um direito. 
 O livre arbítrio é condição fundamental da punibilidade, ou seja, os homens 
moralmente sãos nascem livres e a prática do crime deriva da escolha moral de 
cada um, independentemente dos fatores externos. 
 A pena visa uma tutela jurídica através da retribuição ao criminoso do mal por 
ele praticado 
 Se o crime é um ente jurídico, uma infração, a pena só pode buscar 
reequilibrar, tutelar o ordenamento jurídico, devolvendo ao criminoso o mal 
por ele praticado. 
 Método dedutivo de lógica abstrata. 
 Objeto: o crime como entidade jurídica. 
 
ESCOLA POSITIVA 
 
 Fruto do positivismo do final do século XIX -> Período Científico 
 Núcleo de renovação: a consideração do homem na sua realidade naturalista -> 
ser vivente inserido no seu meio e suscetível a todas as condições 
antropológicas, biológicas e sociais. 
 O crime passa a ser um episódio de desajustamento social ou psicológico, 
dependente das forças exteriores e interiores que atuam no sujeito e 
determinam a prática da conduta criminosa. 
8 
 
 Determinismo – o crime é um problema social dependente da periculosidade 
das pessoas, queé determinada tanto por fatores internos (psicológicos e 
genéticos) como externos (meio ambiente, relações sociais etc.). 
 Voltou a atenção para a figura do delinquente – estuda o criminoso para que se 
diagnostique quais foram as características pessoais ou fatores externos que 
determinaram a prática do crime. 
 Método indutivo e de observação dos fatos. 
 Objeto: o delinquente como pessoa, revelando-se mais ou menos socialmente 
perigosa pelo delito praticado. 
 A pena tem caráter utilitário: instrumento de defesa da sociedade perante os 
criminosos. 
 O fundamento da pena: a personalidade do criminoso, principalmente sua 
periculosidade. 
 Se o delinquente é visto como uma patologia social, como algo danoso à 
sociedade, a pena deve ser o remédio contra esse mal, afastando do corpo 
social enquanto durar a sua periculosidade. 
 Surge com eles o conceito indeterminado de pena = hoje em dia se chama de 
Medida de Segurança. 
 CESARE LOMBROSO: inaugurou a Antropologia Criminal (centro dos estudos = 
o homem delinquente) -> finalidade: investigação da constituição orgânica e 
psíquica do delinquente, assim como o conhecimento de sua vida social, na 
tentativa de descobrir as causas que o levaram à prática do crime. 
Ele analisou os soldados do exército italiano, de modo que os bons tinham o 
corpo “limpo” e os maus tinham o corpo coberto com tatuagens, normalmente 
com desenhos obscenos. 
Sua principal ideia foi a do “criminoso nato”: alguns homens, por uma herança 
genética, nascem criminosos. Esses criminosos congênitos representam uma 
regressão ao homem selvagem, tanto do ponto de vista biológico quanto do 
psicológico. 
Criminoso nato – características físicas: cabeça sui generis (assimetria 
craniana). Fronte baixa e fugidia, orelhas em forma de asa, lóbulos occipitais e 
arcadas superciliares salientes, maxilares proeminentes, face longa e larga, 
apesar do crânio pequeno, cabelos abundantes, barba escassa e rosto pálido. 
 
Ele teria uma insensibilidade física e psíquica, com um embotamento da 
sensação de dor (analgesia), motivo pelo qual eram muito inclinados a 
tatuagens, e do senso moral. Teria também anomalias fisiológicas, tais como 
preferência da mão esquerda ou de ambas, além de uma grande resistência aos 
9 
 
golpes e ferimentos graves e mortais, dos quais prontamente se restabelecia. 
Seu olhar seria duro e cruel, e seu sorriso, cínico. 
Ele afirmava que o criminoso nato era uma subespécie do homem comum, 
acreditando que de acordo com suas características antropomórficas, seria 
possível dizer quem estaria mais inclinado para cometer certos crimes. 
Ele não afirmou que o criminoso nato estava destinado à vida criminosa, pois 
além dos fatores internos, haviam os externos, ou seja, a ocasião (para fazer o 
ladrão ou qualquer que seja seu crime). 
A etiologia do crime dependia também da “Loucura Moral”: a pessoa 
apresentava características físicas normais e inteligência íntegra, mas sofria de 
uma falta de senso moral. O louco moral é perigoso pelo seu egoísmo, pois é 
capaz de causar um morticínio pelo mais ínfimo dos motivos. 
Admitiu que haveria uma terceira causa para o fenômeno criminoso: a 
epilepsia (por conta de um episódio ocorrido em um quartel, em que um 
soldado epilético praticou um atentado contra um oficial). 
Nenhuma dessas teorias foi cientificamente comprovada. Mas, na sua época, 
tais ideias revolucionaram o estudo das Ciências Criminais e a própria 
compreensão do delito -> colocaram no centro de seus estudos a pessoa. 
 ENRICO FERRI: Considerado como o mais importante representante da Escola 
Positiva -> criação da Sociologia Criminal (1880) com a publicação de seu 
primeiro livro. 
Defendia a inexistência do livre arbítrio -> o crime tinha por origem fatores 
antropológicos, sociais e físicos. 
Pregou a responsabilidade social em substituição à moral -> o homem só é 
responsável porque vive em sociedade. 
Acreditava que a pena tinha dupla finalidade: punir e ressocializar -> “O Estado 
deve fazer trabalho diário de prevenção da criminalidade, insistindo eu sobre a 
distinção entre a prevenção indireta ou remota (eliminação ou atenuação das 
causas da delinquência) e prevenção direta ou próxima (polícia de segurança): 
aquela muitíssimo mais eficaz e útil do que esta”. 
Todo sujeito que comete um crime é responsável (responsabilidade legal) e 
deve ser objeto de uma reação social (sanção) correspondente a sua 
periculosidade. Como os delinquentes são de diversos tipos, a reação social 
defensiva deverá atuar de diversos modos. 
Deu mais importância a prevenção, do que a defesa social como função da 
pena -> sugeriu medidas chamadas de “substitutivos penais” – consistem em 
reformas práticas de ordem educativa, familiar, econômica, administrativa, 
política e também jurídica, destinadas a modificas as condições dos 
delinquentes. 
Fracassadas as tentativas de prevenir o crime (cometido o crime pelo 
delinquente), a pena, como ultima ratio de defesa social repressiva, deveria 
não só fixar na gravidade objetiva e jurídica, mas adaptar-se a personalidade 
mais ou menos perigosa do delinquente. 
10 
 
A mais importante de todas as classificações de criminosos: nato, louco, 
passional, ocasional e habitual. 
Nato: pessoa que já nasce inclinada às práticas criminosas. Caracteriza-se pela 
vontade anormal -> pela impulsividade dessa vontade -> que em virtude da 
debilidade de que é portador, não consegue inibir, passando precipitadamente 
da ideia do crime à sua execução, pelos motivos mais ínfimos e 
desproporcionados à gravidade do delito -> falta ou debilidade no sendo moral, 
que nos homens normais é a maior força de repulsão ao delito. 
Louco: aquele que por alienação mental pratica atos nocivos à sociedade. É 
levado ao crime pela enfermidade mental e pela atrofia do senso moral. 
Habitual: indivíduo que – nascido ou crescido num ambiente de miséria 
material e moral, especialmente nos meios urbanos, com taras hereditárias, 
somáticas e psíquicas – começa com leves faltas (mendicidade, vagabundagem, 
furto simples etc.) depois – pela influência das prisões, pelo futuro da pena com 
a má companhia dos delinquentes, pela dificuldade de encontrar um trabalho 
regular e pela improvidente ação da polícia empírica – recai obstinadamente no 
crime. 
Ocasional: anomalias biopsíquicas congênitas ou adquiridas -> uma qualquer 
predisposição ou insuficiente repulsão orgânica ou psíquica ao delito. Deve a 
atividade criminosa, que raramente se repete, uma forte influência de 
circunstancias de ambiente, sem as quais sua personalidade não teria suficiente 
e impelente iniciativa criminosa. Caracteriza-se pela irreflexão e imprevidência 
com fraqueza de vontade. É maior a readaptabilidade social. 50% dos 
criminosos são ocasionais -> a prevenção e readaptação deve ser utilizada no 
sentido de reduzir a delinquência. 
Passional: movido por uma paixão social. Personalidade + sintomas psíquicos 
da idade do jovem + motivo proporcionado + execução em estado de comoção 
+ ar livre + sem cúmplices + espontânea apresentação à autoridade policial + 
remorso sincero do mal feito (frequentemente se exprime com o imediato 
suicídio ou sua tentativa). Menor grau de periculosidade e maior grau de 
readaptabilidade social. 
 
SOCIOLOGIA CRIMINAL 
 
SÉCULO XIX 
 Abordagem do crime que propunham como um fenômeno coletivo -> sujeito às 
leis do determinismo sociológico -> previsível. 
 Sociedade seria a causadora do criminoso -> conteria em si os germes do crime 
-> o criminoso seria um instrumento, um mero executor. 
 Fatores sociológicos: miséria, ambiente moral, educação e família -> 
determinariam oscomportamentos sociais -> determinariam o crime. 
11 
 
 Durkheim: qualificava o crime como fato social, dentro da normalidade (saúde 
social), principalmente em virtude da sua generalidade. 
 Mesmo que a consciência coletiva fosse forte suficiente para impedir a 
manifestação de um caráter criminoso, reagiria de forma energética contra 
qualquer pequeno desvio, mesmo que insignificante, caracterizando-o como 
criminoso. 
 O crime é necessário – está ligado às condições fundamentais de qualquer vida 
social e, precisamente por isso, é útil – estas condições a que está ligado são 
indispensáveis para a evolução normal da moral e do direito. 
 Durkheim e Marx: Antinomia conflito-consenso: consenso (a convivência 
harmoniosa é alcançada quando suas instituições funcionam perfeitamente, 
quando as pessoas buscam objetivos comuns e aceitam respeitar as normas 
vigentes), conflito (a ordem e a coesão sociais são impositivas, caracterizando 
meios de coerção e dominação de uns e sujeição e opressão de outros, as 
pessoas não compartilham interesses em comum e o controle social se presta a 
assegurar a prevalência de uns sobre os demais). 
CRIMINOLOGIA SOCIALISTA 
 Marx e Engels – principais autores 
 Explicava o crime com base na natureza da sociedade capitalista, na iniquidade 
da sociedade burguesa, na miséria, na cobiça e na ambição como molas 
propulsoras do crime. 
 O fim do capitalismo, com a instalação do socialismo e seus ideais, traria o fim 
das mazelas sociais e a educação acabaria por eliminar o crime da sociedade. 
SÉCULO XX 
 Escola de Criminologia Americana -> Sociologia criminal americana do século 
XX. 
 Deriva da Sociologia Criminal (século XIX) -> Durkheim: o crime representa um 
fato social, uma forma normal de adaptação individual ou coletiva à estrutura 
social e cultural. As mesmas leis de funcionamento do sistema social originam o 
comportamento conforme o sistema e o comportamento desviante, criminoso, 
contrário ao sistema social. O próprio crime representa a persecução das metas 
de sucesso material e status social do sistema. 
 Cresce o bem-estar social na mesma medida da criminalidade -> 
desenvolvendo e mobilizando recursos contra o crime. 
 ESCOLA DE CHICAGO: primeira a romper com qualquer concepção etiológica do 
delinquente (não acredita mais que há um homem delinquente). Busca 
compreender as circunstancias sociais que levam as pessoas à criminalidade. 
Adota o método empírico. 
Preocupava-se com a prevenção do crime na perspectiva de um produto social 
passível de interferência. 
Nas décadas de 20 e 30, as teorias ecológicas (ou desorganização social) 
dominaram a criminologia americana. Partiam do pressuposto do crime como 
um fenômeno ligado a uma área natural da cidade. 
12 
 
Depois, surgiu a teoria culturalista -> formação da personalidade como um 
processo de socialização, ou seja, de interiorização de padrões culturais, à custa 
dos instintos individuais. A urbanização criou o contraste entre os guetos e as 
áreas residenciais dos colarinhos brancos, pondo em causa a importância do 
acesso à cultura. 
Surge a teoria da anomia de Robert Merton que explica o crime com base na 
defasagem existente entre a estrutura cultural (impõe às pessoas a persecução 
dos mesmos fins e prescreve para todos os mesmos meios legítimos) e a 
estrutura social (reparte desigualmente as possibilidades de acesso aos meios 
legítimos e induz a utilização de meios ilegítimos). A anomia é a diferença entre 
aquilo que é culturalmente prescrito/exigido pela sociedade e os caminhos 
socialmente estruturados para realizar tais prescrições. A criminalidade decorre 
da anomia, não tendo como alcançar a estrutura cultural por vias lícitas, o 
sujeito opta pela via ilícita -> essa teoria explica porque membros das classes 
menos favorecidas cometem mais crimes. 
 Teoria do White-collar crime – Edwin Sutherland: invalidou a tradicional visão 
acadêmica de que o crime seria exclusivo das classes sociais mais baixas. 
Tornou evidente que o progresso da criminologia exigiria a ampliação do 
número das variáveis relacionadas para verificação das causas do crime. 
O crime era apreendido através da associação diferencial -> pessoas das classes 
altas se associavam a outras pessoas da classe alta e aprendiam com elas os 
comportamentos criminais típicos dessa classe e as pessoas de classes baixas 
(blue collars) associavam-se a pessoas de classe baixa e também aprendiam 
comportamentos típicos. 
Conclusões decorrentes da sua investigação sobre os crimes econômicos 
sistematizadas por Salo de Carvalho: 
1. A criminalidade de colarinho branco é criminalidade real, pois implica 
violação da lei penal. 
2. A criminalidade de colarinho branco difere da criminalidade das classes 
mais baixas em razão da diferente incidência da lei penal, sobretudo 
pela forma de punição; penal-carcerária nestes, civil ou administrativa 
naquelas. 
3. As teorias criminológicas que sustentam que o crime é gerado pela 
pobreza ou por condições patológicas psíquicas ou sociais a ela 
associadas, são invalidadas: primeiro porque se baseiam em amostras 
tendenciosas em relação ao status socioeconômico, segundo porque 
não são validas para os crimes de colarinho branco e terceiro porque 
não explique os crimes da classe baixa pois os fatores-causais não se 
aplicam aos processos característicos de toda a criminalidade. 
4. É necessária teoria criminológica que explique ambos os 
comportamentos ilícitos, ou seja, os crimes da classe baixa e os crimes 
de colarinho branco. 
5. A hipótese mais adequada seria a teoria da associação diferencial e da 
desorganização social. 
13 
 
Causadores do crime: a miséria, o desemprego, as famílias desfeitas. 
 TEORIA DO LABELING APPROACH: o comportamento desviante é o resultado de 
uma reação social, ou seja, uma qualificação dada pelo sistema de controle 
social. O delinquente distingue-se do homem normal pela estigmatização que 
sofre. 
O objeto principal de estudos do labeling são as instancias de reação e controle 
da sociedade, que qualificam e etiquetam os comportamentos individuais e dos 
grupos sociais. 
A influência do interacionismo simbólico manifesta-se na rejeição do 
determinismo e dos modelos estruturais e estáticos, tanto para a abordagem 
dos comportamentos, como para a compreensão da própria identidade 
individual, que é vista como algo que vai sendo formado ao longo do processo 
de interação entre o sujeito e a sociedade. 
Inovação operada pelo labeling approach: estudo criminológico da reação 
social ao crime. As instancias de controle social passam a ser colocadas dentro 
dos objetos da criminologia. O interacionismo privilegia o modo pelo qual a 
sociedade responde ao crime e por que o faz. 
Processo dinâmico de descriminalização e neocriminalização (o que a sociedade 
decide ser conduta criminosa e o que não considera como comportamento 
criminoso) = seleção qualitativa. 
H. Becker: a conduta desviante é originada pela sociedade, ou seja, os grupos 
sociais criam a desviação por meio do estabelecimento de regras cuja infração 
constitui a desviação e por aplicação dessas regras a pessoas especificas é que 
são rotulados os “outsiders”. A desviação, portanto, é uma consequência da 
aplicação pelos outros das regras e sanções ao ofensor, logo, o desviante é 
alguém a quem o rotulo social de criminoso foi aplicado com sucesso e as 
condutas desviantes são aquelas que as pessoas de uma determinada 
comunidade aplicam como rotulo àquele que comete um ato determinado. 
Tornar-se transgressor -> processo transformativo. 
A partir do Labeling Approach que se indaga o porquê de algumas pessoas 
seremrotuladas e tratadas como criminosas e quais as consequências desse 
tratamento e a fonte de legitimidade das reações sociais e estatais. 
 
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE/RESERVA LEGAL 
 
 “Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação 
legal” -> Feuerbach. 
 A pena só terá qualquer efeito psicológico quando se conhece o que proíbe 
(previsão da conduta não permitida), bem como se conhece a coação (pena). 
 Nulla poena sine lege: para se aplicar uma pena, deve existir previamente uma 
lei penal. 
14 
 
 Nulla poena sine crimine: uma pena só poderá incidir sobre uma ação 
criminosa. 
 Nullum crimen sine poena legali: a ação criminosa legalmente cominada está 
condicionada pela pena legal. 
 Se retira da Magna Carta inglesa o princípio para aplicação em matéria penal -> 
nenhum homem livre será detido, preso ou perderá suas posses, ou proscrito, 
ou morto de qualquer forma; nem poderá ser condenado, nem poderá ser 
submetido a prisão, senão pelo julgamento de seus iguais ou pelas leis do país”. 
 Adquiriu importância com a Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do 
Cidadão. O princípio da legalidade se transformou em um símbolo da garantia 
individual contra o arbítrio estatal. 
 Atualmente, esse princípio é uma exigência básica de todo e qualquer Estado 
Democrático de Direito, já que por razoes de segurança jurídica, a lei penal 
deve ser uma garantia para o cidadão. 
 Günther Jakobs: a vinculação à lei deve garantir objetividade -> o 
comportamento punível e a medida da pena não devem ser definidos sob 
efeito de fatos ocorridos, mas ainda não julgados antecipadamente e de forma 
geralmente válida, mais precisamente por uma lei promulgada e definida 
anteriormente ao fato. 
 Luigi Ferrajoli: diz que enquanto o princípio da mera legalidade se limita a exigir 
a lei como condição necessária da pena e do delito, o princípio da legalidade 
estrita exige todas as demais garantias com condições necessárias da própria 
legalidade penal. Devido ao primeiro princípio, a lei é condicionante, devido ao 
segundo, condicionada. 
A mera legalidade da forma e da fonte é condição da vigência ou existência das 
leis que preveem os crimes e as penas, qualquer que seja o seu conteúdo. Por 
exemplo: dirigida ao juiz. 
A legalidade estrita é uma condição de validade ou de legitimidade das leis 
vigentes. Por exemplo: dirigida ao legislador. Ele é proposto como uma técnica 
legislativa específica, dirigida a excluir, conquanto arbitrárias e discriminatórias, 
as convenções penais referidas diretamente a pessoas, sendo assim, com 
caráter constitutivo daquilo que é punível. Só admite normas regulamentares 
do desvio punível: só admitem regras de comportamento que estabelecem 
uma proibição, ou seja, uma modalidade deôntica, cujo conteúdo não pode ser 
mais do que uma ação. 
A lei não pode qualificar como penalmente relevante qualquer hipótese 
indeterminada de desvio, somente comportamentos empíricos determinados, 
identificados exatamente como tais e, por sua vez, aditados à culpabilidade de 
um sujeito. 
Toda pessoa tem o direito de saber não só aquilo que pode fazer, mas também 
o que não pode, bem como as consequências. 
Representa uma limitação formal (somente a lei em sentido estrito, derivada 
do Poder Legislativo, poderá definir crimes e contravenções, bem como 
majorar as penas ou de qualquer forma aumentar o rigor punitivo do Estado, 
15 
 
limitando a liberdade do cidadão) e, ao mesmo tempo, uma limitação material 
do Estado (decorre do próprio Estado Democrático de Direito – o poder emana 
do povo – toda atividade repressiva deve derivar da vontade popular e ser 
exercida em seus limites). 
Esse princípio tem um valor absoluto e não admite qualquer exceção ou 
flexibilização, em prejuízo do indivíduo. 
Garantias individuais decorrentes do princípio da legalidade: 
1. Criminal – Nullum crimen sine lege: somente a lei, elaborada na forma 
constitucionalmente prevista, é que pode criar crimes. Tem caráter 
absoluto, somente o Poder Legislativo pode criar normas de caráter 
penal. Ela impede o acesso do Poder Executivo e Judiciário à função de 
criar normas penais. 
2. Penal – Nulla poena sine lege: garantia de que o cidadão não receberá 
penas que não foram determinadas pela lei. Visa limitar a atuação do 
Poder Judiciário, impedindo que os juízes fixem penas arbitrárias, 
indeterminadas ou que alterem os marcos penalógicos estabelecidos 
por lei. 
3. Jurisdicional – Nemo damnetur nisi per legale iudicium: nenhum 
cidadão poderá ser processado e condenado senão por um juiz ou 
Tribunal competente. É uma consequência da tripartição dos poderes. 
4. Execução: não basta que a lei preveja a pena, mas também como ela 
será executada/cumprida pelo sentenciado. O cidadão sentenciado não 
perde, em momento algum, a sua humanidade. 
EFEITOS DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE – PRINCÍPIOS DERIVADOS – SUBPRINCÍPIOS 
 Princípio da legalidade: exigência de a lei que cria crimes, para que possa ter 
aplicabilidade e eficácia, seja anterior ao fato praticado. Assim, a lei posterior 
ao fato não retroagirá para alcançar os fatos passados, salvo quando for para 
melhorar a situação do acusado -> descriminalizar condutas, reduzir penas ou 
criar benefícios. Ou seja, exige uma lei anterior (lex praevia) ao fato, derivam 
outras consequências e efeitos, as quais nos referimos como subprincípios: 
 Princípio da irretroatividade da lei penal: a lei não pode retroagir, salvo para 
beneficiar o acusado, restringe-se às normas de caráter penal. O princípio da 
irretroatividade penal proíbe que, uma vez determinada por Lei como conduta 
ilícita, os efeitos penais, incriminantes e condenatórios dessa Lei retroajam 
anteriormente à vigência dessa. Assim sendo, a prática de uma conduta 
delituosa punível se praticada após a vigência da Lei que a proscreve. Por 
conseguinte, toda prática dessa conduta antes da vigência torna-se intocável 
pelo Direito Penal, seguindo lícita e não punindo seu autor. O efeito ex tunc é 
vedado in malam partem, isto é, para punir. 
 Princípio da retroatividade da lei penal: determina que os efeitos benéficos e 
favoráveis de uma lei penal retroagem ilimitadamente e indiscriminadamente 
para todos os fatos anteriores à sua entrada em vigência. 
16 
 
Por se tratar de um efeito benéfico, ele interage ex-tunc, e, qualquer pessoa 
que já tenha, de alguma forma, sendo punida pela prática da conduta quando 
ela ainda era ilícita, passa, instantâneamente, com a vigência da Lei benéfica, a 
ser tratado como se sua conduta, à época da realização e condenação, já não 
fossem ilegais, mesmo para quem cumpre pena, ou mesmo, já a cumpriu 
anteriormente. 
Assim, por exemplo, se um condenado cumpre pena por determinada conduta 
em Regime mais severo, advindo e entrando em vigência Lei que determine 
para aquela mesma conduta Regime mais brando, é imediato o Direito do 
condenado à mudança pro Regime mais brando, como se esse fosse o regime 
previsto para sua infração na época de sua prática, ainda que o processo e a Lei 
que tenham definidos seu regime inicial estivessem corretos pra época. O 
efeito mais agudo possível proporcionado por esse princípio ocorre o Abolitio 
criminis, isto é, quando determinada conduta deixa de ser considerada Infração 
penal . Nesse caso, A conduta não deixa de ser considerada ilícita e impunível 
apenas a partir daquele instante, mas sim, desde sempre. Na prática, a partir 
daquele instante, considera-se que a conduta nunca foi ilícita. Assim sendo, 
uma pessoa sendo processada, já condenada, cumprindo pena ou até mesmo, 
já tendo terminado de cumprir a pena a ele imposta por sua conduta, até entãodelituosa, passa instantaneamente a ser inocente, com todos os efeitos 
processuais e penais possíveis. 
Toda vez que um Tipo penal é revogado, se opera a Retroatividade Benéfica, de 
forma ilimitada e irrestrita ao passado. 
O Princípio da Retroatividade Benéfica Penal surge a partir do vácuo permissivo 
criado pelo Princípio da Irretroatividade Penal, uma vez que a Lei proíbe apenas 
que efeitos negativos retroajam. Como não são mencionados os efeitos 
positivos e benéficos na proibição de retroagir, se entende que a Retratividade 
é permitida desde que benéfica. Há que se entender também que, apesar da 
letra da Lei definir apenas que "OS CRIMES" não podem retroagir, a Doutrina, 
os Juristas e a Jurisprudência sempre entenderam pacificamente que, o 
Legislador se referia a todas as Infrações Penais, uma vez que, não faz sentido 
que as Contravenções, menos graves e danosas que os Crimes, tenham 
tratamento mais duro que estes. Trata-se, portanto, de equívoco de definição 
técnica por parte do Legislador ao escrever a Lei. 
 PRINCÍPIO DA ULTRATIVIDADE PENAL: guarda relação estreita com os 
princípios constitucionais da reserva legal (legalidade)[1] e da anterioridade da 
lei penal[2], sendo normalmente estudada quando se aborda o âmbito temporal 
de atuação das normas jurídicas, ganhando especial relevância no Direito 
Penal. 
Diz-se que uma lei é ultrativa quando é aplicada posteriormente ao fim de sua 
vigência (vide revogação). Exemplo disso também ocorre no Direito das 
sucessões e nos contratos. 
No Direito Penal, quando uma lei posterior pune mais gravemente ou 
severamente um fato criminoso (lex gravior ou lex severior), revogando de 
17 
 
forma expressa a lei anterior que o punia mais brandamente (lex mitior), 
prevalecerá a lei mais benéfica[3]. Deste modo diz-se que a lei anterior é 
ultrativa, mas somente para os fatos ocorridos durante sua vigência. Do 
contrário, se a lei anterior for a mais gravosa, ela não será ultrativa, ao 
contrário, a lei posterior é que retroagirá. 
Da mesma forma, as leis temporárias e as excepcionais[4] são ultrativas, pois 
aplicam-se aos fatos ocorridos durante a sua vigência, mesmo após auto-
revogadas. 
Na lei penal em branco, se a norma complementar (ato normativo, instrução 
normativa, decreto, regulamento etc, que complementa a lei a penal) for 
revogada, o crime não desaparece, pois a lei penal ainda existe, embora falte-
lhe um complemento. Por analogia com as leis temporárias e as excepcionais, 
se a norma complementar estiver ligada a uma crcunstância excepcional ou 
temporal, isto é, se estiver apenas complementando ou aperfeiçoando a lei 
penal, ela não será ultrativa. Exemplo: é ultrativa a norma revogada que definia 
tabela de preços, complementando a lei penal que definia crimes contra a 
economia popular, mas não é ultrativa a norma revogada que deixa de 
considerar moléstia contagiosa uma dada doença, removendo-a do rol de 
doenças contagiosas. Rol este que completava a lei penal que incriminava 
quem omitisse notificação de doença contagiosa. 
 
PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA 
 
 Típico princípio liberal -> resultado do movimento social de ascensão da 
burguesia, que reagia contra o absolutismo e toda sua arbitrariedade, 
contestando as instituições do Antigo Regime. 
 O Direito Penal é a forma mais grave e violenta de intervenção do Estado na 
vida do cidadão pois retira dele a liberdade. 
 Relaciona-se com a ideia de bem jurídico – Com o comprometimento da tutela 
penal com a proteção de bens jurídicos, ocorreu que o princípio da ultima ratio 
ganhou vida. 
 O direito penal só deverá ser utilizado naquelas situações em que for 
estritamente necessário para a proteção dos bens jurídicos. 
 O Direito Penal só deve preocupar-se com os bens mais importantes e 
necessários à vida em sociedade. 
 Conforme leciona Muñoz Conde: "O poder punitivo do Estado deve estar 
regido e limitado pelo princípio da intervenção mínima. Com isto, quero dizer 
que o Direito Penal somente deve intervir nos casos de ataques muito graves 
aos bens jurídicos mais importantes. As perturbações mais leves do 
ordenamento jurídico são objeto de outros ramos do direito". (Muñoz Conde, 
Francisco. Introducción al derecho penal, p. 59-60). 
18 
 
 Desta feita, podemos entender que de acordo com o princípio da intervenção 
mínima o direito penal deve intervir o menos possível na vida em sociedade, 
somente entrando em ação quando, comprovadamente, os demais ramos do 
direito não forem capazes de proteger aqueles bens considerados de maior 
importância. 
 
QUESTÃO DE PROVA: 
1. Relacione a esquerda punitiva e a perspectiva vinculada por Beccaria no livro 
dos delitos e das penas: 
Beccaria disse, por exemplo, que o feminicídio não vai ser um crime comum e 
sim um crime qualificado, assim, vou tornar a pena maior. Isso significa que a 
nossa esquerda punitiva se vale desse mecanismo/argumento contra o qual 
Beccaria se insurgia, onde a esquerda diz que quer truculência, ir em defesa do 
meu interesse, seja o combate a homofobia, ao racismo ou qualquer bandeira a 
partir de valer-se de mecanismos penais, onde quero leis mais severas. Logo, se 
vincula no ideário que acredita que leis mais severas vão ameaçar melhor a 
sociedade. Em contraposição, no ano de 1764, Beccaria diz que as penas mais 
severas não vão ameaçar os indivíduos, o que ameaçaria é a certeza da 
reprovação penal, ou seja, a certeza de que estes seriam alcançados pelo 
sistema penal, ainda que passem uma semana, um mês ou um ano preso. Por 
isso que Luigi Ferrajoli propõe os 10 anos limítrofes, revistando Beccaria 
quando este diz que crime não é pecado.

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