Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
NUTRIÇÃO ANIMAL DIGESTIBILIDADE - Avaliação Qualitativa dos Alimentos - 1. INTRODUÇÃO A análise proximal, ou de Weende, fornece a composição dos alimentos quanto a proteína, gordura e carboidratos; outras análises podem fornecer a composição em minerais e vitaminas, entretanto, somente experimentos com animais podem realmente fornecer o valor nutritivo dos alimentos. Isto, porque esses nutrientes encontram-se nos alimentos sob várias formas químicas ou protegidos, não sendo completamente disponíveis para os animais. 2. OBJETIVO A digestibilidade de um alimento é dependente de fatores inerentes ao alimento (intrínsecos) e inerentes ao animal (extrínsecos). Em um alimento, os nutrientes tem digestibilidades diferentes entre eles, e um mesmo nutriente pode ter digestibilidade completamente diferente para duas espécies animais. Visa fornecer subsídios para a determinação da qualidade dos alimentos que vão ser utilizados, em termos quantitativos e qualitativos, pela medição do grau de eficiência da digestão e da absorção dos alimentos. 3. COEFICIENTE DE DIGESTIBILIDADE Consiste na percentagem dos alimentos ingeridos, que foram digeridos pelos animais. Pode ser determinado: "In vivo": com o uso de gaiolas metabólicas ou baterias com bandejas para a colheita de fezes e urina. Convencional = permite determinar a proporção do nutriente do alimento que pode ser absorvido no trato gastrointestinal. É medido pela taxa de recuperação do nutriente nas fezes. O animal recebe o alimento em quantidade conhecida. Pesa-se a quantidade de fezes. Verifica-se a diferença: alimento – fezes. * Período de adaptação: 4 a 10 dias; * Período de colheita: 4 a 10 dias. Digestibilidade aparente (%) = (Nutriente ingerido – nutriente excretado fezes) × 100 Nutriente ingerido "In vitro": Método exclusivo para forragens. A técnica consiste em se deixar amostras de forrageiras em contato com o conteúdo (líquido) ruminal (inóculo) e saliva artificial, no interior de um tubo de ensaio, onde se tentam reproduzir as condições predominantes no rúmen-retículo (presença de microrganismos – enzimas sintéticas, anaerobiose, temperatura a 39 a 41O C, poder tampão e pH de 6,9), visando simular o que ocorre “in vivo”, durante 24 a 48 horas de fermentação. Falhas do método: erros ao acaso; erros de vício de estimativa; A própria digestibilidade “in vivo” não é um caráter exclusivo da planta, mas varia com as características do animal, tais como: idade, estado de nutrição e nível de alimentação. - "In situ" ou "Sacos de nylon": determinado pela digestão de alimentos ( que se deseja analisar) colocados em sacos de nylon introduzidos no rúmen através de uma fístula e medidos em diferentes tempos de permanência (0, 6, 12, 24, .., 96 horas). A digestibilidade é calculada por diferença de peso. - Nutrientes digestíveis totais (NDT): é a relação dos principais nutrientes medidos em animais mantidos em gaiolas de metabolismo ("in vivo"), e determinado pela fórmula: NDT = ENND + PBD + FBD + 2,25 EED Onde: ENND = Extratos não nitrogenados digestíveis PBD = Proteína bruta digestível FBD = Fibra bruta digestível EED = Extrato etéreo digestível O NDT de um mesmo alimento pode sofrer modificações, dependendo da espécie. A grande vantagem do sistema de NDT é a determinação em valores de % ou Kg. É bem mais fácil explicar ao produtor nestas unidades que em termos de calorias. Torna-se claro que o NDT é uma medida de predição e também apresenta falhas (não leva em conta as perdas pelo calor da fermentação nem o valor associativo dos alimentos). A determinação de NDT envolve análises químicas e ensaios com animais, mas pode ser estimado a partir de algumas determinações químicas, como: Digestibilidade in vitro da MO (DIVMO) => Aproxima-se ao valor de NDT. A digestibilidade é normalmente determinada para MS, PB. EE. ENN, CHO, FB, CELULOSE, HEMICELULOSE, LIGNINA. Portanto, não é hábito do nutricionista referir-se à “digestibilidade do cálcio” ou da “tiamina”, e sim à disponibilidade do cálcio ou da tiamina. Balanço de energia: a energia é produzida pelos nutrientes orgânicos (proteína, carbohidratos e lipídios), que fazem com que a energia seja destinada a funções vitais no organismo. Avaliação do desempenho de lotes de animais recebendo o alimento pelos índices de conversão alimentar e eficiência alimentar. Conversão alimentar = Quantidade Consumida mmmmmmmmm.mmmQuantidade Produzida Eficiência alimentar m = mQuantidade Produzida mmmmmmmmmmmmmmQuantidade Consumida Figura 01: Eficiência comparada de diferentes espécies domésticas quanto à utilização da ração e de seus nutrientes A obtenção da quantidade de MS ingerida é uma medida fácil, mas como determinar a quantidade de matéria seca fecal produzida pelo alimento a ser analisado? Para contornar este problema lançamos mão de marcadores ou indicadores. Este marcador, fornecido juntamente com os alimentos, determina a quantidade de fezes produzidas, pois a pigmentação das fezes indicará que provém do alimento fornecido e, quando voltam à cor normal, indicam o final do teste. * Marcadores - Tipos de marcadores: Internos: já contidos no alimento (ex. lignina, sílica). Externos (óxido crômico, óxido férrico). - Requisitos para um marcador: Ser inerte (não digerido, absorvido, ou metabolizado) Não ser tóxico Sem ação farmacológica (não laxativo, não constipóide) Apropriado para ser utilizado em pequenas quantidades Ser totalmente recuperado Misturar facilmente com o sistema Ser facilmente analisado. Esse método é usado quando há dificuldade na coleta de fezes e quando não há condições de medição do consumo. Baseia-se nas concentrações do indicador no alimento e nas fezes. O cálculo da digestibilidade é feito relacionando-se as concentrações do indicador e do nutriente no alimento e nas fezes. Digestibilidade aparente (%) = 100 – 100 × %indicador alimento × %nutriente fezes %indicador fezes %nutriente alimento REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRIGUETTO, J. M.; PERLY, L.; MINARDI, I.; GAMAELA, A.; FLEMING, J. S.; SOUZA, G.; FILHO, A. B. 1998. Nutrição Animal. Vol. 1 e 2. NUNES, I. J. 1998. Nutrição animal básica. Belo Horizonte: FEP – MVZ, 387p. OFFICIAL methods of the association of official analytical chemist. 13 ed., Washington, D.C.: Association of Analytical Chemist, 1980. 1015 p. Prof. Breno Mourão de Sousa
Compartilhar