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INICIATIVAS E RESISTÊNCIA AFRICANAS

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INICIATIVAS E RESISTÊNCIA AFRICANAS 
NO NORDESTE DA ÁFRICA 
 
Hassan Ahmed Ibrabim 
 
Elielson Souza e Natalício Correia 
Alunos do 7° semestre do Curso de Licenciatura em História da Universidade do Estado da 
Bahia [UNEB] – Campus V, apresentando síntese do texto: “Iniciativas e resistência 
africanas no nordeste da África” para o componente África: Colonialismo, Conflitos e 
Repercussões sociais, ministrado pelo professor Dr. Denilson Lessa. 
Em nenhuma parte da África as iniciativas e a resistência dos africanos à partilha e 
a ocupação europeia foram tão determinadas e contínuas quanto nos modernos Estados do 
Egito, e do Sudão. As reações começaram em 1881 com o levante militar do Egito e 
continuaram em algumas partes da região até os anos de 1920. 
 No Egito, houve uma revolução que ficou conhecida como Urabista. Um dos principais 
motivos que desencadeou essa revolução, foi a má administração financeira do quediva 
Ismail e os enormes empréstimos que ele contraiu na Europa, o que favoreceu à quase 
falência do Egito. 
 Um outro motivo seria o amadurecimento de ideias políticas liberais entre os egípcios 
como consequência do desenvolvimento da educação e da imprensa no século XIX. Esse 
amadurecimento político foi responsável, em grande parte, pelo movimento constitucional 
que irrompeu no país nos anos de 1860, sobretudo entre os egípcios de educação ocidental, 
que se opunham à dominação estrangeira e ao despotismo do quediva. Pôde-se 
compreender que a principal causa direta do desencadeamento da revolução, todavia, foi o 
descontentamento e o sentimento de frustração experimentados pelos militares egípcios. 
Apesar de logo no começo, a revolução obter gande sucesso, o quediva juntamente 
com os ingleses provocaram uma intervenção estrangeira, afirmam certos historiadores 
egípcios, assim organizaram o massacre de Alexandria de 12 de junho de 1882, em que 
numerosos estrangeiros foram mortos, e muitas propriedades danificadas. 
 Em última análise, a derrota da revolução urabista deveu-se à superioridade militar 
britânica. A derrota militar da revolução urabista quebrou a moral do país, criando uma 
atmosfera de desespero e desilusão. Não houve resistência real dentro do próprio país, e as 
únicas vozes nacionalistas que se ergueram durante esse período foram as de 
personalidades no exílio. 
 No Sudão aconteceu revolução Mahdista, movimento este que durante os anos de 1881 
a 1885 dominou o lugar por quatorze anos, transformando o que era uma revolta religiosa, 
em um poderoso estado militante. O Sudão era administrado pelo governo turco do Egito 
desde 1821, o povos egípcios e sudaneses lutavam para se libertar da tutela de uma 
aristocracia estrangeira. Urabi propagava por todo o Egito a ideia de djihad (guerra santa), 
e encontrou em no movimento revolucionário dirigido por Muhammad Ahmad al-Mahdi 
um poderoso aliado. 
A revolução mahdista, tinha o autêntico fervor espiritual no baya’a (juramento de 
obediência e fidelidade) que os Ansar (adeptos do Mahdi) faziam ao chefe antes de serem 
admitidos, apesar de ter sido uma revolta religiosa, não significa que esse era apenas a sua 
motivação, haviam os fatores secundários ligados a administração turco-egípcia, 
totalmente corrupta, as violências provocadas após a ocupação além da tentativa do 
governo de eliminar o comércio de escravos, que era uma importante fonte de fonte de 
riqueza e base da economia agrícola. 
Muhammad Ahmad ibn Abdallah, líder da revolução, era um homem piedoso e tinha como 
ideal o profeta Maomé, assumiu o papal de Mahdi aos 40 anos d e idade, entrando em 
confronto militar com o governo anglo-egípcio entre os anos de 1881 a 1885. Este o 
subestimou no início, enviando uma expedição para a ilha de Aba que foi derrotada fácil e 
rapidamente. 
Depois de combater em Aba, Mahdi decidiu ir para Djabal Kadir, nas montanhas da Núbia, 
os sudaneses desta região tornaram-se a coluna vertebral da – militar e civil – da revolução. 
Em 1883, o Mandi as principais cidades da província de Kordofan, os egípcios enviaram 
uma tropa para Shaykan, comandada pelo coronel inglês Hicks Pasha, sendo derrotada 
pelos Ansar em 5 de novembro e os enchendo de orgulho, fazendo com que mais 
sudaneses aderissem a revolta, e os delegados de vários países mulçumanos viessem 
felicitar o Mahdi por uma vitória contra os infiéis. Com a derrota, o governo turco-egípcio 
entrou em colapso no oeste do Sudão, desta forma, os mahdistas assumiram o controle das 
províncias de Kordofan, Darfur e Bahr al-Ghazal. 
Os mahdistas em seguida atacaram a região oriental do Suldão, dominando-a com a 
exceção de Souakin, com isso o governo britânico mudou sua postura após a batalha de 
Shaykan, antes dizia ser um problema puramente egípcio, depois concluiu que seus 
interesses imperiais exigiam que o Egito se retirasse imediatamente do Sudão, ordenado 
que o governo egípcio evacuasse a região e ordenando o general Charles Gordon se 
encarregasse de fazer a ordem ser cumprida, sendo ele morto em 26 de janeiro de 1885, 
acabando com a dominação turco-egípcia no Sudão. 
O Estado Mahdista baseado no corão, dominou o Sudão por catorze anos, mas o Madhi 
morrendo em junho do mesmo ano da conquista. Abdullah, sucessor de Madhi seguiu em 
duas frentes contra o Egito e a Etiópia, mas foram derrotadas. Em 1896 o governo 
britânico decidiu invadir o Sudão. Graças a superioridade técnica e o califa ter sido 
surpreendido, na primeira fase da invasão as forças britânicas ocuparam a província de 
Dongola sem encontrar resistência séria. Os sudaneses também foram derrotados na 
batalha perto do rio Atbara, em 8 de abril de 1898, na ocasião Mahmud foi capturado e 
morto alguns anos depois, houve ainda a batalha de 02 de setembro do mesmo ano, mas os 
mahdistas foram novamente derrotados, porém ainda resistiu durante um ano, assim o 
Estado Mahdista desmoronou em 24 de novembro de 1899 após a batalha de Umm 
Diwaykrat, o califa foi encontrado morto em seu tapete de oração de pele de cordeiro. 
Os mulçumanos continuavam lendo ratib – livro de orações mahdista – apesar da proibição 
dos britânicos, em geral acreditavam que o Mahdi voltaria para restaurar a justiça. Os 
Ansar consideravam os ingleses como a encarnação do al-dadjdjal, eles acreditavam que o 
Sudão deveria ser governado por mulçumanos, sobre a de lei de Maomé, as doutrinas e os 
preceitos de Mahdi. Não houve ano entre 1900 e 1914 sem levantes nahditas no Sudão.

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