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CAP 20 A religião na África

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CAPÍTULO 20
A religião na África durante a época colonial
Kofi Asare Opoku
Clislane Alves e Laís Teixeira[1: Discentes do curso de Licenciatura Plena em História, Uneb/Campus V, apresentando a síntese do texto “ A Religião na África durante a época colonial”, como avaliação parcial do componente África: Colonialismo, Conflitos e Repercussões sociais, ministrado pelo professor Denilson Lessa.]
Kofi Asare Opoku foi Professor Associado de Religião e Ética do Instituto de Estudos Africanos da Universidade de Gana. É uma autoridade na Religião Africana Tradicional e professor aposentado de Estudos Religiosos na Faculdade de Lafayette na Pensilvânia.
Neste capítulo Opoku discute que o domínio colonial europeu na África não se resumiu somente à imposição forçada do poder político, econômico e social, mas, também foi uma imposição cultural. Sendo assim, “ a religião africana tradicional estava ( e está ) inextricavelmente ligada à cultura africana”( Opoku, p.591)
A religião africana tradicional era onipresente incluindo a percepção do sobrenatural, a compreensão da natureza no universo, dos seres humanos e do seu lugar no mundo, assim como a compreensão da natureza de Deus. A relação do homem com a sociedade se dava através de crenças, cultos, cerimônias, rituais e festas, onde a participação comunitária tinha mais valor do que a participação individual. Ser humano significava pertencer a uma comunidade. A vida humana era compreendida como um ciclo de nascimento, casamento, procriação, morte e vida pós-morte.
A partir de 1885 a imposição do domínio colonial se estendeu até o centro da África . Os missionários eram porta vozes da cultura ocidental com o objetivo de converter os africanos ao cristianismo e implantar o progresso destruindo por completo a cultura africana. No entanto, os africanos tinham a religião como arma para resistir ao domínio colonial, recorrendo-se à magia, cultos e associações secretas. Também se manifestavam de outas formas como tumultos e ataques às escolas das missões.
Uma das medidas tomadas pelos missionários contra a religião africana tradicional foi a tentativa de combater os ritos de iniciação feminina e masculina. Estes ritos compreendiam a circuncisão dos meninos e clitoridectomia nas meninas, no qual tinha profunda significação para a vida comunitária dos africanos.
Além da religião africana tradicional, o autor aborda a existência de duas religiões estrangeiras que foram introduzidas no período pré-colonial: o islamismo e o cristianismo. 
A expansão de maior importância do islã deu-se no século XIX com o objetivo de restabelecer a fé islamita na sua pureza original. Segundo Opoku, os Islâmicos adentraram o continente africano primeiro que as potências coloniais 
 Ao longo da costa, foi se desenvolvendo uma nova cultura mulçumana e, a partir dessa mistura com a cultura bantu, nasceu a cultura swabili. O kiswabili é, hoje, a língua franca da maior parte da África oriental” ( OPOKU, p.595).
No período colonial autoridades coloniais agiam com os islâmicos de acordo com seus interesses. Os franceses adotaram um modelo de colonização mais direta impondo a cultura europeia aos submissos, muçulmanos ou não, garantindo a liberdade de culto aos muçulmanos, sob algumas condições, como privar de suas conexões internacionais.
Já os britânicos adotaram um modelo de colonização utilizando-se dos serviços mulçumanos, empregando-os e treinando-os em postos subalternos como guias, agentes...o que os colocava em contato estreito com os povos africanos.
No entanto, o que as potências coloniais queriam mesmo, era destruir os Estados mulçumanos e impedir a constituição de um movimento pan-islâmico que pudesse ameaçar sua hegemonia.
Assim como na religião africana tradicional, alguns muçulmanos também se opuseram à dominação colonial com movimentos de resistência anticolonial como a confraria dos Sanusiyya, fundada por Muhammad b. ‘Ali. al-Sanusi na Líbia, que se tornou a principal força de resistência ao colonialismo italiano.
Em se tratando do cristianismo, este era considerado a religião dos vencedores, por ser a fonte de poder do homem branco, dava acesso a educação, ao emprego, ao poder e a influencia no mundo branco, a palavra (evangelização direta) á escola e ao trabalho médico, os missionários obtiveram numerosas conversões, com sucesso no século XIX, em consequência disso, surgiram inúmeras comunidades cristãs onde antes não havia e muitos africanos convertidos assumiram o trabalho de evangelização do seu povo. O cristianismo está ligado diretamente a educação pois foi graças as inúmeras escolas fundadas pelos missionários que os africanos entraram em contato com a religião cristã, em partes a escola era a igreja na África.
Os missionários tinham atitude negativa para com a religião africana e queriam destruí-la, pregavam que existia um Deus só, e que os deuses dos africanos não passavam de ilusões ,que só Jesus salva pois ele era o filho de Deus revelado na bíblia.Os missionários europeus acreditavam que era dever deles conduzir o povo africano a salvação, eles condenavam tudo que era pagão por se considerarem os donos da verdade absoluta,as práticas africanas para eles iam contra toda religião cristã. De um modo geral tornar-se cristão era deixar de ser africano e tomar para se a cultura europeia. 
A reação africana definia-se em três: aceitação, rejeição e adaptação, muitos africanos aceitavam o cristianismo voluntariamente, este foi o período que a religião cristã ganhou mais adeptos na África.
O primeiro grupo a abraçar ao cristianismo foi o grupo dos rejeitados, tais como leprosos, os que sofriam de algum tipo de invalidez, as mulheres grávidas de gêmeos, eles buscavam refugio na religião cristã que trazia a ideia de não aceitar com fatalidade sua posição na vida.
Pode-se atribuir o grande sucesso do evangelismo cristão aos africanos convertidos que deixavam seu grupo étnico para se dedicar a missões. 
Havia também o grupo de africanos que rejeitavam a mensagem cristã e se manteve fieis a cultura dos seus antepassados, essa fidelidade se dá graças aos curandeiros e foi por causa deles que tivemos conhecimento sobre as culturas africanas tradicionais. Ainda havia outro grupo de igrejas separatistas que preferiam se adaptar a nova religião, mas fundando igrejas independentes ou separatistas, existia dois grupos principais: as originadas por cisões com outras igrejas, e as que surgiam sem nenhum vínculo.
Os grupos procuravam juntar práticas africanas ao cristianismo europeu para não se perder da sua cultura, o que contribuiu para isso foi a tradução da bíblia para línguas africanas fazendo assim com que os africanos tivessem sua própria interpretação das escrituras. Exemplo disso é a igreja etíope, umas das primeiras a ser fundada na África do Sul. Outras igrejas foram criadas especialmente para aqueles que não haviam conseguido observar as recomendações das igrejas missionárias.
O cristianismo não vinha simplesmente para substituir as crenças e práticas religiosas tradicionais africanas, o que faltava na religião africana eles encontravam no cristianismo, assim surgiu o cristianismo africano. 
A noção de cura contribuiu para plenitude do homem, pois há uma necessidade tanto no cristianismo tradicional como na religião africana de se existir uma cura seja espiritual ou carnal. Enquanto a igreja de missões nega a existência de uma força do mal como demônios e bruxa, as religiões autóctones reconhecem essa força e garante proteção divina vinda de Jesus Cristo. O aparecimento do cristianismo autóctone deu oportunidade de os africanos desenvolverem um cristianismo próprio, um exemplo dessa igreja é o Exército da Cruz de Cristo que foi fundada em 1919, ela combina poderes espirituais e temporal, os membros dessa igreja vinham de várias etnias e divisões, eles vinham buscar soluções para seus problemas.
Enfim, Kofi Asare Opoku faz uma discussão da religião na África durante o período colonial, apontando de um modo geral como era as religiões existentesna África no período pré-colonial e em seguida essas religiões sob o domínio colonial. Apresentando que houveram sim reações contra o colonialismo imposto especificamente no século XIX, mostrando que os africanos não foram tão passivos quanto a isso. Por outro lado, aborda a aceitação do cristianismo, islamismo como forma de resistência que consequentemente deu espaço para a expansão dessas religiões externas.

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