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CURSO TEORIA GERAL DOS RECURSOS / DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

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PROCESSO DO TRABALHO
Teoria Geral dos Recursos
Trabalhistas
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MEIOS DE IMPUGNAÇÃO 
Há três gêneros de meios de impugnação:
a) recursos
b) ações autônomas de impugnação
c) sucedâneos recursais
A ação autônoma de impugnação é demanda que gera processo novo, cujo objetivo é impugnar uma decisão judicial. Exemplos: ação rescisória, querela nulitatis, MS contra ato judicial.
O sucedâneo recursal é tudo que não sendo recurso nem ação autônoma de impugnação sirva para impugnar uma decisão judicial, exemplos: reexame necessário, correição parcial.
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RECURSO
Recurso é o meio de impugnação previsto em lei, voluntário, para no mesmo processo, reformar, invalidar, integrar ou esclarecer uma decisão judicial. É uma extensão do direito de ação (Barbosa Moreira). Só ocorre em processos vivos.
CARACTERÍSTICAS:
a) É o meio de impugnação previsto em lei.
b) Voluntário  Não há recurso de ofício; exige manifestação do interessado. O recurso é manifestação do princípio dispositivo.
c) Para o mesmo processo  O recurso prolonga a vida do processo. 
d) Reformar, invalidar, integrar ou esclarecer uma decisão judicial  O recurso tem uma ou mais dessas 4 finalidades. Ao julgar o mérito do recurso o tribunal não necessariamente julgou o mérito da causa.
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RECURSO
Aos pedidos recursais correspondem causas de pedir recursais, já que todo pedido tem causa de pedir. Suas finalidades são:
- reforma: pedido de revisão, correção. Discute-se o conteúdo do que foi decidido. Alega-se um error injudicando – erro na análise.
- invalidar: quer destruir a decisão, desfazê-la, desconstituí-la; não se discute o conteúdo da decisão apenas alega-se a nulidade da decisão por exemplo em caso de decisão sem fundamentação. Aqui há error in procedendo que gera nulidade.
É possível que haja num mesmo recurso pedidos para reformar e para invalidar uma decisão. Só é necessário que haja coerência entre causa de pedir e o pedido.
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RECURSO
- integrar: para quando houver omissão. É o pedido típico dos embargos de declaração. Busca-se o esclarecimento.
- esclarecer: para esclarecer pontos obscuros. É o pedido típico dos embargos de declaração.
O recorrente pode desistir do recurso, a qualquer tempo, sem anuência da outra parte ou dos litisconsortes (art. 998 NCPC). Pode ser feita até o início da votação e pressupõe recurso já interposto. 
O recorrente pode renunciar ao direito de recorrer sem anuência da outra parte (art. 999 CPC). É ato anterior à interposição do recurso. 
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RECURSO
O recurso deve ser interposto no prazo fixado na lei, sob pena de ocorrer preclusão temporal. 
O termo inicial para contagem do prazo (art. 1.002 do NCPC):
Da leitura da sentença em audiência,
Da intimação das partes,
Da publicação do dispositivo do acórdão.
OBS:
Não tem prazo em dobro: litisconsortes com advogados diferentes (OJ 310 da SDI-I do TST).
Prazo em dobro: MP, Fazenda Pública, Defensor Público.
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CLASSIFICAÇÃO DOS RECURSOS
Quanto à fundamentação:
	- Livre: quando por determinado recurso se puder alegar qualquer aspecto da decisão ele será de fundamentação livre (exemplo: RO). 
	- Vinculada: só se pode alegar determinadas questões previamente previstas pelo legislador; são recursos de fundamentação típica (exemplo: Emb Declaração), nestes há exigência para o recorrente de explicitar nas razões de recurso apontar uma das matérias típicas; se não apontar o recurso nem será conhecido.
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CLASSIFICAÇÃO DOS RECURSOS
B) Quanto a extensão da matéria:
	- recurso total: é aquele que impugna tudo quanto poderia ser impugnado.
	- recurso parcial: quando ao recorrer deixa-se de impugnar algo. Se o recurso é parcial e deixa-se de impugnar algo haverá preclusão, estando tribunal impossibilitado de se manifestar sobre.
C) Quanto a forma de recorrer:
	- Principal: a parte vencida interpõe recurso independentemente da outra parte. 
	- Adesivo: quando vencido autor e réu, uma das partes poderá aderir ao recurso independente/principal aceito. Não tem vida própria, depende da existência do principal quanto ao juízo de admissibilidade.
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CLASSIFICAÇÃO DOS RECURSOS
D) Quanto a resolução de conflitos trabalhistas (Teixeira Filho):
- extraordinários (RE) ou ordinários (RO, RR etc),
- não liberatórios (dirigidos ao mérito = RO, RR etc) ou liberatórios (não dirigidos ao mérito = AI),
- devolutivos ou suspensivos,
- julgamento colegiado ou monocrático.
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PRINCÍPIOS
Princípios são "verdades ou juízos fundamentais, que servem de alicerce ou de garantia de certeza a um conjunto de juízos ordenados em um sistema de conceitos relativos a dada porção da realidade" (Miguel Reale).
1. Princípio do duplo grau de jurisdição:
É inerente aos recursos esse princípio, pois existe sempre a possibilidade de se submeter uma decisão a exames sucessivos por juízes diferentes e em regra de hierarquia superior.
Não está expresso na CF/88, mas decorre do devido processo legal e da previsão da competência recursal dos tribunais.
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PRINCÍPIOS
2. Princípio da taxatividade:
Somente se qualificam como recursos as espécies elencadas de forma expressa na lei federal, numa previsão fechada, ou seja, em numerus clausus, não podendo a parte manejar irresignação que não se encontra contemplada na lei. 
Não podem ser considerados recursos: a correição parcial, o reexame necessário e o pedido de reconsideração.
3. Princípio da singularidade, unirrecorribilidade ou unicidade:
Contra decisão judicial é cabível a interposição de um só recurso. Não há simultaneidade, mas sucessividade.
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PRINCÍPIOS
4. Princípio da fungibilidade:
Para recorrer é necessário que o recursos utilizado seja adequado para a finalidade desejada, sob pena de não ser reconhecido. A doutrina e a jurisprudência aceitam o recebimento do recurso inadequado quando há a presença de 03 requisitos: existência de dúvida objetiva a respeito do recurso cabível, ausência de erro grosseiro no recurso interposto e a observância do prazo adequado para o recurso correto.
5. Princípio da voluntariedade:
A vontade de recorrer é a manifestação do princípio dispositivo, que exige a iniciativa da parte interessada para a interposição do recurso, podendo impugnar total ou parcialmente a decisão desfavorável.
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PRINCÍPIOS
6. Princípio da dialeticidade:
O ato de recorrer é composto de 02 momentos: no primeiro o recorrente manifesta a sua vontade de recorrer, no segundo ele expõe os motivos, as razões pelas quais se está impugnando a decisão. O recurso é dialético, discursivo, sendo as razões do pedido o delimitador do contraditório. 
7. Vigência imediata da lei nova:
A parte não tem direito adquirido a determinado recurso, pois o recuros é regido pela lei processual vigente na data da publicação da decisão. 
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PECULIARIDADES NO PROCESSO DO TRABALHO
A) irrecorribilidade das decisões interlocutórias = não cabe AGI para qualquer decisão interlocutória, salvo súmula 214 do TST e art. 893, §1º, da CLT.
B) instância única nos dissídios de alçada (ações com valor até 02 SM) = não caberá qualquer recurso, salvo se matéria debatida nos autos for de natureza constitucional. 
Quando a parte não concorda com o valor da causa fixado pelo juiz, poderá apresentar sua impugnação por ocasião das razões finais. Sendo mantido o valor, poderá ser interposto o pedido de revisão deste, não havendo efeito suspensivo e devendo ser instruindo com a petição inicial e a ata da audiência e julgado no prazo de 48 horas a partir de seu recebimento pelo presidente do tribunal (art. 2º, § 2º, Lei 5.584/70).
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PECULIARIDADES NO PROCESSO DO TRABALHO
C) uniformidade de prazos para recurso = art. 6º da Lei 5.584/70 e art. 893 da CLT = 08 dias para interpor e contra-arrazoar o recurso ordinário, de revista, agravo de petição e de instrumento, salvo embargos de declaração (05 dias) e recurso extraordinário (15 dias).
D) inexigibilidade de fundamentação = a regra geral é que os recursos podem ser interpostos por
simples petição (mero pedido de reexame), sem necessidade de fundamentação (art. 899 da CLT), salvo o recurso de revista e os embargos.
Ver Súmula 422 do TST.
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ESPÉCIES RECURSAIS
Somente quem pode criar recursos é a União, dada a sua competência legislativa. 
Hoje na JT encontramos os seguintes recursos:
- Recurso Ordinário = art. 895 da CLT
- Recurso de Revista = art. 896 da CLT
- Agravo: de instrumento e de petição = art. 897 da CLT
- Embargos no TST = art. 894 da CLT
- Embargos de declaração = art. 897-A da CLT
- Recurso Extraordinário = art. 102, III da CF/88
OBS:
O agravo regimental não é recurso, pois está disciplinado no RI do Tribunal.
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JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE
Trata-se de juízo sobre a possibilidade de examinar aquilo que foi pedido.
Conhecer ou não o recurso tem o mesmo significado de admissão ou não.
A competência para proceder ao juízo de admissibilidade do recurso é, em regra, feita pelos juízos ad quo (de origem) e ad quem. 
Semelhante a análise dos requisitos da inicial: o recurso só prosseguirá se preenchê-los.
Se ausentes os requisitos está desautorizada o conhecimento do recurso, o que ocasiona a não apreciação, pelo órgão julgador, do mérito recursal.
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JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE
Na JT os Requisitos de Admissibilidade são:
a) Intrínsecos/Subjetivos (se referem a decisão recorrida): 
- legitimidade
- capacidade
- interesse
	
b) Extrínsecos/Objetivos: 
- previsão legal ou recorribilidade do ato
- adequação ou cabimento
- tempestividade
- preparo: custas e depósito recursal
- representação
- inexistência de fato extintivo ou impeditivo 
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JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE
I) Legitimidade (art. 996 do NCPC), deriva da lei:
 parte vencida  inclusive o juiz, menos o preposto;
 terceiro prejudicado  deve mostrar o nexo entre o seu interesse e a relação jurídica que será apreciada pelo recurso. Ex: herdeiro, subempreiteiro etc;
 Ministério Público do Trabalho  no processo em que é parte e no que oficiou como fiscal da lei;
 Sindicato  art. 839, a, CLT;
 presidente do Tribunal Regional do Trabalho  art. 898 da CLT. 
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JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE
II) Capacidade: que se exige para entrar em juízo (art. 71 do NCPC), ser plenamente capaz, deve estar presente na fase recursal.
III) Interesse: binômio utilidade X necessidade, e resulta do caso concreto. O interesse em recorrer é caracterizado pela necessidade que tem a parte, quando não teve reconhecida a pretensão deduzida em juízo.
IV) Recorribilidade da decisão: entende-se que a decisão tem que ser recorrível, só cabe interposição de recurso que estiver previsto em lei (art. 893 da CLT). Os despachos de mero expediente não desafiam recurso, e a decisão interlocutória é irrecorrível de imediato. 
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JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE
V) Adequação do recurso: é o cabimento. Há um recurso próprio para cada espécie de decisão. A jurisprudência vem atenuando esse rigor técnico, aceitando outro recurso, desde que não haja erro grosseiro e seja tempestivo. É o princípio da fungibilidade dos recursos.
VI) Tempestividade: todo recurso deve ser interposto dentro do prazo fixado em lei. A interposição do recurso antes ou depois do prazo aberto aos possíveis recorrentes esvazia um dos pressupostos de recebimento e de conhecimento.
 
Recesso Forense de 20/12 a 06/01  sumula 262 do TST: suspende prazo.
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JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE
VII) Preparo: é o pagamento das despesas processuais correspondentes ao processo, sendo na JT composto das custas e do depósito recursal. A falta do preparo gera a deserção, que importa no não conhecimento do recurso.
 
As custas serão pagas pelo vencido, após o trânsito em julgado da decisão. No caso de recurso, as custas serão pagas e comprovado o recolhimento dentro do prazo recursal (art. 789, §1º da CLT). 
O depósito recursal é uma garantia prévia de cumprimento da decisão, cujo pagamento deverá ser comprovado no prazo alusivo ao recurso, independentemente da sua interposição antes do termo "ad quem". 
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JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE
São isentos do pagamento das custas (art. 790-A CLT) e do depósito recursal:
 União, Estados, DF e Municípios, suas autarquias (INSS) e fundações que não explorem atividade econômica;
 MPT.
A OJ 140 da SDI-I do TST diz que há deserção no recolhimento insuficiente, mesmo que mínima a diferença, tanto das custas quanto do depósito recursal. 
Somente é exigível o depósito recursal para o empregador, que deve ser efetivado em dinheiro (não pode ser em bens) em conta vinculada do FGTS aberta para este fim, em nome do trabalhador. 
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JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE
Valor do depósito recursal (DJ – 01/08/2016):
	- R$ 8.959,63 para RO
	- R$ 17.919,26 para RR, Embargos e RE
A cada novo recurso a parte recorrente efetuará o depósito, mas atingido o valor da condenação, nenhum depósito mais é exigido para qualquer recurso (súmula 128, I, do TST).
Não é exigível o depósito recursal no agravo de petição e no AGI.
Se há depósito em ação de consignação em pagamento, não há necessidade do depósito recursal, salvo da diferença do valor arbitrado na sentença.
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JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE
VIII) Representação: não há necessidade da parte estar assistida por advogado, mas se a parte tiver advogado, deve este juntar a procuração até a interposição do recurso, visto que inadmissível o oferecimento tardio (súmula 383 do TST).
IX) Inexistência de fato extintivo ou impeditivo do direito de recorrer: a doutrina aponta para o fato de se estudar aqui requisitos negativos, ou seja, fatos que não podem ocorrer para que o recurso seja admitido. 
Fatos Extintivos: a renúncia e a aceitação da decisão. 
Fatos Impeditivos: a desistência.
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EFEITOS DO RECURSO
Todo recurso, uma vez recebido, produz um efeito necessário (efeito devolutivo), e um efeito possível (efeito suspensivo). 
Ocorrerá efeito devolutivo quando a questão for devolvida pelo juiz da causa a outro juiz ou tribunal, e efeito suspensivo, quando importar na paralisação dos efeitos da sentença, contra a qual foi interposto o recurso, impedindo o início da execução, mesmo provisória. 
No processo do trabalho vige a regra da simples devolutividade dos recursos (art. 899, CLT), comportando uma exceção, e a possibilidade de ação cautelar como meio de obter a suspensividade. 
 
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EFEITOS DO RECURSO
EXCEÇÃO: no dissídio coletivo, o Art. 7º, § 2º, da Lei nº 7.701/88, que prevê a faculdade do Presidente do TST emprestar efeito suspensivo ao Recurso Ordinário interposto contra decisão proferida pela Seção Normativa dos Tribunais Regionais do Trabalho, que terá validade pelo prazo improrrogável de 120 dias, contados da publicação do Acórdão - Art. 9º, Lei nº 7.701/88.
Em razão do efeito devolutivo, a parte poderá requerer a extração de carta de sentença para proceder à liquidação provisória do julgado, que vai até a penhora.
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OUTROS EFEITOS
Efeito translativo:
Decorre de autorização legal para o órgão julgador do recurso examinar questões não apreciadas anteriormente (art. 128 e 460 do CPC, art. 769 da CLT e súmula 393 TST).
Há quem trate efeitos devolutivo e translativo somente como devolutivo, nas duas dimensões: na extensão e na profundidade, respectivamente.
O efeito translativo se relaciona a questões de ordem pública. 
Efeito substitutivo (art. 512 CPC):
Implica a substitução da decisão recorrida pelo julgamento proferido pelo órgão competente que julgou o recurso. Não ocorre esse efeito quando o recurso não for conhecido. A substituição pode ser total ou parcial.

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