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Resumo para G2 - Soc do Poder e Primeira Intifada

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1) Os campos de conhecimento representados pela teoria das elites e faz reflexões                         
sobre o Estado Rentista podem ser reveladores no que se refere aos estudos sobre os                             
países árabes. Desenvolva. 
A dinâmica rentista se liga ao controle dos recursos estatais, que são redistribuidos de acordo                             
com o interesse das elites, permitindo a propagação e o fortalecimento de seu poder. Então, as                               
estruturas presentes no mundo árabe possuem características, como os núcleos homogêneos,                     
que dificultam à democratização. Vê o Estado como recurso de poder, baseado no rentismo e                             
na coação, na medida em que a população se encontra debilitada para promover suas relações                             
lineares.  
● Estruturas de poder nos Estados árabes: 
No início dos anos 90, com o final da Guerra Fria e a Guerra do Golfo, os Estados árabes                                     
pareciam estar iniciando uma dinâmica de democratização, mas apesar de algumas mudanças                       
específicas de liberalização em cada país, impulsionadas também por influência ocidental e                       
organizações internacionais, as mudanças não foram significativas, e as bases das estruturas                       
de poder se mantiveram inalteradas, mas deram a deixa para o estabelecimento de autocracias                           
parciais, cujos líderes, para se preservar no poder, devem dar algum tipo de poder a grupos de                                 
oposição.  
● Recursos de poder: 
Estado ­ No mundo árabe, o Estado é o principal recurso de poder, pois a partir dele é possível                                     
canalizar o controle sobre os demais recursos. Sua gênese está ligada à subordinação da                           
população a um grupo, e um dos aspectos mais importantes do Estado como recurso de poder                               
é a legitimidade no exercício do poder e uso da violência. 
Informação ­ A informação como recurso de poder tem duas vertentes: o controle sobre a                             
informação que os cidadão recebem através dos meios de comunicação e da educação, que                           
são subordinados à censura dos regimes, como é o caso do canal do Qatar Al Jazeera, que                                 
sofre com as censuras por parte da Liga Árabe; e tem a vertente dos serviços de informação,                                 
onde tem destaque a Mujabarat (polícia secreta), e o recurso da informação aparece ligado ao                             
da coação, para manter a população amendrontada e sob controle, com a ideia de onipresença                             
do governo. 
Ideologia ­ ideologias podem ser igualmente utilizadas pela elite para definir a estrutura de                           
poder, a partir da difusão de crenças políticas e religiosas, e interesses particulares sendo                           
apresentados como coletivos, para manipular a população. 
Capital ­ é tudo aquilo que serve para acumular poder mercantilizado, e essa acumulação não é                               
em termos absolutos, mas de maneira diferencial, ou seja, aumento nos ganhos totais e na                             
capitalização, o que acaba por aumentar o poder relativo e assim a influência sobre o processo                               
de mobilidade social. 
Aparatos de coação ­ são utilizados para fazer respeitar a autoridade das elites quando os                             
mecanismos hegemônicos (legitimidade e ideologia) falham. Sobre o exército e istituições                     
militares, grande parte da população tem uma percepção positiva, o que ajuda a incrementar a                             
legitimidade das elites militares; quando são elites políticas civis, fazem o possível para manter                           
os militares satisfeitos,e quando não ocorre, pode se instalar uma competição por poder em                           
forma de golpes de estado.   
Relação entre elites e população ­ garantem que os interesses das elites sejam atendidos                           
quando a população é articulada a seu favor como recurso de poder. Em uma democracia                             
representativa o voto é um dos meios mais visíveis de extração de poder da população,                             
originada da alienação, onde a ideologia tem um papel importante. 
● Relações circulares (elites) 
A função principal das elites dominantes é a de acumular e manter o poder, as relações entre                                 
as mesmas serão circulares, de competição principalmente em sistemas hierárquicos, onde a                       
posição de um ator depende de sua capacidade de competir por poder diferencial. 
● Elites primárias e secundárias 
Sendo elites os indivíduos em posição hierárquica superior nas instituições sociais, temos as                         
elites primárias e secundárias. 
As elites primárias possuem a capacidade de competir mais pelo controle dos recursos que                           
permitem maior acumulação (Estado, renda,coação, capital privado e ideologia) e delimitam os                       
equilíbrios de poder que estruturam o sistema. Ex: aliança entre atores primários: wahhab e ibn                             
saud. 
As elites secundárias também influenciam na competição, mas se modem apenas dentro da                         
estrutura criada pelas elites primárias, ocupando postos subalternos na hierarquia, e seu                       
acesso aos recursos dependerá das alianças feitas com as elites primárias. Ex: no mundo                           
árabe, as elites tribais perderam poder a medida que os Estados foram se estabelecendo, e                             
passaram a depender em muitos casos das elites estatais para distribuição de ajudas sociais,                           
trabalhos, etc. 
● Petróleo e Estado Rentista 
O petróleo faz do Estado saudita um Estado Rentista por excelência, pois ele controla os                             
recusos do país por meio da ARANCO, e promove sua redistribuição de acordo com as                             
relações circulares que vigoram no sistema. Ademais, o petróleo é utilizado como FONTE DE                           
RENDA e INSTRUMENTO para aumentar a influência saudita, em termos políticos mundiais e                         
regionais, por meio da diversificação de investimentos ao controlar o petróleo, o Estado saudita                           
detém controle sobre o fundo saudita para investimentos internacionais, ou seja, todos os seus                           
recursos econômicos.  
Mudança política em tais Estados é lenta ou inexistente, porque os cidadãos têm pouca                           
participação em um governo que não exige nada deles e o Estado tem recursos para cooptar                               
ou coagir o apoio de sua população, como a Arábia Saudita, o melhor exemplo. 
● Relações lineares (população) 
As relações lineares são relativas à população: se iniciam quando esta toma consciência da                           
existência de um problema ou de direitos que precisam ser assegurados, terminando quando                         
tais reivindicações conseguem ser atendidas/alcançadas. Visto que para a elite não é                       
interessante que a população consiga ter suas demandas atendidas, buscam manter o status                         
quo, restringindo seu acesso aos direitos e recursos. Então, quando OBEDECE a liderança da                           
elite, a POPULAÇÃO é RECURSO DE PODER DA ELITE. Ao tomar consciência e dar início às                               
rels lineares, a população deixa de ser recurso de poder das elites e se transforma em ator,buscando seguir suas próprias determinações, e não as das elites. Dependendo da atuação da                           
população no sistema político, ela se porta como ator ou recurso de poder. 
 
5) Apresente os principais elementos e consequências da Primeira Intifada. 
 
Em 1987 a população de um campo de refugiados palestinos na Faixa de Gaza se mobilizou                               
para ir ao funeral de quatro moradores que haviam morrido em um acidente de estrada em uma                                 
colisão contra um veículo de israelenses(que sobreviveram). Tudo poderia ser inocente, se o                         
motorista israelense que provocou o acidente não tivesse perdido um irmão recentemente por                         
causa de um desentendimento com palestinos. Um sentimento de revolta pairava entre os                         
palestinos que sse dirigiam ao funeral, e por isso as autoridade israelenses sentiram a                           
necessidade de enviar soldados para acompanhá­los, no caso de ocorrer algum distúrbio. Um                         
jovem de 18 anos, incomodado e indignado com a presença dos militares israelenses atirou                           
uma pedra em um soldado e foi alvejado na hora. A ação gerou uma onda de raiva na multidão,                                     
e então milhares de pessoas começaram a pegar pedras do chão e atirar contra as tropas.                               
Esse foi o início de uma revolta espontânea, totalmente não planejada, sem ligações com a                             
OLP ou Fatah, que atingiu todas as cidades na Faixa de Gaza e Cisjordânia. Pedras voavam                               
contra automóveis, soldados e cidadãos israelenses a todo tempo, e deixavam as autoridades                         
do país atônitas. 
A Primeira Intifada durou seis anos, teve bastante transparência internacional e mostrou o                         
despreparo das forças armadas de Israel para lidar com o levante. A ideia da criação do Estado                                 
Palestino cresce com a Intifada. 
Os palestinos eram divididos entre os “de dentro” e “de fora”, sendo os “de dentro” os que                                 
viviam nos territórios ocupados por Israel da Cisjordânia e Gaza. Eram favoráveis à negociação,                           
ou seja, medidas menos drásticas contra Israel, até porque sofriam uma repressão direta                         
israelense, sempre presente no cotidiano e tinham a esperança de que Israel honraria com as                             
resoluções da ONU, que ordenavam a retirada das tropas israelenses dos territórios ocupados.                         
Estes palestinos viviam em uma situação provisória de maneira permanente, o que é                         
insustentável. 
Os palestinos “de fora” são os da diáspora e residem nos Estados hospedeiros, dentro do                             
Oriente Médio. Estes aceitam a liderança dos grupos militares palestinos radicais, como a OLP                           
e o Fatah. 
A OLP se perguntava como “pegar carona” no levante, e começaram a traçar uma direção,                             
uma política para a Intifada, até que seu líder foi assassinado pelo governo israelense, com o                               
intuito de dissipar a revolta, porém ela apenas ganhou mais força. 
O Hamas surge durante o período, em 1988, comprometidos em atuar dentro de suas leis, sem                               
uso de armas, apoiados pelos israelenses (!), que achavam que um grupo religioso muçulmano                           
poderia fragmentar os palestinos, pois a OLP era secularizada, e também muitos eram cristãos                           
ortodoxos. 
A Intifada chegaria ao fim caso Israel reconhecesse os palestinos como nação e vice versa,                             
porém para os palestinos, reconhecer o Estado de Israel seria abrir mão para sempre dos                             
territórios previamente palestinos e do direito de retorno dos refugiados que viviam no exterior                           
ou nos campos a seu lugar de origem. Como uma negociação com os israelenses seria                             
impossível, Arafat, pressionado pela Intifada e pela OLP, foi à ONU pedir apoio para a criação do                                 
Estado Palestino em 1988. Israel continuava sem reconhecê­los como povo, e alegava que a                           
OLP era um movimento terrorista. Os Estados Unidos alegaram que só mediariam a situação                           
Israel x Palestina caso os segundos declarassem a renúncia de todas as formas de terrorismo,                             
o que de fato foi pronunciado por Arafat no mesmo ano em Genebra. 
A fórmula era: paz por território. 
A Intifada prejudicou o apoio internacional a Israel, um problema que só seria resolvido caso                             
resolvessem cooperar. Uma pergunta constrangedora foi levantada: por que não negociar? E a                         
resposta israelense era a fragmentação da liderança palestina, sem presença de instituições, o                         
que gerava uma sensação de falta de confiança. 
Yitzhak Rabin, pressionado pela Intifada e os protestos internacionais, surgiu com um plano que                           
sugeria principalmente o fim da Intifada, um período de trégua e negociações, porém não teve                             
apoio do Knsset, parlamento israelense, muito menos dos palestinos. 
Com a eclosão da crise do Golfo em 1990­91, o Iraque de Saddam Hussein invade e anexa o                                   
Kwait. Os EUA conseguiram atrair para sua coalizão contra ao iraque vários países do Oriente                             
Médio. Arafat e a população palestina simpatizavam fortemente com o Iraque, então Saddam                         
Hussein, querendo abrir brechas na coalizão dos EUA com os países árabes, declarou que iria                             
se retirar do Kwait apenas se os israelenses se retirassem dos territórios ocupados, o que não                               
ocorreu. Surante a guerra, o Iraque lançou mísseis Scud repletos de ogivas explosivas na                           
direção de Israel, o que fez a população palestina comemorar. Apesar dos ataques, Saddam                           
saiu mal da batalha proncipal e foi expulso do Kwait pelas forças de coalizão. 
Em 1993 a Intifada chegou ao fim com a assinatura dos acordos de Oslo. 
 
Os Acordos de Camp David produziram uma reviravolta significativa nos arranjos                     
políticos, não só na dimensão regional, mas também mundial. Explique.

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