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Anotações Curso CERS 2013 Direito Civil - Mod. 01 - Aula 12

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AULA 12.1
ADIMPLEMENTO E INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES
• O adimplemento obrigacional (teoria do pagamento)
- Toda obrigação nasce com caráter transitório. Nasce para se extinguir com a satisfação do crédito.
	- A forma esperada de extinção da obrigação é o adimplemento (pagamento).
- Dessa forma, o pagamento confirma o caráter transitório da obrigação e exonera o devedor do vínculo obrigacional.
- O pagamento se revela a um só tempo ao devedor:
- um Direito: libertar o devedor do vínculo obrigacional.
- Por isso que se o credor se recusar a receber o pagamento, o devedor tem o direito de consignar em juízo o pagamento.
- uma Obrigação: prestar o objeto da obrigação.
- O conceito de pagamento é amplo, pois se restringe ao cumprimento das obrigações de dar dinheiro (obrigação pecuniária).
Assim, Pagamento é o cumprimento espontâneo (voluntário) da prestação devida (dar, fazer ou não fazer), pelo devedor ou por terceiro, extinguindo o vínculo existente entre as partes.
- Para a caracterização do pagamento é necessário 3 requisitos:
1) Exatidão: o credor não é obrigado a receber algo diferente, de maior ou menor valor (CC, art. 313).
	2) Licitude: o pagamento deve ser lícito.
	3) Espontaneidade.
- Se há a intervenção judicial, como, p.ex., penhora, trata-se de execução forçada.
- Karl Larenz aduzia que a natureza do pagamento é de verdadeira execução real, pois o devedor voluntariamente executa a obrigação devida.
- O pagamento tem como efeito natural a extinção do vinculo (efeito automático). Assim, o devedor tem direito a alegar a qualquer tempo que já pagou.
Entretanto, o STJ vem entendendo que só é possível alegar o pagamento realizado antes da execução até o limite da prolação da sentença na ação respectiva (STJ, AgRegREsp. 849.434/PR).
- Para prof., a solução do STJ, malgrado privilegie a segurança jurídica, viola a proibição do enriquecimento sem causa.
- Com isso, inclusive, haverá uma violação da natureza real do pagamento, pois o STJ retira a eficácia automática de extinguir a obrigação.
• Quem deve pagar (solvens)
- solvens é a pessoa que deve pagar (sujeito ativo do pagamento). 
Ordinariamente é o devedor, mas não é só ele. Podem também realizar o pagamento:
- 3º interessado: é aquele que poderia ser atingido pelo inadimplemento da obrigação. 
- No caso de pagamento, ele se subrroga no crédito.
- Ex: Fiado, Avalista, Sublocatário, ...
- 3º desinteressado: é aquele que não é atingido pelo inadimplemento da obrigação. Embora não atingido pelos efeitos do inadimplemento, realiza o pagamento.
- Não há subrogação, pois esse 3º não seria alcançado pelos efeitos do inadimplemento.
- Se ó 3º pagou em nome próprio, terá direito a reembolso, a fim de se evitar o enriquecimento sem causa.
Mas se o 3º pagou em nome do próprio devedor, cometeu liberalidade (doação), sem direito de regresso. 
* Vem o STJ admitindo a propositura de ação pelo 3º desinteressado, que pagou em nome próprio, contra o causador do dano para ser reembolsado (STJ, REsp. 332.592/SP)[1: Lembrando que o 3º desinteressado que pagou em nome próprio tem direito a reembolso.]
	
		* Exceções:
- Cláusula convencional pode impedir o pagamento por 3º, tornando a obrigação intuitu personae (personalíssima).
- Cláusula convencional pode gerar subrrogação para o pagamento de 3º desinteressado.[2: Regra geral, o pagamento de 3º desinteressado constitui liberalidade (quando o pagamento é nome do devedor) ou gera direito de reembolso (quando o pagamento é nome próprio). Em ambos os casos, não há subrrogação.]
- Alienação fiduciária em garantia (direito real de garantia) – mesmo que o pagamento tenha sido feito por 3º desinteressado, gerara subrrogação.
- Quem efetua o pagamento, seja quem for, tem direito a Quitação, sob pena de direito de retenção, ou seja, se o credor se recusar a dar a quitação o efeito natural é a retenção do pagamento (CC art. 319 e STJ, REsp. 655.220/TO).
	- E se o credor se recusar a receber o pagamento? Nesse caso, o STJ admite a possibilidade de consignação em pagamento (CPC, art. 890; CC, art. 334; STJ, REsp. 85.551/PB).
- Em suma, 
	Sujeito Ativo do Pagamento (solvens)
	Devedor
	3º Interessado[3: Tem direito a subrrogação.]
	3º Desinteressado[4: Se pagar em nome próprio, tem direito a reembolso por ação chamada “Actio in rem verso”. Mas se pagar em nome do próprio devedor, praticou liberalidade. Terá, contudo, direito de subrrogação do crédito quanto o contrato for de alienação ou houver cláusula convencional prevendo a sua subrrogação.]
	Representante[5: O representante pode ser legal, judicial ou convencional.]
*OBS: Pode ser que o credor se recuse a receber o pagamento de 3º por um motivo justo, pois se o pagamento viesse do devedor, este teria o direito de alegar algo, como, p.ex., ilidir o pagamento.
		- Ex: O devedor não foi pagar e o 3º foi em seu lugar.
Entretanto, in casu, o devedor possuía crédito contra o credor, os quais poderiam ser compensados na dívida caso o 3º não tivesse realizado o pagamento em seu lugar.
E agora, o devedor será obrigado a ressarcir o 3º do valor pago, sem poder exercer o seu direito de compensação? O art. 306 do CC estabelece que o direito de reembolso do 3º ficará limitado ao valor que o devedor iria pagar. Logo, a compensação será alegada contra quem pagou, o 3º.
• A quem se deve pagar (accipiens)
- O sujeito passivo do pagamento é ordinariamente o credor ou o seu representante/assistente, nas hipóteses de incapacidade.
- O pagamento ao incapaz somente será válido se for feito na frente de seu representante/assistente, que é quem dará a quitação.
Entretanto, o art. 310 do CC prevê hipótese de convalidação do pagamento feito diretamente a incapaz, ou seja, o devedor pode validar o pagamento se provar que o pagamento reverteu em favor do incapaz.
- Ex: Situação pai que paga pensão diretamente ao menor. Se o pai provar que o pagamento reverteu em favor do menor (pagamento de alimentos, saúde, escola, etc...), é válido o pagamento, apesar de ter sido feito a pessoa incapaz de consentir e de dar quitação. 
- O CC prevê que também será válido o pagamento feito a outras pessoas:
1) Ao representante legal, judicial ou convencional;
2) Ao credor solidário (solidariedade ativa);
	- Cada um dos credores pode receber o todo e dar quitação.
3) Ao credor indivisível (caução de ratificação);
	- O pagamento será válido se for feito a todos.
Todavia, pode-se pagar a um só credor, exigindo deste caução de ratificação.
4) Ao credor putativo (teoria da aparência e boa-fé objetiva, pautada em seriedade e diligência do devedor).
- Credor putativo é aquele que aparenta ser o credor pela diligência normal.
- Ex: herdeiro aparente – filho que recebe pagamento, mas depois se descobre que o mesmo foi deserdado pelo pai.
- O STJ reconhece a validade do pagamento feito ao credor putativo (STJ, REsp. 823.724/RJ) e o legítimo credor terá direito de regresso (CC, art. 876).
5) Ao mandatário tácito (CC, art. 311): é o portador do título ou da quitação.
- Ex: Cristiano não tem tempo para receber o pagamento, então ele dá a quitação a João para que receba a dívida em seu nome.
- Em suma, 
	Sujeito Passivo do Pagamento (accipiens)
	Credor (a excepcional validade do pagamento feito ao credor incapaz)
	Representante legal (no caso de incapacidade)
	Representante convencional ou judicial
	Credor putativo
	Mandatário tácito
- Havendo dúvida em relação a quem é o credor, será caso de Consignação em Pagamento (CPC, art. 890).
- Se o pagamento foi feito diretamente ao credor quando houve intimação de penhora cessão de crédito, o pagamento é inválido. In casu, aplica-se a regra de quem paga mal, paga 2x.[6: Situação em que o credor cedeu o crédito e aquele crédito foi penhorado.]
AULA 12.2
• Objeto do pagamento
- O objeto do pagamento é a prestação devida (CC, art. 313). O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que foi pactuada, ainda que mais valiosa.
		- Consagraçãoo Princ. da Identidade Física da Prestação.
		- Qualquer mudança da prestação dependerá de convenção das partes.
	- O Princ. da Identidade Física da Prestação não obsta a Dação em Pagamento.
- A Dação em pagamento é uma forma anômala/excepcional de exoneração da obrigação. Nela o credor, após o inadimplemento, aceita coisa diversa.
- A Dação em pagamento depende do consentimento do credor.
- Exceções ao princ. da Identidade Física da Prestação: 
- Moratória Legal (CPC, art. 745-A).
- Diálogo das fontes: direito processual cuidando de matéria de direito civil, qual seja, extinção das obrigações.
- Moratória Legal é o direito que o devedor tem de, no prazo dos embargos, depositar 30% do valor da execução, e poder pagar o saldo remanescente em 6 parcelas mensais, com anuência do juiz.
- Nesse caso, o credor será obrigado a aceitar prestação diversa do que está sendo executado.
- Obrigações facultativas: é permitido ao devedor cumprir a obrigação entregando coisa diversa.
- Adimplemento substancial: é a retirado do direito do credor de resolver o contrato quando a prestação foi substancialmente cumprida (Ver anotações da Aula 08).
- Mitiga o princ. da Identidade Física da Prestação, pois, em regra, o credor somente é obrigado a dar a quitação se receber a prestação como foi convencionada (CC, art. 475).
- STJ, REsp. 272.739/MG – leading case que consagra a Teoria do Adimplemento substancial.
• Pagamento em dinheiro
	- Submete-se ao Princ. do Nominalismo (CC, art. 315).
		- O pagamento de dinheiro deve ser feito pelo valor nominal.
	- Ex: João emprestou R$ 100 a Cristiano para pagamento daqui a 6 meses.
Na data de pagamento, quanto Cristiano deve pagar? R$ 100, pois não houve estipulação de juros.
Contudo, os R$ 100 na data do pagamento tem o mesmo valor de 6 meses atrás? Obviamente que não, pois há incidência de inflação no período. Por isso, aplicar o princ. do nominalismo trás consigo um problema, pois o valor da moeda tende sempre a cair.
Assim, o STJ, procurando compensar essa situação, estabeleceu que o princ. do nominalismo trás consigo, implicitamente, a presença da correção monetária (STJ, REsp. 1.240.963/RS). Logo, a correção monetária é devida, independentemente, de previsão no contrato.
- Correção monetária ≠ Juros 
	- art. 389 do CC.
	- Correção monetária é mera atualização.
- Juros:
- Os juros só serão devidos quando expressos (convencionados pelas partes), ou quando se tratar de empréstimo feito em razão ofício/profissão (empréstimo bancário, p.ex).
- As partes devem indicar a periodicidade (mensal, semestral, anual, ...) e o percentual de juros.
	- Não há mais a limitação de 12% ao ano.
* E se a partes esquecerem de convencionar a taxa de juros? Essa questão gera controvérsia.
A discussão é se, na ausência de juros convencionados, será utilizada a taxa SELIC (índice do governo) ou a taxa do art. 161 do CTN (1% ao mês)
O Enunciado 20 da Jornada de Direito Civil prevê: “A taxa de juros moratórios a que se refere o art. 406 é a do art. 161, § 1º, do Código Tributário Nacional, ou seja, um por cento ao mês. A utilização da taxa SELIC como índice de apuração dos juros legais não é juridicamente segura, porque impede o prévio conhecimento dos juros; não é operacional, porque seu uso será inviável sempre que se calcularem somente juros ou somente correção monetária; é incompatível com a regra do art. 591 do novo Código Civil, que permite apenas a capitalização anual dos juros, e pode ser incompatível com o art. 192, § 3º, da Constituição Federal, se resultarem juros reais superiores a doze por cento ao ano.”
A razão disso, é que a taxa SELIC não é um bom índice a ser utilizado, haja vista que para o cálculo da SELIC o governo insere a correção monetária. Como a princ. do nominalismo já trás implícita a correção monetária, poderiam ser criadas situações de bis in idem, o que ocasionaria majoração da dívida.
O STJ, diferente do que propõe a doutrina, no AgRegREsp.895.075/RS, admitiu a utilização da taxa SELIC, desde que desacompanhada de encargos remuneratórios e correção monetária. Com isso, o STJ permite a utilização da taxa SELIC, mas evita a ocorrência do bis in idem.
		- O STJ vem permitindo ao juiz controlar a eventual abusividade dos juros.
A Corte diz que as partes devem estipular as taxas de juros, mas se esta taxa de juros se mostrar abusiva no caso concreto, o juiz pode controlá-la, apesar de não mais existir a limitação de 12% ao ano.
- O simples fato de estipular juros acima de 12% ao ano não caracteriza a abusividade (STJ, Súmula 382).
- O juiz só não pode fazer de ofício. É preciso provocação do interessado.
		- O STF há muito tempo proibiu a Capitalização de Juros (STF, Súmula 121).[7: Conhecida como Anatocismo – juros sobre juros.]
			- Juros sobre juros.
			- Proibida, ainda que expressamente convencionada pelas partes.
* OBS: Inexplicavelmente, o STJ estabeleceu que a regra não se aplica às Instituições financeiras (STJ, REsp. 915.572/RS).
Também reconheceu a inaplicabilidade da regra aos financiamentos de crédito rural, comercial e industrial (STJ, Súmula 93).
* Exceção: nos mútuos bancários ligados ao SFH (empréstimo para compra de casa própria) (STJ, REsp.809.229/PR).[8: Sistema Financeiro de Habitação.]
* OBS: mesmo nesses casos nos quais é autorizado a Capitalização de Juros, o STJ vem permitindo, de qualquer modo, o controle da abusividade das taxas de juros pelas instituições financeiras (STJ, REsp.1.112.879/PR).
- Se há previsão contratual de comissão de permanência, obsta a cobrança de juros e correção monetária (STJ, REsp. 863.887/RS).[9: A comissão de permanência encontra-se prevista na Resolução nº 1.129⁄86 do Conselho Monetário Nacional, editada com fundamento no art. 4º, inc. VI e IX, da Lei nº 4.595⁄64, que faculta aos "bancos comerciais, bancos de desenvolvimento, bancos de investimento, caixas econômicas, cooperativas de crédito, sociedades de crédito, financiamento e investimento e sociedades de arrendamento mercantil cobrar de seus devedores por dia de atraso no pagamento ou na liquidação de seus débitos, além de juros de mora na forma da legislação em vigor, ''comissão de permanência'', que será calculada às mesmas taxas pactuadas no contrato original ou à taxa de mercado do dia do pagamento."]
- Comissão de permanência dá uma amplitude maior à cobrança, a lógica conspira no sentido de que não se permite a cobrança de juros e correção monetária.
• Pagamento em moeda estrangeira.
- O art. 315 do CC, que consagra o princ. do nominalismo, prevê que o pagamento deve ser em “moeda corrente”.	
Logo, o direito brasileiro estabelece a vedação de cláusula-ouro (CC, art. 318).
- A nulidade da cláusula-ouro é estabelecer que em nosso país, para garantir a circulação de nossa moeda, divida em dinheiro deve ser paga em Real.
- Eventual previsão de pagamento em ouro ou em dinheiro será nula. Essa nulidade, todavia, não é do contrato como um todo, mas somente da cláusula, aproveitando-se do resto do contrato. 
- Aplicável a essa situação, o art. 184 do CC prevê a redução parcial da invalidade. Logo, o contrato pode ser executado em moeda nacional.
- In fine do art. 318 do CC, há menção “excetuados os casos previstos na legislação especial”. Mas qual seria essa legislação especial? O Decreto-Lei n.857/69, que proíbe a contratação ou indexação em moeda estrangeira, excepcionando duas hipóteses: 
	1) obrigação assumida no exterior; 
	2) obrigação decorrente de importação.
- Ex: Fatura de cartão de crédito com cobrança em dólar decorrente de compras feitas no exterior.
- O STJ vem admitindo a contratação em moeda estrangeira quando houver previsão de conversão para a moeda nacional no instante do pagamento (STJ, REsp. 397.398/SP).
- Esse entendimento vem de algum tempo. Trata-se, portanto, de jurisprudência consolidada.
- Não é possível cláusula contratual que estabeleça o pagamento em ouro ou moeda estrangeira, mas é possível prever o pagamento em dinheiro submetido a taxa de bolsa ou índices econômicos(CC, arts. 486 e 487).
AULA 12.3
• Lugar do pagamento
- art. 327 do CC: É o lugar estabelecido pelas partes (“portable”). No silêncio, é o domicílio do devedor (obrigações quesíveis – “querable”).
- As partes podem estipular coisa diversa, desde que não cause prejuízo ao aderente (contrato de adesão). Assim, se a cláusula prevendo lugar diverso de pagamento for prejudicial ao aderente, essa cláusula será nula.
- Em caso fortuito ou força maior, será válido o pagamento feito em local diverso (CC, art. 329). É um caso de excludente de responsabilidade civil.
	- O lugar do pagamento prevê a ocorrência de Supressio (CC, art. 330).
		- O termo mais importante do art. 330 do CC é “reiteradamente”.
- Foro de eleição diverso ≠ Lugar de pagamento.
	- Lugar de pagamento é onde a obrigação deve ser cumprida.
	- Foro de eleição é o lugar escolhido pelas partes para eventual litígio.
- Conforme art. 112, parágrafo único, do CC, se a cláusula de eleição de foro for prejudicial ao aderente, o juiz pode de ofício declarar a nulidade da cláusula e remeter o processo para o foro do domicílio do aderente.
- A parte final do art. 112, parágrafo único, do CC mitiga a Súmula 33 do STJ.
Apesar de poder ser declarada a nulidade de ofício (STJ, Súmula 33), trata-se de incompetência relativa, pois é competência ratione loci (razão do lugar).
• O inadimplemento das obrigações e a sua nova compreensão (obrigações complexas e conceito complexo de inadimplemento obrigacional)
- O conceito de inadimplemento se tornou complexo, pois o conceito de obrigação também mudou. Agora, a obrigação trás consigo princípios como a boa-fé objetiva e a função social do contrato. 
Assim, a obrigação passou a trazer deveres anexos, os quais enriqueceram o conceito de relação obrigação. Adimplir uma obrigação não é mais somente cumprir os deveres previstos no contrato.
- Dessa forma, atualmente há mais de uma forma de inadimplir a obrigação, descumprindo:
1) Deveres contratuais: pode decorrer ainda:
- Mora: permanência do interesse, total ou parcial, no cumprimento da obrigação. A prestação é ainda viável de cumprimento.
- Ex: Atraso no pagamento de taxa de condomínio. Mesmo não pagando na data estipulada, ainda é útil/viável o pagamento em data posterior.
- Inadimplemento absoluto: cessação do interesse no adimplemento da obrigação. A prestação é inviável de cumprimento.
- Ex: Pacote turístico para terra santa previa, como atração principal, a visita ao Monte Golgota. Mas o pacote previa outros passeios e despensas de hospedagem.
Assim, a excursão começou, tendo os contratantes se hospedado e realizado alguns passeios. Contudo, no último dia da excursão o Governo do Israel mudou as regras de visita ao Monte Golgota, o que impossibilitou o passeio.
Veja-se que o passei principal, que gerou a aquisição do pacote por várias pessoas da excursão não foi realizado.
Esse caso trata-se de Inadimplemento Absoluto.
- In casu, o Inadimplemento Absoluto não significa a agência terá de devolver todo valor do pacote, haja vista que parte da obrigação foi cumprida.
* OBS: Muitos autores equivocadamente afirma que o Inadimplemento Absoluto é o descumprimento total e a Mora é o descumprimento parcial. Contudo, essa a diferença não reside na totalidade ou parcialidade do descumprimento.
A diferença é a existência de viabilidade para o cumprimento da obrigação.
2) Deveres anexos (boa-fé objetiva): 
- Violação Positiva de Contrato (Ver anotações da Aula 08): Descumprimento dos deveres anexos, decorrentes da boa-fé objetiva.
	- STJ, REsp. 988.595/SP.
- “Adimplir significará atender a todos os interesses envolvidos na obrigação, abarcando tanto os deveres ligados à prestação propriamente dita, como àqueles relacionados à proteção dos contratantes em todo o desenvolvimento do processo obrigacional” (FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil: Obrigações, Salvador: JusPodivm, 2013, p.377).
• O inadimplemento obrigacional e as garantias constitucionais de proibição de prisão civil por dívida (eficácia horizontal dos direitos fundamentais e convencionalização do Direito Civil).
- art. 5º, LXVII, da CRFB: a Constituição não manda prender, mas possibilita, em caráter excepcional, 2 casos de prisão civil por dívida (depositário infiel e devedor de alimentos).[10: A regra é que ninguém pode ser preso por dívida (cláusula pétrea), mas a própria constituição prevê exceções na art. 5º, LXVII.]
- Nos art. 732 e 733 do CPC, está regulamentada a prisão civil do devedor de alimentos.
- CPC estabelece prazo de prisão de 6 meses, mas a Lei de Alimentos diz que é de 60 dias. A maioria da doutrina e jurisprudência entendem que o limite é de 60 dias, afastando a regra do CPC.
- No art. 652 do CPC está regulamentada a prisão civil de infiel depositário.
- Prazo de prisão de 1 ano.
- Entretanto, o Brasil é signatário do Pacto de São José da Costa Rica – Convenção Americana de Direitos Humanos (Decreto n° 678/1992).[11: Movimento de convencionalização,e não constitucionalização, do direito civil (Ver anotações da Aula 01).]
- O art. 7º da Convenção dispõe que nenhum país signatário admitirá prisão civil por dívida, salvo o devedor de alimentos.
- A nossa Constituição permite a prisão civil do devedor de alimentos e do depositário infiel (CRFB, art. 5º, LXVII).
- A Constituição não afirma que vai ser preso, mas que “pode” na forma da lei. Ao devedor de alimentos, aplica-se o CPC (CPC, art. 733), enquanto ao depositário infiel, aplica-se o CC (CC, art. 652).
Logo, a Constituição diz que “pode” e a lei diz “como”.
- In casu, a Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica) não é norma constitucional, porém é supralegal. 
- Assim, no Brasil, a prisão do depositário é continua sendo constitucional, porém se tornou ilícita, haja vista o CC que regulamenta a prisão está superado pelo Pacto de São José da Costa Rica, que tem eficácia supralegal.
- Por isso foi editada a Súmula Vinculante STF 25: “É ILÍCITA A PRISÃO CIVIL DE DEPOSITÁRIO INFIEL, QUALQUER QUE SEJA A MODALIDADE DO DEPÓSITO”. Revogação da Súmula 619, STF.[12: Embora constitucional, é ilícita em função da Eficácia Supralegal da Convenção Americana de Direitos Humanos.]
- Se, p. ex., fosse editada EC que regulamente a prisão civil do depositário infiel, essa passaria a ser constitucional e lícita.
* Prisão do depositário infiel judicial: surgiu a discussão no judiciário se era possível a prisão do infiel depositário judicial (do processo de execução), pois o CC estaria a se referir somente ao depositário infiel contratual.
Para sanar a dúvida, o STJ editou a Súmula 419: “Descabe a prisão civil do depositário judicial infiel”.
- Hoje, somente há prisão civil para o devedor de alimentos.
- STJ 309: “O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende as três prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo.”
- “três prestações anteriores” são chamadas de alimentos presentes (ou dívida alimentícia presente).
- Os que “vencerem no curso do processo” são chamados de alimentos vincendos/futuros.
- Os alimentos pretéritos (vencidos a mais de 3 antes da propositura da ação) não permitem o uso da prisão.
	- Podem gerar penhora em execução.
- No REsp. REsp 997.515/RJ, o STJ decidiu que os alimentos pretéritos podem gerar desconto em folha de pagamento.
- Trata-se de caso de duty to mitigate the own loss – dever do credor de mitigar suas próprias perdas (Ver anotação da Aula 08).
- Alguns processualistas, como Didier e Marinoni, veem discutido a possibilidade de prisão civil excepcional a título de Tutela Específica.
		- Ex: situação em réu recalcitrante em não cumprir decisão judicial.
Aplica-se no caso de internação hospitalar, em que já houve decisão em favor do paciente, mas o hospital não cumpre a decisão. Prefere pagar a multa a internar o paciente.
Como, in casu, está em risco a vida do paciente, alguns processualistas defendea prisão civil do diretor do hospital a título de Tutela Específica.
- Marinoni diz que a Tutela Específica no CPC não está abrangida na limitação da Constituição, que limita a prisão por dívida. Nesse caso, não seria uma prisão por dívida, mas uma prisão por violação de Tutela Específica.
- O prof., apesar de simpatizar com a tese, vê dificuldades de aplicação. Como, p.ex., o juiz iria estabelece o prazo dessa prisão?
AULA 12.4
• O inadimplemento absoluto (CC, art. 389)
	- é o descumprimento da obrigação, sem que exista o interesse em seu cumprimento.
- Diz respeito a impossibilidade de cumprimento posterior. Essa impossibilidade pode ser decorrente de um fato:
		- Do Sujeito;
			- Ex: obrigação de não revelar um segredo empresarial.
		- Do Objeto.
			- Ex: obrigação de entrega de ingresso para a final do campeonato.
	- Pode ser:
		- Total;
		- Parcial.
- Responsabilidade Subjetiva: tem como pressuposto a culpa. 
- Somente se pode falar em inadimplemento absoluto com base no elemento culpa. Por isso, caracteriza-se como Responsabilização Subjetiva.
- O caso fortuito e a força maior são excludentes de responsabilidade civil decorrente do inadimplemento, na medida que essa responsabilidade no caso de inadimplemento absoluto é subjetiva.[13: O CC não fez diferença entre caso fortuito e força maior. Contudo, na doutrina, buscou-se fazer uma diferenciação. Alguns autores dizem que o caso fortuito vem do homem e a força maior da natureza. Outros argumentam que ambos são situações imprevisíveis, mas que a força maior além de previsível seria também inevitável. Porém, independente dessas discussões doutrinárias, o CC trabalhou o caso fortuito e força maior.]
* Exceções: há 3 hipóteses em que o caso fortuito e a força maior não eliminarão a responsabilidade do devedor:
1) Cláusula contratual excludente: cláusula que prevê a responsabilidade objetiva do devedor nas hipóteses de inadimplemento absoluto decorrente de caso fortuito ou força maior.
- Essa cláusula será nula nos contratos de consumo ou de adesão.
2) Responsabilidade objetiva com risco integral previstos em lei.
	- Ex: Dano ambiental.
3) fortuito caracterizado durante a mora (CC, art. 399): hipótese de caso fortuito ou força maior ocorrer durante a mora.
* OBS: Tratam-se de caso de responsabilidade objetiva com risco integral.
* Em se tratando de caso fortuito e força maior, elimina-se a responsabilidade do devedor. Entretanto, esse fortuito sempre deve ser externo, pois o fortuito interno não é excludente de responsabilidade. O fortuito interno pertence à própria atividade exercida. 
	- Ex: Responsabilidade do transportador.
Se passageiro de ônibus é tingido por uma pedra arremessada de fora do ônibus (fortuito externo), o transportador não terá responsabilidade.
Já na situação de faltar freio ao ônibus e por isso ocasionar acidente (fortuito interno), o transportador será responsabilizado.
- Portanto, somente o fortuito externo pode eliminar responsabilidade.
- Efeitos: caracterizado o inadimplemento absoluto, surge para o credor prejudicado o direito a:
		- Perdas e danos;
- A perdas e dano podem estar previamente fixada por meio de cláusula penal (CC, art. 408). A multa serve como perdas e danos.
	* OBS: Função Social da Cláusula Penal – art. 413 do CC: a clausula penal pode ser reduzida de oficio pelo juiz quando a obrigação principal tive sido cumprida em parte ou quando ela se mostrar manifestamente excessiva.
		- Juros e correção monetária;
		- Honorários e custas;
			- Se houve processo.
		- Resolução do contrato.
- Ninguém pode ser compelido a manter uma relação obrigacional com aquele que descumpri suas obrigações.
- Esse direito de resolução do contrato será mitigado nas hipóteses de Adimplemento Substancial – substancial performance (Ver anotações da Aula 08).
• A mora (CC, art. 394).
- É o descumprimento da obrigação de forma que ainda subsiste o interesse na satisfação do crédito (prestação). 
- Como remanesce o interesse no adimplemento, significa que o cumprimento foi imperfeito ou atrasado.
	- Ex: Pagamento extemporâneo/intempestivo; 
- Diz respeito a viabilidade para o cumprimento da obrigação.
- Tal qual o Inadimplemento Absoluto, só há mora com culpa (Responsabilidade Subjetiva).
		- O caso fortuito e a força maior também eliminam a mora.
- Efeito da Mora:
		- Perdas e danos;
- A perdas e dano podem estar previamente fixada por meio de cláusula penal (CC, art. 408). A multa serve como perdas e danos.
	* OBS: Função Social da Cláusula Penal – art. 413 do CC: a clausula penal pode ser reduzida de oficio pelo juiz quando a obrigação principal tive sido cumprida em parte ou quando ela se mostrar manifestamente excessiva.
		- Juros e correção monetária;
		- Honorários e custas;
			- Se houve processo.
		
* OBS: Não gera direito de resolução do contrato, como ocorre no inadimplemento absoluto, pois o mesmo ainda pode ser cumprido.
- Há 2 tipos diferentes de mora:
1) Do Devedor (solvendi/debitoris): cumprimento imperfeito ou retardado por fato imputável ao devedor.
	- depende de culpa do devedor.
- gera como efeito: perdas e danos, que podem estar liquidadas por cláusula penal, juros, correção, honorários, custas e, principalmente, “Constituir o Devedor em Mora”.
- O devedor constituído em mora passa a responder objetivamente, com risco integral, pelo eventual inadimplemento.
- Ex: Comodatário – Cristiano emprestou sua casa durante o carnaval para João.
Na quarta-feira de cinza, João não devolveu o apartamento, logo incorreu em mora.
Contudo, antes de devolver a casa, ocorre uma inundação (caso fortuito e força maior) no local e a casa é destruída. Como João já estava constituído em mora, ele responde objetivamente pelos prejuízos.
			- Como se caracteriza a mora do devedor? Há 2 tipos no CC:
1) Mora ex re ou mora automática: descumprimento de uma obrigação que tinha data certa para se adimplida.
- Quando a obrigação for positiva, líquida e certa e com data fixada para o adimplemento. 
A inexecução da obrigação implica na mora automática, sem a necessidade de interpelação do devedor.
2) Mora ex persona ou mora pendente: se não houver estipulação de termo certo para a execução da obrigação assumida. 
- Por não haver data certa, a caracterização do atraso dependerá de uma providência, do credor, por meio de interpelação, notificação ou protesto do credor.
- Na Alienação fiduciária e Promessa de compra e venda, existe data certa para o devedor pagar.
Claramente diríamos que a mora nesses contratos é ex re, logo não necessitaria de interpelação.
Entretanto, a legislação exige que, para credor possa ajuizar medida judicial para reaver o bem, é necessária a interpelação do devedor.
- A lei não está tornando a mora ex persona, é apenas uma condição de procedibilidade da ação judicial.
Logo, a mora nesses contratos continua sendo ex re.
2) Do Credor (accipiendi): é quando o credor se recusa de receber a prestação de devida no lugar, tempo e forma pactuada.
			- É a única hipótese de mora que se dispensa culpa.
			- É muito rara.
			- Efeitos:
- Isenta de responsabilidade do devedor pela perda e/ou conservação do objeto
- Obriga o credor a ressarcir o devedor pela perda e/ou despesas empregadas na conservação da coisa.
* Moras simultâneas: na mora do devedor e do credor em uma mesmo situação, haverá uma espécie de compensação de moras.
	- Ninguém pode se valer de sua própria torpeza.
	
- Não há prazo para que se Constitua a Mora. Pode ser requerida a qualquer tempo.
- Na Súmula 54, o STJ presume a mora. A Corte diz que nem precisa constituir mora nas hipóteses de responsabilidade extracontratual, esta decorre a partir do evento danoso.
		- Ex: no acidente de automóvel, a mora se dá desde o acidente.
	
- Purgação da Mora (CC, art. 401): possibilidade de emenda da mora, eliminando os efeitos negativos.
	- Forma de reparação antecipada.
	- Ambos os contratantes podem purgar a mora.
- Ex: na locação, o inquilino em mora pode pagaro aluguel, evitando, dessa forma, o despejo.
- Ex: na alienação fiduciária em garantia, o devedor pode pagar a dívida, evitando a busca e apreensão do carro.
- A purgação da mora independe do volume da dívida.
- Inadmissível nos casos de Inadimplemento Absoluto.

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