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Anotações Curso CERS 2013 Direito Civil - Mod. 01 - Aula 02

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AULA 2.1
DIREITOS DA PERSONALIDADE
- Historicamente, desde o CC/16, toda pessoa dispunha de uma personalidade jurídica. E ter uma personalidade jurídica significou ter a aptidão para praticar os atos da vida civil.
	- Por essa ideia, o conceito de capacidade fica prejudicado.
- Por volta da década de 70, Pontes de Miranda apontou problemas conceituais nesse conceito. 
O autor apontou que os entes despersonalizados (condomínio edilício, herança jacente e vacante, sociedade de fato) não têm personalidade, porém praticam atos da vida civil. O Condomínio, p.ex., contrata, tem empregados, recolhe impostos, pode ser parte em processo (CPC, art. 12, IX),...
Assim, o conceito de personalidade atrelado à aptidão para praticar atos da vida civil é incoerente. 
Por isso o art. 1º do CC/2002 alterou essa formulação. Agora, ser pessoa é ter personalidade jurídica. E ter uma Personalidade jurídica significa ter uma proteção básica/elementar/fundamental, que são os direitos da personalidade.[1: Ser pessoa é ter personalidade é para o direito. Não podemos esquecer que o conceito filosófico, biológico e antropológico de pessoa é muito mais complexo do que o conceito do direito.]
Ao lado do conceito de personalidade está o conceito de Capacidade Jurídica, que é a aptidão para pratica dos atos da vida civil.
- Ex: o Condomínio não tem personalidade, porém pode ingressar na justiça para cobrar a taxa de condomínio de um condômino inadimplente.
- Todos aqueles que têm personalidade tem capacidade (CC, art. 1º), mas a recíproca não é verdadeira. Ou seja, quem tem capacidade não tem necessariamente personalidade.
	- Ex: Pessoa natural tem personalidade e capacidade;
	- Ex: Entes Despersonalizados não têm personalidade e têm capacidade.
- A Personalidade diz respeito às RJ existenciais. A Capacidade diz respeito às RJ patrimoniais.
- Ex: O art. 1798 alude à capacidade sucessória. Diz o dispositivo que podem receber herança as pessoas nascidas ou concebidas.
A pessoa nascida não gera dúvidas, mas e a pessoa concebida? O conceito de pessoa concebida abrangeria o embrião em laboratório? A maioria da doutrina entende que sim. O código fala em concebido, e não concebido no útero da mulher.[2: Salvo alguns doutrinadores (vozes dissonantes), como Flávio Tartuce e Caio Mário da Silva Pereira.]
O curioso é que o embrião de laboratório não tem personalidade, pois só adquire no momento em que foi implantado no útero, mas tem direito sucessório. Pode, assim, titularizar uma relação patrimonial, malgrado não tenha personalidade.
- Na modernidade, a proteção aos direitos da personalidade constitui o valor máximo do sistema. Tais direitos são de construção jurídica recente, pois somente depois da 2ª Guerra Mundial é que se sentiu a necessidade de afirmar os direitos da personalidade.
	- Tem formulação cristã e foram concebidos para proteger a pessoa e sua dignidade.
* Conceito de Direitos da Personalidade: são direitos subjetivos extrapatrimoniais, caracterizando uma relação jurídica existencial e garantindo o exercício de uma vida digna nas relações privadas.
- Quando vislumbramos uma RJ de direito público, a dignidade é afirmada pelo viés dos direitos fundamentais e sociais (CRFB, arts. 5º a 6º).
Na RJ de direito privado, essa garantia se dá por meio dos direitos da personalidade.
- A cláusula geral de proteção da personalidade (não taxatividade dos direitos da personalidade)
- Os direitos da personalidade não são taxativos porque estão ancorados em uma cláusula geral de proteção, a dignidade da pessoa humana (CRFB, art. 1º, III).
Partindo-se da premissa de que direitos da personalidade é tudo aquilo que é necessário para se ter uma vida digna em um relação privada, percebe-se que o fundamento dos direitos da personalidade é a dignidade, e o conceito de dignidade é elástico. E é exatamente por essa elasticidade é que os direitos da personalidade não podem ser taxativos.
- Enunciado 274, Jornada de Direito Civil: “Os direitos da personalidade, regulados de maneira não exaustiva pelo Código Civil, são expressões da cláusula geral de tutela da pessoa humana, contida no art. 1º, III, da Constituição Federal”.[3: São encontros realizados em Brasília, no STJ, a fim de debater os pontos mais controvertidos do código. ]
- E o que é dignidade humana? Os constitucionalistas são uniformes ao afirmar não é possível se alcançar um conceito exato, porém é possível enxergar o seu conteúdo mínimo:
1) Integridade física e psíquica.
- A Lei nº 11.346/06 que garante o direito à alimentação adequada;
2) Liberdade e Igualdade 
- ADIn 4277/DF que fala sobre da união homoafetiva como família.
3) Direito ao mínimo existencial (ou Direito ao Patrimônio Mínimo).
	- Ideia de mínimo para viver com dignidade.
- A Lei nº 11.382/06 alterou o CPC, notadamente em seu art. 649, estipulando que os móveis pertences e utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado são impenhoráveis naquilo que for necessário para manter um padrão médio de vida digna.
- Bens móveis de alto valor não essenciais a manutenção da vida digna do sujeito podem ser penhorados, pois excedem a ideia de padrão médio. Ex: Tv de última geração, Carro importado, ...
- A questão da penhora do bem imóvel de elevado valor.
- Seguindo a tese de Marinoni, é possível a penhora de imóvel de elevado valor.
- Entretanto, para o STJ (REsp. 715.259/SP) não é possível a penhora de imóvel de alto valor. Para a Corte, a expressão “médio padrão de vida” prevista no art. 649 do CPC corresponde somente a bens móveis. 
AULA 2.2
* Aplicação prática.
- AGU/O7: dignidade humana e homoafetividade
		- ADI 4277/DF.
- (AGU/04) Redija um texto dissertativo a respeito do princípio da dignidade da pessoa humana, abordando, obrigatoriamente, os seguintes aspectos: princípio da dignidade da pessoa humana como limite da atividade dos poderes públicos e como tarefa imposta ao Estado; relação entre o princípio da dignidade humana e os direitos e garantias individuais.
- (MP/MG/06) Dentro do contexto nacional, diversos autores, entre eles Pontes de Miranda, Orlando Gomes, Caio Mário, Antônio Chaves, Serpa Lopes e outros, definiram os direitos da personalidade como direitos subjetivos, relacionados, intimamente, com o ser humano, bens e valores essenciais à sua pessoa. O Código Civil, inovando, dedica um capítulo a esses direitos, alicerçado no Direito Civil-Constitucional. Tomando por base esses direitos de construção recente, formule sua dissertação considerando: a) conceitos gerais; b) características; c. classificações. O texto deverá ter, no máximo, cinquenta linhas.
• Direitos da personalidade versus liberdades públicas.
- Os direitos constituem tudo aquilo que é necessário ter vida digna em uma relação privada.
- Muitas vezes o exercício do direito da personalidade fica submetido a uma conduta estatal. Nessas situações, têm-se as liberdades públicas. 
Assim, as liberdades públicas constituem as obrigações positivas ou negativas imposta ao poder público para viabilizar o exercício da personalidade. Ou seja, toda vez que se exige do Estado um conduta para que o titular possa exercer a sua personalidade, ali estará uma liberdade pública.
- Ex: Direito de locomoção é um direito da personalidade (direito a liberdade). Quando o direito de “ir e vir” for obscurecido, surge o Habeas Corpus, que é um providência exigida do Estado para que o titular tenha respeitado o seu direito de locomoção.
• Momento aquisitivo dos direitos da personalidade.
- Nada tem haver com as teorias explicativas da natureza do nascituro. Estas teorias operam em outro sentido. 
- Há consenso doutrinário de que os direitos da personalidade são adquiridos pela concepção.
Mas o que é a concepção? Sob o ponto de vista clássico, é o prendimento (nidação) do embrião fecundado na parede do útero.
- Lei 11105/2005 (Lei de Biossegurança) – o art. 5º da lei ajuda na compreensão do conceito de concepção (uterina).
	- Há, portanto, proteção da personalidade do nascituro.
-O Natimorto também titulariza direitos da personalidade, pois estes são adquiridos desde a concepção.
- A aplicação dos direitos da personalidade ao natimorto. Enunciado 1, Jornada de Direito Civil: “A proteção que o Código defere ao nascituro alcança o natimorto no que concerne aos direitos da personalidade, tais como nome, imagem e sepultura”.
- No REsp.399.028/SP, o STJ reconheceu a possibilidade do nascituro reclamar direitos.
- Cuidado: se a ação disser respeitos a direitos da personalidade, o nascituro tem legitimidade plena. Se a ação disser a direitos patrimoniais, terá legitimidade condicionada ao nascimento com vida.
- Ex: Médico de clínica de imagens faz publicidade de seu equipamento com imagens do feto de uma de suas clientes.
Nesse caso, a mãe, representando o nascituro, poder propor ação por violação ao direito de imagem (direito da personalidade).
Caso seja deferido o pleito indenizatório (com transito em julgado) antes do nascituro nascer com vida, poderia a mãe (representante) executar essa sentença? Não, pois isso depende do nascimento com vida, pois se trata de uma relação patrimonial. Caso não nasça com vida, extingui-se a execução.
* Exceção: No caso de Alimentos gravídicos (direito patrimonial), previstos na Lei 11.804/08, o nascituro pode titularizar desde logo esse direito.
- Há discussão se a legitimidade é do nascituro ou da mãe. Vem prevalecendo o entendimento de que a legitimidade é dos dois.
	- Direito dos pais de receber indenização por danos pessoais causados pela morte do nascituro 
- No REsp 1.120.676/SC, o STJ reconheceu o direito dos pais de receber indenização pela morte do nascituro.
- Trata-se de caso em que um caminhão atropelou uma gestante. A mãe sobreviveu e o bebê faleceu.
- Há tutela do embrião laboratorial?
- Não possuem direito da personalidade, pois somente se adquirem esses direitos com a concepção (nidação).
- Pensar ao contrário, poderia gerar repercussões criminais (abortos ou homicídio) em situações de perda de embriões. Ex: derrubada do tubo de ensaio com embrião.
- A Lei n.11.105/05 (Lei de Biossegurança) foi editada atendendo ao Enunciado 2 da Jornada de Direito Civil: “sem prejuízo dos direitos da personalidade nele assegurados, o art. 2º do Código Civil não é sede adequada para questões emergentes da reprogenética humana, que deve ser objeto de um estatuto próprio”.
- O art. 5º da Lei n.11.105/05 estabelece que o médico guardará o embrião pelo prazo de 3 anos. Findo esse prazo, se o casal não tiver mais interesse na reprodução, o médico descartará o embrião, encaminhado-o para pesquisas com células tronco.
- Ora, se o embrião pode ser descartado, então não pode ter personalidade.
- Na ADI 3510/DF, o STF declarou a constitucionalidade do art. 5º da Lei n.11.105/05, estabelecendo, assim, a possibilidade de pesquisas com células-tronco e a inaplicabilidade dos direitos da personalidade aos embriões congelados.
- OBS: Curioso que o embrião de laboratório não tem direito da personalidade, mas pode ter direitos patrimoniais (herança ou legado – art. 1798 do CC).
- O embrião não tem personalidade, mas pode ter capacidade. Prova disso é que pode receber herança ou legado.
AULA 2.3
• Momento extintivo dos direitos da personalidade
- A morte é o momento extintivo dos direitos da personalidade.
- Mas não extingue a possibilidade de situações jurídicas para depois da morte.
- Ex: O crime de vilipêndio de cadáver (CP 212).
- Ex: A legitimidade dos familiares vivos para requerer revisão criminal (CPP 623).
- Há 3 situações jurídicas depois da morte que se deve ficar atento:
1) A sucessão processual – Art. 43, CPC: “Ocorrendo a morte de qualquer das partes, dar-se-á a substituição pelo seu espólio ou pelos seus sucessores, observado o disposto no Art. 265”.
- Na verdade o código cometeu um equívoco ao usar a expressão “substituição”. Na verdade, a palavra ideal é “sucessão”.
- Ocorre quando a pessoa sofre dano ainda viva e promove ação, porém, durante o curso do procedimento, essa pessoa vem a falecer.
Nesse caso, o autor da ação será sucedido pelo seu espólio ou sucessores.
- Nesse caso, não há transmissão dos direitos da personalidade, pois a discussão não é de direito material, mas de direito processual. É somente a sucessão para corrigir a legitimidade processual.
2) A transmissão do direito à reparação do dano – art. 943, CC: “O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança.”
- Nesse caso, o titular sofreu uma lesão a sua personalidade quando ainda estava vivo. O titular tenha falecido sem ter requerido a ação, o direito de requerer a indenização é transmitida ao seu espólio ou sucessores.
- O código não disse (porque não precisava dizer) que o direito de exigir a reparação ou obrigação de prestar transmitem-se com a herança, desde que não tenha ocorrido a prescrição (3 anos – art. 206, § 3º, V, do CC).
- A morte não é causa de interrupção ou suspensão de prazo prescricional.
- Não há transmissão dos direitos da personalidade, mas somente a transmissão do direito de requerer a indenização. Veja-se que o que se transmitiu foi um RJ patrimonial.
3) A proteção dos lesados indiretos – art. 12, Parágrafo Único, CC: “Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau”.
- Há 2 equívocos no código. 
	- “morto” -> “morto ou ausente”; e
- “cônjuge” -> “cônjuge, companheiro ou parceiro homoafetivo”.
			- A violação a personalidade ocorre depois da morte.
- Ex: utilização de imagem de pessoa morta; violação da hora de pessoa morta; invasão de privacidade de pessoa morta.
- O dano atinge diretamente o morto, porém atinge também, indiretamente, os seus familiares vivos. Estes são chamados de lesados indiretos.
- Quem são os lesados indiretos?
- Cônjuge, companheiro ou parceiro homoafetivo sobrevivente;
	- Descendentes;
	- Ascendentes;
	- Colaterais até o 4º grau.
* OBS: Este rol é taxativo? Há muita discussão, contudo, para a maioria dos autores, esse rol não é taxativo. Não é, pois este rol não está fundado na biologia, mas sim no afeto.
Assim, para prof., pode-se acrescentar, p.ex., a noiva, namorada, enteado, amigo muito próximo.
Ademais, na se aplica aqui a ordem de vocação sucessória, e, consequentemente, cada lesado indireto propõe a sua ação, provando o dano sofrido.
- A indenização não será necessariamente igual para todos. Entre um filho e um sobrinho que mora no exterior, presume-se que o dano ao filhe seja maior.
- Pode ser formado um litisconsórcio facultativo.
* OBS: - Quando se tratar do direito de imagem, o art. 20, parágrafo único, do CC retira a legitimidade dos colaterais.
- Jornada de Direito Civil, Enunciado 5: “1) as disposições do art. 12 têm caráter geral e aplicam-se, inclusive, às situações previstas no art. 20, excepcionados os casos expressos de legitimidade para requerer as medidas nele estabelecidas; 2) as disposições do art. 20 do novo Código Civil têm a finalidade específica de regrar a projeção dos bens personalíssimos nas situações nele enumeradas. Com exceção dos casos expressos de legitimação que se conformem com a tipificação preconizada nessa norma, a ela podem ser aplicadas subsidiariamente as regras instituídas no art. 12”.
* Em prova, deve-se marcar que os colaterais não são legitimados em relação ao direito de imagem, conforme está no código. Contudo, em prova for discursiva, caso queira, pode-se utilizar como argumento o caráter exemplificativo do rol, admitindo a legitimidade do colateral se o mesmo provar que tinha um relação afetiva com o morto.
- Os lesados indiretos tem legitimidade autônoma ordinária. Ou seja, eles vão pleitear direito próprio em nome próprio.
- Não se trata de substituição processual (direito alheio em nome próprio). Ex: Ação de investigação de paternidade proposta pelo MP.
- Não há transmissão. Trata-se de legitimidade autônoma ordinária para o processo do lesado indireto.- Ex: Caso no RS em que sujeito faleceu por HIV, e logo depois de seu falecimento um jornal publicou que o sujeito contraiu a doença por ser homossexual.
Na verdade, o sujeito contraiu a doença em decorrência de transfusão de sangue, pois o mesmo era hemofílico.
Nesse caso, a família apresentou ação contra o jornal.
- No REsp.521.697/RJ, o STJ reconheceu a legitimidade dos lesados indiretos no famoso caso do jogador de futebol Garrincha. In casu, os filhos do jogador ajuizaram ação contra biografia que expunha a intimidade do pai falecido.
* Observa-se que em nenhuma situação o direito da personalidade se transmite.
* Aplicação prática:
- (TRF-2aRegião/04) De acordo com o Código Civil, é admissível a tutela inibiitória contra a ameaça de lesão a direito da personalidade por divulgação de relato inverídico relacionado à biografia de pessoa já falecida? Em caso positivo, quem tem legitimação para postular a medida? Em caso negativo, comente a omissão legislativa.
		- Sim, em relação aos legitimados indiretos.
- (MP/DFT/03) Assinale a alternativa correta: c) é possível a tutela judicial dos direitos da personalidade de pessoa morta.
??? O caso Lampião e Maria Bonita (STJ, REsp.86.109).
AULA 2.4
• Fontes dos direitos da personalidade
	- Há uma discussão entre os jusnaturalistas e juspositivistas.
- Para maioria dos autores sustenta que a fonte dos direitos da personalidade é o jusnaturalismo, pois entendem que esses direitos precedem o ordenamento jurídico. Para essa corrente os direitos da personalidade são inatos, de caráter universal.[4: Maria Helena Diniz, p.ex.][5: Os direitos da personalidade tem como base o direito a vida, que vem antes do ordenamento.]
- Ex: Julgamento de Nurenberg – os nazistas formam condenados mesmo alegando que estavam cumprindo a lei alemã. Para a condenação, justificou-se que, apesar de estarem cumprindo a lei, descumpriram um direito pré-existente à lei, que seria o direito a vida.
- Em entendimento contrário, há autores que entendem que os direitos humanos, e consequentemente os direitos da personalidade, não possuem um caráter universal, mas sim um caráter cultural.[6: Gustavo Tepedino, Pontes de Miranda, Boaventura de Souza Santos, Cristiano Chaves, ....]
Os direitos da personalidade são reconhecidos por cada ordenamento. Portanto, seria positivista culturalista.
- Ex: Povos muçulmanos têm uma ideia totalmente diverso de direito humanos em relação ao mundo ocidental.
* A CRFB diz que é possível pena de morte em tempos de guerra. Tal autorização foi dada por Deus para o homem matar o seu semelhante? Claro que não. Isso é uma opção cultural. O nosso país não admite pena de morte ordinariamente, mas em tempo de guerra há uma exceção, o que não se admitiria se os direitos da personalidade fossem universais. Portanto, não há como se sustentar esse caráter naturalista dos direitos naturais.
* Os direitos autorais (Lei 9610) também são direitos da personalidade, contudo também é um direito construído.
* Aplicação prática:
(MP/DFT/02) Julgue os itens a seguir: (...) III. o reconhecimento dos direitos da personalidade sofreu influência do cristianismo e sua idéia de dignidade do homem;
- Verdadeiro, pois essa é a acepção da maioria, a de que os direitos da personalidade são naturais.
• Os direitos da personalidade e a pessoa jurídica
- A âncora dos direitos da personalidade é a dignidade da pessoa humana e, no ordenamento, não há referência a dignidade da pessoa jurídica.[7: Já vimos que os direitos da personalidade são adquiridos pela concepção uterina – nem o embrião de laboratório dispõe deles.]
Assim, a pessoa jurídica não dispõe de direitos da personalidade, porém merecem a proteção que deles decorre.
- Apesar de não dispor dos direitos da personalidade, merecem proteção porque as pessoas jurídicas tem personalidade. 
- Os direitos da personalidade trazem um atributo de elasticidade, pois, mesmo deles não dispondo, a pessoa jurídica merece a proteção que deles decorre.
- Art. 52, CC: “Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade”.
- Destaca-se a expressão “no que couber”. Significa que naquilo sua falta de estrutura biopsicológica permita exercer.
	- Ex: Proteção do nome, imagem, ...
- Não terá a proteção da intimidade e integridade física, pois são incompatíveis com sua falta de estrutura biopsicológica.
- Enunciado 286, Jornada de Direito Civil: “Os direitos da personalidade são direitos inerentes e essenciais à pessoa humana, decorrentes de sua dignidade, não sendo as pessoas jurídicas titulares de tais direitos.”.
- STJ 227: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral”.
		- Pode sofre dano moral “no que couber”.
- O STJ vem exigindo para o dano moral da pessoa jurídica a prova efetiva do dano. Para a pessoa humana não, basta provar a violação da personalidade.
- Ex: Colocaram indevidamente o nome de Talita no SCPC. Ela não precisa provar que ficou triste, teve que fazer terapia, ... O simples fato de terem inserido indevidamente o nome dela no cadastro já é suficiente.
- Ex: Dano moral por protesto indevido de duplicata de pessoa jurídica - REsp.433.954.
	
* Aplicação prática:
- (MP/DFT/02) Julgue os itens a seguir: (...) IV. o STJ possui entendimento sumulado no sentido de que a pessoa jurídica pode sofrer dano moral.
	- Súmula 227 do STJ.
- (MP/DFT/03) Julgue os itens abaixo, conforme disciplina o Código Civil: (...) I – o Código Civil reconhece a possibilidade de as pessoas jurídicas serem titulares de direitos da personalidade;
	- Errado. Elas não são titulares, mas merecem proteção.
- (AGU/06) A legislação civil assegura a indenização por danos morais por violação do direito da personalidade não só em favor da pessoa natural, mas também da pessoa jurídica. Porém, como não se assegurou à pessoa jurídica os direitos subjetivos da personalidade, admite-se, tão somente, a ofensa à chamada honra objetiva, que tem repercussão exclusivamente patrimonial, por atingir seus resultados econômicos. Portanto, entre as pessoas jurídicas, somente aquelas com finalidade lucrativa têm direito a indenização por dano moral.
- Errado, pois toda pessoa jurídica merece proteção da personalidade, independentemente de sua finalidade.
- Existe uma dificuldade prática em separar dano moral da pessoa jurídica com lucro cessante.
		- Dano moral e lucro cessante dizem respeito a bens jurídicos distintos.
- Ex: Há o caso da Escola de Base de SP. Os professores e diretores foram acusados de praticar ato violento ao pudor, porém posteriormente ficou-se provado que as acusações não tinham procedência. De qualquer forma, devido a repercussão do caso, a escola fechou.
Assim, a escolha entrou com ação pleiteando dano moral, pois o nome da escola foi perdido, e lucro cessante, pois a mesma perdeu todos os seus alunos.
• Possibilidade de colisão entre os direitos da personalidade e a liberdade de comunicação social (liberdade de expressão + liberdade de imprensa)
	- liberdade de comunicação social = liberdade de expressão + liberdade de imprensa.
- A CRFB protege tanto a liberdade de comunicação social quanto os direitos da personalidade.
- Por serem dois valores constitucionais, protegidos como cláusulas pétreas, não há uma solução apriorística, mas casuísticas. Assim resolve-se pela Ponderação de Interesses.
* Ver Ex. de Luis Roberto Barroso em 0:25:15.
- Eventualmente é possível indenizar quando a ponderação se resolver em favor dos direitos da personalidade.
- STJ 221: “São civilmente responsáveis pelo ressarcimento de dano, decorrente de publicação pela imprensa, tanto o autor do escrito quanto o proprietário do veículo de divulgação.”
- A teor do art. 942 do CC, autor e proprietário do veículo respondem solidariamente pelo dano.
- STJ 281: “A indenização por dano moral não está sujeita à tarifação prevista na Lei de Imprensa.”
- A Lei de Impressa trazia um tabelamento por dano moral. A lei dizia que a indenização deveria ficar entre 5 e 200 salários mínimos. Isso,contudo, não se aplica. A indenização será fixada de acordo com a extensão do dano.
- Está conectada na inconstitucionalidade da Lei de Impressa, já declarada pelo STF.
- Se a liberdade de expressão não é absoluta, a liberdade de expressão também não é. Ou seja, cada um pode falar o que quer, desde que não viole a personalidade alheia.
- No Brasil não se aplica o sistema do hate speech – manifestações de ódio, desprezo, intolerância. 
O hate speech foi afastado pelo leading case HC 82.424/RS (Caso Ellwanger julgado pelo STF).
- Ellwanger é um descendente germânico que publicou um livro sustentando que o problema da humanidade são os judeus.
O MP ajuizou ação por crime de racismo, enquanto o acusado alegava o seu direito a livre expressão.
• Os direitos da personalidade e as pessoas públicas (celebridades)
- As pessoas públicas sofrem uma relativização dos direitos da personalidade, por conta de seu ofício ou profissão.
- Ex: Já pensou se o Jornal precisasse pedir autorização ao jogador de futebol para vincular a sua imagem?
	- Apesar da relativização, não há uma perda dos seus direitos da personalidade.
- Ex: desvio de finalidade – Jornal utilizar sem autorização a imagem de artista e para fazer propaganda. Foge da finalidade informativa para finalidade econômica.
- Os Terceiros-acompanhantes das pessoas públicas também tem mitigados os direitos da personalidade.
- Ex: Caso Chico Buarque – Mulher casada que foi flagrada por jornal beijando Chico Buarque requereu indenização por divulgação de sua imagem. Aduzia a requerente que ela não era pessoa pública, mas somente o Chico Buarque, por isso fazia jus a indenização.
Nesse caso, o pedido foi denegado, pois ela estava acompanhando pessoa pública, o que resulta na mitigação de sua personalidade.

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