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KRUGMAN e OBSTFELD - Economia Internacional Capitulo. 12 - Contabilidade nacional e o balanço de pagamentos Duas ferramentas essenciais que se relacionam entre si são a contabilidade nacional e a contabilidade do balanço de pagamentos. A primeira registra todos os gastos que contribuem para a renda e o produto do país. A segunda ajuda-nos a acompanhar as variações no endividamento com o estrangeiro. O produto nacional bruto (PNB) é o valor de todos os bens e serviços finais produzidos pelos fatores de produção e vendidos no mercado em um período de tempo. Define-se o PNB e a renda nacional como necessariamente iguais, porém ajustes no PNB como depreciação, transferências unilaterais e impostos indiretos sobre os negócios devem ser feitos para identificação correta. O PNB é igual ao PIB mais os recebimentos líquidos de renda dos fatores vindos do resto do mundo. O PIB não corrige a parcela da produção efetuada a partir de serviços fornecidos pelo capital de propriedade estrangeira. Em uma economia fechada, como residentes não podem comercializar com estrangeiros, a renda nacional é gerada pelo consumo, pelo investimento ou pelas compras governamentais; em uma aberta, a renda nacional é a soma dos gastos domésticos e estrangeiros em bens e serviços produzidos pelos fatores domésticos: Y= C+I+G+ EX - IM. A diferença entre as exportações e importações de bens e serviços é o saldo em transações correntes. Quando as importações excedem as exportações, o país tem um déficit em transações correntes, e quando o contrário, tem um superávit. Um país pode importar mais do que exporta apenas se puder tomar emprestada a diferença com os estrangeiros; assim, aumenta sua dívida externa líquida pelo montante do déficit. Para explicar as mais importantes implicações da identidade do PNB, define-se poupança nacional, parte do produto que não se destina ao consumo ou às compras governamentais. Em uma economia fechada, a poupança nacional é igual ao investimento: S= I; uma aberta pode poupar aumentando seu estoque de capital ou adquirindo riqueza externa: S= I+TC. A poupança privada é a parte da renda disponível, a renda nacional menos os impostos líquidos arrecadados pelo governo, T, que é poupada, e não consumida. A poupança do governo é semelhante, mas a renda é a receita líquida de impostos, e o consumo são as compras governamentais. Pode-se utilizar essas poupanças para reescrever a identidade da renda nacional nas economias abertas: S= Sp+Sg= I+TC; Sp= I+TC +(G-T). O déficit orçamentário do governo, G-T, mede o grau em que o governo toma empréstimos para financiar seus gastos. Nos EUA, no início da década de 1980, impostos foram cortados e gastos de governo aumentaram, gerando déficits do governo e em transações correntes. Isso levou gente a achar que eram "déficits gêmeos". As contas do balanço de pagamentos são um registro detalhado da composição do saldo em transações correntes e das transações que o financiam. Um ativo é uma forma pela qual a riqueza pode ser mantida, como dinheiro, ações, dívida do governo. Os tipos de transações internacionais no balanço de pagamentos são: as que envolvem exportação ou importação de bens e serviços; as que envolvem compra ou venda de ativos financeiros, que são registradas pela conta financeira do balanço; e atividades que resultam em transferências de riqueza que são registradas na conta capital. Uma regra da contabilidade chamada regra das partidas dobradas é que toda transação internacional é lançada como crédito e como débito no balanço. Como qualquer transação internacional ocasiona dois lançamentos equivalentes, o saldo em transações correntes, o saldo da conta financeira e o saldo da conta capital somam zero; porém como os dados de fontes podem diferir, as contas raramente se equilibram na prática. Os contadores forçam o equilíbrio, adicionando uma discrepância estatística. Um dos tipos de transações na conta financeira é a que envolve a compra ou a venda de ativos de reservas oficiais pelos bancos centrais. O banco central de uma economia é a instituição responsável por administrar a oferta de moeda. As reservas internacionais oficiais são ativos estrangeiros mantidos pelos bancos centrais como um amortecedor contra infortúnios econômicos nacionais. O aumento líquido nos créditos das reservas oficiais estrangeiras sobre os EUA menos o aumento líquido nas reservas oficiais dos EUA é o saldo em transações de reservas oficiais. Os dados das transações correntes nacionais mostram que o mundo incorre em um substancial déficit. Uma hipótese mais plausível seria os erros sistemáticos de informação sobre os fluxos de renda gerados pelos juros internacionais. O Bureau of Economic Analysis do Departamento de Comércio dos EUA supervisiona a coleta de dados que está por trás das contas nacionais e do balanço de pagamentos. Hoje, o BEA utiliza dois métodos diferentes para atribuir valores correntes aos investimentos estrangeiros diretos: o do custo corrente e o do valor de mercado. Como a poupança de um país pode ser emprestada, para aumentar o estoque de capital de outro, o superávit em transações correntes muitas vezes é chamado de investimento estrangeiro líquido. Se a identidade da renda, com as definições das poupanças, for reescrita assim TC= Sp-I -(G-T), é possível ver como os déficits gêmeos poderiam ter ocorrido; porém essa teoria pode levar a erros quando mudanças nos déficits do governo levam a mudanças na poupança privada e no investimento, que podem neutralizar o déficit orçamentário. Uma das explicações disso é a 'equivalência ricardiana'. Quando o governo reduz impostos e aumenta o déficit, os consumidores aumentam sua poupança, e o contrário também existe. Qualitativamente, foi o comportamento da Europa em fins dos anos 1990.
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