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Análise Textual - Conteúdo Online

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ANÁLISE TEXTUAL 
AULA 1 – LÍNGUA, LINGUAGEM E VARIAÇÃO LINGUÍSTICA 
Muitos momentos de nossas vidas envolvem situações em que estamos ora com pessoas 
muito íntimas, ora pessoas com quem temos pouca intimidade ou até com pessoas 
desconhecidas, não é mesmo? 
A convivência com pessoas desconhecidas exige de nós postura diferente da que temos com 
familiares, concorda? Isso, consequentemente, gera uma forma de falar diferenciada. 
Enfim, as situações comunicativas são enquadradas na formalidade ou na informalidade. 
Então, a necessidade de adquirirmos uma linguagem mais elaborada, utilizando a norma culta, 
se dá porque às vezes precisamos usar uma linguagem mais formal. 
Entretanto, isso não quer dizer que há perda dos aspectos informais da língua, ou seja, 
continuaremos sempre a falar com pessoas de nossa intimidade da mesma forma. Adquirir 
outros modos de falar, apenas “alarga nossa capacidade de comunicação”. 
Busca-se dar sentido aos fatos quando: comunicamos nossa maneira de pensar, defendemos 
ideologias, expressamos nossos sentimentos, difundimos idéias. 
Mesmo quando buscamos dar sentido aos fatos, ponderamos a nossa maneira de falar, com 
base nas situações em que somos colocados(as) 
A língua é um produto social e cultural constituído por signos linguísticos, caracterizado por 
um código, e a linguagem é o veículo de expressão. 
Como vimos anteriormente, a língua também varia de acordo com o contexto de 
comunicação, já que não falamos sempre do mesmo modo. Sendo necessário, portanto, 
distinguir informalidade da linguagem vulgar ou popular. 
Você sabia que o Português também é a língua oficial de outros países? 
O Português é a língua oficial de Brasil, Portugal, Moçambique, Angola, Cabo Verde, São Tomé 
e Príncipe. Porém, possui algumas variações, de acordo com a região em que é falado, 
formando o que chamamos de dialetos regionais ou geográficos. 
Assim como a dança, a música, as imagens, os gráficos e os gestos, as línguas são diferentes 
formas de expressão ou linguagens. Uma vez que o texto é um produto social, existe uma 
relação intrínseca entre ele, a cultura, o momento histórico e a ideologia em que é formado. 
A linguagem é uma faculdade (capacidade) que permite exercitar a comunicação, latente ou 
em ação. Já a língua refere-se a um conjunto de palavras e expressões usado por um povo, 
por uma nação, munido de regras próprias (sua gramática). 
A língua é uma construção social e corresponde à cultura, história e sociedade de um 
determinado povo, de uma determinada nação. 
A atividade de comunicação que fazemos todos os dias, aparentemente sem muito esforço, 
não é tão simples assim. Antes da fala sair de sua boca, você pensa, elabora o que quer 
comunicar, depois procura palavras e construções adequadas na língua para que essa fala 
possa ser entendida pelos outros. 
A linguagem é uma capacidade humana e a língua uma espécie de “contrato” entre as 
pessoas em uma sociedade e é por ser uma capacidade humana que os analfabetos 
conseguem se comunicar, mesmo sem saber ler e escrever. 
Isso quer dizer que, para haver comunicação, basta o indivíduo “acionar” a capacidade mental 
(linguagem) e articular o código social (língua). 
Dissemos que a linguagem está relacionada à interpretação do mundo, à nossa capacidade de 
atribuir significado às coisas, à natureza, aos anseios, certo? 
Ela representa, portanto, qualquer forma de comunicação, daí temos a linguagem dos sinais 
como as das placas de trânsito, indicação de gênero nas portas dos banheiros, a linguagem 
das cores, a linguagem do corpo, dentre outras. Essa linguagem é chamada de NÃO VERBAL. 
Quando lida apenas com a escrita, entra no contexto verbal (contexto que utiliza a escrita ou 
a fala para estabelecer a comunicação). 
Quando estamos lidando apenas com a escrita, logo, entramos no contexto verbal (contexto 
que utiliza a escrita ou a fala para estabelecer a comunicação). Esse contexto possibilita nossa 
comunicação pelas regras de uma língua. 
Isso permite uma fala adequada que resultará em entendimento caso o interlocutor 
compartilhe as referências necessárias para compreender o significado. 
A frase que não há comunicação é porque não está estruturada de acordo com as regras da 
língua. 
Estas regras internas de combinação de uma língua permitem a compreensão ou não de um 
comunicado, sendo reconhecidas por qualquer falante de uma mesma língua. 
A variação padrão, ou norma culta, é a forma de se comunicar das pessoas que têm mais 
prestígio social, das que possuem um nível maior de escolaridade. 
É a forma de comunicação das pessoas que são mais respeitadas na sociedade. Daí a maioria 
não querer ter a mesma forma de falar das pessoas que têm pouco prestígio social. 
A língua nos possibilita organizar frases, textos, utilizando os elementos que conhecemos 
dessa língua. Porém, a norma social não permite que sejam feitas todas as combinações 
possíveis; ela impõe limites. Em outras palavras, tudo se pode, mas nem tudo se deve. 
A escrita requer comportamentos diferentes da modalidade da fala, justamente porque a 
pessoa não está presente. Tudo deve ser comunicado da forma mais clara possível, pois o 
leitor não tem outros recursos para entender a mensagem. 
AULA 2 – ADEQUAÇÃO VOCABULAR, VARIAÇÃO LINGUÍSTICA, TEXTO E 
HIPERTEXTO 
A língua varia de acordo com a situação, com a idade do falante, com a formalidade ou 
informalidade do encontro, com as pessoas envolvidas etc. 
Há diversos contextos em que a língua se acomoda. Esse fenômeno é chamado de Variação 
Linguística. Entretanto, mesmo que haja variação, sempre será necessário que os elementos 
da língua estejam ordenados e relacionados de forma a haver textualidade. 
Há um texto toda vez que apresentamos uma ideia completa, mesmo que isso seja feito 
através de uma única palavra. 
Percebe-se com isso que um texto não é uma questão de quantidade de palavras, mas, sim, 
de comunicação, da capacidade de passar uma mensagem que possa ser entendida pelo 
interlocutor ou pelo leitor. 
A coesão (junção) é quando há palavras, expressões, isto é, conexões colocadas 
estrategicamente ao lado de outras para produzirem a sequência da mensagem com sentido. 
Há diferentes tipos de coesão, que são responsáveis pela chamada “tessitura do texto”. 
Coesões referenciais: elas constroem a textualidade porque se referem ao(s) mesmo(s) 
referente(s), sem fazer repetições. 
Essa é uma forma que a língua nos oferece para falarmos de um mesmo assunto/ser várias 
vezes, com diferentes denominações. Isso evita que nosso texto seja cansativo e que nosso 
leitor não tenha a impressão de que já leu aquela informação. 
Texto é um entrelaçamento de enunciados oracionais e não oracionais organizados de acordo 
com a lógica do autor. O entrelaçamento não deve ser feito de qualquer jeito, pois um texto, 
para possibilitar o entendimento. 
Essa qualidade está relacionada diretamente aos elementos coesivos, responsáveis por 
promover a ligação entre as partes. 
Há dois tipos básicos de coesão: 
Coesão referencial: a informação é retomada 
Lexical - permite o entrelaçamento do texto pela substituição/omissão de palavras (podemos 
destacar o uso de sinônimos e hiperônimos). 
Sinônimos: Os automóveis estacionados de maneira irregular deverão ser retirados do local. 
Caso contrário, os carros serão rebocados. 
Hiperônimos: A gripe suína causou grande preocupação. Tal doença, se na forma grave, 
pode causar a morte. 
Gramatical - permite o entrelaçamento do texto pelo emprego de pronome, conjunções e 
numerais, dentre outros. 
Pronome: O aluno ficou com dúvidas sobre o conceito. Ele pediu uma nova explicação ao 
professor. 
Conjunção: Ficou indignado, quando soube que seutime havia perdido por erro do juiz. 
Numerais: O mural indica dois avisos: o primeiro refere-se à matrícula; o segundo, à 
formatura. 
Coesão sequencial: a informação progride 
Temporal - permite a progressão da informação pela ordenação linear dos elementos1, 
pela utilização de partículas temporais2 e pela correlação dos tempos verbais3. 
1 O aluno sentou na cadeira, pegou a caneta e começou a prova. 
2 Antes ele acreditava que não tinha jeito, agora ele está mais esperançoso. 
3 Antes de o time ganhar o campeonato, ele havia se preparado por duas semanas. 
Por conexão - auxilia na compreensão do texto como um todo. Pode ser vista por meio dos 
operadores do tipo lógico1 e operadores discursivos2, dentre outros. 
1 O Shopping Center sofreu um incêndio porque não havia água para abastecer o sistema de 
segurança. 
2 O acidente ocorrido ontem exemplifica a falta de segurança nas estradas. 
Uma das formas de se garantir que um grupo de palavras seja denominado texto é a presença 
de recursos linguísticos e semânticos (como a coesão e a coerência). 
Hipertexto pode ser entendido como uma espécie de conexão em que as informações podem 
ser lidas em diferentes sequências. 
O leitor segue vários caminhos para desvendar/desdobrar a mensagem, assim como você está 
fazendo para conhecer esse conceito. 
No mundo contemporâneo, por exemplo, os hipertextos se tornaram uma forma de 
interatividade, fundamental para que possamos compreender e organizar a enorme 
quantidade de informações a que somos expostos diariamente. 
A construção de uma hipertextualidade ocorre quando um texto, verbal ou não verbal, explica 
ou complementa outro texto. 
A poesia concreta é um bom exemplo de hipertexto, visto que palavras e imagens se 
completam. 
É possível dizer que o hipertexto é um dispositivo cognitivo, no sentido de que no instante da 
leitura podemos fazer associações, passando a outras fontes de informação. 
O hipertexto, portanto, se constrói a partir da associação de uma imagem ou informações 
relacionadas a um texto considerado pelo receptor da mensagem. 
Deste modo, mais do que um texto tradicional, construído a partir de palavras impressas, o 
hipertexto exige a participação do leitor. 
Tanto a coesão quanto a coerência são aspectos fundamentais que constituem um texto, pois, 
do contrário, sem a existência deles, a unidade necessária não será mantida e não teremos o 
texto propriamente dito. 
É graças à coesão, por exemplo, que conseguimos compreender um texto com mais 
facilidade. Se, quando lermos, identificarmos os chamados elos coesivos, que nos remetem a 
formar a sequência de ideias e as mensagens que vão construindo o sentido do texto, 
conseguiremos entender a mensagem com muita mais clareza e rapidez. 
AULA 3 – TEXTUALIDADE (COESÃO SEQUENCIAL). ARTICULAÇÕES 
SINTÁTICAS E RELAÇÕES SEMÂNTICAS 
A coesão é um dos requisitos imprescindíveis à construção de todo e qualquer texto. Há, 
portanto, alguns elementos que funcionam como principais agentes nesse processo, para 
fazer com que a mensagem aconteça de forma clara e precisa. 
Quando um texto se caracteriza por apresentar uma ideia completa, queremos dizer que as 
informações estão conectadas umas às outras coerentemente, ou seja, estabelece-se relações 
lógicas entre as ideias contidas no texto. 
A coesão sequencial que garante a textualidade é facilitada pela utilização de conectivos, 
como preposições e conjunções. 
A junção de informações de forma inadequada é um dos principais motivos da falta de 
coerência nos textos. 
Não existe uma forma única de fazer a conexão das ideias. Entretanto, dentre as várias 
possibilidades, é provável que haja junções inadequadas. 
Assim, deduz-se que nem todas as conexões são possíveis para formar uma ideia completa, 
coerente. Isso leva a perceber que essas junções, que podemos chamar de articulações 
sintáticas, devem ser utilizadas para encontrar o sentido adequado. 
Portanto, são as articulações sintáticas que estabelecem as relações semânticas. 
Os elementos articuladores fazem parte do que chamamos de articulações sintáticas, função 
responsável pelo estabelecimento das relações semânticas (relações que se estabelecem entre 
as palavras e formam o sentido de um texto). 
Ao ler um texto, necessita-se estabelecer relações sintático-semânticas (causa, consequência, 
comparação, disjunção etc.). Isso porque essas relações estabelecem sentido no que se quer 
comunicar e a arrumação das informações obedece ao estabelecimento do sentido. 
Quer dizer que: as palavras, as expressões com as quais ligamos as ideias, estabelecem 
significados, conduzem o sentido das mensagens. Sendo assim, não se pode utilizar um 
elemento qualquer para conectar as informações. 
Para identificar as relações sintático-semânticas estabelecidas pelos articuladores, é necessário 
observar o sentido que pode ser depreendido do texto. 
Semântica: estudo das significações das palavras. 
AULA 4 – TIPOS E FATORES DE COERÊNCIA 
A coerência, é a ligação de cada uma das partes do texto com o seu todo, de forma que não 
haja contradições ou erros que gerem incompreensão, mal-entendido ou até mesmo falha na 
comunicação. 
A coerência diz respeito à intenção comunicativa do emissor, interagindo, de maneira 
cooperativa, com o seu interlocutor. 
Pode-se organizar, de acordo com Ingedore Koch, a coerência em quatro tipos: 
1Coerência Semântica: refere-se à relação entre os significados dos elementos das frases em 
sequência. 
A incoerência aparece quando esses sentidos não combinam ou quando são contraditórios. 
É estabelecida entre os significados dos elementos do texto através de uma relação 
logicamente possível. 
2Coerência Sintática: refere-se aos meios sintáticos usados para expressar a coerência 
semântica: conectivos, pronomes etc. 
Trata da adequação entre os elementos que compõem a frase, o que inclui também atenção 
às regras de concordância e de regência. 
3Coerência Estilística: vem da utilização de linguagem adequada às possíveis variações do 
contexto. Na maioria das vezes, esse tipo de coerência não chega a perturbar a 
interpretabilidade de um texto. 
É uma noção relacionada à mistura de registros linguísticos (formal x informal, por exemplo). 
É desejável que quem escreve ou lê se mantenha em um estilo relativamente uniforme. 
4Coerência Pragmática: pode-se dizer que esse tipo de coerência é verificado através do 
conhecimento que possuímos da realidade sociocultural, que inclui também um 
comportamento adequado às conversações. 
Refere-se ao texto visto como uma sequência de atos de fala. Para haver coerência nesta 
sequência, é preciso que os atos de fala se realizem de forma apropriada, isto é, cada 
interlocutor, na sua vez de falar, deve conjugar o seu discurso ao do seu ouvinte, de forma a 
manter a expectativa de conteúdo de acordo com a situação em que o texto é usado. 
Um texto pode ser incoerente em determinada situação se seu autor não consegue 
estabelecer um sentido ou uma ideia através da articulação de suas frases e parágrafos e por 
meio de recursos linguísticos (pontuação, vocabulário etc.). 
Pode-se concluir, por esse motivo, que um texto coerente é aquele que é capaz de estabelecer 
sentido. Por isso, a coerência é entendida como um princípio de interpretabilidade. 
A palavra texto provém do latim textum, que significa “tecido, entrelaçamento de fios”. Assim, 
da mesma forma que um tecido não é apenas um emaranhado de fios, o texto é não um mero 
amontoado de frases: 
Segundo Melo, o “texto (do latim textum: tecido) é uma unidade básica de organização e 
transmissão de ideias, conceitos e informações de modo geral. Em sentido amplo, uma 
escultura, um quadro, um símbolo, umsinal de trânsito, uma foto, um filme, uma novela de 
televisão também são formas textuais.” (MELO, 2003) 
Por isso, deve haver uma organização, uma unidade de sentido para que o texto seja 
considerado texto e cumpra sua função: estabelecer contato com seu interlocutor, a fim de 
informar, influenciar, questionar, sensibilizar, convencer, divertir, enganar, seduzir. É disso 
que trata a coerência textual. 
Se os fios embolam ou se rompem, quebra-se a coerência, ou seja, o texto não faz sentido. 
A coerência se estabelece por uma série de fatores que afetam os possíveis sentidos de um 
texto. 
Portanto, ao considerar que a coerência é o princípio de interpretabilidade (instrumento que 
tanto o emissor quanto o receptor usam para conseguir encaixar as “peças” do texto e dar um 
sentido completo a ele.), podemos observar os seguintes fatores: 
Conhecimento lingüístico: consiste no domínio das regras que norteiam a língua, isso vai 
possibilitar as várias combinações dos elementos linguísticos. 
“O português é comumente considerado uma língua acusativa, cuja ordem direta, não 
marcada, é sujeito-verbo-objeto (SVO ou SV(O))” (cf. Andrade, 1987; Chaves, 1989). 
Levando em consideração essa conclusão, podemos afirmar que a alteração da ordem dos 
elementos que compõe a frase impediu a compreensão da mensagem. 
Conhecimento de mundo: é o conhecimento proveniente de nossas experiências com o 
mundo, resultante da interação sociocultural. Através dessa interação, armazenamos 
conhecimento, constituindo os modelos cognitivos. 
É uma espécie de arquivo que guardamos em nossa memória, como se fosse um dicionário, 
relacionado ao mundo e à cultura a que temos acesso. 
Conhecimento partilhado: conhecimento compartilhado entre as pessoas, entre quem 
estabelece uma interação. Essa interação se torna possível graças à experiência comum dos 
envolvidos. 
Inferência: são as reflexões que fazem a partir de alguma ideia, a partir de determinado texto. 
Incluem as deduções, conclusões que construímos juntamente com quem conta ou escreve 
uma história, um fato etc. 
Contextualização: são os elementos que “ancoram” o texto em uma situação comunicativa 
determinada, como a data, o local, a assinatura, elementos gráficos, timbre, título, autor. 
Situacionalidade: conhecimento de onde a história se situa, com todos os elementos 
necessários. Fator que atua nas duas direções, tanto da situação para o texto quanto do texto 
para a situação. 
Um texto coerente em uma situação pode não ser em outra. 
Informatividade: é o nível de informação contida no texto, que dependerá da intenção do 
produtor de construir um texto mais ou menos hermético. 
Diz respeito ao grau de previsibilidade da informação que vem no texto, que será menos 
informativo, se contiver apenas informação previsível ou redundante. 
Já se contiver informação inesperada ou imprevisível, o texto terá um grau máximo de 
informatividade, podendo, à primeira vista, parecer até incoerente por exigir do receptor um 
grande esforço de decodificação. 
Focalização: constitui-se no próprio foco do texto, no assunto a ser tratado. Isso evita que um 
texto com tema da globalização passe a falar mal dos países globalizados. 
O titulo do texto é, em grande parte dos casos, responsável pela focalização. 
Também pode ser analisado como a concentração dos usuários (produtor e receptor) em 
apenas uma parte de seu conhecimento. 
Intertextualidade: é uma interação entre textos (essa relação pode ser explícita – quando 
apresenta a fonte do texto original – ou implícita – quando é necessário que o receptor tenho 
conhecimento suficiente do assunto para recuperar o texto original), sendo um mecanismo 
importante para o entendimento de determinadas mensagens. 
Ocorre quando um texto faz alusão a outros textos, exigindo do leitor uma busca de 
informações fora do universo do texto em questão. 
Isso é comum tanto para a fala coloquial, em que se retomam conversas anteriores, quanto 
para os noticiários dos jornais, por exemplo, que exigem o conhecimento de notícias já 
divulgadas como ponto de partida. 
Intencionalidade e aceitabilidade: o primeiro fator diz respeito à intenção do emissor e o 
segundo refere-se à atitude do receptor de aceitar a manifestação linguística como um texto 
coeso e coerente. 
1 Incoerência Semântica: A casa que desejo comprar é bastante jovem. 
Essa frase é incoerente quando levamos em consideração o significado da palavra jovem. 
Embora tenha o sentido de coisa nova, o vocábulo jovem só é empregado para caracterizar 
seres humanos; e não seres inanimados, como é o caso de casa. 
Para essa caracterização, a palavra nova seria mais apropriada, concorda? 
2 Incoerência Sintática: As pessoas que têm condições procuram o ensino particular, 
onde há métodos, equipamentos e até professores melhores. 
Apesar de haver comunicabilidade, já que possível compreender a informação, a coerência 
desse período está inadequada. 
 Ela poderia ser restabelecida se fosse feita uma alteração: a troca do pronome relativo onde, 
específico de lugar, para no qual ou em que (ensino particular, no qual/em que há métodos). 
3 Incoerência Estilística: O ilustre advogado observou que sua petição não prosperaria, 
haja vista seu cliente ter enfiado o pé na jaca. 
Imagine iniciar uma fala, em um contexto formal, com palavras mais “sofisticadas” e depois 
misturar com uma forma de linguagem bem popular, usando gírias. 
Esta incoerência poderia parecer inclusive uma brincadeira, modificando o sentido que o autor 
da frase desejava. 
4 Incoerência Pragmática: Veja esta conversa entre amigos: 
― Maria, sabe dizer se o ônibus para o Centro passa aqui? 
― Eu entendo, João. Hoje faz um ano que minha avó faleceu. 
Note que Maria, na verdade, não responde a pergunta feita por João, pois não estabeleceu 
uma sequência na conversa. 
Ela propôs outro assunto, irrelevante para a pergunta feita. 
Assim, percebemos que na sequência de falas deste exemplo não há coerência. 
AULA 5 – TIPOLOGIA TEXTUAL E GÊNEROS TEXTUAIS (PARTE I) 
Sabe-se que há várias formas de nos comunicarmos através de textos, de discursos. Pode-se 
contar fatos, documentá-los, expressar nossa opinião, expor nossas idéias... Enfim, podemos 
afirmar, com isso, que a intenção daquilo que queremos dizer é que comanda o tipo do texto 
que construímos. 
A seguir, alguns textos e suas características: 
Os textos oficiais e comerciais visam estabelecer uma comunicação formal e documentada em 
ambientes de trabalho. Os tipos mais comuns são memorandos, ofícios, avisos, 
requerimentos, pareceres, ordem de serviço e cartas comerciais. 
Os textos literários desvelam a arte da palavra ao recriar a realidade a partir do olhar do 
artista. Encontra-se exemplos em fábulas, lendas, romances e poemas. 
Os textos acadêmicos e científicos, entretanto, possuem características específicas: 
 Focalizam com especial atenção a linguagem, a exatidão e a autenticidade dos dados e 
raciocínios apresentados. 
 Exigem um rigor na utilização dos métodos e técnicas na sua elaboração. 
 São classificados a partir do nível de aprofundamento de seus conteúdos e seus 
objetivos (resumos, resenhas, relatórios, artigos científicos, monografias, dissertações 
e teses). 
Conceituando gêneros textuais e tipologia textual: um pingo de teoria 
Os gêneros textuais podem ser encarados como as diversas formas que um texto assume para 
cumprir determinados objetivos, ou seja, para informar. Sendo assim, podemos admitir que 
diferentes formas de textos fazem parte de nosso cotidiano, levando em conta que a 
comunicação atende a vários propósitos. Os gêneros textuais são praticamente infinitos, visto 
que são textos orais e escritosproduzidos por falantes de uma língua em um determinado 
momento, em um determinado contexto. 
O tipo de texto, por sua vez, é limitado, pois se refere à estrutura composicional da língua. De 
forma geral, temos cinco tipos textuais (narração, argumentação, exposição, descrição e 
injunção). 
Não esqueça que em um tipo textual pode aparecer em qualquer gênero textual, da mesma 
forma que um único gênero pode conter mais de um tipo textual. 
Uma carta, por exemplo, pode ter passagens narrativas, descritivas, injuntivas e assim por 
diante. 
Narração: conta um fato, que pode ser ou não inventado. Esse tipo de texto compõe-se de 
personagens, tempo e lugar. Normalmente, os verbos utilizados estão no tempo passado. 
A presença do narrador (responsável por contar a história). A narração é um tipo de texto no 
qual se conta um fato, fictício ou não, que ocorreu num determinado tempo e lugar, 
envolvendo certos personagens. Há uma relação de anterioridade e posterioridade, e 
normalmente apresenta-se no tempo verbal passado. 
Argumentação: é um tipo de texto através do qual o emissor da mensagem tenta convencer o 
ouvinte/leitor. O texto argumentativo defende uma ideia específica. 
Exposição: é um tipo de texto que apresenta uma ideia, uma reflexão, um conhecimento, uma 
explicação sobre um objeto (pessoa, fato, circunstância). Como traz informações específicas 
sobre um tema, também é chamada de texto informativo. 
Caligrafia (do grego κάλλος kalli “beleza” + γραφή graphẽ “escrita”) é um tipo de arte visual, 
muitas vezes chamada de a “arte da escrita bela”. 
Uma definição contemporânea da prática caligráfica é “a arte de dar forma aos sinais de uma 
maneira expressiva, harmoniosa e habilidosa”. A história da escrita é uma evolução estética 
enquadrada dentro das competências técnicas, velocidade de transmissão(ões) e as limitações 
materiais das diferentes pessoas, épocas e lugares. Um estilo de escrita é definido como 
sistema de escrita, caligrafia. 
Descrição: apresenta um objeto do discurso (pessoa, coisa, circunstância, fato etc.), realçando 
suas características e pode ser objetiva ou subjetiva. 
A casa era grande, branca e antiga. Em sua frente havia um pátio quadrado. À direita havia 
um laranjal onde noite e dia corria uma fonte. À esquerda era o jardim de buxo, úmido e 
sombrio, com suas camélias e seus bancos de azulejo. Ao meio da fachada que dava para o 
pátio havia uma escada de granito coberta de musgo. Em frente dessa escada, do outro lado 
do pátio, ficava o grande portão que dava para a estrada. A parte de trás da casa era virada 
ao poente e das suas janelas debruçadas sobre pomares e campos via-se o rio que atravessa 
a várzea verde e viam-se ao longe os montes azulados cujos cimos em certas tardes ficavam 
roxos. Nas vertentes cavadas em socalco crescia a vinha. À direita, entre a várzea e os 
montes, crescia a mata carregada de murmúrios e perfumes e que os Outonos tornavam 
doirada. 
(ANDRESEN, Sophia de Mello Breyner. “O Jantar do Bispo”. In:______. Contos exemplares. 
Porto: Figueirinhas, 1997. 
A escritora portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen descreve, de forma objetiva, uma 
casa. Vemos que são usados diversos adjetivos que ajudam o leitor a visualizar o objeto 
descrito. 
 
Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a 
virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais 
longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a 
baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado. Mais rápida que a corça selvagem, a 
morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da 
grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que 
vestia a terra com as primeiras águas. 
ALENCAR, José de. Obra Completa. Vol. III. Rio de Janeiro: Editora José Aguilar, 1959. 
O autor romântico José de Alencar apresenta a personagem principal ao leitor, destacando 
seus aspectos fundamentais relacionados à natureza. Nesse caso, temos uma descrição 
subjetiva. 
No primeiro caso, destacam-se características concretas do objeto, aproximando-o o mais 
possível da realidade. No segundo, o observador apresenta o objeto segundo a emoção que o 
envolve. 
Injunção: é uma tipologia textual que se caracteriza por determinar, indicar, orientar como se 
realiza uma ação. 
Provérbios, ditados populares e normas de conduta possuem função pedagógica. Por esse 
motivo, muitos deles caracterizam-se como injunção. 
Como vimos, os gêneros textuais adaptam-se às circunstâncias da comunicação, bem como 
aos interesses do emissor e do receptor da mensagem. 
Por esse motivo, não há um limite para as classificações de gêneros, visto que os textos 
podem ser produzidos por falantes diversos e com objetivos específicos, de forma oral ou 
escrita. 
Os gêneros textuais, portanto, são ações discursivas que se constituem para representar o 
mundo, as experiências vivenciadas, os conhecimentos, os desejos etc. 
Veja alguns exemplos de gêneros textuais. 
 Poesia: linguagem com fins estéticos. 
 Notícia: o objetivo principal é a informação. 
 E-mail: comunicação rápida. 
 Publicidade: uso da linguagem para convencimento. 
 Carta: mensagem individualizada. 
 Charge: associação entre texto e imagem. 
Ainda que o tema (assunto) possa ser semelhante,a espécie de texto usada para abordá-lo 
varia conforme a finalidade comunicacional. Daí a importância da noção de gênero textual, já 
que o gênero é uma forma de contrato estabelecido entre aquele que escreve e aquele que lê. 
Se ambos não “cumprirem as cláusulas do contrato”, o entendimento do texto será 
prejudicado, mesmo quando o tema é semelhante. 
A habilidade de indicar função, objetivo do texto, reconhecimento de sistema de notação, 
referência, estrutura, recursos lingüísticos etc. seria uma das primeiras habilidades utilizadas 
no processo de interpretação, pois, uma vez que a acionamos, identificamos o propósito do 
texto e que atitude tomar em relação a ele. 
AULA 6 – TIPOLOGIA TEXTUAL E GÊNEROS TEXTUAIS (PARTE II) 
As características gerais de uma crônica, são: relação com a vida cotidiana; narrativa informal, 
familiar, intimista; uso da oralidade na escrita: linguagem coloquial; uso do humor. 
Na aula anterior, tratamos de alguns textos argumentativos. Textos desse tipo têm um 
objetivo principal: convencer o outro de que seu ponto de vista está correto. Isto pode ser 
feito de várias maneiras. Porém, existe um ambiente de extrema formalidade em que o autor 
do texto precisa convencer, persuadir o outro a pensar como ele, pois, assim, ele ganhará a 
causa. Esse é o ambiente jurídico. 
Como vimos, os gêneros textuais surgem em decorrência da necessidade que o homem tem 
de se comunicar de acordo com as circunstâncias em que se encontra. Assim, ele não pode 
levar apenas em consideração a modalidade linguística, deve adequar o seu texto ao receptor, 
ao conteúdo de sua mensagem, ao objetivo que pretende alcançar e mesmo ao veículo que 
servirá de canal de comunicação. 
Se o meio é a música, ao elaborar a mensagem, o autor empregará recursos como ritmo, 
rima, refrão, entre outros, para transmitir suas idéias ou sentimentos. 
Para tornar-se mais eficiente, o gênero se adapta ao veículo procurando aproveitar os 
recursos que cada um fornece; como o som, a imagem ou a velocidade de transmissão, por 
exemplo. 
Como vimos, os gêneros textuais são dinâmicos porque também a realidade e os meios de 
comunicação são aperfeiçoados constantemente pelos avanços tecnológicos. 
Hoje, conviver em sociedade exige atualização, assimilação e uso dos novos meios para a 
participaçãoefetiva. 
AULA 7 – ESTRUTURA DO PARÁGRAFO 
Parágrafos são as estruturas formadas por unidades autossuficientes de um discurso que 
compõem um texto, apresentando basicamente uma ideia, pensamento ou ponto principal que 
o unifica. 
Do grego paragraphos, que quer dizer “escrever ao lado” ou “escrito ao lado”. 
Essas unidades são chamadas de tópico frasal, que é acompanhado por detalhes que o 
complementam. 
O tópico frasal é uma maneira prática e eficiente de estruturar o parágrafo, pois já de início 
expõe a ideia que se quer passar, a qual é comprovada e reforçada pelos períodos 
subsequentes. 
A organização do texto em parágrafos permite que o leitor detecte as ideias principais do 
texto e acompanhe como foram desenvolvidas em seus diferentes estágios. 
A extensão do parágrafo é variada. Existem parágrafos de duas linhas e também aqueles que 
ocupam uma página inteira. 
A ideia central que o parágrafo apresenta pode ser um critério para determinar se este será 
curto ou mais extenso. Veja: 
Parágrafos longos: são utilizados para manter uma continuidade do raciocínio. 
Em geral, obras científicas e acadêmicas possuem parágrafos mais longos por duas razões: 
1.As explicações são complexas e exigem várias ideias e especificações; 
2.Os leitores possuem capacidade e fôlego para acompanhá-los. 
Parágrafos curtos: seguindo esta lógica, são adequados para pequenos textos, e, geralmente, 
são escritos por quem tem pouca prática na escrita ou pensando-se nos leitores que possuem 
pouca prática de leitura. 
Você já deve ter reparado que as notícias de jornal, por exemplo, possuem parágrafos curtos, 
distribuídos em colunas estreitas. Ou que os textos escritos para serem lidos por meio da 
internet seguem esse padrão. 
Esses textos possuem essa característica por causa do perfil dos leitores. 
Tipos de Tópicos Mais Comuns 
Declaração inicial: o autor declara uma opinião por meio de uma frase afirmativa ou negativa. 
Serve para vários tipos de texto, mas é usualmente encontrada em textos argumentativos. 
Ex.: A violência foi banalizada pelos meios de comunicação. 
Definição: trata-se de um bom recurso didático. Define-se algo quando se delimita o seu 
significado dentro de um campo semântico. 
Serve para vários tipos de texto, mas é usualmente encontrada em textos 
dissertativos/informativos. 
Ex.: O jornal é um meio de comunicação periódico constituído por notícias, reportagens, 
crônicas, entrevistas, anúncios e outro tipo de informação de interesse público. 
Divisão: O parágrafo pode se iniciar dividindo o assunto, indicando como será tratado em seu 
desenvolvimento. 
Serve para vários tipos de texto. 
Ex.: As informações tomam dois caminhos para atingir o receptor: o jornal impresso e a 
televisão. 
Interrogação: O autor quer aguçar a curiosidade do leitor acerca do tratamento dado a um 
determinado tema, mediante uma pergunta. 
Serve para vários tipos de texto, mas é usualmente encontrada em textos argumentativos. 
Ex.: O crescente uso da internet provocará o fim do jornal impresso? 
Alusão/Citação: O autor faz referência a um fato histórico, às palavras de outra pessoa, usa 
um exemplo, uma lenda ou, até mesmo, uma piada, com o objetivo de prender a atenção do 
leitor. 
Serve para vários tipos de texto. 
Ex.: Conta a tradição que comer manga e, em seguida, tomar leite tem como resultado morte 
certa. 
Coesão Sequencial e a Relação Com o Sentido 
E o texto que se segue ao tópico no espaço do parágrafo chama-se desenvolvimento. Que, de 
fato, é o desenvolvimento da ideia introduzida no tópico. 
A seguir, apresentamos alguns deles para que você se inspire na elaboração de seus textos e 
para que fique mais atento, sendo capaz de produzir inferências, deduções, quando estiver 
lendo e produzindo sentidos com suas leituras. 
***Texto em vermelho é o Tópico Frasal*** 
Explanação da declaração inicial 
O autor esclarece a afirmação ou negação que fez no tópico. 
Exemplo: A violência foi banalizada pelos meios de comunicação. Somos bombardeados todo 
o tempo por relatos de agressões, via televisão, rádio e jornais. Parece até que o objetivo é 
tornar normal a barbaridade, repetindo os feitos dos bandidos vezes sem conta, até a 
exaustão. 
Enumeração de detalhes 
Trata-se de um tipo de desenvolvimento muito específico, pois é bastante comum em 
parágrafos descritivos. Nesse sentido, há uma preocupação em apresentar detalhes da 
afirmação que foi feita, de maneira mais genérica, no tópico. 
Exemplo: A violência foi banalizada pelos meios de comunicação. Sendo assim, os jornais só 
falam de sangue e tragédia. A televisão, por sua vez, prioriza as mazelas como forma de 
manter a audiência. Até a internet, embora seja um meio jovem, não se diferencia dos seus 
antecessores, pois é ela também meio de prática de crimes de pedofilia, por exemplo. 
Comparação 
Há quem faça distinção entre ANALOGIA e CONTRASTE, distinguindo as formas de 
comparação. Assim, a analogia seria uma comparação entre semelhantes, enquanto o 
contraste se configuraria pela aproximação de termos acentuando suas diferenças. Para 
facilitar, trataremos apenas de Analogia. 
Exemplo: A violência foi banalizada pelos meios de comunicação. Nos primórdios, as 
marcações nas rochas feitas pelos povos primitivos indicavam caminhos, perigos, símbolos de 
sentido restrito etc. Atualmente, a mídia ultrapassou esses limites físicos e permite uma 
pluralidade de significados que, sem controle ou censura, podem ferir a sociedade. 
Causa e consequência 
Esse desenvolvimento apresenta uma relação de causas para a declaração feita no tópico ou 
dela decorrentes. Em outros casos, pode apresentar as consequências ou até mesmo as 
causas e consequências juntas. 
Exemplo: A violência foi banalizada pelos meios de comunicação. Tal uso resulta em uma série 
de distorções, como a apresentação de cenas chocantes em horários inadequados na 
televisão, por exemplo. Isso gera nos telespectadores uma espécie de senso comum que 
aceita a violência como algo natural. 
Fazemos uma paráfrase quando transmitimos uma informação ouvida ou lida para outras 
pessoas com as nossas palavras. Simples, não é? Com certeza você já fez paráfrases inúmera 
vezes. A não ser que realmente more numa ilha deserta. 
E você não acha que dizer com suas palavras o que já foi dito por outra pessoa vai ser uma 
situação muito comum na sua vida acadêmica e profissional? Não precisava nem perguntar, 
não é mesmo? 
Essa técnica de reescrita é um ótimo exercício para ampliarmos nosso vocabulário, 
aperfeiçoando nossa precisão vocabular, e para treinarmos a apresentação da mesma ideia de 
formas diferentes. 
A paráfrase é muito útil quando temos necessidade de reproduzir um conteúdo para um 
público específico. Além disso, é um recurso muito utilizado nos textos acadêmicos, já que, 
por meio dela, conseguimos apresentar as ideias dos autores estudados sem recorrer à 
citação direta ou mesmo quando a intenção é apresentar o pensamento de um autor de forma 
mais objetiva. 
ATENÇÃO 
Paráfrase não é resumo e nem é plágio 
É importante destacar que a paráfrase não é um sinônimo de resumo. 
Resumo, como veremos no decorrer da aula, privilegia a síntese, isto é, uma redução. Já a 
paráfrase se propõe a fazer uma espécie de tradução do texto original, podendo, inclusive, ser 
maior do que este. 
Outra questão muito importante é que devemos sempre informar a fonte ou o autor que 
estamos parafraseando, mesmo que com a paráfrase não estejamos mais utilizando as 
palavras de outra pessoa. 
Paráfrase não é plágio, mas se um texto for parafraseado e não informar a devida fonte se 
tornará um plágio, ainda que seja um ato involuntário. 
Para evitaresse problema, devemos sempre dar crédito ao verdadeiro autor, ao dono da ideia 
que estamos parafraseando. 
Como vimos, para produzir uma paráfrase é preciso seguir as ideias do texto original, 
reproduzindo-as de outra maneira, de forma resumida ou mesmo ampliando o texto. 
Vamos ver agora algumas dicas que o ajudarão na hora de elaborar uma paráfrase: 
Definir o objetivo: Primeiramente, você deve definir o objetivo da paráfrase. Por que você 
precisa reescrever o texto? Para adequá-lo a novos leitores ou meio de comunicação? Para 
modernizá-lo? Para utilizá-lo em um trabalho acadêmico? 
Essa análise vai ajudá-lo a decidir qual será a linguagem utilizada na paráfrase. 
Fazer uma leitura cuidadosa: Você deverá fazer uma leitura cuidadosa e atenta, destacando e 
fazendo anotações, e, a partir daí, decidir se vai apenas reafirmar a ideia apresentada com 
suas palavras ou se será necessário esclarecer o tema central do texto apresentado, 
acrescentando aspectos relevantes. 
Não distorcer a mensagem: Embora você vá redigir a paráfrase com suas palavras e estilo 
próprio, deve seguir passos do texto original sem omitir informações que permitam aos seus 
leitores uma interpretação fiel do texto estudado. Tomando sempre muito cuidado para não 
distorcer a mensagem. 
Unir idéias afins: Você pode unir ideias afins, de acordo com a identidade e evolução do texto-
base, reorganizando o texto em blocos de assunto, por exemplo, mas respeitando a evolução 
dos argumentos do autor. 
Substituir as palavras rebuscadas: Consulte o dicionário e substitua as palavras menos usadas, 
ou muito rebuscadas, por palavras que sejam de conhecimento do público geral, tentando, 
obviamente, se preocupar com a precisão vocabular. 
Reler o seu texto final: Redija o texto buscando a síntese das ideias e a clareza. Preocupe-se 
com a pontuação, a coesão e coerência. Não faça comentários ou dê sua opinião. Depois, 
releia a paráfrase para encontrar possíveis erros e corrija-os. 
Mas o que é um resumo, afinal? 
Resumo, diferente da paráfrase que estudamos agora, é uma condensação fiel das ideias ou 
dos fatos contidos no texto. 
Significa reduzi-lo ao que é essencial, mas sem perder de vista três elementos: 
 Cada uma das partes essenciais do texto; 
 A progressão em que elas acontecem; 
 A correlação que o texto estabelece entre cada uma dessas partes. 
Quem resume deve exprimir somente o que é essencial no texto, por isso, assim como a 
paráfrase, não podemos fazer comentários ou julgamentos. 
Muitas pessoas julgam que resumir é produzir frases ou partes do texto original, construindo 
uma espécie de “colagem”. Porém, isso não é um resumo. 
Resumir é apresentar, com suas próprias palavras, apenas os pontos que julgamos relevantes 
no texto, sendo obrigatoriamente menor do que o original. 
Lembrando que um resumo deriva da capacidade de leitura daquele que vai realizá-lo. A 
compreensão de um texto depende da competência do receptor. 
Essa competência envolve recursos culturais, experiência anterior e conhecimento prévio 
armazenado na memória. 
Resumo é, portanto, uma apresentação sintética e seletiva das ideias de um texto, ressaltando 
a progressão e a articulação delas. 
Nele devem aparecer as principais ideias do autor do texto e devem ser omitidas as nossas 
impressões e interpretações. 
Como elaborar um resumo? 
Aspectos Metodológicos: 
• Devemos seguir as ideias principais do autor, na ordem em que aparecem no texto (a 
primeira frase explica o assunto do texto); 
• Devemos ser capazes de, desprezando ideias particulares, registrar informações de ordem 
geral (este conceito aproxima-se do de tematização); 
• Indica-se a categoria do tratamento (Do que se trata? De estudo de caso, de análise da 
situação?); 
• O resumo deve apresentar o objetivo, o método e as técnicas de abordagem, os assuntos, 
os resultados e as conclusões do trabalho. 
Estilo e extensão 
• Quanto ao estilo, deve ser composto por frases concisas, evitando-se enumerar tópicos; 
• É comum o uso da 3º pessoa do singular, com verbos na voz ativa (“O autor afirma que...”); 
• Devemos excluir a maior parte dos detalhes, exemplos, fatos secundários, realizando a 
supressão de adjetivos e advérbios; 
• Devemos reescrevê-lo usando as nossas palavras, isto é, não se deve utilizar trechos do 
texto original; 
• Não há limite de páginas, desde que seja menor do que o texto-base, mas existem algumas 
recomendações. 
Classificação dos Resumos 
Os dois principais tipos de resumo são: 
Resumo indicativo ou fichamento 
O resumo indicativo ou fichamento caracteriza-se como sumário narrativo que elimina dados 
qualitativos e quantitativos, mas não dispensa a leitura do original. É conhecido também como 
descritivo. 
Refere-se às partes mais importantes do texto. Pode ser usado, por exemplo, para adiantar o 
assunto de um anexo de e-mail. 
Indica as principais ideias em torno das quais o texto foi elaborado. 
Normalmente é utilizado em propagandas, catálogos de editoras, livrarias e distribuidoras ou 
ainda em breves exposições de determinadas obras. 
ROCCO, Maria Thereza Fraga. Crise na linguagem: a redação no vestibular. 
São Paulo: Mestre Jou, 1981. 
Estudo realizado sobre redações de vestibulandos da FUVEST. Examina os textos com base 
nas novas tendências dos estudos da linguagem, que buscam erigir uma gramática do texto, 
uma teoria do texto. São objeto de seu estudo a coesão, o clichê, a frase feita, o “não texto” e 
o discurso indefinido. Parte de conjecturas e indagações e apresenta os critérios para a 
análise, informações sobre o candi-dato, o texto e farta exemplificação. 
Resumo informativo 
O resumo informativo, também conhecido como analítico, pode dispensar a leitura do texto 
original. 
Apresenta o objetivo da obra, métodos e técnicas empregados, resultados e conclusões. 
Nele evitam-se comentários pessoais e juízos de valor. 
Apresenta todas as informações, de forma sintética, que o autor usou para criar o texto. 
Indispensavelmente deve conter: 
 • Assunto; 
 • Problema e/ou o objetivo; 
 • Metodologia; 
 • Ideias principais em forma sintética; 
 • Conclusões. 
É o mais utilizado em universidades. 
ROCCO, Maria Thereza Fraga. Crise na linguagem: a redação no vestibular. São Paulo: Mestre 
Jou, 1981. 284 p. 
Examina 1.500 redações de candidatos a vestibulares (1978), obtidas da FUVEST. O livro 
resultou de uma tese de doutoramento apresentada à USP em maio de 1981. Objetiva 
caracterizar a linguagem escrita dos vestibulandos e a existência de uma crise na linguagem 
escrita, particularmente desses indivíduos. 
Escolheu redações de vestibulandos pela oportunidade de obtenção de um corpus 
homogêneo. Sua hipótese inicial é a da existência de uma possível crise na linguagem, através 
do estudo, estabelecer relações entre os textos e o nível de estruturação mental de seus 
produtores. Entre os problemas, ressaltam-se a carência de nexos de continuidade e 
quantidade de informações e a ausência de originalidade. Também foram objeto de análise 
condições externas como família, escola, cultura, fatores sociais e econômicos. 
Um dos critérios utilizados para a análise é a utilização do conceito de coesão. A autora 
preocupa-se ainda com a progressão discursiva, com o discurso tautológico, as contradições 
lógicas evidentes, o nonsense, os clichês as frases feitas. Chegou à conclusão de que 34,8% 
dos vestibulandos demonstram incapacidade de domínio dos termos relacionais; 16,9% 
apresentam problemas de contradições lógicas evidentes. A redundância ocorreu em 15,2% 
dos textos. 
O uso excessivo de clichês e frases feitas aparece em 69,% dos textos. Somente em 40 textos 
verificou-se a presençade linguagem criativa. Às vezes, o discurso estrutura-se com frases 
bombásticas, pretensamente de efeito. Recomenda a autora que uma das formas de combater 
a crise estaria em se ensinar a refazer o discurso falho e a buscar a originalidade, valorizando 
o devaneio. 
Segundo a ABNT, há outros dois tipos de resumo: 
Resumo informativo/indicativo 
O resumo informativo/indicativo combina os dois tipos anteriores que acabamos de ver 
(Resumo indicativo ou fichamento e Resumo informativo). 
Este tipo também pode dispensar a leitura do texto original quanto às conclusões, mas não 
quanto aos demais aspectos tratados. 
Resumo crítico 
O resumo crítico, também denominado recensão ou resenha, é redigido por especialistas e 
compreende análise e interpretação de um texto. Trata-se de uma espécie de julgamento. 
É uma das atividades que pode ser solicitada como exercício no meio acadêmico. 
Podemos concluir que resumo é uma apresentação concisa dos elementos mais importantes 
de um texto sem perder a sua essência. 
Portanto, trata-se um procedimento de reduzir um texto sem alterar seu conteúdo. 
Constitui-se, assim, uma forma prática de estudo que participa ativamente da aprendizagem, 
uma vez que favorece a retenção de informações básicas. 
AULA 8 – RACIOCÍNIO ARGUMENTATIVO 
Muitas vezes, para formularmos um ponto de vista, uma opinião, precisamos analisar diversas 
situações que nos levam a uma conclusão (tese). Nesse caso, estamos tratando de um 
raciocínio indutivo. A Indução é o princípio lógico segundo o qual se deve partir das partes 
para o todo. Ou seja, ao fazer uma pesquisa, deve-se ir coletando casos particulares e, depois 
de certo número de casos, pode-se generalizar, afirmando que sempre que a situação se 
repetir o resultado será o mesmo. 
Por outro lado, também podemos ter uma ideia geral, uma visão geral sob um determinado 
tema, que será comprovada a partir da verificação de alguns casos particulares. Nesse caso, 
estamos tratando de um raciocínio dedutivo. A dedução é o princípio lógico segundo o qual 
devemos partir do geral para o particular. Assim, devemos primeiro criar uma lei geral e 
depois observar casos particulares e verificar se essa lei não se contradiz. Para os adeptos da 
dedução, o cientista não precisa de mil provas indutivas. Basta uma única prova dedutiva para 
que a lei possa ser considerada válida. 
Raciocínio Argumentativo Indutivo: para persuadir o leitor ou ouvinte sobre um argumento 
que defendemos, podemos utilizar o recurso da indução, o qual consiste em utilizar 
informações concretas (exemplos, dados estatísticos ou científicos, citações etc.) e 
transformá-las em uma regra geral que se adapte ao tema de nosso argumento. 
Vou contar um pequeno episódio que pode ajudar a responder a essa questão. Um dia eu 
estava chegando em casa e já estava escuro, já eram umas seis da tarde. Havia um menino 
sentado no muro à minha espera. Quando cheguei, ele se apresentou, mas estava com uma 
mão atrás das costas. Eu senti medo e a primeira coisa que pensei é que aquele menino ia me 
assaltar. Pareceu quase cruel pensar que no mundo que vivemos hoje nós podemos ter medo 
de uma criança de dez anos, que era a idade daquele menino. Então ele mostrou o que 
estava escondendo. Era um livro, um livro meu. Ele mostrou o livro e disse: "Eu vim aqui 
devolver uma coisa que você deve ter perdido”. Então ele explicou a história. Disse que estava 
no átrio de uma escola, ondevendia amendoins, e de repente viu uma estudante entrando na 
escola com esse livro. Na capa do livro, havia uma foto minha e ele me reconheceu. Então ele 
pensou: “Essa moça roubou o livro daquele fulano”. Porque como eu apareço na televisão, as 
pessoas meconhecem. Então ele perguntou: Esse livro que você tem não é do Mia Couto?”. E 
ela respondeu: “Sim, é do Mia Couto”. Então ele pegou o livro da menina e fugiu. 
Essa história é para dizer que, para uma parte dos moçambicanos, a relação com o livro é 
uma coisa nova. É a primeira geração que está lidando com a escrita, com o escritor, com o 
livro. 
 
Percebeu-se que o escritor Mia Couto recorreu a uma situação específica, particular, para 
reforçar o seu argumento de que a relação com a literatura ainda é uma novidade para uma 
parte da população moçambicana? 
Assim, temos um raciocínio argumentativo indutivo, visto que foi utilizado um fato concreto 
para comprovar uma regra geral. 
Raciocínio Argumentativo Dedutivo: em argumentos construídos com base na dedução, ocorre 
o processo inverso do verificado na indução, ou seja, neste caso, parte-se de uma idéia feral, 
universal (premissa) para uma idéia específica (conclusão). É preciso, no entanto, que as 
premissas sejam admitidas como verdadeiras, para que se aceite a conclusão. 
Pelos exemplos de dedução encontrados comumente, tem-se a idéia que a argumentação por 
dedução é óbvia e pouco contribui para a construção de um texto. 
Ex.: Todo metal é dilatado pelo calor. (Premissa maior) 
Ora, a prata é um metal. (Premissa menor) 
Logo, a prata é dilatada pelo calor. (Conclusão) 
Um argumento é um conjunto de afirmações encadeadas de tal forma que se pretende que 
uma delas, a que chamamos a conclusão (ou tese), seja apoiada por outras afirmações (os 
argumentos propriamente ditos). 
A diferença mais importante entre um argumento e um raciocínio é que em um argumento 
pretendemos persuadir alguém de que a conclusão é verdadeira, ao passo que em um 
raciocínio queremos apenas saber se uma determinada conclusão pode ser justificada ou não 
por um determinado conjunto de afirmações. 
Sempre que argumentamos, temos o intuito de convencer alguém a pensar como nós. No 
momento da construção textual, os argumentos são essenciais, esses serão as provas que 
apresentaremos, com o propósito de defender nossa ideia e convencer o leitor de que essa é 
a correta. Para tal, muitas vezes precisamos usar a lógica indutiva e/ou dedutiva para 
formularmos nossos argumentos, bem como usar outras estratégias. 
Tipos de Argumento Mais Comuns 
Argumento de Autoridade: a conclusão se sustenta pela citação de uma fonte confiável, que 
pode ser um especialista no assunto ou dados de instituição de pesquisa, uma frase dita por 
alguém, líder ou político, algum artista famoso ou algum pensador, enfim, uma autoridade no 
assunto abordado. A citação pode auxiliar e deixar consistente a tese. 
Ex.: O problema da miséria urbana no Brasil muitas vezes passa despercebido por não 
sofrermos os efeitos de tal miséria. Entretanto, ela existe, e não só nas notícias de jornalou 
nos programas televisivos. Ou, como diria Caetano Veloso,”o Haiti é aqui”. 
Argumento por Causa e Consequência: para comprovar uma tese, você pode buscar as 
relações de causa (os motivos, os porquês) e de consequência (os efeitos). 
Ex.: O problema da miséria urbana no Brasil muitas vezes passa despercebido por não 
sofrermos os efeitos diretos de tal miséria. Entretanto, ela existe, e não só nas notícias de 
jornal ou nos programas televisivos. Em virtude da negligência do poder público ao longo de 
décadas, hoje temos uma parcela desprovida de instituições que possam atenuar (ou 
extinguir) tal problema. 
Argumento de Exemplificação/Ilustração: a exemplificação consiste no relato de um pequeno 
fato (real ou fictício). Esse recurso argumentativo é amplamente usado quando a tese 
defendida é muito teórica e carece de esclarecimentos com mais dados concretos. 
Ex.: O problema da miséria urbana no Brasil muitas vezes passa despercebido por não 
sofrermos os efeitos diretos de tal miséria. Entretanto, ela existe, e não só nas notícias de 
jornal ou nos programas televisivos. Um exemplo claro disso é a diferença na taxa de 
mortalidade infantil entre os estados da região sul e os estados da regiãonordeste. 
Argumento de Provas Concretas ou Senso Comum: ao empregarmos os argumentos baseados 
em provas concretas, buscamos evidenciar nossa tese por meio de informações concretas, 
extraídas da realidade. Podem ser usados dados estatísticos ou fatos notórios (de domínio 
público.) 
Ex.: O problema da miséria urbana no Brasil muitas vezes passa despercebido por não 
sofrermos os efeitos diretos de tal miséria. Entretanto, ela existe, e não só nas notícias de 
jornal ou nos programas televisivos. Alguns estados brasileiros estão em situação alarmante. 
Segundo dados do IBGE sobre o PIB (em 2002), o Maranhão possui 83 municípios na lista dos 
100 municípios mais pobres do Brasil. 
A Contra-Argumentação 
É uma nova argumentação em que se procura desmontar um raciocínio anteriormente 
apresentado. Uma forma bastante eficaz de se contra-argumentar é utilizar o senso comum 
(aquilo que as pessoas usam no seu cotidiano; o que é natural e fácil de entender, o que elas 
pensam que sejam verdades, geralmente porque ouviram de alguém, que também ouviu de 
alguém). 
Assim como o senso comum, muitas vezes criamos afirmações/generalizações sem qualquer 
fundamento. Em outras palavras, fazemos uma dedução sem comprovação, como é o caso 
das lendas urbanas e dos mitos que circulam pela internet. 
AULA 9 – SENTIDOS METAFÓRICO E METONÍMICO 
Alguns textos necessitam mais de nossos conhecimentos, porque as palavras não se bastam 
sozinhas. Então, para entendermos a mensagem, necessitamos combinar às palavras mais 
informações, e essas informações vêm de nosso conhecimento de mundo. 
Quando as palavras, os elementos lingüísticos, conduzem o leitor para o entendimento da 
mensagem, o trabalho que ele terá será fundamentalmente com essas palavras, ou seja, 
esses elementos lingüísticos conduzem o entendimento. 
Quando as palavras estão estrategicamente colocadas e não trazem a maior parte do 
conteúdo relacionada a ela e à mensagem do texto, o leitor tem mais trabalho, pois o texto 
não explica, mas necessita que o leitor busque o entendimento. Assim, ele precisa acionar seu 
“conhecimento de mundo” para fazer as conexões adequadas com as palavras e chegar ao 
entendimento do texto. 
Para que a mensagem faça sentido, precisa-se associar nosso conhecimento de mundo e 
interpretar as palavras que aparecem no texto. 
Conceituando Metáfora... 
José Carlos de Azeredo, em sua Gramática (2008, p. 484) assim conceitua: “Metáfora é um 
princípio onipresente da linguagem, pois é um meio de nomear um conceito de um dado 
domínio de conhecimento pelo emprego de uma palavra usual em outro domínio. Essa 
versatilidade faz da metáfora um recurso de economia lexical, mas com um potencial 
expressivo muitas vezes surpreendente”. 
A metáfora é o emprego da palavra fora de seu sentido normal. E já que cria uma associação 
de sentidos de forma figurada, ela é classificada como figura de linguagem. 
Ela se baseia na transferência (metaphorá em grego significa “transporte”) de um termo para 
um contexto que não lhe é próprio. Quando isso ocorre, temos um processo metafórico de 
produção de sentido. 
Metáfora da Palavra 
A metáfora entre palavras funciona a partir do estabelecimento de uma relação/comparação 
de sentido entre um elemento comparado e um elemento comparante. 
Ex.: Amor é fogo que arde sem se ver. 
Elemento comparado 
Elemento comparante 
Metáfora do Verbo e de Expressões 
Muitos verbos e expressões também são utilizados em sentido metafórico. 
Ex.: Pra mim essa desculpa não cola. 
Colar, em sentido literal, é o ato de unir duas partes. Em sentido figurado, significa 
“funcionar”, “valer”. 
Mandou o funcionário pro olho da rua. 
Uma rua não possui “olho”, logo “olho da rua” significa “desempregado”, “demitido”. 
Metáfora do Texto 
Muitos texto correspondem a uma metáfora. Em outras palavras, o texto é, em parte ou em 
sua totalidade, metafórico, pois utiliza uma construção para servir como figuração da 
realidade, sem descrevê-la literalmente. 
Conceituando Metonímia... 
José Carlos de Azeredo, em sua Gramática (2008, p. 485) assim conceitua: “Metonímia 
consiste na transferência de um termo para o âmbito de um significado que não é o seu, 
processado por uma relação cuja lógica se dá, não na semelhança, mas na contiguidade das 
ideias”. 
Na metonímia, a relação entre os elementos que os termos designam não depende 
exclusivamente do indivíduo, mas da ligação objetiva que esses elementos mantêm na 
realidade. 
Na metáfora a substituição de um termo por outro se dá por um processo interno, intuitivo, 
estritamente dependente do sujeito que realiza a substituição. Na metonímia, o processo é 
externo, pois a relação entre aquilo que os termos significam é verificável na realidade externa 
ao sujeito que estabelece tal relação. 
A metonímia consiste em empregar um termo no lugar de outro, havendo entre ambos 
estreita afinidade ou relação de sentido. 
Na metonímia, um termo substitui outro não porque a nossa sensibilidade estabeleça uma 
relação de semelhança entre os elementos que esses termos designam (caso da metáfora), 
mas porque esses elementos têm, de fato, uma relação de dependência. 
Ex.: Tomei uma caixa de cerveja. 
A caixa é um invólucro, geralmente feito de plástico. Com base nisso, seria impossível 
entender que alguém beberia tal embalagem. Entretanto, dentro da caixa de cerveja há... 
cerveja. Logo, entende-se que o autor da frase se referiu ao conteúdo, e não ao que contém. 
Metáfora e Metonímia: Aproximações e Afastamentos 
Para estabelecermos uma comparação, vamos usar como base o texto de Afrânio da Silva 
Garcia, publicado no site do Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos. 
Metáfora: relação de adesão semântica entre duas palavras ou expressões, como uma 
comparação implícita (sem a presença do elemento comparativo). 
Metonímia: relação de aproximação,em que parte do conteúdo semântico de uma palavra ou 
expressão é relacionado a outra palavra ou expressão, também numa comparação implícita. 
Sentido 
Quando nos comunicamos, através da língua, produzimos mensagens que possam ser 
entendidas por quem nos ouve, certo? Se não fosse assim, a comunicação não seria 
efetivada, pois nossos pares não entenderiam nosso discurso. E temos de concordar que 
todos nós queremos ser entendidos, ou melhor, queremos que nossas mensagens tenham 
SENTIDO. 
Daí a importância de percebermos o que, na verdade, buscamos quando fazemos parte de 
uma conversa ou quando lemos informações em livros, cartazes etc: procuramos entender o 
SENTIDO. Em outras palavras, desejamos saber o que o Fulano está dizendo com os 
enunciados que está produzindo ou o que está escrito no livro, no cartaz, no anúncio, e assim 
por diante. Já percebeu que até mesmo quando estamos diante de um quadro, de uma 
charge, diante de algo que não contenha palavras precisamos entender a mensagem através 
das figuras? É importante perceber que necessitamos de uma sequência de figuras, gestos, 
sinais ou palavras que sejam coerentes, que comuniquem uma mensagem. 
Logo, o sentido está presente nas diferentes mensagens que existem à nossa volta, é assim 
que entendemos o mundo, não é mesmo? Desvendando os sentidos daquilo que o 
compõe, porém nosso interesse está ligado a mensagens compostas com a linguagem verbal. 
Se o SENTIDO está presente nos enunciados, entendemos algo como: 
Há uma necessidade de amor urgente no mundo. 
Fábio, você não vai precisar do dinheiro? 
O grande paradoxo existencial talvez seja termos anseio por uma vida simples que se 
encontra permeada em questões complexas. 
Você vê dificuldade de entender algum deles? 
Essas dificuldades, muitas vezes, são por conta de não conhecermosdeterminadas palavras, 
daí não fazermos idéia do que a mensagem quer dizer, não entendermos o seu SENTIDO. 
Mas e quando o sentido não está claramente exposto nas palavras ou nas frases? Podemos 
dizer que não há sentido nessas mensagens? 
Evidentemente será mais difícil entendermos a mensagem quando o sentido não está 
colocado claramente. Entretanto, há sentidos que, apesar de não serem ditos diretamente, 
estão “escondidos”, “sugeridos”. Esses sentidos são chamados de IMPLÍCITOS. 
Uma informação IMPLÍCITA é uma informação que precisa ser desvendada pelo leitor ou pelo 
ouvinte através das pistas que o interlocutor deixou. 
“Este texto está direcionado a jovens que estão em busca do amor, que estão em busca de 
uma paixão ardente, que desarrume suas vidinhas arrumadinhas... Contradição? Claro, jovem 
gosta de contradizer, de se ver dentro de uma „saia justa‟, vez por outra. Gosta de surtar 
diante do improvável e, às vezes, diante do provável também.” 
Você percebe que, nesse texto, a descrição do comportamento do jovem não é muito clara? O 
leitor precisa fazer algumas conexões com aquilo que já sabe sobre os jovens, sobre a paixão, 
sobre a vida, para entender o SENTIDO das informações. 
O sentido está, portanto, IMPLÍCITO. 
Sentidos Implícitos. 
O sentido é essencial para o entendimento da mensagem, concorda? Já falamos sobre isso, 
vimos, também, que esse sentido precisa ser COMPARTILHADO entre o locutor/escritor e o 
ouvinte/leitor, pois para entender a mensagem o ouvinte/leitor precisa reconstruir o sentido 
que lhe foi passado. 
Portanto, pensemos sobre o seguinte: 
Quando o sentido está ESCONDIDO, IMPLÍCITO, ele precisa ser desvendado pelo 
ouvinte/leitor, que o transformará em uma informação EXPLÍCITA, assim como os sentidos 
que estão presentes, claramente, nos elementos do enunciado. 
Sentidos Implícitos 
Um dos pontos que nos fazem perceber a diferença entre esses sentido é o esforço em 
interpretar as mensagens. 
Quando o sentido está EXPLÍCITO nos elementos do enunciado, é mais fácil interpretar a 
mensagem. 
Ex.: O mundo precisa de amor. 
Sentido Implícito 
Quando o sentido está IMPLÍCITO e, portanto, não aparece claramente nos elementos do 
enunciado, é mais difícil interpretar a mensagem, pois o ouvinte/leitor precisa construir 
hipóteses sobre o assunto, tirar conclusões, fazer conexões entre o que ouve ou lê com as 
informações de mundo que tem, para reconstruir o sentido que está “escondido”, mas não 
está ausente. O sentido implícito requer a utilização de uma série de estratégias mentais. 
Ex.: Maria perguntou à sua amigo se Vicente estava namorando Carla, pois tinha visto os dois 
numa conversa muito animada. E sua amiga respondeu: 
“É, ÁGUA MOLE EM PEDRA DURA TANTO BATE ATÉ QUE FURA”. 
Os sentidos IMPLÍCITOS também podem vir através de ironias. Podem vir através de 
construção com ausência, com mensagens aparentemente desconectadas, mas que fazem 
sentido. Veja: 
“Quando Deus criou os maridos, ele prometeu às mulheres que os maridos bons e ideais 
seriam encontrados em todos os CANTOS do mundo. E, depois... ele fez a Terra REDONDA!” 
(autor desconhecido) 
Os elementos em maiúscula nos deixam pistas para entender que quando Deus arredondou a 
Terra, eliminou os cantos. Logo, não é possível encontrar maridos ideias, pois não há cantos 
para procurá-los. Claro que para se chegar a essa conclusão, precisamos refletir sobre como 
o conteúdo está construído. O sentido está implícito. 
Enfim, há diversas estratégias para os sentidos estarem implícitos, e percebemos isso pelo 
esforço que é necessário para interpretar determinadas mensagens. 
Sendo assim, podemos concluir que interpretar é desvendar sentidos, não o que queremos, 
mas o que está posto na mensagem. 
AULA 10 – POLISSEMIA, DUPLO SENTIDO E AMBIGUIDADE 
Começando Pela Polissemia... 
Como você deve saber, as palavras de uma língua podem possuir mais de um sentido em 
diferentes contextos de uso. Chamamos esse fenômeno de polissemia , e são raras as 
palavras que não o apresentam. Em outros termos, todas as palavras "tendem" a ser 
polissêmicas, justamente pela possibilidade de se tomar um determinado termo em sentido 
figurado (como na metáfora e na metonímia), entre outras causas. 
Homonímia é outro fenômeno: temos palavras que possuem “raízes” distintas, mas que são 
idênticas na maneira de escrever e de falar. Nesses casos, forma-se um homônimo: dois 
vocábulos que possuem a mesma configuração fonológica e ortográfica. 
Da Polissemia Para o Duplo Sentido 
Uma das ferramentas discursivas para se explorar o caráter polissêmico das palavras é o duplo 
sentido. Por esse princípio, podemos definir duplo sentido como a propriedade que têm certas 
palavras e expressões da língua de serem interpretadas de duas maneiras diferentes em 
diferentes contextos de utilização da língua. 
O duplo sentido é um esforço intencional de se explorar dois sentidos distintos da mesma 
palavra ou expressão. Em outros termos, o autor do texto intencionalmente apela para a 
dupla possibilidade de interpretação do leitor e usa tal possibilidade como forma de enriquecer 
seu texto. 
Muitas vezes o duplo sentido pode ocorrer por aspectos estruturais de uma palavra, como o 
aspecto fonológico. 
Da Polissemia Para a Ambiguidade 
Diferentemente do duplo sentido, a ambiguidade1 é a indeterminação de sentido que certas 
palavras ou expressões apresentam, dificultando a compreensão de uma determinada 
passagem do texto, ou até dele como um todo. 
Embora muitas pessoas considerem duplo sentido e ambiguidade sinônimos, eles não são. A 
ambiguidade não é intencional, já que sua ocorrência é resultado de alguma construção 
linguística problemática. 
Ambiguidade: Lexical (uso de palavras ou expressões cujos sentidos podem gerar 
interpretação indevida) ou Estrutural (falha na disposição de palavras ou expressões em um 
período, ou uso indevido de referente). 
1 característica ou condição do que é ambíguo. 2 LING. Propriedade que apresentam diversas 
unidades linguísticas (morfemas, palavras, locuções, frases) de significar coisas diferentes, de 
admitir mais de uma leitura; anfibologia [ A ambiguidade é um fenômeno muito frequente, 
mas, na maioria dos casos, os contextos linguístico e situacional indicam qual a interpretação 
correta; estilisticamente, é indesejável em texto científico ou informativo, mas é muito us. na 
linguagem poética e no humorismo.] (Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, p. 112) 
A ambigüidade deve ser evitada, pois pode gerar problemas na interpretação de quem lê o 
texto. Vamos ver dois exemplos: o primeiro lexical e o segundo estrutural. 
Ambiguidade Lexical: 
Ex.: Natália Guimarães vai a leilão e ganha bezerro de presente. 
Nesse caso, temos o uso de uma expressão que, da maneira como ocorre no título, pode 
gerar uma dupla interpretação: 
1. Ela foi a um leilão; 
2. Ela foi leiloada 
Importante: geralmente a ambigüidade lexical é resolvida pelo acionamento de conhecimento 
de mundo do leitor e pelo contexto da mensagem. 
Ambiguidade Estrutural: 
Ex.: O aluno encontrou o professor durante suas férias. 
O pronome possessivo “seu”, “sua” é o campeão da ambigüidade, pois a maneira como ele é 
posicionado na frase, no exemplo que vemos, não permite de quem são as “férias” (do 
professor ou do aluno).

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