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ANÁLISE TEXTUAL
AULA 1 – LÍNGUA, LINGUAGEM E VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
Muitos momentos de nossas vidas envolvem situações em que estamos ora com pessoas muito íntimas, ora pessoas com quem temos pouca intimidade ou até com pessoas desconhecidas, não é mesmo? 
A convivência com pessoas desconhecidas exige de nós postura diferente da que temos com familiares, concorda? Isso, consequentemente, gera uma forma de falar diferenciada. 
Enfim, as situações comunicativas são enquadradas na formalidade ou na informalidade. Então, a necessidade de adquirirmos uma linguagem mais elaborada, utilizando a norma culta, se dá porque às vezes precisamos usar uma linguagem mais formal.
Entretanto, isso não quer dizer que há perda dos aspectos informais da língua, ou seja, continuaremos sempre a falar com pessoas de nossa intimidade da mesma forma. Adquirir outros modos de falar, apenas “alarga nossa capacidade de comunicação”.
Busca-se dar sentido aos fatos quando: comunicamos nossa maneira de pensar, defendemos ideologias, expressamos nossos sentimentos, difundimos idéias.
Mesmo quando buscamos dar sentido aos fatos, ponderamos a nossa maneira de falar, com base nas situações em que somos colocados(as)
A língua é um produto social e cultural constituído por signos linguísticos, caracterizado por um código, e a linguagem é o veículo de expressão.
Como vimos anteriormente, a língua também varia de acordo com o contexto de comunicação, já que não falamos sempre do mesmo modo. Sendo necessário, portanto, distinguir informalidade da linguagem vulgar ou popular.
Você sabia que o Português também é a língua oficial de outros países?
O Português é a língua oficial de Brasil, Portugal, Moçambique, Angola, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe. Porém, possui algumas variações, de acordo com a região em que é falado, formando o que chamamos de dialetos regionais ou geográficos.
Assim como a dança, a música, as imagens, os gráficos e os gestos, as línguas são diferentes formas de expressão ou linguagens. Uma vez que o texto é um produto social, existe uma relação intrínseca entre ele, a cultura, o momento histórico e a ideologia em que é formado.
A linguagem é uma faculdade (capacidade) que permite exercitar a comunicação, latente ou em ação. Já a língua refere-se a um conjunto de palavras e expressões usado por um povo, por uma nação, munido de regras próprias (sua gramática).
A língua é uma construção social e corresponde à cultura, história e sociedade de um determinado povo, de uma determinada nação.
A atividade de comunicação que fazemos todos os dias, aparentemente sem muito esforço, não é tão simples assim. Antes da fala sair de sua boca, você pensa, elabora o que quer comunicar, depois procura palavras e construções adequadas na língua para que essa fala possa ser entendida pelos outros.
A linguagem é uma capacidade humana e a língua uma espécie de “contrato” entre as pessoas em uma sociedade e é por ser uma capacidade humana que os analfabetos conseguem se comunicar, mesmo sem saber ler e escrever.
Isso quer dizer que, para haver comunicação, basta o indivíduo “acionar” a capacidade mental (linguagem) e articular o código social (língua).
Dissemos que a linguagem está relacionada à interpretação do mundo, à nossa capacidade de atribuir significado às coisas, à natureza, aos anseios, certo?
Ela representa, portanto, qualquer forma de comunicação, daí temos a linguagem dos sinais como as das placas de trânsito, indicação de gênero nas portas dos banheiros, a linguagem das cores, a linguagem do corpo, dentre outras. Essa linguagem é chamada de NÃO VERBAL. Quando lida apenas com a escrita, entra no contexto verbal (contexto que utiliza a escrita ou a fala para estabelecer a comunicação).
Quando estamos lidando apenas com a escrita, logo, entramos no contexto verbal (contexto que utiliza a escrita ou a fala para estabelecer a comunicação). Esse contexto possibilita nossa comunicação pelas regras de uma língua. 
Isso permite uma fala adequada que resultará em entendimento caso o interlocutor compartilhe as referências necessárias para compreender o significado. 
A frase que não há comunicação é porque não está estruturada de acordo com as regras da língua.  
Estas regras internas de combinação de uma língua permitem a compreensão ou não de um comunicado, sendo reconhecidas por qualquer falante de uma mesma língua.
A variação padrão, ou norma culta, é a forma de se comunicar das pessoas que têm mais prestígio social, das que possuem um nível maior de escolaridade.
É a forma de comunicação das pessoas que são mais respeitadas na sociedade. Daí a maioria não querer ter a mesma forma de falar das pessoas que têm pouco prestígio social.
A língua nos possibilita organizar frases, textos, utilizando os elementos que conhecemos dessa língua. Porém, a norma social não permite que sejam feitas todas as combinações possíveis; ela impõe limites. Em outras palavras, tudo se pode, mas nem tudo se deve.
A escrita requer comportamentos diferentes da modalidade da fala, justamente porque a pessoa não está presente. Tudo deve ser comunicado da forma mais clara possível, pois o leitor não tem outros recursos para entender a mensagem.
AULA 2 – ADEQUAÇÃO VOCABULAR, VARIAÇÃO LINGUÍSTICA, TEXTO E HIPERTEXTO
A língua varia de acordo com a situação, com a idade do falante, com a formalidade ou informalidade do encontro, com as pessoas envolvidas etc.
Há diversos contextos em que a língua se acomoda. Esse fenômeno é chamado de Variação Linguística. Entretanto, mesmo que haja variação, sempre será necessário que os elementos da língua estejam ordenados e relacionados de forma a haver textualidade.
Há um texto toda vez que apresentamos uma ideia completa, mesmo que isso seja feito através de uma única palavra.
Percebe-se com isso que um texto não é uma questão de quantidade de palavras, mas, sim, de comunicação, da capacidade de passar uma mensagem que possa ser entendida pelo interlocutor ou pelo leitor.
A coesão (junção) é quando há palavras, expressões, isto é, conexões colocadas estrategicamente ao lado de outras para produzirem a sequência da mensagem com sentido. 
Há diferentes tipos de coesão, que são responsáveis pela chamada “tessitura do texto”.
Coesões referenciais: elas constroem a textualidade porque se referem ao(s) mesmo(s) referente(s), sem fazer repetições. 
Essa é uma forma que a língua nos oferece para falarmos de um mesmo assunto/ser várias vezes, com diferentes denominações. Isso evita que nosso texto seja cansativo e que nosso leitor não tenha a impressão de que já leu aquela informação.
Texto é um entrelaçamento de enunciados oracionais e não oracionais organizados de acordo com a lógica do autor. O entrelaçamento não deve ser feito de qualquer jeito, pois um texto, para possibilitar o entendimento.
Essa qualidade está relacionada diretamente aos elementos coesivos, responsáveis por promover a ligação entre as partes.
Há dois tipos básicos de coesão:
Coesão referencial: a informação é retomada	
Lexical - permite o entrelaçamento do texto pela substituição/omissão de palavras (podemos destacar o uso de sinônimos e hiperônimos).
Sinônimos: Os automóveis estacionados de maneira irregular deverão ser retirados do local. Caso contrário, os carros serão rebocados.
Hiperônimos: A gripe suína causou grande preocupação. Tal doença, se na forma grave, pode causar a morte.
Gramatical - permite o entrelaçamento do texto pelo emprego de pronome, conjunções e numerais, dentre outros.
Pronome: O aluno ficou com dúvidas sobre o conceito. Ele pediu uma nova explicação ao professor.
Conjunção: Ficou indignado, quando soube que seu time havia perdido por erro do juiz.
Numerais: O mural indica dois avisos: o primeiro refere-se à matrícula; o segundo, à formatura.
Coesão sequencial: a informação progride
Temporal - permite a progressão da informação pela ordenação linear dos elementos1, pela utilização de partículas temporais2 e pela correlação dos temposverbais3.
1 O aluno sentou na cadeira, pegou a caneta e começou a prova.
2 Antes ele acreditava que não tinha jeito, agora ele está mais esperançoso.
3 Antes de o time ganhar o campeonato, ele havia se preparado por duas semanas.
Por conexão - auxilia na compreensão do texto como um todo. Pode ser vista por meio dos operadores do tipo lógico1 e operadores discursivos2, dentre outros.
1 O Shopping Center sofreu um incêndio porque não havia água para abastecer o sistema de segurança.
2 O acidente ocorrido ontem exemplifica a falta de segurança nas estradas.
Uma das formas de se garantir que um grupo de palavras seja denominado texto é a presença de recursos linguísticos e semânticos (como a coesão e a coerência).
Hipertexto pode ser entendido como uma espécie de conexão em que as informações podem ser lidas em diferentes sequências. 
O leitor segue vários caminhos para desvendar/desdobrar a mensagem, assim como você está fazendo para conhecer esse conceito. 
No mundo contemporâneo, por exemplo, os hipertextos se tornaram uma forma de interatividade, fundamental para que possamos compreender e organizar a enorme quantidade de informações a que somos expostos diariamente.
A construção de uma hipertextualidade ocorre quando um texto, verbal ou não verbal, explica ou complementa outro texto.
A poesia concreta é um bom exemplo de hipertexto, visto que palavras e imagens se completam.
É possível dizer que o hipertexto é um dispositivo cognitivo, no sentido de que no instante da leitura podemos fazer associações, passando a outras fontes de informação.
O hipertexto, portanto, se constrói a partir da associação de uma imagem ou informações relacionadas a um texto considerado pelo receptor da mensagem. 
Deste modo, mais do que um texto tradicional, construído a partir de palavras impressas, o hipertexto exige a participação do leitor.
Tanto a coesão quanto a coerência são aspectos fundamentais que constituem um texto, pois, do contrário, sem a existência deles, a unidade necessária não será mantida e não teremos o texto propriamente dito. 
É graças à coesão, por exemplo, que conseguimos compreender um texto com mais facilidade. Se, quando lermos, identificarmos os chamados elos coesivos, que nos remetem a formar a sequência de ideias e as mensagens que vão construindo o sentido do texto, conseguiremos entender a mensagem com muita mais clareza e rapidez.
AULA 3 – TEXTUALIDADE (COESÃO SEQUENCIAL). ARTICULAÇÕES SINTÁTICAS E RELAÇÕES SEMÂNTICAS
A coesão é um dos requisitos imprescindíveis à construção de todo e qualquer texto. Há, portanto, alguns elementos que funcionam como principais agentes nesse processo, para fazer com que a mensagem aconteça de forma clara e precisa.
Quando um texto se caracteriza por apresentar uma ideia completa, queremos dizer que as informações estão conectadas umas às outras coerentemente, ou seja, estabelece-se relações lógicas entre as ideias contidas no texto.
A coesão sequencial que garante a textualidade é facilitada pela utilização de conectivos, como preposições e conjunções.
A junção de informações de forma inadequada é um dos principais motivos da falta de coerência nos textos.
Não existe uma forma única de fazer a conexão das ideias. Entretanto, dentre as várias possibilidades, é provável que haja junções inadequadas.
Assim, deduz-se que nem todas as conexões são possíveis para formar uma ideia completa, coerente. Isso leva a perceber que essas junções, que podemos chamar de articulações sintáticas, devem ser utilizadas para encontrar o sentido adequado.
Portanto, são as articulações sintáticas que estabelecem as relações semânticas.
Os elementos articuladores fazem parte do que chamamos de articulações sintáticas, função responsável pelo estabelecimento das relações semânticas (relações que se estabelecem entre as palavras e formam o sentido de um texto).
Ao ler um texto, necessita-se estabelecer relações sintático-semânticas (causa, consequência, comparação, disjunção etc.). Isso porque essas relações estabelecem sentido no que se quer comunicar e a arrumação das informações obedece ao estabelecimento do sentido.
Quer dizer que: as palavras, as expressões com as quais ligamos as ideias, estabelecem significados, conduzem o sentido das mensagens. Sendo assim, não se pode utilizar um elemento qualquer para conectar as informações.
Para identificar as relações sintático-semânticas estabelecidas pelos articuladores, é necessário observar o sentido que pode ser depreendido do texto.
Semântica: estudo das significações das palavras.
AULA 4 – TIPOS E FATORES DE COERÊNCIA
A coerência, é a ligação de cada uma das partes do texto com o seu todo, de forma que não haja contradições ou erros que gerem incompreensão, mal-entendido ou até mesmo falha na comunicação. 
A coerência diz respeito à intenção comunicativa do emissor, interagindo, de maneira cooperativa, com o seu interlocutor. 
Pode-se organizar, de acordo com Ingedore Koch, a coerência em quatro tipos:
1Coerência Semântica: refere-se à relação entre os significados dos elementos das frases em sequência. 
A incoerência aparece quando esses sentidos não combinam ou quando são contraditórios. 
É estabelecida entre os significados dos elementos do texto através de uma relação logicamente possível.
2Coerência Sintática: refere-se aos meios sintáticos usados para expressar a coerência semântica: conectivos, pronomes etc. 
Trata da adequação entre os elementos que compõem a frase, o que inclui também atenção às regras de concordância e de regência.
3Coerência Estilística: vem da utilização de linguagem adequada às possíveis variações do contexto. Na maioria das vezes, esse tipo de coerência não chega a perturbar a interpretabilidade de um texto. 
É uma noção relacionada à mistura de registros linguísticos (formal x informal, por exemplo). É desejável que quem escreve ou lê se mantenha em um estilo relativamente uniforme.
4Coerência Pragmática: pode-se dizer que esse tipo de coerência é verificado através do conhecimento que possuímos da realidade sociocultural, que inclui também um comportamento adequado às conversações. 
Refere-se ao texto visto como uma sequência de atos de fala. Para haver coerência nesta sequência, é preciso que os atos de fala se realizem de forma apropriada, isto é, cada interlocutor, na sua vez de falar, deve conjugar o seu discurso ao do seu ouvinte, de forma a manter a expectativa de conteúdo de acordo com a situação em que o texto é usado.
Um texto pode ser incoerente em determinada situação se seu autor não consegue estabelecer um sentido ou uma ideia através da articulação de suas frases e parágrafos e por meio de recursos linguísticos (pontuação, vocabulário etc.).
Pode-se concluir, por esse motivo, que um texto coerente é aquele que é capaz de estabelecer sentido. Por isso, a coerência é entendida como um princípio de interpretabilidade.
A palavra texto provém do latim textum, que significa “tecido, entrelaçamento de fios”. Assim, da mesma forma que um tecido não é apenas um emaranhado de fios, o texto é não um mero amontoado de frases: 
Segundo Melo, o “texto (do latim textum: tecido) é uma unidade básica de organização e transmissão de ideias, conceitos e informações de modo geral. Em sentido amplo, uma escultura, um quadro, um símbolo, um sinal de trânsito, uma foto, um filme, uma novela de televisão também são formas textuais.” (MELO, 2003)
Por isso, deve haver uma organização, uma unidade de sentido para que o texto seja considerado texto e cumpra sua função: estabelecer contato com seu interlocutor, a fim de informar, influenciar, questionar, sensibilizar, convencer, divertir, enganar, seduzir. É disso que trata a coerência textual. 
Se os fios embolam ou se rompem, quebra-se a coerência, ou seja, o texto não faz sentido.
A coerência se estabelece por uma série de fatores que afetam os possíveis sentidos de um texto.  
Portanto, ao considerar que a coerência é o princípio de interpretabilidade (instrumentoque tanto o emissor quanto o receptor usam para conseguir encaixar as “peças” do texto e dar um sentido completo a ele.), podemos observar os seguintes fatores:
Conhecimento lingüístico: consiste no domínio das regras que norteiam a língua, isso vai possibilitar as várias combinações dos elementos linguísticos.
“O português é comumente considerado uma língua acusativa, cuja ordem direta, não marcada, é sujeito-verbo-objeto (SVO ou SV(O))” (cf. Andrade, 1987; Chaves, 1989).
Levando em consideração essa conclusão, podemos afirmar que a alteração da ordem dos elementos que compõe a frase impediu a compreensão da mensagem.
Conhecimento de mundo: é o conhecimento proveniente de nossas experiências com o mundo, resultante da interação sociocultural. Através dessa interação, armazenamos conhecimento, constituindo os modelos cognitivos.
É uma espécie de arquivo que guardamos em nossa memória, como se fosse um dicionário, relacionado ao mundo e à cultura a que temos acesso.
Conhecimento partilhado: conhecimento compartilhado entre as pessoas, entre quem estabelece uma interação. Essa interação se torna possível graças à experiência comum dos envolvidos.
Inferência: são as reflexões que fazem a partir de alguma ideia, a partir de determinado texto. Incluem as deduções, conclusões que construímos juntamente com quem conta ou escreve uma história, um fato etc.
Contextualização: são os elementos que “ancoram” o texto em uma situação comunicativa determinada, como a data, o local, a assinatura, elementos gráficos, timbre, título, autor.
Situacionalidade: conhecimento de onde a história se situa, com todos os elementos necessários. Fator que atua nas duas direções, tanto da situação para o texto quanto do texto para a situação.  
Um texto coerente em uma situação pode não ser em outra.
Informatividade: é o nível de informação contida no texto, que dependerá da intenção do produtor de construir um texto mais ou menos hermético. 
Diz respeito ao grau de previsibilidade da informação que vem no texto, que será menos informativo, se contiver apenas informação previsível ou redundante. 
Já se contiver informação inesperada ou imprevisível, o texto terá um grau máximo de informatividade, podendo, à primeira vista, parecer até incoerente por exigir do receptor um grande esforço de decodificação.
Focalização: constitui-se no próprio foco do texto, no assunto a ser tratado. Isso evita que um texto com tema da globalização passe a falar mal dos países globalizados.
O titulo do texto é, em grande parte dos casos, responsável pela focalização. 
Também pode ser analisado como a concentração dos usuários (produtor e receptor) em apenas uma parte de seu conhecimento.
Intertextualidade: é uma interação entre textos (essa relação pode ser explícita – quando apresenta a fonte do texto original – ou implícita – quando é necessário que o receptor tenho conhecimento suficiente do assunto para recuperar o texto original), sendo um mecanismo importante para o entendimento de determinadas mensagens. 
Ocorre quando um texto faz alusão a outros textos, exigindo do leitor uma busca de informações fora do universo do texto em questão.
Isso é comum tanto para a fala coloquial, em que se retomam conversas anteriores, quanto para os noticiários dos jornais, por exemplo, que exigem o conhecimento de notícias já divulgadas como ponto de partida.
Intencionalidade e aceitabilidade: o primeiro fator diz respeito à intenção do emissor e o segundo refere-se à atitude do receptor de aceitar a manifestação linguística como um texto coeso e coerente.
1 Incoerência Semântica: A casa que desejo comprar é bastante jovem. 
Essa frase é incoerente quando levamos em consideração o significado da palavra jovem. 
Embora tenha o sentido de coisa nova, o vocábulo jovem só é empregado para caracterizar seres humanos; e não seres inanimados, como é o caso de casa. 
Para essa caracterização, a palavra nova seria mais apropriada, concorda?
2 Incoerência Sintática: As pessoas que têm condições procuram o ensino particular, onde há métodos, equipamentos e até professores melhores.
Apesar de haver comunicabilidade, já que possível compreender a informação, a coerência desse período está inadequada. 
 Ela poderia ser restabelecida se fosse feita uma alteração: a troca do pronome relativo onde, específico de lugar, para no qual ou em que (ensino particular, no qual/em que há métodos).
3 Incoerência Estilística: O ilustre advogado observou que sua petição não prosperaria, haja vista seu cliente ter enfiado o pé na jaca.   
Imagine iniciar uma fala, em um contexto formal, com palavras mais “sofisticadas” e depois misturar com uma forma de linguagem bem popular, usando gírias.  
Esta incoerência poderia parecer inclusive uma brincadeira, modificando o sentido que o autor da frase desejava.
4 Incoerência Pragmática: Veja esta conversa entre amigos:  
― Maria, sabe dizer se o ônibus para o Centro passa aqui?
― Eu entendo, João. Hoje faz um ano que minha avó faleceu. 
Note que Maria, na verdade, não responde a pergunta feita por João, pois não estabeleceu uma sequência na conversa.  
Ela propôs outro assunto, irrelevante para a pergunta feita. 
Assim, percebemos que na sequência de falas deste exemplo não há coerência.
AULA 5 – TIPOLOGIA TEXTUAL E GÊNEROS TEXTUAIS (PARTE I)
Sabe-se que há várias formas de nos comunicarmos através de textos, de discursos. Pode-se contar fatos, documentá-los, expressar nossa opinião, expor nossas idéias... Enfim, podemos afirmar, com isso, que a intenção daquilo que queremos dizer é que comanda o tipo do texto que construímos.
A seguir, alguns textos e suas características:
Os textos oficiais e comerciais visam estabelecer uma comunicação formal e documentada em ambientes de trabalho. Os tipos mais comuns são memorandos, ofícios, avisos, requerimentos, pareceres, ordem de serviço e cartas comerciais.
Os textos literários desvelam a arte da palavra ao recriar a realidade a partir do olhar do artista. Encontra-se exemplos em fábulas, lendas, romances e poemas.
Os textos acadêmicos e científicos, entretanto, possuem características específicas:
Focalizam com especial atenção a linguagem, a exatidão e a autenticidade dos dados e raciocínios apresentados.
Exigem um rigor na utilização dos métodos e técnicas na sua elaboração.
São classificados a partir do nível de aprofundamento de seus conteúdos e seus objetivos (resumos, resenhas, relatórios, artigos científicos, monografias, dissertações e teses).
Conceituando gêneros textuais e tipologia textual: um pingo de teoria
Os gêneros textuais podem ser encarados como as diversas formas que um texto assume para cumprir determinados objetivos, ou seja, para informar. Sendo assim, podemos admitir que diferentes formas de textos fazem parte de nosso cotidiano, levando em conta que a comunicação atende a vários propósitos. Os gêneros textuais são praticamente infinitos, visto que são textos orais e escritos produzidos por falantes de uma língua em um determinado momento, em um determinado contexto.
O tipo de texto, por sua vez, é limitado, pois se refere à estrutura composicional da língua. De forma geral, temos cinco tipos textuais (narração, argumentação, exposição, descrição e injunção).
Não esqueça que em um tipo textual pode aparecer em qualquer gênero textual, da mesma forma que um único gênero pode conter mais de um tipo textual.
Uma carta, por exemplo, pode ter passagens narrativas, descritivas, injuntivas e assim por diante.
Narração: conta um fato, que pode ser ou não inventado. Esse tipo de texto compõe-se de personagens, tempo e lugar. Normalmente, os verbos utilizados estão no tempo passado.
A presença do narrador (responsável por contar a história). A narração é um tipo de texto no qual se conta um fato, fictício ou não, que ocorreu num determinado tempo e lugar, envolvendo certos personagens. Há uma relação de anterioridade e posterioridade, e normalmente apresenta-se no tempo verbalpassado.
Argumentação: é um tipo de texto através do qual o emissor da mensagem tenta convencer o ouvinte/leitor. O texto argumentativo defende uma ideia específica.
Exposição: é um tipo de texto que apresenta uma ideia, uma reflexão, um conhecimento, uma explicação sobre um objeto (pessoa, fato, circunstância). Como traz informações específicas sobre um tema, também é chamada de texto informativo.
Caligrafia (do grego κάλλος kalli “beleza” + γραφή graphẽ “escrita”) é um tipo de arte visual, muitas vezes chamada de a “arte da escrita bela”. 
Uma definição contemporânea da prática caligráfica é “a arte de dar forma aos sinais de uma maneira expressiva, harmoniosa e habilidosa”. A história da escrita é uma evolução estética enquadrada dentro das competências técnicas, velocidade de transmissão(ões) e as limitações materiais das diferentes pessoas, épocas e lugares. Um estilo de escrita é definido como sistema de escrita, caligrafia.
Descrição: apresenta um objeto do discurso (pessoa, coisa, circunstância, fato etc.), realçando suas características e pode ser objetiva ou subjetiva. 
A casa era grande, branca e antiga. Em sua frente havia um pátio quadrado. À direita havia um laranjal onde noite e dia corria uma fonte. À esquerda era o jardim de buxo, úmido e sombrio, com suas camélias e seus bancos de azulejo. Ao meio da fachada que dava para o pátio havia uma escada de granito coberta de musgo. Em frente dessa escada, do outro lado do pátio, ficava o grande portão que dava para a estrada. A parte de trás da casa era virada ao poente e das suas janelas debruçadas sobre pomares e campos via-se o rio que atravessa a várzea verde e viam-se ao longe os montes azulados cujos cimos em certas tardes ficavam roxos. Nas vertentes cavadas em socalco crescia a vinha. À direita, entre a várzea e os montes, crescia a mata carregada de murmúrios e perfumes e que os Outonos tornavam doirada. 
(ANDRESEN, Sophia de Mello Breyner. “O Jantar do Bispo”. In:______. Contos exemplares. Porto: Figueirinhas, 1997.
A escritora portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen descreve, de forma objetiva, uma casa. Vemos que são usados diversos adjetivos que ajudam o leitor a visualizar o objeto descrito.
Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado. Mais rápida que a corça selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas. 
ALENCAR, José de. Obra Completa. Vol. III. Rio de Janeiro: Editora José Aguilar, 1959.
O autor romântico José de Alencar apresenta a personagem principal ao leitor, destacando seus aspectos fundamentais relacionados à natureza. Nesse caso, temos uma descrição subjetiva.
No primeiro caso, destacam-se características concretas do objeto, aproximando-o o mais possível da realidade. No segundo, o observador apresenta o objeto segundo a emoção que o envolve.
Injunção: é uma tipologia textual que se caracteriza por determinar, indicar, orientar como se realiza uma ação.
Provérbios, ditados populares e normas de conduta possuem função pedagógica. Por esse motivo, muitos deles caracterizam-se como injunção.
Como vimos, os gêneros textuais adaptam-se às circunstâncias da comunicação, bem como aos interesses do emissor e do receptor da mensagem. 
Por esse motivo, não há um limite para as classificações de gêneros, visto que os textos podem ser produzidos por falantes diversos e com objetivos específicos, de forma oral ou escrita.  
Os gêneros textuais, portanto, são ações discursivas que se constituem para representar o mundo, as experiências vivenciadas, os conhecimentos, os desejos etc.
Veja alguns exemplos de gêneros textuais.
Poesia: linguagem com fins estéticos.
Notícia: o objetivo principal é a informação.
E-mail: comunicação rápida.
Publicidade: uso da linguagem para convencimento.
Carta: mensagem individualizada.
Charge: associação entre texto e imagem.
Ainda que o tema (assunto) possa ser semelhante,a espécie de texto usada para abordá-lo varia conforme a finalidade comunicacional. Daí a importância da noção de gênero textual, já que o gênero é uma forma de contrato estabelecido entre aquele que escreve e aquele que lê. Se ambos não “cumprirem as cláusulas do contrato”, o entendimento do texto será prejudicado, mesmo quando o tema é semelhante.
A habilidade de indicar função, objetivo do texto, reconhecimento de sistema de notação, referência, estrutura, recursos lingüísticos etc. seria uma das primeiras habilidades utilizadas no processo de interpretação, pois, uma vez que a acionamos, identificamos o propósito do texto e que atitude tomar em relação a ele.
AULA 6 – TIPOLOGIA TEXTUAL E GÊNEROS TEXTUAIS (PARTE II)
As características gerais de uma crônica, são: relação com a vida cotidiana; narrativa informal, familiar, intimista; uso da oralidade na escrita: linguagem coloquial; uso do humor.
Na aula anterior, tratamos de alguns textos argumentativos. Textos desse tipo têm um objetivo principal: convencer o outro de que seu ponto de vista está correto. Isto pode ser feito de várias maneiras. Porém, existe um ambiente de extrema formalidade em que o autor do texto precisa convencer, persuadir o outro a pensar como ele, pois, assim, ele ganhará a causa. Esse é o ambiente jurídico.
Como vimos, os gêneros textuais surgem em decorrência da necessidade que o homem tem de se comunicar de acordo com as circunstâncias em que se encontra. Assim, ele não pode levar apenas em consideração a modalidade linguística, deve adequar o seu texto ao receptor, ao conteúdo de sua mensagem, ao objetivo que pretende alcançar e mesmo ao veículo que servirá de canal de comunicação.
Se o meio é a música, ao elaborar a mensagem, o autor empregará recursos como ritmo, rima, refrão, entre outros, para transmitir suas idéias ou sentimentos.
Para tornar-se mais eficiente, o gênero se adapta ao veículo procurando aproveitar os recursos que cada um fornece; como o som, a imagem ou a velocidade de transmissão, por exemplo.
Como vimos, os gêneros textuais são dinâmicos porque também a realidade e os meios de comunicação são aperfeiçoados constantemente pelos avanços tecnológicos. 
Hoje, conviver em sociedade exige atualização, assimilação e uso dos novos meios para a participação efetiva.
AULA 7 – ESTRUTURA DO PARÁGRAFO
Parágrafos são as estruturas formadas por unidades autossuficientes de um discurso que compõem um texto, apresentando basicamente uma ideia, pensamento ou ponto principal que o unifica.
Do grego paragraphos, que quer dizer “escrever ao lado” ou “escrito ao lado”. 
Essas unidades são chamadas de tópico frasal, que é acompanhado por detalhes que o complementam. 
O tópico frasal é uma maneira prática e eficiente de estruturar o parágrafo, pois já de início expõe a ideia que se quer passar, a qual é comprovada e reforçada pelos períodos subsequentes.
A organização do texto em parágrafos permite que o leitor detecte as ideias principais do texto e acompanhe como foram desenvolvidas em seus diferentes estágios.
A extensão do parágrafo é variada. Existem parágrafos de duas linhas e também aqueles que ocupam uma página inteira.
A ideia central que o parágrafo apresenta pode ser um critério para determinar se este será curto ou mais extenso.  Veja:
Parágrafos longos: são utilizados para manter uma continuidade do raciocínio. 
Em geral, obras científicas e acadêmicas possuem parágrafos mais longos por duas razões: 
1.As explicações são complexas e exigem várias ideias e especificações;
2.Os leitores possuem capacidade e fôlego para acompanhá-los.
Parágrafos curtos: seguindo esta lógica, são adequados para pequenostextos, e, geralmente, são escritos por quem tem pouca prática na escrita ou pensando-se nos leitores que possuem pouca prática de leitura.
Você já deve ter reparado que as notícias de jornal, por exemplo, possuem parágrafos curtos, distribuídos em colunas estreitas. Ou que os textos escritos para serem lidos por meio da internet seguem esse padrão. 
Esses textos possuem essa característica por causa do perfil dos leitores.
Tipos de Tópicos Mais Comuns
Declaração inicial: o autor declara uma opinião por meio de uma frase afirmativa ou negativa. 
Serve para vários tipos de texto, mas é usualmente encontrada em textos argumentativos.
Ex.: A violência foi banalizada pelos meios de comunicação.
Definição: trata-se de um bom recurso didático. Define-se algo quando se delimita o seu significado dentro de um campo semântico.
Serve para vários tipos de texto, mas é usualmente encontrada em textos dissertativos/informativos.
Ex.: O jornal é um meio de comunicação periódico constituído por notícias, reportagens, crônicas, entrevistas, anúncios e outro tipo de informação de interesse público.
Divisão: O parágrafo pode se iniciar dividindo o assunto, indicando como será tratado em seu desenvolvimento.
Serve para vários tipos de texto.
Ex.: As informações tomam dois caminhos para atingir o receptor: o jornal impresso e a televisão.
Interrogação: O autor quer aguçar a curiosidade do leitor acerca do tratamento dado a um determinado tema, mediante uma pergunta.
Serve para vários tipos de texto, mas é usualmente encontrada em textos argumentativos.
Ex.: O crescente uso da internet provocará o fim do jornal impresso?
Alusão/Citação: O autor faz referência a um fato histórico, às palavras de outra pessoa, usa um exemplo, uma lenda ou, até mesmo, uma piada, com o objetivo de prender a atenção do leitor. 
Serve para vários tipos de texto.
Ex.: Conta a tradição que comer manga e, em seguida, tomar leite tem como resultado morte certa. 
Coesão Sequencial e a Relação Com o Sentido
E o texto que se segue ao tópico no espaço do parágrafo chama-se desenvolvimento. Que, de fato, é o desenvolvimento da ideia introduzida no tópico.
A seguir, apresentamos alguns deles para que você se inspire na elaboração de seus textos e para que fique mais atento, sendo capaz de produzir inferências, deduções, quando estiver lendo e produzindo sentidos com suas leituras.
***Texto em vermelho é o Tópico Frasal***
Explanação da declaração inicial
O autor esclarece a afirmação ou negação que fez no tópico.
Exemplo: A violência foi banalizada pelos meios de comunicação. Somos bombardeados todo o tempo por relatos de agressões, via televisão, rádio e jornais. Parece até que o objetivo é tornar normal a barbaridade, repetindo os feitos dos bandidos vezes sem conta, até a exaustão.
Enumeração de detalhes
Trata-se de um tipo de desenvolvimento muito específico, pois é bastante comum em parágrafos descritivos. Nesse sentido, há uma preocupação em apresentar detalhes da afirmação que foi feita, de maneira mais genérica, no tópico.
Exemplo: A violência foi banalizada pelos meios de comunicação. Sendo assim, os jornais só falam de sangue e tragédia. A televisão, por sua vez, prioriza as mazelas como forma de manter a audiência. Até a internet, embora seja um meio jovem, não se diferencia dos seus antecessores, pois é ela também meio de prática de crimes de pedofilia, por exemplo.
Comparação
Há quem faça distinção entre ANALOGIA e CONTRASTE, distinguindo as formas de comparação. Assim, a analogia seria uma comparação entre semelhantes, enquanto o contraste se configuraria pela aproximação de termos acentuando suas diferenças. Para facilitar, trataremos apenas de Analogia.
Exemplo: A violência foi banalizada pelos meios de comunicação. Nos primórdios, as marcações nas rochas feitas pelos povos primitivos indicavam caminhos, perigos, símbolos de sentido restrito etc. Atualmente, a mídia ultrapassou esses limites físicos e permite uma pluralidade de significados que, sem controle ou censura, podem ferir a sociedade.
Causa e consequência 
Esse desenvolvimento apresenta uma relação de causas para a declaração feita no tópico ou dela decorrentes. Em outros casos, pode apresentar as consequências ou até mesmo as causas e consequências juntas.
Exemplo: A violência foi banalizada pelos meios de comunicação. Tal uso resulta em uma série de distorções, como a apresentação de cenas chocantes em horários inadequados na televisão, por exemplo. Isso gera nos telespectadores uma espécie de senso comum que aceita a violência como algo natural.
Fazemos uma paráfrase quando transmitimos uma informação ouvida ou lida para outras pessoas com as nossas palavras. Simples, não é? Com certeza você já fez paráfrases inúmera vezes. A não ser que realmente more numa ilha deserta.
E você não acha que dizer com suas palavras o que já foi dito por outra pessoa vai ser uma situação muito comum na sua vida acadêmica e profissional? Não precisava nem perguntar, não é mesmo? 
Essa técnica de reescrita é um ótimo exercício para ampliarmos nosso vocabulário, aperfeiçoando nossa precisão vocabular, e para treinarmos a apresentação da mesma ideia de formas diferentes. 
A paráfrase é muito útil quando temos necessidade de reproduzir um conteúdo para um público específico. Além disso, é um recurso muito utilizado nos textos acadêmicos, já que, por meio dela, conseguimos apresentar as ideias dos autores estudados sem recorrer à citação direta ou mesmo quando a intenção é apresentar o pensamento de um autor de forma mais objetiva.
ATENÇÃO
Paráfrase não é resumo e nem é plágio
É importante destacar que a paráfrase não é um sinônimo de resumo. 
Resumo, como veremos no decorrer da aula, privilegia a síntese, isto é, uma redução. Já a paráfrase se propõe a fazer uma espécie de tradução do texto original, podendo, inclusive, ser maior do que este. 
Outra questão muito importante é que devemos sempre informar a fonte ou o autor que estamos parafraseando, mesmo que com a paráfrase não estejamos mais utilizando as palavras de outra pessoa. 
Paráfrase não é plágio, mas se um texto for parafraseado e não informar a devida fonte se tornará um plágio, ainda que seja um ato involuntário. 
Para evitar esse problema, devemos sempre dar crédito ao verdadeiro autor, ao dono da ideia que estamos parafraseando.
Como vimos, para produzir uma paráfrase é preciso seguir as ideias do texto original, reproduzindo-as de outra maneira, de forma resumida ou mesmo ampliando o texto.
Vamos ver agora algumas dicas que o ajudarão na hora de elaborar uma paráfrase:
Definir o objetivo: Primeiramente, você deve definir o objetivo da paráfrase. Por que você precisa reescrever o texto? Para adequá-lo a novos leitores ou meio de comunicação? Para modernizá-lo? Para utilizá-lo em um trabalho acadêmico? 
Essa análise vai ajudá-lo a decidir qual será a linguagem utilizada na paráfrase.  
Fazer uma leitura cuidadosa: Você deverá fazer uma leitura cuidadosa e atenta, destacando e fazendo anotações, e, a partir daí, decidir se vai apenas reafirmar a ideia apresentada com suas palavras ou se será necessário esclarecer o tema central do texto apresentado, acrescentando aspectos relevantes.
Não distorcer a mensagem: Embora você vá redigir a paráfrase com suas palavras e estilo próprio, deve seguir passos do texto original sem omitir informações que permitam aos seus leitores uma interpretação fiel do texto estudado. Tomando sempre muito cuidado para não distorcer a mensagem.
Unir idéias afins: Você pode unir ideias afins, de acordo com a identidade e evolução do texto-base, reorganizando o texto em blocos de assunto, por exemplo, mas respeitando a evolução dos argumentos do autor.
Substituir as palavras rebuscadas: Consulte o dicionário e substitua as palavras menos usadas, ou muito rebuscadas, por palavras que sejam de conhecimento do público geral, tentando, obviamente, se preocupar com a precisão vocabular.
Reler o seutexto final: Redija o texto buscando a síntese das ideias e a clareza. Preocupe-se com a pontuação, a coesão e coerência. Não faça comentários ou dê sua opinião. Depois, releia a paráfrase para encontrar possíveis erros e corrija-os.
Mas o que é um resumo, afinal?
Resumo, diferente da paráfrase que estudamos agora, é uma condensação fiel das ideias ou dos fatos contidos no texto. 
Significa reduzi-lo ao que é essencial, mas sem perder de vista três elementos:
Cada uma das partes essenciais do texto;
A progressão em que elas acontecem;
A correlação que o texto estabelece entre cada uma dessas partes.
Quem resume deve exprimir somente o que é essencial no texto, por isso, assim como a paráfrase, não podemos fazer comentários ou julgamentos.
Muitas pessoas julgam que resumir é produzir frases ou partes do texto original, construindo uma espécie de “colagem”. Porém, isso não é um resumo. 
Resumir é apresentar, com suas próprias palavras, apenas os pontos que julgamos relevantes no texto, sendo obrigatoriamente menor do que o original.
Lembrando que um resumo deriva da capacidade de leitura daquele que vai realizá-lo. A compreensão de um texto depende da competência do receptor. 
Essa competência envolve recursos culturais, experiência anterior e conhecimento prévio armazenado na memória.
Resumo é, portanto, uma apresentação sintética e seletiva das ideias de um texto, ressaltando a progressão e a articulação delas. 
Nele devem aparecer as principais ideias do autor do texto e devem ser omitidas as nossas impressões e interpretações.
Como elaborar um resumo?
Aspectos Metodológicos:
• Devemos seguir as ideias principais do autor, na ordem em que aparecem no texto (a primeira frase explica o assunto do texto);
• Devemos ser capazes de, desprezando ideias particulares, registrar informações de ordem geral (este conceito aproxima-se do de tematização);
• Indica-se a categoria do tratamento (Do que se trata? De estudo de caso, de análise da situação?); 
• O resumo deve apresentar o objetivo, o método e as técnicas de abordagem, os assuntos, os resultados e as conclusões do trabalho.
Estilo e extensão
• Quanto ao estilo, deve ser composto por frases concisas, evitando-se enumerar tópicos;
• É comum o uso da 3º pessoa do singular, com verbos na voz ativa (“O autor afirma que...”);
• Devemos excluir a maior parte dos detalhes, exemplos, fatos secundários, realizando a supressão de adjetivos e advérbios;
• Devemos reescrevê-lo usando as nossas palavras, isto é, não se deve utilizar trechos do texto original;
• Não há limite de páginas, desde que seja menor do que o texto-base, mas existem algumas recomendações.
Classificação dos Resumos
Os dois principais tipos de resumo são:
Resumo indicativo ou fichamento
O resumo indicativo ou fichamento caracteriza-se como sumário narrativo que elimina dados qualitativos e quantitativos, mas não dispensa a leitura do original. É conhecido também como descritivo. 
Refere-se às partes mais importantes do texto. Pode ser usado, por exemplo, para adiantar o assunto de um anexo de e-mail. 
Indica as principais ideias em torno das quais o texto foi elaborado.
Normalmente é utilizado em propagandas, catálogos de editoras, livrarias e distribuidoras ou ainda em breves exposições de determinadas obras.
ROCCO, Maria Thereza Fraga. Crise na linguagem: a redação no vestibular.
São Paulo: Mestre Jou, 1981.
Estudo realizado sobre redações de vestibulandos da FUVEST. Examina os textos com base nas novas tendências dos estudos da linguagem, que buscam erigir uma gramática do texto, uma teoria do texto. São objeto de seu estudo a coesão, o clichê, a frase feita, o “não texto” e o discurso indefinido. Parte de conjecturas e indagações e apresenta os critérios para a análise, informações sobre o candi­dato, o texto e farta exemplificação.
Resumo informativo
O resumo informativo, também conhecido como analítico, pode dispensar a leitura do texto original. 
Apresenta o objetivo da obra, métodos e técnicas empregados, resultados e conclusões. 
Nele evitam-se comentários pessoais e juízos de valor. 
Apresenta todas as informações, de forma sintética, que o autor usou para criar o texto.
Indispensavelmente deve conter: 
 • Assunto;
 • Problema e/ou o objetivo;
 • Metodologia;
 • Ideias principais em forma sintética;
 • Conclusões.
É o mais utilizado em universidades.
ROCCO, Maria Thereza Fraga. Crise na linguagem: a redação no vestibular. São Paulo: Mestre Jou, 1981. 284 p.
Examina 1.500 redações de candidatos a vestibulares (1978), obtidas da FUVEST. O livro resultou de uma tese de doutoramento apresentada à USP em maio de 1981. Objetiva caracterizar a linguagem escrita dos vestibulandos e a existência de uma crise na linguagem escrita, particularmente desses indivíduos. 
Escolheu redações de vestibulandos pela oportunidade de obtenção de um corpus homogêneo. Sua hipótese inicial é a da existência de uma possível crise na linguagem, através do estudo, estabelecer relações entre os textos e o nível de estruturação mental de seus produtores. Entre os problemas, ressaltam-se a carência de nexos de continuidade e quantidade de informações e a ausência de originalidade. Também foram objeto de análise condições externas como família, escola, cultura, fatores sociais e econômicos. 
Um dos critérios utilizados para a análise é a utilização do conceito de coesão. A autora preocupa-se ainda com a progressão discursiva, com o discurso tautológico, as contradições lógicas evidentes, o nonsense, os clichês as frases feitas. Chegou à conclusão de que 34,8% dos vestibulandos demonstram incapacidade de domínio dos termos relacionais; 16,9% apresentam problemas de contradições lógicas evidentes. A redundância ocorreu em 15,2% dos textos.
O uso excessivo de clichês e frases feitas aparece em 69,% dos textos. Somente em 40 textos verificou-se a presença de linguagem criativa. Às vezes, o discurso estrutura-se com frases bombásticas, pretensamente de efeito. Recomenda a autora que uma das formas de combater a crise estaria em se ensinar a refazer o discurso falho e a buscar a originalidade, valorizando o devaneio.
Segundo a ABNT, há outros dois tipos de resumo:
Resumo informativo/indicativo
O resumo informativo/indicativo combina os dois tipos anteriores que acabamos de ver (Resumo indicativo ou fichamento e Resumo informativo).
Este tipo também pode dispensar a leitura do texto original quanto às conclusões, mas não quanto aos demais aspectos tratados.
Resumo crítico
O resumo crítico, também denominado recensão ou resenha, é redigido por especialistas e compreende análise e interpretação de um texto. Trata-se de uma espécie de julgamento.
É uma das atividades que pode ser solicitada como exercício no meio acadêmico.
Podemos concluir que resumo é uma apresentação concisa dos elementos mais importantes de um texto sem perder a sua essência.
Portanto, trata-se um procedimento de reduzir um texto sem alterar seu conteúdo.
Constitui-se, assim, uma forma prática de estudo que participa ativamente da aprendizagem, uma vez que favorece a retenção de informações básicas.
AULA 8 – RACIOCÍNIO ARGUMENTATIVO
Muitas vezes, para formularmos um ponto de vista, uma opinião, precisamos analisar diversas situações que nos levam a uma conclusão (tese). Nesse caso, estamos tratando de um raciocínio indutivo. A Indução é o princípio lógico segundo o qual se deve partir das partes para o todo. Ou seja, ao fazer uma pesquisa, deve-se ir coletando casos particulares e, depois de certo número de casos, pode-se generalizar, afirmando que sempre que a situação se repetir o resultado será o mesmo.
Por outro lado, também podemos ter uma ideia geral, uma visão geral sob um determinado tema, que será comprovada a partir da verificação de alguns casos particulares. Nesse caso, estamos tratando de um raciocínio dedutivo. A dedução é o princípio lógico segundo o qual devemos partir do geral parao particular. Assim, devemos primeiro criar uma lei geral e depois observar casos particulares e verificar se essa lei não se contradiz. Para os adeptos da dedução, o cientista não precisa de mil provas indutivas. Basta uma única prova dedutiva para que a lei possa ser considerada válida.
Raciocínio Argumentativo Indutivo: para persuadir o leitor ou ouvinte sobre um argumento que defendemos, podemos utilizar o recurso da indução, o qual consiste em utilizar informações concretas (exemplos, dados estatísticos ou científicos, citações etc.) e transformá-las em uma regra geral que se adapte ao tema de nosso argumento.
Vou contar um pequeno episódio que pode ajudar a responder a essa questão. Um dia eu estava chegando em casa e já estava escuro, já eram umas seis da tarde. Havia um menino sentado no muro à minha espera. Quando cheguei, ele se apresentou, mas estava com uma mão atrás das costas. Eu senti medo e a primeira coisa que pensei é que aquele menino ia me assaltar. Pareceu quase cruel pensar que no mundo que vivemos hoje nós podemos ter medo de uma criança de dez anos, que era a idade daquele menino. Então ele mostrou o que 
estava escondendo. Era um livro, um livro meu. Ele mostrou o livro e disse: "Eu vim aqui devolver uma coisa que você deve ter perdido”. Então ele explicou a história. Disse que estava no átrio de uma escola, ondevendia amendoins, e de repente viu uma estudante entrando na escola com esse livro. Na capa do livro, havia uma foto minha e ele me reconheceu. Então ele pensou: “Essa moça roubou o livro daquele fulano”. Porque como eu apareço na televisão, as pessoas meconhecem. Então ele perguntou: Esse livro que você tem não é do Mia Couto?”. E ela respondeu: “Sim, é do Mia Couto”. Então ele pegou o livro da menina e fugiu.
Essa história é para dizer que, para uma parte dos moçambicanos, a relação com o livro é uma coisa nova. É a primeira geração que está lidando com a escrita, com o escritor, com o livro.
Percebeu-se que o escritor Mia Couto recorreu a uma situação específica, particular, para reforçar o seu argumento de que a relação com a literatura ainda é uma novidade para uma parte da população moçambicana?
Assim, temos um raciocínio argumentativo indutivo, visto que foi utilizado um fato concreto para comprovar uma regra geral.
Raciocínio Argumentativo Dedutivo: em argumentos construídos com base na dedução, ocorre o processo inverso do verificado na indução, ou seja, neste caso, parte-se de uma idéia feral, universal (premissa) para uma idéia específica (conclusão). É preciso, no entanto, que as premissas sejam admitidas como verdadeiras, para que se aceite a conclusão.
Pelos exemplos de dedução encontrados comumente, tem-se a idéia que a argumentação por dedução é óbvia e pouco contribui para a construção de um texto.
Ex.: Todo metal é dilatado pelo calor. (Premissa maior)
Ora, a prata é um metal. (Premissa menor)
Logo, a prata é dilatada pelo calor. (Conclusão)
Um argumento é um conjunto de afirmações encadeadas de tal forma que se pretende que uma delas, a que chamamos a conclusão (ou tese), seja apoiada por outras afirmações (os argumentos propriamente ditos).
A diferença mais importante entre um argumento e um raciocínio é que em um argumento pretendemos persuadir alguém de que a conclusão é verdadeira, ao passo que em um raciocínio queremos apenas saber se uma determinada conclusão pode ser justificada ou não por um determinado conjunto de afirmações.
Sempre que argumentamos, temos o intuito de convencer alguém a pensar como nós. No momento da construção textual, os argumentos são essenciais, esses serão as provas que apresentaremos, com o propósito de defender nossa ideia e convencer o leitor de que essa é a correta. Para tal, muitas vezes precisamos usar a lógica indutiva e/ou dedutiva para formularmos nossos argumentos, bem como usar outras estratégias.
Tipos de Argumento Mais Comuns
Argumento de Autoridade: a conclusão se sustenta pela citação de uma fonte confiável, que pode ser um especialista no assunto ou dados de instituição de pesquisa, uma frase dita por alguém, líder ou político, algum artista famoso ou algum pensador, enfim, uma autoridade no assunto abordado. A citação pode auxiliar e deixar consistente a tese.
Ex.: O problema da miséria urbana no Brasil muitas vezes passa despercebido por não sofrermos os efeitos de tal miséria. Entretanto, ela existe, e não só nas notícias de jornalou nos programas televisivos. Ou, como diria Caetano Veloso,”o Haiti é aqui”.
Argumento por Causa e Consequência: para comprovar uma tese, você pode buscar as relações de causa (os motivos, os porquês) e de consequência (os efeitos).
Ex.: O problema da miséria urbana no Brasil muitas vezes passa despercebido por não sofrermos os efeitos diretos de tal miséria. Entretanto, ela existe, e não só nas notícias de jornal ou nos programas televisivos. Em virtude da negligência do poder público ao longo de décadas, hoje temos uma parcela desprovida de instituições que possam atenuar (ou extinguir) tal problema.
Argumento de Exemplificação/Ilustração: a exemplificação consiste no relato de um pequeno fato (real ou fictício). Esse recurso argumentativo é amplamente usado quando a tese defendida é muito teórica e carece de esclarecimentos com mais dados concretos.
Ex.: O problema da miséria urbana no Brasil muitas vezes passa despercebido por não sofrermos os efeitos diretos de tal miséria. Entretanto, ela existe, e não só nas notícias de jornal ou nos programas televisivos. Um exemplo claro disso é a diferença na taxa de mortalidade infantil entre os estados da região sul e os estados da região nordeste.
Argumento de Provas Concretas ou Senso Comum: ao empregarmos os argumentos baseados em provas concretas, buscamos evidenciar nossa tese por meio de informações concretas, extraídas da realidade. Podem ser usados dados estatísticos ou fatos notórios (de domínio público.)
Ex.: O problema da miséria urbana no Brasil muitas vezes passa despercebido por não sofrermos os efeitos diretos de tal miséria. Entretanto, ela existe, e não só nas notícias de jornal ou nos programas televisivos. Alguns estados brasileiros estão em situação alarmante. Segundo dados do IBGE sobre o PIB (em 2002), o Maranhão possui 83 municípios na lista dos 100 municípios mais pobres do Brasil.
A Contra-Argumentação 
É uma nova argumentação em que se procura desmontar um raciocínio anteriormente apresentado. Uma forma bastante eficaz de se contra-argumentar é utilizar o senso comum (aquilo que as pessoas usam no seu cotidiano; o que é natural e fácil de entender, o que elas pensam que sejam verdades, geralmente porque ouviram de alguém, que também ouviu de alguém).
Assim como o senso comum, muitas vezes criamos afirmações/generalizações sem qualquer fundamento. Em outras palavras, fazemos uma dedução sem comprovação, como é o caso das lendas urbanas e dos mitos que circulam pela internet.
AULA 9 – SENTIDOS METAFÓRICO E METONÍMICO
Alguns textos necessitam mais de nossos conhecimentos, porque as palavras não se bastam sozinhas. Então, para entendermos a mensagem, necessitamos combinar às palavras mais informações, e essas informações vêm de nosso conhecimento de mundo. 
Quando as palavras, os elementos lingüísticos, conduzem o leitor para o entendimento da mensagem, o trabalho que ele terá será fundamentalmente com essas palavras, ou seja, esses elementos lingüísticos conduzem o entendimento.
Quando as palavras estão estrategicamente colocadas e não trazem a maior parte do conteúdo relacionada a ela e à mensagem do texto, o leitor tem mais trabalho, pois o texto não explica, mas necessita que o leitor busque o entendimento. Assim, ele precisa acionar seu “conhecimento de mundo” para fazer as conexões adequadas com as palavras e chegar ao entendimento do texto.
Para que a mensagem faça sentido, precisa-se associar nosso conhecimento de mundo e interpretar as palavras que aparecem no texto.
Conceituando Metáfora...
José Carlos de Azeredo,em sua Gramática (2008, p. 484) assim conceitua: “Metáfora é um princípio onipresente da linguagem, pois é um meio de nomear um conceito de um dado domínio de conhecimento pelo emprego de uma palavra usual em outro domínio. Essa versatilidade faz da metáfora um recurso de economia lexical, mas com um potencial expressivo muitas vezes surpreendente”.
A metáfora é o emprego da palavra fora de seu sentido normal. E já que cria uma associação de sentidos de forma figurada, ela é classificada como figura de linguagem.
Ela se baseia na transferência (metaphorá em grego significa “transporte”) de um termo para um contexto que não lhe é próprio. Quando isso ocorre, temos um processo metafórico de produção de sentido.
Metáfora da Palavra
A metáfora entre palavras funciona a partir do estabelecimento de uma relação/comparação de sentido entre um elemento comparado e um elemento comparante. 
Ex.: Amor é fogo que arde sem se ver.
Elemento comparado
Elemento comparante
Metáfora do Verbo e de Expressões
Muitos verbos e expressões também são utilizados em sentido metafórico.
Ex.: Pra mim essa desculpa não cola. 
Colar, em sentido literal, é o ato de unir duas partes. Em sentido figurado, significa “funcionar”, “valer”.
Mandou o funcionário pro olho da rua.
Uma rua não possui “olho”, logo “olho da rua” significa “desempregado”, “demitido”. 
Metáfora do Texto
Muitos texto correspondem a uma metáfora. Em outras palavras, o texto é, em parte ou em sua totalidade, metafórico, pois utiliza uma construção para servir como figuração da realidade, sem descrevê-la literalmente.
Conceituando Metonímia...
José Carlos de Azeredo, em sua Gramática (2008, p. 485) assim conceitua: “Metonímia consiste na transferência de um termo para o âmbito de um significado que não é o seu, processado por uma relação cuja lógica se dá, não na semelhança, mas na contiguidade das ideias”.
Na metonímia, a relação entre os elementos que os termos designam não depende exclusivamente do indivíduo, mas da ligação objetiva que esses elementos mantêm na realidade.
Na metáfora a substituição de um termo por outro se dá por um processo interno, intuitivo, estritamente dependente do sujeito que realiza a substituição. Na metonímia, o processo é externo, pois a relação entre aquilo que os termos significam é verificável na realidade externa ao sujeito que estabelece tal relação.
A metonímia consiste em empregar um termo no lugar de outro, havendo entre ambos estreita afinidade ou relação de sentido.
Na metonímia, um termo substitui outro não porque a nossa sensibilidade estabeleça uma relação de semelhança entre os elementos que esses termos designam (caso da metáfora), mas porque esses elementos têm, de fato, uma relação de dependência.
Ex.: Tomei uma caixa de cerveja.
A caixa é um invólucro, geralmente feito de plástico. Com base nisso, seria impossível entender que alguém beberia tal embalagem. Entretanto, dentro da caixa de cerveja há... cerveja. Logo, entende-se que o autor da frase se referiu ao conteúdo, e não ao que contém.
Metáfora e Metonímia: Aproximações e Afastamentos
Para estabelecermos uma comparação, vamos usar como base o texto de Afrânio da Silva Garcia, publicado no site do Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos.
Metáfora: relação de adesão semântica entre duas palavras ou expressões, como uma comparação implícita (sem a presença do elemento comparativo).
Metonímia: relação de aproximação,em que parte do conteúdo semântico de uma palavra ou expressão é relacionado a outra palavra ou expressão, também numa comparação implícita.
Sentido
Quando nos comunicamos, através da língua, produzimos mensagens que possam ser entendidas por quem nos ouve, certo?  Se não fosse assim, a comunicação não seria efetivada, pois nossos pares não entenderiam nosso discurso. E temos de concordar que todos nós queremos ser entendidos, ou melhor, queremos que nossas mensagens tenham SENTIDO.
Daí a importância de percebermos o que, na verdade, buscamos quando fazemos parte de uma conversa ou quando lemos informações em livros, cartazes etc:  procuramos entender o SENTIDO. Em outras palavras, desejamos saber o que o Fulano está dizendo com os enunciados que está produzindo ou o que está escrito no livro, no cartaz, no anúncio, e assim por diante.  Já percebeu que até mesmo quando estamos diante de um quadro, de uma charge, diante de algo que não contenha palavras precisamos entender a mensagem através das figuras? É importante perceber que necessitamos de uma sequência de figuras, gestos, sinais ou palavras que sejam coerentes, que comuniquem uma mensagem.
Logo, o sentido está presente nas diferentes mensagens  que existem à nossa volta, é assim que entendemos o mundo, não é mesmo?  Desvendando os sentidos daquilo que o compõe, porém nosso interesse está ligado a mensagens compostas com a linguagem verbal. 
Se o SENTIDO está presente nos enunciados, entendemos algo como:
Há uma necessidade de amor urgente no mundo. 
Fábio, você não vai precisar do dinheiro?
O grande paradoxo existencial talvez seja termos anseio por uma vida simples que se encontra permeada em questões complexas.
Você vê dificuldade de entender algum deles?
Essas dificuldades, muitas vezes, são por conta de não conhecermos determinadas palavras, daí não fazermos idéia do que a mensagem quer dizer, não entendermos o seu SENTIDO.
Mas e quando o sentido não está claramente exposto nas palavras ou nas frases? Podemos dizer que não há sentido nessas mensagens?
Evidentemente será mais difícil entendermos a mensagem quando o sentido não está colocado claramente. Entretanto, há sentidos que, apesar de não serem ditos diretamente, estão “escondidos”, “sugeridos”. Esses sentidos são chamados de IMPLÍCITOS.
Uma informação IMPLÍCITA é uma informação que precisa ser desvendada pelo leitor ou pelo ouvinte através das pistas que o interlocutor deixou.
“Este texto está direcionado a jovens que estão em busca do amor, que estão em busca de uma paixão ardente, que desarrume suas vidinhas arrumadinhas... Contradição? Claro, jovem gosta de contradizer, de se ver dentro de uma ‘saia justa’, vez por outra. Gosta de surtar diante do improvável e, às vezes, diante do provável também.”
Você percebe que, nesse texto, a descrição do comportamento do jovem não é muito clara? O leitor precisa fazer algumas conexões com aquilo que já sabe sobre os jovens, sobre a paixão, sobre a vida, para entender o SENTIDO das informações.
O sentido está, portanto, IMPLÍCITO.
Sentidos Implícitos.
O sentido é essencial para o entendimento da mensagem, concorda? Já falamos sobre isso, vimos, também, que esse sentido precisa ser COMPARTILHADO entre o locutor/escritor e o ouvinte/leitor, pois para entender a mensagem o ouvinte/leitor precisa reconstruir o sentido que lhe foi passado.
Portanto, pensemos sobre o seguinte:
Quando o sentido está ESCONDIDO, IMPLÍCITO, ele precisa ser desvendado pelo ouvinte/leitor, que o transformará em uma informação EXPLÍCITA, assim como os sentidos que estão presentes, claramente, nos elementos do enunciado.
Sentidos Implícitos
Um dos pontos que nos fazem perceber a diferença entre esses sentido é o esforço em interpretar as mensagens.
Quando o sentido está EXPLÍCITO nos elementos do enunciado, é mais fácil interpretar a mensagem.
Ex.: O mundo precisa de amor.
Sentido Implícito
Quando o sentido está IMPLÍCITO e, portanto, não aparece claramente nos elementos do enunciado, é mais difícil interpretar a mensagem, pois o ouvinte/leitor precisa construir hipóteses sobre o assunto, tirar conclusões, fazer conexões entre o que ouve ou lê com as informações de mundo que tem, para reconstruir o sentido que está “escondido”, mas não está ausente. O sentido implícito requer a utilização de uma série de estratégias mentais.
Ex.: Maria perguntou à sua amigo se Vicente estava namorando Carla, pois tinha visto os dois numa conversa muito animada. E sua amiga respondeu:
“É, ÁGUA MOLE EMPEDRA DURA TANTO BATE ATÉ QUE FURA”.
Os sentidos IMPLÍCITOS também podem vir através de ironias. Podem vir através de construção com ausência, com mensagens aparentemente desconectadas, mas que fazem sentido. Veja:
“Quando Deus criou os maridos, ele prometeu às mulheres que os maridos bons e ideais seriam encontrados em todos os CANTOS do mundo. E, depois... ele fez a Terra REDONDA!” (autor desconhecido)
Os elementos em maiúscula nos deixam pistas para entender que quando Deus arredondou a Terra, eliminou os cantos. Logo, não é possível encontrar maridos ideias, pois não há cantos para procurá-los.  Claro que para se chegar a essa conclusão, precisamos refletir sobre como o conteúdo está construído. O sentido está implícito.
Enfim, há diversas estratégias para os sentidos estarem implícitos, e percebemos isso pelo esforço que é necessário para interpretar determinadas mensagens.
Sendo assim, podemos concluir que interpretar é desvendar sentidos, não o que queremos, mas o que está posto na mensagem.
AULA 10 – POLISSEMIA, DUPLO SENTIDO E AMBIGUIDADE
Começando Pela Polissemia...
Como você deve saber, as palavras de uma língua podem possuir mais de um sentido em diferentes contextos de uso. Chamamos esse fenômeno de polissemia , e são raras as palavras que não o apresentam. Em outros termos, todas as palavras "tendem" a ser polissêmicas, justamente pela possibilidade de se tomar um determinado termo em sentido figurado (como na metáfora e na metonímia), entre outras causas.
Homonímia é outro fenômeno: temos palavras que possuem “raízes” distintas, mas que são idênticas na maneira de escrever e de falar. Nesses casos, forma-se um homônimo: dois vocábulos que possuem a mesma configuração fonológica e ortográfica.
Da Polissemia Para o Duplo Sentido
Uma das ferramentas discursivas para se explorar o caráter polissêmico das palavras é o duplo sentido. Por esse princípio, podemos definir duplo sentido como a propriedade que têm certas palavras e expressões da língua de serem interpretadas de duas maneiras diferentes em diferentes contextos de utilização da língua.
O duplo sentido é um esforço intencional de se explorar dois sentidos distintos da mesma palavra ou expressão. Em outros termos, o autor do texto intencionalmente apela para a dupla possibilidade de interpretação do leitor e usa tal possibilidade como forma de enriquecer seu texto.
Muitas vezes o duplo sentido pode ocorrer por aspectos estruturais de uma palavra, como o aspecto fonológico.
Da Polissemia Para a Ambiguidade
Diferentemente do duplo sentido, a ambiguidade1 é a indeterminação de sentido que certas palavras ou expressões apresentam, dificultando a compreensão de uma determinada passagem do texto, ou até dele como um todo.
Embora muitas pessoas considerem duplo sentido e ambiguidade sinônimos, eles não são. A ambiguidade não é intencional, já que sua ocorrência é resultado de alguma construção linguística problemática.
Ambiguidade: Lexical (uso de palavras ou expressões cujos sentidos podem gerar interpretação indevida) ou Estrutural (falha na disposição de palavras ou expressões em um período, ou uso indevido de referente).
1 característica ou condição do que é ambíguo. 2 LING. Propriedade que apresentam diversas unidades linguísticas (morfemas, palavras, locuções, frases) de significar coisas diferentes, de admitir mais de uma leitura; anfibologia [ A ambiguidade é um fenômeno muito frequente, mas, na maioria dos casos, os contextos linguístico e situacional indicam qual a interpretação correta; estilisticamente, é indesejável em texto científico ou informativo, mas é muito us. na linguagem poética e no humorismo.] (Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, p. 112)
A ambigüidade deve ser evitada, pois pode gerar problemas na interpretação de quem lê o texto. Vamos ver dois exemplos: o primeiro lexical e o segundo estrutural.
Ambiguidade Lexical: 
Ex.: Natália Guimarães vai a leilão e ganha bezerro de presente.
Nesse caso, temos o uso de uma expressão que, da maneira como ocorre no título, pode gerar uma dupla interpretação:
Ela foi a um leilão;
Ela foi leiloada
Importante: geralmente a ambigüidade lexical é resolvida pelo acionamento de conhecimento de mundo do leitor e pelo contexto da mensagem.
Ambiguidade Estrutural: 
Ex.: O aluno encontrou o professor durante suas férias.
O pronome possessivo “seu”, “sua” é o campeão da ambigüidade, pois a maneira como ele é posicionado na frase, no exemplo que vemos, não permite de quem são as “férias” (do professor ou do aluno).

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