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Sistema Único de Saúde

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Sistema Único de Saúde 
O Sistema Único de Saúde (SUS) é a denominação do 
sistema público de saúde no Brasil[nota 1] inspirado 
no National Health Service.[1] 
Considerado um dos maiores sistemas públicos de saúde do 
mundo, segundo informações do Conselho Nacional de 
Saúde,
[2]
 é descrito pelo Ministério da Saúde na 
cartilha Entendendo o SUS como "um sistema ímpar no 
mundo, que garante acesso integral, universal e igualitário 
à população brasileira, do simples atendimento 
ambulatorial aos transplantes de órgãos".[3] Foi instituído 
pela Constituição Federal de 1988, em seu artigo 196, como 
forma de efetivar o mandamento constitucional do direito à 
saúde como um “direito de todos” e “dever do Estado” e 
está regulado pela Lei nº. 8.080/1990,[4] a qual 
operacionaliza o atendimento público da saúde. 
Com o advento do SUS, toda a população brasileira passou 
a ter direito à saúde universal e gratuita, financiada com 
recursos provenientes dos orçamentos da União, 
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, conforme 
rege o artigo 195 da Constituição. Fazem parte do Sistema 
Único de Saúde, os centros e postos de saúde, os hospitais 
públicos - incluindo os universitários, 
os laboratórios e hemocentros (bancos de sangue), os 
serviços de Vigilância Sanitária, Vigilância Epidemiológica, 
Vigilância Ambiental, além de fundações e institutos de 
pesquisa acadêmica e científica, como a FIOCRUZ -
 Fundação Oswaldo Cruz - e o Instituto Vital Brazil. 
A saúde pública no período militar 
Antes da instituição do Sistema Único de Saúde (SUS), a 
atuação do Ministério da Saúde se resumia às atividades de 
promoção de saúde e prevenção de doenças, (como, por 
exemplo, a vacinação), realizadas em caráter universal, e à 
assistência médico-hospitalar para poucas doenças; servia 
aos indigentes, ou seja, a quem não tinha acesso ao 
atendimento pelo Instituto Nacional de Assistência Médica 
da Previdência Social (INAMPS). 
O INAMPS, por sua vez, era uma autarquia 
federal vinculada ao Ministério da Previdência e Assistência 
Social (hoje Ministério da Previdência Social), e foi criado 
pelo regime militar em 1974 pelo desmembramento 
do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), que hoje 
é o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). O 
Instituto tinha a finalidade de prestar atendimento 
médico/dentário aos que contribuíam com a previdência 
social, ou seja, somente aos contribuintes de toda forma e 
seus dependentes. 
O início da saúde pública no Brasil pode ser avaliado 
inicialmente no período colonial, onde as principais ações 
eram feitas pela fiscalização da higiene pública, ainda que 
não tão amplamente realizada, e também pelo 
afastamento dos doentes do resto da população, era um 
tratamento mais focado em ações sobre o corpo e não 
sobre o ambiente. Tinha uma participação mais forte do 
religioso, sendo boa parte dos hospitais do período 
as santas casas de misericórdia e o restante alguns 
hospitais militares. Com a chegada da família real, iniciou-
se a fundação de universidades de medicina no Brasil e 
melhora da situação sanitária principalmente nos portos, 
porém longe de ser ideal.
[5]
 
No período da República Velha, se iniciaram algumas ações 
sanitaristas, como a destruição de cortiços e o translocação 
da população mais pobre para as periferias, algumas ações 
pontuais também eram realizadas, como a caça a 
mosquitos ou em relação a alguma doença específica. Com 
o tempo foram criadas ligas pró-saneamento e em 1923 o 
Departamento Nacional de Saúde. Foi então criada a Lei 
Elói Chaves, e assim surgiam as caixas de aposentadoria e 
pensões, iniciando a previdência social no Brasil, baseada 
no recolhimento de parte do salário do funcionário e parte 
paga pelo empregador. No governo Getúlio houve maior 
investimento no saneamento básico, criação do Ministério 
da Educação e Saúde Pública e a unificação das caixas de 
aposentadoria e pensões(CAPs) em Institutos de 
Aposentadoria e pensões(IAPs), os quais mais tarde no 
período militar seriam unificados no INPS.[5] 
Analisando o período, Felipe Asensi expõe que: 
“ a utilização dos serviços de saúde se encontrou 
vinculada à situação empregatícia, ocasionando a 
exclusão de uma parcela relevante da população 
desempregada, seja por deficiências físicas, seja 
por insuficiências na educação ou, mesmo, por 
inacessibilidade estrutural ao mercado de 
trabalho formal.[6] ” 
O INAMPS dispunha de estabelecimentos próprios, ou seja, 
de hospitais públicos, mas a maior parte do atendimento 
era realizado pela iniciativa privada; os convênios 
estabeleciam a remuneração pelo governo por quantidade 
de procedimentos realizados. Já os que não tinham a 
carteira assinada utilizavam, sobretudo, as Santas Casas, 
instituições filantrópico-religiosas que amparavam cidadãos 
necessitados e carentes. 
A Saúde Pública no Brasil durante o regime militar começou 
com um processo de mudança que criou as primeiras bases 
para o surgimento do SUS (Sistema Único de Saúde), na 
década de 1990. Houve uma redefinição das competências 
do Ministério da Saúde, agora atuante em formulação da 
política nacional de saúde, assistência médica ambulatorial, 
prevenção da saúde, controle sanitário, pesquisas na área 
da saúde. Desta maneira ele deixava de ser somente um 
aparato burocrático tornando-se efetivamente um órgão 
importante na gestão e responsabilidade pela condução 
das políticas públicas de saúde no país.
[7]
 
A crise do INAMPS na década de 1980[editar | editar 
código-fonte] 
A crise do petróleo que abateu a economia brasileira na 
segunda metade da década de 1970 e no início da década 
de 1980 trouxe também prejuízos financeiros - e políticos - 
para o INAMPS. Da abertura democrática à Nova República, 
o déficit previdenciário aumentava ano após ano. A 
doutrina especializada ousa em qualificar o período 1980-
1983 no âmbito das políticas sociais como a "crise da 
previdência social"[8]. A conjuntura da turbulência fiscal do 
Estado e, sobretudo, da previdência social passou a 
colaborar com as teses e propostas de desinchaço da 
máquina pública e, consequentemente, da redução da 
função do Estado como garantidor de políticas sociais. O 
INAMPS estava incluído nessa perspectiva. 
Nesse sentido, revela Waldir Pires, Ministro da Previdência 
Social no governo Sarney (1985-1990): 
“ A Previdência Social em 1985 era apontada como 
falida. Diziam, até, os céticos, os inadvertidos, ou 
os que se movem por interesses pessoais e 
subalternos, que era inviável. Uma conspiração 
difursa, por alguns não confessada, mas 
insistente, anunciava seu fim, indispensável, como 
responsabilidade do Estado, para salvá-lo e para 
preservar-lhe o Tesouro Público. Porque o déficit 
da Previdência, insistente, catastrófico, seria 
irrecuperável.[9] ” 
A retórica da inviabilidade da previdência social e de um 
sistema de saúde deficitário - advinda dos defensores do 
neoliberalismo - e exemplificadas nos modelos político-
econômicos implantados na Inglaterra, por Thatcher, 
no Chile, por Pinochet e nos Estados Unidos, 
por Reagan ganhava força na sociedade. Por isso, o sistema 
de saúde vigente à época deveria ser privatizado. 
Hésio Cordeiro expõe: 
“ (...) o ministro Francisco Dornelles, preparando-se 
para assumir o Ministério da Fazenda do governo 
Tancredo Neves ditava a máxima: 'não se deve 
entregar o Ministério da Previdência a nenhum 
amigo'. A 'massa falida', exemplo da inviabilidade 
da administração pública, na visão neoliberal, sópoderia ter um destino: a privatização. A começar 
pela assistência médico-hospitalar, cujo espólio 
” 
deveria ser apropriado pelo seguro-saúde privado, 
no sentido de promover um corte na capitalização 
precária da saúde no sentido de uma organização 
mais tipicamente capitalista do complexo médico-
empresarial. [8] 
Ressalta-se que a discussão não era apenas para privatizar 
o modelo existente até então no regime militar. Os 
neoliberais também se oporiam à previsão do SUS na esfera 
constitucional, durante a Assembleia Constituinte que 
resultou na Constituição de 1988.[8] 
A contraposição à privatização e a Reforma 
Sanitária[editar | editar código-fonte] 
O movimento da Reforma Sanitária nasceu no meio 
acadêmico no início da década de 1970 como forma de 
oposição técnica e política ao regime militar. Nesse 
contexto destacaram-se nessa luta também figuras do 
âmbito político como Sérgio Arouca, David 
Capistrano e Gilson de Carvalho. 
Prof. Sérgio Arouca, presidente da 8ª CNS, realizada em 
março de 1986 e um dos líderes e grandes entusiastas da 
Reforma Sanitária da década de 1980. 
Em 1979, o General João Baptista Figueiredo assumiu a 
presidência com a promessa de abertura política e, de fato, 
a Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados promoveu, 
no período de 9 a 11 de outubro de 1979, o I Simpósio 
sobre Política Nacional de Saúde, que contou com 
participação de muitos dos integrantes do movimento e 
chegou a conclusões altamente favoráveis ao mesmo. 
Entretanto o grande acontecimento para a consolidação do 
direito à saúde tal como é visto hoje ainda estava por vir. 
Hésio Cordeiro elucida: 
“ Decidiu-se convocar a VIII Conferência Nacional 
de Saúde, através de decreto presidencial, 
marcando-se sua realização para 17 a 21 de 
março de 1986, em Brasília. A conferência seria 
precedida de pré-conferências e reuniões 
estaduais preparatórias a serem realizadas em 
todo o país e seriam elaborados documentos 
técnicos que serviriam de base para estas 
reuniões prévias e de teses a serem debatidas na 
VIII CNS. Para a presidência da VIII CNS foi 
designado o prof. Antônio Sérgio da Silva Arouca, 
presidente da Fiocruz, ficando a vice-presidência 
com o dr. Francisco Xavier Beduschi, 
superintendente da SUCAM e Guilherme 
Rodrigues da Silva, da FMUSP foi designado 
relator geral. Os temas propostos foram: 'Saúde 
” 
como Direito', 'Reformulação do Sistema Nacional 
de Saúde' e 'Financiamento do Setor'. 
 
Plenária da 8ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 
março de 1986, no Ginásio Nilson Nelson, em Brasília. 
Foram ao todo 1.000 delegados com direito a voto e cerca 
de 3.000 participantes. A 8ª Conferência Nacional de Saúde 
foi um marco na história do SUS por vários motivos. Ela foi 
aberta por José Sarney, o primeiro presidente civil após o 
regime militar, e foi a primeira CNS a ser aberta à 
sociedade; além disso, foi importante na propagação do 
movimento da Reforma Sanitária, muito em função do 
relatório final da Conferência ter servido como base para os 
debates na Assembleia Constituinte, visto que 
representavam demandas do movimento popular. 
Além disso, a 8ª CNS resultou na implantação do Sistema 
Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS), um convênio 
entre o INAMPS e os governos estaduais, mas o mais 
importante foi ter formado as bases para a seção Da 
Saúde (artigo 196 até o artigo 200) da Constituição de 
1988. 
A Constituição de 1988 foi um marco na história da saúde 
pública brasileira ao definir, como já mencionado, a saúde 
como "direito de todos e dever do Estado". 
A implantação do SUS foi realizada de forma gradual: 
primeiro veio o SUDS, com a universalização do 
atendimento; depois a incorporação do INAMPS ao 
Ministério da Saúde, com o Decreto nº 99.060 [10] e por fim 
a Lei Orgânica da Saúde, nº 8.080,[4] que fundou e 
operacionalizou o SUS. 
Em poucos meses foi lançada a lei nº 8.142,[11] que 
imprimiu ao SUS uma de suas principais características: o 
controle social, ou seja, a participação dos usuários 
(população) na gestão do serviço. O INAMPS só foi extinto 
em 27 de julho de 1993 pela Lei nº 8.689.[12] O sistema de 
saúde no século XXI viria a ajudar a projetar o Medicare nos 
EUA.[13] 
Acesso ao SUS 
O SUS deve ser entendido como um processo em marcha 
de produção social da saúde, que não se iniciou em 1988, 
com a sua inclusão na Constituição Federal, nem tampouco 
tem um momento definido para ser concluído. Ao 
contrário, resulta de propostas defendidas ao longo de 
muitos anos pelo conjunto da sociedade e por muitos anos 
ainda estará sujeito a aprimoramentos. Segundo a 
legislação brasileira, a saúde é um direito fundamental do 
ser humano, cabendo ao poder público (União, Estados, 
Distrito Federal e Municípios) garantir este direito, através 
de políticas sociais e econômicas que visem à redução dos 
riscos de se adoecer e morrer, bem como o acesso 
universal e igualitário às ações e serviços de promoção, 
proteção e recuperação da saúde. 
O acesso universal (princípio da universalidade), significa 
que ao SUS compete atender a toda população, seja através 
dos serviços estatais prestados pela União, Distrito Federal, 
Estados e Municípios, seja através dos serviços privados 
conveniados ou contratados com o poder público. 
O acesso igualitário (princípio da equidade) não significa 
que o SUS deva tratar a todos de forma igual, mas sim 
respeitar os direitos de cada um, segundo as suas 
diferenças, apoiando-se mais na convicção íntima da justiça 
natural do que na letra da lei.[14]

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