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Trabalho Medicina Legal

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FACULDADE DE ROLIM DE MOURA 
CURSO DE DIREITO
HEDYCASSIO CASSIANO
JHESSE ANDRES TRENTINI
JOÃO FRANCISCO DA SILVA
LUCAS ARAUJO MIRANDA
PETTER RICHER
MEDICINA LEGAL
ROLIM DE MOURA
2016
 
HEDYCASSIO CASSIANO
JHESSE ANDRES TRENTINI
JOÃO FRANCISCO DA SILVA
LUCAS ARAUJO MIRANDA
PETTER RICHER
MEDICINA LEGAL
Trabalho apresentado como pré-requisito para obtenção de nota parcial do Curso de Direito da Faculdade de Rolim de Moura – FAROL, sob a orientação do Prof. Cláudio Gomes da Silva.
ROLIM DE MOURA
2016
1 CONCEITO DE MEDICINA LEGAL E ASPECTOS HISTÓRICOS
O conceito de Medicina Legal pode ser extraído do próprio nome desse ramo da ciência. Um ramo vasto e complexo dos conhecimentos científicos, que une a Medicina ao Direito. O termo “legal” relaciona-se às leis, de uma forma genérica, e por consequência, ao Direito, tanto na criação das normas jurídicas como na aplicação ao caso concreto.
Diferentemente do que se costuma pensar, Medicina Legal não está relacionada somente ao Direito Penal, mas também aos demais ramos do Direito, como Direito Civil, Direito do Trabalho, Direito Previdenciário etc. E como será visto adiante, tem-se uma ideia equivocada de que a Medicina Legal cuida somente de realizar perícias cadavéricas, o que não é verdade, pois essa é somente uma das modalidades periciais nesse ramo da ciência médico forense, sendo que a grande maioria das perícias realizadas pelos médicos legistas consistem em examinar os vivos, a fim de subsidiar a aplicação do Direito ao caso concreto.
Nas palavras de Almeida Júnior (1998, p. 13), este expõe que:
Medicina Legal compreende o estudo e a aplicação dos conhecimentos médicos e afins que devem ser utilizados para o esclarecimento dos fatos e negócios jurídicos, bem como para a elaboração das normas jurídicas que regulam a vida social. 
O Professor Hélio Gomes ensina que o conceito de Medicina Legal é diferente sob a visão de cada autor e depende da perspectiva histórica de cada um. Ele cita Ambroise Pará, o autor do Tratado dos Relatórios, em 1575, que conceituava Medicina Legal como a “a arte de fazer relatórios na Justiça”. Com o passar dos ano, a medicina ganhou conotação pública, e o conceito de Medicina Legal ampliou-se, na definição de Tourdes, como “a aplicação dos conhecimentos médicos às questões que concernem os direitos e os deveres dos homens reunidos em sociedade” (GOMES, 1997).
A partir do século XIX, surgiram mais definições acerca da matéria, mais claras e objetivas, como a de Lacassagne: “É a arte de pôr os conhecimentos médicos ao serviço da administração da Justiça”. Hoffman, um grande legista austríaco, a conceituava não apenas como arte, mas como ciência, pois dizia que “é a ciência que tem por objeto o estudo das questões no exercício da jurisprudência civil e criminal e cuja solução depende de certos conhecimentos médicos prévios” (GOMES, 1997).
O professor Hélio Gomes (1997, p. 20), acerca dos dois conceitos anteriores, diz: 
Concordamos com ambos, pois que a Medicina Legal é, a um só tempo, arte e ciência. É arte porque a realização de uma perícia médica requer habilidade na prática do exame e estilo na redação do laudo; é ciência porque, além de ter um campo próprio de pesquisas, vale-se de todo o conhecimento oferecido pelas demais especialidades médicas.
Delton Croce (2012, p. 29) define Medicina Legal como “ciência e arte extrajurídica auxiliar alicerçada em com conjunto de conhecimentos médicos, paramédicos e biológicos destinados a defender os direitos e os interesses dos homens e da sociedade”. 
Quanto aos aspectos históricos da Medicina Legal, pode-se afirmar que o seu surgimento remonta a Idade Antiga. Como corpo doutrinário, o aparecimento da Medicina Legal decorreu das necessidades surgidas para a solução dos casos concretos (ALMEIDA, 1998). O marco inicial da Medicina Legal não pode ser apontado com exatidão. Por certo que, seu surgimento é posterior ao da Medicina. 
Os primeiros acenos acerca da Medicina Legal ocorreram nas legislações primeiras e nos ensinamentos dos mestres antigos, como Código de Hamurabi, a mais antiga legislação penal – da Babilônia – registrada na história (promulgado no século XVIII a.C.), que continha normas que evidenciavam a relação entre Direito e Medicina. Em um dos seus artigos, estabelecia que “se um médico tratou um ferimento grave de um escravo de um homem pobre, com uma lanceta de bronze, e causou a morte do escravo, deve pagar escravo por escravo”. Este código fazia referência, inclusive, à anulação de contratos de compra e venda de escravos por estarem doentes (GOMES, 1997).
 O Código de Manu, legislação do mundo indiano que estabelece o sistema de castas na sociedade Hindu, proibia que crianças, idosos, ébrios, indivíduos com desenvolvimento mental incompleto e pessoas insanas fossem ouvidas nos tribunais na condição de testemunha. No Império Romano, tal proibição surge com o disposto na Lei das XII Tábuas, que data de 449 a.C., que determinava que o período máximo de uma gestação seria de dez meses, além da postergação de julgamento por motivo de doença do julgador ou quaisquer das partes (GOMES, 1997). 
No Egito, verificava-se a espécie de morte, inclusive antes da prática de embalsamamento ou quando, nos crimes de violência sexual, o suspeito, atado sobre o leito em uma das salas do templo, assistia às hierodulas nuas, ou apenas com vestes transparentes, dançarem ao seu redor, e seria considerado culpado se o órgão o traísse. 
Na lei hebraica com os sacerdotes peritos (sacrificadores da tribo de Levi) ou com os velhos da cidade examinavam as vestes nos casos de desvirginamento (ALMEIDA, 1998).
O Hsi Yuan Lu, tratado chinês que foi elaborado aproximadamente no ano de 1240 a.C., prescrevia instruções acerca do exame post mortem, listava antídotos para venenos e apresentava informações sobre respiração artificial (CROCE, 2012).
O sabino e segundo rei de Roma, Numa Pompílio, ordenou o exame médico na morte das grávidas: a Lex Regia determinava a histerectomia nos cadáveres das gestantes. Também acredita-se que o termo “cesariana” tem origem no nascimento do Imperador César, resultado de um histerectomia. Entretanto, os estudiosos afirmam que o termo descendo de coedo, que significa “cortar” (CROCE, 2012).
A primeira citação documental acerca de exame cadavérico em vítima de homicídio, segundo os relatos do escritor latino Caio Suetônio Tranquilo, refere-se à tanatoscopia realizada no cadáver do ditador romano Júlio Cesar (FRANÇA, 2008).
Na Idade Média, se deve a Justiniano (imperador bizantino) o reconhecimento dos médicos como testemunhas especiais em juízo, não sendo os juízes, entretanto, obrigados a ouvi-los. Já as Capiturales de Carlos Magno prescreviam que os julgadores deverias ser pautados em pareceres médicos, devendo os julgadores tomar depoimentos dos médicos nos casos de lesão corporal, infanticídio, tortura, estupro, impotência etc. (GOMES, 1997).
Embora a Medicina Legal tenha avançado e ganhado espaço, as ordálias causou um retrocesso ao papel da Medicina perante a Justiça, pois a prática nordo-germânicas das provas inquisitoriais imputava o juízo de valor a Deus (CROCE, 2012).
No período denominado Canônico, a Medicina Legal sofreu forte influência do cristianismo, sendo restabelecido o concurso das perícias médicas pelo Papa Inocêncio III, no ano de 1209 (CROCE, 2012). As Decretais dos Pontífices dos Concílios (Peritorum indicio medicorum) tratam exaustivamente da sexologia, pois é nela que se fundamenta a moralidade (CROCE, 2012).
O médico passa a ter fé pública nos assuntos concernentes à sua profissão e as perícias passam a ser obrigatórias. A anulação do casamento por impotência enseja a denominada prova do congresso, posteriormente proibida em 1677 pelo Parlamento da França e que consistia em um exame realizado “por três parteiras e posteriormentepor três médicos que, separados do casal por um cortina, em aposento contíguo, confirmavam a realização ou não da conjunção carnal, em burlesca caricatura de perícia” (CROCE, 2012).
Jozefran Freire afirma que práticas rudimentares e poucos conhecimento predominavam, o que demonstra “o esforço despendido por diversos autores na resolução de problemas que, embora originados no cotidiano, eram extremamente complexos, principalmente pelo parcos fundamentos científicos da época”. 
No século XVI, em 1532 foi promulgada a Constitutio Criminalis Carolina pelo imperador alemão Carlos V, considerada o primeiro documento ordenado de Medicina Judiciária, que discorria exaustivamente acerca de temas médico-legais, tais como traumatologia, sexologia e psiquiatria forense, e também previa a obrigatoriedade da oitiva dos médicos antes da prolação das sentenças. Em decorrência dessa legislação criminalística, a Alemanha é considerada o berço da Medicina Legal. Um dos maiores avanços da norma foi permitir a realização do exame tanatoscópico em caso de morte violenta, o primeiro grande passo no sentido de tornar compulsória esta prática (GOMES, 1997). O corpo do Papa Leão X foi necropsiado por suspeita de morte de envenenamento. (FRANÇA, 2008). Hélio Gomes afirma que a Constitutio Criminalis Carolina “abrigava o embrião da Medicina Legal como disciplina distinta e indivudualizada” (1997, p. 10).
Na França, em 1757, surge o que pode ser considerado o primeiro livro ocidental de Medicina Legal, escrito pelo grande cirurgião do exército francês, Ambroise Paré. Na obra, o autor estuda as feridas por projéteis de arma de fogo, além de outros temas (GOMES, 1997).
Na França, depois de Ambroise Paré, são encontradas poucas obras de real valor até o fim do século XVIII. Entra as causas da decadência citam-se a multiplicidade de jurisdições, a necessidade de confissão dos réus, mesmo que obtida por torturas, a ausência de defensor em muitas causas, a inexperiência e incompetência dos peritos, além da venalidade e do segredo dos ofícios. A atuação pericial continuavam a cargo dos cirurgiões, já que os clínicos a abominavam. 
1.2 Evolução da Medicina Legal do Brasil
O início dos estudos médico-legais no Brasil começou muito mais tarde do que nos países europeus, apesar disto e felizmente, o movimento científico brasileiro, no que se refere à Medicina Legal, acha-se hoje em condições merecedores dos maiores elogios, face aos progressos realizados (GOMES, 1997).
Os primeiros registros de documentos médico-legais só aparecem ao findar o período colonial. Segundo Oscar Freire, a evolução da Medicina Legal do Brasil pode ser dividida em três fases: estrangeira, de transição e de nacionalização (GOMES, 1997). 
A fase estrangeira compreende o período entre o fim do período colonial até o ano de 1877, no qual Souza Lima assume a cátedra de Medicina Legal da faculdade medicina que pertence hoje à Universidade Federal do Rio de Janeiro. A primeira publicação desta fase data de 1814 e era um documento em que Gonçalves Gomide, médico e senador do Império, contestava um parecer dado por dois outros médicos em que afirmavam ser santa uma rapariga da comarca de Sabará, na capela de Nossa Senhora da Piedade da Serra (GOMES, 1997).
Em 1832 foi regulamentado o processo penal, estabelecendo-se regras para os exames de corpo de delito, criando-se assim, a perícia profissional. Além disso, as antigas escolas médico-cirúrgicas criadas por decreto de D. João VI em 1808, de medicina oficiais, sendo transformadas em faculdades de medicina oficiais, sendo criada a cadeira de Medicina Legal em ambas (GOMES, 1997).
Em 1835, Hércules Otávio Muzzi, cirurgião da família imperial brasileira, publica a “Autópsia do Exmo. Sr Regente João Bráulio Moniz, feira segunda-feira, 21 de setembro de 1835. Era a primeira publicação de necropsia médico-legista no Brasil (GOMES, 1997).
A segunda fase começou em 1877, quando o ensino da Medicina Legal assume um caráter prático. Como os exames toxicológicos representavam um ônus não retribuído para a faculdade de medicina, prejudicando as atividades didáticas, Agostinho José de Sousa Lima, que acabara de assumir a cadeira de Medicina Legal, consegue ser nomeado, juntamente com o seu assistente Borges da Costa, consultante da polícia. Em 1879, recebeu, inclusive, autorização para dar um curso prático de tanatologia forense no necrotério oficial, fato memorável, já que a mesma facilidade só tinha sido conseguida por Brouardel, na França, no ano anterior (GOMES, 1997).
A terceira fase começou em 1895, com a posse de Raimundo Nina Rodrigues, como catedrático de Medicina Legal da faculdade de medicina da Bahia. Foi ele o maior professor de Medicina Legal brasileiro do século XIX. Sua obra avulta principalmente no campo da Psiquiatria Forense e da Antropologia Criminal (GOMES, 1997).
2 RAMOS DA MEDICINA LEGAL
A Medicina Legal se subdivide é vários ramos, dentre eles: identificação, tanatologia, traumatologia forense, asfixiologia, sexologia forense, pediatria forense, psiquiatria forense, genética forense.
2.1 Identidade e identificação
Segundo o professor Hélio Gomes (1997, p. 51) “identidade é a soma de carecteres que individualizam uma pessoa, distinguindo-as das demais”. A identificação médico-legal é a que mais interessa ao médico-legista e vem a ser a que é determinada no vivo, no cadáver inteiro, reduzido a fragmentos ou a simples ossos, mediante processos médicos ou paramédicos, somente aplicáveis por peritos médicos. 
	Por meio da identificação médico-legal busca a identificação do vivo ou do morto, por meio de vários elementos. Além disso, nos cadáveres é possível determinar a raça, o sexo, a idade, altura, peso, conformação, sinais individuais, abrangendo as malformações e as cicratrizes, os sinais profissionais e as tatuagens (GOMES, 1997).
	A odontologia legal também é muito utilizada para a identificação cadavérica, pois em muitos casos o que se tem como objeto de análise é somente a arcada dentária do morto. 
	O estudo dos dentes permite determinar a idade certa ou aproximada, diferenciar dentes humanos dos de animais, identificar certas profissões e colaborar com dados úteis na identificação de raças (GOMES, 1997).
 2.2 Tanatologia
Em síntese, a Tanatologia é a parte da medicina legal que se ocupa não só da morte mas também dos problemas médico-legais com ela relacionados. A palavra tem origem grega: Tanathos - o deus da morte e Logia - ciência.
A Tanatologia Forense procura a identificação do cadáver, o mecanismo da morte, a causa da morte e o diagnóstico diferencial médico-legal (acidente, suicídio ou morte de causa natural).
Embora todas as pessoas morrerão um dia, o momento da morte pode ser antecipado por interferência de energias externas, independentes do ciclo vital do ser humano. Estas mortes causadas pela ação de energias externas são chamadas de violentas e podem ser provocadas por acidente, suicídio ou crime. 
O professor Hélio Gomes (1997, p. 103) ensina que “o diagnóstico diferencial das modalidades de causa jurídica apoia-se em dois pilares: boa investigação do local e necropsia conduzida com técnica apurada”. 
2.3 Traumotologia Forense Geral
É a parte da Medicina Legal que se ocupada das implicações jurídicas dos traumatismos. É um ramo da Medicina Legal bastante extenso, pois abarca enorme gama de agentes vulnerantes, capazes de lesar o organismo ou de prejudicar de algum modo seu perfeito funcionamento (GOMES, 1997).
Considera-se trauma a atuação de uma energia externa sobre o indivíduo, de modo intenso e suficiente para provocar desvio da normalidade, com ou sem tradução morfológica. Isto quer dizer que um trauma pode ser insuficiente para causar lesão perceptível mas alterar de modo importante a função.
2.4 Sexologia Forense
A Sexologia Forense é a parte da Medicina Legal que estuda os problemas médico-legais ligados ao sexo. Constitui matéria de suma importância, ela nos ensina tudo o que devemos saber a respeito dos problemas sexuais, de modoa nos habilitar a seguir e respeitar as leis da natureza e evitar os tenebrosos desvios do instinto. 
Também é nesse ramo da Medicina Legal que se estuda as disfunções masculinas e femininas para o coito, as deformidades sexuais, as anomalias etc. (GOMES, 1997).
3 OS RAMOS DA MEDICINA LEGAL E SEUS LIAMES COM O DIREITO MATERIAL
Dentro da Tanatologia estuda-se a cronologia da morte, o que é muito importante, por exemplo, para a sucessão, alvo de estudo no Direito Civil, em que em casos de morte simultânea, ou próximas uma da outra, deve-se utilizar da Medicina Legal para procurar identificar quem morreu primeiro.
No Direito Civil, também utiliza-se da Medicina Legal para saber se um bebê nasceu com vida e depois faleceu, ou se não chegou a respirar. Isso também reflete no estudo das sucessões. 
Quanto ao Direito Penal e Processual Penal, tem-se uma vasta gama de se utilizar da Medicina Legal para aplicação da lei penal. Dentre os exemplos, podemos citar a possibilidade de aplicação do art. 17 do Código Penal, em casos que o indivíduo é acusado de homicídio, quando os meios utilizados são insuficientes para produzir o resultado morte ou quando o bem jurídico (vida) a ser lesionado já não mais existe ao tempo da ação ou omissão do agente. É o chamado crime impossível ou tentativa inidônea ou imperfeita. 
Também a matéria de Direito Penal e Processual Penal que mais se utiliza da Medicina Legal é referente as provas. Certo de que, não pode haver uma condenação fundada na confissão do acusado, tampouco na ausência de provas concretas, a prova pericial é de suma importância, tanto para acusação quanto para a defesa do réu. 
Na Teoria do Crime as concausas devem ser estudas a fim de verificar a verdadeira causa da morte. Nesse aspecto, sem a Medicina Legal não seria possível atribuir com precisão a causa da morte de um indivíduo. Não fosse assim, haveria injustiça deixando de punir o culpado ou atribuindo culpa em excesso a quem não deu causa a morte de forma isolada.
No Direito do Trabalho também há contribuição da Medicina Legal através das perícias médico-legais referentes aos infortúnios que possam advir da relação de trabalho. 
Da mesma forma, a Medicina Legal contribui para o Direito Previdenciário, em que as perícias são necessárias para atestar o grau do trauma ou lesão e de quanto tempo será necessário para a recuperação do indivíduo. 
Como já mencionado no início deste trabalho, a Medicina Legal auxilia o legislador na criação e modificação das leis. Dessa forma, uma importante contribuição dessa matéria no aspecto jurídico normativo deu-se em razão da criação de um tipo penal em que se proíbe que menores de 14 (quatorze) anos de idade pratique relações sexuais. Na Medicina Legal, esse estudo está no campo da Sexologia Forense, uma vez que se busca verificar a capacidade ou incapacidade de consentir ou manifestar consentimento para o ato sexual. Entendeu o legislador que uma pessoa menor de 14 anos de idade não possui o discernimento completo para o consentimento do ato sexual. O tipo penal está no art. 217-A do Código Penal Brasileiro.
Esses foram apenas alguns exemplos de ligação entre a Medicina Legal e os ramos do Direito.
4 A MEDICINA LEGAL E A PROCESSUALÍSTICA NO DIREITO PÁTRIO
A medicina legal é a medicina a serviço das ciências jurídicas e sociais, sendo ela uma ciência de longas proporções e de extraordinária importância no conjunto dos interesses da coletividade. Destarte, a medicina legal existe e se exercita em razão das necessidades de garantir os direitos fundamentais, a ordem pública e a promoção da justiça.
É ramo do direito, a qual concentra conhecimentos e práticas médicas e paramédicas direcionadas a questões relacionadas às ciências jurídicas, destinadas a auxiliar a elaboração, bem como a interpretação e execução dos mais diversos dispositivos legais relacionados ao campo da Medicina aplicada.
A medicina legal aplica os diversos conhecimentos da medicina às necessidades do direito Pátrio, promovendo a garantia da justiça, auxiliando os julgadores entre outros ramos na tomada de decisões. No direito corrobora em extrema importância nas decisões dos julgadores. Fornecendo ainda diretrizes para a elaboração de leis relacionadas ao seu estudo, coopera na execução de leis existentes e interpreta dispositivos legais de significação médica.
Tamanha é a sua importância que o Código de processo Penal Brasileiro, art. 158 assevera “Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado’’. Destarte, colocando-a como condição da persecução penal nas infrações penais que deixarem vestígios. A ausência de exame de corpo de delito nos crimes que deixam vestígios por circunstâncias de omissão do Poder Público gera a nulidade do processo por ocasionar prejuízo a defesa do eventual réu.
Chama-se corpo de delito direto quando realizado pelos peritos sobre vestígios de infração existentes e, corpo de delito indireto quando não existindo esses vestígios materiais, a prova é suprida pela informação testemunhal. Os peritos são pessoas qualificadas ou experientes em certos assuntos a quem incumbe a tarefa de esclarecer um fato de interesse da Justiça, quando solicitadas.
A finalidade da perícia é produzir a "prova", e a prova não é outra coisa a não ser o elemento demonstrativo do fato. O perito médico-legal, algumas vezes, é transformado em verdadeiro juiz de fato, cuja palavra é decisiva ou ponderável em decisões judiciais.
As perícias são realizadas nas instituições médico-legais ou por médicos ou por profissionais liberais de nível superior da área de saúde nomeado pela autoridade que estiver à frente do inquérito. Podendo ser realizada nos vivos, nos cadáveres, nos esqueletos, nos animais e nos objetos.
Corpo de delito é o elenco de lesões, alterações ou perturbações, e dos elementos causadores de desse dano, em se tratando dos crimes contra a vida e a saúde do ser humano, desde que possa isso contribuir para provar a ação delituosa. Todavia, pode ser recrutado um médico de qualquer especialidade ou simplesmente um profissional com certa experiência na matéria, contando com a natureza da perícia.
Em se tratando de peritos não oficiais, assinarão estes um termo de compromisso cuja aceitação é obrigatória como um "compromisso formal de bem e fielmente desempenharem a sua missão, declarando como verdadeiro o que encontrarem e descobrirem o que em suas consciências entenderem". Terão um prazo de cinco dias prorrogável razoavelmente, conforme dispõe o parágrafo único do artigo 160 do Código de Processo Penal.
De acordo com o discorrido, desde os primórdios da jurisdição, a Medicina Legal mantém estreito relacionamento com o Direito. Nos ensinamentos de Hélio Gomes (2004):
Sendo o Direito uma ciência humana, é preciso, em primeiro lugar, que o profissional do Direito tenha bom conhecimento do que é o ser humano em sua totalidade. [...] Para isto, não é necessário que possua o saber de um profissional da área biomédica, mas tem que conhecer as bases daquela unidade. 
 Conforme menção anterior, não é o Direito um campo de estudo autossuficiente, necessitando, portanto, o seu estudioso deter conhecimentos pelo menos superficiais acerca das Ciências que o influenciam e nele se refletem. Ainda, por ser a perícia meio de prova, tanto no processo penal, como no cível e trabalhista, deve o jurista ter conhecimentos mínimos acerca de tal matéria, a fim de compreender o espírito das normas e bem gerir sua aplicação.
No Processo Penal, busca-se uma reconstituição dos fatos, tal como se deram anteriormente, de forma fiel, tanto quanto possível. Não basta o convencimento do julgador, deve-se buscar a reconstrução histórica do fato imputado ao réu e considerado contrário ao ordenamento jurídico pátrio. Provar no processo, é então, demonstrar a existência ou inexistência de um fato, a falsidade ou veracidade de uma afirmação.
Enquanto no Processo Civil imperam as presunções, a busca poruma verdade formal, vez que as partes podem dispor de seus direitos, no Processo Penal, impera a busca pela verdade real, excepcionalmente atendo-se o Juiz à verdade formal, uma vez que os direitos contestados na lide penal são indisponíveis, buscando o Estado exercer o jus puniendi.
Enquanto a verdade real é aquela fiel aos acontecimentos, a verdade formal é aquela pautada em convenções, deduções, e até mesmo ficções, desde que os fatos versem sobre interesses disponíveis. Sendo estes interesses quase que exclusivamente os discutidos na esfera cível, ainda que não seja o Juiz um mero espectador afundado em inércia durante a produção de provas do feito.
No caso do processo penal, a verdade que se busca não é uma verdade absoluta mas apenas a verdade histórica, ou seja, aquela que guarda uma relação de correspondência entre os fatos que constituem o thema probandum e a ideia ou juízo que se faz a respeito da realidade de tais fatos (juízos verdadeiros).
Pode-se afirmar que a perícia é a materialização, em documento oficial, de verificação de coisas e fatos, traduzindo-se numa constatação juridicamente reconhecida. Consiste em exame, avaliação ou vistoria. É considerada uma prova crítica.
Apesar de não vincular o Juiz, respeitando o princípio do livre convencimento do Magistrado, o exame pericial deve ser pautado nas normas técnicas, científicas e jurídicas, para que bem sirva o seu objetivo de auxiliar a Justiça e esclarecer fatos obscuros para o julgador. Ainda, não se pode ignorar o conjunto de regras éticas que norteiam cada especialidade profissional.
A perícia médico-legal desempenha fundamental papel no auxílio processual não apenas penal, mas auxilia todos os ramos do Direito. O papel primordial da perícia é, de forma imparcial, verificar o fato e o que veio a lhe dar causa. Muito mais que satisfazer interesses particulares das partes, a perícia visa satisfazer os interesses da Justiça, se materializando este fato no auxílio da formação da convicção do douto julgador.
5 A LEI DO ATO MÉDICO E A DOCÊNCIA DA MEDICINA LEGAL
5.1 Lei do Ato Médico
O ato médico foi o nome dado ao Projeto de Lei do Senado Federal (PL) 268/2002 e ao Projeto de Lei (PL) 7703/2006, que preveem uma regulamentação do exercício da medicina no pass. Estes Projetos de Leis foram aprovados após tramitar no Congresso Nacional por volta de 11 anos, vindo a ser sancionado no dia 10 de julho de 2013, pela então Presidente Dilma Ruseff, o qual foram convertidos na Lei nº 12.842/13.
A Lei do Ato Médico surgiu para regular o exercício da atuação da profissão médica no país. O termo "Ato Médico" para Luís Graças compreende a "todo conjunto das atividades de diagnóstico, tratamento, encaminhamento de um paciente e prevenção de agravos ao mesmo, além de atividades como perícia e direção de equipes médicas".
Desta forma, a referida Lei veio para tipificar quais são os procedimentos que são exclusivos dos médicos, bem como criar mecanismos para os responsabiliza-los em casos de erro.
Essa lei provoca grandes avanços entre os profissionais de várias categorias da área da saúde, como enfermeiros, fisioterapeutas e psicólogo, referente a atuação dos profissionais da medicina, por estabelecer uma série de limites nos atos praticados pelos médicos diplomados. Desta forma, outros profissionais poderão formular diagnóstico e respectiva prescrição terapêutica, indicar o uso de órteses e próteses e prescrever órteses e próteses oftalmológicas aos seus pacientes.
Assim, esta Lei traz expresso entre outros, atos privativos do médico: perícia e auditoria médicas, ensino de disciplinas especificamente médicas e coordenação dos cursos de graduação em Medicina, dos programas de residência médica e dos cursos de pós-graduação específicos para médicos. A direção administrativa de serviços de saúde, porém, pode ser exercida por outro profissional.
Desta forma, a Lei do Ato Médico veio para regular a atuação dos médicos perante outros campos da medicina, para que possa dar melhor atendimento a prestação dos serviços na área da saúde, bem como, a aplicação das sanções pertinentes em caso de inobservância das normas determinadas pelo Conselho Federal.
5.2 Docência da Medicina Legal
O que concerne a Medicina no campo jurídico, esta tem uma grande atuação com a disciplina da Medicina Legal, pois com o seu conhecimento técnico-científicos da Medicina é responsável de dar esclarecimento de inúmeros fatos de interesse da Justiça. Ou seja, auxilia a Justiça na elaboração, aplicação e interpretação das leis, coopera para o cumprimento e execução das já existentes e interpreta dispositivos legais de relevância médica. 
Desta Forma, a respeito a Docência da Medicina Legal o artigo 5º inc. III, da Lei nº 12.842/13 dispõem que:
Art. 5º São privativos de médico:
[...]
III - ensino de disciplinas especificamente médicas.
Posto isto, compreende-se que a função de ministrar disciplinas relacionada a conteúdos médicos, a Lei 12.842/13 deixa claro que é privativo ao médico diplomado, tendo em vista que medicina legal é uma especialidade médica reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina, Associação Médica Brasileira e Comissão Nacional de Residência Médica do Ministério da Educação.
Da mesma forma, a Resolução CFM nº 1627/2001, expressa em seu artigo 3º que: “As atividades de coordenação, direção, chefia, perícia, auditoria, supervisão e ensino dos procedimentos médicos privativos incluem-se entre os atos médicos e devem ser exercidos unicamente por médico”.
Portanto, pelo exposto, entendesse a Medicina Legal é uma disciplina essencial para o estudante de Direito bem como é primordial a Justiça. Em relação ao exercício da Medicina Legal é prerrogativa e privativa da classe médica. A função de ensinar esta matéria, cabe ao médico, pois este está vinculado a um Código de Ética.
6 A IMPORTÂNCIA DA MEDICINA LEGAL NO DESLINDE DE QUESTÕES CRIMINAIS E DE DIREITO PRIVADO
A Medicina Legal serve mais ao Direito, visando defender os interesses dos homens e da sociedade, do que à medicina. A designação legal emprestada a essa ciência indica que ela se serve no cumprimento de sua nobre missão, também das ciências jurídicas e sociais, com as quais guarda, portanto íntimas relações. 
É a medicina e o Direito completando-se mutuamente, em engalfinhamentos. Ao Direito Civil empresta sua colaboração no que concerne as questões relativas a paternidades, impedimentos matrimoniais, erro essencial, limitadores e modificadores da capacidade civil, prenhes, personalidade civil e direitos do nascituro, comoriência etc. Ao Direito penal, aqui me refiro as questões criminais, a Medicina Legal contribui no que diz respeito a lesões corporais, sexualidade criminosa, aborto legal e ilícito, infanticídio, homicídio, emoção e paixão, embriaguez etc.
O Direito moderno não pode deixar de aceitar a contribuição cada vez mais íntima da ciência. O operador jurídico não deve desprezar o conhecimento dos técnicos, pois só assim é possível a aproximação da verdade que se quer apurar seja ela no âmbito criminal ou privado. Sendo assim, não é nenhum exagero afirmar que é inconcebível uma boa justiça sem a contribuição da medicina legal, cristalizando-se a ideia de que a justiça não se limita aos conhecimentos das leis, da doutrina e da jurisprudência. 
Ademais, é preciso saber distinguir o certo do duvidoso, explicar clara e precisamente os fatos para uma conclusão acertada, não omitindo detalhes, sendo essa a importância transcendente da ciência em comento.
Para o juiz, é indispensável o seu estudo, a fim de que possa apreciar melhor a verdade num critério exato, analisando os informes periciais e adquirindo uma consciência dos fatos que constitui o problema jurídico.
Talvez seja essa a mais fundamental missão da perícia médico-legal: Orientar, iluminar a consciência do magistrado. Muitas vezes, a liberdade, a honra e a vida de um indivíduo estão subordinados ao esclarecimento de um fato médico-legal que se oferece sob os mais diversos aspectos.
De modo geral, a medicinalegal fornece elementos contundentes a evitar possíveis erros judiciais, um dos mais graves problemas da administração da Justiça.
7 BIBLIOGRAFIA
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