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Tintas – Preparação de Superfícies Metálicas S. N. Basso – 9932267 A sociedade deve ter ciência dos efeitos da corrosão nos metais. Estima-se que 5 a 7% da renda anual dos países modernos são aplicados direta ou indiretamente no controle da corrosão, seja para fins de manutenção, reparação ou reposição. [III] Ao longo dos anos foram se desenvolvendo inúmeras formas de combate à corrosão. Dentre as mais utilizadas está a técnica de revestimentos protetores. Estes revestimentos podem ser cerâmicos, metálicos ou orgânicos. [III] Os revestimentos cerâmicos são resistentes à temperatura, portanto isolantes térmicos, duros, portanto quebradiços, e não produzem células com a base a proteger. As camadas óxidas de esmalte vítreo são um bom exemplo da utilização desta técnica. [III] Já os revestimentos metálicos, bastante utilizados industrialmente, possuem as vantagens de serem deformáveis conforme a necessidade, insolúveis em soluções orgânicas e bons condutores térmicos. Mas quando rompidos estabelecem células galvânicas. A técnica recebe o nome de galvanoplastia e geralmente são utilizados metais nobres na composição do processo. [III] Mas a técnica a ser discutida aqui é a dos revestimentos orgânicos, que passou a ser utilizada devido à facilidade de aplicação do revestimento, bastante flexível, e ao seu baixo custo. Porém são materiais relativamente fracos, com limitações de temperatura e podem sofrer oxidação. [III] A durabilidade e o comportamento de uma tinta depende da sua composição, do seu pré-tratamento, da natureza e das condições do substrato, do meio-ambiente e da qualidade de aplicação. [I] O pré-tratamento das superfícies metálicas – limpeza, decapagem, fosfatização – permite à indústria de tintas o desnvolvimento de produtos que satisfazem às exigências dos consumidores. Quase todas as propriedades dos acabamentos orgânicos curados, como aparência, uniformidade, brilho, aderência sobre o substrato, adesão de filme, dureza, elasticidade, resistência ao impacto, à abrasão, às intempéries, à umidade, aos agentes químicos, à corrosão, à luz, dependem das condições da superfície a ser pintada. [I] Há vários métodos de limpeza de superfícies metálicas, tais como limpeza mecânica, limpeza química, limpeza a fogo e limpeza a vapor. Primeiramente será estudada a limpeza mecânica. [II] A primeira etapa é a inspeção , que tem por finalidade assinalar os locais onde haja óleo, graxa gordura ou defeitos superficiais do metal. Em seguida faz-se a limpeza com solvente para a remoção do óleo, da graxa e da gordura e a remoção por esmerilhamento dos defeitos superficiais. Por fim, procede-se à limpeza por ação mecânica, com a remoção de camadas de óxidos e de outros materiais pouco aderentes, de modo a deixar a superfície com o grau de limpeza e com o perfil de rugosidade requerido pela pintura. [II] Esta limpeza pode ser manual, com a utilização de ferramentas como escovas de aço, raspadores e lixas. É um mecanismo bastante precário e recomendado apenas se não for possível a utilização de outros métodos, por razões técnicas ou financeiras. As tintas recomendadas são à base de óleo ou óleo modificadas. [II] Figura 1. Ferramentas manuais para limpeza de superfícies metálicas. Já a limpeza com ferramentas mecânicas manuais, tais como escovas rotativas, marteletes de agulhas e lixadeiras possui um rendimento relativamente melhor mas ainda é precário. As tintas óleo modificadas e as modificadas com betumes têm bom desempenho quando aplicadas sobre superfícies assim preparadas. [II] Figura 2. Ferramentas mecânicas manuais para limpeza de superfícies metálicas. A técnica de limpeza por ação mecânica mais indicada é a da limpeza por jateamento abrasivo, que consiste na aplicação de um jato abrasivo de areia, granalha de aço ou escória de cobre. O jato é projetado sobre a superfície e impulsionado por um fluido, geralmente ar comprimido. Este tipo de limpeza possui grande rendimento de execução, proporcionando uma limpeza adequada a deixar na superfície uma rugosidade ótima para uma boa ancoragem da película de tinta. [II] Figura 3. Equipamento para jateamento abrasivo de superfícies metálicas. Outro tratamento bastante recomendado é o orgânico, como os primers. Utiliza-se os “wash primers”, á base de resinas vinílicas, que em conjunto com ácido fosfórico fornecem boa base aderente para as camadas orgânicas posteriores. Estes primers possuem pigmentos anticorrosivos (cromato de zinco), mas como são aplicados em camadas muito finas, visando a boa aderência , deve-se utilizar primers anticorrosivos convencionais nas camadas subseqüentes. [I] Finalizando a preparação da superfície metálica, pode-se utilizar os “surfacers”, produtos que proporcionam um superfície lisa, sem defeitos provenientes da chapa ou do primer aplicado sobre ela. Os “surfacers” auxiliam na obtenção de uma boa aderência do filme e geralmente são lixáveis, foscos e semibrilhantes, mas sem poder anticorrosivo. [I] A pintura industrial é um sistema composto por quatro fases: seleção adequada dos esquemas de pintura, aquisição técnica das tintas, seleção do método e controle da qualidade de aplicação e por fim a inspeção e o acompanhamento da pintura. Estas fases são baseadas em normas, procedimentos e padrões técnicos especificados, devendo ser rigorosamente seguidos para o sucesso do processo. [II] A película de tinta deve ter duas características básicas: coesão entre os diversos constituintes do revestimento, de forma a apresentar uma película contínua, ou seja, sem falhas, e adesão ao substrato, com perfeita e permanente aderência à superfície a ser protegida. [II] A aderência ao substrato é obtida em maior grau através do processo de ancoragem mecânica da tinta nas irregularidades da superfície e, em parte, pelas forças de atração de natureza moleclar. A ancoragem consiste no processo de formação de rugosidade perfeita para uma boa adesão do filme. [II] As espessuras das películas de tinta recomendáveis para cumprir a sua finalidade de proteção anticorrosiva variam em função da natureza das tintas utilizadas e do meio corrosivo. Abaixo segue um quadro demonstrativo. [II] MEIO CORROSIVO ESPESSURA DO FILME atmosfera altamente agressiva 250 ìm atmosfera 160 ìm medianamente agressiva atmosfera pouco agressiva 120 ìm imersão permanente em água doce 220 a 270 ìm imersão permanente em água salgada 300 ìm superfícies quentes 75 120 ìm Figura 4. Quadro demonstrativo da espessura da película de tinta em função do meio corrosivo. [II] As tintas utilizadas nos processos são constituídas fundamentalmente por veículo, solvente e pigmento. Podem aparecer também em sua composição os chamados constituintes eventuais ou aditivos, como os plastificantes, os secantes e os dispersantes. [II] O veículo é em geral uma resina, elemento agregante das partículas formadoras de película de tinta e é o constituinte que mais a caracteriza. Os veículos mais comuns são os óleos, as resinas epóxi, o poliuretano, o silicone, e as resinas alquídicas e fenólicas. [II] O solvente é a parte volátil da tinta. São compostos capazes de solubilizar as resinas e diminuir a sua viscosidade, melhorando a aplicabilidade das tintas. São selecionados em função da natureza da tinta. Os solventes mais conhecidos são os hidrocarbonetos alifáticos e aromáticos, os álcoois e os ésteres. [II] Já os pigmentos são substâncias pulverulentes, adicionadas às tintas para dar cor, encorpar a película, conferir propriedades mecânicas e anticorrosivas. Os pigmentos anticorrosivos mais utilizados industrialmente são o zarcão e os compostos a base de zinco, tais como o cromato de zinco, o tetróxicromato de zinco, o fosfato de zinco e o pó de zinco. [II] A classificação das tintas pode ser feita segundo vários aspectos. A mais convencional é quantoaos tipos de veículo. Abaixo segue um quadro comparativo. [II] VEÍCULO NOBREZA APLICAÇÃ O óleo convencion al atmosfera pouco agressiva resinas alquídicas modificadas a óleo convencion al atmosfera medianament e agressiva (posição vertical) resinas fenólicas óleo modificadas convencion al temperaturas inferiores 120ºC betuminosas convencion al atmosfera pouco agressiva acrílicas seminobre atmosfera medianament e agressiva vinílicas seminobre atmosfera medianament e agressiva epóxi nobre atmosfera altamente agressiva e imersão poliuretana nobre atmosfera altamente agressiva e imersão silicone nobre atmosfera altamente agressiva e imersão Figura 6. Classificação das tintas segundo o veículo. [II] Das tintas acima classificadas, as mais utilizadas são as betuminosas, as epóxis, as epóxi-betuminosas, as vinílicas e as poliuretanas. Abaixo segue algumas das características principais destas tintas. [I] . ACABA- MENTOS PROTEÇÃO ANTICOR- ROSIVA APLICABI- LIDADE Betuminos os regular fácil epóxis regular normal epóxi- betuminos os regular fácil vinílicos boa difícil Poliuretan os boa normal Figura 6. Aplicabilidade e característica de proteção anticorrosiva de alguns acabamentos. [I] Portanto, o processo de pintura passa por três etapas. A preparação da superfície metálica, a aplicação da tinta de fundo ou primer e a aplicação da tinta de acabamento. A primeira garante a limpeza e a rugosidade adequada para a adesão mecânica da tinta. A segunda proporciona a maior eficácia na proteção anticorrosiva. E a última funciona como uma primeira barreira entre o eletrólito e a tinta de fundo. [II] REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] Corrosão e Tratamento Superficiais dos Metais, de A. P. Ribbe, A. G. Foldes, A. Corrêa, C. Hugenneyer, P. Bauer, F. Reuss, H. Lichtenfeld, G. Agosti, J. D. Ferreira, L. R. Spier, R. H. Ett e W. Grundig, Edição da Associação Brasileira de Metais, 1971. [2] [3] Pintura Industrial na Proteção Anticorrosiva, de L. P. Nunes e A. C. O. Lobo, Edição de Livros Técnicos e Científicos Editora, 1990. [4] [5] Princípios de Ciência e Tecnologia dos Materiais, de L. H. Van Vlack, Editora Campus, Rio de Janeiro, 1984.
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