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I I DYANA HAZELMAN LIMA O Empreendedorismo na Profissão de Secretariado Executivo: Um Breve Estudo do Termo Intraempreendedorismo e da Profissão de Secretariado Executivo no Atual Mercado de Trabalho – Entrevista com Executivos e Secretárias Executivas da DaimlerChrysler do Brasil Ltda. Unidade Juiz de Fora - MG MONOGRAFIA Universidade Federal de Viçosa Viçosa – MG Brasil 2006 II II UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE LETRAS SECRETARIADO EXECUTIVO TRILÍNGUE O Empreendedorismo na Profissão de Secretariado Executivo: Um Breve Estudo do Termo Intraempreendedorismo e da Profissão de Secretariado Executivo no Atual Mercado de Trabalho – Entrevista com Executivos e Secretárias Executivas da DaimlerChrysler do Brasil Ltda. Unidade Juiz de Fora - MG Monografia apresentada ao Departamento de Letras e Secretariado da Universidade Federal de Viçosa, como exigência da disciplina LET 499 - Monografia e como requisito para a conclusão do curso de Secretariado Executivo Trilíngüe, tendo como orientadora a Professora Débora Carneiro Zuin. Dyana Hazelman Lima Viçosa – MG Brasil 2006 II II A monografia intitulada O Empreendedorismo na Profissão de Secretariado Executivo: Um Breve Estudo do Termo Intraempreendedorismo e da Profissão de Secretariado Executivo no Atual Mercado de Trabalho – Entrevista com Executivos e Secretárias Executivas da DaimlerChrysler do Brasil Ltda. Unidade Juiz de Fora - MG elaborada por Dyana Hazelman Lima como exigência da disciplina LET 499 – Monografia e requisito para conclusão do curso de Secretariado Executivo Trilíngüe, foi aprovada por todos os membros da Banca Examinadora. Viçosa, 03 de abril de 2006 _____________________________________________ Profª. Débora Carneiro Zuin Orientadora _______________________________ Prof. Odemir Vieira Baêta (DLA/UFV) _____________________________________________ Prof.ª Cíntia Dantas (DLA/UFV) Nota________ v v À minha família, por todo apoio, compreensão e carinho. Aos meus colegas, amigos e professores do Curso de Secretariado Executivo Trilíngue da Universidade Federal de Viçosa, aos amigos da DaimlerChrysler do Brasil e da Incubadora de Empresas CENTEV/UFV, pela paciência e pelos ensinamentos. vi vi AGRADECIMENTOS A Deus, por me dar forças para seguir a diante. Aos meus pais, Zenir Hazelman Lima e Renaldo Corrêa Lima, pelo amor, apoio, compreensão e por não medir esforços para me educar. Meus exemplos de vida! À minha irmã, Olga Adriana Hazelman Lima, por estar sempre comigo, mesmo estando longe, por todo incentivo, carinho, compreensão, paciência e amizade. Aos meus irmãos, Alexandre Hazelman Lima e Renaldo Hazelman Lima, por torcerem por mim. Aos meus sobrinhos, Guilherme, Victor e Carol, pelos sorrisos, pelas brincadeiras...Alegrias da minha vida! À Profª. Débora Carneiro Zuin, por tudo que aprendi durante o curso, pela compreensão e paciência durante o desenvolvimento deste trabalho. Ao Prof. Odemir Baêta, pelos ensinamentos, pela amizade. À Profª Cíntia Dantas, que apesar do pouco convívio se mostrou sempre aberta a nos ajudar. Ao Sr. Denílson Duarte por a cada dia me proporcionar um aprendizado. Agradeço pela confiança. vii vii Ao Sr. Frederico de Abreu, que contribui de forma imensurável não só para o meu crescimento profissional como também pessoal. Agradeço pala paciência e pela amizade. Ao Sr. Sérgio Munhoz pela entrevista e pelos ensinamentos maravilhosos. Ao Sr. Renato Rochini, pelos ensinamentos e pelo artigo que escreveu para abrilhantar este trabalho. Às Secretárias Executivas da DaimlerChrysler, por todo apoio, não só durante as entrevistas, mas a todo momento em que precisei. Às minhas amigas, Lílian, Priscila, Mariana e Lidiane, pela amizade e pelos momentos que passamos em Viçosa. Aos amigos da DaimlerChrysler que nunca mediram esforços para me ajudar no desenvolvimento das atividades. Obrigada a todos que preenchem a cada dia um pedacinho da minha vida e moldam a minha história! viii viii EPÍGRAFE PORTAS Se você encontrar uma porta à sua frente, você pode abri-la ou não; Se você abrir a porta, você pode, ou não, entrar em uma nova sala. Para entrar, você vai ter que vencer a dúvida, o titubeio ou o medo. Se você venceu, você dá um grande passo: nesta sala vive-se. Mas, tem um preço: são inúmeras outras portas que você descobre. O grande segredo é saber quando e qual porta deve ser aberta. A vida não é rigorosa: ela propicia erros e acertos. Os erros podem ser transformados em acertos quando com eles se aprende. Não existe a segurança do acerto eterno. A vida é humilde: se a vida já comprovou o que é ruim, para que repeti-lo? A humildade dá a sabedoria de aprender e crescer também com os erros alheios. A vida é generosa: a cada sala em que se vive, descobrem-se outras tantas portas. A vida enriquece a quem se arrisca a abrir novas portas. Ela privilegia quem descobre seus segredos e generosamente oferece afortunadas portas. Mas a vida pode ser também dura e severa. Não ultrapassando a porta, você terá sempre essa mesma porta pela frente. É a cinzenta monotonia perante o arco-íris. É a repetição perante a criação. É a estagnação da vida. Para a vida, as portas não são obstáculos, mas diferentes passagens... (TIBA, Içami apud SOUZA, 2001) ix ix SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................1 2. JUSTIFICATIVA..................................................................................................3 3. OBJETIVOS..........................................................................................................4 4. METODOLOGIA..................................................................................................5 5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..............................................................................6 5.1. O Significado dos Termos Empreendedorismo e Intraempreendedorismo...6 5.2. O Perfil Empreendedor e Intraempreendedor...............................................11 5.2.1. Características e Perfil Empreendedor..............................................11 5.2.2. Características e Perfil Intraempreendedor........................................19 5.3. Empreendedorismo Corporativo...................................................................22 5.4. O Empreendedorismo no Brasil...................................................................24 5.5. O Ensino de Empreendedorismo no Brasil...................................................26 5.6. O Profissional de Secretariado Executivo....................................................28 5.6.1. Análise Histórica da Profissão de Secretariado no Brasil.................28 5.6.2. O Perfil Atual do Secretariado Executivo – Empreendedor..............30 6. ENTREVISTAS REALIZADAS COM EXECUTIVOS E SECRETÁRIAS EXECUTIVAS DA DAIMLERCHRYSLER DO BRASIL LTDA. UNIDADE JUIZ DE FORA...................................................................................................356.1. OBJETIVOS DA ENTREVISTA................................................................35 x x 6.2. PÚBLICO ALVO.........................................................................................36 6.3. APLICAÇÃO DAS ENTREVISTAS..........................................................36 6.4. LIMITAÇÕES E CONSIDERAÇÕES........................................................36 7. ANÁLISE DAS ENTREVISTAS.......................................................................51 8. CONCLUSÃO.....................................................................................................53 9. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA.....................................................................55 10. BIBLIOGRAFIA.................................................................................................58 11. ANEXOS.............................................................................................................59 ANEXO 1 – Lei 7.377/85....................................................................................60 ANEXO 2 – Código de Ética do Profissional de Secretariado............................63 ANEXO 3 – Lei 9.261/96....................................................................................67 ANEXO 4 – O Secretariado, as secretárias e o empreendedorismo....................70 xi xi LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Pirâmide das Necessidades de Maslow..........................................................13 Figura 2 – Ciclo do Comportamento Empreendedor.......................................................14 Figura 3 – Questões fundamentais para a inovação........................................................21 Figura 4 – Tipos de Empreendedorismo Corporativo.....................................................23 Figura 5 – Proporção de Empreendedores Segundo Escolaridade e Grupos de Países por Renda per Capita – 2004.................................................................................................25 Figura 6 – Competências que devem ser desenvolvidas para o Secretariado Executivo.........................................................................................................................33 xii xii LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Características Comportamentais do Perfil empreendedor..........................12 Quadro 2 – Principais Necessidades dos Empreendedores.............................................13 Quadro 3 – Características dos empreendedores de sucesso...........................................16 Quadro 4 – Fatores de sucesso segundo o empreendedor...............................................18 Quadro 5 – Pontos Fundamentais para a Inovação.........................................................20 Quadro 6 – Ensino Tradicional e Aprendizado Empreendedor.......................................27 Quadro 7 – Secretárias de ontem e de hoje.....................................................................32 1 1 1. INTRODUÇÃO No atual cenário, via de regra altamente competitivo, que a maioria das grandes empresas se coloca e no qual se verificam mudanças consistentes nas áreas sociais, culturais e econômicas, há uma necessidade cada vez maior de se buscar novas formas de enfrentar o mercado. Neste contexto, a busca por profissionais empreendedores vem ganhando destaque. Segundo URIARTE (2000), a “era do conhecimento” proporciona acesso a um número de informações muito maior do que podemos absorver, e, ao mesmo tempo nunca se teve tanta incerteza sobre o futuro profissional. Os jovens perguntam-se se devem seguir as carreiras tradicionais ou entrar na corrida da indústria da informação, abrindo seu próprio negócio. A maioria das pessoas empregadas está insatisfeita com seu trabalho, salário e rumo de suas carreiras. De acordo com artigo publicado no site carreiras.empregos (2005), a exigência do mercado de trabalho por pessoas ativas e arrojadas tem colocado em pauta como os profissionais podem desenvolver esse perfil empreendedor e conquistar mais espaço nas organizações. Mas, o que seria então o empreendedorismo? Segundo FILLION apud DOLABELA (1999), 2 2 o termo “empreendedorismo”, que deriva-se do termo em inglês entrepreneurship, tem conotação prática, mas também implica atitudes e idéias. Significa fazer coisas novas, ou desenvolver maneiras novas e diferentes de fazer as coisas. A preparação para a prática empreendedora, que pode ser aplicada a qualquer campo da atividade humana, envolve tanto o desenvolvimento da autoconsciência como do know-how. Numa leitura mais profunda do termo “empreendedorismo”, considerando o cenário empresarial, chegamos ao termo “intraempreendedor”, que segundo URIARTE (2000), (...) foi cunhado por Gifford Pinchot para designar “empreendedor interno”, pessoa que à partir de uma idéia e recebendo a liberdade, incentivo e recursos da empresa onde trabalham, dedica-se entusiasticamente em transformá-la em um produto de sucesso. Não há a necessidade de deixar a empresa, como faria o empreendedor, para vivenciar as emoções, riscos e gratificações de uma idéia transformada em realidade. Assim, pode-se partir para a análise da postura do Profissional de Secretariado Executivo no atual mercado de trabalho. DOLABELA apud MICHELETTI (2005), diz que esse profissional possui um leque muito grande de percepção e pode usar todo o conhecimento e contatos que possui na empresa para ir além, rompendo com o conceito tradicional de que este é apenas uma extensão do chefe. Frente ao exposto acima, o objetivo deste trabalho é fazer um breve estudo sobre o empreendedorismo/intraempreendedorismo e verificar se o profissional de Secretariado Executivo é ou pode ser um profissional empreendedor. 3 3 2. JUSTIFICATIVA No contexto atual do mercado de trabalho, o tema em questão é de extrema importância, pois, considerando a demanda por profissionais inovadores, criativos, far- se-á uma análise da importância do empreendedorismo na profissão de Secretariado Executivo e como este novo perfil profissional é visto dentro de uma grande organização. A escolha do tema deu-se a partir do momento em que a autora pôde vivenciar o empreendedorismo na prática, através de um estágio desenvolvido na Incubadora de Empresas CENTEV/UFV (Centro Tecnológico de Desenvolvimento Regional de Viçosa), órgão disseminador da cultura empreendedora em Viçosa e região. Observou- se uma demanda por profissionais criativos, inovadores e capazes de transformar uma simples idéia em realidade. O estágio obrigatório do curso, o qual a autora desenvolve em uma empresa de grande porte, também foi fator chave para a escolha do tema. A todo momento vê-se a necessidade de superar os limites e fazer de tudo para que a empresa seja um sucesso, e isso se dá através de colaboradores altamente capazes de inovar e transformar os obstáculos em caminhos que tornem a empresa cada vez mais competitiva no mercado. Pretende-se com este trabalho, fornecer dados para o crescimento e desenvolvimento da profissão. 4 4 3. OBJETIVOS Geral O presente trabalho tem como propósito buscar informações sobre a atuação do profissional de Secretariado Executivo frente à demanda do mercado de trabalho por profissionais empreendedores. Específicos • Mostrar como o profissionalde Secretariado Executivo pode e deve ser um profissional empreendedor dentro da empresa. • Verificar a visão das secretárias e de executivos em relação ao novo perfil deste profissional. • Apresentar a visão da empresa em relação ao papel das universidades brasileiras na formação de profissionais de Secretariado Executivo empreendedores. 5 5 4. METODOLOGIA A metodologia escolhida para a realização deste estudo foi: • Levantamento da bibliografia referente ao Empreendedorismo, Intraempreendedorismo e Secretariado Executivo em livros, revistas e internet. • Revisão da literatura. • Elaboração do texto da fundamentação teórica durante a leitura do material. • Entrevista com dois Executivos, sendo estes o Gerente da área de Recursos Humanos e o Gerente da área de Logística e Compras, e com as sete Secretárias Executivas efetivas da DaimlerChrysler do Brasil Ltda., Unidade Juiz de Fora. O tempo das secretárias no exercício da função varia de um a oito anos. • Análise qualitativa das entrevistas. • Conclusão do trabalho relacionando a teoria pesquisada com as opiniões obtidas nas entrevistas. 6 6 5 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 5.1 – O SIGNIFICADO DOS TERMOS EMPREENDEDORISMO E INTRAEMPREENDEDORISMO Para DAVID (2004), “o interesse pelo empreendedorismo ocorre em um período de transição global no qual encontramos mudanças estruturais nos setores cultural, educacional, tecnológico, econômico e político”. No contexto brasileiro, o movimento empreendedor, considerado o gerador do desenvolvimento, iniciou-se nos anos 90, apesar de ser estudado há várias décadas em outros países. A palavra empreendedor origina-se da palavra francesa entrepreneur e significa aquele que assume riscos e inicia algo novo. Segundo DOLABELA (1999) o termo empreendedorismo é uma livre tradução da palavra inglesa entrepreneurship. Além da criação de empresas o empreendedorismo trata de outros assuntos tais quais: geração do auto-emprego, empreendedorismo comunitário, intraempreendedorismo (dentro das organizações), políticas públicas (para o setor). 7 7 DOLABELA (1999) cita exemplos do que seja um empreendedor - indivíduo que cria uma empresa, qualquer que seja; - pessoa que compra uma empresa e introduz inovações, assumindo riscos, seja na forma de administrar, vender, fabricar, distribuir, seja na forma de fazer propaganda dos seus produtos e/ou serviços, agregando novos valores; - empregado que introduz inovações em uma organização, provocando o surgimento de valores adicionais. - Contudo, não se considera empreendedor uma pessoa que, por exemplo, adquira uma empresa e não introduza nenhuma inovação (quer na forma de vender, de produzir, quer na maneira de tratar os clientes), mas somente gerencie o negócio. De acordo com FRIEDLAENDER (2004), (...) os homens primitivos quando descobriram os primeiros utensílios de cerâmica, a ação empreendedora possibilitou intervir, transformar e dominar o meio ambiente, criando, inovando, avançando sempre na busca de novos patamares de produção, de melhores níveis de qualidade de vida. Essa ação empreendedora contribuiu sobremaneira para o crescimento da humanidade. Hoje, o mundo necessita de pessoas empreendedoras para continuar criando, transformando, fazendo descobertas e satisfazendo as necessidades da comunidade como um todo. São muitas as definições para o termo empreendedorismo, mas a seguir são apresentadas as mais utilizadas e aceitas. 8 8 Segundo CUNHA e NETO (2004), A concepção inicial do termo empreendedorismo data da segunda metade do século XVIII e do início do século XIX com os economistas Richard Cantillon e Jean-Baptiste Say, cujas preocupações com economia, geração de novos empreendimentos e gerenciamento de novos negócios permitiam definir os empreendedores como pessoas que corriam riscos, pois investiam seu próprio dinheiro. A partir da publicação da “Teoria de Desenvolvimento Econômico” do economista austríaco Joseph A. Schumpeter o conceito de empreendedorismo ganha novo significado. De acordo com DAVID (2004), Schumpeter abordou o empreendedor e o seu impacto sobre a economia, estabelecendo os conceitos de destruição criadora e de empresário empreendedor, desta forma, diferenciando os conceitos de empresário e empreendedor: “O empreendedor é aquele que destrói a ordem econômica existente pela introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de organização ou pela exploração de novos recursos e materiais” (SCHUMPETER, 1942, 1949). Foi Schumpeter quem associou definitivamente o termo empreendedor à inovação, colocando o empresário empreendedor como o agente básico do processo de destruição criadora: “é ele que desafia o mercado, aciona e mantém em marcha o motor capitalista” (SCHUMPETER, 1942). Segundo CUNHA E NETO (2004), Schumpeter define a essência do empreendedorismo como a percepção e aprimoramento de novas oportunidades no âmbito dos negócios, possuindo conexões com criações de novas formas de utilização de recursos nacionais deslocados do emprego tradicional e sujeitos a novas combinações. 9 9 Para DRUCKER apud FRIEDLAENDER (2004), Os empreendedores são eminentemente pessoas que inovam. A inovação é o instrumento específico dos empreendedores, o meio pelo qual eles exploram a mudança como uma oportunidade para um negócio ou serviço diferente. Empreendedorismo não é nem ciência, nem arte. É uma prática. Para FILLION apud CUNHA e NETO (2004), (...) empreendedorismo é o resultado tangível ou intangível de uma pessoa com habilidades criativas; sendo uma complexa função de experiências de vida, oportunidades e capacidades individuais que durante seu exercício está inerente à variável risco, tanto na vida quanto na carreira do empreendedor. (...) o empreendedor é tido como um indivíduo criativo, marcado pela capacidade de estabelecer e atingir objetivos, possuindo um alto nível de consciência do contexto de referência para detectar oportunidades de negócios, buscando uma aprendizagem continuada a respeito de oportunidades de negócios e revelando um processo de tomada de decisões com risco moderado visando à inovação. DOLABELA (1999) concorda com a definição de Fillion que diz que o “empreendedor é uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões”. Ser visionário implica em enxergar o que ninguém viu, é imaginar cenários futuros, é perceber uma oportunidade – idéia vinculada a um produto ou serviço que agrega valor ao consumidor, através da inovação ou da diferenciação - quando os outros enxergam somente o caos. De acordo com FRIEDLAENDER (2004), O empreendedor sente necessidade de vencer obstáculos, romper rotinas, definir e alcançar seus objetivos, quebrar paradigmas. O empreendedor continua a aprender a respeito de possíveis oportunidades e a tomar decisões moderadamente arriscadas que objetivam a inovação. Ele também é flexível para se adaptar às repentinas mudanças da comunidade, da sociedade e do mercado, aprendendo com suas próprias experiências. O empreendedor é distinguido das outras pessoas pela maneira como percebe a mudança e lida com as oportunidades. 10 10 No contexto atual, de acirrada concorrência, o perfil empreendedor faz a diferença. De acordo com FRIEDLAENDER (2004), “a necessidade da inovação, da criatividade e do desenvolvimento de novas tecnologias faz com queas pessoas percebam que mudar é um fator primordial para a sobrevivência”. Não só as pessoas, mas as organizações também perceberam que mudar é necessário. A velocidade das mudanças tecnológicas, a instabilidade econômica, o aumento das exigências dos mercados estão criando um ambiente no qual a vantagem competitiva que fará a diferença será a capacidade de gerar novas vantagens competitivas de forma sistemática e contínua, e isso só se dá através da inovação, da transformação, da visão de futuro. É nesse contexto que as empresas buscam profissionais empreendedores, que nesse caso recebem a denominação de intraempreendedores. Mas o que significa o termo intraempreendedorismo? Segundo URIARTE (2000) o termo intraempreendedorismo é uma tradução do termo inglês intrapreneurship1, cunhado pelo consultor americano Gifford Pinchot para designar o “o empreendedor interno”, aqueles profissionais que têm iniciativa, que são visionários, que não têm medo de tentar e que aprendem com os erros; determinados, ousados e capazes de mobilizar recursos e implementar novos negócios dentro de ambientes já consolidados; profissionais que têm um olhar diferente sobre o processo e que conseguem transforma-lo de forma a alcançar melhores resultados. Para FRIEDLAENDER (2004), o intraempreendedorismo torna-se necessário diante do fato de que é possível, e importante, a presença de empreendedores dentro das organizações para que ocorra o desenvolvimento das mesmas. URIARTE (2000) diz que, (...) as empresas bem sucedidas são aquelas que iniciaram mudanças em tecnologia, marketing ou organização e conseguiram manter uma liderança em mudanças em relação aos concorrentes. Portanto, os empreendedores são necessários não somente para iniciar novos empreendimentos em pequena escala, mas também para dar vida às empresas existentes, em especial as grandes. 1 Uriarte, L.R. Identificação do Perfil Intraempreendedor. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção), Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2000, p. XLVIII-XLIX. 11 11 E complementa, “a inovação quase nunca ocorre em uma organização sem que haja um indivíduo ou um pequeno grupo apaixonadamente dedicado a fazê-lo acontecer”. Segundo PINCHOT apud URIARTE (2000), “os intraempreendedores são todos os “sonhadores que realizam”, aqueles que assumem a responsabilidade pela criação de inovações de qualquer espécie dentro de uma organização”. 5.2 – O PERFIL EMPREENDEDOR E INTRAEMPREENDEDOR 5.2.1 – CARACTERÍSTICAS E PERFIL EMPREENDEDOR Segundo DAVID (2004), Os economistas relacionaram o empreendedor à inovação e ao desenvolvimento econômico, mas fazia-se necessária uma análise mais aprofundada do comportamento do empreendedor para responder às seguintes questões: Quem é o empreendedor? Como reconhecê-lo? Nascem prontos? Como formá-los? Eu posso vir a ser um empreendedor de sucesso? O que pode ser observado é que o empreendedor possui características que as outras pessoas não possuem. Algumas podem ser inatas, mas, e outras, podem ser adquiridas? Neste aspecto, o empreendedorismo passou a ser de interesse também para os estudiosos do comportamento humano. Estudos buscando a identificação do perfil empreendedor são cada vez mais importantes. Segundo CUNHA e NETO (2004), “diversos autores (Pylro, 2002; Schumpeter, 1978; Fillion, 1999) ilustram a dificuldade de definir as características do empreendedor”. Para DOLABELA (1999), o estudo do perfil empreendedor é de suma importância para que se possa aprender a agir adotando atitudes e comportamentos adequados. 12 12 E complementa: É importante termos consciência, entretanto, de que ainda não se pode estabelecer uma relação de causa e efeito. Ou seja, não se pode afirmar que uma pessoa dotada de tais características irá necessariamente alcançar o sucesso como empreendedor. O que se pode dizer é que, se determinada pessoa apresenta as características e aptidões mais comumente encontradas nos empreendedores, mais chances terá de ser bem-sucedida. As pesquisas na área do empreendedorismo estão focadas nos comportamentos que podem levar ao sucesso. O know-how tecnológico e o domínio de ferramentas gerenciais são de extrema importância, sendo uma conseqüência do processo de aprendizagem daqueles que buscam novos cenários. No quadro abaixo são apresentadas algumas características comportamentais dos empreendedores de sucesso. Quadro 1 – Características Comportamentais do Perfil empreendedor 1 – Inovação 11 – Habilidade para conduzir situações 2 – Otimismo 12 – Criatividade 3 – Liderança 13 – Necessidade de realização 4 – Iniciativa 14 – Sensibilidade a outros 5 – Flexibilidade 15 – Autoconsciência 6 – Independência 16 – Agressividade 7 – Tolerância à ambigüidade e à incerteza 17 – Confiança 8 – Orientação para resultado 18 – Originalidade 9 – Tendência a risco 19 – Envolvimento em longo prazo 10 – Capacidade de aprendizagem 20 – Dinheiro como medida de desempenho Fonte: Fillion apud CUNHA e NETO (2004) De acordo com URIARTE (2000), ser empreendedor significa ter, acima de tudo, a necessidade de realizar coisas novas, pôr em prática idéias próprias, característica de personalidade e comportamento que nem sempre é fácil de se encontrar. O empreendedor, por definição, tem de assumir riscos, e seu sucesso está em sua capacidade de conviver com eles e sobreviver a eles. Os riscos fazem parte de qualquer atividade e é preciso aprender a administrá-los. O empreendedor não é mal-sucedido nos seus negócios porque sofre revezes, mas porque não sabe superá-los. 13 13 Para GERBER apud URIARTE (2000), o empreendedor é um grande estrategista, inovador, criador de novos métodos, é criativo, lida com o desconhecido, imagina o futuro, transforma possibilidades em probabilidades, caos em harmonia. Segundo DAVID (2004), a chave do sucesso do empreendedor está relacionada à busca constante da satisfação de necessidades. URIARTE (2000) cita a pirâmide das necessidades de Maslow, pois esta tem características situacionais, dependendo da situação uma das cinco características torna- se mais relevante. Figura 1 – Pirâmide das Necessidades de Maslow Baseados nas necessidades apresentadas por Maslow, BIRKEY e WESTHEAD apud DAVID (2004), analisaram as necessidades mais latentes nos empreendedores e apresentaram como sendo basicamente de cinco tipos: Quadro 2 – Principais necessidades dos empreendedores 1 - Necessidade de aprovação Ser admirado pelos outros, ter status 2 - Necessidade de independência Horário de trabalho flexível, liberdade para iniciativa 3 - Necessidade de desenvolvimento pessoal Busca constante de novos conhecimentos e habilidades 4 - Necessidade de segurança Proteger-se de perigos físicos ou psicológicos, reais ou imaginários 5 - Necessidade de auto-realização Realizar seus sonhos, resolver situações que são verdadeiros desafios à sua capacidade Fonte: BIRKEY e WESTHEAD apud DAVID (2004) Fonte: URIARTE (2000) 14 14 COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR Necessidades - Realização, poder, afiliação. - Fisiológicas, segurança, sociais, estima. Motivação Impulso para ação De acordo com DAVID (2004), ao longo da vida de um empreendedor suas necessidades vão se modificando. À medida que uma necessidade é satisfeita outra surge em seu lugar. “Suas necessidades geram impulsos para suas ações e suas açõesdefinem o seu comportamento, que por sua vez gera novas necessidades”. Figura 2 – Ciclo do Comportamento Empreendedor Fonte: DAVID (2004) Os empreendedores também possuem algumas habilidades essenciais para o seu desenvolvimento. KATZ apud DAVID (2004), apresenta três habilidades básicas, técnicas, humanas e conceituais. As habilidades técnicas estão relacionadas com a compreensão e a proficiência em determinada atividade, saber utilizar métodos, técnicas e equipamentos necessários para realizar de maneira satisfatória um determinado trabalho; as humanas referem-se à facilidade para trabalhar como membro de um grupo e em equipe, saber se comunicar e ser flexível e as conceituais à forma de compreender e reagir aos objetivos e políticas da organização. 15 15 URIARTE (2000) desdobra as habilidades básicas apresentadas anteriormente da seguinte forma: - O empreendedor identifica novas oportunidades. Esta habilidade relaciona-se ao que Dolabela chama de processo visionário. Identificar uma oportunidade é enxergar além, ver o futuro. - O empreendedor pensa de maneira criativa. Para obter sucesso, o empreendedor deve ser criativo e ao mesmo tempo crítico para avaliar a oportunidade e constatar se esta é falsa ou não. - O empreendedor é comunicativo: Ele tem a habilidade de convencer os outros a respeito de sua idéia. Precisam convencer amigos, parentes, patrocinadores, etc. - O empreendedor sabe negociar. Esta habilidade adquire-se através da experiência, em muitos ela é nata. - O empreendedor sabe escutar e adquirir informações. Em um ambiente instável, estar informado é questão chave para o desempenho geral da empresa. - O empreendedor sabe resolver problemas. Ele tem habilidade para enfrentar os desafios e superar obstáculos. Em um empreendimento existe um conjunto de problemas, desafios e crises, e o empreendedor deve procurar o melhor caminho para gerar soluções inovadoras. - O empreendedor mantém uma rede de contatos. Um bom relacionamento com as pessoas pode gerar diversas oportunidades de negócios. LEZANA apud DAVID, 2004, diz que no tocante aos conhecimentos fundamentais para o empreendedor de sucesso destacam-se: - Os aspectos técnicos relacionados com o negócio. O empreendedor deve ter total domínio técnico do que se propõe a fazer. Deve ter conhecimento do produto que pretende produzir e/ou do serviço que pretende prestar. - A experiência na área comercial. Refere-se ao enfoque empresarial destinado ao atendimento das necessidades do cliente. Entre as funções da área comercial, pode-se incluir: distribuição do produto, publicidade/marketing, pesquisa de mercado e definição de novos produtos. - A escolaridade. É um fator extremamente importante, pois se refere aos conhecimentos adquiridos no sistema formal de ensino. O empreendedor deve possuir 16 16 um nível mínimo de escolaridade que lhe possibilite lidar de modo satisfatório com as pessoas. - A formação complementar. Relaciona-se com a aquisição de conhecimentos novos ou com a atualização dos que já possui. - a experiência em empresas e a vivência de novas situações. A experiência pode ajudar na resolução de problemas emergentes. Muitos autores como DAVID (2004) apresentam os valores, aspectos fundamentais para o desenvolvimento das características individuais. “Os valores são compostos pelas crenças, preferências, aversões, predisposições internas e julgamentos que caracterizam a visão de mundo do indivíduo”. Para EMPINOTTI apud DAVID (2004), os valores podem ser, existenciais, relacionados à vida em geral – saúde, alimentação, lazer, trabalho, entre outros; estéticos, ligados à sensibilidade e aos cinco sentidos – música, pintura, teatro; intelectuais, relacionados à inteligência; morais, referentes ao conjunto de doutrinas, princípios, crenças e normas que orientam o comportamento ético e religiosos, ligados aos sentimentos religiosos. De acordo com os aspectos citados acima, DORNELAS (2001) apresenta um quadro com as características dos empreendedores de sucesso, a saber: Quadro 3 – Características dos empreendedores de sucesso São visionários Eles têm a visão de como será o futuro para seu negócio e sua vida e, o mais importante: têm a habilidade de implementar seus sonhos. Sabem tomar decisões Não se sentem inseguros, sabem tomar as decisões corretas na hora certa, principalmente nos momentos de adversidade, sendo isso um fator chave para o seu sucesso. Além de tomar decisões, implementam suas ações rapidamente. São indivíduos que fazem a diferença Os empreendedores transformam algo de difícil definição, uma idéia abstrata em algo concreto, que funciona, transformando o que é possível em realidade. Sabem agregar valor aos serviços e produtos que colocam no mercado. Sabem explorar ao máximo as oportunidades Para a maioria das pessoas, as boas idéias são daqueles que a vêem primeiro, por sorte ou acaso. Para os visionários (os empreendedores), as boas idéias são geradas daquilo que todos conseguem ver, mas não identificaram algo prático para transformá-las em oportunidade, por meio de dados e informação. Para Schumpeter 17 17 (1949), o empreendedor é aquele que quebra a ordem corrente e inova, criando mercado com uma oportunidade identificada. Para Kirzner (1973), o empreendedor é aquele que cria um equilíbrio, encontrando uma posição clara e positiva em um ambiente de caos e turbulência, ou seja, identifica oportunidades na ordem presente. Porém, ambos são enfáticos em afirmar que o empreendedor é um exímio identificador de oportunidades, sendo um indivíduo curioso e atento a informações, pois sabe que suas chances melhoram quando seu conhecimento aumenta. São determinados e dinâmicos Implementam suas ações com total comprometimento. Mantêm-se sempre dinâmicos e cultivam um certo inconformismo diante da rotina. São dedicados Se dedicam 24 horas por dia, 7 dias por semana, ao seu negócio. São trabalhadores exemplares, encontrando energia para continuar, mesmo quando encontram problemas pela frente. São otimistas e apaixonados pelo que fazem Adoram o trabalho que realizam. E é esse amor ao que fazem o principal combustível que os mantém cada vez mais animados e autodeterminados. O otimismo faz com que sempre enxerguem o sucesso, em vez de imaginar o fracasso. São independentes e constroem o próprio destino Querem estar à frente das mudanças e ser donos do próprio destino. Ficam ricos Ficar rico não é o principal objetivo dos empreendedores. Acreditam que o dinheiro é conseqüência do sucesso dos negócios. São líderes e formadores de equipes Têm um senso de liderança incomum. São respeitados e adorados por seus funcionários, pois sabem valoriza-los, estimula-los e recompensa-los, formando um time em torno de si. São bem relacionados (networking) Sabem construir uma rede de contatos que os auxiliam no ambiente externo da empresa, junto a clientes, fornecedores e entidades de classe. São organizados Sabem obter e alocar os recursos materiais, humanos, tecnológicos e financeiros, de forma racional, procurando o melhor desempenho para o negócio. Planejam Planejam cada passo de seu negócio, desde o primeiro rascunho do plano de negócios. 18 18 Possuem conhecimento São sedentos pelo saber e aprendem continuamente. Esse conhecimento pode vir da experiência prática, de informações obtidas em publicações especializadas, em cursos, etc. Assumem riscos calculados Avalia as reais chances de sucesso. Assumir riscos tem relaçãocom desafio e, quanto maior o desafio, mais estimulante será a jornada empreendedora. Criam valor para a sociedade Através da geração de empregos, dinamizando a economia e inovando, sempre usando sua criatividade em busca de soluções para melhorar a vida das pessoas. DOLABELA (1999) diz que não se pode afirmar que uma pessoa que apresenta todas as características descritas anteriormente irá necessariamente ser bem sucedida como empreendedor. A análise dessas características vem contribuindo para a identificação e para a compreensão de comportamentos que podem levar o empreendedor ao sucesso e vem também servindo de base para o ensino na área. O autor supracitado apresenta, segundo Timmons (1994), os fatores de sucesso segundo o próprio empreendedor: Quadro 4 – Fatores de sucesso segundo o empreendedor Faça o que lhe dá energia Faça coisas de forma diferente Imagine como fazer funcionar algo Não assuma riscos desnecessários, e sim um risco calculado, se for a oportunidade certa Diga, “posso fazer”, ao invés de “não posso” ou “talvez” Os negócios fracassam, os empreendedores de sucesso aprendem. Mas, tente manter o custo baixo Tenacidade e criatividade irão triunfar Faça da oportunidade e dos resultados a sua obsessão Qualquer coisa é possível se você acredita que pode fazê-la Seja insatisfeito com o jeito que as coisas estão e procure melhorá-las Se você não sabe se não pode ser feito, vá em frente e faça Tenha orgulho das suas realizações, isso é contagiante Veja o copo metade cheio, e não metade vazio É mais fácil implorar por perdão do que pedir permissão Fonte: DORNELAS (2001) Fonte: DOLABELA (1999) 19 19 5.2.2 – CARACTERÍSTICAS E PERFIL INTRAEMPREENDEDOR Os intraempreendedores são aquelas pessoas que, segundo URIARTE (2000), (...) a partir de uma idéia, e recebendo a liberdade, incentivo e recursos da empresa onde trabalham, dedicam-se entusiasticamente em transformá-la em um produto de sucesso. Não é necessário deixar a empresa onde trabalha, como faria o empreendedor, para vivenciar as emoções, riscos e gratificações de uma idéia transformada em realidade. De acordo com PINCHOT apud DAVID (2004), Examinando inovações bem sucedidas em grandes empresas, foram identificados comportamentos empreendedores em alguns empregados. Estes “empregados” atuavam como agentes de mudanças em suas organizações, melhorando processos e criando novas oportunidades de negócio, sendo que Pinchot os denominou de empreendedores intracorporativos, definindo-os como “todos os sonhadores que realizam. Aqueles que assumem a responsabilidade pela criação de inovações de qualquer espécie dentro de uma organização” (PINCHOT, 1989, p.ix). Considerando o contexto atual, marcado pelo grande fluxo de informações, pelo mercado cada vez mais exigente, pela superação dos obstáculos e pela busca de melhores resultados, busca-se profissionais com iniciativa e com idéias inovadoras (intraempreendedores/empreendedores), para que agreguem valor ao produto da empresa e para que a mesma se torne mais competitiva no mercado. De acordo com DORNELAS apud DAVID 2004, as organizações devem identificar e aproveitar o potencial empreendedor de seus colaboradores, uma vez que os desafios proporcionados pela abertura mundial demandam um certo grau de criatividade e inovação. BOM ÂNGELO apud DAVID (2004), aponta três características que mostram a vocação empreendedora, vontade e habilidade para criar algo inédito e que possa melhorar as condições de vida da família, da empresa, da sociedade em geral; 20 20 capacidade de encontrar novas utilidades para idéias velhas; talento para melhorar a eficiência de um sistema, processo ou produto, de forma a torná-lo mais econômico, acessível e tecnicamente superior. O intraempreendedor tem grande conhecimento da empresa e sabe explorá-lo de forma a encontrar todos os meios necessários para a concretização de sua idéia. O intraempreendedor não é necessariamente aquele que traz inovações e melhorias para o (s) produto (s), mas também aquele que consegue implantar pequenas mudanças na rotina da empresa, que a conduzam a um patamar mais elevado. Saber lidar com as informações e utiliza-las em prol do desenvolvimento das atividades, é o ponto chave para estar à frente no mercado. A inovação, como no empreendedorismo, também é a palavra chave para o intraempreendedorismo. DRUCKER apud DAVID (2004), “defende que todas as organizações – e não apenas as de negócios – necessitam de uma competência fundamental: a inovação, e que estas podem ser de qualquer tipo”. PINCHOT e PELLMAN apud DAVID (2004), apontam cinco pontos fundamentais para que a inovação aconteça: Quadro 5 – Pontos fundamentais para a inovação y Idéias das pessoas Deve-se ter na organização um ambiente que estimule a criatividade e a geração de idéias y Intraempreendedores Pessoas que transformarão as idéias em realidade y Time intraempreendedor Grupo de pessoas, normalmente recrutadas pelo intraempreendedor, para trabalharem na inovação y Clima organizacional Deve existir um clima organizacional que estimule e aceite inovações y Patrocinadores Pessoas da própria organização que apóiam os intraempreendedores – pode ser um chefe imediato ou o presidente da empresa Fonte: PINCHOT e PELLMAN apud DAVID (2004) 21 21 A figura 3 mostra a relação entre os cinco pontos citados anteriormente e algumas inovações que podem acontecer nas organizações. Figura 3 – Questões fundamentais para a inovação Fonte: Adaptado de PINCHOT e PELLMAN apud DAVID (2004). DAVID (2004) complementa dizendo que no Brasil o termo intraempreendedorismo é um termo novo para a maior parte dos profissionais, mas, Com a alta competitividade, informações em tempo real e outros desafios empresariais modernos, o intraempreendedorismo oferece uma maneira para acelerar as inovações de qualquer espécie dentro das organizações através do melhor emprego dos seus talentos humanos. Bom Ângelo (2003) pontua que bons gerentes sabem organizar, disciplinar, dinamizar e otimizar, e bons inovadores sabem desenvolver idéias, modificar padrões, aperfeiçoar modelos e descobrir novos usos para antigos materiais e equipamentos. E o responsável pelas inovações dentro das organizações é um funcionário todo especial que apresenta características pessoais marcantes, como responsabilidade, iniciativa própria, vontade para fazer negócios, vocação para assumir riscos. 22 22 São poucas as diferenças entre empreendedores e intraempreendedores. Estes assumem menores riscos em relação aos empreendedores, que sentem a necessidade de deixar a empresa para iniciar um negócio próprio. Considerando o contexto brasileiro, para DAVID (2004), as empresas ainda não oferecem um ambiente propício para o desenvolvimento de intraempreendedores. A estrutura ainda é muito burocrática. Em empresas de outros países encontra-se uma abertura maior ao empreendedor. Segundo LEITE apud URIARTE (2000), Fugir do convencional; sonhar alto e transformar sonhos em realidade; identificar com clareza seus desejos, habilidades, temperamentos e atividades; criar um produto; desenvolver um “business plan” – o plano de negócios de sua carreira; fazer o que gosta; investir no desenvolvimento contínuo; conciliar a vida profissional com a vida pessoal e familiar; cuidar desua saúde física, mental e emocional; seguir as vozes internas são passos para sobreviver no mundo moderno. 5.3 – EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO Frente às mudanças trazidas pela globalização, as empresas enfrentam desafios constantes. Sendo assim, devem explorar o potencial empreendedor de seus funcionários para irem além. Para DORNELAS apud DAVID (2004), A implantação de uma cultura empreendedora tem uma razão de ser: “é o pano de fundo para o fomento da inovação, da busca e identificação de oportunidades, do trabalho criativo, para a organização do trabalho e dos processos empresariais de forma mais integrada, para a eliminação de barreiras internas de comunicação, entre outros.” DORNELAS apud DAVID (2004) considera o empreendedorismo corporativo/ empreendedorismo interno/ intraempreendedorismo não como uma versão adaptada do 23 23 empreendedorismo, mas uma expansão do mesmo, sendo aplicado em outras áreas sem perda conceitual. O empreendedorismo corporativo pode ser definido como o processo através do qual um indivíduo ou um grupo de indivíduos, cria ou promove a renovação dentro de uma organização. De acordo com DAVID (2004), “Covin e Miles apud Dess et al. (2003) definem quatro tipos de Empreendedorismo Corporativo: (1) renovação estratégica; (2) redefinição de domínio, (3) rejuvenescimento organizacional e (4) regeneração sustentada”. A figura 4 ilustra os quatro tipos de empreendedorismo corporativo citados acima. Figura 4 – Tipos de Empreendedorismo Corporativo Fonte: adaptado de Dess et al. apud DAVID (2004) A renovação estratégica significa repensar as estratégias da organização de acordo com o ambiente externo, explorando de maneira mais eficiente novos produtos e mercados. A redefinição de domínio ocorre quando a empresa tem necessidade de identificar um novo mercado para um novo produto. O rejuvenescimento organizacional está ligado ao processo de inovação relacionado à melhoria dos processos internos, rotinas. A regeneração sustentada acontece quando a organização desenvolve novas culturas, processos e estruturas com o intuito de apoiar inovações de produtos ou processos. 24 24 Para estar à frente no mercado, as empresas devem aprender a aprender e proporcionar um ambiente adequado para potencializar o desenvolvimento de uma cultura empreendedora. Inovar, renovar, para fazer acontecer e obter os melhores resultados. 5.4 – O EMPREENDEDORISMO NO BRASIL O empreendedorismo no Brasil ganhou força a partir da década de 90, apesar de nos países mais desenvolvidos ser um processo de longa data. De acordo com o GEM (Global Entrepreneurship Monitor 2004), o país encontra-se na sétima posição num ranking de 34 países mais empreendedores, com aproximadamente 15 milhões de empreendedores. O GEM (2004) destaca que o “empreendedorismo é de extrema importância para o país, sendo uma alternativa para a superação de graves problemas que assolam a nação brasileira, em especial no tocante à geração de emprego e renda”. A pesquisa constatou que o mesmo ocorre tanto pelo fato de as pessoas se sentirem motivadas a aproveitar uma oportunidade quanto pela necessidade de sobrevivência. O empreendedorismo por necessidade – pessoas que perderam o emprego, eram subempregadas ou não tinham emprego - teve um aumento em relação ao que ocorre por oportunidade. “Em países desenvolvidos, a ação empreendedora está mais ligada a uma real oportunidade de negócio”. A ação empreendedora no Brasil supera a média mundial (9,2%) na faixa dos 18 aos 24 anos (12,6%), e está muito superior à média dos países desenvolvidos (6%), indicando que “o jovem brasileiro pode estar sendo induzido a empreender em detrimento de sua formação educacional”. Esse aspecto caracteriza também a dificuldade que o jovem encontra de engressar no mercado formal de trabalho, buscando outras alternativas para garantir sua sobrevivência. Considerando o item educação, apenas 14% dos empreendedores brasileiros têm educação superior, sendo esta completa ou incompleta, ficando muito abaixo da média dos países de baixa renda per capita – 23%. Quando comparado com países de renda per capita alta, a diferença é ainda mais acentuada – 58%. 25 25 O GEM (2004) complementa: Frisa-se, ainda, que no Brasil aproximadamente 30% dos empreendedores não passaram sequer cinco anos pelos bancos escolares, estando longe, portanto de completar o ensino fundamental. Esta situação denota a fragilidade do sistema educacional brasileiro e, por conseqüência, as altas taxas de empreendedorismo por necessidade. De acordo com a figura abaixo, percebe-se que quanto maior o nível de escolaridade de um país, maior será a proporção de empreendedorismo por oportunidade. Figura 5 – Proporção de Empreendedores Segundo Escolaridade e Grupos de Países por Renda per Capita - 2004 Fonte: GEM (2004) 26 26 5.5 – O ENSINO DE EMPREENDEDORISMO NO BRASIL Segundo DOLABELA (1999), “o ensino universitário brasileiro sempre foi voltado para a formação de empregados”. Na formação de empreendedores, o ponto principal é preparar as pessoas para aprender a agir e pensar por si mesmas, de maneira criativa, visionária – enxergar o que ninguém viu -, com liderança, para inovar e conseguir um espaço no mercado. De acordo com FRIEDLAENDER (2004), “as pessoas são influenciadas a se prepararem para um emprego seguro, mas, considerando o cenário atual, nenhum emprego é seguro, a manutenção deste depende exclusivamente do desempenho profissional”. DOLABELA (1999) cita algumas razões para o ensino do empreendedorismo, dentre elas a alta taxa de mortalidade infantil das empresas, a maioria fracassa por falta de conhecimento, suporte; mudanças nas relações de trabalho, as empresas precisam de profissionais que tenham uma visão global do processo, que saibam identificar e satisfazer as necessidades dos clientes, a formação de empregados não é compatível com a organização atual da economia mundial; exige-se hoje um alto grau de empreendedorismo; as instituições de ensino estão distanciadas dos “sistemas de suporte”, as relações universidade-empresa ainda são incipientes no Brasil; o empreendedor deve comprometer-se com o meio ambiente e com a comunidade, desenvolvendo uma forte consciência social – a sala de aula é o lugar mais indicado para o debate desses temas; entre outras. Em complemento ao exposto acima, DOLABELA apud AIUB (2002) mostra no quadro a seguir, a relação entre o ensino tradicional e o ensino de empreendedorismo 27 27 Quadro 6 – Ensino Tradicional e Aprendizado Empreendedor Ensino Tradicional Aprendizado Empreendedor Ênfase no conteúdo Ênfase no processo: aprender a aprender Conduzido e dominado pelo instrutor Apropriação do aprendizado pelo participante Aquisição de informações corretas de uma vez por todas O que se sabe pode mudar Currículo e sessões programados Sessões flexíveis e voltadas a necessidades Objetivos do ensino impostos Objetivos da aprendizagem negociados Prioridade para o desempenho Prioridade para a auto-imagem geradora de desempenho Rejeição ao desenvolvimento de conjecturas e pensamento divergente Conjecturas e pensamento divergente como parte do processo criativo Ênfase no pensamentoanalítico e linear Envolvimento de todo o cérebro Conhecimento teórico e abstrato Conhecimento teórico Complementado por experimentos Resistência à influência da comunidade Encorajamento à influência da comunidade Educação encarada como necessidade social Educação vista como processo para a vida Ênfase no mundo exterior Experiência interior, sentimentos incorporado à ação Erros não aceitos Experiência interior, sentimentos incorporado à ação O conhecimento é o elo entre aluno e O professor Relacionamento humano entre professores e alunos é fundamental Fonte: DOLABELA apud AIUB (2002) Segundo FRIEDLAENDER (2004), a educação é um dos fatores primordiais para o desenvolvimento de um país. A transformação do modelo social só é propiciada através da educação, “uma vez que a difusão do novo paradigma produtivo requer boa educação em todos os níveis, ou seja, educar para a cidadania, oferecendo uma boa formação acadêmica, abrangente, multidisciplinar e generalista”. E complementa dizendo que a educação é o meio pelo qual uma nação inter-relaciona-se com outras e com suas economias eficientemente. 28 28 Uma das habilidades mais importantes dos empreendedores é aprender a aprender. Não podem estacionar no tempo, o domínio da informação para saber tomar uma decisão correta no momento certo depende única e exclusivamente da vontade incessante de saber, de conhecer. Para FRIEDLAENDER (2004), “deve-se educar para progredir e fornecer as ferramentas necessárias para a descoberta de novas habilidades, propiciando experiências que auxiliarão no desenvolvimento pessoal e profissional”. Considerando o mercado de trabalho atual, as empresas querem em seus quadros profissionais que dominem aquilo que se propõem a fazer e que também tenham um conhecimento holístico da empresa, que sejam flexíveis e que tragam novas idéias, que reciclem e implementem processos, tornando esta cada vez mais competitiva. E neste cenário, o papel das Universidades na formação de profissionais empreendedores é fundamental. 5.6 – O PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO 5.6.1 – ANÁLISE HISTÓRICA DA PROFISSÃO DE SECRETARIADO NO BRASIL O Secretariado no Brasil aparece com mais força no mercado de trabalho a partir da década de 50 com a chegada das multinacionais automobilísticas. A profissão até então é exercida por mulheres. De acordo com NATALENSE (1998), nos anos 50 as secretárias eram vistas como “salvadoras da pátria”, “braço direito” e suas atividades eram basicamente a datilografia, taquigrafia, arquivo de documentos e atendimento telefônico. Na década de 60 começam os treinamentos gerenciais e com ele iniciam-se as mudanças no perfil dos administradores e gerentes. A secretária torna-se um símbolo de status nas empresas brasileiras, o cartão de visita. Todo gerente possuía uma. Surgem, nesta época, alguns cursos voltados para o secretariado, que englobavam taquigrafia, português comercial e organização de arquivos, mas nada além disso. De acordo com SABINO e ROCHA (2004), em 1969 foi criado o primeiro curso de Bacharelado em Secretariado no Brasil, na Universidade Federal da Bahia, mas só foi reconhecido em 1998. 29 29 Nos anos 70, mudanças relevantes começam a acontecer na profissão. Alguns gerentes já enxergam a secretária como um membro ativo da equipe. Começam os treinamentos para secretária com foco no ambiente empresarial. Em 1978, na Universidade Federal de Pernambuco, surge o primeiro curso superior reconhecido no Brasil. A lei, número 6.556, que fez com que a profissão fosse reconhecida, também foi aprovada nesta época, em 05/09/1978. Nos anos 80, ocorrem profundas mudanças no Brasil. Os computadores são inseridos nas empresas e a secretária é uma das pioneiras na utilização deste recurso. A administração participativa é o foco nesta década. Secretária e gerente formam um time e começam a atuar em parceria. O movimento de classe se fortalece com o surgimento dos sindicatos de secretárias. Em 1985, a profissão foi regulamentada com a publicação da lei número 7.377 (ANEXO 1). Quatro anos após a publicação da lei n° 7377, o Código de ética da profissão foi publicado (ANEXO 2). N a década de 90 a imagem da secretária sem capacidade de decisão, cumpridora de ordens e cartão de visita da empresa é desfeita. Ela deixou de ser executora de pequenas tarefas e começou a enfrentar grandes desafios nas organizações. Começou a exercer funções criativas e os treinamentos passam a ter ênfase na gestão da qualidade, produtividade, marketing, trabalho em equipe, entre outros. Em 1996, a lei 9.261 (ANEXO 3), altera a lei 7.377 e ocorre a divisão entre técnico em secretariado e secretariado executivo. Com a globalização e todas as conseqüências por ela trazidas, o mercado passa a exigir profissionais com diferencial, empreendedores, arrojados, que não têm medo de mudanças e que se adaptem ao inesperado. Percebe-se hoje que a secretária é detentora de grande responsabilidade e formadora de opinião. 30 30 5.6.2 – O PERFIL ATUAL DO SECRETARIADO EXECUTIVO – EMPREENDEDOR Os secretários não deixaram de fazer suas atividades de rotina. Ainda atendem telefones, mantêm o arquivo organizado, organizam reuniões e cuidam da correspondência. Mas, com o passar do tempo, o perfil profissional foi sofrendo mudanças e se adequando às exigências do mercado. Este profissional passou a ser um assessor e não mais um simples executor de tarefas. MAEKER apud MICHELETTI (2005) diz que “o grande diferencial atual é oferecer algo a mais que o cliente espera; achar outras soluções para problemas antigos”. De acordo com LIMA apud CARVALHO (2002), (...) a secretária executiva é hoje uma assessora executiva e administradora de informações que auxilia o executivo na organização e processamento da informação. Possui prática das rotinas de escritórios, habilidade para assumir responsabilidades sem supervisão direta, iniciativa, autonomia para tomar decisões e solucionar problemas. Atualmente a profissional Secretária Executiva acompanha as mudanças, resistências, expectativas, programas de qualidade e humanização nas empresas. As exigências são cada vez maiores. MAEKER apud MICHELETTI (2005), diz que “sobreviver nas organizações dependerá da capacidade de se relacionar, vender idéias e impor respeito”. E complementa dizendo que “ninguém mais fala em dominar as técnicas de digitação e atendimento ao telefone. O que está em alta hoje são as competências intelectuais e comportamentais”. Para o secretariado executivo, além de ter o domínio de no mínimo dois idiomas, ter boas noções de informática, economia, política, cultura mundial, deve saber manter um bom relacionamento com os colegas de trabalho, saber trabalhar em equipe, ter criatividade, bom humor e saber lidar com o inesperado sem perder o controle. 31 31 Para ROCHINI (2006), Anexo 4, (...) a secretária precisa ser empreendedora, ou seja, ter a visão do negócio da sua área, empreender, buscar soluções, alternativas, contornar crises, suportar a área e seus executivos de modo que as coisas fluam e o mais importante, que benefícios e ganhos possam ser agregados ao processo como um todo. Para DOLABELA apud MICHELETTI (2005), tendo as secretárias um “leque muito grande de percepção, elas podem usar todo o conhecimento que têm na empresa para ir além, rompendo com o conceito tradicional de que a secretária é uma extensão do chefe”. E complementa,Já que ela não tem a carga de ter que tomar decisões que competem ao executivo, pode usar esse distanciamento crítico para pensar o que pode fazer a mais pela empresa. Como começar? - Perceber que ela é uma entidade diferente do chefe - Usar o seu potencial para inovar - Aprimorar-se e buscar uma formação diferente. É fundamental conhecer as estratégias empresariais e entender muito bem do business da empresa. O conceito do secretariado executivo mudou sobremaneira com o passar dos anos. A seguir, pode-se observar as principais características dos secretários de alguns anos atrás e os de hoje. 32 32 Quadro 7 – Secretárias de ontem e de hoje ONTEM HOJE ¾ Trabalha para pessoas ¾ Interage com chefes ¾ Trabalha isolada ¾ Evita riscos ¾ Direciona a sua ação para garantir o seu emprego ¾ Motivada por símbolos de poder ¾ Centralizadora ¾ Desculpa-se pelos erros ¾ Faz as coisas bem feitas ¾ Economiza os recursos ¾ Cumpre o seu dever ¾ Trabalha em função da sua pessoa e personalidade ¾ Trabalha para a empresa ¾ Interage com clientes, fornecedores, parceiros ¾ Trabalha em equipe ¾ Assume riscos moderados, investe ¾ Não tem medo de ser demitida ¾ Motivada por metas ¾ Cria alternativas para o trabalho em equipe, desenvolvendo pessoas ¾ Faz dos seus erros uma forma de aprendizado e segue em frente ¾ Faz as coisas certas nos momentos certos ¾ Maximiza a utilização dos recursos ¾ Obtém resultados ¾ Trabalha para alcançar objetivos, produzindo resultados e auto-realização Fonte: NATALENSE (1998) No contexto atual, ao secretariado executivo são fundamentais algumas características, como: saber tomar decisões, ser adaptável e flexível, ser criativo, ser discreto, ter capacidade de liderança, ser estável, deve gostar do que faz (deve ser apaixonado pelo seu trabalho), ser inovador, fazer diferente e agregar valor. 33 33 De acordo com ROCHINI (2006), anexo 4, Para esta reconfiguração, um novo perfil é automaticamente requerido, já que o isolamento da posição anteriormente designada da secretária deixa de existir sendo substituída por uma posição de “linha de frente”, de defesa, de gerenciamento de informações, de controle de prazos e atividades, de preparação de cenários e trato de informações para o corpo executivo. Empreender requer preparo, e especialmente nesta posição, tão próximo do ambiente decisório e de informações sigilosas e estratégicas para o negócio, requer um preparo especial. ROCHINI (2006), diz que algumas áreas de competências específicas devem ser trabalhadas visando um desenvolvimento sólido do empreendedorismo na função, pois o secretariado hoje, como dito anteriormente, agrega valor para a empresa e gera resultados. Essas competências são descritas abaixo. Figura 6 – Competências que devem ser desenvolvidas para o Secretariado Executivo Fonte: Adaptado de ROCHINI (2006) De acordo com o exposto acima, percebe-se uma mudança radical no perfil do secretariado executivo, desde os anos 50 até os dias atuais. Como tudo está em 34 34 constante transformação, acredita-se que este perfil ainda sofra muitas alterações. Temos hoje o secretariado como peça chave para o desenvolvimento da organização. Por isso o secretariado deve tentar, inventar, fazer diferente para fazer acontecer. 35 35 6 – ENTREVISTAS REALIZADAS COM EXECUTIVOS E SECRETÁRIAS EXECUTIVAS DA DAIMLERCHRYSLER DO BRASIL UNIDADE JUIZ DE FORA 6.1.OBJETIVOS DA ENTREVISTA Este trabalho tem como propósito geral diagnosticar o empreendedorismo na profissão de secretariado executivo, tendo como referência o contexto de uma empresa de grande porte. Os objetivos específicos do estudo são os de: 1. Mostrar o perfil do profissional de secretariado executivo no início da fábrica. 2. Mostrar o perfil atual do secretariado executivo e as exigências para este profissional. 3. Mostrar que o profissional de secretariado é e deve ser um profissional empreendedor. 4. Apresentar a visão dos executivos a respeito da profissão. 5. Mostrar que o profissional de secretariado pode assumir uma posição mais estratégica na empresa 36 36 6.2. PÚBLICO ALVO A pesquisa foi destinada às secretárias executivas efetivas da DaimlerChrysler do Brasil, unidade Juiz de Fora, num total de sete e a dois executivos. Das sete secretárias, apenas uma tem formação superior em secretariado, as demais são formadas em Administração de Empresas, Educação Física, por exemplo. Quatro responderam à entrevista, uma preferiu não opinar e duas não se encontravam na fábrica. Devido à impossibilidade de entrevista com todos os executivos da fábrica, optou-se por entrevistar dois executivos, os quais foram o Gerente de Recursos Humanos, por ser a área responsável pela análise do perfil, seleção e acompanhamento de pessoal e o Gerente de Logística e Compras, por já ter trabalhado com várias secretárias, tendo desta forma uma visão mais abrangente do secretariado, e por ser um dos executivos mais jovens da fábrica. 6.3. APLICAÇÃO DAS ENTREVISTAS As entrevistas foram realizadas na própria empresa no período de 25 de janeiro a 24 de fevereiro de 2006. 6.4. LIMITAÇÕES E CONSIDERAÇÕES As limitações da pesquisa identificadas pela autora foram: • Por se tratar de uma entrevista, optou-se por transcrevê-las na íntegra, no corpo do trabalho, para evitar a perda de informações relevantes para a pesquisa. • Por se tratar de uma pesquisa qualitativa ficou difícil transformar os dados em percentuais, pois não apresentaria todo o conteúdo das respostas. • Os entrevistados se mostraram abertos para a discussão do tema, sugerindo algumas ações para um melhor direcionamento dos cursos de secretariado e da profissão. 37 37 ENTREVISTA 1 - Gerência 1 – Para você, o que é o empreendedorismo? R: O empreendedorismo está ligado a uma série de vibrações estruturadas de forma harmoniosa na busca de excelência nos resultados. Devemos fazer do tempo um prazer de viver e não um martírio. 2 – Qual o perfil das secretárias no início da fábrica? R: No início da fábrica as secretárias eram mais executoras, hoje elas têm um posicionamento mais estratégico. Deixou de ser “a fera” para ser parceira na comunicação. 3 – Como esse perfil foi sendo mudado com o passar dos anos? Citar atividades que eram desenvolvidas pelas secretárias e que hoje não são mais. R: A 10, 15 anos atrás, cada supervisor era detentor de uma secretária. Com o aumento das facilidades trazidas pela tecnologia, o chefe passou a não precisar tanto da secretária como auxiliar, abrindo espaço para que ela desenvolvesse outras atividades. Cada vez mais tem-se nas estruturas menos secretárias e as que se tem, têm mais poder. 4 – Você acha que esse profissional é/deve ser empreendedor? Como? Qual a importância do empreendedorismo na profissão de secretariado? R: Sim. O profissional de secretariado não deve ter receio de propor mudanças, de ousar com inteligência, de compartilhar. A secretária assume um papel novo, o de visionária de antecipação de fatos, uma vez que ela tem uma visão sistêmica do todo; é umapessoa catalisadora de informações e que as trabalha e as transforma em resultados; é uma formadora de opiniões, transformadora de valores. O grande papel da secretária é o de fornecer à gestão informações sólidas, uma vez que trabalha na sinergia entre o líder e a equipe. 38 38 5 – Quais as competências e habilidades exigidas para este profissional hoje na empresa? R: Podemos dizer que o primeiro pilar de sustentação é o domínio de, no mínimo, dois idiomas, seguido de um sólido conhecimento em informática, equilíbrio emocional ligado a valores como ética, respeito, discrição, entre outros. 6 – Deseja acrescentar algum comentário? R: Existe uma frase do filósofo alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860) que diz “O atirador talentoso acerta o alvo que os outros não conseguem. O atirador genial acerta o alvo que os outros não vêem!”. O talento deve estar de mãos dadas com a criatividade, com o profissionalismo, com a ética e com o conhecimento científico e tecnológico. ENTREVISTA 2 - Secretariado Tempo no secretariado: 07 anos. 1 – Para você, o que é o empreendedorismo? R: O empreendedorismo acontece quando você tem a liberdade de poder criar novas metodologias, de melhorar a cada momento sua função dentro da empresa. 2 – Como você o vê dentro das organizações? R: No Brasil ainda como uma coisa muito restrita, difícil. Quando você chega com idéias para mudar uma estrutura que já está consolidada, tem-se uma certa dificuldade. Algumas empresas dão liberdade para o desenvolvimento do empreendedorismo, outras não dão a liberdade necessária. 39 39 3 – Como você vê a profissão de Secretariado frente ao mercado de trabalho atual, considerando que as exigências são maiores a cada dia? R: Uma função ainda não tão valorizada quanto deveria. O nível salarial ainda é muito baixo. Uma das poucas empresas que ainda mantêm a nomenclatura Secretária Executiva é a Daimler. 4 – Para você, quais as características essenciais para o profissional de Secretariado Executivo no atual mercado de trabalho? R: A principal característica, que vem da própria palavra secretariado – secreto. É uma função de muita confiança e discrição. O profissional precisa estar consciente de tudo o que se passa no mundo, deve sempre buscar informações nos meios de comunicação para agregar valor. Muitas Secretárias não sabem o porquê das coisas, estão ali só para atender ao telefone e pronto. A Secretária deve buscar informações todos os dias. 5 – Você já implementou alguma idéia ou modificou algum processo em sua área para o melhor desenvolvimento das atividades? R: Faço o controle dos custos, de telefonia, material de escritório, entre outros. Muitas pessoas acham que esse controle não tem muita importância, mas se ele não é feito, temos, no somatório, um gasto muito maior e que poderia ter sido reduzido. Me considero uma boa multiplicadora, já treinei várias pessoas que passaram aqui na área. 6 – Cite algumas atividades que você desenvolvia e que agora não desenvolve mais. R: Posso dizer que ainda sou uma secretária à moda antiga. Cuido tanto de assuntos particulares quanto de assuntos relacionados à área. A secretária é como um pára-raio da área, ela deve conhecer todo o processo para saber filtrar as informações e direcionar os assuntos. A secretária é o centro da área e deve estar em alerta com todos. Se existe um problema de família com um funcionário, ela deve saber; se existe um problema de integração em algum time, a secretária deve saber. Muitas vezes a secretária está mais em contato com a área do que o executivo, então ela deve ajudar na gestão. 40 40 7 – Você acha que o profissional de Secretariado é/pode ser empreendedor? Como? Qual a importância do empreendedorismo para a profissão de Secretariado Executivo? R: Sim. Ser empreendedor hoje é fundamental, não só para a profissão de secretariado, mas para todas as profissões. A Secretária faz parte do processo e deve estar disposta a dar idéias para agregar valor para a empresa. A Secretária é muito importante na Daimler, ela é o ponto de comunicação da área. 8 – Considerando o contexto educacional, você acha que as universidades estão preparadas para formar profissionais empreendedores? R: Não. A universidade prepara o aluno para trabalhar, mas não para ser empreendedor. Já tivemos estagiárias que davam idéias, sugeriam alguma melhoria, e outras que nem questionavam. O questionamento é muito importante para o desenvolvimento profissional. Os cursos hoje não são dinâmicos, são muito parados e a maioria não dá espaço para que o aluno dê idéias, opine sobre determinado assunto. 9 – Quais as principais diferenças entre as secretárias no início da fábrica e as de hoje? R: As secretárias sempre trabalharam com as áreas. Hoje a diferença é que eu atuo junto com o Diretor. Com o passar do tempo, as secretárias assumiram outras funções, como, controlo do Budget da área, controle da produção. No início da fábrica tínhamos 15 secretárias, hoje temos 8, contando com as estagiárias. No início eu assessorava 30/40 alemães, minha área tinha 600 pessoas, entrava às 06:00 e saía às 18:00 h. O volume de trabalho era muito grande. 11 – Deseja acrescentar algum comentário? R: Gosto muito da função de secretariado, é uma função dinâmica, desafiadora. Tenho um futuro objetivo que é o de ser assessora - organizar assuntos para determinada reunião, elaborar apresentações, etc. O networking é fundamental para o secretariado. Saber onde buscar a informação é o ponto chave para evitar delongas e concluir as 41 41 atividades num tempo ideal. Outro ponto fundamental para o secretariado é manter o bom humor, considero 50%, se você atende mal, isso repercurtirá em seu trabalho, no trabalho da área como um todo. Considero válida a mudança da nomenclatura de secretária, muito carregada de preconceitos, para assessora, que mostra o que é a secretária hoje. Suas responsabilidades vão muito além de atender ao telefone e manter a agenda do chefe organizada. ENTREVISTA 3 - Secretariado Tempo no secretariado: 03 anos. 1 – Para você, o que é o empreendedorismo? R: O empreendedorismo compreende se capacitar em outras atividades/funções, se expandir, abrir o leque. O empreendedorismo hoje se encaixa e é fundamental em qualquer função, devendo o profissional se aprimorar a todo momento. 2 – Como você o vê dentro das organizações? R: O profissional precisa ser empreendedor para sobreviver dentro das organizações. É fundamental não só para a empresa, mas para o crescimento da pessoa. Os profissionais devem ter flexibilidade em relação às mudanças. 3 – Como você vê a profissão de Secretariado frente ao mercado de trabalho atual, considerando que as exigências são maiores a cada dia? R: Hoje o secretariado trabalha mais com o lado comportamental do que com a técnica. O secretariado é o mediador entre a equipe e a chefia maior da área. Anteriormente, muitas secretárias não sabiam se relacionar, tinham o domínio da técnica, mas o relacionamento interpessoal era deficitário. O treinamento considerando a parte comportamental é fundamental para o secretariado hoje. 42 42 4 – Para você, quais as características essenciais para o profissional de Secretariado Executivo no atual mercado de trabalho? R: Primeiramente tem que ser uma pessoa comunicativa. Tem que saber ouvir e saber separar o que está entre a sua mesa e a chefia e a sua
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