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As sociedades capitalísticas

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. As sociedades capitalísticas — expressão sob a qual agrupo, ao lado das potências do Oeste e do Japão, os países ditos do socialismo real e as Novas Potências Industriais do Terceiro Mundo — fabricam hoje em dia, para colocá-las a seu serviço, três tipos de subjetividade: uma subjetividade serial correspondendo às classes salariais, uma outra à imensa massa dos "não-garantidos" e, enfim, uma subjetividade elitista correspondendo às camadas dirigentes. A acelerada midiatização do conjunto das sociedades tende assim a criar um hiato cada vez mais pronunciado entre essas diversas categorias de população
a visão fatalista das coisas me parece corresponder ao desconhecimento de vários fatores: a) as bruscas tomadas de consciência das massas, que continuam sempre possíveis; b) o desabamento progressivo do stalinismo e de seus avatares, o que dá lugar a outros Agenciamentos de transformação das lutas sociais; c) a evolução tecnológica da mídia, em particular sua miniaturização, a diminuição de seu custo, sua possível utilização para fins não capitalísticos; d) a recomposição dos processos de trabalho sobre os escombros dos sistemas de produção industriais do início do século, o que reclama uma crescente produção de subjetividade "criacionista", tanto no plano individual quanto no plano coletivo
É às primeiras formas de sociedade industrial que coube laminar e serializar a subjetividade das classes trabalhadoras. Hoje, a especialização internacional do trabalho exportou para o Terceiro Mundo os métodos de trabalho em série. Na era das revoluçõesinformáticas, do surgimento das biotecnologias, da criação acelerada, de novos materiais e de uma "maquinização" cada vez mais fina do tempo 16 , novas modalidades de subjetivação estão prestes a surgir.
As operações de reivindicação e de "familiarização" não têm o mesmo efeito quando se dirigem a um terreno de subjetividade coletiva devastada pela era industrial do século XIX e da primeira metade do século XX, ou quando se dirigem a terrenos onde foram mantidos certos traços arcaicos herdados da era pré- capitalista. Nesse sentido, o exemplo do Japão e da Itália parecem significativos, já que são países que conseguiram enxertar indústrias de ponta numa subjetividade coletiva que guarda vínculos com um passado às vezes muito recuado (remontando ao shinto-budismo no Japão e às épocas patriarcais na Itália.

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