Buscar

O ESTADO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

O ESTADO
INTRODUÇÃO
O trabalho consiste em conceituar o Estado para os pensadores que estudaremos nesse período cujo conteúdo está na obra Os Clássicos da Política, que são: Maquiavel, John Locke, Montesquieu, Rousseau, e o Federalista (que são obras conjuntas de três autores: James Madison, Alexandre Hamilton e Jonh Jay).
O Estado nação seria a realização mais completa para se manter a sociedade estável. Para uns pensadores que estudamos vimos que, estando o homem no estado de natureza e nesse estado todas as pessoas podem tudo e o fazem gera um estado de guerra. Diferentemente de Rousseau e Locke que falam que os homens naturalmente são bons. O Estado seria a única forma de organização político econômico, e com autonomia soberana.
Alguns defendiam uma soberania liberal, com participação do povo, já para os outros essa soberania tinha que ser absoluta através de um governante que pode ser um homem ou assembléia de homens, onde o povo não participa diretamente. Para Maquiavel e Hobbes o povo tem que obedecer ao poder soberano, através de um principado (para Maquiavel), ou por um governo soberano onde o povo e o governo formam uma pessoa só para Hobbes..
Para Maquiavel o Estado tem que ser real, ou seja, é preciso ver e examinar a realidade do jeito que ela é e não como gostaríamos que fosse. Maquiavel acredita também que o Estado precisa passar por ciclos de estabilidades e caos, mas a ordem precisa imperar.
Ela deve ser construída pelos homens para se evitar o estado de guerra, mas ela não será definitiva. A ordem é necessária para a política, mas é através da desordem que a sociedade dá um passo à frente. No Estado após alcançar a ordem, a própria ameaça de desordem é muito importante para o seu crescimento.
O poder ao suportar a idéia da incerteza, da possibilidade de que nada é estável, faz com que os políticos se constituam e sejam regidos por mecanismos diferentes dos que direcionam a vida privada.O poder político nasce da sua malignidade, que é próprio da natureza dos homens, assim sendo, o poder absoluto é a única possibilidade de enfrentar os conflitos. Uma vez alcançado a ordem, por causa das paixões humanas a perversidade volta à tona, mesmo que tenha permanecido a paz por algum tempo .
Para Hobbes o Estado e/ou sociedade se dá através de um contrato que assim estabeleciam as regras de convívio social e de subordinação política, sem isso os homens viveriam naturalmente sem poder e sem organização. Falaremos um pouco do homem para podermos explicar porque o Estado será nascido ou firmado.
Para Locke o Estado surge para proteger o direito à propriedade dos cidadãos, ou seja, direito à liberdade, vida e bens. Os homens se unem formando um corpo político único, com leis, juízes e a força concentrada na comunidade.
Rousseau, o grande pensador atribulado que sonhava com a igualdade. A sua filosofia é exercida na crítica moral e política, ele idealiza uma reforma social na qual o homem/cidadão participa intensamente em todas as fases do Estado. Sendo capaz de comparar o corpo humano (povo) com o corpo político que é formado por órgãos (governo, soberania e leis), estes dependentes uns do outros e cada membro como parte indivisível do todo como os órgãos do corpo humano. Segundo Rousseau, os homens para se conservarem e se protegerem se unem e formam um conjunto de forças com o único objetivo de conservar a liberdade e a igualdade. São obrigados a obedecer as potências legítimas. O Estado existe para o bem comum e a vontade geral deve dirigí-los para esse fim e o corpo político é formado pelo Estado quando passivo e pelo Soberano quando ativo.
Para Montesquieu não existia exatamente um governo ideal que servisse em qualquer povo, em qualquer época. Em "O Espírito das Leis" afirmava que cada país tinha um tipo de instituição política de acordo com seu progresso econômico social. Os fatores geográficos e climáticos influenciavam na forma de governo: para os grandes países o Despotismo; para os médios a Monarquia Constitucional; para os pequenos a República. Sua contribuição mais conhecida foi a "Doutrina dos Três Poderes" ou seja, a divisão governamental em três setores fundamentais: o executivo, o legislativo e o judiciário.
Para os autores Federalistas.o estado é criado segundo princípios iluministas e se identifica principalmente com as teorias de Locke e Montesquieu. Com Locke compartilham a idéia de garantir a liberdade dos cidadãos por meio de um poder público onde os cidadãos exercerão seus direitos. Com Montesquieu, compartilham a idéia na separação dos poderes como base para um estado moderno e democrático.
O ESTADO PARA MAQUIAVEL
[...] Pois em todas as cidades há estas duas conotações diferentes e disso nasce que o povo não quer ser comandado, nem oprimido pelos nobres e os nobres querem comandar e oprimir o povo [...]
( O príncipe. Cap.IX, p.49)
A anarquia decorrente da natureza humana e do confronto entre os grupos sociais é solucionado para Maquiavel através do Principado e a República. O príncipe seria o fundador do Estado, estando este, ameaçado de decomposição, ele se torna o agente de transição neste momento e assim após a sociedade encontrar o equilíbrio, o poder político cumpriu sua missão e está preparado para a República. Explicamos assim porque os conflitos são fontes de vigor, sinal de uma cidadania ativa e por isso é desejada.
[...] Um príncipe prudente não pode nem deve manter a palavra dada, quando lhe for prejudicial e as razões que o fizeram dar a palavra não mais existirem. Se todos os homens fossem bons, este preceito não seria bom, mas como são malvados e não manteriam para ti, tu, também não deves mantê-los para eles[...]
(O príncipe. Cap. XVIII p.88)
O poder que nasce da natureza humana não se trata mais da violência, da força bruta, agora é tido através da sabedoria que deve manter o domínio adquirido, o respeito dos governados.O governante para permanecer no poder deverá ser virtuoso, e criar boas instituições que facilitem o domínio. O príncipe que deseje se manter no poder deve ser sábio e se guiar pela necessidade, aprender os meios de não ser bom e fazer uso ou não desses meios, conforme a necessidade, segundo as circunstâncias. Ele deve tentar ser bom, mas se as circunstâncias necessite que ele não o seja, ele deve enfrentar a situação sendo cruel se for preciso.
[...] O príncipe deve tomar muito cuidado para que não lhe saia da boca uma palavra que não esteja imbuída das cinco qualidades, citadas. Deve parecer vendo-o e ouvindo-o repleto de clemência, de lealdade, de integridade, de humanidade, de religião[...]
(O Príncipe Cap.XVIII, p.89)
O príncipe precisa escolher as palavras que por ele serão ditas, apesar dele ter que agir de acordo com as circunstâncias, que por algum motivo tenha que ser mau, ele deve sempre mostrar através do que faz e do que fala, que é fiel, humano, religioso. Acima de tudo ele precisa ser virtuoso, possuir a qualidade de ter "virtú" como cita Maquiavel.
[...] Assim um príncipe deve conquistar e manter um Estado. Os meios serão sempre considerados honrados e por todos louvados. [...]
(O Príncipe cap.XVIII, p. 90.)
O Príncipe apesar de ter que tomar atitudes duras e muitas vezes cruéis diante de uma situação que assim peça, é necessário que mostre aos seus súditos que foi preciso fazê-las pelo bem da sociedade, para manter a ordem, a paz e o equilíbrio, assim o fazendo com atitude (virtude) todos os súditos reconhecerão e valorizarão.
Para Maquiavel os homens precisam ser estudados através da "verdade efetiva" das coisas, ou seja os homens são seres que não reconhecem, nem retribuem o benefício recebido, são inconstantes e mudam de opinião com facilidade e desejam com paixão o lucro, sendo assim o conflito vai sempre permanecer, fato que tem a sua importância para o crescimento da sociedade e para isso é preciso ter ordem, mas quando a instituição ficar defeituosa, o que provavelmente ocorrerá sem um poder absoluto, nesse caso, é indispensável recorrer a violência e com armas, assim é necessário um reformador,senhor absoluto do Estado, que faça necessário uma ordem a instaurar, que sucede a desordem e após pede uma nova ordem. A sociedade assim é composta por duas forças opostas: uma que quer dominar e a outra que não quer ser dominada. Sendo necessário a intervenção de um governante, que saiba manter o domínio e o respeito dos governados, sendo bom, mas quando necessário não o sendo, com a sabedoria de agir conforme as circunstâncias.
Desta forma ele fala que os meios devem se adequar aos fins. O príncipe tendo poder soberano prepara o Estado para formar a República que visará o bem maior do Estado que já se encontra organizado e em paz.
O ESTADO PARA HOBBES
[...] Os desejos e outras paixões do homem não são em si mesmo um pecado. Nem tampouco o são as ações que derivam dessas paixões, até ao momento em que se tome conhecimento de uma lei que as proíba; o que será impossível até ao momento em que sejam feitas as leis; e nenhuma lei pode ser feita antes de ser determinado qual a pessoa que deverá fazê-la. [...]
(HOBBES. Ibidem, cap.XIII, p.76).
Tudo é de direito para todos, mas é preciso ter limites para que se dê uma convivência pacífica quando todos querem e podem tudo, porém, esse limite só poderá ser efetivado através das leis, a lei só existirá se houver quem a faça, e essa pessoa determinada para fazê-la precisa estar bem preparada. O Estado é uma organização da sociedade e passa a ser dono de sua liberdade assim como das propriedades. Para não se chegar a uma situação descontrolada, todos devem autorizar qualquer ato e/ou decisão tomadas pelo Estado como se fossem tomadas por ele próprio, com o objetivo de viver em paz e serem protegidos das outras pessoas, terem segurança. O poder do Estado tem que ser absoluto.
 
[...] E os pactos sem a espada não passam de palavras, sem força para dar qualquer segurança a ninguém. Portanto, apesar das leis de natureza ( que cada um respeita quando tem vontade de respeitá-las e quando pode fazê-lo com segurança), se não for instituído um poder suficientemente grande para nossa segurança, cada um confiará, e poderá legitimamente confiar apenas em sua própria força e capacidade, como proteção contra todos os outros [...]
(HOBBES. Ibidem, Cap.XVI p.103.)
Faz-se necessário a criação do estado e este tem que ser pleno, tem que ter um poder soberano, capaz de proteger a ordem e a segurança do povo.
[...] designar um homem ou uma assembléia de homens, como representante de suas pessoas, considerando e reconhecendo cada um como autor de todos os atos que aquele que representa sua pessoa para praticar ou levar a praticar, em tudo que disser a respeito à paz e segurança comuns; Todos submetendo assim suas vontades à vontade do representante, e suas decisões a sua decisão. Isto é mais do que consentimento ou concórdia é uma verdadeira unidade de todos, ele numa só e mesma pessoa realizada por um pacto de cada homem com todos os homens, de um modo como se cada homem dissesse a cada homem: Cedo e transfiro meu direito de governar a mim mesmo a este homem, ou a esta assembléia de homens, com a mesma condição de transferires a ele teu direito, autorizando de maneira semelhante todas as suas ações. Feito isso a multidão assina unida numa só pessoa que se chama Estado, em latim civitas.[...]
(HOBBES. Ibidem cap.XVII p.105-6.)
A criação do Estado é a única maneira de defender o povo para que possam viver, se sustentar, e viver satisfeito, para isso é preciso conceder, a força e o poder do povo, a um único homem, ou assembléia de homens. O povo e o Estado passam a ser uma só pessoa, que agora precise assegurar a paz e a defesa de todos.
[...] Diz-se que um Estado foi instituído quando uma multidão de homens concordam e pactuam, cada um com cada um dos outros, que a qualquer homem e assembléia de homens a quem seja atribuído pela maioria o direito de representar a pessoa de todos eles( ou seja, de ser seu representante), todos sem exceção, tanto os que votaram a favor dele como os que votaram contra deverão autorizar todos os atos e decisões. [...]
(HOBBES. Ibidem, Cap.XVIII p.107-9)
Agora que foi eleito pelo povo e a maioria de acordo, após a confirmação, todos, sem exceção, até os que não votaram nesse governante deverá obedecê-lo.
[...] torna-se evidente que todo súdito tem liberdade em todas aquelas coisas cujo direito não pode ser transferido por um pacto[...]
[...] Se o soberano ordenar a alguém (mesmo que justamente condenado) que se mate, se fira ou se mutile a si mesmo, ou que não resista aos atos que o atacarem, ou que se abstenha de usar alimentos, o ar, os medicamentos, ou qualquer outra coisa sem a qual não poderá viver, esse alguém tem a liberdade de desobedecer[...]
(HOBBES. I bidem, Cap. XXI, p132-4)
Para a preservação da própria vida, o súdito tem direito de liberdade a desobediência, pois o mais importante é a sua própria vida e ele tem direito de preservá-la. O Estado Hobbesiano governa pelo temor que impõe aos seus súditos, mas não poderá ordenar nada contra a sua própria pessoa.
[...] em qualquer forma de governo é de pouca monta quando comparada com as misérias e horríveis calamidades que acompanham a guerra civil, ou aquela condição dissoluta de homens sem senhor, sem sujeição às leis e a um poder coercitivo capaz de atar suas mãos, impedindo a rapina e a vingança [...]
(HOBBES. Ibidem, cap. XXI, p. 132-4)
O soberano governa pelo temor, mas o temor maior está na falta do Estado, quando os homens, anterior a ele, vivem no pavor de que o suposto amigo o mate. O poder soberano apenas mantêm temerosos os seus súditos que já conhecem as linhas do contrato e deve seguí-las para não cair na ira do seu governante. O poder dele é ilimitado, mas entrar para o Estado não é só temer e perder os seus direitos, a sua propriedade e a sua liberdade, é também ter a esperança de ter uma vida melhor, mais confortável e mais segura.
[...] ‘Suprimi as leis civis e ninguém mais saberá o que é seu e o que é dos outros" [...]
[...] Dado que o soberano quer dizer o Estado (cuja pessoa ele representa), se entende que nada faz que não seja em vista da paz e segurança comuns, essa distribuição das terras deve ser entendida como realizada em vista do mesmo [...]
[...] Compete ao soberano a distribuição das terras do país, assim como a decisão sobre em que lugares, e com que mercadorias, os súditos estão autorizados a manter tráfico com o estrangeiro [...]
[...] Compete portanto ao Estado, isto é ao soberano, determinar de que maneira devem fazer-se entre os súditos todas as espécies de contrato (de compra, venda, troca, empréstimo, arrendamento), e mediante que palavras e sinais esses contratos devem ser considerados válidos [...]
(HOBBES. Ibidem, Cap. XXIV, p.150-3. )
O soberano e/ou Estado visa apenas o bem, a paz e a segurança comuns, assim ele é quem decide a distribuição das terras e o seu comércio, e o fará melhor que todos, pois pensa na sociedade como um todo e não individualmente, com isso ele decide tudo o que estiver relacionado a esses bens.
O ESTADO PARA LOCKE
[...] Concedo de bom grado que o governo civil é o remédio para os inconvenientes do Estado de natureza[...]
(LOCKE. Os Clássicos da Política p. 91)
Se faz necessário a criação do Estado, porque não o tendo os homens vivem em estado de natureza, e nesse estado os homens vivem ou em guerra, ou desconfiando uns dos outros, e todos querem o melhor para si, então é necessário que o governo controle-os através das leis, mantendo assim paz, harmonia e segurança.
[...] é razão decisiva para que homens se reúnam em sociedade deixando o estado de natureza; onde há autoridade, poder na Terra do qual é possível conseguir amparo mediante apelo, exclui-se a continuidade do estado de guerra, decidindo-se a controvérsia por aquele poder[...]
( LOCKE. Os Clássicos da Política. p.92)
Os homens para evitar a guerra se reúnem socialmente e criam normas e leis. Através delas o Estado tem o poder de ordenar que acabe com os conflitos e têm o objetivo de manter além da paz e da ordem social, a segurançadaquilo que é seu: a propriedade.
[...] Os que estão unidos em um corpo, tendo lei comum estabelecida e judicatura para a qual apelar, com autoridade para decidir controvérsias e punir os ofensores, estão em sociedade civil uns com os outros[...]
( LOCKE. Os Clássicos da Política p.96)
A sociedade civil se dá quando os homens juntos decidem através de uma fusão entre eles, sobre quais são as leis aplicadas em cada caso e qual judicatura apelar em caso de decisão em divergências, e punição para os ofensores.
[...] E por essa maneira a comunidade consegue, por meio de um poder julgador, estabelecer que castigos cabe às várias transgressões quando cometidas entre os membros dessa sociedade – que é o poder de fazer leis – bem como possuir o poder de castigar qualquer dano praticado contra qualquer dos membros por alguém que não pertença a ela[...] [...]E daqui deparamos com origem dos poderes legislativos e executivo da sociedade[...]
(LOCKE. Os Clássicos da Política p. 96)
Com a criação dos poderes legislativos e executivos a sociedade pode assim criar leis (legislativo), e punir (executivo) os membros que transgridem essas leis, também poderá usa-las para qualquer pessoa, mesmo que não seja membro dessa comunidade, se o mesmo atentar contra a paz e a conservação da propriedade.
[... ] A maneira única em virtude da qual uma pessoa qualquer renuncia à liberdade natural se reveste de laços da sociedade civil consiste em concordar com outras pessoas em juntar-se e unir-se em comunidade para viverem com segurança, conforto e paz umas com as outras, gozando garantidamente das propriedades que tiverem e desfrutando de maior proteção contra quem quer que não faça parte dela[...]
(LOCKE. Os Clássicos da Política p. 97)
O homem só deve abrir mão de liberdade, e entrar para a sociedade passando a concordar com as outras pessoas em unirem-se para a segurança de todos, garantindo assim o direito de desfrutarem de suas propriedades, assim como evitar que outros atentem contra a sua comunidade, a qual passa a pertencer.
[...] exercê-lo um só individuo, escolhido para isso entre eles e mediante as regras que a comunidade – ou os que com tal propósito forem por ela autorizados – concorde em estabelecer. E nisso se contém o direito original dos poderes legislativo e executivo, bem como dos governos e das sociedades.[...]
[...] E assim sendo, quem tiver o poder legislativo ou o poder supremo de qualquer comunidade obriga-se a governá-la mediante leis estabelecidas, promulgadas e conhecidas pelo povo[...]
(LOCKE. Os Clássicos da Política p.99)
A partir de agora o poder legislativo é considerado o maior poder, é obrigado a governar o Estado através das leis criadas, publicadas oficialmente e conhecidas ou divulgadas pelo povo, através apenas de apenas um homem (ou assembléia de homens) que fosse escolhido pelo povo, e este também vai executar as leis.
[...] uma vez que a maioria, conforme mostramos, a partir da primeira união dos homens em sociedade, detém todo o poder da comunidade naturalmente em si, pode empregá-lo de tempos em tempos para fazer leis destinadas à comunidade e que se executam por meio de funcionários que ela própria nomeia[..]
(LOCKE. Os Clássicos da Política p.100)
A partir de então o povo elege seus representantes (funcionários do governo) que são legalmente reconhecidos pelo mesmo.Através de eleições e tendo sempre que renova-las, de acordo com as mudanças e renovações.
[...] ...o grande objetivo do ingresso dos homens em sociedade é a fruição da sociedade em paz e segurança, e que o grande instrumento e meio disto são as leis estabelecidas nessa sociedade.[...]
(LOCKE. Os Clássicos da Política. p.100)
As leis são estabelecidas para que os homens desfrutem com prazer da propriedade, tenham segurança e fiquem em paz, é para isso que se faz necessário a criação da sociedade.
[...]. .têm de governar por meio de leis estabelecidas e promulgadas, que não poderão variar em casos particulares, instituindo a mesma regra para ricos e pobres, para favoritos na corte ou camponeses no arado.[...]
(LOCKE, OS Clássicos da política, p.101)
As regras estabelecidas e publicadas pelo governo têm que ser iguais para todos independente da condição social e econômica dos homens, ou favoritos, não havendo assim nenhuma exceção.
[...] agindo no sentido da preservação da comunidade – somente possa existir um poder supremo, que é o legislativo, ao qual tudo mais deve ficar subordinado[..]
( LOCKE. Os Clássicos da Política p.102-103)
O legislativo será o poder mais importante e todos os outros deverão a ele ser subordinado, por isso, é de grande importância que tenham o povo bastante consciência em quem irá eleger para a feitura dessas leis, pois as mesmas terão que ser obedecidas rigorosamente.
O ESTADO PARA ROUSSEAU
[...] os mais poderosos ou os mais miseráveis, fazendo de suas forças ou de suas necessidades uma espécie de direito ao bem alheio, equivalente, segundo eles, ao de propriedade, a igualdade rompida foi seguida da mesma indigna desordem; assim as usurpações dos ricos, as paixões desenfreadas de todos, abafando a piedade natural e a voz ainda fraca da justiça, tornando os homens avaros, ambiciosos e maus.[...]
(ROUSSEAU. Os Clássicos da Política p. 211)
O homem começa a sentir a necessidade de proteção, de uma ordem social, ele vive em eterno conflito, gerando sempre guerras e mortes. Enfim os que possuíam mais bens, os mais ricos, resolveram fazer um pacto, fazendo de seus adversários em seus parceiros, convencendo-os de se unirem para combater a opressão dos mais fracos e a ambição dos mais fortes. Disso se originou a sociedade e as leis.
[...] Tal foi ou teve de ser a origem da sociedade e das leis, que propiciaram novos entraves ao fraco e novas forças ao rico, destruíram irremediavelmente a liberdade natural, fixaram para sempre a lei da propriedade e da desigualdade, fizeram de uma hábil usurpação um direito irrevogável e que, para o proveito de alguns ambiciosos, daí em diante sujeitaram todo o gênero humano ao trabalho, à servidão e á miséria.[...]
(ROUSSEAU. Os Clássicos da Política p. 213)
Era preciso renunciar a liberdade natural e se contentar com a liberdade moral e civil que os protegia e os fazia senhores de si. A lei deve ser igual para todos e ninguém deve se por acima dela. "A liberdade é boa e nutre os fortes, mas abate os fracos".
Era preciso ceder a força. A desigualdade nasce com a força, que a transforma em direito. Era necessária a obediência as forças legítimas. Rousseau vê no pacto social/contrato social a solução para o bem comum, a proteção dos bens e do indivíduo.
Era preciso formar uma "associação", uma força comum, um "corpo moral e coletivo", em que todos unidos continuariam livres quanto antes.
[...] cada um ao se dar a todos, não se dá a ninguém e, não existindo um associado sobre o qual não se adquira o mesmo direito que se lhe cede sobre si mesmo, ganha-se o equivalente de tudo que se perde e mais força para conservar o que se tem.[...]
(ROUSSEAU. Os Clássicos da Política p. 220)
[...] Imediatamente, esse ato de associação produz, em lugar da pessoa particular de cada contratante, um corpo moral e coletivo, composto de tantos membros quantos são os votos da assembléia, e que, por esse mesmo ato, ganha sua unidade, seu eu comum, sua vida e sua vontade. Essa pessoa pública, que se forma, desse modo, pela união de todas as outras, tomava antigamente o nome de cidade e, hoje, o de república ou de corpo político, o qual é chamado por seus membros de Estado quando passivo, soberano quando ativo, e potência quando comparado a seus semelhantes. Quanto aos associados, recebem eles, coletivamente, o nome de povo e se chamam, em particular, cidadãos, enquanto partícipes da autoridade soberana, e súditos, enquanto submetidos às leis do Estado. [...]
(ROUSSEAU. Os Clássicos da Política p. 220 - 221).
O Estado era este conjunto de membros que formava todo o corpo político e o corpo social, onde trabalhando para outros trabalhava para si mesmo. Os indivíduostêm suas vontades próprias, mas também existe a vontade geral. Cada homem é legislador e sujeito, obedecendo a leis que lhe são favoráveis. O tratado social tem por finalidade conservar os contratantes.
A República é todo Estado regido de leis, mesmo a Monarquia pode ser República. O povo submetido às leis deve ser o autor delas. Um legislador deve fazer as leis de acordo com o povo. As leis que determinam e colocam o povo em pé de igualdade e liberdade, pois mesmo sendo um submisso à lei ele está se libertando e se protegendo.
Rousseau fala do Governo que é o corpo intermediário entre o súdito e o soberano. É uma administração suprema em que o príncipe exerce o poder executivo. O Governo é como um funcionário do Soberano.
[...] A força pública necessita de um agente próprio que a reúna e a ponha em ação segundo as diretrizes da vontade geral, que sirva à comunicação entre o Estado e o soberano, que de algum modo determine na pessoa pública o que no homem faz a união da alma com o corpo. Eis qual é no Estado, a razão do governo, confundia erroneamente com o soberano, do qual não é senão o ministro.[...]
[...] O governo recebe do soberano as ordens que dá ao povo e, para o que Estado permaneça em bom equilíbrio, é preciso que, tudo compensado, haja igualdade entre o produto ou o poder do governo tomado em si mesmo, e o produto ou a potência dos cidadãos, que de um lado são soberanos e de outro, súditos.[...]
(ROUSSEAU. Os Clássicos da Política p. 231).
O ato que institui o governo não é o contrato, mas uma lei, os que estão no poder executivo não são senhores, mas funcionários do povo. O governo deve estar de acordo com a vontade geral, e ela é indestrutível. O Estado é responsável pela força da vontade geral. O contrato social aponta o povo como origem legítima do governo.
Rousseau analisa três formas de governo: Na Democracia os cidadãos exercem o magistrado. Na Aristocracia existe mais cidadão comum que magistrados e na Monarquia, há apenas um magistrado.
A vontade geral e o interesse comum também são um ato de Soberania e por isso é lei e que deve ser obedecido sendo um compromisso recíproco entre todos.
O Soberano é a pessoa pública e a pessoa moral, é o Estado Ativo, que surge depois do contrato social, ele é como o porta voz de toda a vontade do povo. A soberania é indivisível e inalienável, pois não pode nunca agir em interesse próprio ou para alguns.
[...] a soberania, por ser apenas o exercício da vontade geral, não pode jamais se alienar, e que o Soberano que não é senão um ser coletivo, só pode ser representado por si mesmo. O poder pode ser transmitido, mas não à vontade.[...]
(ROUSSEAU. Os Clássicos da Política p. 226).
O Soberano é o responsável pelo bom funcionamento do corpo político. A vontade do Soberano tem que ser a mesma de todo o povo.
[...] a pessoa moral que constitui o Estado com um ente de razão, porquanto não é um homem, ele desfrutará dos direitos do cidadão sem querer desempenhar os deveres do súdito.[...]
(ROUSSEAU. Os Clássicos da Política p. 222).
[...] Não tendo, o Soberano, outra força além do poder legislativo, só age por meio de leis, e não sendo estas senão atos autênticos da vontade geral, o Soberano só poderia agir quando o povo estivesse reunido.[...]
(ROUSSEAU. Os Clássicos da Política p. 234).
A vontade do povo nunca erra, salvo em caso de perversão. No Livro II em que Rousseau disserta sobre a Soberania, ele aponta os limites deste poder e as convenções que o Soberano é obrigado a obedecer para viver em sociedades, mas estas convenções devem representar a vontade geral ou o que é útil para todos e ajudar a conservar a vida e a produzir.
O Estado vive e age pela lei. Ela é necessária para o controle do Estado e ela é a força deste Estado. As leis políticas são as que governam um povo e elas são fundamentais para Rousseau.
O pensador completa que "o povo é sempre soberano para mudar as suas leis e que só a força do Estado faz a liberdade de seus membros." E é desta força que nascem as leis civis.
A verdadeira lei para Rousseau é aquela que forma a Constituição do Estado.
[...] é ela que conserva no povo o espírito de sua instituição e insensivelmente substitui a força da autoridade pela do hábito.
(ROUSSEAU. Os Clássicos da Política p. 229)
E esta poderosa lei é que traz o equilíbrio para o Estado e que controla os atos do Soberano. E ela que conservará por mais ou menos tempo um certo Estado, dando-lhe mais solidez e equilíbrio ou até mesmo transformando o Estado em uma anarquia.
Mas depende de todo o corpo político para a sua eficácia. E como diz Rousseau:
[...] O princípio da vida política reside na autoridade soberana. O poder legislativo é o coração do Estado; o poder executivo é o cérebro que dá movimento a todas as partes".[...]
(ROUSSEAU. Os Clássicos da Política p. 233).
Então podemos concluir que o Estado é como o corpo humano (povo), dividido em órgãos (soberano, governo e leis), os quais são interdependentes, se há ruptura de um prejudica todo o corpo. E um órgão não pode desempenhar um papel a mais ou mesmo está em funcionamento mais acelerado que o outro, pois pode degenerar todo o corpo deixando-o doente.
O ESTADO PARA MONTESQUIEU
[...] Elas devem ser relativas ao físico do país; ao clima frio, quente ou temperado; à qualidade do terreno, à sua situação e à sua grandeza; ao gênero de vida dos povos, trabalhadores, caçadores ou pastores; elas devem se relacionar ao grau de liberdade que a constituição pode sofrer; à religião de seus habitantes, às suas inclinações, riquezas, número, comércio, costumes, maneiras. Elas têm, enfim, relações entre si; têm relações com sua origem, com o objetivo do legislador, com a ordem das coisas sobre as quais são estabelecidas. É em todos estes pontos de vista que precisamos considerá-las. [...]
(MONTESQUIEU. Os Clássicos da Política, Cap. III – Das Leis Positivas p. 126)
Busca analisar o homem em sociedade. O corpo político e as leis governam os homens, mas muitas outras coisas: O clima, a religião, os costumes, os exemplos das coisas passadas etc., o espírito geral de uma sociedade.
[...] Há três espécies de governo: o republicano, o monárquico e o despótico. [...] Suponho três definições ou, antes três fatores: um, que o governo republicano é aquele em que todo o povo, ou apenas uma parte do povo, tem o poder soberano; o monárquico, aquele em que uma só pessoa governa, mas por meio de leis fixas e estabelecidas; enquanto no despótico, uma só pessoa, sem lei e sem regra, tudo conduz, por sua vontade e por seus caprichos. [...]
(MONTESQUIEU. Os Clássicos da Política, Livro II, Cap. I – Da Natureza dos Três diversos Governos – p. 127)
Estas definições mostram que a natureza de um governo não depende apenas do número dos que detém a força soberana, mas também da maneira como esta é exercida. Monarquia e despotismo são ambos regimes que comportam um só detentor da soberania, mas no caso do governo monárquico o detentor único governa segundo leis fixas e estabelecidas, enquanto no despotismo governa sem leis e sem regras.
[...] Quando, na república, o povo detém o poder soberano, isso é uma democracia [...]
[...] O povo, na democracia, é, sob certos aspectos, o monarca; sob outros, é o súdito.
Não pode ser monarca senão por meio de seus sufrágios que constituem suas vontades.[...]
[...] As leis que estabelecem o direito de sufrágio são, portanto, fundamentais nesse governo. [...]
(MONTESQUEIEU. Os Clássicos da Política – Livro II, Cap. II p.127)
Sendo a república democrática, nota-se que a sua natureza é o povo, mandante e mandado, e que seu fundamento encontra-se nas leis que estabeleceram o direito de sufrágio (voto). O povo é apto para escolher e examinar a gestão de quem escolheu para governar, mas não é apto para administrar a si mesmo, porque ou age demais ou age muito pouco, sem um critério coerente.
[...] Quando o poder soberano está nas mãos de uma parte do povo, isto se chama aristocracia [...]
(MONTESQUIEU. Os Clássicos da Política – Livro II p. 127)
Na repúblicaaristocrática, o poder está nas mãos de um certo número de pessoas e quanto maior esse número, maior a sua semelhança com a democracia.
[...] A diferença que existe entre a natureza do governo e seu princípio é que sua natureza é aquilo que o faz atuar. Aquela é sua estrutura particular, esta, as paixões humanas que o põe em movimento. [...]
(MONTESQUIEU. Os Clássicos da Política – Livro III, Cap. I , p. 136)
A natureza é aquilo que faz um governo ser o que é, determinado pela quantidade daqueles que detêm a soberania. Princípio o que põe esse governo em movimento constituído pelas paixões e necessidades dos homens.
[...] Nas monarquias, a política faz com que se produzam as grandes coisas com a mínima virtude possível; [...]
[...] O Estado subsiste independentemente do amor pela pátria, do desejo de verdadeira glória, da renúncia a si mesmo, do sacrifício de seus mais caros interesses, de todas essas virtudes heróicas que encontramos nos antigos, e de que apenas ouvimos falar. [...]
(MONTESQUIEU. Os Clássicos da Política. Livro III – Cap. V, p. 139)
O governo monárquico supõe, como dissemos, preeminências e distinções; por isso mesmo ela tem lugar nesse governo.
[...] A ambição é perniciosa numa república. Ela tem bons resultados na monarquia; dá vida a este governo; e tem-se a vantagem de que ela não é perigosa, porque pode ser reprimida incessantemente. [...]
(MONTESQUIEU. Os Clássicos da Política. Cap. VI p. 141)
Um Estado só é propício quando os homens querem o bem da coletividade, ou, uma vez que é impossível que os homens queiram o bem da coletividade, um bom regime é aquele em que os vícios dos homens conspiram para o bem de todos. Há uma desvalorização da honra à verdadeira virtude política, a dos antigos e das repúblicas, mas há também uma valorização da honra enquanto princípios de relações sociais e proteção do estado contra o mal supremo, o despotismo. Os governos republicano e monárquico se diferem, porque um se fundamenta na igualdade e na virtude política dos cidadãos e o outro na desigualdade e num substituto da virtude, que é a honra.
Os dois regimes são moderados, neles ninguém comanda de maneira arbitrária e à margem das leis.
[...] Faz parte da natureza, de uma república possuir apenas um pequeno território, sem o que sua subsistência é impossível. [...]
(MONTESUQUIEU. Do Espírito das Leis. Livro III, Cap. XVI, p. 158)
[...] Um Estado Monárquico deve ter um tamanho mediano. Se fosse pequeno, assumiria a forma de uma república. Se fosse muito extenso, os principais do Estado, por si mesmos grandes não estando sujeitos ao olhar do príncipe, tendo sua corte fora da corte dele, protegidos, de resto, contra as execuções súbitas determinadas pelas leis e pelos costumes, poderiam suspender sua obediência; não receariam uma punição excessivamente lenta e excessivamente distante. [...]
[...] Um grande império supõe uma autoridade despótica naquele que o governa. [...]
(MONTESQUIEU. Do Espírito das Leis – Livro VIII, Cap. 17 p. 159-160)
A partir do momento em que o território de um Estado ultrapassa uma certa dimensão, o despotismo é inevitável, mas antes há uma concordância natural entre o volume da sociedade e o tipo de governo. Montesquieu liga igualmente a classificação dos regimes à análise das sociedades baseando-se a noção de princípio de governo ao funcionamento de um certo regime, levando a teoria da organização social.
A virtude na república é, num certo sentido, o amor às leis, à dedicação, o patriotismo ou seja, da igualdade. O princípio da monarquia é a honra; ele a teoriza como polêmica e irônica.
[...] Dos três poderes de que falamos, o de julgar é de certo modo nulo. Restam apenas dois; e como eles têm necessidade de um poder regulador para equilibrá-los, ou parte do corpo legislativo composta pelos nobres é muito adequada para produzir esse efeito. [...]
(MONTESQUIEU. Do Espírito das Leis. Livro XI, Cap. VI, p.177)
Nesta divisão de Estado cada poder deve agir independentemente mas, ao mesmo tempo, em articulação com os demais poderes, para que eles se limitem mutuamente. Só esse equilíbrio de forças impedirá as arbitrariedades e propiciará o máximo de liberdade a cada indivíduo.
 
[...] Há em cada Estado , três espécies de poderes: o poder legislativo, o poder executivo das coisas que dependem dos direitos das gentes, e o poder executivo das que dependem do direito civil. [...]
(MONTESQUIEU. Os Clássicos da Política – Cap. VI , p. 173)
[...] O corpo dos nobres deve ser hereditário.
(MONTESQUIEU. Os Clássicos da Política – Cap. VI , p. 177)
Ele descreveu a separação dos poderes em Executivo, exercido por um rei, com direito de voto sobre as decisões do parlamento. O poder Judiciário não era único, porque os nobres não poderiam ser julgados por tribunais populares, mas por tribunais nobres; portanto Montesquieu não defende a igualdade de todos perante a lei. O poder Legislativo, convocado pelo executivo, deveria ser separado em duas coisas: o corpo dos comuns, composto pelos representantes do povo, e o corpo dos nobres, formado por nobres, hereditário e com a faculdade de impedir as decisões do corpo dos comuns. Essas duas casas teriam assembléias e deliberações separadas, assim como interesse e opiniões independentes.
[...] Ainda que todos os Estados tenham, em geral, um mesmo objetivo que lhe é peculiar. O engrandecimento era o objetivo de Roma; a guerra, o da Lacedemônia; a religião, o das leis judaicas: o comércio, o de Marselha [...]
(MONTESQUIEU. Os Clássicos da Política. Livro XI, Cap. V, p. 173)
[...] Há também uma nação no mundo que tem por objetivo direto de sua constituição a liberdade política. [...]
(MONTESQUIEU. Os Clássicos da Política. Livro XI, Cap. V, p. 173)
Embora todos os Estados tenham em geral um mesmo objetivo que é o de se manterem, contudo cada Estado tem um outro que lhe é peculiar.
A liberdade política num cidadão é aquela que provém da opinião que cada um tem de sua segurança e para se ter essa liberdade, é preciso que o governo seja tal que um cidadão não possa temer outro cidadão.
[...] Por regra geral, sempre que virmos toda a gente tranqüila, num Estado que se atribui o nome da República, poderemos ter a certeza de que nele não há liberdade. Aquilo a que se chama união, num corpo político, é uma coisa muito equivocada. A verdadeira união é uma união de harmonia, que faz com que todas as partes, por opostas que nos pareçam concorram para o bem geral da sociedade como as dissonâncias da música concorrem par o acordo total. Pode haver união num Estado onde pareça haver apenas confusão, quer dizer, uma harmonia da qual resulta a felicidade, que é a única paz verdadeira. Passa-se aqui o mesmo que com as partes do universo, eternamente ligadas pela ação de umas e a reação das outras. [...[
(MONTESQUIEU. Do Espírito das Leis. Cap. IX , p. 119)
A concepção do consenso social é a de um equilíbrio das forças ou da paz estabelecida por ação e reação entre os grupos sociais.
O FEDERALISTA
[...] Proponho-me a discutir, numa série de artigos, os seguintes temas de grande interesse: A utilidade da União para a vossa prosperidade política – A insuficiência da atual Confederação para preservar esta União – A necessidade de um governo pelo menos com vigor similar ao do proposto para atingir tal objetivo – A conformidade da Constituição proposta com os verdadeiros princípios do governo republicano – Sua analogia com a Constituição de vosso próprio Estado – e finalmente – A segurança adicional que sua adoção propiciará " preservação desta forma de governo, à liberdade e à propriedade.[...]
(HAMILTON, Os Clássicos da Política. P.256-257)
Com a independência dos Estados Unidos já superada e a aparente incompetência do governo federal, Hamilton, ainda que de maneira discreta, colabora com a elaboração da nova Constituição substituindo os "Artigos da Federação".
Ele propõe ao povo de Nova Iorque discussões que definirão os rumos da América e mais do que isto, alerta o povo contra o falso entusiasmo dos partidos oponentesque "cheios das boas intenções", aparentam-se eficientes até conseguirem o poder; depois, tornam-se tiranos. Hamilton defende um governo central e a União com os Estados e com os cidadãos, formando uma grande nação que, conseqüentemente levará à prosperidade política e, com o pacto federal, uma prosperidade comercial. Demonstra a necessidade de um Estado cujo governo seja verdadeiro, justo com vigores republicanos que garantirá a liberdade, a propriedade, a segurança e o bem comum da sociedade conforme instituído na nascente Constituição. Para ele, este é o caminho da liberdade, felicidade e dignidade.
[...] Um forte sentido de valor e dos benefícios da União induziu o povo a desde logo instituir um governo federal para preservá-la e perpetuá-la. [...]
(JAY. Os Clássicos da Política p. 258)
Devido à insegurança e a ameaça de liberdade, o povo foi seduzido por um marcante sentimento de valor, a fundar um governo federal que garantisse o direito de autodeterminação.
O anseio era de um governo com objetivo de promover a responsabilidade para com os cidadãos e incentivá-los à responsabilidade civil, no que diz respeito à autonomia de governos locais elaborando e administrando leis locais. Desta forma a União seria um instrumento de progresso e liberdade com características marcantes no que diz respeito a sua permanência, proteção e perpetuação.
[...]Se fosse considerado impraticável conceber modelos de uma estrutura mais perfeita, os esclarecidos amigos da liberdade teriam sido obrigados a abandonar a causa daquela espécie de governo como indefensável. A ciência da política, entretanto – como a maioria das demais ciências – conheceu um grande progresso. A eficácia de vários princípios é agora bem compreendida, ao passo que era ou totalmente desconhecida ou imperfeitamente conhecida pelos antigos.[...]
(HAMILTON, Alexandre. Os Clássicos da Política. P.260)
Como não existe uma forma perfeita de governo, os adeptos do despotismo extraiu da forma de governo republicana argumentos depreciativos no que diz respeito, principalmente, à liberdade civil. Mas, Hamilton mostra que a forma de governo apresentada é resultado de um aprofundado estudo da Ciência Política, voltado para resguardar o bem público e os direitos individuais bem como preservar o espírito e a forma de governo popular, sendo conhecido pela ciência um grande progresso.
Ele continua defendendo a União sólida dos Estados e cidadãos em busca da garantia da liberdade civil e faz um apelo aos nova-iorquinos para que não se confundam ou não se deixem levar pelas manifestações de facções contrárias.
[...] A distribuição equilibrada dos poderes entre os diferentes departamentos, a adoção do sistema de controle legislativo, a instituição de tribunais integrados por juízes não sujeitos a demissões sem justa causa, a representação do povo no legislativo por deputados eleitos diretamente – tudo isso são invenções totalmente novas ou tiveram acentuado progresso rumo à perfeição nos tempos modernos.[...]
(HAMILTON, Alexandre. Os Clássicos da Política. P.260)
A distribuição dos poderes foi mais uma forma, de grande efeito, que Hamilton encontrou para reforçar os fundamentos do governo republicano garantindo seus méritos e diminuindo suas imperfeições.
A teoria de separação dos poderes formulada por Montesquieu, que se funda no "governo misto" e diz respeito à distribuição das funções no governo por diferentes classes sociais: nobreza, realeza e povo, não se confunde com a teoria de separação dos poderes dos Federalistas, cuja distribuição é horizontal dentro das funções do Estado que são: Legislativo, Executivo e Judiciário. Estes diferentes ramos de poderes precisam ser respaldados de força de maneira a resistir ameaças de outras classes fazendo prevalecer os limites constitucionais. Portanto, os poderes serão distintos e autônomos de maneira que um freará o outro nas suas excessividades.
[...] Uma república – que defino como um governo no qual se aplica o esquema de representação – abre uma perspectiva diferente e promete a cura que estamos buscando. [...]
(MADISON. Os Clássicos da Política. P266)
Madison defende uma nova espécie de governo popular, diferente da democracia na qual congrega um pequeno número de cidadãos que se reúnem e administram o governo pessoalmente. Para ele, a república se torna ideal principalmente neste momento de êxito econômico dos EUA. Um governo onde se emprega o sistema de representação e faz parte do governo um pequeno número de cidadãos eleitos por um grande número de cidadãos com uma área maior de abrangência. À população, cabe uma escolha consciente de maneira a selecionar homens isentos de partidarismo, sempre voltados para os interesses do povo. Desta forma se eliminaria o mal das facções.
Numa república aumentando o número de eleitores, o representante ficará menos consciente da realidade local e dos interesses de menor importância. Se reduzir o número de eleitores corremos o risco do representante encarar tudo como se fosse de extrema importância , deixando de lado grandes interesses nacionais.
Aí, Madison soluciona a questão: os objetivos maiores, relativos a um todo, serão tratados pelo legislativo nacional; os objetivos locais serão tratados pelo legislativo estadual.
[...] Governar implica o poder de baixar leis. É essencial à idéia de uma lei que ela seja respaldada por uma sansão ou, em outras palavras, uma penalidade ou punição pela desobediência. Se não houver nenhuma penalidade associada à desobediência, as resoluções ou ordens que pretendem ter força de lei serão, na realidade, nada mais do que conselhos ou recomendações. Essa penalidade, qualquer que seja, somente pode ser aplicada de duas maneiras: pelos tribunais ou ministros da justiça ou pela força militar; pela coerção da magistratura ou pela coerção das armas. [...]
(HAMILTON. Os Clássicos da Política, p. 270)
Segundo Hamilton, para criar um governo e chamá-lo como tal antes de mais nada, seria necessário habilitá-lo a impor o cumprimento das normas dele originadas.
Para que a Lei tenha eficácia na sua obediência Hamilton sugere que ela seja acompanhada de uma sansão no caso de seu descumprimento, caso contrário, as leis seriam tão somente recomendações.
A sansão seria aplicada de 2 formas: pelos Tribunais ou Ministros da Justiça no caso de penalidades ligadas a atos individuais e pela força militar quando a transgressão partir de grupos políticos, comunidades ou estados.
Segundo Hamilton, a necessidade de instituir leis associadas à coerção se deve às paixões humanas que não se conformam com os princípios da razão e da justiça. Daí, a necessidade do uso da força.
[...] Não é possível, porém, atribuir a cada um dos ramos do poder uma capacidade igual de autodefesa. No governo republicano predomina necessariamente a autoridade legislativa.
(MADISON, Os Clássicos da Política, p. 274)
Segundo Madison, em um governo republicano necessariamente o poder legislativo é o mais forte, uma vez que ele é a origem dos outros poderes.
A origem das leis que regem os procedimentos dos outros poderes vem do poder legislativo.
Para neutralizar a câmara dos Deputados, institui-se o senado, com princípios diversos, compartilhando a autoridade e evitando desta forma, o abuso de poder. Sempre que uma casa legislativa exceder, terá a outra casa legislativa o papel de neutralizar o excesso. Ele terá, também, o dever de controlar o governo dos possíveis deslizes que por ventura ocorrerem.
[...] O processo eletivo de escolher dirigentes é a norma característica do governo republicano. Os meios com que conta esta forma de governo para evitar sua degeneração são numerosos e variados. O mais eficaz consiste na limitação do período dos mandatos, visando a manter uma adequada responsabilidade perante o povo. [...]
(MADISON. Os Clássicos da Política p. 279)
Para que uma constituição política cumpra seu objetivo é necessário escolher dirigentes competentes e engajados no compromisso de bem estar da sociedade. Mas, é necessário que a competência seja conservadaem todo o período em que goze da confiança de seus eleitores. Madison sugere que o eleitorado seja constituído pela grande massa do povo dos Estados Unidos e que os mandatos sejam renovados de tempos em tempos. Com isso, caso os eleitos não correspondam aos anseios do povo, os mesmos perderão seus mandatos quando renovados. Os que corresponderem, ficarão por mais um mandato.
CONCLUSÃO
A história política seguiu uma significativa evolução e com certeza os autores ora apresentados foram de grande importância nesta trajetória.
Ela se concretiza através da busca de um equilíbrio entre o detentor do poder e a liberdade do cidadão. Os ideais de igualdade jurídica, liberdade, legitimidade da propriedade e o bem comum foram construídos e estabelecidos à toda sociedade.
Para tanto, chegou-se na forma de governo onde há a separação dos poderes entre Legislativo, Executivo e Judiciário de maneira que, se necessário, um poder deterá o outro nos casos de abuso de autoridade e/ ou descumprimento das suas funções.
Podemos observar que, ainda nos dias atuais, apesar da forte consciência de cidadania relacionada aos plenos direitos civis, e com toda a esta estrutura formada para se governar, falta, em nível de Estado, a concretização dos ideais de bem estar social.
Cabe a nós cidadãos, exercer com seriedade e muita sabedoria o direito de escolha dos nossos representantes para que possamos, não só na teoria mas na prática, fazer parte de um verdadeiro Estado Federal.

Outros materiais