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CRIMINOLOGIA - ESCOLA POSITIVA (PARADIGMA ETIOLÓGICO-INDIVIDUAL)
NASCIMENTO DA CRIMINOLOGIA
Apesar de não haver uma unanimidade sobre o nascimento da criminologia, existe, ao menos o consenso de que o grande marco do pensamento criminológico, aconteceu com a obra de Lombroso – O Homem Delinqüente – em 1876. 
A escola antropológica teve como seus grandes pensadores, ou, pelo menos mais conhecidos Lombroso, Ferri e Garófalo.
A primeira vez que foi usado o termo criminologia foi em 1879 pelo antropólogo chamado Topinard. Mais tarde, em 1885, Garófalo, utilizou o termo em sua obra como título.
Há ainda quem fale que a escola clássica não deixou de ser uma escola criminológica e que Carrara (Programa de Direito Criminal – 1859) seria então, baseando-se em Beccaria (Dos Delitos e das Penas – 1764),� um de seus maiores expoentes.
ORIGENS DAS IDEIAS DE LOMBROSO
É certo que Lombroso não tirou suas idéias do nada, ou seja, na verdade, Lombroso, foi um grande concatenador das idéias e métodos de investigação que já existiam sobre pessoas e o caráter delas.
Na idade média e no início da idade moderna no Código das Sete Partidas (Código redigido durante o reinado do Rei Afonso entre 1252 a 1254) existiu a descrição de tipos de assassinos.
Chegou-se até mesmo a se fazer uma fórmula para, baseando-se em dados climáticos, chegar ao cálculo numérico dos homicídios.
Houve ainda as ciências ocultas que pretendiam estudar o homem e seu caráter, como por exemplo, a oftalmoscopia, a metoscopia (observação por meio das rugas) a quiromancia (análise do passado e futuro por meio das linhas das mãos) 
Dessas ciências a mais importante para nosso estudo foi a fisionomia. Os fisionomistas faziam uma relação entre a aparência externa do indivíduo, fazendo a relação entre o corpo e o universo psíquico. As bases da fisionomia parecem remontar ao próprio Hipócrates que chegou a falar:
“Os indivíduos que têm a cabeça grande, os olhos pequenos e que gaguejam são arrebatados. Ter mais dentes é sinal de longevidade. Os indivíduos gagos, os que falam depressa, os melancólicos, os bilosos, os que têm olhar fixo são coléricos. Os indivíduos que têm cabeça grande, os olhos grandes, o nariz grosso e achatado são bons”� 
	Um dos mais importantes fisionomistas foi Giovani Battista Della Porta Vico (1535-1615) que foi perseguido pela inquisição por criar uma sociedade dedicada aos estudos da natureza humana.
Johan Caspar Lavater (1741-1801), foi um teólogo suíço que estudou com profundidade a craniometria. Ele acreditada que o temperamento e o caráter da pessoa podiam ser lidos pelos contornos da face. Era o julgamento pelas aparências. Assim beleza ou feiúra refletiam a bondade ou a maldade da pessoa.
Houve um juiz italiano (napolitano), chamado Marquês de Moscardi que ficou conhecido por seu edito – Edito de Valério que asseverava: “quando se tem dúvida entre dois presumidos culpados, condena-se sempre o mais feio”. A pena nesses casos era de morte ou pena perpétua. Ele também terminava suas sentenças da seguinte forma: “ouvidas acusação e defesa e examinadas a cabeça e a face do acusado, condeno-o”
Da fisionomia originou-se a cranioscopia (método que pretendia adivinhar a personalidade e o caráter, bem como o desenvolvimento das faculdades mentais, com base na forma externa do crânio. Um dos maiores estudiosos da cranioscopia, foi Franz Joseph Gall (1758-1828).
No âmbito da psiquiatria, muitos outros foram os precursores de Lombroso. Benedict-Augustin Morel (1809-1873) associou a criminalidade à degeneração. Philippe Pinel (1745-1826) foi um psiquiatra francês que realizou os primeiros diagnósticos clínicos separando os delinqüentes dos enfermos mentais. Antes dele, o louco era considerado um possuído pelo demônio, após ele, passaram a considerá-lo como um doente.
Assim, foi em meio a esse borbulhar de pensamentos e estudos, dentre outros, é que surgiu a escola antropológica italiana, ou positivismo italiano, cujas maiores expressões, talvez pelas polêmicas causadas se personificam em Lombroso, Ferri e Garófalo.
A escola positiva se contrapôs à escola clássica.
Os três grandes pensadores da escola positiva: Lombroso, Ferri e Garófalo
Cesare LOMBROSO (1835-1909) 
Na verdade não foi um criador de nada muito novo. Como já visto, ele concatenou e articulou de forma inteligente, os pensamentos e estudos que estavam, à sua época, esparsos. Isso ele fez na obra O Homem Delinqüente – em 1876.
É claro que para nós, hoje em dia, as idéias de Lombroso parecem estranhas ou bizarras, mas é certo que em seu tempo, isso foi um avanço e uma tentativa de preencher com respostas, as brechas deixadas pelos clássicos.
Lombroso tentou, em seus estudos aplicar o método científico (observação, questionamento, formulação de hipóteses, realização de deduções, experimentação e conclusão) ao problema das causas do crime, o que era impossível de se realizar com o pensamento clássico, posto que os postulados clássicos estavam todos no plano das idéias.
Lombroso utilizou idéias dos fisionomistas empregando dados estatísticos, verificando desde o tórax até a o tamanho das mãos e pernas. Observou a quantidade de cabelo, estatura peso, quantidade de barba, tudo devidamente analisado e registrado.
Lombroso mediu, pesou e comparou cabeças. Ele utilizou ainda da psiquiatria para estudar os loucos morais.
Lombroso afirmou que o criminoso era uma ser atávico que representa a regressão do homem ao primitivismo. O criminoso é um selvagem que já nasce delinquente.
A teoria básica de Lombroso girou em torno do atavismo, degeneração pela doença e criminoso nato.
É importante frisar que Lombroso não negou fatores exógenos (externos), mas disse que eles somente desencadeiam ou apressam o que já estava dentro do homem (fatores endógenos).
São idéias de Lombroso: 
O crime é um fenômeno biológico e não ente jurídico, como afirmava Carrara. Por essa razão, o método que deve ser utilizado no seu estudo é o experimental e não o lógico-dedutivo dos clássicos. 
O criminoso é um ser selvagem e nasce delinqüente como outros nascem sábios ou doentios, fenômeno que na biologia é chamado de degeneração. 
O criminoso nato apresenta características físicas e morfológicas específicas, como assimetria craniana, fronte fugidia, face ampla e larga, nariz torcido, lábios grossos, arcada dentária defeituosa, cabelos abundantes, barba escassa, braços excessivamente longos, mãos grandes, anomalias dos órgãos sexuais, orelhas grandes e separadas, etc.
Alguns séculos antes, na França, o édito Valeriano já dizia: quando dois são os réus, havendo dúvida sobre a autoria, condena-se o mais feio.
O criminoso nato é insensível à dor, resistente ao traumatismo, canhoto ou ambidestro, impulsivo, vaidoso e preguiçoso, tendência à tatuagem, cinismo, crueldade, falta de senso moral, preguiça excessiva. 
A causa da degeneração que conduz ao nascimento do criminoso é a epilepsia, que ataca os centros nervosos, deturpa o desenvolvimento do organismo e produz regressão atávica. 
Existe a loucura moral, que deixa íntegra a inteligência, suprimindo, porém, o senso moral. 
O criminoso é, assim, um ser atávico, com fundo epiléptico e semelhante ao louco moral, doente antes que culpado e que deve ser tratado e não punido. 
Características do Criminoso na obra de Lombroso
Características corporais do homem delinqüente: protuberância occipital, órbitas grandes, testa fugidia, arcos superciliares excessivos, zígomas salientes, prognatismo inferior, nariz torcido, lábios grossos, arcada dentária defeituosa, braços excessivamente longos, mãos grandes, anomalias dos órgão sexuais, orelhas grandes e separadas, polidactia. 
As características anímicas do delinqüente: insensibilidade à dor, tendência a tatuagem, cinismo, vaidade, crueldade, falta de senso moral, preguiça excessiva, caráter impulsivo.
Enrico FERRI (1856–1929)
Discípulo de Lombroso fez a compatibilização dos fatores biológicos estudadospor seu mestre com os fatores sociais.
Ao contrário do que defendia Lombroso, não acreditava que o delito era produto exclusivo de patologias individuais. Entendia que a criminalidade originava-se de fenômenos sociais. Assim defendeu as causas do crime como sendo individuais ou antropológicas (constituição orgânica e psíquica do individuo, características pessoais como raça, idade, sexo, estado civil, etc.) físicas ou naturais (clima, estação, temperatura, etc.) e sociais (opinião pública, família, moral, religião, educação, alcoolismo, etc.).
Para Ferri não há responsabilidade moral (como afirmavam os clássicos), mas sim responsabilidade social, posto que o homem vive em sociedade e não há como provar o livre-arbítrio.
Dividiu os criminosos em cinco categorias: 
O Criminoso nato, conforme propusera Lombroso; 
O louco, portador de doença mental; 
O habitual, produto do meio social; 
O ocasional, produto do meio social;
O passional, homem honesto, mas de temperamento nervoso e sensibilidade exagerada.
Rafaele GARÓFALO (1851-1934)
É terceiro grande nome da escola positiva. A grande contribuição de Garófalo foi a concepção de um conceito de um delito natural, o que já foi visto anteriormente.
TEORIAS BIOLÓGICAS BASEADAS NA PREDISPOSIÇÃO GENÉTICA
Apesar do fracasso evidente das teorias de Lombroso, o cerne de sua idéia, não foi de um todo abandonado, pois, considerando alguns dados biológicos em níveis genéticos, cromossômicos, endócrinos, neurofisiológicos, bioquímicos etc., alguns estudos falam da predisposição para algumas atitudes, dentre elas, atitudes consideradas criminosas.
Essas teses ganharam força com a descoberta do mapa do genoma humano e, poderão provocar algumas reformulações nas teses biológicas, e isso acontecerá possivelmente, sem os absolutismos da tese de Lombroso.
Esses estudos não conduziram ainda a nenhuma resposta conclusiva sobre as causas da criminalidade. 
	
CONSEQÜÊNCIAS DESSAS TESES
A eugenia – Francis Galton, metade do século XIX;
As esterilizações e o racismo nos Estados Unidos;
O holocausto na 2ª Guerra Mundial;
O racismo no Brasil: 99% das pessoas não se dizem racistas e 98% das pessoas conhecem alguém que é racista.
Se as teses da escola positiva estivessem corretas, seria necessário abolir a culpabilidade no direito penal. A defesa da sociedade deveria ser feita pelo direito penal contra esses tipos de criminosos preventivamente.
Lombroso partiu seu estudo de um grupo de pessoas que já estavam de certa forma estigmatizadas pelo sistema penal, já que ele estudou a população carcerária. Estigma esse não só pelo fato de já estarem esses indivíduos no cárcere, mas também pela classe social a que pertenciam, o ofício mais rude que na maioria das vezes essas pessoas tinham, problemas com os pais na infância etc., esses fatores não foram analisados por Lombroso e seus seguidores.
Outro erro cometido pela escola positiva foi o de apresentar seus resultados como absolutos.
A principal contribuição da Escola Positiva de Criminologia foi o de estabelecer a exigência de um rigoroso método, científico, no estudo do crime. Ao seu período, o tema centrava-se na causa do crime (etiologia).
Principais diferenças entre Escola Clássica e Escola Positiva
	PROPOSIÇÃO
	ESCOLA CLÁSSICA
	ESCOLA POSITIVA
	Delito
	É uma entidade jurídica que deve estar contida na lei promulgada, tornada pública para que todos sintam ameaça da pena proporcionalmente retributiva, também contida na lei.
	É um fato humano e social. Um fenômeno produzido por causas biológicas, físicas e sociais.
	Delinqüente
	É um componente indistinto na sociedade, igual a qualquer ser humano, não havendo falar-se em diferença de caráter.
	Há variedades tipológicas de delinqüentes. Estes são diversificados por seus estados psíquicos e biológicos e considerados anormais. Por isso, eles são distintos dos homens normais.
	Fatores Criminógenos
	Não há falar-se em fatores criminógenos. O homem não é impelido ao crime por fatores de ordem física, ambiental, biológica ou social.
	O homem é votado ao crime, impelido por fatores geradores do comportamento criminoso.
	Arbítrio
	O homem é dotado de livre arbítrio, isto é, dotado de inteligência e consciência livres e em condições de discernir e escolher o bem ou o mal. Se se torna criminoso é porque quer. Se pratica o crime, é porque quer.
	O homem não tem a vontade e a inteligência livres ou autônomas para a escolha de soluções contrárias, como o bem e o mal. São fatores internos ou externos (que determinam o crime). são fatores físicos, biológicos e sociais que influenciam o psiquismo e o comportamento criminoso.
	Responsabilidade
	A responsabilidade penal tem por fundamento a responsabilidade moral que advém da imputabilidade moral que deriva, por sua vez, do livre arbítrio.
	O homem é responsável porque vive em sociedade. Pelo fato de conviver em sociedade ele se faz sujeito de direitos e deveres e, por isso, é responsável. 
	Pena
	É retributiva, aflitiva, intimidativa e expiatória. Um mal tem que ser pago com outro mal.
	É uma reação social contra o crime. Se o homem coexiste e convive em sociedade e a perturba com a prática de crimes, esta mesma sociedade se defende com a pena contra o criminoso.
	Preocupação
	A doutrina clássica se preocupa com a legalidade e a justiça, principalmente a penal.
	A doutrina positivista se preocupa com a pessoa do criminoso, buscando saber quais os fatores que o levaram ao crime e o estado perigoso em que ele se encontra.
	Medida da Pena
	A gravidade dos elementos, material e moral, é que determina a proporção da pena. A pena tem que ser proporcional ao crime. 
	O grau de periculosidade ou temibilidade é que determina a gravidade da pena.
	O Juiz
	O juiz não deve ser mais do que a boca que pronuncia a lei. É a expressão da lei.
	O juiz deve individualizar a pena, isto é, deve levar em consideração a periculosidade (ou o estado perigoso) para a aplicação da pena.
	Método
	Apriorístico, metafísico, dedutivo ou lógico abstrato. 
	Positivo, indutivo ou experimental. 
� Jorge de Figueirdo Dias, apud Shecaira, Criminologia, p. 82.
� Hipócrates. Conhecer cuidar, amar, apud, Shecaira, Criminologia, p. 85.
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