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Introdução a Criminologia

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Tema 01 – Introdução à Criminologia
A - Conceito
Antônio García-Pablos de Molina e Luiz Flávio Gomes: � 
Criminologia é uma “ciência empírica e interdisciplinar, que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima e do controle social do comportamento delitivo, e que trata de subministrar uma informação válida, contrastada, sobre a gênese, dinâmica e variáveis principais do crime – contemplado este como problema individual e como problema social -, assim como sobre os programas de prevenção eficaz do mesmo e técnicas de intervenção positiva no homem delinqüente e nos diversos modelos ou sistemas de resposta ao delito”.
Estudo da Criminalização: O prof. Salo de Carvalho, além do estudo do crime, do infrator, da vítima e dos meios de controle social, acrescenta como objeto “o estudo da criminalização”, que é um tema que passa a predominar a partir da década de 70 do século passado, com a Teoria do Etiquetamento e Criminologia Crítica. (Anti Manual de Criminologia, Saraiva Editora)
De forma ampla, a Criminologia pode ser tida como a soma dos estudos empíricos e teóricos sobre o crime e tudo que o envolve. 
Pergunta para o aluno: o que difere a criminologia, do Direito Penal e da Política Criminal?
A política criminal estuda as formas pelas quais os poderes públicos irão aplicar os conhecimentos advindos da criminologia para o controle do crime e da criminalidade. Ela busca então, opções e estratégias de combate a crime. 
A Criminologia difere do Direito Penal: Embora ambas as áreas estudam o crime, para o Direito Penal, o crime é estabelecido pela legislação, de forma fechada: é todo fato antijurídico, ilícito e culpável. A criminologia não se reduz à análise do que a legislação estabelece. Questiona: por que se estabelece tal conduta como crime? Quem estabeleceu? Quais os interesses envolvidos? Há consenso em criminalizar esta conduta? Etc...
Singularidades/Especificidades da Criminologia
Parte da caracterização do crime como um problema e não como um dado seguro e universal;
Amplia o campo de estudo, incluindo a vítima do delito e a análise crítica dos meios de controle social;
Acentua a orientação prevencionista, frente à repressiva;
Substitui o termo “tratamento” (ideia de doença) para “intervenção” (ideia de movimento dinâmico, complexo e pluridimensional, relativo ao ser humano).
Alia à análise etiológica (causa do crime) à análise dos processos de criminalização.
B - Objetos: o crime, o infrator, a vítima, o controle social da criminalidade e as técnicas de criminalização�.
O Crime
Ao analisar o Crime, a criminologia visa também pesquisar:
Quais as causas (e concausas) da criminalidade?
Como a criminalidade se manifesta na sociedade (violência física versus violência estrutural, política, jurídica, velada, etc.)?
Quais os efeitos da criminalidade (dos crimes de bagatela, dos crimes de violência, dos crimes de colarinho branco, dos crimes ambientais, etc.)?
Quais os efeitos da criminalização (efeitos do encarceramento, efeitos da criminalização de condutas não periculosas e efeitos da criminalização de condutas socialmente nocivas)?
Mas parte da pergunta: o que é o crime?
O senso comum compreende o crime como um fenômeno natural (algo que possui existência concreta, autônoma, isolável com um ser em si mesmo�), sem complexidade em sua definição. A criminologia, por sua vez, como ciência, investiga o crime enquanto conceito histórico, socialmente construído, mutável no tempo, relativo, multifacetado, dependente de abordagem multidisciplinar, contraditório, entre outras perspectivas.
Importante observar que o conceito e os sentimentos relacionados ao crime são variáveis no tempo e no espaço.
Primeiro Exemplo:
O adultério, as manifestações grevistas, a heresia, os crimes ambientais, o corte indiscriminado de árvores, os crimes de colarinho branco, o comércio de drogas e de bebidas alcoólicas, foram vistos sob a mesma perspectiva, no tempo e no espaço? 
Segundo Exemplo:
Como definir o crime? Pelo ato em si ou pela legitimidade política do mesmo?
“Quem assassinou maior quantidade de vítimas indefesas: o homicida famigerado ou o festejado piloto do bombardeiro de guerra?”.�
Terceiro Exemplo:
Quais são as características exclusivas que formam um criminoso? Thompson pergunta:�
Lealdade, espírito de equipe, honestidade para com a associação, coragem em face à adversidade são características de um membro da máfia ou do PCC, ou de um executivo de multinacional?
Uma pessoa que possui espírito de luta, ausência de medo, suporta a dor com estoicismo, mantém seus pontos de vista mesmo à custa dos mais cruéis sacrifícios, resiste a se deixar humilhar ou abater, ainda que cercado de forças dolorosas: trata-se de um herói ou de um delinquente?
Uma pessoa inflexível, insensível, frio, calculista, sem entranhas na hora de ganhar dinheiro, mas generoso com a família, com os amigos e com os mais necessitados: um altruísta ou um criminoso?
	
Perspectivas de Análise e Conceitualização do Crime
O crime pode/deve ser visto sob diversos ângulos. Entre outras, destacam-se:
Perspectiva Jurídica: crime é todo ato típico, ilícito e culpável (perspectiva do direito penal), ainda que não reprovados pela sociedade.
Perspectiva Política: o crime é o que um corpo legislativo estabelece como crime, a despeito de outros fatores, positivos ou negativos;
Correntes biologicistas: o crime é uma doença;
Correntes psiquiátricas: o crime é uma desordem psíquica;
Correntes psicologicistas: o crime é um desvio de conduta motivado por fatores performadores do comportamento;
Correntes psicanalíticas: o crime é o resultado de um conflito entre consciente e inconsciente;
Perspectiva Essencialista: o crime é o ato que traz em si, intrinsecamente, uma danosidade social (felonia).
Moralista: o crime é o comportamento que fere a sensibilidade moral de um grupo.
Sociológica: 
O crime é resultado de um ambiente criminógeno;
O crime é o resultado da falta de mecanismos moralizadores do comportamento;
O crime é um aprendizado como qualquer outro comportamento;
O crime é um contravalor de alguns grupos;
O crime é um estereótipo criado por um grupo contra outro;
O crime é um problema social e um fenômeno comunitário.
O Infrator
Pode-se dizer que o nascimento da criminologia veio com o principal estudo sobre o criminoso. Foi da obra O Homem Delinqüente de Césare Lombroso que surgiu a criminologia com a formatação de uma ciência. É com o nascimento da escola positiva, cujo primeiro e maior autor foi Lombroso é que surge a divisão entre crime e criminoso.
	Antes de Lombroso os pensadores clássicos encaravam o criminoso como um pecador ou alguém que optou pelo mal. Para tanto, firmavam-se nas idéias ou ideais de Rousseau, em sua obra Contrato Social e na teologia do livre-arbítrio. 
Já os positivistas acreditavam que o livre-arbítrio era algo decorrente de uma visão subjetivista e metafísica. Para eles (os positivistas) o delinquente era vítima de sua patologia, o que ficou conhecido como determinismo biológico, ou era vítima de processos causais alheios, o que ficou conhecido como determinismo social.
Avançando nos estudos da criminologia, o infrator passou a ser pensado sob diversos fatores diferentes dos clássicos. O meio ambiente, o conjunto moral adotado, a influência de pessoas próximas, a desigualdade social, as ideologias políticas, etc., passaram a influenciar a conceitualização do “infrator ou criminoso”.
A compreensão de quem seja o criminoso será determinada pela definição que se faz ao que seja o crime, do tópico anterior: uma doença? Um fato social normal? Uma desordem psíquica? Falta de sociabilização? Etc...
	
c) A Vítima
	
Existem 3 grandes momentos no estudo da vítima: 
1) a idade de ouro, que vai até o fim idade média; 
2) fase histórica, onde ela não tem mais poderes de reação ao delito, sendo que esse poder passa ao estado. Essa fase começacom o liberalismo moderno após a revolução francesa; 
3) em um terceiro momento o papel da vítima é revalorizado.
	
Os estudos sobre a vítima permitem 
aquilatar a realidade das estatísticas criminais, que sempre não conferem com a (ir)realidade das estatísticas oficiais (é o que se chama de cifra negra da criminalidade);
Permitem ainda verificar o papel por elas – vítimas – desempenhado no desenvolvimento do crime;
Analisa as variáveis que intervêm nos processos de vitimização – cor, raça, sexo, condição social; 
Permite elaboração de formas de resolução do problema criminal onde os sujeitos afetados possam ter participação.
d) O Controle Social
O que é o controle social? R: “É o conjunto de mecanismos e sanções sociais que pretendem submeter o indivíduo aos modelos e normas comunitários”.� Existem duas formas de controle social: o informal e o formal. 
O controle social informal é realizado pela sociedade civil, por meio da família, escola, profissão, opinião pública, igreja, clubes de serviço, associação etc. 
Já o controle social formal é realizado pelo Estado que se utiliza da Polícia, do Ministério Público, da Justiça, da Administração Penitenciária.
Discussão:
Não raras vezes, o controle formal é seletivo e discriminatório, pois prima por um critério polêmico de merecimento. Ele também tente a se tornar estigmatizante, ao desencadear desvios de comportamentos e a entrada nas carreiras criminais.
É importante ressaltar que, necessariamente, a atuação maior do controle social formal, não implica em menor criminalidade. 
A pena é a última instância do controle formal, última porque, mais gravosa. Ela só pode surgir, quando todas as outras tentativas falharam.
Questiona-se: qual o limite de um e outro controle? Qual deve ser a relação entre um e outro? Qual a eficácia de um e outro? Quando o controle formal deveria entrar em cena?
C - Método
A Criminologia como já dito acima é uma ciência empírica. No ramo das ciências das naturezas (exatas ou duras), o saber só é científico depois que passou pelo método científico, que consiste nos seguintes passos: observação, questionamento, formulação de hipóteses, realização de deduções, experimentação e conclusão. Já no campo das ciências humanas o pensamento de uma ciência pura e imparcial não pode ser sustentado devido às suas subjetividades. Porém, não é por isso, que não podemos falar em ciência, porém, com um método diferente – o método empírico – aquele que deriva do senso comum, das experiências do cotidiano.
A criminologia tem método, mas não um só método. Ela se utiliza da interdisciplinaridade para formar uma síntese e diagnóstico sobre seus objetos de estudo. Por esta razão, ela poderá/deverá fazer uso de ciências com carga empírica e também com carga especulativa, tais como Filosofia, Antropologia, Psicologia, Ciências Sociais, etc.
“Sendo o crime, em última análise, um fenômeno humano e cultural, compreendê-lo exigirá do investigador uma atitude aberta e flexível, intuitiva – empática -, capaz de captar as sutis arestas e as múltiplas dimensões de um profundo problema humano e comunitário”. �
Biologia, Medicina, Psicologia, Psicanálise, Psiquiatria, Neurologia, Filosofia, Ciências Jurídicas, Ciências Sociais, Ciências Políticas, etc.
Trata-se de uma ciência não exata (conhecimento parcial e provisório) e flexível (compatível com a evolução histórica).
D - Funções 
Básicas: “Informar a sociedade e os poderes públicos sobre o delito, o delinquente, a vítima e o controle social, reunindo um núcleo de conhecimentos seguros que permita compreender cientificamente o problema criminal, preveni-lo e intervir com eficácia e de modo positivo no homem delinquente”�.
Elementos de Diagnóstico:
Para elaborar diagnóstico e propostas de prevenção e superação dos efeitos do crime, a criminologia deve pesquisar:
Quais as causas (e concausas) da criminalidade?
Causas educacionais, causas genéticas/biológicas, causas ambientais, causas sociais, causas econômicas, causas estruturais, etc.
Como a criminalidade se manifesta na sociedade?
violência física;
versus violência estrutural;
violência política e jurídica;
violência velada e declarada, etc.
Quais os efeitos da criminalidade?
dos crimes de bagatela;
dos crimes de violência;
dos crimes de colarinho branco;
dos crimes ambientais, etc.
Quais os efeitos da criminalização?
efeitos da criminalização de condutas socialmente nocivas;
efeitos da criminalização de condutas não periculosas;
efeitos do encarceramento?
efeitos econômicos, efeitos sociais, efeitos familiares, efeitos sob a segurança pública, etc.
Prevenção do delito:
Relatividade da eficácia da prevenção penal – estigmatiza o infrator, acelera a sua carreira criminal e consolida o seu status de desviado;
A Criminologia apresenta perspectiva de maior complexidade dos mecanismos dissuasórios – certeza e rapidez da aplicação da pena mais importante que gravidade desta.
Defende intervenção de maior alcance: intervenções ambientais, melhoria das condições de vida, reinserção dos ex-reclusos.
� Criminologia. São Paulo: RT, 2008, p. 32.
� As técnicas de criminalização serão analisadas com as teorias críticas.
� Thompson, Augusto. Quem são os Criminosos? Pg. 22.
� Thompson, Augusto. Quem são os Criminosos? Pg. 130
� Thompson, Augusto. Quem são os Criminosos? Pg. 130.
� Antonio García-Pablos de Molina e Luiz Flávio Gomes, op cit,p. 60.
� Pablos de Molina, pg. 49.
� Cf. Pablos de Molina.

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