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Conteudo prova NP1 Fatos e Negocios Juridicos

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Módulo 1.
Teoria Geral dos Fatos Jurídicos
1. Conceito: Em sentido amplo, fatos jurídicos são os acontecimentos que dependem ou independem da vontade humana, previstos na norma jurídica, em virtude dos quais nascem, se modificam, subsistem e se extinguem as relações jurídicas.
            As relações jurídicas, marcadas pela intersubjetividade, são relações sociais tuteladas pelo Direito.
2. Classificação:
Os fatos jurídicos em sentido amplo (lato sensu) podem ser naturais (independem da vontade humana) ou humanos (dependem da vontade humana).
            2.1. Fatos naturais, também denominados fatos jurídicos em sentido estrito (strictu sensu), são os acontecimentos que independem da vontade humana, ou seja, decorrem da natureza. Os fatos jurídicos em sentido estrito (strictu sensu) se subdividem em:
                        2.1.1. Fatos jurídicos em sentido estrito ordinários (morte, nascimento, maioridade, decurso de tempo - prescrição etc.).
                        2.1.2. Fatos jurídicos em sentido estrito extraordinários (terremoto, tempestade, inundação, enchente etc.).
            2.2. Fatos humanos são os acontecimentos que dependem da vontade humana, abrangendo tanto os atos lícitos como os ilícitos. Os fatos humanos se subdividem em:
                        2.2.1. Atos lícitos ou atos jurídicos em sentido amplo: são os atos humanos praticados em conformidade com o ordenamento jurídico, também denominados pela doutrina como voluntários, uma vez que produzem efeitos jurídicos querido pelo agente. Os atos jurídicos em sentido amplo se subdividem em:
a) Atos jurídicos em sentido estrito (ou meramente lícitos). Em tais atos, os efeitos da manifestação da vontade estão predeterminados na lei. Exemplos: notificação, que constitui em mora o devedor; reconhecimento de filho; tradição; ocupação; uso de alguma coisa.
Assim, os atos jurídicos meramente lícitos ou em sentido estrito são manifestações da vontade obedientes à lei, porém geradoras de efeitos que a própria lei determina. As partes não podem através de suas vontade modificar os efeitos jurídicos que serão produzidos.
b) Negócios jurídicos. Nestes há uma composição de interesses mediante a criação de normas que objetivam regular tais interesses, harmonizando vontade que, na aparência, demonstram serem antagônicas. O negócio jurídico é uma declaração da vontade destinada à produção de efeitos queridos pelas partes. Pode haver ou não correspondência entre o desejado pelas partes e o determinado pela lei. Neste caso prevalecerá a vontade das partes, uma vez que a regra da norma é meramente supletiva, isto é, valerá somente na ausência da vontade. Exemplos: testamento (negócio jurídico unilateral na formação); contratos (negócio jurídico bilateral na formação).
2.2.2. Atos ilícitos, também denominados pela doutrina de involuntários, uma vez que acarretam consequências jurídicas alheias à vontade do agente. A prática de ato ilícito produz efeitos previstos em norma jurídica, como sanção, porque viola mandamento normativo.
O Código Civil de 2002 substitui a expressão genérica “ato jurídico” (art. 82, CC/1916) por “negócio jurídico” – art. 104, uma vez que somente os negócios justificam a pormenorizada regulamentação dos preceitos contidos no Livro III da Parte Geral. Contudo, o art. 185 determina que se apliquem, no que couber, aos atos jurídicos lícitos, as disposições disciplinadoras do negócio jurídico.
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Da representação.
1. Conceito
A representação se trata de relação jurídica mediante a qual certa pessoa se obriga diretamente perante terceiro, por meio de ato praticado em seu nome por um representante ou intermediário.
Desta forma, com exceção dos atos personalíssimos, os atos jurídicos podem ser praticados por intermédio da representação, uma vez, que, nos termos do art. 116 “A manifestação de vontade pelo representante, nos limites de seus poderes, produz efeitos em relação ao representado”.
Reza o art. 115 que os poderes de representação são conferidos pela lei ou pelo interessado. Tal artigo elenca duas das espécies de representação existentes no ordenamento jurídico: a legal e a convencional.
2. Espécies
A representação legal é aquela na qual a norma jurídica confere poderes para administrar bens alheios, como: os pais, em relação aos filhos menores (art.1634, V e 1690); os tutores, em relação aos pupilos (art. 1747, I) e os curadores, quanto aos curatelados (art. 1774).
A representação convencional ou voluntária é estabelecida na Parte Especial do Código (Contrato de Mandato - art. 653 ao art. 691). Art. 653. O mandato ocorre quando alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses. A procuração é o instrumento do mandato.
Ressalte-se, ainda, que a representação pode se dar também por via judicial. Nesta espécie de representação o juiz nomeia determinadas pessoas para exercerem certos cargos em determinados processos (o síndico como representante da massa falida, no processo de falência; o inventariante como representante do espólio, na abertura do inventário etc.).
3. Prova da representação
Conforme disposto no art. 118, o representante tem o dever de provar às pessoas, com quem vier a contratar em nome do representado, não só sua qualidade, como a extensão de seus poderes, sob pena de responder pelos atos negociais que a estes excederem.
4 Efeitos da Representação
A representação produz efeitos, dentre os quais, o principal é o fato de que uma vez realizado o negócio jurídico pelo representante, o representando adquire direitos e obrigações. Os direitos são incorporados no patrimônio do representado. Por sua vez, as obrigações assumidas em nome do representado devem ser cumpridas, e por elas responde o seu acervo patrimonial.
5. Hipóteses de anulabilidade do negócio jurídico realizado via representação:
5.1. Negócio jurídico realizado pelo representante consigo mesmo, no seu interesse ou por conta de outrem (art. 117), salvo se a lei ou o representado permitir.
5.2. Substabelecimento da representação (art. 117, parágrafo único), salvo se o representado permitir.
5.3. Celebração do negócio jurídico pelo representante em conflito de interesses com o representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento da outra parte. Caso o representante em conflito de interesses com o representado celebrar negócio jurídico, este poderá ser anulado no prazo decadencial de 180 dias, a contar da celebração do ato negocial ou da cessação da incapacidade.
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Modulo 2.
Negócio Jurídico
1. Conceito: Negócio Jurídico é uma norma concreta estabelecida pelas partes, cujo objetivo é produzir direitos e deveres. Ë no negócio jurídico que se revela o princípio da autonomia da vontade, ou seja, os sujeitos de direto podem autorregular os seus interesses legais, nos limites estabelecidos pela lei.
2. Origem: O negócio jurídico nasce da vontade humana, ou seja, pressupõe a presença de um elemento volitivo que se materializa numa declaração da vontade através da qual se realiza uma ação ou um ato, o qual está vinculado a uma intenção. Ressalte-se, ainda, que o princípio da autonomia da vontade é relativo, uma vez que é reduzido pela supremacia das normas de ordem pública (normas absolutamente cogentes). Nas últimas décadas verifica-se uma “publicização” do Direito Civil, com a evidência de muitas normas públicas no direito privado.
3. Declaração da Vontade
O que interessa para o Direito? A intenção ou a ação? Interessa para o Direito a vontade declarada, haja vista que somente a intenção não possui nenhum valor. Após a declaração da vontade a intenção será considerada. A declaração da vontade deve ser declarada por palavras (escritas ou não), gestos ou sinais. Pode ser, ainda, expressa ou tácita, sendo que o silêncio, juridicamente considerado, é nada. Via de regra, o silêncio é nada. O silêncio só terá valor quando houver indicação na norma.
Ex.: art. 539 – “O doador pode fixar prazo ao donatário, para declararse aceita, ou não, a liberalidade. Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça dentro dele, a declaração, entender-se-á que aceitou, se a doação não for sujeita a encargo”.
Neste caso, o silêncio do donatário significa que aceitou a doação (manifestação tácita). Trata-se de exceção à regra de que o silêncio nada significa para o Direito.
A declaração da vontade pode ser receptícia (endereçada) ou não receptícia (não endereçada).
a) Declaração da vontade endereçada ou receptícia: Tal declaração é endereçada a pessoa determinada, seja com o propósito de levar-lhe o conhecimento da intenção do agente, seja com a finalidade de ajustar a declaração de vontade oposta com o objetivo de concretizar o negócio jurídico. Ex. proposta e aceitação (art. 427 e seguintes).
b) Declaração de vontade não endereçada ou não receptícia é aquela onde basta tão somente a manifestação do declarante, sem que tal declaração tenha que ser conhecida pela outra parte para a produção de efeitos jurídicos. Ex. seguro de vida em nome de terceira pessoa.
4. Classificação dos negócios jurídicos
4.1. Quanto à manifestação da vontade:
            a) Negócio Jurídico Bilateral é aquele negócio jurídico que reclama para a sua concretização a convergência de duas ou mais vontades, sendo que tais vontades determinarão o surgimento do negócio e a consequente produção dos efeitos almejados pelas partes. Ex.: contratos
            b) Negócio Jurídico Unilateral é aquele negócio no qual a sua concretização depende tão somente de manifestação da vontade de somente uma das partes. Ex.: testamento, promessa de recompensa.
4.2. Quanto às vantagens que produzem:
            a) Negócio Jurídico Oneroso é aquele onde em relação à vantagem obtida corresponde um sacrifício. Ex. compra e venda.
            b) Negócio Jurídico Gratuito é aquele onde apenas uma das partes suporta o sacrifício e a outra a vantagem. Ex. doação pura.
4.3. Quanto ao tempo da produção dos efeitos:
            a) Negócio Jurídico Inter Vivos – os efeitos serão produzidos durante a vida dos emitentes da vontade. Ex. compra e venda.
            b) Negócio Jurídico Causa Mortis – o pressuposto para a produção de efeitos jurídicos é a morte do emitente da vontade. Ex. testamento.
4.4. Quanto à solenidade:
            A forma do negócio jurídico pode ser ad solemnitatem (solene) e ad probationem tantum (não solene). Ressalte-se que, em relação à forma dos negócios jurídicos, vigora a regra geral: LIBERDADE DE FORMA. Entretanto, à vezes, a lei exige forma solene (ex.: compra e venda de imóvel – escritura pública, salvo se o valor do imóvel for inferior a 30 salários mínimos, cf. art. 108, além de registro no Cartório de Registro de Imóveis, cf. art. 1227). Se o negócio jurídico exigir forma solene, esta deve ser obedecida sob pena de nulidade absoluta, nos termos dos art. 104, III, cc. art. 166, IV.
4.5. Quanto à existência
            a) Negócio Jurídico Principal – existe por si só. Ex. contrato de locação entre locador e locatário.
            b) Negócio Jurídico Acessório – depende do principal. Ex. contrato de fiança entre o locador e o fiador não existe por si só, pois depende do contrato principal.
4.6. Quanto ao conteúdo
            a) Negócio Jurídico Patrimonial – o objeto da relação jurídica pode ser avaliado economicamente (direitos pessoais ou obrigacionais e direitos reais).
            b) Negócio Jurídico Extrapatrimonial – o objeto da relação jurídica não pode ser avaliado economicamente (direitos de família e direitos da personalidade).
4.7. Quantos aos efeitos
            a) Constitutivo - Ex Nunc – o negócio jurídico passa a ter efeitos a partir da conclusão. Ex. adoção, compra e venda.
            b) Declaratório - Ex Tunc – os efeitos do negócio jurídico retroagem à data que se operou o fato a que se vincula a vontade. Ex. reconhecimento de filho.
4.8. Quanto ao exercício dos direitos
            a) Negócios Jurídicos de Disposição – exercício amplo de direitos sobre o objeto. Ex. doação.
b) Negócios Jurídicos de Simples Administração – exercício de direitos restritos sobre o objeto, sem que haja alteração na sua substância. Ex. locação, mútuo.
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Interpretação e Requisitos do Negócio Jurídico
1. Interpretação
A declaração da vontade deve ser interpretada com a finalidade de buscar o sentido e o alcance das expressões. Reza o art.112 que nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciadas do que o sentido literal da linguagem.
Assim, quando se interpreta a vontade leva-se em conta mais à intenção manifestada no contrato, não o pensamento íntimo do contratante.
Art. 113: Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.
A boa-fé é presumida, a má-fé deve ser provada.
Art. 114: Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se restritivamente.
Nos contratos benéficos apenas um dos contratantes se obriga, enquanto o outro aufere um benefício (ex.: doação pura). Deve ter interpretação restrita pois importa renúncia de direitos.
Na parte especial do Código existem outras regras de interpretação: art. 423, 843, 819, 1899.
A interpretação do negócio jurídico pode ser:
a) Declaratória = expressa a intenção dos interessados
b) Integrativa - preenche lacunas por meio de normas supletivas, p.ex. costumes.
c) Construtiva - objetiva reconstruir o negócio com a finalidade de salvá-lo.
Exemplos de entendimento doutrinário e jurisprudencial relativo à interpretação dos negócios jurídicos:
- Nos contratos com palavras que admitem dois sentidos, deve-se preferir o que mais convier a sua natureza.
- Nos contratos de compra e venda, no que se refere à extensão do bem alienado, deve-se interpretar a favor do comprador. Nos contratos de compra e venda, as dúvidas são interpretadas contra o vendedor.
- As estipulações obrigacionais devem ser interpretadas de modo menos oneroso ao devedor.
- A interpretação do contrato de consumo será sempre a favor do consumidor – art. 47, CDC.
- Nas cláusulas duvidosas, prevalece o entendimento de que se deve favorecer quem se obriga.
2. Requisitos do Negócio Jurídico
2.1. Segundo o Prof. Sílvio Rodrigues, o negócio jurídico para ter validade e possuir eficácia deve preencher os seguintes requisitos:
·Elementos essenciais = vontade humana, idoneidade do objeto e forma.
Os elementos essenciais se referem à própria substância do negócio. Caso tais elementos não se apresentem ocorre a inexistência do negócio. Negócio jurídico inexistente não produz efeitos jurídicos.
a) Manifestação da vontade humana. Esta deve ser límpida. Se uma pessoa pratica qualquer ato jurídico em virtude de coação física, a vontade inexiste. Se o ato é praticado em face de coação moral, a vontade é viciada.
b) Idoneidade do objeto é diferente de ilicitude do objeto. Um objeto pode ser lícito, mas ser inidôneo para a relação jurídica em questão. Objeto idôneo é aquele que se presta para determinado fim. Por ex. A coisa fungível é objeto idôneo para figurar no contrato de mútuo (empréstimo de coisa fungível), mas não o é em relação ao contrato de comodato (empréstimo de coisa infungível)
c) Forma – como regra há liberdade de forma para a prática do negócio jurídico. Porém, determinados negócios reclamam forma solene. Por ex. O instrumento adequado para a transmissão da propriedade imóvel decorrente de um contrato de compra e venda é a escritura pública, salvo se o valor for inferior de 30 vezes o salário mínimo vigente (art. 108), que deve ser levada a registro no competente Cartório de Registro de Imóveis (art. 1227).
·Requisitos de Validade - agente capaz, objeto lícito e forma.
Tais requisitos determinam se o negócio é válido, ou seja, indicam a maior ou menor possibilidade de produzir efeitos jurídicos. Negócio jurídico válido é ato eficaz, ou seja, capaz de produzir a aquisição, modificação ou extinção de efeitos jurídicos.
a) Agente capaz – Relembre-se que a capacidadeé a regra e a incapacidade, nos termos dos art. 3º e 4º é a exceção. Os absolutamente incapazes e os relativamente incapazes podem praticar os atos da vida civil, desde que devidamente representados, mediante o instituto da representação, no primeiro caso (absolutamente incapazes), e da assistência, no segundo (relativamente incapazes).
Saliente-se que a representação pode ser legal (pais, tutores e curadores); judicial (síndico é o representante da massa falida) ou convencional (decorrente de um contrato de mandato).
Ressalte-se que, outras vezes, para o negócio ter validade, necessária também a legitimação para a sua prática. A legitimação é relativa e se refere a determinadas pessoas, que em virtude de determinados vínculos, não podem praticar certos negócios, ou devem praticá-los sob certas condições impostas pela norma jurídica. Ex. Os ascendentes não podem vender aos descendentes, sem que os demais descendentes e o cônjuge do alienante expressamente consintam. Sem o devido consentimento a venda é anulável – art. 496. Há a dispensa do consentimento do cônjuge, se o regime de bens for o da separação obrigatória. – par. único do art. 496.
b) Objeto lícito, possível, determinado ou determinável – Nos termos do art. 104, II o objeto do negócio jurídico deve ser lícito (permitido pelo Direito) e possível. Saliente-se, ainda, que o objeto deve ser física e juridicamente possível. Ex. Não pode ser objeto de compra e venda um terreno na Lua (impossibilidade física). Não pode se objeto de compra e venda herança de pessoa viva - pacto corvina (impossibilidade jurídica). O objeto deve ser determinado, ou pelo menos determinável (ex.: obrigação de dar coisa incerta, que deve ser indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade - art. 243).
c) Forma – como regra há liberdade de forma para a prática do negócio jurídico. Porém, determinados negócios reclamam forma solene.
2.2. Conforme entendimento da Profa. Maria Helena Diniz, o negócio jurídico deve possuir os seguintes requisitos:
·Requisitos essenciais gerais = consentimento, capacidade do agente e objeto lícito e possível.
a) Consentimento é a anuência válida do sujeito a respeito do entabulamento de uma relação jurídica que versa sob determinado objeto
b) capacidade do agente (vide acima, item a - requisitos de validade do Prof. Silvio Rodrigues).
c) Objeto lícito, possível, determinado ou determinável (vide acima, item b – requisitos de validade do Prof. Silvio Rodrigues).
·Requisitos essenciais especiais.
No contrato de compra e venda são requisitos essenciais especiais a coisa, o preço e o consentimento (art. 481).
Conclusão: os requisitos essenciais são aqueles imprescindíveis à existência do próprio negócio, uma vez que se referem à sua própria substância. A sua ausência determinará a inexistência ou a nulidade que pode ser absoluta ou relativa, quando será chamada de anulabilidade.
·Requisitos naturais = são as consequências jurídicas normais do negócio jurídico, as quais estão previstas na hipótese da lei, razão pela qual é dispensável qualquer menção a seu respeito no ato de vontade. Ex. No contrato de compra e venda as duas mais importantes consequências são o vício redibitório e a evicção. Vício redibitório é o defeito oculto da coisa que diminui o seu valor ou a torna imprópria para o uso a que se destina. Evicção é a perda da coisa em virtude de sentença judicial. A lei diz “só pode vender quem é dono e, mais, não se deve vender coisa com defeito oculto”. Entretanto, as partes podem, pela manifestação da vontade, diminuir, aumentar ou excluir as consequências naturais dos negócios jurídicos.
·Elementos acidentais = são aqueles que não sendo indispensáveis para a constituição do negócio jurídico podem existir para alterar as consequências jurídicas que ordinariamente produzem. Tais elementos são inseridos no negócio jurídico por intermédio de cláusulas e, desta forma, possuem a denominação de cláusulas acessórias acidentais (ou modalidades) dos negócios jurídicos. São eles: condição, encargo (modo) e termo.
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Ato jurídico lícito (em sentido estrito) 
1. Introdução: O ato jurídico em sentido estrito é espécie de Fato Jurídico Lato Sensu e subespécie de Ato Jurídico Lato Sensu, este também denominado pela doutrina como Fato Humano. Desta forma, o ato jurídico em sentido estrito depende Vontade Humana.
2. Conceito
Conceito da Professora Maria Helena Diniz: “O ato jurídico em sentido estrito é o que gera consequências jurídicas previstas em lei e não pelas partes interessadas, não havendo regulamentação da autonomia privada”.
3. Classificação dos atos jurídicos em sentido estrito, segundo o Professor Orlando Gomes:
3.1. Atos jurídicos em sentido estrito materiais (ou reais) – a vontade humana atua e lhes dá existência imediata, sendo que não têm destinatários. Exemplos: a) ocupação (art.1263) b) fixação do domicílio (art. 70)
3.2. Participações – Tratam-se de atos jurídicos em sentido estrito consistentes em declarações para ciência ou comunicação de intenções ou fatos, sendo que têm destinatários. Exemplos: a) intimação (alguém participa a outra pessoa a intenção em exigir-lhe certo comportamento); b) interpelação (ato judicial ou extrajudicial praticado pelo credor para constituir o devedor em mora (art. 397, 2ª parte.
4. Semelhanças e diferenças entre ato jurídico em sentido estrito e negócio jurídico.
Tanto o ato jurídico em sentido estrito quanto o negócio jurídico são fatos jurídicos lato sensu que dependem da vontade humana, também denominados pela doutrina fatos humanos ou atos jurídicos em sentido amplo.
No ato jurídico estrito sensu a vontade humana não pode alterar os efeitos jurídicos que estão pré-fixados na norma jurídica. Exemplo: a lei civil garante o reconhecimento da paternidade (Lei 8.560/1992). Assim, o pai que vai ao Cartório de Registro Civil e solicita o assentamento da paternidade na certidão de nascimento do filho que deseja reconhecer, utiliza-se de uma prerrogativa da lei, mas não pode ampliar, nem restringir os efeitos da norma jurídica. O citado pai não pode dizer: reconheço o filho, mas o excluo da sucessão.
Por sua vez, no negócio jurídico vige o princípio da autonomia da vontade, ou seja, em regra, as partes podem ampliar ou restringir os efeitos da norma jurídica.
O art. 441 dispõe que a coisa recebida em virtude de contrato comutativo (ex. compra e venda) pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada ou lhe diminuam o valor. Tal artigo e os seguintes tratam dos vícios redibitórios - cláusula natural do contrato de compra e venda. Tal cláusula pode ser afastada pela vontade das partes, ou seja, o vendedor não se responsabiliza, em comum acordo com o comprador, pelos vícios redibitórios da coisa vendida. Saliente-se que na relação de consumo, tutelada pelo Código de Defesa do Consumidor, não pode haver o afastamento do vício, uma vez que o contrato é de adesão.
Conclusão
O ato jurídico em sentido estrito se trata de manifestação da vontade obediente à lei, geradora de efeitos que a própria lei determina. Assim, no campo de ato jurídico em sentido estrito, as partes não podem, por meio de suas vontades, modificar os efeitos jurídicos que serão produzidos.
Inversamente, o negócio jurídico se trata de manifestação da vontade destinada à produção de efeitos queridos pelas partes, podendo haver ou não correspondência entre o desejado pelas partes e o determinado pela norma. Nesse caso, prevalecerá a vontade das partes, uma vez que a regra disposta na norma jurídica é meramente supletiva. Lembre-se, a norma dispositiva, primeiramente, é permissiva (as partes podem dispor da vontade). Caso as partes não manifestem a vontade, valerá o disposto na regra, que é supletiva, ou seja, valerá somente na ausência de vontade. 
MODULO 3
Dos defeitos dos negócios jurídicos
Dos defeitos do negócio jurídico: Erro, Dolo, Coação, Estado de Perigo, Lesão (vícios de consentimento) e Fraude contra Credores.Os vícios de consentimento provocam uma manifestação da vontade não correspondente ao íntimo e verdadeiro querer da pessoa que a manifestou. Há discrepância entre a vontade manifestada e a real intenção. No vício social isso não ocorre, haja vista que a vontade manifestada corresponde exatamente à intenção do agente. Tal vontade é manifestada com a intenção de prejudicar terceiros (credores).
IMPORTANTE: A simulação, antes tratada como vício social (conforme o revogado CC/1916), hoje é fator de nulidade absoluta, uma vez que objetiva iludir terceiros ou violar a lei. Está disciplinada no capítulo que trata da invalidade do negócio jurídico.
Os defeitos podem gerar a anulabilidade (nulidade relativa) – art. 171, II do negócio jurídico, sendo de quatro anos o prazo decadencial para pleitear a anulação, nos termos do art. 178, I e II.
Obs.: no casamento, o erro torna o negócio jurídico anulável no prazo decadencial de 3 (três) anos.
1. Erro – art. 138: É o estado da mente, que por defeito do conhecimento do verdadeiro estado das coisas impede uma real manifestação da vontade.
Erro = falsa percepção da realidade.
Ignorância = completa ausência de conhecimento.
Pergunta: Qualquer erro é erro capaz de viciar o negócio jurídico?
Resposta: Não, somente o erro substancial, escusável e real nos termos do art. 138, ou seja, aquele de tal importância que se fosse conhecida a verdade, o consentimento não se externaria, ou manifestar-se-ia de outra forma. O erro substancial é erro de fato por recair sobre circunstância de fato, ou seja, sobre qualidades essenciais da pessoa ou da coisa.
a) Hipóteses de erros substanciais – art.139
 Erro que interessa à natureza do negócio jurídico. Ex: o negócio jurídico pode ser oneroso ou gratuito. Há erro quando uma das partes pensa que está vendendo algo e a outra pensa que está recebendo em virtude de uma doação.
 Erro sobre o objeto todo do negócio jurídico. Ex: O comprador pensa que está comprando obra autêntica, mas é uma cópia.
 Erro sobre alguma das qualidades essenciais do objeto. A compradora pensa que está comprando um candelabro de bronze, mas, na verdade está comprando, por erro, um candelabro de latão.
 Erro sobre uma qualidade essencial da pessoa. Ex.: O testador deixa um bem, equivocadamente, a uma pessoa que imaginou ser seu filho natural.
 Erro de direito, desde que não implique recusa à aplicação da lei e seja o único ou principal motivo do negócio jurídico. A ignorância da lei pode ser alegada para anular o contrato, sem que com isso se pretenda que a lei seja descumprida.
b) Erro acidental – o erro acidental diz respeito à circunstância acessória do objeto ou da pessoa, e, desta forma, não vicia o negócio jurídico. Ex: alguém compra uma casa pensando que a mesma tem quatro janelas frontais e, na verdade, o imóvel possui apenas três janelas frontais.
c) Falsa causa ou falso motivo – art. 140 – A falsa causa (ou motivo), em regra, não vicia o negócio jurídico, salvo se nele figurar expressamente, como razão essencial ou determinante, caso em que torna o negócio anulável. Ex: José, por testamento, deixa determinado bem para Maria Joaquina, que pensa ser sua filha natural. Manoel compra um estabelecimento comercial, tendo como condição primordial certo movimento que, posteriormente, verifica-se ser falso.
d) Os erros podem ocorrer de forma pessoal ou através de outros meios de comunicação – rádio, carta, televisão, etc. Nos termos do art. 141, havendo desavença entre a vontade declarada e a interna, o erro poderá ser alegado nas mesmas condições em que a manifestação da vontade pessoal.
e) Erro de Direito – é aquele relativo à existência de uma norma jurídica. Só é admissível, conforme art. 139, III do CC, sendo a causa determinante do negócio e não implicando em recusa de aplicar a lei.
O art. 3º da LICC trata do Princípio da Obrigatoriedade da Lei a partir de sua publicação. Assim, a publicação da lei gera a presunção absoluta de seu conhecimento. “Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece”. Salvo a exceção do art. 139, III, o erro de direito NÃO é considerado como causa de anulação do negócio jurídico.
f) Erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração da vontade – art. 143.
g) O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem a manifestação da vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do manifestante. Tal artigo protege, por exemplo, o vendedor, que não induziu o comprador em erro (seria caso de dolo) e é prejudicado com a anulação do negócio jurídico. Pode evitar a anulação, oferecendo-se para executar o contrato na conformidade da vontade real do manifestante.
2. Dolo – art. 145: É o artifício empregado para induzir alguém à prática de um ato prejudicial ao seu autor e que aproveita o autor do dolo ou terceira pessoa.
O erro é um ato espontâneo. A própria pessoa tem uma falsa percepção da realidade, ou seja, se engana. O erro é pessoal.
O dolo, por sua, vez, é um erro provocado por alguém. No dolo há a interferência de uma 3ª pessoas que cria uma situação onde a pessoa é levada ao equívoco. No dolo, a má-fé de 3ª pessoa está implícita.
a) Espécies de dolo
 dolus malus e dolus bonus
O dolus bonus é aquele tolerável, ou seja, não acarreta a anulabilidade do negócio jurídico. Tal espécie de dolo pode ser visualizada na conduta do vendedor que exalta as qualidades do produto. O dolus malus é aquele que gera ou poderá gerar a anulabilidade do negócio jurídico, uma vez que é praticado com o objetivo de prejudicar alguém. Esta espécie de dolo sempre decorre da utilização de manobras astuciosas com o fim primordial de prejudicar alguém.
Ressalte-se que a diferença entre o dolus malus e o dolus bonus deve ser analisada no caso concreto, submetido à apreciação do juiz, levando-se em conta a inexperiência e o nível de informação da vítima.
 Dolo principal (dolus causam) e dolo acidental (dolus incidens) – art. 146
O dolo principal é aquele que se revela como sendo a causa determinante do ato (ex. uma pessoa muito pobre é induzida a vender, por preço baixo, seu quinhão hereditário valioso). Por sua vez, o dolo acidental é aquele, que a despeito de sua existência, o ato seria praticado. Ex. José é fiador de seu irmão João num contrato de locação de um estabelecimento mercantil para venda de discos, que na verdade é utilizado para o comércio de discos piratas.
Conclusão: o dolo apto a gerar a anulabilidade do negócio jurídico deve ser o malus e principal. O dolo acidental, quando muito, pode gerar o dever de indenizar por perdas e danos.
 Dolo por ação (ou positivo) e dolo por omissão (ou negativo)
O dolo por ação é o dolo positivo, qual seja, se compõe de um artifício astucioso que se revela por afirmações falsas a respeito da qualidade da coisa.
O dolo por omissão também se compõe de manobras astuciosas que se revelam por ocultações sobre a qualidade de uma coisa, que uma vez conhecidas da outra parte impediriam que o negócio fosse concluído. Ex: o vendedor vende uma casa cheia de trincas e esconde, dolosamente, tal fato do comprador.
b) Dolo de terceiro – art. 148
Mário, ao sair de uma joalheria, encontra-se com seu amigo João e lhe diz:- Vi na joalheria um relógio de ouro, maravilhoso, preço campeão... não comprei porque não tinha dinheiro...
João vai até a joalheria e adquire o relógio. O dono da loja não tem conhecimento da conversa entre os amigos.
Nos termos do art. 148, CC, o dolo de terceiro, para acarretar a anulabilidade do negócio jurídico, exige o conhecimento de uma das partes contratantes. Não sendo o dolo de terceiro (Mario) conhecido pelo beneficiado (joalheiro) dará lugar a uma indenização (perdas e danos), por parte da vítima (João), contra o terceiro (João, mui amigo), autor do engano intencional.
c) Dolo do representante legal só obriga o representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve. – art. 149, 1ª parte.
d) Dolo do representante convencional (contrato de mandato) – o representadoresponde solidariamente com o representante. – art. 149, parte final.            
e) Dolo bilateral – art.150 
Princípio basilar do Direito: “A ninguém é dado alegar a própria torpeza para dela tirar proveito”. Se ambas as partes procederam com dolo, nenhuma delas pode alegar o dolo da outra para anular o ato, ou reclamar indenização. Ex: o vendedor induziu o comprador a comprar gato por lebre, sendo que o comprador escondeu maliciosamente o fato de ter 17 anos de idade.
Conclusão= um dolo anula o outro. Se ambas as partes procedem com dolo, não há boa-fé a defender.
3. Coação – art. 151: A coação está ligada à palavra violência, ou seja, alguém é obrigado a manifestar a vontade, sob pena de sofrer uma consequência danosa. Tal violência pode ser materializada de duas formas: violência física ou absoluta e violência moral ou relativa. A violência física significa ausência de vontade, ou seja, diante da violência física o ato inexiste.
Assim, a coação, como vício de consentimento, deve ser entendida como toda e qualquer pressão exercida sobre um indivíduo para determiná-lo a concordar com o ato. A coação exige a presença de violência na sua forma relativa, ou seja, a chamada violência moral ou psicológica, haja vista que se houver violência física não haverá manifestação da vontade, inexistindo o ato.
       
a) Pressupostos da Coação – art. 151
a.1. Causa do ato – o primeiro requisito para a configuração da coação é a relação de causalidade, ou seja, deve haver ligação causal entre a violência psicológica e a vontade declarada. Desta forma, deve ser utilizado o raciocínio da exclusão, ou seja, excluindo-se a violência moral (causa) e assim mesmo ocorre a manifestação da vontade, inexiste a causalidade.
a.2. Violência moral grave (considerável) – a pressão psicológica deve ser grave, isto é, a coação deve provocar temor que viciará a vontade. Assim, a ameaça de mal injusto deve ser revestida de gravidade suficiente. Se uma determinada situação será ou não considerada como grave, dependerá da análise das situações particulares da pessoa ameaçada, ou seja, o critério é concreto, analisado caso a caso, nos termos do art. 152.
a.3. Ameaça injusta – a ameaça deve ser injusta, ou seja, não se considerará como tal a ameaça que consiste em exercício regular de um direito – art. 153 (ex.: o locador ameaça cobrar os alugueres atrasados do inquilino, desde que não seja em público - constrangimento -, não se caracteriza como ameaça)
a.4. Ameaça atual e iminente – a ameaça deve estar por acontecer, não podendo ser pretérita, nem futura.
a.5. Justo receio de prejuízo – o prejuízo deve ser mais ou menos proporcional à manifestação da vontade. A ameaça de prejuízo pode se voltar contra a própria pessoa que manifesta a vontade, contra outras pessoas próximas (familiares) ou, ainda, em relação a determinados bens. Se a coação se der em relação a pessoa não pertencente à família do coagido, o juiz, com base, nas circunstâncias, decidirá se houve coação.
Importante: o temor reverencial (receio de desgostar os pais ou obediência aos superiores na relação empregatícia), em regra, não gera a coação moral – art. 153, parte final.
b) Coação de terceiro – O ato que vicia a vontade pode ser do próprio interessado em viciá-la ou por conta de terceira pessoa. Assim como ocorre no caso de dolo, a coação de terceiro só vicia o ato se a pessoa a quem aproveita sabe que a anuência ou manifestação de vontade é viciada por coação.
4. Fraude contra credores – art. 158: A fraude contra credores ocorre quando devedor insolvente, ou na iminência de tornar-se insolvente, pratica atos suscetíveis de diminuir seu patrimônio, reduzindo desse modo a garantia que ele (patrimônio) representa para resgate de suas dívidas.
            A legislação brasileira exige para a caracterização da fraude contra credores, oriunda de atos de transmissão a título oneroso, a presença de um ato capaz de prejudicar o credor, quer por levar o devedor ao estado de insolvência, quer por ter sido praticado quando tal estado já existia. Deve, ainda, existir, a má-fé, ou seja, a intenção de afastar os efeitos da cobrança.
            Exemplo: a doação e a compra e venda são dois negócios jurídicos bilaterais na formação (contratos), nos quais pode ser dar a fraude contra credores.
       
            A doação pura é negócio jurídico gratuito e a compra e venda é negócio jurídico oneroso. Se o negócio jurídico é gratuito, não se questiona a presença de quaisquer requisitos, ou seja, a doação pode ser anulada.
       
            Em se tratando de compra e venda – negócio jurídico oneroso, é necessária a presença de dois requisitos:
 Requisito subjetivo = concilium fraudis – má fé – o devedor e a 3ª pessoa (comprador) devem ter a intenção de prejudicar os credores.
 Requisito objetivo = eventus damni – qualquer ato prejudicial ao credor por tornar o devedor insolvente ou por ter sido praticado num estado de insolvência.
Módulo 4.
Dos defeitos dos negócios jurídicos – final.
5. Estado de Perigo – art. 156
Conforme disposto no art. 156, configura-se estado de perigo quando alguém, premido pela necessidade de salvar-se, ou salvar pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa. O parágrafo único dispõe que em se tratando de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias.
O negócio jurídico efetivado em estado de perigo pode ser anulado, conforme disposto no art. 171, II. O prazo decadencial para se pleitear a anulação do negócio jurídico, nos termos do art. 178, II, é de quatro anos, do dia em que se realizou.
Exemplos de negócios jurídicos celebrados em estado de perigo: Alguém que, para pagar uma cirurgia urgente de pessoa da família, vende seu carro ou sua casa por preço vil; o doente que, em perigo de vida, paga honorários exorbitantes ao médico cirurgião para salvá-lo; o pai que, tendo seu filho sequestrado, vende joias a preço muito inferior ao do mercado para pagar o resgate, etc.
Para que exista possibilidade do negócio jurídico ser anulado, a outra parte deve ter conhecimento do estado de perigo, aproveitando-se da situação. O perigo pode não ser real, mas o declarante deve acreditar que seja. Contudo, havendo perigo real e a pessoa o ignorar, ou entendê-lo como não sendo grave, não se configura o defeito de consentimento.
6. Lesão – art. 157
Nos termos do art. 157, ocorre a lesão quando uma pessoa assume ônus desproporcional, por necessidade ou inexperiência, ou seja, uma pessoa se obriga a uma prestação manifestadamente desproporcional ao valor da prestação oposta. Conforme art. 157, § 1º, a proporção deverá ser apreciada segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico. Dispõe o art. 157, § 2º, que não haverá decretação da anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.
A lesão é, pois, o prejuízo que uma das partes sofre na conclusão de um contrato comutativo, em razão da desproporção existente entre as prestações dos contraentes, sendo que uma das partes, abusando da premente necessidade ou inexperiência da outra parte, obtém lucro exorbitante ou desproporcional ao proveito da prestação.
Exemplo: Uma pessoa encontra-se prestes a ser despejada do imóvel onde reside na qualidade de locatário. Diante de tal situação procura outro imóvel, cujo proprietário cobra um aluguel muito elevado. Diante da necessidade de ter onde morar e abrigar sua família, tal pessoa, perdendo a noção do justo valor da locação é levada a efetivar o contrato de locação que lhe é desfavorável.
Saliente-se que o defeito do negócio jurídico decorrente da lesão dispensa a verificação do dolo da parte que tirou proveito com a lesão. A regra ordena a anulabilidade do ato negocial (art. 171, II) ou a possibilidade da parte favorecida concordar com a redução do proveito (art. 157, § 2º). No exemplo acima, o locador pode concordar em diminuir o aluguel. Oprazo decadencial para a anulação do negócio jurídico celebrado com o defeito da lesão é de quatro anos, conforme disposto no art.178, II, contados da data da celebração do contrato.
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Simulação - Causa de Nulidade
art.166 ao art.167
No Código Civil de 2002, a simulação é retirada do Capítulo relativo aos defeitos dos negócios jurídicos, passando a ser considerada como causa de nulidade absoluta.
A simulação é uma declaração enganosa da vontade, visando produzir efeitos diversos dos ostensivamente ostentados. A simulação requer um ajuste de vontade entre as partes contratantes visando obter efeito diverso daquele que o negócio aparenta conferir.
Duas são as espécies de simulação: absoluta e relativa
Na simulação absoluta, as partes não têm a intenção de celebrar o negócio, mas fingem celebrá-lo para criar uma ilusão externa.
Exemplo: Pedro tem um patrimônio que é a garantia dos credores. Pedro está preste a separar-se judicialmente de sua esposa. Pedro celebra um negócio fictício (o negócio inexiste) com um amigo João. Devido a tal negócio fictício, Pedro fica com o patrimônio negativo, uma vez que “pagou” a sua dívida. Finalidade da simulação absoluta – prejudicar a esposa na futura separação judicial, subtraindo-se da partilha dos bens do casal.
Na simulação relativa, ocorre a existência de um negócio jurídico entre as partes que, porém, prejudica terceira pessoa, ou viola imperativo legal. Assim, para despistar o efetivo negócio, as partes fingem celebrar outro negócio. Na simulação relativa observa-se a presença de dois negócios: o aparente (simulado) e o oculto (dissimulado).
Exemplo: A lei proíbe a doação para amantes, ou seja, tal negócio jurídico pode ser anulado. João, casado, quer doar um carro para sua amante Rafaela. Devido a proibição legal, João faz um contrato de compra e venda com Rafaela e lhe transfere a propriedade do carro.
Negócio simulado = compra e venda
Negócio dissimulado = doação.
Reza o art. 167, que é nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma Assim, embora o Código Civil de 2002 não faça distinção entre a simulação absoluta e a relativa, pela interpretação do art. 167, 2ª parte, entende-se que a simulação absoluta é nula, mas na relativa, o negócio dissimulado pode ser nulo ou válido (se válido for na substância e na forma).

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