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Apostila de Direito Constitucional

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NOÇÕES DE 
DIREITO 
CONSTITUCIONAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Noções de Direito Constitucional 
 
 
 
www.alvopreparatorio.com - 3924-4450 
2 
NOÇÕES FUNDAMENTAIS 
 
1 – Conceito: Direito Constitucional é o ramo do direito 
público interno que estuda a Constituição, ou seja, a 
lei fundamental de organização do Estado, bem como 
os seus limites. 
2 – Constituição: é a lei fundamental de organização do 
Estado, ao estruturar e delimitar os seus poderes 
políticos. A Constituição dispõe sobre os principais 
aspectos da sua estrutura, quais sejam: 
2.1 – formas de Estado e de governo; 
2.2 – sistema de governo; 
2.3 – modo de aquisição, exercício e perda do poder 
político e dos principais postulados da ordem 
econômica e social; 
2.4 – os limites da atuação do Estado, ao assegurar 
respeito aos direitos individuais. 
Obs.: O Estado e seus agentes não possuem poderes 
ilimitados, uma vez que devem exercê-los na medida 
em que lhes foram conferidos pelas normas jurídicas, 
respondendo por eventuais abusos a direitos 
individuais. 
3 – Estado: é uma sociedade política dotada de alguns 
elementos essenciais próprios que a distinguem das 
demais, quais sejam: povo, território e soberania. 
3.1 – elementos do Estado: 
3.1.1 – povo: é o elemento humano do Estado, o 
conjunto de pessoas que mantêm um vínculo 
jurídico-político com o Estado, pelo qual se tornam 
parte integrante deste. 
Obs.: não se confunde com os conceitos de 
população e nação. População é o conjunto de 
pessoas que se encontram no território de um 
determinado Estado, sejam nacionais ou 
estrangeiros. Já nação é o conjunto de pessoas 
que formam uma comunidade unida por laços 
históricos e culturais, uma realidade sociológica. 
 
3.1.2 – Território: é o elemento material do Estado, o 
espaço sobre o qual o Estado exerce a sua 
supremacia sobre pessoas e bens. 
Obs.: abrange, além do espaço delimitado entre as 
fronteiras do Estado, o espaço aéreo, navios e 
aeronaves civis em alto-mar ou sobrevoando espaço 
aéreo internacional e navios e aeronaves militares 
onde quer que estejam. 
3.1.3 – Poder Político: é o elemento formal do Estado. 
É o poder que preside, integra e harmoniza todos os 
grupos sociais, possibilitando a convivência entre os 
membros dos grupos sociais, mediante um conjunto 
de regras que compõe o direito comum a todos eles. 
3.1.4 – Finalidade: é a realização do bem comum. 
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS 
1 – Conceito: princípios fundamentais são as normas 
jurídicas informadoras do ordenamento 
constitucional brasileiro. São diretrizes básicas que 
sustentam a Constituição brasileira. 
1.1 – Princípios Constitucionais Fundamentais: 
1.1.1 – Características ou princípios conformadores do 
Estado: Art. 1º, caput, da CF: república, federação, 
democracia; 
1.1.1.1 – Formas de Governo (modo de organização 
política): 
a) – monarquia: governo de um só, caracteriza-se pela 
vitaliciedade, hereditariedade e irresponsabilidade do 
Chefe de Estado. 
b) – república: coisa pública, caracteriza-se pela 
eletividade, temporariedade dos membros do Poder 
Legislativo e Executivo e um regime de responsabilidade 
das pessoas que ocupam cargos públicos. 
Obs.1: O Brasil adotou a República no art. 1º, caput, da 
CF. 
Obs.2: Parcela da doutrina entende que a forma de 
governo republicana é uma cláusula pétrea implícita, 
pois como já houve o plebiscito em 1993 e a revisão 
constitucional, de acordo com Kildare Gonçalves 
Carvalho, esse assunto já petrificou em razão de mais 
poder haver outra revisão constitucional. 
Noções de Direito Constitucional 
 
 
 
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3 
Obs.3: Pedro Lenza entende que a forma de governo 
pode ser alterada, não por revisão constitucional, mas 
por Emenda Constitucional, se houver novo plebiscito. 
Obs.4: A característica da periodicidade do voto é uma 
decorrência do princípio da república, em razão de 
uma de suas características, que é a temporariedade. 
1.1.1.2 Formas de Estado (como o Estado se estrutura): 
a) – simples ou unitário: formado por um único Estado, 
existindo uma unidade do poder político interno, cujo 
exercício ocorre de forma centralizada. Ex.: Brasil-Império, 
Itália, França e Portugal. 
b) – composto ou complexo: formado por mais de um 
Estado, existindo uma pluralidade de poderes políticos 
internos. Há várias espécies de Estado composto, mas a 
mais importante é a Federação. 
Obs.: Federação: é a união de dois ou mais Estados para a 
formação de um novo, em que as unidades conservam 
autonomia política, enquanto a soberania é transferida 
para o Estado Federal. Ex.: Estados Unidos, Brasil, 
Argentina. 
Obs.1: a federação pode se dar por agregação, 
quando sua formação ocorre pela união de Estados 
independentes, ou desagregação, quando sua 
formação se dá pela divisão de um Estado Unitário. 
O Brasil é um exemplo de Estado Federal que 
ocorreu por desagregação, pois era um Estado 
unitário, que se transformou em uma federação. 
Obs.2: O Brasil adotou a Federação no art. 22 da CF, 
pois a Federação Brasileira é composta pela União, 
Estados-membros, Distrito Federal e os Municípios, 
todos AUTÔNOMOS nos termos da Constituição. 
Obs.3: A Federação brasileira é de segundo grau, 
pois conferiu autonomia política também aos 
municípios. 
Obs.4: No Brasil, a forma federativa é uma cláusula 
pétrea, conforme art. 60, § 4º, inciso I, da CF. 
Obs.4: Princípio da indissolubilidade do vínculo 
federativo – em razão desse princípio, as unidades 
da federação não possuem o direito de secessão, ou 
seja, não podem declarar independência. 
 
1.1.1.3 Regime político (grau de respeito à vontade do 
povo): 
Obs.: Democracia é o regime político em que todo poder 
emana do povo. (é o governo do povo, pelo povo e para o 
povo - Lincoln). 
a) Democracia direta: o povo exerce o poder político 
diretamente, ou seja, sem representantes. 
b) Democracia indireta: o povo participa das decisões 
políticas por meio de representantes. 
c) Democracia semidireta: é a junção das duas 
características anteriores, isto é, o povo participa das 
decisões políticas diretamente, bem como por meio de 
representantes. 
Obs.1: o Brasil adotou a democracia semidireta, 
conforme art. 1º, parágrafo único, da CF. 
 
Obs.2: Exemplos de democracia direta no Brasil: 
 
Voto: o voto, conforme art. 60, §4º, inciso II, da CF, 
algumas características que são imodificáveis, são elas: 
a. Direto – há uma exceção a essa característica prevista 
na CF, em seu art. 81, §1º, referente à vacância dos 
cargos de Presidente da República e Vice, uma vez que 
haverá eleições indiretas pela prazo de 30 dias. 
b. Secreto – o voto é sigiloso. 
c. Universal – a universalidade refere-se ao direito de 
participar, que é o sufrágio. As mulheres, no Brasil, 
ganharam o direito de votar somente em 1930 com o 
advento do Código Eleitoral. 
d. Periódico – de tempos em tempos o povo vai às 
urnas votar em seus representantes. 
 
Plebiscito: é uma consulta popular prévia convocada 
pelo Congresso Nacional, art. 49, CF. 
 
Referendo: é uma consulta popular posterior autorizada 
pelo Congresso Nacional, art. 49, CF. 
 
Iniciativa Popular: 150,3 - A iniciativa popular pode ser 
exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de 
projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do 
eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco 
Estados, com não menos de três décimos por cento dos 
eleitores de cada um deles – art. 61, §2º, CF . 
 
Ação Popular: é um remédio constitucional proposto 
apenas por cidadão com oobjetivo de anular ato lesivo: 
a. Ao patrimônio público; 
b. Ao patrimônio de entidade de que o Estado 
participe; 
c. Ao patrimônio histórico e cultural; 
d. Ao meio ambiente; 
e. À moralidade administrativa. 
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Obs.: conforme art. 5º, inciso LXXIII, da CF, o autor é 
isento de custas e do ônus da sucumbência, salvo se 
comprovada má-fé 
 
Obs.3: Estado Democrático de Direito é o Estado regido 
por leis, em que o governo está nas mãos de 
representantes legitimamente eleitos pelo povo e há 
ampla valorização dos direitos humanos. 
 
1.1.2 Fundamentos: Art. 1º, incisos, da CF: soberania 
nacional, cidadania, dignidade da pessoa humana, valores 
sociais do trabalho e da libre iniciativa e pluralismo 
político; 
Obs.: O art. 1º e incisos da CF fixa os fundamentos do 
Estado brasileiro, que são os seguintes: 
a) Soberania: significa a soberania do Estado brasileiro na 
ordem política interna e a independência na ordem 
política externa; 
b) Cidadania: em sentido amplo, cidadania significa o 
efetivo exercício dos diversos direitos previstos nas 
Constituições, tais como a educação, saúde e trabalho 
(direito a ter direito). Já, em sentido estrito, cidadania 
abrange a titularidade de direitos políticos, ou seja, o 
exercício do direito de votar e ser votado; 
c) Dignidade da pessoa humana: o valor dignidade da 
pessoa humana deve ser entendido como o absoluto 
respeito aos direitos fundamentais de todo ser humano, 
assegurando-se condições dignas de existência para 
todos; 
d) Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa: esses 
dois fatores revelam o modo de produção capitalista 
vigente. A Constituição pretende estabelecer um regime 
de harmonia entre capital e trabalho; 
e) Pluralismo político: significa a livre formação de 
correntes políticas no País, permitindo a representação 
das diversas camadas da opinião pública em diferentes 
segmentos. 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela 
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do 
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático 
de Direito e tem como fundamentos: 
 I - a soberania; 
 II - a cidadania 
 III - a dignidade da pessoa humana; 
 IV - os valores sociais do trabalho e da livre 
iniciativa; 
 V - o pluralismo político. 
 Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o 
exerce por meio de representantes eleitos ou 
diretamente, nos termos desta Constituição. 
1.1.3 Separação de poderes: Art. 2º da CF: separação de 
poderes; 
A Constituição Federal, visando, principalmente, evitar o 
arbítrio e o desrespeito aos direitos fundamentais do 
homem, previu a existência dos Poderes do Estado e da 
Instituição do Ministério Público, independentes e 
harmônicos entre si, repartindo entre eles as funções 
estatais e prevendo prerrogativas e imunidades para que 
bem pudessem exercê-las, bem como criando 
mecanismos de controles recíprocos, sempre como 
garantia da perpetuidade do Estado democrático de 
Direito. 
A divisão segundo o critério funcional é a célebre 
"separação de Poderes", que consiste em distinguir três 
funções estatais, quais sejam, legislação, administração e 
jurisdição, que devem ser atribuídas a três órgãos 
autônomos entre si, que as exercerão com exclusividade, 
foi esboçada pela primeira vez por Aristóteles, na obra 
"Política", detalhada, posteriormente, por John Locke, no 
Segundo tratado do governo civil, que também 
reconheceu três funções distintas, entre elas a executiva, 
consistente em aplicar a força pública no interno, para 
assegurar a ordem e o direito, e a federativa, consistente 
em manter relações com outros Estados, especialmente 
por meio de alianças. E, finalmente, consagrada na obra 
de Montesquieu, O espírito das leis, a quem devemos a 
divisão e distribuição clássicas, tornando-se princípio 
fundamental da organização política liberal e 
transformando-se em dogma pelo art. 16 da Declaração 
Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, e 
é prevista no art. 2.° da nossa Constituição Federal. 
Obs.1: são Poderes da União, independentes e 
harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o 
Judiciário. 
Obs.2: Os três poderes não independentes e 
harmônicos. Em decorrência desses princípios não há 
hierarquia entre os poderes. 
Obs.3: A indelegabilidade consiste numa terceira 
característica da separação de poderes ao lado da 
Noções de Direito Constitucional 
 
 
 
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independência e harmonia entre os poderes e significa 
que um Poder não pode delegar sua função típica a 
outro Poder. 
Obs.4: A Lei Delegada é uma exceção, prevista pela 
própria CF, ao princípio da idelegabilidade, pois o 
Poder Legislativo pode delegar sua função legislativa 
ao Poder Executivo. 
Note-se, que nos referimos às garantias dos Poderes 
Legislativo, Executivo, Judiciário e da Instituição do 
Ministério Público, uma vez que se assemelham em 
virtude da autonomia, independência e finalidades 
constitucionais. Além disto, exercem todos funções únicas 
do Estado, dentro de uma visão mais contemporânea das 
funções estatais, que reconhece que o Estado 
constitucional de direito assenta-se na ideia de unidade, 
pois o poder soberano é uno, indivisível, existindo órgãos 
estatais, cujos agentes políticos têm a missão precípua de 
exercerem atos de soberania. Aliás, bem o disse 
Rousseau, o poder soberano é uno. Não pode sofrer 
divisão. Assim, o que a doutrina liberal clássica pretende 
chamar de separação dos poderes, o constitucionalismo 
moderno determina divisão de tarefas estatais, de 
atividades entre distintos órgãos autônomos. 
Lembremo-nos que o objetivo inicial da clássica separação 
das funções do Estado e distribuição entre órgãos 
autônomos e independentes tinha como finalidade a 
proteção da liberdade individual contra o arbítrio de um 
governante onipotente. 
Em conclusão, o Direito Constitucional contemporâneo, 
apesar de permanecer na tradicional linha da ideia de 
Tripartição de Poderes, já entende que esta fórmula, se 
interpretada com rigidez, tornou-se inadequada para um 
Estado que assumiu a missão de fornecer a todo o seu 
povo o bem-estar, devendo, pois, separar as funções 
estatais, dentro de um mecanismo de controles 
recíprocos, denominado "freios e contrapesos" (checks 
and balances). 
Assim, a Constituição Federal de 1988 atribuiu as funções 
estatais de soberania aos três tradicionais Poderes de 
Estado: Legislativo, Executivo e Judiciário, e à Instituição 
do Ministério Público, que, entre várias outras 
importantes funções, deve zelar pelo equilíbrio entre os 
Poderes, fiscalizando-os, e pelo respeito aos direitos 
fundamentais. 
A estes órgãos, a Constituição Federal confiou parcela da 
autoridade soberana do Estado, garantindo-lhes 
autonomia e independência. 
Esta opção do legislador constituinte em elevar o 
Ministério Público a defensor dos direitos fundamentais e 
fiscal dos Poderes Públicos, alterando substancialmente a 
estrutura da própria Instituição e da clássica teoria da 
Tripartição de Poderes, não pode ser ignorada pelo 
intérprete, pois se trata de um dos princípios 
sustentadores da teoria dos freios e contrapesos de nossa 
atual Constituição Federal. 
Art. 2º São Poderes da União, independentes e 
harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o 
Judiciário. 
Poder Função típica Função atípica 
 
 
 
Executivo 
 
 
Administrar a 
máquina 
estatal 
Legislar (ex.: 
MedidasProvisórias) 
Julgar (ex.: Processos 
Administrativos) 
 
 
Judiciário 
 
 
Exercer a 
jurisdição 
(julgar) 
Legislar (ex.: 
regimentos internos 
dos Tribunais) 
Administrar (ex.: 
contrata, concede 
férias, licença) 
 
 
 
 
 
Legislativo 
 
 
Inovar o 
ordenamento 
jurídico 
(legislar) e 
Fiscalizar o 
Poder 
Executivo 
Julgar (ex.: o Senado 
julga o Presidente 
nos Crimes de 
responsabilidade – 
art. 52, I, CF) 
Administrar (ex.: 
contrata 
funcionários, 
concede férias, 
licenças, demite, 
convênios) 
 
Obs.: O Brasil adotou o sistema de jurisdição inglês ou 
seja a jurisdição é uma e, por isso, parte da doutrina 
entende que o Poder Executivo não julga, pois suas 
decisões não possuem definitividade (José dos Santos 
Carvalho Filho). 
1.1.3.1 – Sistemas de Governo (grau de relacionamento 
entre os Poderes Executivo e Legislativo): 
a) presidencialismo: sistema de governo em que os 
Poderes Executivos e Legislativos são independentes e 
tem como principal característica a seguinte: Chefia de 
Estado e chefia de Governo são atribuídas à mesma 
pessoa: o Presidente da República. 
Noções de Direito Constitucional 
 
 
 
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6 
b) parlamentarismo: sistema de governo em que o 
Executivo e o Legislativo são interdependentes e tem 
como principal característica a seguinte: Chefia de Estado 
e Chefia de Governo são atribuídas a pessoas distintas. A 
primeira, função de representação externa e interna, é 
designada ao Presidente da República ou ao rei; enquanto 
a chefia de governo, administração do Estado, é atribuída 
ao Primeiro-Ministro, que é escolhido pelo parlamento. 
Obs.: O Brasil adotou o sistema presidencialista no art. 
84 da CF, pois atribuiu ao Presidente da República as 
funções de Chefe de Estado e Chefe de Governo. 
1.1.4 Objetivos Fundamentais: Art. 3º da CF: liberdade, 
justiça e solidariedade, desenvolvimento nacional, 
erradicação da pobreza e da marginalização e redução das 
desigualdades sociais e regionais, igualdade; 
Obs.1: – Art. 3º, inciso IV, da CF: de acordo com Luiz 
Alberto David Araújo, a busca da felicidade. 
Obs.2: O art. 3º da CF traça os objetivos 
fundamentais da República Federativa do Brasil, são 
eles: 
 
a) Construir uma sociedade livre, justa e solidária: o 
Estado brasileiro deve buscar a construção de uma 
sociedade informada pelos princípios de liberdade, 
justiça e solidariedade; 
b) Garantir o desenvolvimento nacional: 
desenvolvimento nacional em todos os sentidos, não 
somente econômico, mas também social; 
c) Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir 
as desigualdades sociais e regionais: por esse 
princípio veda-se os salários mínimos regionais – art. 
7º, IV, da CF. 
d) Promover o bem de todos, sem preconceito de 
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras 
formas de discriminação. 
 
Obs.1: Dica mnemônica para gravar os objetivos 
fundamentais do Estado brasileiro, de acordo com a 
professora Tainara, é COGAERPRO. 
Obs.2: Por estabelecer metas que devem ser buscadas 
pelo Estado brasileiro, a nossa Constituição se 
classifica como Dirigente. 
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da 
República Federativa do Brasil: 
 I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; 
 II - garantir o desenvolvimento nacional; 
 III - erradicar a pobreza e a marginalização e 
reduzir as desigualdades sociais e regionais; 
 IV - promover o bem de todos, sem preconceitos 
de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras 
formas de discriminação. 
 
Obs.: O art. 4º estabelece os princípios informadores 
da República Federativa do Brasil nas suas relações 
internacionais e, portanto, integram o Direito 
Internacional Público. 
1.1.5 Princípios que regem o Brasil nas suas relações 
internacionais – art. 4º da CF. 
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas 
suas relações internacionais pelos seguintes princípios: 
 I - independência nacional; 
 II - prevalência dos direitos humanos; 
 III - autodeterminação dos povos; 
 IV - não-intervenção; 
 V - igualdade entre os Estados; 
 VI - defesa da paz; 
 VII - solução pacífica dos conflitos; 
 VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; 
 IX - cooperação entre os povos para o progresso 
da humanidade; 
X - concessão de asilo político. 
 
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 
1 Direitos Fundamentais – são o conjunto de normas, 
princípios, prerrogativas, deveres e institutos, inerentes à 
soberania popular, que garantem a convivência pacífica, 
digna, livre e igualitária, independentemente de credo, 
raça, cor, condição econômica ou status social. 
Obs.: Os Direitos Fundamentais são o conjunto de normas 
constitucionais que consagram limitações jurídicas aos 
Poderes Públicos, projetando-se em três dimensões: civil 
(direitos da pessoa humana), política (direitos de 
participação na ordem democrática) e econômico-social 
(direitos econômicos e sociais). 
2 O Título II da CF estabelece que os Direitos 
Fundamentais se dividem em: 
2.1 Direitos Individuais e Coletivos – Capítulo I: 
correspondem aos direitos diretamente ligados ao 
conceito de pessoa humana e de sua própria 
Noções de Direito Constitucional 
 
 
 
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7 
personalidade, como, por exemplo, o direito à vida, à 
dignidade, à liberdade; 
2.2 Direitos Sociais – Capítulo II: constituem as 
liberdades positivas, de observância obrigatória em um 
Estado Social de Direito, tendo por objetivo a melhoria 
das condições de vida aos hipossuficientes, visando à 
concretização da igualdade material ou substancial; 
2.3 Direitos de Nacionalidade – Capítulo III: cuidam do 
vínculo jurídico-político que liga um indivíduo a um 
determinado Estado, capacitando-o a exigir sua proteção 
e sujeitando-o ao cumprimento de determinados deveres; 
2.4 Direitos Políticos – Capítulo IV: cuidam do conjunto 
de regras que disciplinam as formas de atuação da 
soberania popular, com o fim de permitir ao indivíduo o 
exercício concreto da liberdade de participação nos 
negócios políticos do Estado, conferindo-lhe os atributos 
da cidadania; e 
2.5 Partidos Políticos – Capítulo V: direito à existência, 
organização e participação em partidos políticos 
regulamentam os partidos políticos como instrumentos 
necessários à preservação do Estado Democrático de 
Direito, assegurando-lhes autonomia e plena liberdade de 
atuação, para concretizar o sistema representativo. 
Obs.: a expressão DIREITOS HUMANOS é utilizada para 
designar direitos pertencentes ao homem, 
universalmente considerado, sem referência a 
determinado ordenamento jurídico ou limitação 
geográfica. Já os DIREITOS FUNDAMENTAIS são aqueles 
reconhecidos como tais em determinado ordenamento 
jurídico, de certo Estado. 
3 – Características: 
3.1 Historicidade: os direitos fundamentais derivam de 
longa evolução histórica, participando de um contexto 
histórico perfeitamente delimitado. Não são obra da 
natureza, mas das necessidades humanas, ampliando-se a 
depender das circunstâncias. Ex.: Direito de propriedade – 
art. 5º, inciso XXII, da CF; 
3.2 Inalienabilidade: são indisponíveis, ou seja, esses 
direitos são intransferíveis e inegociáveis. Os seus 
titulares não podem vendê-los, aliená-los, comercializá-
los, pois não têm conteúdo econômico. Ex.: a função 
social da propriedade não pode ser vendida porque não 
corresponde a um bem disponível – art. 5º, inciso XXIII, da 
CF; 
3.3 Imprescritibilidade: não deixam de ser exigíveis em 
razão da falta de uso. Ex.: direito à vida – art. 5º,caput, da 
CF; 
3.4 Irrenunciabilidade: nenhum ser humano pode abrir 
mão de possuir direitos fundamentais. Pode até não usá-
los adequadamente, mas não pode renunciar à 
possibilidade de exercê-los. Ex.: não ajuizamento do 
mandado de segurança, algo que não o retira da 
Constituição – art. 5º, LXIX, da CF. 
3.5 Universalidade: todos os seres humanos têm direitos 
fundamentais que devem ser devidamente respeitados, 
em razão do princípio da dignidade da pessoa humana. 
3.6 Inviolabilidade: nas disposições infraconstitucionais 
ou nos atos das autoridades públicas, devem-se observar 
os direitos fundamentais. 
3.7 Efetividade: o Poder Público, por meio de seus atos, 
deve ter por objetivo garantir a efetivação dos direitos 
fundamentais. 
3.8 Interdependência: um direito ou garantia está ligado 
ao outro de modo a formar um sistema. 
3.9 Complementaridade: os direitos fundamentais não 
devem ser interpretados isoladamente, mas sim de forma 
conjunta. 
3.10 Relatividade: Os direitos fundamentais não são 
absolutos. MS 23.452/RJ, rel Min. Celso de Mello, DJ 
12.05.2000. 
Obs.: para Norberto Bobbio, a vedação da tortura e a 
vedação do trabalho escravo não direitos absoluto, os 
quais devem ser exercidos de maneira irrestrita. 
4 Gerações e dimensões dos direitos fundamentais: 
4.1 Primeira geração – direitos individuais – são os 
direitos civis e políticos, reconhecidos nas Revoluções 
Francesa e Americana. O dever do Estado nesses direitos 
é de abstenção, de não fazer, de não interferência. São as 
chamadas liberdades individuais. 
4.2 Segunda geração – direitos sociais, econômicos e 
culturais – são os direitos econômicos, sociais e culturais. 
Identificam-se com as liberdades positivas, reais ou 
Noções de Direito Constitucional 
 
 
 
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concretas, e acentuam o princípio da igualdade entre os 
homens (igualdade material). O surgimento da segunda 
geração de direitos fundamentais se deu por meio dos 
movimentos sociais do século XIX, responsáveis pela 
gradual passagem do Estado liberal para o Estado social, 
centrado na proteção dos hipossuficientes e na busca da 
igualdade material entre os homens. 
4.3 Terceira geração – direitos de fraternidade e 
solidariedade – consagram os princípios da solidariedade 
e da fraternidade. São atribuídos genericamente a todas 
as formações sociais, protegendo interesses de 
titularidade coletiva ou difusa. Exemplo: direito ao meio 
ambiente ecologicamente equilibrado, à defesa do 
consumidor, à paz, à autodeterminação dos povos, ao 
patrimônio comum da humanidade, ao progresso e 
desenvolvimento, entre outros. São os direitos 
transindividuais ou metaindividuais. 
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS 
5 Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos 
5.1 DIREITOS INDIVIDUAIS: são limitações impostas pela 
soberania popular aos poderes constituídos, para 
resguardar direitos indispensáveis à pessoa humana. 
5.2 DIREITOS E GARANTIAS: Direitos são normas 
declaratórias, ao passo que Garantias são normas 
assecuratórias. Ex.: Direito à liberdade de locomoção 
(direito – art. 5º, XV) e o habeas corpus (garantia – art. 5º, 
LXVIII). 
Art. 5º, XV, da CF - é livre a locomoção no território 
nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos 
termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com 
seus bens; 
Art. 5º, LXVIII, CF - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre 
que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer 
violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por 
ilegalidade ou abuso de poder; 
Obs.: Os remédios constitucionais são espécies de 
garantias constitucionais. Estas são, dessa forma, mais 
abrangentes. Ex.: art. 5º, X, que estabelece o direito a 
intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas, 
assegurando, em seguida, o direito a indenização em caso 
de dano material ou moral provocado pela sua violação. 
Art. 5º, X, da CF - são invioláveis a intimidade, a vida 
privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o 
direito a indenização pelo dano material ou moral 
decorrente de sua violação; 
Obs.2: Remédios e Garantias de Direito Constitucional: 
a) habeas corpus – art. 5º, LXVIII (remédio heroico); 
LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que 
alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência 
ou coação em sua liberdade de locomoção, por 
ilegalidade ou abuso de poder; 
b) habeas data – art. 5º, LXXII; 
LXXII - conceder-se-á "habeas-data": 
 a) para assegurar o conhecimento de informações 
relativas à pessoa do impetrante, constantes de 
registros ou bancos de dados de entidades 
governamentais ou de caráter público; 
 b) para a retificação de dados, quando não se 
prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou 
administrativo; 
c) Mandado de segurança individual – art. 5º, LXIX; 
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para 
proteger direito líquido e certo, não amparado por 
"habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o 
responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for 
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no 
exercício de atribuições do Poder Público; 
d) Mandado de segurança coletivo – art. 5º, LXX; 
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser 
impetrado por: 
 a) partido político com representação no Congresso 
Nacional; 
 b) organização sindical, entidade de classe ou 
associação legalmente constituída e em funcionamento 
há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de 
seus membros ou associados; 
e) Mandado de injunção – art. 5º, LXXI; 
 LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que 
a falta de norma regulamentadora torne inviável o 
exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das 
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à 
cidadania; 
 
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9 
f) Ação popular – art. 5º, LXXIII; 
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor 
ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio 
público ou de entidade de que o Estado participe, à 
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao 
patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo 
comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus 
da sucumbência; 
g) Direito de petição – art. 5º, XXXIV, “a”; 
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente 
do pagamento de taxas: 
 a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa 
de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; 
h) Direito à certidão – art. 5º, XXXIV, “b”; 
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente 
do pagamento de taxas: 
 b) a obtenção de certidões em repartições públicas, 
para defesa de direitos e esclarecimento de situações de 
interesse pessoal; 
i) Ação civil pública – art. 129, III – note que este 
remédio não consta do art. 5º e, portanto, não é um 
direito fundamental. 
Art. 129. São funções institucionais do Ministério 
Público: 
 III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, 
para a proteção do patrimônio público e social, do meio 
ambiente e de outros interesses difusos e coletivos; 
Obs.1: A Constituição Federal dispõe em seu artigo 5º, 
LXXVII que são gratuitas: 
 As ações de "habeas-corpus" e "habeas-data"; e 
 Na forma da lei, os atos necessários ao exercício da 
cidadania. 
Obs.2: só para os reconhecidamente pobres: 
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, 
na forma da lei: 
a) o registro civil de nascimento; 
b) a certidão de óbito; 
 
5.3 DIREITO INDIVIDUAIS BÁSICOS: são os direitos 
considerados expressamenteprevistos no caput do 
art. 5º da Constituição Federal. São cinco: vida, 
liberdade, igualdade, segurança e propriedade. 
Obs.1: os demais direitos previstos no art. 5º decorrem 
dos direitos individuais básicos. 
Obs.2: são 78 incisos no art. 5º da CF em um rol não 
taxativo. Art. 5º, §2º da CF – os direitos e garantias 
expressos nesta Constituição não excluem outros 
decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, 
ou dos tratados internacionais em que a República 
Federativa do Brasil seja parte. 
Obs.3: os tratados e convenções internacionais podem 
integrar o ordenamento jurídico brasileiro em três níveis: 
a) como lei ordinária, se não versar sobre direitos 
humanos; 
b) com status supralegal e infraconstitucional, se versar 
sobre direitos humanos e não for aprovado pelo 
Congresso Nacional com mesmo procedimento de 
Emenda Constitucional; e 
c) com status constitucional, se versar sobre direitos 
humanos e for aprovado pelo Congresso Nacional pelo 
mesmo procedimento de Emenda Constitucional. 
Obs.4: Os tratados e convenções internacionais sobre 
direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa 
do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos 
dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes 
às emendas constitucionais – art. 5º, §3º. 
5.4 APLICABILIDADE DOS DIREITOS E GARANTIAS 
FUNDAMENTAIS: os direitos individuais, conforme dispõe 
o art. 5º, §1º, da CF, possuem aplicabilidade imediata, o 
que significa dizer que são autoaplicáveis, pois não 
dependem da edição de norma regulamentadora para 
que possam ser exercidos. 
Obs.: não significa que a própria constituição possa 
delegar ao legislador a regulamentação de alguns direitos. 
Ex.: A liberdade de profissão é trazida na CF em uma 
norma de eficácia contida, ou seja, aquela em que há 
possibilidade do legislador infraconstitucional restringi-la, 
por exemplo, estabelecendo o atendimento de 
qualificação profissional (art. 5º, XIII, da CF). 
Art. 5º, § 1º, da CF - As normas definidoras dos direitos 
e garantias fundamentais têm aplicação imediata. 
 
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou 
profissão, atendidas as qualificações profissionais que a 
lei estabelecer; 
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5.5 EFICÁCIA DOS DIREITOS E GARANTIAS 
FUNDAMENTAIS 
 
5.5.1 Eficácia horizontal dos direitos e garantias 
fundamentais 
 
A teoria da eficácia horizontal dos direitos e garantias 
fundamentais, também chamada de teoria da eficácia 
privada, surgiu na Alemanha sob o rótulo Drittwirkung, 
desenvolvendo-se de 1955 a 1960, como um 
aprimoramento da state action da Suprema Corte norte-
americana. 
Tradicionalmente, os direitos e garantias fundamentais 
são aplicados nas relações travadas entre o particular e o 
Poder Público. Aqui o sujeito passivo que arcará com a 
obrigação de satisfazer o direito do particular é o próprio 
Estado. As relações entre os indivíduos e o Estado 
apresentam eficácia vertical. 
Os direitos fundamentais valem não só nas relações 
verticais entre indivíduos e Estado, mas também nas 
relações inter-partes (particular com particular) – eficácia 
horizontal. 
Eficácia horizontal é, assim, a aplicação das liberdades 
públicas nas relações travadas somente entre 
particulares, que se concretiza pelos seguintes princípios: 
a) Princípio da eficácia direta ou imediata das liberdades 
públicas – existem direitos e garantias fundamentais que 
podem ser aplicados diretamente pelo Judiciário nas 
relações entre particulares, pois não precisam de lei para 
se tornar plenamente exequíveis. Ex.: direito à 
privacidade – art. 5º, inciso X, da CF; 
 
b) Princípio da eficácia irradiante das liberdades públicas 
– existem direitos e garantias fundamentais que irradiam 
sua eficácia a todos os escaninhos da ordem jurídica, 
espargindo efeitos até mesmo nas relações entre 
particulares. Ex.: devido processo legal, art. 5º, inciso LIV, 
da CF; 
 
c) Princípio da eficácia indireta ou mediata positiva das 
liberdades públicas – existem direitos e garantias 
fundamentais que, para serem aplicados pelo Judiciário 
nas relações entre particulares, precisam de lei para se 
concretizar. Ex.: liberdade de trabalho – art. 5º, inciso XIII, 
da CF; 
 
d) Princípio da eficácia indireta ou mediata negativa das 
liberdades públicas – existem direitos e garantias 
fundamentais que não podem ser obstacuizados pela lei, 
sob pena de deixarem de ser aplicados pelo Judiciário às 
relações entre particulares. Ex.: proibição do tratamento 
desumano ou degradante – art. 5º, inciso III, da CF. 
O Supremo Tribunal Federal já aplicou a referida teoria 
nos seguintes casos: 
a) Fere o princípio da razoabilidade contrato de 
consórcio que prevê devolução nominal de valor já pago 
em caso de desistência (RE 175.161-4); 
b) Viola o princípio da igualdade estatuto de empresa 
que discrimina funcionário com base em critério de sexo, 
raça, nacionalidade e credo religioso (RE 161.243-6); 
c) Pratica constrangimento ilegal fábrica que faz a revista 
íntima de funcionário (RE 160.222-8); 
d) A garantia da ampla defesa incide diretamente sobre 
as relações privadas. Por isso, membro de sociedade não 
pode dela ser excluído sem a sua observância (RE 
201.819). 
 
5.5.2 Eficácia constitucional 
Eficácia constitucional é a capacidade das normas 
supremas do Estado produzirem efeitos. Esses efeitos 
variam em grau e profundidade. A eficácia normativa é a 
simples possibilidade de aplicação da norma 
constitucional. 
Todas as normas constitucionais gozam de eficácia 
normativa, sendo aplicáveis nos limites dessa eficácia. 
Logo, são imperativas, não veiculam meros conselhos, 
avisos, recomendações ou lembretes. 
Quando as normas constitucionais são desrespeitadas, e 
tornam-se letra morta, algo corriqueiro no Brasil, o 
problema é de efetividade, ou seja, eficácia social, não de 
eficácia normativa. 
José Afonso da Silva, considerando três critérios distintos, 
concluiu que as normas constitucionais podem ser de 
eficácia plena e aplicabilidade imediata; de eficácia 
contida e aplicabilidade imediata; e de eficácia limitada 
(por princípio institutivo ou princípio programático). 
5.5.3 Normas constitucionais de eficácia plena 
São aquelas que possuem aplicabilidade imediata e não 
precisam de providência legislativa para ser utilizadas, já 
que possuem todos os elementos necessários à sua 
executoriedade direta e integral. Ex.: artigos 2º; 14, §2º; 
17, §4º; 19; 20; 21; 22; 24; 28, caput; 30; 37, III; 44, 
parágrafo único; 45, caput; 46, §1º; 51; 60; 156. 
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5.5.4 Normas constitucionais de eficácia contida 
Estas também possuem aplicabilidade imediata, mas 
podem ser restringidas ou suspensas pelo legislador 
ordinário. Ex.: artigos 5º, VII, VIII, XII, XIII, XV, XXIV, XXV, 
XXVII, XXVIII, XXIX e XXXIII; 15, IV; 37; 84, XXVI; 139; 170, 
parágrafo único; 184, caput. 
 
5.5.5 Normas constitucionais de eficácia limitada 
São aquelas que dependem de regulamentação para 
serem aplicadas e, por isso, possuem aplicabilidade 
diferida. 
No momento que são promulgadas, apresentam eficácia 
normativa, mas não efetividade (eficácia social). Logo, não 
produzem todos os seus efeitos, os quais dependem de lei 
para se concretizar. 
Daí a aplicabilidade reduzida dessas normas. 
As normas limitadas podem ser de princípio institutivo e 
de princípio programático. 
Normas limitadas por princípio institutivo – são quedependem de lei para dar corpo a institutos, instituições, 
pessoas, órgãos ou entidades constitucionais. 
A finalidade das normas institutivas é conseguir que a lei 
ordinária ou complementar as regulem, definitivamente, 
de sorte que estejam aptas a estruturar institutos, 
instituições, órgãos ou entidades. 
Elas indicam, em seu próprio corpo, a legislação futura 
que deverá completar-lhes a eficácia. Ex.: artigos 20, §2º; 
32, §4º; 33; 37, XI; 88; 90, §2º; 91, §2º; 107, parágrafo 
único; 109, VI; 111, §3º; 128, §5º. 
Normas limitadas por princípio programático – são as que 
estatuem programas a serem desenvolvidos pelo Estado. 
Também conhecidas como normas programáticas, 
cingem-se a enunciar as linhas diretoras que devem ser 
perseguidas pelos Poderes Públicos, como saúde, 
educação, lazer, moradia. 
As normas programáticas não contemplam interesses ou 
direitos regulados em si, mas, apenas, metas ou escopos a 
serem seguidos pelo Legislativo, Executivo e Judiciário. 
Buscam a consecução dos fins sociais pelo Estado, motivo 
por que desempenham função eficacial de programa. Ex.: 
artigos 3º; 7º, XI, XX, XXVII; 21, IX; 23; 170; 173, §4º; 196; 
205; 211; 215; 216, §3º; 218, caput; 226, §2º; 227. 
5.6 Destinatário dos Direitos e Garantias Fundamentais: 
As normas constitucionais são voltadas, primeiramente, 
para os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, que, ao 
exercer suas respectivas funções, tornam-se os 
destinatários diretos, primeiros ou imediatos das 
liberdades públicas. 
Ao aplicar os dispositivos da Carta Maior às situações 
concretas, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário 
efetivam os direitos e garantias fundamentais. É nesse 
estágio que o povo passa a ser receptor do Texto 
Supremo. 
Os cidadãos são os destinatários indiretos, secundários ou 
mediatos dos direitos e garantias fundamentais, os quais 
dependem de aplicação para se efetivar. 
Destinatários imediatos – Poder Público. 
Destinatários mediatos – Povo. 
5.6.1 o caput do art. 5º da CF deixa claro que os 
destinatários dos direitos individuais e coletivos são os 
brasileiros e estrangeiros residentes no País. 
Obs.1: E as pessoas jurídicas? As pessoas jurídicas são 
titulares de todos os direitos a ela compatíveis. Ex.: a 
liberdade de locomoção é incompatível e, portanto, a 
pessoa jurídica não tem direito de impetrar habeas corpus 
em seu favor. 
 
Obs.2: E os estrangeiros não residentes no País? Em razão 
do princípio da dignidade da pessoa humana, também são 
destinatários de direitos individuais e, assim, podem 
impetrar mandado de segurança e HC. 
 
Obs.3: E os apátridas? Os apátridas (pessoas sem 
nacionalidade) também são destinatários dos direitos 
individuais. 
 
DIREITO À VIDA 
5.7 – Direitos à Vida. 
5.7.1 Início e fim da vida: a vida inicia-se com a nidação 
(fixação do ovo no útero materno) e se finda com a morte 
encefálica (fim das funções vitais: atividade cerebral, 
circulação e respiração). 
Obs.1: são assegurados os direitos do nascituro desde à 
concepção – art. 2º, CC. 
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Art. 2º do CC - A personalidade civil da pessoa começa 
do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a 
concepção, os direitos do nascituro. 
Obs.2: O STF decidiu, por maioria de votos (6x5), a 
constitucionalidade da norma (Lei 11.105/2005) que 
permite, para fins de pesquisa ou terapia, a utilização de 
células-tronco obtidas de embriões humanos produzidos 
por fertilização in vitro e não utilizados, desde que de 
embriões inviáveis ou congelados há mais de três anos. 
Obs.3: O Código Penal tutela o direito à vida por meio dos 
seguintes artigos: 121 ao 128. 
5.7.2 Eutanásia (morte boa): configura homicídio 
privilegiado por motivo de relevante valor moral. Art. 121, 
§1º, CP. 
Art. 121. Matar alguém: 
 Pena - reclusão, de seis a vinte anos. 
 Caso de diminuição de pena (homicídio 
privilegiado) 
 § 1º Se o agente comete o crime impelido por 
motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o 
domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta 
provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de 
um sexto a um terço. 
5.7.3 Pena de morte: a pena de morte é expressamente 
vedada pela CF, salvo nos casos de guerra declarada (art. 
5º, XLVII, da CF). 
Art. 5º, XLVII, da CF - não haverá penas: 
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos 
termos do art. 84, XIX; 
Obs.1: de acordo com o art. 84, XIX, da CF, compete ao 
Presidente da República declarar guerra. 
Das Atribuições do Presidente da República 
Art. 84 da CF. Compete privativamente ao Presidente 
da República: 
 XIX - declarar guerra, no caso de agressão 
estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou 
referendado por ele, quando ocorrida no intervalo 
das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, 
decretar, total ou parcialmente, a mobilização 
nacional; 
 
Obs.2: As hipóteses de aplicação da pena de morte em 
crimes cometidos em tempo de guerra estão previstas no 
Código Penal Militar. A execução da pena de morte está 
prevista no Código de Processo Penal Militar, que será por 
fuzilamento. 
5.7.4 Tortura: decorrente do direito à vida, a vedação da 
tortura ficou estabelecida no art. 5º, III, da CF. A prática 
da tortura constitui crime inafiançável e insuscetível de 
graça ou anistia (art. 5º, XLIII). 
Art. 5º, III, da CF - ninguém será submetido a tortura 
nem a tratamento desumano ou degradante; 
Art. 5º, XLIII, da CF - a lei considerará crimes 
inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática 
da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas 
afins, o terrorismo e os definidos como crimes 
hediondos, por eles respondendo os mandantes, os 
executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; 
 
DIREITO À LIBERDADE 
5.8 Direito à liberdade ou às liberdades. 
5.8.1 Liberdade: é a faculdade que uma pessoa possui de 
fazer ou não fazer alguma coisa. 
5.8.2 Espécies de liberdade: 
a) de pensamento; 
b) de locomoção; 
c) de expressão coletiva; e 
d) de ação profissional. 
 
5.8.3 Liberdade de pensamento 
5.8.3.1 Liberdade de manifestação do pensamento e 
vedação do anonimato 
Art. 5º, IV – é livre a manifestação do pensamento, 
sendo vedado o anonimato. 
5.8.3.2 Direito de resposta 
Art. 5º, V, da CF – é assegurado o direito de resposta 
proporcional ao agravo, além da indenização por dano 
material, moral ou à imagem. 
5.8.3.3 Liberdade de consciência e de crença: a liberdade 
de crença relaciona-se a questões religiosas, já a liberdade 
de consciência é a liberdade de pensamento de foro 
íntimo em questões não religiosas. 
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Art. 5º, VI, da CF - é inviolável a liberdade de 
consciência e de crença, sendo assegurado o livre 
exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da 
lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; 
5.8.3.4 Liberdade de culto 
Art. 5º, VI, da CF – é assegurado o livre exercício dos 
cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a 
proteção aos locais de culto e a suas liturgias. 
Obs.1: essa garantia não fere a laicidade do Estado. 
Obs.2: a CF assegura o direito de assistência religiosa em 
seu art. 5º, VII. 
Art. 5º, VII, da CF - é assegurada, nos termos da lei, a 
prestação de assistência religiosa nas entidades civis e 
militares de internação coletiva; 
Obs.3: o art. 5º, VIII, firma que ninguém será privado de 
direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção 
filosófica ou política,salvo se as invocar para eximir-se 
de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a 
cumprir prestação alternativa, fixada em lei. 
5.8.3.5 Liberdade de expressão 
Art. 5º, IX, da CF - é livre a expressão da atividade 
intelectual, artística, científica e de comunicação, 
independentemente de censura ou licença; 
Obs.: Nenhuma lei poderá restringir a liberdade de 
expressão, esta deve observar apenas as restrições de 
ordem constitucional. Assim, então, estabelece a 
Constituição em seu art. 5º, IX que Independe de licença 
ou censura para que possa se expressar em atividades 
artísticas, intelectuais, científicas, ou em meio de 
comunicação. E ainda no art. 220: A manifestação do 
pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob 
qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão 
qualquer restrição, observado o disposto na CF. 
 Nenhuma lei conterá dispositivo que possa 
constituir embaraço à plena liberdade de informação 
jornalística em qualquer veículo de comunicação social. 
 É vedada toda e qualquer censura de natureza 
política, ideológica e artística. 
 A publicação de veículo impresso de comunicação 
independe de licença de autoridade. 
 
 
5.8.3.6 Direito de informação 
Art. 5º, XIV – é assegurado a todos o acesso à 
informação e resguardado o sigilo da fonte, quando 
necessário ao exercício profissional. 
Obs.: a CF resguarda o sigilo da fonte quando 
necessário ao exercício profissional. 
Art. 5º, XXXIII – todos têm direito a receber dos órgãos 
públicos informações de seu interesse particular, ou de 
interesse coletivo ou geral [...]. 
Obs.: o remédio constitucional previsto para assegurar 
esse direito é o MS. 
Art. 5º, LXIX - conceder-se-á mandado de segurança 
para proteger direito líquido e certo, não amparado por 
"habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o 
responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for 
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no 
exercício de atribuições do Poder Público; 
5.8.3.7 Art. 5º, LXXII – habeas data – é uma ação 
constitucional para proteger os indivíduos de banco de 
dados públicos ou abertos ao público, com dupla 
finalidade: conhecimento do conteúdo das informações e 
concessão da possibilidade de retificação. 
5.8.4 Liberdade de locomoção 
Art. 5º, XV, da CF – é livre a locomoção no território 
nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, 
nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair 
com seus bens. 
Obs.: apenas em tempo de guerra podem ser feitas 
restrições à liberdade de locomoção. 
5.8.4.1 Art. 5º, LXVIII – habeas corpus – remédio 
constitucional que assegura a liberdade de locomoção. 
Obs.1: o HC tutela a liberdade de locomoção quando a 
violência ou coação à liberdade de locomoção se der por 
ilegalidade ou por abuso de poder. 
Obs.2: o HC pode ser preventivo ou repressivo, pois o 
texto constitucional garante a ordem sempre que alguém 
sofrer ou se achar ameaçado de sofrer a violência ou 
coação à sua liberdade de locomoção. 
5.8.5 Liberdade de expressão coletiva 
5.8.5.1 Liberdade de reunião – art. 5º, XVI – requisitos 
para a reunião em locais abertos ao público: 
Noções de Direito Constitucional 
 
 
 
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a) Reunião pacífica, sem armas; 
b) Fins lícitos; 
c) Desde que não frustrem reunião anteriormente 
convocada para o mesmo local; 
d) Prévio aviso à autoridade competente. 
 
Art. 5º, XVI, da CF - todos podem reunir-se 
pacificamente, sem armas, em locais abertos ao 
público, independentemente de autorização, desde 
que não frustrem outra reunião anteriormente 
convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido 
prévio aviso à autoridade competente; 
Obs.: não há necessidade de autorização para o exercício 
desse direito. 
5.8.5.2 Liberdade de associação – art. 5º, XVII – é plena a 
liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de 
caráter paramilitar. 
Obs.1: ao militar são proibidas a sindicalização e a greve – 
art. 142, §3º, IV, da CF. 
Art. 142, § 3º, IV, da CF - ao militar são proibidas a 
sindicalização e a greve; 
Obs.2: é permitido ao militar a associação para fins lícitos. 
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a 
permanecer associado; 
XXI - as entidades associativas, quando expressamente 
autorizadas, têm legitimidade para representar seus 
filiados judicial ou extrajudicialmente; 
Obs.3: a criação de associações e a de cooperativas 
independem de autorização. As cooperativa devem ser 
criadas na forma da lei – art. 5º, XVIII. 
Art. 5º, XVIII, da CF - a criação de associações e, na 
forma da lei, a de cooperativas independem de 
autorização, sendo vedada a interferência estatal em 
seu funcionamento; 
Obs.4: as associações só poderão ser compulsoriamente 
dissolvidas por decisão judicial com trânsito em julgado. 
5.8.6 Liberdade de ação profissional – art. 5º, XIII – é o 
direito de cada indivíduo exercer qualquer atividade 
profissional, de acordo com as suas preferências e 
possibilidades. 
Art. 5º, XIII, da CF - é livre o exercício de qualquer 
trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações 
profissionais que a lei estabelecer; 
Obs.: A liberdade de profissão pode ser restringida pelo 
legislador infraconstitucional ao estabelecer qualificações 
profissionais. 
DIREITO DE IGUALDADE 
5.9 Direito de Igualdade 
5.9.1 Princípio da isonomia ou da igualdade – todos são 
iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza – 
art. 5º, caput. 
Art. 5º da CF – Todos são iguais perante a lei, sem 
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos 
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à 
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos 
seguintes: 
5.9.2 Igualdade: consiste em tratar igualmente os 
iguais, com os mesmos direitos e obrigações, e 
desigualmente os desiguais, na medida de sua 
desigualdade. 
5.9.3 Igualdade formal e igualdade material: na formal, 
todos são iguais perante a lei; na material, busca-se a 
igualdade de fato na vida econômica e social 
(DISCRIMINAÇÃO POSITIVA). 
5.9.4 Igualdade entre homens e mulheres: homens e 
mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos 
desta Constituição – art. 5º, I. 
Obs.1: os direitos e deveres referentes à sociedade 
conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela 
mulher – art. 226, §5º. 
Art. 226 da CF. A família, base da sociedade, tem 
especial proteção do Estado. 
 § 5º - Os direitos e deveres referentes à sociedade 
conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela 
mulher. 
Obs.2: A Lei Maria da Penha é constitucional. 
5.9.5 – a Constituição veda qualquer forma de 
discriminação em razão de raça, cor, etnia, religião e 
procedência. 
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5.9.5.1 – cor: corresponde simplesmente à maior ou 
menor pigmentação da pele. 
5.9.5.2 – etnia: corresponde a um agrupamento de 
pessoas unidas pela mesma língua, cultura e consciência. 
5.9.5.3 – religião: é a fé professada por qualquer pessoa. 
Obs.1: a CF elevou a prática de racismo a “crime 
inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, 
nos termos da lei” – art. 5º, XLII. 
Art. 5º, XLII, da CF - a prática do racismo constitui crime 
inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, 
nos termos da lei; 
Obs.2: há apenas dois crimes imprescritíveis previstos na 
CF: a prática de racismo e a ação de grupos armados, civis 
ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado 
Democrático. 
5.9.6 – Ações afirmativas: açãoafirmativa é a utilização 
de mecanismos de proteção e favorecimento aos que 
necessitam de uma especial tutela, como uma forma de 
superação das diversas desigualdades existentes em uma 
sociedade. Ex.: Cotas em universidades para negros e 
pardos. 
Obs.: o STF declarou constitucional as ações afirmativas. 
DIREITO À SEGURANÇA 
5.10 – Direito à segurança (Segurança é a tranquilidade 
do exercício dos direitos fundamentais). 
5.10.1 – Abrangência: os direitos relativos à segurança do 
indivíduo abrangem os direitos subjetivos em geral e os 
relativos à segurança pessoal. 
5.10.1.1 – Direitos subjetivos em geral – encontra-se o 
direito à legalidade e à segurança das relações jurídicas. 
5.10.1.1.1 – Princípio da legalidade 
Art. 5º, II, da CF – ninguém será obrigado a fazer ou 
deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. 
Obs.1: Um indivíduo pode fazer tudo o que a lei não 
proíbe ou não determina. 
Obs.2: Para a Administração Pública, o princípio da 
legalidade tem sentido restrito: o Poder Público só pode 
fazer o que a lei autoriza – art. 37, caput. 
Art. 37 da CF. A administração pública direta e indireta 
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos 
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, 
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: 
5.10.1.1.2 – Segurança das relações jurídicas 
Art. 5º, XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o 
ato jurídico perfeito e a coisa julgada. 
Obs.1: ato jurídico perfeito – é o já consumado segundo a 
lei vigente ao tempo em que se efetivou. Ex.: quem já se 
aposentou. 
Obs.2: direito adquirido – é o que pode ser exercido a 
qualquer momento, pois já incorporado ao patrimônio de 
seu titular. Ex.: quem já completou os requisitos mínimos 
para a aposentadoria, mas ainda não aposentou. 
Obs.3: coisa julgada – é a decisão judicial da qual não 
caiba mais recurso. 
5.10.1.2 – Direitos relativos à segurança pessoal – incluem 
o respeito à liberdade pessoal, a inviolabilidade da 
intimidade, do domicílio e das comunicações pessoais e a 
segurança em matéria jurídica. 
5.10.1.2.1 – Inviolabilidade da intimidade (direito á 
privacidade) 
Art. 5º, X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a 
honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a 
indenização pelo dano material ou moral decorrente de 
sua violação. 
5.10.1.2.2 – Inviolabilidade do domicílio 
Art. 5º, XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, 
ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do 
morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, 
ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por 
determinação judicial. 
Obs.1: Casa é o lugar onde uma pessoa vive ou trabalha, 
não aberto ao público, reservado a sua intimidade e a sua 
vida privada. 
Obs.2: A definição de casa encontra-se nos art. 150, §4º, 
do CP. E o que não compreende casa está no §5º do 
mesmo artigo. 
Art. 150, § 4º, do CP - A expressão "casa" compreende: 
 I - qualquer compartimento habitado; 
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 II - aposento ocupado de habitação coletiva; 
 III - compartimento não aberto ao público, onde 
alguém exerce profissão ou atividade. 
Art. 150, § 5º, do CP - Não se compreendem na 
expressão "casa": 
 I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra 
habitação coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição 
do n.º II do parágrafo anterior; 
 II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo 
gênero. 
Obs.3: Dia estende-se das 6 às 18 horas. 
Obs.4: Apenas Juiz pode determinar a inviolabilidade do 
domicílio – reserva de jurisdição. 
Obs.5: Nenhum direito fundamental e absoluto, desta 
forma, o STF decidiu pela não ilicitude das provas obtidas 
com violação noturna de escritório de advogados para 
que fossem instalados equipamentos de escuta 
ambiental, já que os próprios advogados estavam 
praticando atividades ilícitas em seu interior. Desta forma, 
a inviolabilidade profissional do advogado, bem como do 
seu escritório, serve para resguardar o seu cliente para 
que não se frustre a ampla defesa, mas, se o investigado e 
o próprio advogado, ele não poderá invocar a 
inviolabilidade profissional ou de seu escritório, já que a 
Constituição não fornece guarida para a prática de crimes 
no interior de recinto. 
5.10.1.2.3 – Inviolabilidade das comunicações pessoais 
Art. 5º, XII – é inviolável o sigilo da correspondência e 
das comunicações telegráficas, de dados e das 
comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por 
ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei 
estabelecer para fins de investigação criminal ou 
instrução processual penal. 
Obs.1: a expressão “no último caso” compreende, de 
acordo com a jurisprudência, as comunicações de dados e 
as comunicações telefônicas. 
Obs.2: Consiste em exceção ao sigilo da correspondência, 
da comunicação telegráfica e telefônica o constante do 
art. 136, I, “b”, CF e do art. 139, III, CF. 
Art. 136, § 1º, da CF - O decreto que instituir o estado de 
defesa determinará o tempo de sua duração, 
especificará as áreas a serem abrangidas e indicará, nos 
termos e limites da lei, as medidas coercitivas a 
vigorarem, dentre as seguintes: 
 I - restrições aos direitos de: 
 b) sigilo de correspondência; 
 c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica; 
 
Art. 139 da CF. Na vigência do estado de sítio decretado 
com fundamento no art. 137, I, só poderão ser tomadas 
contra as pessoas as seguintes medidas: 
 III - restrições relativas à inviolabilidade da 
correspondência, ao sigilo das comunicações, à 
prestação de informações e à liberdade de imprensa, 
radiodifusão e televisão, na forma da lei; 
Obs.3: também é uma exceção ao sigilo da 
correspondência o caso de carta encaminhada ao preso. 
Obs.4: A lei que regula a interceptação telefônica é a Lei 
9.296/96. 
Obs.5: Apenas Juiz pode autorizar a interceptação 
telefônica – reserva de jurisdição. 
Obs.6: a gravação é permitida. 
5.10.1.2.4 – Segurança em matéria jurídica: 
5.10.1.2.4.1 – Garantias jurisdicionais: 
a) Princípio da inafastabilidade ou do controle do Poder 
Judiciário 
Art. 5º, XXXV – a lei não excluirá da apreciação do 
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; 
b) Proibição dos tribunais de exceção 
Art. 5º, XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de 
exceção; 
c) Julgamento pelo Tribunal do Júri em crimes dolosos 
contra a vida 
Art. 5º, XXXVIII – é reconhecida a instituição do júri, 
com a organização que lhe der a lei, assegurados: 
a) a plenitude de defesa; 
b) o sigilo das votações; 
c) a soberania dos veredictos; 
d) a competência para o julgamento dos crimes 
dolosos contra a vida; 
 
d) Princípio do Juiz natural ou do Juiz competente 
 
Art. 5º, LIII – ninguém será processado nem 
sentenciado senão pela autoridade competente; 
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5.10.1.2.4.2 – Garantias materiais: 
a) Princípios da anterioridade e da reserva legal 
Art. 5º, XXXIX – não há crime sem lei anterior que o 
defina, nem pena sem prévia cominação legal; 
b) Princípio da irretroatividade da lei penal mais gravosa 
Art. 5º, XL – a lei penal não retroagirá, salvo para 
beneficiar o réu; 
c) Princípio da personalização da pena ou princípio 
da intranscendência 
Art. 5º, XLV – nenhuma pena passará da pessoa do 
condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e 
a decretação do perdimento de bens ser, nos termos 
da lei, estendidasaos sucessores e contra eles 
executadas, até o limite do valor do patrimônio 
transferido; 
d) Princípio da individualização da pena 
Art. 5º, XLVI – a lei regulará a individualização da 
pena [...]; 
e) Proibição de determinadas penas 
Art. 5º, XLVII – não haverá penas: 
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos 
termos do art. 84, XIX; 
b) de caráter perpétuo; 
c) de trabalhos forçados; 
d) de banimento; 
e) cruéis; 
f) Princípios relativos à execução da pena privativa 
de liberdade 
Art. 5º: 
XLVIII – a pena será cumprida em estabelecimentos 
distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade 
e o sexo do apenado; 
XLIX – é assegurado aos presos o respeito à 
integridade física e moral; 
L – às presidiárias serão asseguradas condições para 
que possam permanecer com seus filhos durante o 
período de amamentação; 
g) Restrições à extradição de nacionais e 
estrangeiros 
Art. 5º: 
LI – nenhum brasileiro será extraditado, salvo o 
naturalizado, em caso de crime comum, praticado 
antes da naturalização, ou de comprovado 
envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e 
drogas afins, na forma da lei; 
LII – não será concedida extradição de estrangeiro 
por crime político ou de opinião; 
h) Proibição da prisão civil por dívidas, salvo no caso 
de devedor de pensão alimentícia. 
Art. 5º, LXVII – não haverá prisão civil por dívida, 
salvo a do responsável pelo inadimplemento 
voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a 
do depositário infiel; 
5.10.1.2.4.3 – Garantias Processuais: 
a) Princípio do devido processo legal 
Art. 5º, LIV – ninguém será privado da liberdade ou 
de seus bens sem o devido processo legal; 
b) Princípio do contraditório e da ampla defesa 
Art. 5º, LV – aos litigantes, em processo judicial ou 
administrativo, e aos acusados em geral são 
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os 
meios e recursos a ela inerentes; 
c) Proibição de prova ilícita 
Art. 5º, LVI – são inadmissíveis, no processo, as 
provas obtidas por meios ilícitos; 
d) Princípio da presunção de inocência ou estado de 
inocência 
Art. 5º, LVII – ninguém será considerado culpado até 
o trânsito em julgado de sentença penal 
condenatória; 
e) Proibição da identificação criminal da pessoa já 
civilmente identificada 
Art. 5º, LVIII – o civilmente identificado não será 
submetido a identificação criminal, salvo nas 
hipóteses previstas em lei; 
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f) Garantias da legalidade e da comunicabilidade 
das prisões 
Art. 5º da CF: 
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou 
por ordem escrita e fundamentada de autoridade 
judiciária competente, salvo nos casos de 
transgressão militar ou crime propriamente militar, 
definidos em lei; 
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se 
encontre serão comunicados imediatamente ao juiz 
competente e à família do preso ou à pessoa por ele 
indicada; 
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre 
os quais o de permanecer calado, sendo-lhe 
assegurada a assistência da família e de advogado; 
LXIV - o preso tem direito à identificação dos 
responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório 
policial; 
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela 
autoridade judiciária; 
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, 
quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou 
sem fiança; 
 
DIREITO DE PROPRIEDADE 
 
5.11 – Direito de Propriedade – art. 5º, XXII, XXIV, XXV, 
XXVI, XXVII, XXVIII, XXIX, XXX. 
Art. 5º da CF: 
XXII - é garantido o direito de propriedade; 
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; 
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para 
desapropriação por necessidade ou utilidade pública, 
ou por interesse social, mediante justa e prévia 
indenização em dinheiro, ressalvados os casos 
previstos nesta Constituição; 
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade 
competente poderá usar de propriedade particular, 
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se 
houver dano; 
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em 
lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto 
de penhora para pagamento de débitos decorrentes 
de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os 
meios de financiar o seu desenvolvimento; 
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de 
utilização, publicação ou reprodução de suas obras, 
transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; 
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: 
 a) a proteção às participações individuais em obras 
coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, 
inclusive nas atividades desportivas; 
 b) o direito de fiscalização do aproveitamento 
econômico das obras que criarem ou de que 
participarem aos criadores, aos intérpretes e às 
respectivas representações sindicais e associativas; 
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos 
industriais privilégio temporário para sua utilização, 
bem como proteção às criações industriais, à 
propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a 
outros signos distintivos, tendo em vista o interesse 
social e o desenvolvimento tecnológico e econômico 
do País; 
XXX - é garantido o direito de herança; 
 
DIREITOS SOCIAIS 
 
1. Conceito 
Direitos sociais são direitos de conteúdo econômico-social 
que visam melhorar as condições de vida e de trabalho 
para todos. São prestações positivas do estado em prol 
dos menos favorecidos e dos setores economicamente 
mais fracos da sociedade. 
Obs.: Embora os direitos sociais não sejam reconhecidos 
pacificamente como cláusulas pétreas, a jurisprudência e 
doutrina os albergam pelo princípio da proibição do 
retrocesso. 
Princípio este que se manifesta de duas formas: 
1- Impedindo que o Poder Público venha retirar a 
regulamentação de algo já concretizado. 
2- Autorizando a impetração da ADI por omissão e 
mandado de injunção, a fim de se cobrarem providências 
legislativas e administrativas para a concretização de tais 
direitos. 
Assim, decidiu o STF, no sentido da existência de direito 
subjetivo público de crianças até cinco anos de idade ao 
atendimento em creches e pré-escolas. E também 
consolidou o entendimento de que é possível a 
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intervenção do Poder Judiciário visando à efetivação 
daquele direito constitucional. 
 
2. Constituição de 1988 
Os direitos sociais são mencionados no art. 6º da CF e 
desdobrados em vários dispositivos incluídos no Título VIII 
(Da Ordem Social). Já os direitos trabalhistas estão 
previstos nos artigos 7º a 11 da CF. 
3. Classificação 
Os direitos sociais são classificados, de acordo com José 
Afonso da Silva, da seguinte maneira: 
a) Direitos sociais relativos ao trabalhador (art. 7º a 
11); 
b) Direitos sociais relativos à seguridade social, 
abrangendo os direitos à saúde, à previdência social e à 
assistência social (art. 193 a 204); 
c) Direitos sociais relativos à educação, à cultura e ao 
esporte (art. 205 a 217); 
d) Direitos sociais relativos à família, à criança, ao 
adolescente, ao idoso e às pessoas portadoras de 
deficiência (art. 226 a 230); 
e) Direitos sociais relativos ao meio ambiente (art. 
225). 
 
4. Espécies de direitos sociais 
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a 
alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a 
segurança, a previdência social, a proteção à 
maternidade e à infância,a assistência aos 
desamparados, na forma desta Constituição. 
Obs.: cabe lembrar que o direito à moradia foi inserido na 
Constituição por meio da EC nº 26/2000 e o direito à 
alimentação por meio da EC nº 64 de 2010. 
5. Direitos sociais individuais e coletivos 
Os direitos trabalhistas se subdividem em individuais e 
coletivos. Os individuais estão previstos no art. 7º, 
enquanto os coletivos estão previstos nos artigos 8º 
(liberdade de associação profissional ou sindical), 9º 
(direitos de greve), 10 (participação em órgãos 
colegiados) e 11 (representação nas empresas com mais 
de duzentos empregados). 
NACIONALIDADE 
1 – Conceito: nacionalidade é o vínculo jurídico e 
político pelo qual um indivíduo se torna parte 
integrante do povo de um Estado. 
2 – Modos de aquisição da nacionalidade: 
2.1 – primária ou originária (natos) – adquire-se a 
nacionalidade pelo nascimento. A pessoa, ao nascer, 
já possui a nacionalidade de determinado Estado; 
2.2 – secundária ou adquirida (naturalizados) – resulta de 
um ato posterior de vontade. A pessoa adquire a 
nacionalidade de outro país durante sua existência. 
3 – Critérios para a aquisição da nacionalidade 
primária. 
3.1 – Jus soli ou jus loci ou critério da territorialidade – 
determina-se a nacionalidade de uma pessoa pelo 
local de nascimento. São considerados nacionais 
todos os que nascem no território do Estado. 
3.2 – Jus sanguinis ou critério da consanguinidade – 
determina-se a nacionalidade de uma pessoa pela 
origem de seus ascendentes. São considerados 
nacionais todos que possuem ascendentes da mesma 
nacionalidade, até um determinado grau. 
4 – Modos de aquisição da nacionalidade originária 
brasileira – Art. 12, inciso I, da CF: 
4.1 – são brasileiros natos os nascidos na República 
Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, 
desde que estes não estejam a serviço de seu país; 
Obs.1: o critério adotado neste primeiro modo foi o jus 
soli. 
Obs.2: apesar de a Constituição ter dito “na República 
Federativa do Brasil”, ela quis se referir “no território da 
República Federativa do Brasil”. 
Obs.3: compreende o território brasileiro: 
 
a) O solo, subsolo, espaço aéreo; 
b) O mar territorial, que compreende 12 milhas a partir 
da costa brasileira; 
c) A plataforma continental, que compreende o leito e o 
subsolo das áreas submarinas que se estendem além do 
seu mar territorial com “largura” de 200 milhas; 
d) Os navios e aeronaves brasileiros de natureza privada 
em alto mar ou no espaço aéreo correspondente; 
e) Os navio e aeronaves brasileiros a serviço do governo 
brasileiro onde quer que se encontrem. 
Obs.: o constante das letras d) e e) são considerados 
território brasileiro por extensão. 
Noções de Direito Constitucional 
 
 
 
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Obs.4: O critério da territorialidade (jus soli) é a regra no 
Brasil, mas não é um critério absoluto, pois comporta 
exceção, ou seja, mesmo que nasça no território da 
República Federativa no Brasil não será brasileiro se: 
 
a) Filho de estrangeiros (pai e mãe devem ser 
estrangeiros) e, pelo menos um, estar a serviço do País de 
origem. 
 
4.2 – são brasileiros natos os nascidos no estrangeiro, de 
pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles 
esteja a serviço da República Federativa do Brasil; 
Obs.: como são nascidos no estrangeiro, o critério não 
pode ser o jus soli. 
Obs.2: O critério adotado nesta hipótese é o jus sanguinis 
ou consanguinidade + o critério funcional, pois deve estar 
a serviço do Estado brasileiro. 
Obs.3: Compreende “a serviço da República Federativa do 
Brasil” o seguinte: 
a) Estar a serviço da Administração Pública Direta, que 
compreende a União, Estados, Distrito Federal e 
Municípios; 
b) Estar a serviço da Administração Pública Indireta, que 
compreende as Autarquias, Fundações Públicas, 
Sociedades de Economia Mista e Empresas Públicas. 
Obs.4: Basta que apenas um dos pais seja brasileiro, 
desde que esteja a serviço do Estado brasileiro, para que 
o filho também seja brasileiro. 
4.3 – são brasileiros natos os nascidos no estrangeiro, de 
pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que sejam 
registrados em repartição brasileira competente; 
Obs.: O critério adotado nesta hipótese é o jus sanguinis + 
o registro. 
Obs.2: O registro pode ser feito no Consulado ou na 
Embaixada. 
Obs.3: Esta hipótese esteve fora da Constituição de 1994 
com a Emenda Constitucional de Revisão nº 3 até 2007 
com a Emenda Constitucional nº 54. 
4.4 – são brasileiros natos os nascidos no estrangeiro, de 
pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que venham a 
residir na República Federativa do Brasil e optem, em 
qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela 
nacionalidade brasileira; 
Obs.: O critério adotado aqui é o jus sanguinis + residência 
+ opção. 
5 – Modos de aquisição da nacionalidade secundária 
brasileira (naturalização é o ato pelo qual uma pessoa 
adquire a nacionalidade de outro Estado) – Art. 12, inciso 
II, da CF: 
 
5.1 – Naturalização tácita – o silêncio é interpretado 
como uma manifestação da vontade de adquirir a 
nacionalidade brasileira. Foi admitida por duas 
Constituições brasileiras: a de 1824 (em relação aos 
portugueses) e a de 1891 (grande naturalização). 
 
5.2 – Naturalização expressa – depende de manifestação 
da vontade da pessoa interessada em adquirir a 
nacionalidade brasileira, que deve expressa requerê-la. A 
Constituição de 1988 prevê duas espécies de 
naturalização expressa: ordinária e extraordinária. 
 
a) Naturalização ordinária – art. 12, inciso II, alínea a, da 
CF: os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade 
brasileira, exigidas aos originários de países de língua 
portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e 
idoneidade moral; 
Obs.: aos estrangeiros não originários de países de língua 
portuguesa, os requisitos para a naturalização ordinária 
estão previstos no art. 112 do Estatuto do Estrangeiro. 
Art. 112. São condições para a concessão da 
naturalização: 
 I - capacidade civil, segundo a lei brasileira; 
 II - ser registrado como permanente no Brasil; 
 III - residência contínua no território nacional, pelo 
prazo mínimo de quatro anos, imediatamente 
anteriores ao pedido de naturalização; 
 IV - ler e escrever a língua portuguesa, consideradas 
as condições do naturalizando; 
 V - exercício de profissão ou posse de bens 
suficientes à manutenção própria e da família; 
 VI - bom procedimento; 
 VII - inexistência de denúncia, pronúncia ou 
condenação no Brasil ou no exterior por crime doloso a 
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que seja cominada pena mínima de prisão, 
abstratamente considerada, superior a 1 (um) ano; e 
 VIII - boa saúde. 
Obs.2: Já aos originários de países de língua portuguesa, 
há necessidade de apenas dois requisitos: 
 
b) Residência por um ano ininterrupto; e 
c) Idoneidade moral. 
 Obs.: Quase nacionais ou português equiparado - Aos 
portugueses com residência permanente no País, se 
houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão 
atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os 
casos previstos nesta Constituição. 
Obs.: aos portugueses há dois caminhos para exercer os 
direitos de brasileiros naturalizados: 
a) Primeiro: ele pode se naturalizar e perder a 
nacionalidade originária; ou 
b) Segundo: estabelecer residência e solicitar a 
equiparação. Neste segundo caminho, o português não 
perde

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