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Conceito soberania e estudo de caso Catalunha

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1 DEFINIÇÃO
O conceito de soberania foi discutido por Jean Bodin, em sua obra Les Six Livres de la République (Os seis livros da República), em 1576, na qual enfatiza soberania como entidade que não conhece superior na ordem externa nem igual na ordem interna: "a soberania é o poder absoluto e perpétuo de uma República”. 
Em 1762, Jean-Jacques Rousseau irá enfatizar o conceito referindo-se como a representação do povo, percebida, então como soberania popular. Isto é, há a transferência do conceito de soberania da pessoa do governante para todo o povo, entendido como corpo político ou sociedade de cidadãos. Sendo, dessa forma, inalienável e indivisível e deve ser exercida pela vontade geral, denominada por soberania popular.
Um Estado em que impera a Soberania Popular é criado e sujeito à vontade das pessoas, que são a fonte de todo o poder político. Trata-se do princípio básico das democracias. Na Legislação brasileira, a Soberania popular está consagrada na Constituição:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
(BRASIL, 1988).
Dessa forma, entende-se por soberania a qualidade máxima de poder social por meio da qual as normas e decisões elaboradas pelo Estado prevalecem sobre as normas e decisões emanadas de grupos sociais intermediários, tais como família, escola, empresa e religião. Nessa perspectiva, a soberania pode ser dois significados: “um interno, de insubordinação a um poder superior, e outro externo, de independência e impermeabilidade.” (STRECK e MORAIS, 2000).
A soberania tem quatro características tradicionais, a citar: una, indivisível, inalienável e imprescritível. Una porque é sempre poder superior sobre todos os demais. Indivisível pois aplica-se a todos os fatos ocorridos no interior do Estado, apesar de, como veremos na sequência, poder coexistir com o mecanismo da separação de funções (legislativa, executiva e jurisprudencial). Inalienável visto que não se delega a soberania. E por fim, imprescritível, já que não tem prazo de duração. (STRECK e MORAIS, 2000).
2 ESTUDO DE CASO: CATANUNHA
 	A denominação Estado vem do latim status, que quer dizer “estar firme”, significando situação permanente de convivência e ligada à sociedade política, aparece pela primeira vez em “O Príncipe” de Maquiavel, escrito em 1513, passando a ser utilizada pelos italianos sempre ligada ao nome de uma cidade independente.
	Mas, quando se pensa nas causas do aparecimento dos Estados deve-se levar em conta duas questões principais: a formação destes deu-se de caráter originário ou derivado? Dentro da teoria da formação dos Estados em caráter originário afirma-se dentre outras formações, a de que este surgiu naturalmente, não havendo um ato voluntário intuindo esta criação. Quanto ao processo de formação dos Estados por derivação conclui-se que sua criação deu-se tendo como base original um Estado preexistente. A respeito deste processo de criação conclui-se que pode ocorrer por fracionamento ou união de Estados. O fracionamento ocorre quando uma parte do território de um Estado se desmembra e passa a constituir um novo Estado. Já a união implica na adoção de uma Constituição comum, desaparecendo os Estados preexistentes que aderiram à União.
	Diante disto, faz-se perceber que o processo ao qual cabe o presente estudo de caso, a saber, o movimento de independência do Estado da Catalunha da Espanha, possui enquadramento na formação de um Estado mediante derivação por fracionamento visto que, aquele pretende separa-se do país espanhol.
	 O movimento pela independência da Catalunha é um processo político historicamente derivado do Nacionalismo Catalão, que busca a separação da Catalunha da Espanha. O movimento político começou em 1922 quando Francesc Macià fundou o partido político Estado Catalão (Estat Català). Assim, em 1931, o Estat Català e outos partidos formaram a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC). Macià proclamou uma República Catalã em 1931, aceitando posteriormente a autonomia dentro do Estado espanhol depois de negociações com os líderes da então  Segunda República Espanhola. Durante a Guerra Civil Espanhola, o general Francisco Franco aboliu a autonomia catalã em 1938. Após a morte de Franco em 1975, os partidos políticos catalães concentraram-se na autonomia e não na independência. 
Desta forma, na segunda metade do século XIX a Catalunha é diferente da Espanha. Tem língua própria, cultura própria, tradições próprias e visões próprias. Além disso, a nação catalã construiu-se através de uma sociedade moderna, industrial e urbana. Esta sociedade procura consolidar os seus rasgos pessoais. O movimento da Renascença  Catalã, como é conhecido, deve ser, por tanto, compreendido como a consequência de uma sociedade industrial, adaptada aos tempos que decorrem. Na Europa, o romantismo exaltou a literatura, a língua, as tradições, a história e a identidade. Influenciados por este panorama, os checos, eslovenos, croatas, sérvios, etc. começam a caminhar em direção à emancipação, ao mesmo tempo em que os italianos e alemães preferem à unificação. 
No entanto, o regime de Francisco Franco impôs a censura e a exterminação da oposição. Foi particularmente duro para com os catalães e os bascos porque pretendeu exterminar qualquer sinal identitário catalão e basco. As empresas catalãs foram boicotadas. Entraram em recessão. A economia entrou numa fase de parálise. Fome, autarquia, corrupção, proibições energéticas e mercado negro. Aqueles catalães que conseguiram fugir do regime tentaram combatê-lo a partir da França, nomeadamente através de guerrilhas chamadas "maquis". Outros resolveram combater o fascismo alemão ajudando a resistência francesa. O governo catalão em exílio na França tentou fazer valer os direitos da Cataluña sem grande resultado. Outro dos grandes objetivos do franquismo foi eliminar o catalão e toda amostra referente a esta identidade. Para isso a propaganda foi posta ao serviço do fascismo. Houve censura de toda a publicação em língua catalã. Falar catalão era motivo de pena de morte. Nas ruas os cartazes obrigavam as pessoas a "falar a língua do império" (o castelhano). A escola foi usada para castelhanizar os bascos e catalães. As ruas, nomes próprios e outras denominações foram castelhanizadas à força. Foi proibido nas universidades e perseguido no âmbito intelectual.
Após a ditadura nasce uma consciência favorável a dar autonomia às nações basca e catalã. Esta consciência é refletida no chamado Estatuto de Autonomia. Nas eleições de 1977 os partidos em favor do Estatuto ganham com maioria absoluta. Assim, no dia 11 de Setembro do mesmo ano milhões de catalães saltam à rua para reclamar “Liberdade, amnistia, Estatuto de autonomia”. Com isso, ao dia 6 de dezembro de 1978 a nova Constituição do reino de Espanha é aprovada por referendo. Esta estabelece um regime especial para as nações catalã e basca, também constrói um Estado federado onde regiões são misturadas com nações. É o chamado "café para todos". É com esta expressão que os historiadores tentam explicar o processo que pretendia, e conseguiu desvirtuar a Catalunha e o País Basco em simples regiões autonómicas. O novo estado espanhol estabelece-se em forma de monarquia parlamentar com Juan Carlos de Bourbon na chefia do Estado. 
Atualmente, os protestos e manifestações são comuns. Em 2012, mais de um milhão de pessoas foram às ruas pedindo a independência da Catalunha, o que pode ser considerado muito em função de a região contar com sete milhões de habitantes. No entanto, é importante salientar que não há um consenso entre os habitantes sobre essa questão:no final do ano de 2013 foi realizada uma pesquisa de opinião em que 52% dos catalães disseram sim à separação, enquanto os 48% restantes não acreditam que essa possibilidade seja favorável à região.
Nesse contexto, a economia desempenha um papel fundamental no processo separatista da Catalunha. Tanto soberanistas quanto os contrários à independência utilizam-se de argumentos de cunho econômico para defender sua visão tanto pró quanto contra a secessão. Atualmente, a região da Catalunha possui uma economia comparável à de Portugal, abrigando muitas grandes empresas e sendo um dos principais centros comerciais e turísticos da Espanha. Essa conjuntura, somada ao fato de a Espanha ter sido uma das principais afetadas pela crise recente da União Europeia, vem contribuindo ainda mais para o acirramento das relações entre o governo local e a administração nacional.
Diante das tensões do processo de independência da Catalunha, surge o questionamento a respeito das consequências dessa ação. Diante disso, é válido analisar as perdas tanto para a Catalunha quanto para a Espanha em caso de separação. A grande maioria dos estudos que analisam qual seria o impacto econômico da independência catalã mostram um cenário de incerteza quanto a permanência da Catalunha na União Europeia. Esta, por sua vez, anunciou que se surgir um novo Estado, ele terá que solicitar seu ingresso na instituição e cumprir com as exigências, que pode demorar anos.
A saída do bloco também representaria um baque na área científica, já que empresas e universidades não poderiam participar de programas de pesquisa europeus. A Catalunha tem 1,5 bilhão de euros assegurados por um fundo de pesquisa da UE para o período 2014-2020.
Além disso, alguns informes dão por certo que a produção do novo país sofrerá boicote por parte da Espanha. Isso porque há um antecedente. Em 2004, o líder de um partido separatista fez declarações contra a candidatura de Madri aos Jogos Olímpicos de 2012. Isso acarretou um boicote do resto da Espanha à indústria da cava, um vinho espumante típico da Catalunha. Ademais, uma das principais marcas desse setor, a Freixenet, anunciou que estudava transferir sua sede para fora do território catalão. Ao menos sete empresas fizeram o mesmo, entre elas a de energia Gás Natural Fenosa.
Para a Espanha, a independência da Catalunha significaria a perda da sua região mais próspera e o PIB per capita sofreria uma queda. Com a secessão, o país perderia sua região mais rica: em 2016, a Catalunha registrou um PIB recorde de 223,6 bilhões de euros, cifra superior à da economia do Equador e o dobro da do Panamá. A independência custaria à Espanha a perda de 19% de seu PIB e de 18,4% de suas empresas - resultando em um Estado mais pobre. O PIB per capita também cairia para 23,50 euros, segundo cálculos do professor Sagués.
3 CONCLUSÃO
Diante de toda a discussão anterior conclui-se que o movimento pela independência da Cataluña não é processo novo, mas, histórico percorrendo períodos de atividade e passividade intentando contra a soberania espanhola. No entanto, a objeção a este objetivo deriva justamente desta soberania, uma vez que uma, indivisível, inalienável e imprescritível. Mas, este povo reunido com a mesma identidade linguística e cultural vê-se preso à uma nação ao qual não se encaixa, apesar do caráter pluralista da Constituição da Espanha, admitindo a convivência pacifica e autônoma da diversidade de cada país que a compõe. 
Além disso, a existência de movimentos separatistas na Espanha e também em outros lugares do mundo chama a atenção para a inconsistência da ideia de unicidade do Estado moderno, em que o estabelecimento de suas fronteiras obedece mais a relações históricas de poder do que propriamente ao sentimento de pertencimento de suas populações.
4 REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição Federal de 1988. Promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituição.htm>.
BONAVIDES, Paulo (2012). Ciência Política 19 ed. São Paulo: Malheiros. 550 páginas. ISBN 8539201356
STRECK, Lenio Luiz; MORAIS, José Luis Bolzan de. Ciência política e teoria geral do estado. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2000.

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