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TCC Finalizado Jardelina Polli (3)

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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO
SERVIÇO SOCIAL
Jardelina Pereira duarte polli
BENEFICIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – BPC E SEUS CONCEITOS: MISERABILIDADE, IDOSO, DEFICIÊNCIA, SERVIÇO SOCIAL: APONTAMENTOS.
Florianópolis
2017
Jardelina Pereira Duarte polli
BENEFICIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – BPC E SEUS CONCEITOS: MISERABILIDADE, IDOSO, DEFICIÊNCIA, SERVIÇO SOCIAL: APONTAMENTOS.
TCC apresentado ao Curso Serviço Social da UNOPAR - Universidade Norte do Paraná, para a disciplina: Trabalho de Conclusão de Curso.
Prof. Amanda Boza Gonçalves Carvalho, Prof. Maria Angela Santini.
FLORIANOPOLIS
2017
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a meu querido marido, meu grande amor Paulo Polli, que esteve sempre ao meu lado me auxiliando, me amparando e me protegendo. A minha querida filha, Ana Paula Polli e seu namorado João Francisco Polesso Almeida, que me auxiliaram na construção desse trabalho. Ao meu querido filho, Felipe D. Pereira Polli, que sempre teve paciência quando não tinha tempo para ele. Aos meus pais, (in memorian) meu querido pai Sr. Odary Pereira Duarte, (in memorian) de minha querida mãe Sra. Maria Rosa Duarte, (in memoriam) de minha querida irmã Sra. Jussara Maria Pereira Duarte, a seus filhos Adiel José de melo, Argel Lucas de Melo, meus queridos sobrinhos, que me motivaram a seguir em frente até atingir essa fase de primordial importância para minha vida. Ao meu querido irmão Sr. José V. Pereira Duarte, que quando chorei chorou comigo e agora que estou sorrindo, sorri comigo. Ao Meritíssimo Dr. Juiz Sergio Fernando Moro, que muito tem contribuído para eliminar a corrupção do nosso País.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Jeová Deus, a quem sempre recorro em todos os momentos, nosso grande refúgio, nosso Grandioso Criador por ter nos dado a vida, uma família e verdadeiros amigos. A Ele devemos a nossa existência, conforme o texto de Revelação 4: 11. O que seria de nós sem a fé que temos Nele e sem o seu amor, seu amparo durante os momentos tão difíceis que passamos.
A minha família, que com muito carinho e apoio me incentivou para que chegasse a esta etapa da minha vida, por todo esforço e paciência que tiveram comigo durante esta caminhada e por muitas as vezes que me acompanharam até a Universidade e me aguardaram até o termino da aula, para que eu pudesse retornar em segurança. 
Em especial ao meu doce marido, amor da minha vida, Sr. Paulo Polli, que mesmo sendo da reserva da Polícia Militar mantem seu lema de “servir e proteger” a quem em perigo estiver, sem contar com a constante preocupação com nossa segurança, agradeço pela colaboração, proteção, amor leal e pelo apoio, me fazendo acreditar que chegarei aonde quero.
A minha querida filha Ana Paula e seu namorado João que me auxiliaram na elaboração desse projeto.
Ao meu querido filho Felipe que muitas vezes suportou minha ausência mesmo eu estando ao seu lado.
Ao meu querido irmão José, que quando chorei, chorou comigo e agora que estou sorrindo, sorri comigo e a sua família, Angelina e Gabriel, enfim a todas as minhas queridas irmãs, sobrinhos e sobrinhas que moram no meu coração.
Aos meus queridos pais, que mesmo não mais estando entre nós, devo a eles a minha vida e educação.
A minha querida irmã Jussara, que um terrível ato crueldade ceifou sua vida, nos deixando muita dor e saudade. Aos seus dois filhos Adiel e Argel, que me motivaram a chegar até aqui e mesmo morando um pouco distante, sempre estão em meus pensamentos e em meu coração. 
A Sra. Suzana e ao Sr. Edimar, Assistentes na 2º Promotoria, ao Dr. Felipe, Promotor da Comarca de Concordia – SC, que me fizeram acreditar que enquanto há vida, há esperança, enquanto houver homens honestos a justiça prevalecerá.
 Ao Meritíssimo Dr. Juiz Sergio Fernando Moro, Magistrado, Escritor Professor Universitário Brasileiro, que com muita coragem e sede de justiça tem contribuído para eliminar a corrupção do nosso País.
A minha primeira Supervisora de Campo, Assistente Social Sra. Elza Aparecida de Souza Carvalho Grade, e toda sua equipe de trabalho da AGEPAZ de Paranavaí – SC.
A minha colega de trabalho no estágio na AGEPAZ e minha grande amiga, a Sra. Ana Paula Letrinta, e permanece até hoje com seu companheirismo, que sem sua ajuda eu não chegaria até aqui, que ao eu abrir meus olhos lá estava ela do meu lado no hospital.
A minha Querida amiga Marcia Helena Cardoso, pelo companheirismo, apoio, principalmente ao longo deste curso.
Ao Gestor municipal da Prefeitura de Antônio Carlos – SC, Sr. Geraldo Pauli, exemplo de Gestor Público que de forma humilde atende a qualquer cidadão que o procurar, homem honesto e justo, capaz de amparar uma Nação. A Sra. Vera Lúcia Silveira Conrat, Secretaria Municipal da Saúde e Assistência Social, a Sra. Margarete Regina Palora Junckes, Coordenadora da Saúde, ao Sr. Fabio Luiz Eguert, Chefe de Gabinete, a todos, pela humildade, imparcialidade, livres de preconceito com o ensino a distância, que demonstraram ao me receberem pela primeira vez na Prefeitura, onde eu estava bem apreensiva em busca do estágio em Serviço Social. E graças a eles consegui completar minhas 150 horas e continuam me apoiando até minha formação.
Ao Dr. Sergio Roberto Campos Junior, Procurador Jurídico da Prefeitura de Antônio Carlos – SC. Homem sábio, honesto e com senso de Justiça, que tem me amparado e me oferecido segurança por meio de seu conhecimento Jurídico, permitindo assim que eu consiga continuar minha caminhada sem tropeçar, sempre respaldada em Leis que organizam a Sociedade. 
A todos os membros do Conselho Municipal de Saúde da Cidade de Antônio Carlos - SC, pela oportunidade a mim dada de participar nas Reuniões como ouvinte contribuindo grandemente para meu aprendizado. 
A Câmara de Arbitragem Mediação e Conciliação, em nome do Dr. Jorge Washignton Ferreira. Pela grande contribuição no meu aprendizado por meio dos cursos de Mediação, Conciliação, Arbitragem e pela amizade e força que permitiram chegar até aqui.
As minhas amigas Sra. Salete Tizatto e família, Mariloiva da Silva e família, Sra. Adriana Seco Correa e família, Sra. Maria Panho e Família, Sra. Janete Feijó e família, Sra. Genésia. Sra. Irani e família, Sra. Rosangela Borges dos Santos e família, Sra. Orlanda Schneider e família, Sra. Elizandra Tizatto e família, Edite Pereira e família e a todos os meus queridos Irmãos e irmãs Testemunhas de Jeová, pelo companheirismo, amor cristão, incentivo, carinho, dedicação, apoio e amizade.
A minha Tutora Assistente Social Sra. Adriana da Cunha Salasario, pela disponibilidade, paciência e colaboração em meu aprendizado. Meu agradecimento por me passar segurança quando me sentia incapaz. A Sra. Giovana Neila Cevalio Crosxiati tutora eletrônica e a toda equipe pela paciência, incentivo, apoio, colaboração, que se tornou possível a todas nós chegarmos ao final deste curso com entusiasmo e coragem sem desistir no caminho.
Aos colegas da sala, Flávia, Daniela, Ani e Silvana, pelo convívio, pelo apoio, pela compreensão e pela amizade, que colaboraram para meu crescimento intelectual e me fazem refletir constantemente que propiciaram momentos de reflexões que em muito colaboraram para a elaboração deste trabalho.
Ao ProUni (...) pela concessão da bolsa até 6º semestre, porque sem ela não seria possível realizar este sonho.
A Empresa Beija – Flor, em nome do Sr. Robson José Petry e Camila Junckes Petry e todos meus colegas de trabalho, a colega Simone que acreditou em mim e me indicou para substitui-la em seu trabalho. Pois foi com esse trabalho que paguei o 7º e o 8º semestre e que agora estou aqui concluindo meu TCC para a formação Bacharel em Serviço Social.
Agradeço a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para elaboração desta Monografia e para minha formação neste curso de graduação.
Somos livres como um pássaro, em pensamentos até voamos. Somos o que pensamos, seremos o que almejamos.
RESUMOO presente TCC – Trabalho de Conclusão de Curso, tem como tema “Benefício de prestação continuada – BPC e seus conceitos: miserabilidade, idoso, deficiência, serviço social: apontamentos”. O Benefício de Prestação Continuada da Lei n. 8.742/93 (Lei Orgânica da Assistência Social), em especial a análise de um dos critérios para a sua concessão, qual seja, o requisito da miserabilidade. A aferição da condição de necessitado estabelecida pela LOAS gera muitas divergências entre o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), responsável pela concessão administrativa, e o Poder Judiciário, tendo em vista o valor utilizado como parâmetro (um quarto do salário mínimo) ser considerado defasado.O Benefício da Prestação Continuada da Lei Orgânica da Assistência Social (BPC/LOAS) é a garantia de um salário mínimo mensal ao idoso acima de 65 anos ou ao cidadão com deficiência física, mental, intelectual ou sensorial de longo prazo, que o impossibilite de participar de forma plena e efetiva na sociedade, em igualdade de condições com as demais pessoas.O artigo 20, parágrafo terceiro da Lei 8.742/93 diz que estará em situação de miserabilidade o idoso ou portador de deficiência em que a renda mensal per capita da família seja inferior a um quarto do salário mínimo.No objetivo geral é explicar sobre o contexto do benefício de prestação continuada na perspectiva de compreender a necessidade desse benefício para a pessoa idosa e deficiente. Conclui que a assistência Social é parte integrante da Seguridade Social, que compreende um conjunto integrado de ações iniciativa dos Poderes de público e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.
Palavra Chave: Lei Orgânica. Idoso. Miserabilidade.
SUMÁRIO
INTODUÇÃO ..........................................................................................................	08
CAPITULO I
1 A ASSISTÊNCIA SOCIAL....................................................................................	10
1.1 A HISTÓRIA DA À ASSISTÊNCIA SOCIAL......................................................	10
1.2 POLÍTICA PÚBLICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL.............................................	10
1.3 BENEFÍCIOS EVENTUAIS................................................................................	19
1.4 CONSELHOS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL.......................................................	20
1.5 FINANCIAMENTO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL................................................	21
1.6 FUNDO NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL..............................................	21
CAPITULO II
2 O BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA DA LEI ORGÂNICA DA
ASSISTÊNCIA SOCIAL....................................................................................	22
2.1 O QUE É O BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DE PRESTAÇÃO CONTINUADA..	22
2.2 DECRETO Nº 6.214, DE 2007 REGULAMENTA O BENEFÍCIO DE
PRESTAÇÃO CONTINUADA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL.....................................	26
2.3 QUAIS OS REQUISITOS PARA QUE SE POSSA SOLICITAR O BENEFÍCIO 27
2.4 OS BENEFÍCIOS ASSISTÊNCIAS....................................................................	30
CAPITULO III
3 O BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA E O CRITÉRIO DE
MISERABILIDADE..............................................................................................	32
3.1CRITÉRIO DA MISERABILIDADE NA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO 
ASSISTENCIAL A PORTADORES DE DEFICIÊNCIA.....................................	33
3.2 A FLEXIBILIZAÇÃO SEGUNDO A UTILIZAÇÃO DE OUTROS MEIOS
PARAAFERIR O CRITÉRIO DE MISERABILIDADE........................................	35
3.3 INTERPRETAÇÃO O PRINCÍPIO DA IGUALDADE.........................................	36
3.4INTERPRETAÇÃO SEGUNDO O ESTATUTO DO IDOSO.............................	36
3.5 O POSICIONAMENTO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E O ENTENDIMENTO
JURISPRUDENCIAL ABORDA O CRITÉRIO DE MISERABILIDADE.............	39
3.6 PROGRAMA BPC NA ESCOLA; BPC NO TRABALHO E O BPC NA TSEE...	46
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................	50
5. BIBLIOGRAFIA...................................................................................................	52
INTRODUÇÃO
O presente Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) tem como título “Benefício de prestação continuada – BPC e seus conceitos: miserabilidade, idoso, deficiência, serviço social: apontamentos”, discorrer sobre sua elaboração os seguintes itens: o que é benefício assistencial de prestação continuada; quais os requisitos para que se possa solicitar o benefício; o que se entende por deficiente e idoso, o que caracteriza miserabilidade, o benefício pode ser cumulado com outros benefícios assistenciais ou previdenciários.
O Benefício Assistencial de Prestação Continuada - BPC é um benefício individual, não vitalício e intransferível, que integra a Proteção Social Básica no âmbito do Sistema Único de Assistência Social - SUAS. É um direito de cidadania assegurado pela Proteção social não contributiva da seguridade social. Para acessar o BPC, não é necessário que o beneficiário já tenha contribuindo para a Previdência Social.
A Assistência Social antes e após a Constituição federal de 1988, sua importância para regulamentação e consolidação da assistência social como uma política pública, o arcabouço Legal de Normatização da Política de Assistência Social que são a LOAS, PNAS e SUAS, apontando sobre suas principais funções e ações dentro da Assistência Social.
É um direito garantido pela Constituição Federal de 1988 e consiste no pagamento de um salário mínimo mensal a pessoas com 65 anos ou mais de idade e a pessoas com deficiência incapacitante para a vida independente e para o trabalho, onde em ambos os casos a renda per capita familiar seja inferior a ¼ do salário mínimo.
Por isso se faz tão importante um trabalho sobre esse benefício que contribui e muito, envolvendo-se nas questões de desigualdades sociais que muitas vezes acometem a vida das pessoas.
No objetivo geral é explicar sobre o contexto do benefício de prestação continuada na perspectiva de compreender a necessidade desses benefícios para a pessoa idosa e deficiente.
Para atingir os objetivos citado acima, na metodologia pesquisa é de caráter bibliográfico, nateórica de cunho dogmático instrumental, tendo em vista que para enfrentamento e resolução dos problemas em questão, com a leitura de documentos legais, políticas públicas artigos científicos, revistas eletrônicas, livros para atender, sobre a prestação continuada para que se possa solicitar o benefício; o que se entende por deficiente, e idoso o que caracteriza miserabilidade, o benefício pode ser cumulado com outros benefícios assistenciais ou previdenciários.
No Capitulo I - A Assistência Social.
Neste capítulo, trataremos com mais enfoque sobre a Assistência Social. Primeiramente, será analisada a evolução histórica no Brasil desse pilar da Seguridade Social. Além disso, realizar-se-á um estudo sobre o fundamento, princípios, diretrizes e objetivo da Assistência Social, bem como, será verificada os principais aspectos da relação jurídica existente entre o Estado e os assistidos.
No Capítulo II – O Benefício de Prestação Continuada da Lei Orgânica da Assistência Social.
Neste capítulo o estudo sobre Identificar os conceitos de Benefício de Prestação Continuada da Lei nº 8.742/93 (Lei Orgânica da Assistência Social).
No Capítulo III – O Benefício de Prestação Continuada e o Critério de Miserabilidade.
Neste Capítulo Compreender sobre os conceitos de miserabilidade, e dos direitos do BPC nos documentos legais e na sociedade.
Ainda que o legislador se utilize de parâmetros objetivos para a fixação dos critérios de miserabilidade, a restrição financeira pode e deve ser ponderada com a característica do caso concreto.
Poderá ser utilizado tanto a interpretação que mescla o critério objetivo trazido pela LOAS com requisitos subjetivos, que dependerão da análise do caso concreto,bem como a interpretação que considera como parâmetro para aferição do critério da miserabilidade o valor de meio salário mínimo.
CAPITULO I
1 A ASSISTÊNCIA SOCIAL.
1.1 A HISTÓRIA DA À ASSISTÊNCIA SOCIAL
A origem histórica da assistência social, no Brasil, tem suas raízes na caridade, filantropia, vontade do homem em fazer o bem ao outro e solidariedade religiosa. No século XX, os sociais democratas brasileiros, e parte dos socialistas passaram a entender que, mesmo sob a economia capitalista, era necessário que o Estado se responsabilizasse em produzir serviços sociais de qualidade (MESTRINER, 2008).
Com a civilização judaico-cristã, a ajuda toma a expressão de caridade e benemerência ao próximo, como força moral de conduta. No intuito de conformar as práticas de ajuda e apoio aos aflitos, grupos filantrópicos e religiosos começaram a se organizar, dando origem às instituições de caridade (SPOSATI, 2007, p. 40).
Em 1930 no Brasil, não havia uma compreensão da pobreza enquanto expressão da questão social, a sociedade, era tratada como caso de polícia. Dessa maneira a pobreza era tratada como disfunção individual.
Através da Constituição Federal que foi um marco fundamental desse processo porque reconhece a assistência social como política social que, contribui com as políticas de saúdes e de previdência social, compõe o sistema de seguridade social brasileiro. A área como política social é uma possibilidade recente.
Os anos de 1930 e 1943 podem ser caracterizados como os anos de introdução da política social no Brasil. Conforme afirma Behring&Boschetti, o Movimento de 1930, que culminou com a assunção de Getúlio Vargas ao governo, embora não tenha sido a Revolução Burguesa no Brasil, foi sem dúvida “um momento de inflexão no longo processo de constituição de relações sociais tipicamente capitalistas no Brasil” (BEHRING & BOSCHETTI, 2006, p. 105).
Iniciou-se com Vargas um processo de regulamentação das relações de trabalho no país, cujo objetivo principal era transformar a luta de classes em colaboração de classes, apontando uma estratégia legalista na tentativa de interferir autoritariamente, ainda que via legislação, a fim de se evitar conflitos sociais.[1: Segundo Carone, “toda a legislação trabalhista criada na época embasava-se na ideia do pensamento liberal brasileiro, onde a intervenção estatal buscava a harmonia entre empregadores e empregados. Era bem vinda, na concepção dos empresários, toda iniciativa do Estado que controlasse a classe operária. Da mesma forma, era bem vinda, por parte dos empregados, pois contribuía para melhorar suas condições de trabalho (Carone apud Couto, 2006, p. 95).]
Neste período, dentre as medidas relacionadas à questão social, podemos destacar:[2: Conforme Iamamoto, a questão social deve ser apreendida “como o conjunto das expressões das desigualdades da sociedade capitalista madura, que tem uma raiz comum: a produção social é cada vez mais coletiva, o trabalho torna-se mais amplamente social, enquanto a apropriação dos seus frutos mantém-se privada, monopolizada por uma parte da sociedade ”(Iamamoto, 2004, p. 27).]
No primeiro o trabalho, seguiu-se a referência de cobertura de riscos ocorrida nos países desenvolvidos, numa sequência que parte da regulação dos acidentes de trabalho, passa pelas aposentadorias e pensões e segue com auxílios doença, maternidade, família e seguro-desemprego. Em 1930, foi criado o Ministério do Trabalho e em 1932 a Carteira de Trabalho. Segundo Behring&Boschetti, esta passará a ser o documento da cidadania no Brasil, uma vez que “eram portadores de alguns direitos aqueles que dispunham do emprego registrado em carteira”, o que contraria a perspectiva de universalização de inspiração beverigdiana (BEHRING & BOSCHETTI, 2006, p. 106).
Segundo previdência – criou-se os IAP’s (Institutos de Aposentadorias e Pensões), expandindo-se o sistema público de previdência, iniciado com as CAP’s4 (Caixas de Aposentadoria e Pensões), cobrindo riscos ligados à perda da capacidade laborativa (velhice, morte invalidez e doença), nas categorias estratégicas de trabalhadores, mas com planos pouco uniformizados e orientados pela lógica contributiva do seguro (BEHRING & BOSCHETTI, 2006, p. 106).
Terceiro educação e Saúde – em 1930 foi criado o Ministério da Educação e Saúde Pública, bem como o Conselho Nacional de Educação e o Conselho Consultivo do Ensino Comercial. Até então, não existia uma política nacional de saúde. A intervenção efetiva do Estado se fará por dois eixos: a saúde pública (restrita a campanhas sanitárias) e a medicina previdenciária (ligada aos IAP’s, para as categorias que tinham acesso a eles). Paralelamente à ação estatal, desenvolve-se a saúde privada e filantrópica, no que se refere ao atendimento médico hospitalar (Bravo apud Behring e Boschetti, 2006, p. 107).
Como se vê, boa parte dos benefícios sociais – saúde, previdência, etc. - giravam em torno do trabalho (emprego). Conforme afirma Sposati (2007, p.12) “no pensamento idealizado liberal permanecia a ideia moral pela qual atribuir benefícios ao trabalhador formal era um modo de disciplinar e incentivar a trabalhar o trabalhador informal, tido por vadio”. Assim, uma vez que a maior parte da população não possuía vínculo empregatício, restringia-se a poucos o acesso aos direitos sociais. Aos desempregados restava a caridade das instituições filantrópicas.
Além disso, é importante ressaltar que o acesso às políticas sociais da época só era proporcionado aos trabalhadores urbanos, encontrando-se em posição desprivilegiada os trabalhadores rurais. A assistência social, até esse momento, não possuía qualquer visibilidade, inexistindo no campo de atuação governamental. Conforme salienta Couto:
Esse corte de inclusão deu-se numa realidade onde a maioria dos trabalhadores estava vinculada ao trabalho rural e, portanto, desprotegida. As medidas regulatórias criaram um clima favorável ao deslocamento da base produtiva, incentivando a vinda dos trabalhadores rurais para os centros urbanos, em busca de melhores condições de vida (COUTO, 2006, p. 96).
A primeira grande regulação da assistência social no país foi à instalação do Conselho Nacional de Serviço Social – CNSS – criado no ano de 1938 (MESTRINER, 2001).
O Conselho é produzido como um dos órgãos de cooperação do Ministério da Educação e Saúde, passando a funcionar em uma de suas dependências, sendo formado por figuras ilustres da sociedade cultural e filantrópica e substituindo o governante na decisão quanto às quais organizações auxiliar (SARMENTO, 2006).
Foi assim que, sob a ditadura do Estado Novo, Getúlio Vargas criou em 1938, pelo Decreto-Lei nº 525, o Conselho Nacional de Seguro Social, vinculado ao Ministério da Educação e Saúde. Em 1942, o então presidente cria a Legião Brasileira de Assistência, que passou a ser presidida pela primeira dama Darcy Vargas, assim dando início as ações da LBA (Legião Brasileira de Assistência) eram voltadas a atender as famílias dos pracinhas combatentes da 2ª Guerra Mundial, caracterizou-se assim por um atendimento materno-infantil. Posteriormente, estendeu suas ações à população em estado de vulnerabilidade e exclusão social (SPOSATI, 2004).
Com a coordenação da primeira dama Darcy Vargas, a LBA foi a primeira grande instituição nacional de assistência social. Instalada em nível federal e registrado no Ministério da Justiça e Negócios Interiores, como entidade civil de finalidades não econômicas, a LBA terá como objetivos básicos:
“1. executar seu programa, pela fórmula do trabalho em colaboração com o poder público e a iniciativa privada;
2. congregar os brasileiros de boa vontade, coordenando-lhes a ação no empenho de se promover, por todas as formas, serviços de assistência social;
3. prestar, dentro do esforço nacional pela vitória, decidido concurso ao governo;
4. trabalhar em favor do progresso do serviço social no Brasil.” (Iamamoto& Carvalho, 2007, p. 250)
Segundo Mestriner (2008), a LBA passa a realizar trabalhos a níveisfederais, estaduais e municipais, ganhando uma ampla estrutura nacional e atuando em quase todas as áreas da assistência social. Implementavam centros sociais e regionais de grande relevância os quais eram uma extensão a proteção dada aos trabalhadores. E para realizar essas novas funções mobilizaram as escolas de Serviço Social.
Nesse processo de expansão, procura mobilizar e coordenar as instituições sociais privadas e públicas, ao mesmo tempo em que, por meio de ações próprias, tenta suprir as defasagens apresentadas pelo sistema assistencial existente. Dessa forma, contribui para a organização, ampliação e interiorização da assistência social, levando a assimilação de princípios, métodos e técnicas do Serviço Social, bem como a contratação de profissionais da área, consolidando o ensino especializado (MESTRINER, 2008, p.145).
Para ajudar nas funções e no desenvolvimento, a LBA precisou buscar auxilio nas escolas de serviços sociais especializados. Sendo assim houve uma aproximação de interesse recíproco entre a LBA e o serviço social. Porque a LBA precisava de mão de obra técnica, de pesquisa e trabalhos técnicos na área social e o serviço social estava se firmando, precisava legitimar enquanto profissão. Conforme aponta Faleiros, (2000), a junção entre a LBA e as escolas de Serviço Social foi importante para ambos, pois a LBA necessitava de profissionais e de uma atuação mais técnica do que a desenvolvida até então, e o Serviço Social enquanto profissão passava por um período de legitimação, assim acabou um ajudando o outro.
Com o passar dos anos e as sucessivas mudanças políticas do país, a situação da assistência social permanecerá a mesma: práticas clientelistas, assistemáticas, de caráter focalizado e com traços conservadores, sendo operado por sujeitos institucionais desarticulados, com programas sociais estruturados na lógica da concessão e da dádiva, contrapondo-se ao direito (COUTO, 2006, p. 71, 107, 108). As heranças clientelistas e patrimonialistas estatais impediam que se rompesse com a natureza assistencialista das políticas sociais.
Uma breve análise das Constituições Republicanas – 1891, 1934, 1937, 1946 e 1967 – nos mostra o tratamento dispensado à assistência social, bem como algumas de suas características principais. Nesse contexto, destacam-se os seguintes dispositivos das normas constitucionais:
Constituição de 1891 – “Art. 71 - Os direitos de cidadão brasileiro só se suspendem ou perdem nos casos aqui particularizados. § 1º - Suspendem-se: a) por incapacidade física ou moral;”
Constituição de 1934 – “Art. 113 - A Constituição assegura a brasileiros e a estrangeiros residentes no País a inviolabilidade dos direitos concernentes à liberdade, à subsistência, à segurança individual e à propriedade, nos termos seguintes: (...) 34) A todos cabe o direito de prover à própria subsistência e à de sua família, mediante trabalho honesto. O Poder Público deve amparar, na forma da lei, os que estejam em indigência”; “Art 138 - Incumbe à União, aos Estados e aos Municípios, nos termos das leis respectivas: a) assegurar amparo aos desvalidos, criando serviços especializados e animando os serviços sociais, cuja orientação procurarão coordenar”(...);
Constituição de 1937 - “Art. 127 – (...) Aos pais miseráveis assiste o direito de invocar o auxílio e proteção do Estado para a subsistência e educação da sua prole”; “Art 136 - O trabalho é um dever social. O trabalho intelectual, técnico e manual tem direito a proteção e solicitude especiais do Estado. A todos é garantido o direito de subsistir mediante o seu trabalho honesto 19 e este, como meio de subsistência do indivíduo, constitui um bem que é dever do Estado proteger, assegurando-lhe condições favoráveis e meios de defesa”.
Constituição de 1946 – “Art 145 - A ordem econômica deve ser organizada conforme os princípios da justiça social, conciliando a liberdade de iniciativa com a valorização do trabalho humano. Parágrafo único - A todos é assegurado trabalho que possibilite existência digna. O trabalho é obrigação social”; “Art 157 - A legislação do trabalho e a da previdência social obedecerão nos seguintes preceitos, além de outros que visem a melhoria da condição dos trabalhadores: XV - assistência aos desempregados.” 
Constituição de 1964 – “Art 167 - A família é constituída pelo casamento e terá direito à proteção dos Poderes Públicos (...). § 4º - A lei instituirá a assistência à maternidade, à infância e à adolescência”. Conforme se vê, até 1988 a assistência social não era prevista constitucionalmente como um direito. As ações que lhe eram relacionadas acabavam por serem realizadas de forma assistencialista e seletiva, direcionadas aos indigentes, desvalidos, filhos de “pais miseráveis” – todos inaptos ao trabalho - ou, simplesmente, visando a reinserção no mercado de trabalho formal (aos aptos para o trabalho).
Em 1944, foi construído no centro do Rio de Janeiro, um prédio de nove andares, dividido em dois blocos, para sediar a organização. Essa construção recebeu o nome de Darcy Vargas e se transformou numa verdadeira Meca do Serviço Social, onde hoje funciona o Palácio das ONGs, reunindo 36 organizações não governamentais.
Em 1969, a LBA é transformada em fundação e vinculada ao Ministério do Trabalho e Previdência Social, tendo sua estrutura ampliada e passando a contar com novos projetos e programas.
No ano de 1974 o Ministério da Previdência e Assistência Social, que contém na sua estrutura uma Secretaria de Assistência Social, a qual, em caráter consultivo, passou ser o órgão-chave na formulação de política de ataque à pobreza. Com forme aponta Mestriner:
[...] Tal política mobilizou especialistas, profissionais e organizações da área. O Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbio de Serviços Sociais – CBCISS realiza, então, seminário em Petrópolis (de 18 a 22 de maio de 1974), com 33 especialistas, visando subsidiar a iniciativa governamental. (MESTRINER,2001, p.168).
Neste seminário destacou a valorização da assistência social pela MPAS. Com isso a política social direciona ao exército de reserva de mão de obra usando essa demanda como uma justificativa para o crescimento do Estado. Há uma expansão de programas sociais como de Alfabetização pelo Mobral, casas populares BNH, complementação alimentar – Pronam e outros (MESTRINER, 2001).
Surgem em 1975 os novos movimentos sociais, dentro da Igreja Católica, o movimento da Teologia da Libertação, que busca romper com a preponderância a que a população pauperizada e os setores excluídos sofriam.
Na década de 80, por meio dos debates que antecederam a instalação da Assembleia Nacional Constituinte, começou a se transformado a hiperatividadeda inclusão da assistência social como política integrante da seguridade social, uma espécie de sistema de proteção social em favor dos desamparados ao lado da previdência social e da saúde (SPOSATI, 2007, P. 35).
Em outubro de 1988 o momento constitucional acelera articulações, é promulgada a Constituição da República Federativa do Brasil, chamada por Ulysses Guimarães de Constituição Cidadã, uma vez que estrutura um regime democrático, consubstanciando objetivos de igualdade e justiça social por via dos direitos sociais e da universalização das prestações sociais (SILVA, 2000, p.132).
Na Constituição Federal de 1988, a Política de Assistência Social é inscrita nos artigos 203 e 204. Neste contexto, o constituinte originário inovou ao destinar um capítulo próprio aos direitos sociais e ao estabelecer um sistema de proteção social, por meio de seguridade sócia (BRASIL, 1988).
No Art.203 a Assistência Social será prestada a quem dela precisar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:
I- a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;
II- o amparo às crianças e adolescentes carentes;
III- a promoção da integração ao mercado de trabalho;
IV- a habilitação e a reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vidacomunitária;
V- a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meio de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.
Já no Art.204 as ações governamentais na área da assistência social serão realizadas com recursos do orçamento da seguridade social, previstos no art.195, além de outras fontes, e organizadas com base nas seguintes diretrizes:
I–descentralização político-administrativa, cabendo à coordenação e as normas gerais à esfera federal e a coordenação e a execução dos respectivos programas à esfera estadual e municipal, bem como a entidades beneficentes e de assistência social;
II–participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis. (CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, 2003, p. 130).
Deste modo, representam verdadeiros pressupostos de gozo dos direitos individuais, na medida em que criam condições materiais para exercício dos mesmos (BRASIL, 1988).
No decorrer da evolução histórica, a família permanece como matriz do processo civilizatório, como condição para a humanização e para a socialização das pessoas. A educação bem-sucedida da criança na família é que vai servir de apoio à sua criatividade e ao seu comportamento produtivo quando for adulto. A família tem sido, é, e será a influência mais poderosa para o desenvolvimento da personalidade e do caráter das pessoas. (PETRINI, 2003)
A Política Nacional de Assistência Social, aprovada em setembro de 2004, há uma nova forma de compreender a assistência social, partindo de uma visão social capaz de entender que a população tem necessidades, possibilidades e capacidades que devem e podem ser desenvolvidas.
A LBA representou “a simbiose entre a iniciativa privada e a pública, a presença da classe dominante enquanto poder civil e a relação benefício/ caridade x beneficiário/ pedinte, conformando a relação entre Estado e classes subalternas”. (SPOZATI, 2003, p. 46).
O momento constituinte acelera articulações e, em outubro de 1988, é promulgada a Constituição da República Federativa do Brasil, também denominada por Ulysses Guimarães de “Constituição Cidadã”, uma vez que estrutura um regime democrático, consubstanciando objetivos de igualdade e justiça social por via dos direitos sociais e da universalização das prestações sociais (Silva, 2000, p. 132). Pela primeira vez na história do país, à assistência será reconhecido o status de direito social, o que causará grande impacto no campo das políticas sociais.
1.2 POLÍTICA PÚBLICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
A promulgação da Carta Constitucional de 1988 foi apontada por um amplo processo de debates e lutas para que se regularizar os direitos prenunciados pela Constituição. Somente em 1990 é que se reiniciará o que Sposati chamada de “contrações pré-pacto para consolidar a democracia social” (2007, p. 44), com a aprovação pelo novo Congresso eleito de várias leis regulamentadoras, dentre as quais a Lei 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), Lei 8.080/1990 (Lei Orgânica da Saúde) e Lei 8.142/1990 (Sistema Único de Saúde).
O Ministério do Bem-Estar Social promoveu encontros regionais em todo o país para a discussão da Lei Orgânica da Assistência Social, que atingiu o ponto mais alto na Conferência Nacional de Assistência Social, realizada em junho de 1993, em Brasília. Assim, com a pressão de entidades e especialistas na área, a plenária posicionou-se construindo artigo por artigo, tornando-se tal documento conhecido como Conferência Zero da Assistência Social. Posteriormente. Foi encaminhado ao Congresso Nacional pela deputada Fátima Pelaes, com o n° 4100/93, sendo, em 7 de dezembro de 1993, sancionada a Lei Orgânica de Assistência Social - LOAS, pelo presidente Itamar Franco.
A LOAS incorpora um novo significado a Assistência Social enquanto: “Política pública de seguridade, direito do cidadão e dever do Estado, provendo-lhe um sistema de gestão descentralizado e participativo, cujo eixo é posto na criação do Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS” (MESTRINER, 2001, P.206).
A Lei n. 8.742/93 traz em seu artigo 5º as seguintes diretrizes da Assistência Social, são elas: a descentralização político-administrativa para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e comando único das ações em cada esfera de governo; participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis; e a primazia da responsabilidade do Estado na condução da política de Assistência Social em cada esfera de governo.
Os objetivos da Assistência Social são compreendidos como situações que tal pilar da Seguridade Social pretende cobrir. Vale frisar que, os objetivos não informam, inspiram ou orientam o legislador, e sim, é algo que se pretende concretizar. São objetivos da Assistência Social: a proteção social visando a garantia da vida, a redução de danos e a prevenção da incidência de riscos, notadamente, a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice. Outro objetivo é o amparo às crianças e adolescentes carentes, sendo realizado de acordo com o percentual destinado pelo Poder Público à saúde na assistência materno-infantil, consoante parágrafo primeiro do artigo 227 da Constituição Federal. [3: MARTINS, Sergio Pinto. (1993) op. cit., nota 5, p. 492.]
Além dos objetivos já citados, almeja-se também a promoção da integração ao mercado de trabalho, assim como a habilitação e a reabilitação das pessoas com deficiência, incentivando sua integração à vida comunitária. Ademais, é considerado um objetivo, conforme o inciso V do artigo 203 da Constituição Federal, repetido também no artigo 2º, I, e, da Lei n. 8.742/93, a garantia de um salário-mínimo de benefício mensal à pessoa com deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meio de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família (MARTINS, 1993).
1.3 BENEFÍCIOS EVENTUAIS
Os benefícios eventuais são o auxílio-natalidade e o auxílio-funeral. Esses benefícios ante eram prestado pela Previdência Social aos seus segurados até a criação da Seguridade Social, quando foram transferidos para a Assistência Social (Lei nº 8.213, de 1991, art. 140 § 6º). Ao regulamentar a matéria, a Lei Orgânica da Assistência Social atribui a responsabilidade pela concessão e pagamento aos Municípios, com o apoio financeiro dos Estados (BRASIL, 2010).
A Assistência Social se organiza com base na descentralização e na participação social. A descentralização significa distribuição de responsabilidades entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. A participação social ocorre por meio dos Conselhos de Assistência Social e da parceria com as Entidades Beneficentes de Assistência Social (PEREIRA, 2010).
Compete à União coordenar a Política Nacional de Assistência Social; conceder o Benefício de Prestação continuada aos idosos e portadores de deficiência carentes e prestar apoio financeiro aos Estados, DF e Municípios.
Compete aos Estados coordenar o Pleno Estadual de Assistência Social e prestar apoio financeiro aos Municípios, inclusive para o pagamento do auxílio-natalidade e do auxílio-funeral.
Compete aos Municípios coordenar o Plano Municipal da Assistência Social; destinar recursos para a execução dos programas e projetos de Assistência Social; efetuar o pagamento do auxílio-natalidade e do auxílio-funeral; e executar as ações de assistência social.
1.4 CONSELHOS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
Os conselhos de Assistência Social são instrumentos deliberativos, de atuação permanente, instituídos em cada esfera de Governo. Têm composição paritária, com metade dos membros representando o Governo e metade representando a sociedade.
O Conselho Nacional de Assistência Social é formado por dezoito (18) membros, sendo nove (9) representantes do Governo Federal e nove (9) representantes de organizações dasociedade civil. São suas atribuições:
Expedir as normas gerais para a Assistência Social;
Aprovar a Política Nacional de Assistência Social;
Aprovar a proposta orçamentária para a Assistência Social;
Acompanhar e avaliar a gestão dos recursos e a execução dos programas e projetos pelos Estados e municípios.
Os Conselhos de Assistência Social dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios devem aprovar os respectivos Planos de Assistência Social e Exercer as funções de fiscalização e controle dos programas e projetos de assistência social em cada uma dessas esferas de Governo (BRASIL, 2007).
1.5 FINANCIAMENTO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
O financiamento da Assistência Social é feito com recursos orçamentários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como por meio de contribuições sociais pagas pelas empresas e pelos trabalhadores, além de percentual da arrecadação dos concursos de prognósticos ou loterias administrados pela Caixa Econômica Federal. No âmbito da União, esses recursos são alocados no Fundo Nacional de Assistência Social. Nos Estados, Distrito Federal e Municípios, os recursos vão para os respectivos Fundos de Assistência Social.
1.6 FUNDO NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
O Fundo Nacional de Assistência Social é responsável pelo pagamento do Benefício de Prestação Continuada aos idosos e aos portadores de deficiência carentes, bem como pelo apoio financeiro aos programas e projetos de Assistência Social executados pelos Estados, DF e Municípios. Para que recebam recursos do Fundo Nacional de Assistência Social, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios devem organizar-se, criando o Conselho e o Fundo de Assistência Social e elaborando o Plano de Assistência Social (BRASIL, 2006).
CAPITULO II
2 O BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA DA LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL.
2.1 O QUE É O BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DE PRESTAÇÃO CONTINUADA
Com o decorrer das décadas muitas conquistas foram efetivadas para os direitos legalizados em muitas áreas entre elas a proteção dos idosos e das pessoas de deficiência. E com a aprovação do LOAS na década de 1990, Lei Orgânica de Assistência Social, ocorreu a partir de então maiores benefícios de prestação continuada.
O Benefício de Prestação Continuada, também denominada de amparo assistencial, é a tradicional prestação pecuniária da Assistência Social. Instituída pela Lei nº 8.742/93, a Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS, que regulamentou o artigo 203, V da Constituição Federal.
Art. 203 A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: (..) V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.
Esta que foi criada em dezembro do ano de 1993, lei nº 8742 - Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS, traz em seu “Art. 1º A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que prove os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas” (BRASIL, LOAS, 1993). É “Direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas” (BRASIL, 1993).
O Benefício de Prestação Continuada (BPC) regulamentado pela Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS (Lei Federal Nº. 8.742, de 07 de dezembro de 1993) é um benefício assistencial não contributivo, não vitalício, individual e intransferível garantido pela Constituição Federal de 1988 (artigo 203, inciso V). Consiste no pagamento de um salário-mínimo mensal a pessoas com 65 anos de idade ou mais e a pessoas com deficiência incapacitante para a vida independente e para o trabalho que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção e nem de tê-la provida por sua família (BRASIL,1993, p.03).
O Benefício Assistencial de Prestação Continuada da Assistência Social – BPC é assegurado pela Constituição Federal de 1988, o BPC começou a ser implementado a partir de 1996.Passou a garantir a transferência mensal de um salário mínimo aos idosos, com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais, e às pessoas com deficiência incapacitada para, a vida independente, para o trabalho. Que comprovem não possuir meios de garantir sua sobrevivência e de sua família, onde em ambos os casos a renda per capita familiar seja inferior a ¼ do salário mínimo, comprovando não possuir meios para promover seu sustento e de sua família.
OBPC é um benefício individual, não vitalício e intransferível, que integra a Proteção Social Básica no âmbito do Sistema Único de Assistência Social - SUAS. Tornando-se direito de cidadania assegurado pela Proteção social não contributiva da Seguridade Social.
O BPC é coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS e operacionalizado pelo Instituto Nacional de Seguro Social – INSS e regulamentado pela Lei Orgânica da Assistência Social- LOAS, Lei nº. 8.742 de dezembro 1993 Artigo 20 e 21, e pelos Decretos nº. 6.214/2007 e nº. 6.564/2008. Tendo amparo legal na Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003que institui o Estatuto do Idoso. Sendo administrado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), e repassado ao INSS por meio do Fundo Nacional de Assistência social – FNAS, a quem compete sua gestão, acompanhamento e avaliação e, ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) a sua operacionalização. 
O BPC possui tal denominação por ter um trato continuado, ou seja, uma forma de pagamento paga mês a mês, sendo de duração indefinida, devendo ser revisto a cada dois anos para a verificação da real situação do beneficiário, a fim de examinar se a condição que motivou sua permissão ainda persiste.
O Benefício da Prestação Continuada da Lei Orgânica da Assistência Social (BPC/LOAS) é a garantia de um salário mínimo mensal ao idoso acima de 65 anos ou ao cidadão com deficiência física, mental, intelectual ou sensorial de longo prazo, que o impossibilite de participar de forma plena e efetiva na sociedade, em igualdade de condições com as demais pessoas.
Torna-se esse benefício muito importante para a população mais carente que necessita de um benefício para sua sobrevivência e sua manutenção. É uma conquista de um direito social, que vai de encontro a Constituição Federal de 1988. Art.6 São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção a maternidade e a infância, a assistência aos desamparados, na forma desta constituição “(BRASIL, 1988). Outro ponto de discussão quem pode receber esse benefício ou seja solicitá-lo
O BPC constitui-se em um direito de cidadania das pessoas idosas ou com deficiência que atendem aos seguintes critérios: renda per capita familiar inferior a ¼ do salário mínimo, informação documental sobre composição e renda familiar analisada mediante avaliação socioeconômica do assistente social do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), critério exigível para a pessoa idosa e para a com deficiência; comprovação da deficiência e do nível de incapacidade para vida independente e para o trabalho, temporária ou permanente, atestada por meio de perícia médica e social do INSS, avaliação necessária apenas no caso do solicitante ser pessoa com deficiência, considerada a dispensa da avaliação da capacidade laboral dos adolescentes (BRASIL, 1993, p. 04.)
Assim o critério para o recebimento do benefício se dá pela renda e condições de saúde também, cuja família não tem condições de prover uma vida digna sem esse benefício. Também não se pode deixar de falar sobre as desigualdades sociais no Brasil e que essas preocupaçõesremontam já na década de 1930, mas naquelas décadas faltava muito para ser considerada como um direito, na maioria das vezes foi visto como caridade.
Os benefícios e serviços assistenciais eram associados mais à ideia de caridade do que à de um direito a ser assegurado pelo Estado. É somente com a CF/88 que a Assistência Social é reconhecida enquanto uma política pública e passa a ser norteada pelo princípio da solidariedade. O reconhecimento dessa área enquanto política contribui para a criação de programas que visam o enfrentamento da desigualdade e da pobreza (ALMEIDA, 2012, p.134).
A última década significou a ampliação do reconhecimento pelo Estado, no esteio da luta da sociedade brasileira, dos direitos de crianças, adolescentes, idosos e pessoas com deficiência. Hoje, o Benefício de Prestação Continuada – BPC caminha para a sua universalização, com impactos relevantes na redução da pobreza no País. Observa-se um crescimento progressivo dos gastos públicos, nas três esferas de governo, no campo da assistência social. 
A alta capilaridade institucional descentralizada, alcançada com a implementação de secretarias próprias na grande maioria dos municípios do País (mais de 4.500), e em todos os Estados da Federação e no Distrito Federal, reflete uma expressiva capacidade de construção e assimilação progressiva de procedimentos técnicos e operacionais, homogêneos e simétricos para a prestação dos serviços socioassistenciais, para o financiamento e para a gestão da política de assistência social em seus diferentes níveis governamentais: União, Estados, Distrito Federal e Municípios (BRASIL, 2005, p.14).
Dessa maneira, a assistência social no benefício de assistência de prestação continuada auxiliar deficientes e idosos que segundo a lei possuem as seguintes características: o idoso deverá comprovar: “I - contar com sessenta e cinco anos de idade ou mais; II - renda mensal bruta familiar, dividida pelo número de seus integrantes, inferior a um quarto do salário mínimo; e não possuir outro benefício no âmbito da Seguridade Social ou de outro regime, inclusive o seguro-desemprego” (BRASIL, 2007). Já o deficiente é caracterizado como:
O que torna a pessoa com deficiência elegível ao BPC na legislação pertinente à Assistência Social é estabelecido no artigo 4º, inciso II, do Decreto Federal Nº. 6.214 de 26 de setembro de 2007, que regulamenta o BPC. Entende-se por pessoa com deficiência “aquela cuja deficiência a incapacita para a vida independente e para o trabalho”, o que requer, portanto, a necessidade da comprovação de duas condições para fins de reconhecimento do direito ao BPC: a deficiência, que será avaliada em perícia médica, e a incapacidade, atestada pela avaliação médica e social (BRASIL, 1993, p.03).
Dessa maneira é preciso caracterizar que a miserabilidade para ser atendido nesse benefício, “é a hipossuficiência econômica para fins de concessão do benefício assistencial da Lei n. 8.742/93, e está contido no parágrafo 3º do artigo 20” (LOPES, 2014, p.40). Ou seja, como já dito acima família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ (um quarto) do salário mínimo. Também este benefício, “não pode ser acumulado pelo beneficiário com qualquer outro no âmbito da seguridade social ou de outro regime, salvo o da assistência médica” (BRASIL, 2008).
2.2 DECRETO Nº 6.214, DE 2007REGULAMENTA O BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL.
O Decreto nº 6.214, de 26 de setembro de 2007 que regulamenta o benefício de prestação continuada da assistência social devido à pessoa com deficiência e ao idoso de que trata a Lei no 8.742, de 7 de dezembro de 1993, e a Lei no 10.741, de 1º de outubro de 2003, acresce parágrafo ao art. 162 do Decreto no 3.048, de 6 de maio de 1999, e dá outras providências.
Constituição Federal de 1988 (artigo 203).
Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS - Lei Nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993 - Dispõe sobre a organização da Assistência Social. 
Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003 - Dispõe sobre o Estatuto do Idoso.
Lei nº 12.212, de 20 de janeiro de 2010 - Dispõe sobre a Tarifa Social de Energia Elétrica; altera as Leis nº 9.991, de 24 de julho de 2000, 10.925, de 23 de julho de 2004 e 10.438, de 26 de abril de 2002.
Lei nº 12.435, de 06 de julho de 2011 - Altera a Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS, nº 8.742, de 07 de dezembro de 1993, que dispõe sobre a organização da Assistência Social.
Lei nº 12.470, de 31 de agosto de 2011 - Altera a Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, no tocante à contribuição previdenciária do microempreendedor individual, bem como dispositivos das leis sobre a Previdência Social e o artigo nº 21 da Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993 e Lei nº 12.435, de 06 de julho de 2011.
Decreto nº 6.564, de 12 de setembro de 2008 - Altera o regulamento do Benefício de Prestação Continuada, aprovado pelo Decreto no 6.214, de 26 de setembro de 2007.
Portaria Interministerial MDS/MEC/MS/SEDH nº 18, de 24 de abril de 2007 - Cria o Programa de Acompanhamento e Monitoramento do acesso e permanência na escola das pessoas com deficiência beneficiárias do Beneficio de Prestação Continuada da Assistência Social – BPC, com prioridade para aquelas na faixa etária de zero a dezoito anos.
Portaria MDS nº 44 MDS, de 19 de fevereiro de 2009 – Estabelece instruções sobre o Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social - BPC, referentes a dispositivos da Norma Operacional Básica – NOB/SUAS/2005. 
Portaria MDS nº 706, de 21 de setembro de 2010 - Estabelece o cadastramento dos beneficiários do BPC no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal.
Portaria Conjunta MDS/INSS nº 1, de 24 de maio de 2011 - Estabelece os critérios, procedimentos e instrumentos para a avaliação social e médico pericial da deficiência e do grau de incapacidade das pessoas com deficiência requerentes do Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social e revoga com ressalva a Portaria Conjunta MDS/INSS nº 01, de 29 de maio de 2009. 
Portaria Interministerial nº 1.205, de 08 de setembro de 2011 - Altera a Portaria Interministerial nº 1, de 12 de março de 2008, para estabelecer novos procedimentos de adesão ao Programa BPC na Escola. 
Resolução CNAS nº 145, de 15 de outubro de 2004 - Aprova a Política Nacional de Assistência Social – PNAS/2004.
Resolução CNAS nº 130, de 15 de julho de 2005 - Aprova a Norma Operacional Básica da Assistência Social - NOB/SUAS.
Resolução CIT nº 07, 10 de setembro de 2009 - Institui o Protocolo de Gestão Integrada de Serviços, Benefícios e Transferências de Renda no âmbito do Sistema Único de Assistência Social – SUAS.
Resolução Normativa nº 407, da Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL, de 27 de julho de 2010 - Regulamenta a aplicação da Tarifa Social de Energia Elétrica.
Instrução Operacional Conjunta SENARC/SNAS Nº 06, de 29 de outubro de 2010 e reeditada em 07 de janeiro de 2011 - Estabelece as instru- ções para a inserção, no Cadastro Único para os Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico) dos beneficiários do Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social (BPC) e de suas famílias.
Do benefício de prestação continuada e do beneficiário Art. 1º O Benefício de Prestação Continuada previsto no art. 20 da Lei no 8.742, de 7 de dezembro de 1993, é a garantia de um salário mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso, com idade de sessenta e cinco anos ou mais, que comprovem não possuir meios para prover a própria manutenção e nem de tê-la provida por sua família. § 1º O Benefício de Prestação Continuada integra a proteção social básica no âmbito do Sistema Único de Assistência Social - SUAS, instituído pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, em consonância com o estabelecido pela Política Nacional de Assistência Social - PNAS. § 2º O Benefício de Prestação Continuada é constitutivo da PNAS e integrado às demais políticas setoriais, e visa ao enfrentamento da pobreza, à garantia da proteção social,ao provimento de condições para atender contingências sociais e à universalização dos direitos sociais, nos moldes definidos no parágrafo único do art. 2º da Lei no 8.742, de 1993.
Art. 3º O Instituto Nacional do Seguro Social - INSS é o responsável pela operacionalização do Benefício de Prestação Continuada, nos termos deste Regulamento. Art. 4º Para os fins do reconhecimento do direito ao benefício, considera-se:
I - idoso: aquele com idade de sessenta e cinco anos ou mais;
II - pessoa com deficiência: aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas; (Redação dada pelo Decreto nº 7.617, de 2011) 
III - incapacidade: fenômeno multidimensional que abrange limitação do desempenho de atividade e restrição da participação, com redução efetiva e acentuada da capacidade de inclusão social, em correspondência à interação entre a pessoa com deficiência e seu ambiente físico e social;
IV - família incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou do idoso: aquela cuja renda mensal bruta familiar dividida pelo número de seus integrantes seja inferior a um quarto do salário mínimo;
V - família para cálculo da renda per capita: conjunto de pessoas composto pelo requerente, o cônjuge, o companheiro, a companheira, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto; e (Redação dada pelo Decreto nº 7.617, de 2011)
VI - renda mensal bruta familiar: a soma dos rendimentos brutos auferidos mensalmente pelos membros da família composta por salários, proventos, pensões, pensões alimentícias, benefícios de previdência pública ou privada, seguro-desemprego, comissões, pró-labore, outros rendimentos do trabalho não assalariado, rendimentos do mercado informal ou autônomo, rendimentos auferidos do patrimônio, Renda Mensal Vitalícia e Benefício de Prestação Continuada, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 19. (Redação dada pelo Decreto nº 7.617, de 2011).
§ 1º Para fins de reconhecimento do direito ao Benefício de Prestação Continuada às crianças e adolescentes menores de dezesseis anos de idade, deve ser avaliada a existência da deficiência e o seu impacto na limitação do desempenho de atividade e restrição da participação social, compatível com a idade. (REDAÇÃO DADA PELO DECRETO nº 7.617, de 2011).
Conforme o artigo 12, I, da Lei n. 8.742/93, compete à União responder pela concessão e manutenção dos Benefícios de Prestação Continuada, incluindo o seu financiamento. Já a responsabilidade pela operacionalização e execução das concessões é delegada ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, conforme o artigo 3º, do Regulamento de Prestação Continuada – RBPC, aprovado pelo Decreto n. 6.214/07.
2.3 QUAIS OS REQUISITOS PARA QUE SE POSSA SOLICITAR O BENEFÍCIO
Para ter direito, é necessário que a renda mensal bruta familiar, dividida pelo número de seus integrantes familiar seja menor que 1/4 do salário-mínimo vigente. Não possuir outro benefício no âmbito da Seguridade Social ou de outro regime, inclusive o seguro-desemprego, salvo o de assistência médica e a pensão especial de natureza indenizatória. Por se tratar de um benefício assistencial, não é necessário ter contribuído ao INSS para ter direito a ele. No entanto, este benefício não paga 13º salário e não deixa pensão por morte(Redação dada pelo decreto nº 7.617, de 2011).
Para fazer jus ao Benefício de Prestação Continuada, a pessoa com deficiência deverá comprovar: a existência de impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, obstruam sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas, na forma prevista neste Regulamento (Redação dada pelo Decreto nº 7.617, de 2011).
Também a renda mensal bruta familiar do requerente, dividida pelo número de seus integrantes, inferior a um quarto do salário mínimo e não possuir outro benefício no âmbito da Seguridade Social ou de outro regime, inclusive o seguro-desemprego, salvo o de assistência médica e a pensão especial de natureza indenizatória, bem como a remuneração advinda de contrato de aprendizagem, (Redação dada pelo Decreto nº 7.617, de 2011).
A comprovação da condição poderá ser feita mediante declaração da pessoa com deficiência ou, no caso de sua incapacidade para os atos da vida civil, do seu curador ou tutor.
Para fins de identificação da pessoa com deficiência e do idoso e de comprovação da idade do idoso, deverá o requerente apresentar um dos seguintes documentos:
 certidão de nascimento;
certidão de casamento;
certificado de reservista; 
carteira de identidade; ou
carteira de trabalho e previdência social.
Para fins de identificação da pessoa com deficiência e do idoso e de comprovação da idade do idoso, no caso de brasileiro naturalizado, deverão ser apresentados os seguintes documentos:
título declaratório de nacionalidade brasileira
carteira de identidade ou carteira de trabalho e previdência social.
A inscrição no Cadastro de Pessoa Física é condição para a concessão do benefício, mas não para o requerimento e análise do processo administrativo. (Redação dada pelo Decreto nº 7.617, de 2011).
A comprovação da renda familiar mensal per capita será feita mediante Declaração da Composição e Renda Familiar, em formulário instituído para este fim, assinada pelo requerente ou seu representante legal, confrontada com os documentos pertinentes, ficando o declarante sujeito às penas previstas em lei no caso de omissão de informação ou declaração falsa.
Ainda pessoa com deficiência que deseja requerer o amparo assistencial deverá passar por perícia médica e por assistente social do INSS, para verificar se existe impedimento de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, produzindo efeitos há mais de dois anos, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade, em igualdade de condições com as demais pessoas.
A pessoa pode procurar o CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) mais próximo da sua residência para esclarecer dúvidas sobre os critérios do benefício e sobre sua renda familiar, além de receber orientação sobre o preenchimento dos formulários necessários.É importante destacar que, para receber o BPC, não é necessário pagar intermediários.
Os principais requisitos para ter direito ao BPC são:
Para o idoso:idade superior a 65 anos, para homem ou mulher;
Para a pessoa com deficiência:ser pessoa com deficiência física, mental, intelectual ou sensorial que impossibilite de participar de forma plena e efetiva na sociedade, em igualdade de condições com as demais pessoas que não possuam tal impedimento.
Possuir renda familiar de até 1/4 do salário mínimo em vigor, por pessoa do grupo familiar (incluindo o próprio requerente). Esta renda é avaliada considerando o salário do beneficiário, do esposo(a) ou companheiro(a), dos pais, da madrasta ou do padrasto, dos irmãos solteiros, dos filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que residam na mesma casa.;
Possuir nacionalidade brasileira;
Possuir residência fixa no país;
Não estar recebendo benefícios da Previdência Social.
Idoso é toda a pessoa que tem 65 anos ou mais, “deficiente” é toda a pessoa incapacitada para a vida independente e para o trabalho.
Para poder receber o BPC, a pessoa precisa comprovar sua deficiência, não importa a idade que possua desde que comprove a incapacidade para a vida independente e para o trabalho, e que a renda mensal bruta familiar per capta seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo vigente. A renda mensal familiar per capta é a soma total da renda bruta no mês de todos aqueles que compõem a família, dividida pelo número de seus familiaresque vivem na mesma casa.
O Benefício de Prestação Continuada é uma transferência de renda sem relatividade e independente de contribuição para o INSS. Os Idosos com 65 anos ou mais e a pessoas com deficiência que não estiverem aptas ao trabalho e a vida independente e que vivem em o valor do benefício é igual a um salário mínimo, que só receberá se for comprovada a deficiência e ou a velhice. No caso de deficientes, os médicos peritos avaliam sua condição física e mental para uma vida independente e de trabalho. Os beneficiários tanto idosos como deficientes são reavaliados a cada dez anos para examinar se sua situação de extrema pobreza mudou.
O benefício poderá ser cancelado caso a situação da família não se caracteriza mais como de “extrema pobreza”.
Vamos fazer um cálculo aproximado entre os dois públicos alvos que são os deficientes e idosos com 65 anos ou mais: cerca de 762 mil domicílios, corresponde a 1,5% do total brasileiro, declararam ter algum beneficiário do BPC, o que significa que quase metade escapa às estimativas da PNAD, mesmo levando-se em consideração que ela não traz informação individualizada sobre os beneficiários.
Segundo os “dados administrativos havia 1.983.788 beneficiários em setembro de 2004, dos quais 1.098.552 eram portadores de deficiência e 885.236 eram idosos com 65 anos ou mais” PNAD 2004 (IBGE).
2.4 OS BENEFÍCIOS ASSISTÊNCIAS
A prestação assistencial foi criada para substituir a renda mensal vitalícia, a qual era vinculada à previdência social, diferentemente do benefício assistencial, que muito embora tenha sua concessão e administração feitas pelo INSS, não se trata de benefício previdenciário (HENDGES, 2013).
Está previsto constitucionalmente no artigo 203, V, alhures, que garante um salário mínimo de benefício mensal ao portador de deficiência e ao idoso que comprovar não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, de acordo com a regulamentação disposta na LOAS.
Logo, percebe-se que a LOAS criou duas condições para o recebimento do benefício: para as pessoas com deficiência exigiu que comprovassem a incapacidade para a vida independente e para o trabalho. Para ambos – idosos e portadores de deficiência estipulou que somente tem direito ao benefício aquele que comprovar renda per capita inferior a ¹/2 do salário mínimo (SANTOS, 2006).
Portanto, o BPC tem como exigência ser pessoa idosa ou deficiente, bem como comprovar hipossuficiência econômica. De imediato, percebe-se que a renda é um dos requisitos indispensáveis a concessão do benefício em comento (JUNIOR, 2008). Regulamentada pelo Decreto 6.214, de 26 de setembro de 2007, a renda per capita, para fins de reconhecimento do direito ao benefício assistencial, deve ser inferior a ¼ (um quarto) do salário mínimo por integrante, ou seja, a renda mensal bruta familiar dividida pelo número de seus integrantes deve ser inferior a ¼ (um quarto) do salário mínimo (artigo 4°, IV do Decreto 6.214/2007).
Portanto, o BPC tem como exigência ser pessoa idosa ou deficiente, bem como comprovar hipossuficiência econômica. De imediato, percebe-se que a renda é um dos requisitos indispensáveis a concessão do benefício em comento (JUNIOR, 2008). Regulamentada pelo Decreto 6.214, de 26 de setembro de 2007, a renda per capita, para fins de reconhecimento do direito ao benefício assistencial, deve ser inferior a ¼ (um quarto) do salário mínimo por integrante, ou seja, a renda mensal bruta familiar dividida pelo número de seus integrantes deve ser inferior a ¼ (um quarto) do salário mínimo (artigo 4°, IV do Decreto 6.214/2007).
CAPITULO III
3 O BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA E O CRITÉRIO DE MISERABILIDADE
Segundo o dicionário Online de Português o significado da palavra miserabilidade é Circunstância ou estado daquilo que é miserável; situação de miséria; excessivamente pobre; miserabilidade.
O artigo 20, parágrafo terceiro da Lei 8.742/93 diz que estará em situação de miserabilidade o idoso ou portador de deficiência em que a renda mensalper capita da família seja inferior a um quarto do salário mínimo.
Podemos concluir que esse é o requisito mais tormentoso e polêmico do benefício assistencial de prestação continuada, pois observamos que chegam ao judiciário inúmeros casos de pedidos de benefícios, mais especificamente o BPC negados pelo INSS que acabam gerando infindáveis questionamentos judiciais e doutrinários acerca desse tema o “BPC”.
Quando fixado pela LOAS, o conceito de necessidade em ¼ (um quarto ) do salário mínimo, na realidade, deu aos mais miseráveis um padrão de vida inferior ao que a Constituição Federal escolheu como sendo mínimo necessário para a para sua sobrevivência, violando assim o princípio Dos Direitos Humanos
O Supremo Tribunal Superior em seu Plenário considerou o critério para caracterizar a situação de miserabilidade defasada e também declarou inconstitucional o parágrafo único do artigo 34 do Estatuto do Idoso. A decisão foi tomada no julgamento dos Recursos Extraordinários (REs) 567985 e 580963, ambos com repercussão geral:
“Conforme decisão do Supremo Tribunal Superior - Assistência Social -No dia 18 de abril de 2013, o Plenário julgou inconstitucional o parágrafo 3º do artigo 20 da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS - Lei 8.742/1993), que prevê tal critério para a concessão de benefício a idosos ou deficientes, sendo a renda familiar mensalper capitainferior a um quarto do salário mínimo. O recurso foi interposto pelo INSS, que questionava o critério utilizado para aferir a renda mensal per capitada família da autora”.
Art. 2º Compete ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, por intermédio da Secretaria Nacional de Assistência Social, a implementação, a coordenação geral, a regulação, financiamento, o monitoramento e a avaliação da prestação do benefício, sem prejuízo das iniciativas compartilhadas com Estados, Distrito Federal e Municípios, em consonância com as diretrizes do SUAS e da descentralização político-administrativa, prevista no inciso I do art. 204 da Constituição e no inciso I do art. 5º da Lei no 8.742, de 1993.
Nesse momento, trataremos mais especificadamente sobre o critério de miserabilidade do Benefício de Prestação Continuada, da Lei n. 8.742/93. Ou seja, será verificado os parâmetros trazidos pela lei para a aferição da condição de necessitado da pessoa com deficiência ou do idoso. Ademais, será feita uma comparação do critério trazido pela LOAS com outros requisitos de outras leis assistenciais do direito brasileiro. Também será verificado o posicionamento da Administração Pública e o entendimento jurisprudencial acerca do tema. Por fim, serão realizados comentários sobre algumas implicações decorrentes da divergência de entendimento da Administração Pública e do Poder Judiciário sobre o requisito da miserabilidade trazido pela LOAS.
3.1 CRITÉRIO DA MISERABILIDADE NA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO ASSISTENCIAL A PORTADORES DE DEFICIÊNCIA
A constitucionalidade do critério da miserabilidade estabelecido em lei para a concessão do benefício, pois a exigência nega a materialização dos direitos fundamentais e sociais, protegidos constitucionalmente, à grande parcela da população que se encontra logo acima do limite exigido. Firma que a necessidade de amparo aos portadores de deficiência reflete a essência do preceito constitucional que instituiu o auxílio, não sendo permitido a qualquer norma inferior e, muito menos, aos aplicadores do Direito impedirem sua concretização.
Apesar da decisão, a matéria não se tornou pacífica. O Ministro Néri da Silveira, no julgamento do RE nº 286.543-5, afirmou que o limite previsto no § 3º do art. 20 da LOAS não encontra fundamento de validade jurídica na Lei Maior vigente (BOTELHO, 2004). Inúmeras decisões firmam-se nesse sentido, sustentando que o critério da miserabilidade nega o princípio da dignidade da pessoa humana e com isso fere o núcleo essencial da Constituição.
Não obstante a decisão proferidapelo STF na ADIn n. 1.232-1/DF, ao legislador infraconstitucional não é permitido dar interpretação contrária ao Texto Magno, pois, segundo o princípio da supremacia das leis, todas as situações jurídicas devem estar de acordo com os princípios e preceitos da Constituição. Assim, as normas inferiores somente terão validade se forem compatíveis com as normas de grau superior, ou melhor, as normas que integram o ordenamento jurídico só serão válidas se estiverem de acordo com a Constituição (PEIXINHO, 2000).
A ação ajuizada para discutir a inconstitucionalidade do § 3º do art. 20 da Lei n. 8.742/93 (ADIn 1.232-1/DF), ao ser julgada improcedente, concluiu pela constitucionalidade do dispositivo legal debatido.
Devido ao controle constitucionalidade concentrado exercido no julgamento dessa ação pelo STF, os demais tribunais deveriam ficar vinculados a tal decisão. Entretanto, ela não possuía qualquer efeito vinculante, pois, publicada no Diário Oficial da União em 27/8/98, ainda não estava sob a égide da Lei n. 9.868, de 10/11/1999, que regulou o caráter vinculante das decisões proferidas em sede de ação direta de inconstitucionalidade aos órgãos do Poder Judiciário e da administração pública.
A Lei n. 9.868/99, que passou a dispor sobre o processo e julgamento da ação direta de inconstitucionalidade e da ação declaratória de constitucionalidade perante o STF, entrou em vigor a partir da data de sua publicação. Sem previsão expressa na lei quanto à possibilidade de seus efeitos retroagirem para alcançar situações anteriores, não se apresentou, portanto, a viabilidade de a norma retroagir e conferir qualquer caráter vinculante à decisão que garantiu a constitucionalidade do critério da miserabilidade. Portanto, a manutenção do texto da lei na época da decisão da ADIn n. 1.232-1/DF não o salvaguardava da possibilidade de sua discussão nas instâncias inferiores, haja vista não existir o efeito vinculante.
Para Torres (1999) interpretar a Constituição Federal como fazem os tribunais, garantindo a utilização de outros meios para aferir a miserabilidade, nada mais é do que reflexo da constante mudança do cenário social e econômico, em que os preços dos gêneros essenciais à sobrevivência aumentam diariamente, ao contrário dos salários. A utilização de outro meio para verificar a hipossuficiência econômica busca garantir a eficácia do princípio da dignidade da pessoa humana, negado pelo preceito legal.
3.2 A FLEXIBILIZAÇÃO SEGUNDO A UTILIZAÇÃO DE OUTROS MEIOS PARA AFERIR O CRITÉRIO DE MISERABILIDADE
Saliente-se que, embora o Supremo tribunal Federal tenha entendido como constitucional o requisito da miserabilidade, a matéria não se tornou pacífica. Inúmeras decisões e doutrina majoritária firmaram-se no sentido de que nada impede ao julgador auferir, por outros meios de prova, a condição de miserabilidade do necessitado (IBRAHIM, 2006).
Ainda que o legislador se utilize de parâmetros objetivos para a fixação dos critérios de miserabilidade, a restrição financeira pode e deve ser ponderada com a característica do caso concreto. Ainda que a extensão de benefício somente possa ser feita por lei, e mesmo que o critério seja considerado constitucional, não deve o intérprete ignorar a realidade social (IBRAHIM, 2006).
Dessa forma, novamente invocando os argumentos do Ministro Ilmar Galvão, deve-se interpretar a norma conforme o estabelecido na Constituição. Nas palavras do Ministro, em seu voto da ADIN 1232-1/DF, assim leciona:
A questão que resta é a de saber se com a hipótese prevista pela norma é a única suscetível de caracterizar a situação de incapacidade econômica da família do portador de deficiência ou do idoso inválido. Revelando-se manifesta a impossibilidade de resposta positiva, que afastaria grande parte dos destinatários do benefício assistencial previsto na Constituição, outra alternativa não resta senão emprestar ao texto impugnado interpretação segundo a qual não limita ele os meios de prova da condição de miserabilidade da família do necessitado deficiente ou idoso (DUARTE, 2005).
A corrente defendida e já pacificada pelo Superior Tribunal de Justiça orienta no sentido de que o requisito estabelecido em lei presta-se apenas como um paradigma de presunção objetiva de carência econômica, nada impedindo que o magistrado, diante da realidade do indivíduo, recorra a outros meios de prova para comprovar a miserabilidade (MORO, 2003).
3.3 INTERPRETAÇÃO O PRINCÍPIO DA IGUALDADE
Um novo argumento, não enfrentado pelo Supremo Tribunal Federal, é as dispostas Leis nº 9.533/97 e 10.689/03, que tratam do Programa de Garantia de Renda Mínima e do programa Nacional de Acesso à Alimentação (PNA).
Sérgio Fernando Moro (2003, p. 143) defende a tese uma nova interpretação para a flexibilização do critério de miserabilidade, argumentando para tanto, que as Leis nº 9.533/97 e 10.689/03, revogaram o critério estabelecido no parágrafo 3º, do artigo 20, da Lei 8742/93, ao criar programa de renda mínima às famílias carente, considerando-as como sendo aquelas cuja renda mensal per capita seja inferior a ½ salário mínimo (BALTAZAR JÚNIOR, 2005).
Nesse sentido, é válido mencionar que houve violação ao princípio da igualdade e, portanto, discriminação por parte do Poder Executivo Federal na medida em que instituiu o programa de renda mínima às famílias carentes e a lei que criou o programa Nacional de acesso à alimentação. Ora, consideraram como pessoa necessitada, aquela que aufira renda equivalente a meio salário e para os deficientes e idosos criou-se um critério mais rigoroso (BALTAZAR JÚNIOR, 2005).
O tratamento desigual resta ainda mais evidente no sentido de que o acesso das famílias carentes ao programa de renda mínima, exige que cada membro familiar perceba renda não superior a meio salário mínimo, sem exigir, no entanto assim, há que se estabelecer igual tratamento jurídico no que concerne à verificação da miserabilidade, a fim de evitar distorções que conduzam a situações desprovidas de razoabilidade (DUARTE, 2005).
3.4 INTERPRETAÇÃO SEGUNDO O ESTATUTO DO IDOSO
Segundo Ibrahim, (2006) nada impede que o benefício assistencial possa ser pago a mais de uma pessoa da família, desde que comprovadas todas as condições exigidas. No entanto, segundo entendimento do INSS, exclusivamente para o deficiente, o valor já recebido por outro membro do mesmo grupo familiar passa a integrar a renda, para o efeito de cálculo per capitado novo benefício requerido. Isso ocorre apenas com as pessoas portadoras de deficiência, que mais uma vez foram injustiçadas, em razão do legislador ter previsto condições mais flexíveis apenas para os idosos, promovendo discriminação injustificada contra os deficientes, violando novamente o princípio da igualdade.
Este tratamento diferenciado foi criado pelo Estatuto do Idoso, que determina que o benefício assistencial concedido a qualquer membro da família não será computado para fins de cálculo da renda familiar. Nesse passo, em razão do princípio da igualdade, as pessoas portadoras de deficiência também teriam direito a essa flexibilização (IBRAHIM, 2006).
Assim sendo, aplicando-se a interpretação analógica do art. 34 do Estatuto do Idoso, deve-se, ainda, excluir da referida renda mensal, para efeito de aferição da renda per capita, o benefício de valor mínimo percebido pelo idoso ou deficiente, seja ele de natureza previdenciária ou assistencial, esse é o posicionamento adotado pela maioria dos Tribunais Regionais Federais.
A possibilidade de se participar das relações jurídicas decorre de uma qualidade inerente ao ser humano, que o torna titular de direitos e deveres (AMARAL, 2003, p.218), que é a personalidade. A capacidade é a projeção da personalidade. Nas palavras de AMARAL (2003, p. 220-221). Essa é um conjunto de atributos da pessoa humana em seus aspectos moral, físico e intelectual, necessários à própria existência da pessoa humana (FARIA, 2006, p. 142). Todo ser humano é dotado de personalidade, independentemente da consciência e da vontade do indivíduo.

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