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Orifícios, Tubos curtos e vertedores Professor João Francisco C. Horn Santa Maria, 12 de Dezembro de 2017 Universidade Federal de Santa Maria Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental Definição • Grande importância na Hidráulica pela sua aplicação em diversas estruturas hidráulicas, como projetos de irrigação, eclusas para navegação fluvial, bacias de detenção para controle de cheias urbanas, estações de tratamento de água, tomadas d’água em sistemas de abastecimento, projetos hidroelétricos, etc. Orifícios Definição: • São aberturas de perímetro fechado, de forma geométrica definida, na parede de reservatórios, canais ou conduto sob pressão, pela qual o líquido (em repouso ou movimento) escoa sob ação da carga potencial e/ou cinética que possui. • A descarga pode ser: - descarga livre: saída do orifício sob pressão atmosférica; - descarga afogada ou submersa: saída no interior do líquido. Classificação dos orifícios Quanto à forma geométrica: – circular, retangular, triangular, etc. Quanto à orientação do plano do orifício em relação à superfície livre do líquido: – verticais, horizontais ou inclinados. Quanto à espessura da parede: Parede fina ou delgada: – espessura < 0,5 diâmetro Parede grossa ou espessa – espessura 0,5d<e<1,5d • Quanto à carga: - pequenos: se a dimensão vertical do orifício (d) é menor do que 1/3 da carga H. - grandes: se d > 1/3.H. Carga (H) - Distância vertical entre a superfície do líquido e o centro do orifício. Classificação dos orifícios • As partículas afluem ao orifício segundo trajetórias convergentes e continuam a convergência após a abertura, obrigando o jato a se contrair um pouco além da borda interna da abertura. contração do jato. • Na seção contraída as trajetórias das partículas são sensivelmente paralelas e a distribuição de velocidades é uniforme. Num orifício circular de diâmetro D, a seção contraída está a 0,5.D da parede interna. Descarga Livre em Orifícios de Parede Fina Coeficiente de contração: Cc varia com as dimensões do orifício e a carga. Em orifícios circulares de parede fina é igual a 0,62. orifíciodoárea contraídaseçãodaárea A A C cc » Considerando a linha de corrente a-b, a equação de Bernoulli para o escoamento permanente na ausência de perdas , aplicados aos pontos C (região A) e D (seção contraída): Vazão Descarregada • Nos casos em que as dimensões do reservatório são muito maiores do que a área da seção contraída e a carga cinética de aproximação: BA 2 m t pp g.2 V H.g.2V H.g.2Vt Devido à perda de energia na entrada do orifício, a velocidade real é inferior a teórica, cuja relação é denominada coeficiente de velocidade, Cv, que para orifícios circulares vale 0,98: O produto Cc.Cv se denomina de coeficiente de vazão ou de descarga Cd. Valor médio de Cd = 0,61 Cc = coef. de contração teóricavelocidade realvelocidade V V C t v H.g.2.CV v H.g.2.A.CH.g.2.A.C.CQ dvc Coeficiente de velocidade • A passagem de um líquido através de um orifício se faz com um certo consumo de energia disponível a montante da abertura: Perda de Carga em Orifícios Determinação experimental dos coeficientes de um orifício Teoria dos grandes orifícios • Se a dimensão vertical de um orifício é grande, a carga hidrostática que produz o fluxo é substancialmente menor no bordo superior da abertura que no bordo inferior. Orifícios afogados • Quando a cota do nível d’água de jusante é superior a cota do topo do orifício. Escoamento sob carga variável • Até o momento foi considerado que o regime é permanente. Carga hidráulica sobre o orifício é constante no tempo! • Analisar as leis que regem a descarga do líquido pelo orifício na situação em que a carga varia, tornando a vazão de saída em função do tempo. • Exemplos de aplicações: Porto Alegre - RS Belo Horizonte - MG São Bernardo - SP Eclusa de Tucuruí Eclusa hidrovia Tietâ-Paraná Eclusa de Três Gargantas - China Eclusa no Canal do Panamá - Panamá Se não ocorre alimentação do reservatório, a abertura através de um orifício provoca a diminuição gradual da profundidade e, consequentemente, da pressão sobre o orifício. Influência da espessura da parede Bocal cilíndrico externo • Valores para o coeficiente de vazão para bocais: • Comprimento L entre 2 e 2,5 diâmetros de abertura » Promove uma contração maior do que a de orifícios, sem tocar nas paredes internas. » Jato mais regular. » Aplicando o teorema da quantidade de movimento: Bocal cilíndrico interno ou bocal de borda Tubos curtos com descarga livre L/D 10 15 20 30 40 50 60 70 80 90 100 150 0,77 0,75 0,73 0,70 0,67 0,64 0,62 0,60 0,58 0,56 0,55 0,48 L - D 0,15 0,30 0,45 0,60 0,75 0,90 1,05 1,20 1,50 3 0,77 0,86 0,89 0,91 0,92 0,92 0,93 0,93 0,94 6 0,66 0,79 0,84 0,87 0,89 0,90 0,91 0,91 0,92 9 0,59 0,73 0,80 0,83 0,86 0,87 0,89 0,89 0,90 12 0,54 0,68 0,76 0,80 0,83 0,85 0,87 0,88 0,89 15 0,49 0,65 0,73 0,77 0,81 0,83 0,85 0,86 0,88 18 0,46 0,61 0,70 0,75 0,79 0,81 0,83 0,85 0,87 21 0,44 0,59 0,67 0,73 0,77 0,79 0,81 0,83 0,85 24 0,41 0,56 0,65 0,71 0,75 0,78 0,80 0,82 0,84 27 0,39 0,54 0,63 0,69 0,73 0,76 0,78 0,80 0,83 30 0,38 0,52 0,61 0,67 0,71 0,74 0,77 0,79 0,82 33 0,36 0,50 0,59 0,65 0,70 0,73 0,76 0,78 0,81 36 0,35 0,49 0,58 0,64 0,68 0,71 0,74 0,77 0,80 39 0,34 0,47 0,56 0,62 0,67 0,70 0,73 0,76 0,79 42 0,33 0,46 0,55 0,61 0,66 0,69 0,72 0,75 0,78 Cd para tubos circulares de concreto com entrada arredondada L - D 0,15 0,30 0,45 0,60 0,75 0,90 1,05 1,20 1,50 3 0,74 0,80 0,81 0,80 0,80 0,79 0,78 0,77 0,76 6 0,64 0,74 0,77 0,78 0,78 0,77 0,77 0,76 0,75 9 0,58 0,69 0,73 0,75 0,76 0,76 0,76 0,75 0,74 12 0,53 0,65 0,70 0,73 0,74 0,74 0,74 0,74 0,74 15 0,49 0,62 0,68 0,71 0,72 0,73 0,73 0,73 0,73 18 0,46 0,59 0,65 0,69 0,71 0,72 0,72 0,72 0,72 21 0,43 0,57 0,63 0,67 0,69 0,70 0,71 0,71 0,71 24 0,41 0,54 0,61 0,65 0,68 0,69 0,70 0,70 0,71 27 0,39 0,52 0,60 0,64 0,66 0,68 0,69 0,70 0,70 30 0,37 0,51 0,58 0,62 0,65 0,67 0,68 0,69 0,70 33 0,36 0,49 0,56 0,61 0,64 0,66 0,67 0,68 0,69 36 0,35 0,48 0,55 0,60 0,63 0,65 0,66 0,67 0,68 39 0,33 0,46 0,54 0,59 0,62 0,64 0,65 0,66 0,68 42 0,32 0,45 0,53 0,58 0,61 0,63 0,65 0,66 0,67 Cd para tubos circulares de concreto com entrada em aresta viva Exemplo 12.3 Um tipo de controle utilizado em canais é a comporta plana, na maioria das vezes verticais e de mesma largura do canal. A vazão descarregada pela comporta é função do tirante de água a sua montante e da abertura do orifício inferior. » Dependendo da condição hidráulica a jusante, o escoamento após a comporta pode ser livre ou submerso/afogado. Comportas de fundo planas • Considerando a descarga livre e desprezando as perdas de carga entre as seções 1 e 2: • Levando em consideração a lei dos orifícios: • Na seção 2 o escoamento é dividido em zona morta ou estagnada (superior) e movimento direcionado (inferior). Exercício 12.10 Nomenclatura • Crista ou soleira – parte superior da parede em que há contato com a lâmina vertente. Pode ser delgada ou espessa. • Carga sobre a soleira h – diferença de cota entre o nível de água a montante do vertedor, fora da região de curvatura, e o nível da soleira. Distância a montante igual a 6 vezes a carga. • Altura do vertedor P - diferença de cotas entre a altura da soleira e o fundo do canal de chegada. • Largura ou luz da soleira L - dimensão da soleira onde ocorredo escoamento. Vertedor retangular de parede fina sem contrações • Tem sido o mais exaustivamente estudado. • Placa delgada, • Soleira horizontal e biselada, instalada perpendicularmente ao escoamento, • Soleira ocupando toda a largura do canal - sem contrações laterais, • Espaço sob a lâmina vertente ocupado por ar à pressão atomosférica. Detalhes construtivos Influência da contração lateral Vertedor triangular de parede fina Vertedor trapezoidal de parede fina h P Exercício 12.5 Vertedor de soleira espessa horizontal carga Comprimento e da soleira em metros h(m) 0,15 0,23 0,30 0,45 0,60 0,75 0,90 1,20 1,50 3,00 4,50 0,06 0,906 0,890 0,871 0,848 0,822 0,803 0,790 0,771 0,758 0,806 0,868 0,12 0,945 0,906 0,881 0,855 0,845 0,842 0,835 0,822 0,809 0,829 0,874 0,18 0,997 0,936 0,890 0,845 0,842 0,842 0,868 0,871 0,874 0,874 0,874 0,24 1,068 0,984 0,923 0,868 0,842 0,842 0,864 0,868 0,868 0,871 0,855 0,30 1,075 1,016 0,965 0,890 0,861 0,855 0,858 0,864 0,868 0,868 0,851 0,36 1,075 1,036 0,997 0,926 0,874 0,858 0,858 0,864 0,861 0,871 0,855 0,42 1,075 1,055 1,036 0,945 0,897 0,868 0,855 0,858 0,858 0,864 0,855 0,48 1,075 1,065 1,062 0,994 0,936 0,890 0,868 0,861 0,858 0,858 0,851 0,54 1,075 1,075 1,072 0,994 0,932 0,887 0,868 0,861 0,858 0,858 0,851 0,60 1,075 1,072 1,068 0,981 0,923 0,894 0,881 0,868 0,858 0,858 0,851 Valores do coeficiente de vazão para vertedores retangulares de parede espessa. Descarregadores de barragens • Em obras como de aproveitamentos hidrelétricos, a geometria do vertedor não depende apenas de considerações hidráulicas, mas também da estabilidade estrutural da obra, como características do subsolo, topografia e o tipo de barragem. Desaconselhado! Mudanças bruscas de angulosidade nos parâmetros de montante e jusante promovem a separação da lâmina, criando zonas de alta turbulência, associadas a subpressões importantes Geometria da soleira normal Variação do coeficiente de vazão com a carga As formulações e conceitos desenvolvidos nas seções anteriores são utilizados em vários tipos de projetos na Engenharia, como: – Contenção de cheias urbanas; – Eclusas para navegação fluvial; – Captação de água em projetos de abastecimento urbano ou industrial; – Instalações hidráulico-sanitárias; – Etc. Aplicações: Esvaziamento de um reservatório de abastecimento predial No projeto de instalações hidráulico-sanitárias de um prédio deve- se considerar o tempo necessário para o esvaziamento do reservatório. Conectado (fundo) a uma tubulação metálica de um certo diâmetro. L/D 300 200 150 100 90 80 70 60 50 40 30 20 Cd 0,33 0,39 0,42 0,47 0,49 0,52 0,54 0,56 0,58 0,64 0,70 0,73 • Volume útil – 74000 m³ • Curva de vazão da estrutura entre as cotas 737,75 a 744 m. – 1 orifício retangular de 1 m x 0,5 m (cota: 737,75 m) – 1 vertedor retangular, com 2 m de largura (cota: 742,4 m); – capacidade máxima no sistema de drenagem: 13 m3/s. – Q= 43 m³/s Tr=25 anos – Capacidade máxima da galeira 13 m³/s Bacia de detenção em sistemas de controle de cheias urbanas • Da cota 737,75 a cota 742,4 m orifício de pequenas dimensões com Cd = 0,62 e com correção da contração lateral: Cd*=Cd.(1+0,15.K) = 0,62 . (1 + 0,15 . 1/3) = 0,65 para 0,5 y 4,65 m • Da cota 742,4 a 744 m orifício e vertedor: Qv = C . L . h 3/2 C=2,15 Qv = 4,3 . h 1,5 • Uso da comporta: controle do nível d’água de montante ou posicionamento do ressalto hidráulico de jusante. Comporta: largura: 1,0m, altura: 0,5m, Cc=0,61 Tubo de saída: D=? / concreto / ressalto livre / L=9m Controle de canais por comporta plana vertical
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