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Comentários à lei 13.497, de 2017, que alterou a lei de crimes hediondos. Gabriel Habib

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1 
 
Comentários à lei 13.497/2017, que alterou o art. 1o, PU da lei de crimes 
hediondos (lei 8.072/90). 
 
Trecho retirado do livro: 
 
Leis Penais Especiais. 
Volume único. 10ª ed. 2018. 
Editora Juspodivm. 
 
Gabriel Habib. 
Mestre em Ciências Jurídico-Criminais pela Faculdade de Direito da 
Universidade de Lisboa, Portugal. 
Pós-graduado em Direito Penal Econômico pelo Instituto de Direito Penal 
Econômico e Europeu da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. 
Professor da pós-graduação da FGV – Fundação Getúlio Vargas. 
Professor da pós-graduação da PUC-RJ. 
Professor da EMERJ – Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro. 
Professor da ESMAFE - Escola da Magistratura Federal do Paraná. 
Professor de FESUDEPERJ – Fundação Escola da Defensoria Pública do 
Estado do Rio de Janeiro. 
Professor da FESMP/MG – Fundação Escola Superior do Ministério Público 
de Minas Gerais. 
Professor do CERS. 
Professor do Curso Forum. 
Defensor Público Federal. 
 
 
 
Material cedido gratuitamente pelo autor. 
 2 
 
HEDIONDOS 
Lei N˚ 8.072 de 25 de julho de 1990 
 
Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, 
todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro 
de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados: (Redação 
dada pela Lei nº 8.930, de 6.9.1994) 
 I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade 
típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só 
agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, I, II, III, IV, V, 
VI e VII; (Inciso alterado pela lei nº 13.142/2015) 
 I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 
129, § 2o) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3o), 
quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos 
arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do 
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, 
no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu 
cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro 
grau, em razão dessa condição; (Inciso incluído pela lei nº 
13.142/2015) 
 II - latrocínio (art. 157, § 3o, in fine); (Inciso incluído pela 
Lei nº 8.930, de 6.9.1994) 
 III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o); 
(Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 6.9.1994) 
 IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada 
(art. 159, caput, e §§ 1o, 2o e 3o); (Inciso incluído pela Lei nº 
8.930, de 6.9.1994) 
 3 
 V – estupro (art. 213, caput e §§ 1º e 2º); (Redação 
dada pela Lei 12.015, de 2009) 
 VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1º, 2º, 
3º e 4º); (Redação dada pela Lei 12.015, de 2009) 
VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o). 
(Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 6.9.1994) 
 VII-A – (VETADO) (Inciso incluído pela Lei nº 9.695, de 
20.8.1998) 
 VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração 
de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 
273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B, com a redação dada pela 
Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998). (Inciso incluído pela Lei 
nº 9.695, de 20.8.1998) 
VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de 
exploração sexual de criança ou adolescente ou de 
vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º). (Inciso incluído 
pela Lei nº 12.978/2014) 
 
Parágrafo único. Consideram-se também hediondos o 
crime de genocídio previsto nos arts. 1o, 2o e 3o da Lei 
no 2.889, de 1o de outubro de 1956, e o de posse ou porte 
ilegal de arma de fogo de uso restrito, previsto no art. 16 
da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, todos tentados 
ou consumados. (Redação dada pela Lei nº 13.497, de 
2017). 
 
 
A lei 13.497/2017 alterou o parágrafo único do art. 1o da presente lei e 
etiquetou como crime hediondo o delito previsto no art. 16 da lei 10.826/2003 
(Estatuto do Desarmamento). É de se notar inicialmente que o legislador mencionou 
 4 
expressamente “posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito.” 
Algumas questões relevantes surgem dessa alteração. Em primeiro lugar, o 
legislador manteve a tradição da lei de crimes hediondos em não criar novos tipos 
penais, mas, apenas, selecionar tipos penais já existentes e etiquetá-los de 
hediondos, como fê-lo com o art. 16 do Estatuto do Desarmamento. 
Em segundo lugar, o legislador mencionou no final do parágrafo único as 
expressões “consumados ou tentados”. Porém, a menção foi desnecessária e inútil, 
uma vez que elas já constam do caput do art. 1o da lei. 
Em terceiro lugar, o legislador mencionou expressamente as expressões 
“posse ou porte”. Isso gera dúvidas porque o art. 16 contém vários verbos típicos 
(possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, 
emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda e ocultar). Assim, pergunta-se: 
seriam crimes hediondos apenas as condutas de posse ou porte de arma de fogo de 
uso restrito ou todas as condutas descritas no caput do art. 16 do Estatuto? Cremos 
que todas as condutas do art. 16 configuram crime hediondo. É bem verdade que o 
legislador fez menção expressa às condutas de posse ou de porte. Contudo, logo 
após mencioná-las, fez menção expressa ao art. 16 do Estatuto, não deixando 
margens para dúvidas de que quis que todo o art. 16 fosse etiquetado de crime 
hediondo. Demais disso, não faria sentido e fugiria de qualquer técnica destacar 
apenas duas condutas de um tipo e torná-las crime hediondo, desprezando todas as 
demais condutas descritas no mesmo tipo penal. Ademais, no parágrafo único do art. 
1o da lei de crimes hediondos o legislador transcreveu apenas a rubrica do delito do 
art. 16 (“posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito”), o que deixa clara a 
sua intenção de abranger todo o art. 16, uma vez que no Estatuto tal rubrica refere-se 
tanto ao caput, quanto ao parágrafo único. 
Em quarto lugar, uma questão relacionada ao objeto material do delito. O 
legislador mencionou no parágrafo único “arma de fogo”, enquanto o art. 16 do 
Estatuto abrange como objetos materiais do delito “arma de fogo, acessório ou 
munição.” Embora a nova lei não tenha mencionado esses objetos materiais descritos 
no art. 16 do Estatuto (acessório e munição), pelos mesmos motivos expostos 
anteriormente, pensamos que estão abrangidos também os acessórios e a munição 
de uso proibido. 
Em quinto lugar, deve ser questionado se passou a ser hedionda apenas a 
 5 
conduta delituosa descrita no caput do art. 16 do Estatuto ou se também passaram a 
sê-las as condutas equiparadas previstas no seu parágrafo único e incisos. Em nossa 
opinião todo o art. 16 foi transformado em crime hediondo. De início, deve ser notado 
que o legislador não fez nenhuma distinção. Ao contrário, mencionou apenas o art. 
16, não dispondo se seria o caput e também o parágrafo único. E onde a lei não 
distingue, não cabe ao intérprete distinguir. Destaque-se que quando legislador quer 
transformar em crime hediondo apenas uma parte do tipo penal, ele fá-lo 
expressamente, como fê-lo, por exemplo, no art. 1o, inciso II, ao destacar que 
somente § 3o do art. 157 do Código Penal é hediondo, mencionado igualmente de 
forma expressa “latrocínio”, sendo que o latrocínio nunca foi um crime autônomo, e 
sim uma qualificadora do delito de roubo. Da mesma forma, no inciso III o legislador 
mencionou expressamente e entre parênteses “art. 158, §2o”, deixando claro e fora de 
dúvidas que não é qualquer espécie de extorsão que é considerada crime hediondo, 
mas, tão-somente, a extorsão qualificada pela morte. Como fê-lo também no inciso 
VII, ao tratar do delito de epidemia, de formaque, ao destacar expressamente o §1o 
do art. 267 do Código Penal, deixou claro que o delito de epidemia na sua forma 
simples não é considerado crime hediondo, mas, apenas o crime de epidemia com 
resultado morte. Por essa razão, se o legislador fez menção expressa ao art. 16 do 
Estatuto do Desarmamento, sem fazer qualquer distinção entre caput, parágrafo único 
ou incisos, considerou que todo o art. 16 é crime hediondo. Ademais, sabemos que o 
parágrafo é continuação do caput, sendo um desdobramento dele. Mesmo que o 
parágrafo traga condutas equiparadas que configurem crimes autônomos, ele não 
deixa de ser um desdobramento do caput. Logo, não faria nenhum sentido abranger 
apenas o caput e não abranger o parágrafo. Sobretudo, justamente por serem 
condutas equiparadas. Qual sentido faria abranger apenas o caput e não abranger as 
condutas equiparadas? Se as condutas são equiparadas, em razão de suas 
gravidades, inclusive possuem a mesma pena, não há como não equipará-las 
também na natureza hedionda do delito. Por tais razões, pensamos que todo o art. 16 
do Estatuto do Desarmamento é crime hediondo. 
Por fim, como a lei passou a considerar o art. 16 do Estatuto do 
Desarmamento crime hediondo, trata-se de novatio legis in pejus, não podendo 
retroagir, por força do princípio da irretroatividade da lei penal mais severa, positivado 
no art. 5o, XL, da CR/88. Logo, os rigores da lei de crimes hediondos não podem ser 
 6 
aplicados ao delito do art. 16 praticado antes do advento da lei 13.497/2017. Porém, 
aqui há um cuidado a ser tomado: algumas condutas descritas no art. 16 do Estatuto 
configuram crimes permanentes (possuir, portar, deter, ter em depósito, transportar, 
manter sob sua guarda e ocultar). Nesses verbos típicos, caso a lei 13.497/2017 entre 
em vigor durante a permanência da consumação do delito, ela deverá ser aplicada 
imediatamente, nos moldes da súmula 711 do STF (“A lei penal mais grave aplica-se 
ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação 
da continuidade ou da permanência.”).

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